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LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO

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LEGISLAÇÃO E DIREITO 
ESPORTIVO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Ivan Tesck
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Márcio Moisés Selhorst
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira 
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2013
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 796.026
 T337l Tesck, Ivan
 Legislação e direito esportivo / Ivan Tesck. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 112 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830-686-1
 Ebook 978-85-7141-272-9
 1. Esportes – Doutrina e legislação.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
Ivan Tesck
Possui Graduação em Direito pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
(2008), Pós-graduação em Direito Penal pelo Centro 
Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI (2012) 
e é Pós-graduando em Educação a Distância: Gestão 
e Tutoria pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
UNIASSELVI. Atualmente é Professor-tutor do curso 
a distância de Pós-graduação em Direito Penal pelo 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
Relações jurídicas que Envolvem o 
Desporto Profissional ...............................................................09
CAPÍTULO 2
Contratos Desportivos .............................................................39
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
Lei no 9.615/1998 (Lei Pelé) e Lei no 10.671/2003
(Estatuto do Torcedor) .............................................................73
Justiça Desportiva .......................................................................93
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Este caderno de estudos contém textos e reflexões relacionados ao Direito 
Desportivo Brasileiro. Os textos são apresentados dentro de uma metodologia 
dialógica e abordam temas de grande relevância sobre o assunto. A disciplina de 
Legislação e Direito Desportivo proporcionará ao(à) pós-graduando(a) uma visão 
sistêmica do desporto em suas múltiplas manifestações no mundo do direito.
O presente caderno de estudos é composto por 4 (quatro) capítulos. 
O primeiro capítulo apresentará como o desporto está inserido no mundo 
globalizado, os direitos fundamentais relacionados ao desporto, os direitos 
fundamentais do torcedor sob a ótica dos direitos difusos e coletivos, a 
responsabilidade civil no desporto, a responsabilidade civil relacionada à 
segurança do torcedor e a segurança do torcedor como dever e responsabilidade 
do Estado. O segundo capítulo abordará temas concernentes à relação de 
trabalho entre o atleta profissional e a entidade de prática desportiva, bem 
como as relações obrigacionais existentes no âmbito do direito civil. No terceiro 
capítulo estudaremos os principais assuntos relacionados à Lei Pelé ou Lei 
Geral Sobre Desporto e ao Estatuto do Torcedor. Por fim, no quarto e último 
capítulo trataremos da justiça desportiva, expondo ao(à) pós-graduando(a) 
suas características peculiares, seu funcionamento, sua competência, seus 
órgãos oficiais, seus princípios, as vedações e os critérios para seus membros 
e as sanções passíveis de aplicação.
O autor.
CAPÍTULO 1
Relações jurídicas que Envolvem o 
Desporto Profissional
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender como o desporto está inserido no mundo globalizado.
�	Conhecer os direitos e garantias fundamentais relacionados ao desporto.
�	Interpretar os direitos e garantias fundamentais relacionados ao torcedor-
consumidor.
�	Aprender os fundamentos básicos da responsabilidade civil relacionada ao 
desporto, distinguindo seus atores e identificando os responsáveis por danos 
aos direitos protegidos.
10
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
11
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Contextualização
O objetivo inicial desse capítulo é demostrar como está inserido o desporto 
na sociedade contemporânea.
Posteriormente, daremos início a uma abordagem do desporto como direito e 
garantia fundamental do cidadão, inclusive, fazendo uma análise dele sob a ótica 
do Estatuto do Torcedor e do Código de Defesa do Consumidor.
Por fim, analisaremos a responsabilidade civil das entidades envolvidas 
nas atividades desportivas, bem como o dever do Estado em prestar a devida 
segurança quando da realização de eventos desportivos. 
O Desporto e o Mundo Globalizado
O fenômeno desportivo, antes de tudo, representa um fator cultural enraizado 
em praticamente todas as classes sociais. É prática universal, muitas vezes, 
migrando de seu país de origem para praticamente todo o mundo.
Trata-se de um fenômeno de grande amplitude, envolvendo paixões, amor, 
carisma, consumo, política e interesses sociais diversos, inclusive jurídicos, 
evoluindo ao longo da história até atingirem proteção jurídica constitucional em 
uma sociedade globalizada.
Esteves (1998, p. 7) discorre, abordando uma visão crítica acerca do tema, e 
destaca os principais aspectos sociais do desporto ao longo da história:
[...] o desporto de competição a todo custo, ou da competição-
hostilidade, é um simples aspecto da sociedade agressiva, 
competitiva e de consumo, e que fomos condicionados 
na oposição de uns-contra-os-outros. Nesta sociedade 
produzem-se quantias, cada vez mais amplas e variadas, de 
artigos de consumo, dentre os quais, atraentes espetáculos 
de características desportivas. Nestes, como no resto, o culto 
da “vedeta”, é fundamental; ou é o mesmo da exaltação da 
pequena minoria de “vencedores” dos que sobressaem na 
multidão imensa dos “vencidos”. A sua popularidade, do 
Desporto, não resulta, apenas, de ser uma luta imediata e 
direta, de adversários e inimigos, mas duma luta encerrada 
com rituais de grande expectativa, emoção e partidarismo.
O desporto supera qualquer limite de valores estabelecido e, aliado com a 
importância dedicada ao assunto, acaba agregando integrantes de uma sociedade 
no sentido de um objetivo comum, qual seja: prestigiar e fomentar o desporto de 
forma ética e pacífica.
12
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
O desporto induz ao tratamento igualitário. Procura propiciar 
harmonia, união e prazer entre todos envolvidos, independente 
de qualquer tipo de discriminação existente em uma sociedade 
globalizada. 
Rosado (1999, p. 38) discorre acerca dos ideais éticos voltados ao 
espírito olímpico, vejamos:
Na realidade, o Olimpismo pretende que o Desporto seja 
colocado a serviço da humanidade, que seja um projeto 
educativo, onde, através do Desporto, se afirme o combate 
a qualquer forma de discriminação (nomencladamente entre 
raças, sexos, crenças ideológicas e políticas), se combata a 
violência do Desporto, a utilização do “doping”, a exploração do 
homem pelo homem e as desigualdades sociais, valorizando-
se a ética desportiva (fair-play) e uma filosofia de vida que 
enaltece o desenvolvimento harmonioso do ser humano.
Apesar disso, não são raras as vezes em que verificamos o espírito do 
desporto se distanciando de sua ética e até mesmo da moral comum pregada 
pela sociedade contemporânea. Por exemplo, lemos e ouvimos sobre ou 
assistimos a inúmeros acontecimentosrelacionados com brigas de torcidas em 
jogos de futebol.
No cenário atual, é preciso haver uma profunda reflexão acerca do sentido 
dos valores sociais face aos princípios preconizados pelo desporto, pois é salutar 
estabelecer diretrizes claras de envolvimento entre o mercado econômico, as 
paixões e a ética desportiva.
Novamente Esteves (1998, p. 21) aborda o tema:
Só há uma forma de entender o fenômeno desportivo: na 
perspectiva das estruturas sociais. O que há de característico e 
fundamental no desporto é, justamente, o que define e caracteriza 
a sociedade em que ele se pratica e se envolve. No tipo atual 
de relacionamento humano, é, naturalmente, um fenômeno de 
alienação, ou desumanização, em que homens se batem por 
uma vantagem – de dinheiro, e decorrentes, concretos, benefícios 
de ‘prestigio’, ou estatuto social – à custa ou com prejuízos 
correspondentes, dos seus adversários-inimigos. 
O doutrinador Sergio (2003, p. 43), aponta valores que devem nortear 
o sentido e a razão humana do desporto para atingir seus verdadeiros ideais, 
conforme segue:
a) No campo do treino desportivo, isto é, no campo de preparo 
físico-técnico-tático, acentuará que a tecnocracia é uma das 
muitas variantes de desprezo do homem pelo homem e que 
o treino não deve submeter o praticante a outros fins que não 
sejam os do próprio enriquecimento pessoal do atleta;
O desporto induz 
ao tratamento 
igualitário. Procaura 
propiciar harmonia, 
união e prazer entre 
todos envolvidos, 
independente de 
qualquer tipo de 
discriminação 
existente em 
uma sociedade 
globalizada. 
13
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
b) No campo da política federativa e clubista, contribui também 
para que se confundam os meios com os fins, por isso que o 
clube desportivo com educação através do grupo deverá ser 
esquematizado e defendido;
c) No campo do Desporto competitivo e agonístico, revelará 
que o desporto não pode perder seu carácter lúdico para 
descambar em veículos de interesses publicitários, econômicos 
e políticos, continuando, neste caso, o atleta a ser manejado 
como “coisa”, como produto secundário, alienando-o de seu 
valor pessoal e social.
d) No campo permanente educacional, apresentará o desporto 
como uns dos meios de maior valia na educação permanente 
do indivíduo... fundamentará a vocação irresistível do ser 
humano ao exercício lúdico, como caminho de libertação e 
como modo insuperável de escolha e adesão.
É preciso entender que as sociedades evoluem constantemente e o 
homem está continuamente modificando suas formas de pensar e agir ao 
longo do tempo.
Assim, o desporto como movimento social tende a acompanhar 
os passos da sociedade, seja alterando suas regras ou adaptando 
novas tecnologias derivadas do comportamento da sociedade 
globalizada.
Portanto, é importante haver uma compreensão do desporto 
para além do prazer dos praticantes e admiradores, sejam eles 
profissionais, amadores, investidores ou empresários. O desporto não 
envolve somente valores contextuais, mas, também, apresenta caráter 
normatizador, que traz como consequência a positivação do Direito 
para os contornos da prática desportiva.
Assim, o desporto 
como movimento 
social tende a 
acompanhar os 
passos da sociedade, 
seja alterando 
suas regras ou 
adaptando novas 
tecnologias derivadas 
do comportamento 
da sociedade 
globalizada.
Figura 1 – Foto da Propaganda da Empresa Claro
Fonte: Disponível em: <http://www.allejo.com.br/claro-neymar/>. Acesso em: 01 mar. 2013.
14
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
O marketing como estratégia de consumo aguça a imaginação, associando 
feitos heroicos de atletas para se inserir no universo econômico mundial. O 
Marketing Desportivo não está restrito somente às empresas que atuam no 
mesmo ramo, pois há pessoas jurídicas que não estão envolvidas diretamente 
com o desporto, mas que se associam a uma determinada modalidade no intuito 
de se aproximar do mercado formado pelo público cativo e apaixonado.
Figura 2 – Foto do Símbolo do Direito
Fonte: Disponível em: <http://www.direitodesportivo.com.
br/index1.html>. Acesso em: 01 mar. 2013.
Ora, ao mexer com a emoção das pessoas o esporte acelera o processo de 
fidelização do consumidor, ou seja, ao associar a marca do produto ao esporte 
cria-se uma identificação do consumidor com o que está sendo anunciado. 
O esporte é um dois maiores meios de propaganda mundial, não só pelo fato 
de associar indivíduos, mas, também, por caracterizar uma imagem de saúde, 
sucesso e superação de limites estabelecidos. 
O desporto é algo essencial ao ser humano, já que nasce do jogo. O 
jogo, por sua vez, distingue-se do desporto porque aquele é construção 
humana, puramente natural, enquanto este é construção de ordem cultural.
Vargas (2007, p. 79) aduz acerca do caráter fundamental do jogo 
em relação ao homem:
Porque se trata de algo anterior ao construtivismo; o lúdico é 
inerente à natureza humana e teve sua gênese na instância 
lúdica através da codificação e institucionalização do 
jogo. O construtivismo no esporte traduz a contribuição do 
próprio homem à humanidade quando sistematizou o jogo. 
Ao adjetivar o jogo com valores do seu tempo, o homem 
construiu o esporte, e a ele emprestou e o impregnou de 
signos culturais.
O desporto é algo 
essencial ao ser 
humano, já que 
nasce do jogo. O 
jogo, por sua vez, 
distingue-se do 
desporto porque 
aquele é construção 
humana, puramente 
natural, enquanto 
este é construção de 
ordem cultural.
15
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
No Brasil e principalmente em camadas menos favorecidas da sociedade, o 
desporto também aparece como possível ascensão à cidadania, à humanização e 
a possibilidade de abandonar uma situação menos favorecida.
Em uma sociedade extremamente plural como a brasileira, é essencial haver 
um delineamento do direito desportivo, pois as normas jurídicas são fundamentais 
para garantir os direitos dos participantes e intervenientes, bem como de toda a 
sociedade consumidora.
Novamente, Vargas (2006, p. 39) argumenta:
[...] a humanização do ser humano através do Desporto não 
pode ser enfrentada como uma missão impossível. Acreditar 
que é possível realizar o impossível é uma contribuição que 
está ao alcance de cada um de nós.
Portanto, temos que o fenômeno cultural do desporto em uma sociedade 
globalizada é composto, em sua essência, por pessoas e a sua prática deve ser 
exercida com finalidades positivas, que ultrapassam qualquer barreira política, 
econômica, mercadológica, social e outras.
Atividades de Estudos: 
1) É correto afirmar que o desporto tem caráter universal e resulta 
de um fenômeno cultural? Justifique sua resposta.
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2) Qual a diferença fundamental entre desporto e jogo?
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16
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Direitos Fundamentais Relacionados 
ao Desporto
A Constituição Federal de 1988 trata o desporto como sendo direito social e 
garantia fundamental.
Devemos entender que o desporto não se restringe somente ao 
esporte, mas possui também um sentido de recreação, lazer e diversão. 
O artigo 217, § 3º, da Constituição Federal, preleciona que o 
Estado incentivaráo lazer como forma de promoção social. Vejamos:
Art. 217. É dever do Estado fomentar as práticas desportivas 
formais e não formais, como direito de cada um, observados:
[...] § 3º. O Poder Público incentivará o lazer, como forma de 
promoção social.
O direito ao lazer está arrolado no artigo 6º da Constituição Federal. Trata-se 
de direito social e apresenta íntima relação com a ideia de qualidade de vida.
Art. 6. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, 
o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
Araújo e Nunes Júnior (2006, p. 493) discorrem sobre os 
direitos sociais, dizendo:
Os direitos sociais objetivam a formação do ser humano 
integral: agente da sociedade, das relações de trabalho, 
construtor do mundo moderno e, ao mesmo tempo, um ser 
relacional, humano, que, desse modo, deve integrar sua vida 
com lazer, quer como parte de atividade educativa, quer ainda 
em caráter profissional, foi incorporado ao nosso sistema 
jurídico no patamar de norma constitucional.
 
O desporto é direito fundamental e obrigação do Estado. É 
considerado indispensável à pessoa humana e necessário para 
assegurar a todos uma existência digna, livre e igual.
Pois bem, os direitos fundamentais são classificados em gerações. 
Direitos fundamentais de primeira geração (naturais) são: limitação 
aos governantes, respeito aos cidadãos, direito à vida, sobrevivência, 
propriedade e, principalmente, liberdade. Os direitos fundamentais de 
segunda geração (políticos) tratam dos direitos sociais do cidadão, na 
área econômica, visando ao coletivo para atender melhor à sociedade 
Devemos entender 
que o desporto não 
se restringe somente 
ao esporte, mas 
possui também um 
sentido de recreação, 
lazer e diversão.
O desporto é direito 
fundamental e 
obrigação do Estado. 
É considerado 
indispensável à 
pessoa humana 
e necessário para 
assegurar a todos 
uma existência 
digna, livre e igual.
17
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
e proporcionar uma paridade entre todos. Os direitos fundamentais de terceira 
geração (sociais) tratam da fraternidade. São direitos inerentes à sociedade 
organizada, como, por exemplo: meio ambiente, direito do consumidor, proteção 
aos idosos, crianças e deficientes, e o desporto.
 
A Constituição Federal trata o desporto junto à educação e à cultura, pilares 
base de qualquer sociedade em desenvolvimento.
Também podemos encontrar referencias ao desporto na legislação 
infraconstitucional, como, por exemplo, nos artigos 4º, 15 e 16, inciso IV e 71, da 
Lei no 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Vejamos:
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em 
geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a 
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, 
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência 
familiar e comunitária.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao 
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo 
de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos 
e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 16. O direito a liberdade compreende os seguintes 
aspectos:
[...] IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, 
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e 
serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em 
desenvolvimento.
A Lei no 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), assim como 
outras normas infraconstitucionais, demostram haver uma integralidade dos 
direitos constitucionais fundamentais em vários tipos de ordenamentos. 
O esporte aliado ao lazer, à cultura e à educação deve ser motivado. No 
ambiente escolar a prática de atividades físicas faz parte do currículo escolar, pois 
trata-se de matéria importante que proporciona desenvolvimento além do campo 
físico e fomenta a integração social de todos sem qualquer discriminação.
O esporte também está presente para proporcionar a integração da pessoa 
portadora de necessidades especiais. O artigo 46, incisos III, IV, V e VI, e o 
artigo 48, parágrafo único, incisos I, II, III e IV, do Decreto no 3.298/1999, que 
regulamentou a Lei no 7.853/1989, são exemplos:
18
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Art. 46. Os órgãos e as entidades da Administração Pública 
Federal direta e indireta responsáveis pela cultura, pelo 
desporto, pelo turismo e pelo lazer dispensarão tratamento 
prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, 
com vista a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes 
medidas:
[...] III - incentivar a prática desportiva formal e não formal 
como direito de cada um e o lazer como forma de promoção 
social;
IV - estimular meios que facilitem o exercício de atividades 
desportivas entre a pessoa portadora de deficiência e suas 
entidades representativas;
V - assegurar a acessibilidade às instalações desportivas dos 
estabelecimentos de ensino, desde o nível pré-escolar até à 
universidade;
VI - promover a inclusão de atividades desportivas para 
pessoa portadora de deficiência na prática da educação física 
ministrada nas instituições de ensino públicas e privadas;
Art. 48. Os órgãos e as entidades da Administração Pública 
Federal direta e indireta, promotores ou financiadores de 
atividades desportivas e de lazer, devem concorrer técnica e 
financeiramente para obtenção dos objetivos deste Decreto.
Parágrafo único. Serão prioritariamente apoiadas a 
manifestação desportiva de rendimento e a educacional, 
compreendendo as atividades de:
I - desenvolvimento de recursos humanos especializados;
II - promoção de competições desportivas internacionais, 
nacionais, estaduais e locais;
III - pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, 
documentação e informação; e
IV - construção, ampliação, recuperação e adaptação de 
instalações desportivas e de lazer.
Está presente na legislação que tutela o direito do idoso (Lei no 10.741/2003, 
Estatuto do Idoso) e sua prática ajuda manter a saúde mental e física. Abaixo 
seguem transcritos artigos da citada legislação que abordam o tema:
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e 
do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, 
a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à 
educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à 
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência 
familiar e comunitária.
[...]
19
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar 
à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como 
pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais 
e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.
§ 1º. O direito à liberdade compreende, entre outros, os 
seguintes aspectos:
[...] IV – prática de esportes e de diversões;
A Lei Pelé (Lei no 9.615/1998), por sua vez, aponta os princípios individuais 
do direito desportivo e classifica as modalidades de desporto, conforme segue:
Art. 2º. O desporto, como direito individual, tem como base os 
princípios:
[...] II – da autonomia, definido pela faculdade e liberdade 
de pessoas físicas e jurídicas organizarem-se para a prática 
desportiva;
III – da democratização, garantido em condições de acesso às 
atividades desportivas sem quaisquer distinções ou formas de 
discriminação;
IV – da liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de 
acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-
se ou não a entidade do setor;
V – do direito social, caracterizado pelo dever do Estado em 
fomentar as práticas desportivas formais e não-formais;
VIII – da educação, voltada para o desportointegral do homem 
como ser autônomo e participante, e fomentado por meio da 
prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional;
Art. 3º. O desporto pode ser reconhecido em qualquer das 
seguintes manifestações:
I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino 
e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a 
seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, 
com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do 
indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a 
prática do lazer;
II - desporto de participação, de modo voluntário, 
compreendendo as modalidades desportivas praticadas com 
a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na 
plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e 
na preservação do meio ambiente;
III - desporto de rendimento, praticado segundo normas 
gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais 
e internacionais, com a finalidade de obter resultados e 
integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de 
outras nações.
20
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser organizado 
e praticado: 
I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração 
pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a 
entidade de prática desportiva;
II - de modo não profissional, identificado pela liberdade 
de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, 
sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de 
patrocínio.
Desse modo, o desporto pode ser classificado como formal, 
não formal (artigo 217, da Constituição Federal), educacional, de 
participação, de rendimento, de rendimento profissional e de rendimento 
não profissional (Lei Pelé no 9.615/1998). 
• O desporto não formal possui como principal característica a 
liberdade lúdica dos participantes, incentivando principalmente à 
prática de jogos, brincadeiras e diversão. 
• O desporto educacional é aquele praticado no âmbito da escola e 
de caráter educacional, evitando a discriminação e competitividade 
excessiva, buscando desenvolver e exercitar a prática da cidadania 
cumulativamente com o lazer.
• Já o desporto de participação é aquele praticado de modo voluntário, 
aquele comumente chamado de amador. A prática de diversas 
modalidades de esporte busca a interação dos participantes, incentiva à 
convivência social e o cuidado com a saúde. 
• Desporto de rendimento é o desporto de competição. Deve observar 
as normas nacionais e internacionais relacionadas ao tema, inclusive a 
Lei Pelé (Lei no 9.615/1998), tudo no intuito de integrar os indivíduos de 
um mesmo país ou deste para com outras nações. Recebe tratamento 
diferenciado determinado pelo artigo 217, III, da Constituição federal:
Art. 217. É dever do Estado fomentar as práticas desportivas 
formais e não formais, como direito de cada um, observados:
[...] III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional 
e o não profissional. 
•	 Desporto	 de	 rendimento	 profissional caracteriza-se pela existência 
de pacto formal de contrato de trabalho entre o atleta e a instituição de 
prática desportiva, havendo, assim, consequentemente, remuneração, 
inclusive na forma de patrocínio.
Desse modo, o 
desporto pode 
ser classificado 
como formal, não 
formal (artigo 217, 
da Constituição 
Federal), 
educacional, de 
participação, 
de rendimento, 
de rendimento 
profissional e de 
rendimento não 
profissional (Lei Pelé 
no 9.615/1998).
21
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
•	 Desporto	 de	 rendimento	 não	 profissional caracteriza-se pela 
inexistência de contrato de trabalho e o atleta possui liberdade na prática 
desportiva, podendo haver incentivos na forma de patrocínio e outros 
materiais.
Sendo assim, tem-se que o desporto alcançou patamar de direito subjetivo 
fundamental e constitucional, bem como foi acompanhado por inúmeras 
normas infraconstitucionais reguladoras do tema, propiciando sua prática 
dentro das diversas modalidades existentes com obediência aos princípios 
preconizados.
Atividades de Estudos: 
1) O direito desportivo está restrito somente ao esporte ou possui 
sentido mais amplo, relacionado a outros princípios de natureza 
fundamental constitucional? Justifique sua resposta utilizando o 
texto constitucional.
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2) Cite exemplos de legislação infraconstitucional que abordam o 
tema desporto e apresente algumas de suas caraterísticas.
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22
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Dos Direitos Fundamentais do 
Torcedor Sob a Ótica dos Direitos 
Difusos e Coletivos
O desporto é de grande aceitação popular e o cidadão figura como 
um dos maiores fomentadores de sua prática. O torcedor torna-se um 
dos principais elementos para sobrevivência e desenvolvimento do 
esporte, sofrendo indubitavelmente suas consequências, entre elas, 
muitas vezes, o desrespeito aos direitos humanos e aos direitos do 
consumidor. O torcedor é o verdadeiro financiador do esporte e merece 
o devido respeito, que é garantido pelas normas vigentes.
O desporto é efetivamente um interesse difuso e coletivo da 
população, uma vez que pode ser enquadrado nas hipóteses delimitadoras 
de sua abrangência protetiva, conforme veremos em seguida.
O artigo 81, parágrafo único, incisos I e II, do Código de Defesa 
do Consumidor (Lei no 8.078/1990), define os interesses difusos e 
coletivos, conforme segue:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e 
das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou 
a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se 
tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos 
deste Código, os transindividuais, de natureza indivisível, de 
que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por 
circunstâncias de fato;
3) Cite as principais diferenças entre o desporto de rendimento 
profissional e o desporto de rendimento não profissional.
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O desporto é de 
grande aceitação 
popular e o cidadão 
figura como um dos 
maiores fomentadores 
de sua prática. O 
torcedor torna-se 
um dos principais 
elementos para 
sobrevivência e 
desenvolvimento do 
esporte, sofrendo 
indubitavelmente 
suas consequências, 
entre elas, muitas 
vezes, o desrespeito 
aos direitos humanos 
e aos direitos 
do consumidor. 
O torcedor é o 
verdadeiro financiador 
do esporte e merece 
o devido respeito, 
que é garantido pelas 
normas vigentes.
23
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para 
efeitos deste Código, os transindividuais de natureza indivisível 
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas 
ligadas entre si ou com parte contrária por uma relação jurídica 
base; [...] 
 
Mancuso (1997, p. 55)explica os requisitos necessários para a caracterização 
dos interesses coletivos:
 
a) um mínimo de organização, a fim de que os interesses 
ganhem a coesão e identificação necessárias;
b) a afetação desses interesses a grupos determinados (ou ao 
menos determináveis), que serão os seus portadores;
c) um vínculo jurídico básico, comum a todos os participantes, 
conferindo-lhes situação jurídica diferenciada.
No tocante aos interesses difusos, Smanio (2007, p. 11- 12) destaca:
O fato é que, atualmente, o sistema jurídico deixou de ser 
fundado na tutela do indivíduo, dos chamados direitos 
subjetivos, e passou a ser baseado na tutela das classes 
ou categorias em que os indivíduos estão agrupados e 
normatizados.
Podemos, assim, conceituar os interesses difusos como 
sendo aqueles interesses metaindividuais, essencialmente 
indivisíveis, em que há uma comunhão de que participam todos 
os interessados, que se predem a dados de fato, mutáveis, 
acidentais, de forma que a satisfação de um deles importa na 
satisfação de todos e a lesão do interesses importa na lesão a 
todos os interessados, indistintamente.
A proteção dos interesses difusos não ocorre em função de 
vínculos jurídicos, a indivisibilidade não decorre de relações 
jurídicas, mas da própria natureza dos interesses de forma que 
não é possível que exista satisfação de apenas alguns dos 
interessados, mas da sua totalidade. 
Não obstante a caracterização do desporto como interesse difuso e coletivo, 
os artigos 5º, inciso XXXII e 170, inciso V, da Constituição Federal, asseguram 
a tutela das relações jurídicas do cidadão consumidor e exigem para sua 
aplicabilidade a existência de relação jurídica de consumo, prevista nos moldes 
do Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990).
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e a propriedade, 
nos seguintes termos:
24
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
[...] XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do 
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios:
[...] V – defesa do consumidor;
Os artigos 2º, parágrafo único, 3º, 17 e 29, do Código de Defesa do 
Consumidor (Lei no 8.078/1990), estabelecem os conceitos de consumidor e 
fornecedor, conforme segue:
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Paragrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas 
relações de consumo.
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços.
Art. 17. Para efeitos desta seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-
se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, 
expostas às práticas nele previstas.
Podemos dizer, então, que as relações jurídicas estabelecidas pelo torcedor 
face seu clube, organizadores do evento e fornecedores de produtos/serviços que 
exploram a cobertura das atividades desportivas são abrangidas pelas normas do 
Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990).
Apesar da aparente facilidade de interpretação e aplicação das normas 
consumeristas, existe certa resistência e desconhecimento quando relacionados 
ao desporto.
Sodré (2009, p. 57) aduz que:
[...] em apenas duas décadas, praticamente todos os países 
latino-americanos legislaram sobre este tema de forma 
genérica e sistemática. Tal não significa que a implementação 
do direito do consumidor esteja acontecendo em grande escala 
nestes países do terceiro mundo. O que se vê, na verdade, 
é que em toda América Latina, como é típico dos países de 
terceiro mundo, existem dois momentos distintos: (i) o primeiro 
25
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
é o da aprovação das leis, o que já ocorreu na maioria dos 
países; (ii) o segundo é o da sua implementação, que é o que 
se busca atualmente na maioria dos países. Essa é uma fase 
muito mais difícil e complexa.
Desse modo, para inserir as normas consumeristas no âmbito do desporto e 
delimitar sua abrangência havia necessidade de criar-se lei específica regulando 
a matéria. Para tanto, publicou-se a lei Pelé ou Lei Geral de Desportos (no 
9.615/1998) que, em seu artigo 42, parágrafo 3º, equipara espectador pagante de 
evento desportivo ao patamar de consumidor:
Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito 
de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, 
autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a 
transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por 
qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que 
participem. [...] § 3º. O espectador pagante, por qualquer meio, 
de espetáculo ou evento desportivo equipara-se, para todos os 
efeitos legais, ao consumidor, nos termos do art. 2º da Lei nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990.
Em que pese o esforço da Lei Pelé (Lei no 9.615/1998) no sentido de reforçar 
a aplicabilidade das normas consumeristas ao desporto, tem-se que ela acabou 
por limitar as referidas garantias, uma vez que considerou consumidor somente 
aquele espectador pagante.
Então, posteriormente, foi promulgado o Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 
no 10.671/2003), no sentido de criar isonomia entre consumidores e torcedores. 
Foi criado para que todo cidadão que aprecie, apoie, associe-se a qualquer 
entidade de prática desportiva ou que acompanhe a prática de determinada 
modalidade esportiva no País, ainda que não compareça ao evento desportivo, 
tenha assegurados os direitos do consumidor, afastando, assim, qualquer dúvida 
quanto à aplicação das regras de consumo nas relações comerciais.
Assim dispõe o artigo 2º, parágrafo único e o artigo 3º, do Estatuto de Defesa 
do Torcedor (Lei no 10.671/2003):
Art. 2º. Torcedor é toda pessoa que aprecie, apoie ou se 
associe a qualquer entidade de prática desportiva do País e 
acompanhe a prática de determinada modalidade desportiva.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presume-se a 
apreciação, o apoio ou acompanhamento de que trata o caput 
deste artigo.
Art. 3º. Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, 
nos termos da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, a entidade 
responsável pela organização da competição, bem como a 
entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo.
26
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Por fim, resta claro o entendimento de que a norma consumerista referente 
aos interesses difusos e coletivos relacionados ao torcedor-consumidor alcança 
o desporto e atinge competições que envolvam relações jurídicas de consumo, 
tutelando, assim, direitos e garantias fundamentais.
Atividades de Estudos: 
1) Aponte duas características capazes de demostrar que o desporto 
trata-se de um direito difuso e coletivo protegido pelo Código de 
Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990).
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2) É correto afirmar que as normas de defesa do consumidor 
relacionadas ao desporto tutelam apenas os direitos dosespectadores pagantes? Justifique sua resposta e fundamente 
com o texto de lei. 
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Da Responsabilidade Civil no 
Desporto
Primeiramente, é de suma importância fixar que a relação jurídica estabelecida 
entre espectador-torcedor e o fornecedor de serviços configura relação de consumo.
27
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Trata-se de contrato no qual o fornecedor de serviços compromete-se, ou 
melhor, obriga-se, mediante pagamento de determinada quantia, a realizar e a 
exibir ao espectador-torcedor determinada manifestação desportiva.
Também configura típica modalidade de contrato de adesão, ou seja, aquele 
contrato em que as cláusulas são estabelecidas de forma unilateral por uma 
das partes, no caso o fornecedor de serviços, restando ao espectador-torcedor 
somente a faculdade de aderir ou não sem qualquer possibilidade de discussão 
acerca do seu conteúdo.
Assim, pode-se dizer que as principais obrigações do fornecedor de 
serviços desportivos são promover o espetáculo, fornecer instalações 
adequadas e zelar pela segurança dos espectadores/torcedores.
Havendo o descumprimento do contrato firmado pela parte do 
prestador de serviços para com as obrigações estabelecidas, resta 
configurado vício no serviço, respondendo este civilmente pelos danos 
causados. Tudo conforme os ditames estabelecidos no artigo 20, I, II e 
III, § 1º e § 2º, do Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990).
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos 
vícios de qualidade que os tornem impróprios ao 
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações 
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando 
cabível;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço;
§ 1º. A reexecução dos serviços poderá ser confiada a 
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do 
fornecedor.
§ 2º. São impróprios os serviços que se mostrem inadequados 
para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como 
aqueles que não atendam as normas regulamentares de 
prestabilidade.
Os artigos 186 e 187 do Código Civil (Lei no 10.406/2002) disciplinam os atos 
ilícitos passíveis de ressarcimento ou reparação:
Assim, pode-
se dizer que 
as principais 
obrigações do 
fornecedor de 
serviços desportivos 
são promover 
o espetáculo, 
fornecer instalações 
adequadas e zelar 
pela segurança 
dos espectadores/
torcedores.
28
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito 
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes.
Marques (2003, p. 94) discorre com propriedade acerca da desnecessidade 
de pagamento de ingresso por parte do espectador-torcedor para configuração da 
responsabilidade civil quando leciona que “[...] o termo ‘remuneração’ significa um 
ganho direito ou indireto para o fornecedor, o que não implica necessariamente a 
obrigação correlata de pagamento por parte do consumidor”.
Pode-se dizer, então, que inúmeras são as pessoas passíveis de serem 
afetadas de forma danosa pelo exercício de atividade desportiva. Podem ser 
pagantes ou não de ingresso, podem ser determináveis (pessoas ligadas 
diretamente ou indiretamente aos espetáculos desportivos) e podem ser 
indetermináveis (lesão aos interesses difusos e coletivos).
A ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de não prejudicar 
o outro. A responsabilidade civil pode ser entendida como a aplicação de medidas 
que obriguem alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua ação 
ou omissão. Nas palavras de Stoco (2007, p. 114) temos que:
A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da 
palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma coisa, 
ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém pelos 
seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social 
regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a 
todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção 
de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, 
como algo inarredável da natureza humana.
Segundo a definição de Silva (2008, p. 642), responsabilidade civil é:
Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de 
contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, 
para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as 
sanções legais, que lhe são impostas. Onde quer, portanto, 
que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de 
ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há 
a responsabilidade, em virtude da qual se exige a satisfação ou 
o cumprimento da obrigação ou da sanção.
Quando falamos de responsabilidade civil subjetiva devemos ter em 
mente a necessidade de comprovação dos seus pressupostos, quais sejam: o 
ato ilícito, o dano, a culpa e o nexo de causa entre o dano e o ato ilícito. 
Quando falamos de 
responsabilidade 
civil subjetiva 
devemos ter 
em mente a 
necessidade de 
comprovação dos 
seus pressupostos, 
quais sejam: o ato 
ilícito, o dano, a 
culpa e o nexo de 
causa entre o dano 
e o ato ilícito.
29
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
A culpa se configura em três modalidades, ou seja, imprudência, negligência e 
imperícia. Novamente citamos o doutrinador Stoco (2007, p. 133), que conceitua a culpa:
Quando existe a intenção deliberada de ofender o direito, ou de 
ocasionar prejuízo a outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento 
do mal e o direto propósito de o praticar. Se não houvesse esse 
intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por 
imprudência ou negligencia, existe a culpa (stricto sensu). 
Porém, em certos casos, a legislação brasileira admite que seja dispensada 
a comprovação da culpa, configurando, assim, aquilo que se chama de 
responsabilidade civil objetiva.
O artigo 927, parágrafo único, do Código Civil (Lei no 10.406/2002), 
é exemplo de responsabilidade civil objetiva, pois quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua 
natureza, riscos para os direitos de outrem, a comprovação da culpa é 
dispensada. Vejamos:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, 
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor 
do dano implicar, por sua natureza, riscos para os direitos de 
outrem.
O artigo 14, § 1º, incisos I, II e II, do Código de Defesa do Consumidor (Lei no 
8.078/1990), também responsabiliza o fornecedor de serviços independentemente 
da existência de culpa, conforme segue:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos.
§ 1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança 
que o consumidor dele pode esperar, levando-se em 
consideraçãoas circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
Já o artigo 19, do Estatuto do Torcedor (Lei no 10.671/2003), determina a 
responsabilização solidária e objetiva das entidades responsáveis pela organização 
da competição e pelo mando de jogo juntamente com seus dirigentes quando 
ocorrem prejuízos ao torcedor causados por falhas de segurança, conforme segue:
Porém, em certos 
casos, a legislação 
brasileira admite 
que seja dispensada 
a comprovação da 
culpa, configurando, 
assim, aquilo 
que se chama de 
responsabilidade 
civil objetiva.
30
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da 
competição, bem como seus dirigentes respondem solidariamente 
com as entidades de que trata o art. 15 e seus dirigentes, 
independentemente da existência de culpa, pelos prejuízos 
causados a torcedor que decorram de falhas de segurança nos 
estádios ou da inobservância do disposto deste capítulo.
 
Por outro lado, inexistindo defeito no serviço prestado ou havendo 
culpa exclusiva do espectador-torcedor tem-se afastada a responsabilidade 
civil do fornecedor de serviços desportivos. Também será afastada a 
responsabilidade civil do fornecedor de serviços desportivos em caso de 
culpa exclusiva de terceiro, tudo conforme preleciona o artigo 14, § 3º, 
incisos I e II, do Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990):
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição ou riscos.
[...] § 3º. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado 
quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
A responsabilidade civil do prestador de serviços desportivos pode ser 
concorrente e, consequentemente, minorada a quantia indenizatória devida, isto 
por que o espectador-torcedor pode concorrer culposamente para com o evento 
danoso. Vejamos o que diz o artigo 946, do Código Civil (Lei no 10.406/2002):
Art. 946. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento 
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Dessa forma, resta patente que o torcedor-espectador ao experimentar 
danos de ordem material ou moral, em virtude do inadequado fornecimento de 
serviços relacionados à atividade esportiva, possui pleno direito ao ressarcimento 
ou reparação destes no âmbito civil, restando afastada a responsabilidade 
quando inexiste defeito no serviço prestado ou há culpa exclusiva da vítima ou 
de terceiro pelo dano causado. Há, também, que ser relativizada a culpabilidade 
e, consequentemente, minorada a indenização civil devida, quando o torcedor-
expectador concorre de forma culposa para a ocorrência do dano sofrido.
Inexistindo defeito 
no serviço prestado 
ou havendo culpa 
exclusiva do 
espectador-torcedor 
tem-se afastada a 
responsabilidade 
civil do fornecedor 
de serviços 
desportivos. Também 
será afastada a 
responsabilidade civil 
do fornecedor de 
serviços desportivos 
em caso de culpa 
exclusiva de terceiro.
31
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Atividades de Estudos: 
1) Quais são as três principais obrigações do fornecedor de serviços 
desportivos?
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2) É correto afirmar que o contrato de prestação de serviços 
desportivos pactuado entre fornecedor e torcedor-espectador 
configura contrato de adesão? Em caso positivo, discorra acerca 
das características do contrato de adesão.
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3) Para restar configurada a responsabilidade civil subjetiva do 
fornecedor de serviços desportivos precisam estar presentes 
três pressupostos essenciais. Em certos casos, devidamente 
autorizados pela legislação pátria, pode-se dispensar um dos 
três pressupostos (responsabilidade civil objetiva). Aponte qual 
pressuposto da responsabilidade civil do fornecedor de serviços 
desportivos pode ser dispensado e fundamente com o texto de lei.
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32
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Da Responsabilidade Civil 
Concernente à Segurança do 
Torcedor
A leitura conjunta dos artigos 2º, 3º, 13, 14, 15 e 19, do Estatuto do torcedor 
(Lei no 10.617/2003) não deixa dúvidas acerca da responsabilidade da entidade 
organizadora da competição, entidade detentora do mando de jogo (clube) e seus 
respectivos dirigentes quando falamos de segurança do torcedor-espectador 
antes, durante e após a realização de eventos desportivos.
Art. 2º. Torcedor é toda pessoa que aprecie, apoie ou 
se associe a qualquer entidade de prática desportiva do 
País e acompanhe a prática de determinada modalidade 
desportiva.
Art. 3º. Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, 
nos termos da Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, a entidade 
responsável pela organização da competição, bem como a 
entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo.
Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde 
são realizados os eventos desportivos antes, durante e após a 
realização das partidas.
Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 da Lei n. 8.078, 
de 11 de setembro de 1990, a responsabilidade pela segurança do 
torcedor em evento desportivo é da entidade de prática desportiva 
detentora do mando de jogo e de seus dirigentes [...]
Art. 15. O detentor do mando de jogo será uma das entidades 
de prática desportiva envolvidas na partida, de acordo com os 
critérios definidos no regulamento da competição.
4) Quais são os casos em que a responsabilidade civil do fornecedor 
de serviços desportivos pode ser afastada? Fundamente sua 
resposta com o texto de lei.
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33
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Art. 19. As entidades responsáveis pela 
organização da competição, bem como seus 
dirigentes respondem solidariamente com as 
entidades de que trata o art. 15 e seus dirigentes, 
independentemente da existência de culpa, pelos 
prejuízos causados a torcedor que decorram 
de falhas de segurança nos estádios ou da 
inobservância do disposto deste capítulo.
Da leitura dos citados artigos, conclui-se, sem prejuízo às normas 
estabelecidas no Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990), 
que as entidades responsáveis pelaorganização da competição e seus 
dirigentes respondem solidariamente (possibilidade de exigir de todos os 
responsáveis a reparação do dano havido) e objetivamente (dispensada 
a necessidade de comprovação de culpa) com as entidades detentoras 
do mando de jogo (clube) e seus dirigentes.
Então, caso um torcedor, durante o jogo, caia das arquibancadas 
em virtude de falta de manutenção da estrutura do local, por exemplo, 
surge a responsabilidade solidária e objetiva das entidades mencionadas 
acima, exceto se o evento deu-se por culpa única e exclusiva do 
torcedor-espectador ou de terceiro.
Outro aspecto interessante da responsabilidade civil nos 
espetáculos desportivos refere-se aos danos causados por multidões. 
O organizador deve conhecer a regularidade com que tais incidentes 
ocorrem, não podendo alegar que tais fatos são imprevisíveis, pois estes 
constituem realidade que deve ser concebida dentro das medidas de 
segurança e prevenção a serem tomadas para realização dos eventos.
Abaixo segue trecho da ementa do acórdão (decisão proferida por 
órgão colegiado), proferido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, 
em ação de reparação de danos proposta por espectador que sofreu 
lesões corporais por grupos de torcedores no interior do estádio:
[...] em tal hipótese, não há que se falar em 
excludente de responsabilidade, pois alguns 
acontecimentos que, em princípio seriam 
extraordinários, por mostrarem-se previsíveis, 
ante a sua repetição e evidência, transformam-se 
em fatos inerentes ao risco do negócio, permitindo a visão do 
nexo de causalidade [...]
Sendo assim, comprovada a existência do evento danoso, da deficiência na 
prestação do serviço e do nexo de causa entre um e outro, resta configurado o 
dever de reparar o dano causado no interior da arena desportiva.
As entidades 
responsáveis pela 
organização da 
competição e seus 
dirigentes respondem 
solidariamente 
(possibilidade de 
exigir de todos 
os responsáveis 
a reparação do 
dano havido) e 
objetivamente 
(dispensada a 
necessidade de 
comprovação de 
culpa) com as 
entidades detentoras 
do mando de jogo 
(clube) e seus 
dirigentes.
O organizador 
deve conhecer a 
regularidade com 
que tais incidentes 
ocorrem, não 
podendo alegar 
que tais fatos são 
imprevisíveis, pois 
estes constituem 
realidade que deve 
ser concebida 
dentro das medidas 
de segurança e 
prevenção a serem 
tomadas para 
realização dos 
eventos.
34
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Atividade de Estudos: 
1) Quais são as entidades responsáveis pela reparação civil por 
danos causados em espetáculo desportivo? Fundamente sua 
resposta com o texto de lei.
 __________________________________________________
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 __________________________________________________
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A Segurança do Torcedor como 
Dever e Responsabilidade do Estado 
A responsabilidade prevista nos artigos 13 e 14, do Estatuto do 
Torcedor (Lei no 10.671/2003), não afasta o dever do Estado de proporcionar 
a segurança dos torcedores/espectadores nos eventos desportivos.
Os artigos 6º e 144, da Constituição Federal, disciplinam o direito 
do cidadão à segurança e o dever do Estado em proporcioná-la, 
conforme abaixo transcrito:
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, 
o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da 
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]
Nesse sentido, cabe à entidade detentora do mando de jogo (clube) com 
seus dirigentes solicitarem ao poder público a presença de agentes de segurança 
que atuarão dentro e fora do dos locais onde ocorrem eventos desportivos. Cabe, 
também, informar a quantidade de ingressos vendidos e o número aproximado de 
torcedores/espectadores presentes, possibilitando, assim, que o Estado organize 
a segurança com o envio de contingente suficiente para determinado espetáculo.
A responsabilidade 
prevista nos artigos 
13 e 14, do Estatuto 
do Torcedor (Lei 
no 10.671/2003), 
não afasta o 
dever do Estado 
de proporcionar 
a segurança 
dos torcedores/
espectadores nos 
eventos desportivos.
35
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Os agentes de segurança do Estado (policiais militares) não estão 
subordinados a entidade organizadora e detentora do mando de jogo, motivo pelo 
qual, em caso de excesso por parte destes, dentro ou fora da arena desportiva, 
que venha a causar dano passível de reparação/indenização civil teremos o 
Estado como responsável.
Importante salientar que a segurança do local do evento desportivo 
deve ser garantida pela organização, uma vez que os agentes de segurança 
do Estado figuram como força auxiliar em um evento com características 
puramente particulares e que configuram claramente relação de consumo.
Sendo assim, verifica-se que a entidade organizadora, juntamente 
com a entidade detentora do mando de jogo (clube) e seus dirigentes, 
somente serão responsabilizadas civilmente por danos causados aos 
torcedores-espectadores quando desobedecerem as regras estabelecidas 
no artigos 14, incisos I e II, e artigo 23, § 2º, incisos I, II, ambos do Estatuto 
do Torcedor (Lei no 10. 617/2003). As referidas regras determinam que as 
citadas entidades devem:
• Solicitar ao poder público a presença de agentes de 
segurança, devidamente identificados, responsáveis pela 
segurança dos torcedores dentro e fora da arena desportiva.
• Informar ao órgão competente o local, o horário do evento, a capacidade 
da arena desportiva e a expectativa de público.
• Apenas disponibilizar para venda ingressos na quantidade adequada 
com a capacidade da arena desportiva.
• Permitir somente a entrada de torcedores-espectadores em número 
condizente com a capacidade da arena desportiva.
Importante também destacar que a responsabilidade pelos possíveis danos 
ocorridos nos veículos dos torcedores no decorrer do evento desportivo, em regra, não 
é da entidade organizadora do evento. Sobre o assunto Rodrigues (2003, p. 35) leciona:
Os organizadores do jogo de futebol somente seriam 
responsáveis pelos danos nos veículos dos torcedores, caso 
incluíssem o estacionamento como serviço pago oferecido 
aos torcedores-consumidores. Daí emergiria a reponsabilidade 
daqueles por qualquer dano ocorrido nos veículos dos torcedores 
(por exemplo, carro riscado, furtado ou roubado, pichação etc...).
Importante salientar 
que a segurança 
do local do evento 
desportivo deve 
ser garantida pela 
organização, uma vez 
que os agentes de 
segurança do Estado 
figuram como força 
auxiliar em um evento 
com características 
puramente 
particulares e 
que configuram 
claramente relação de 
consumo.
36
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Portanto, tem-se que a entidade organizadora e a entidade detentora do 
mando do jogo (clube) com seus dirigentes incumbem garantir e responder pela 
segurança do torcedor-espectador no espaço físico que lhe compete administrar, 
jamais sendo responsável pela segurança pública externa, que é dever do Estado. 
Atividade de Estudos: 
1) Qual a entidade responsável pela reparação do dano sofrido por 
torcedor/espectador provocado pelo agente de segurança do 
Estado (policiais militares)? Justifique sua resposta.
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 __________________________________________________
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Algumas Considerações 
Destaca-se que o desporto é direito e garantia fundamental do cidadão, devendo 
o Estado fomentar e proporcionar formas adequadas de sua prática no meio social.
Deve-se entender que atividades desportivas configuram relações de 
consumo, motivo pelo qual as partes envolvidas, principalmente o consumidor-
torcedor, possuem especial proteção do Estado através de regramento específico.
Aquele cidadão como torcedor-espectador possui especial proteção dos seus 
direitos pelo Estado, uma vez que também há legislação especifica regulando o tema 
e garantindo a reparação civil de possíveis danos causados pela pessoa jurídica de 
direito privado ou público fornecedora de serviço relacionado ao desporto. 
Por conseguinte, havendo desrespeito aos direitos do cidadão-consumidor-
torcedor surge o dever de reparar ou indenizar o dano sofrido, sendo de suma 
importância saber distinguir dentre as várias entidades envolvidas no evento 
desportivo aquela que possui responsabilidade civil pelo dano causado. 
37
Relações jurídicas que Envolvem o
Desporto Profissional
 Capítulo 1 
Referências 
ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito 
constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
BRASIL. Constituição Federal. Diário	Oficial	da	União	n.	191-A, Brasília, DF, 05 
out. 1988. 
______. Decreto Regulamentador no 3.298/1999. Diário	Oficial	da	União, 
Brasília. DF, 21 dez. 1999.
______. Lei no 10.406/2002. Diário	Oficial	da	União, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
______. Lei no 10.671/2003. Diário	Oficial	da	União, Brasília, DF, 16 mai. 2003.
______. Lei no 10.741/2003. Diário	Oficial	da	União, Brasília, DF, 03 out. 2003.
______. Lei no 8.069/1990. Diário	Oficial	da	União, Brasília, DF, 16 jul. 1990.
______. Lei no 8.078/1990. Diário	Oficial	da	União, Brasília, DF, 12 set. 1990.
______. Lei no 9.615/1998. Diário	Oficial	da	União, Brasília, DF, 25 mar. 1998.
ESTEVES, José. O desporto e as estruturas sociais. Lisboa: Edições 
Universitárias Lusófonas, 1999.
______. Racismo e desporto. Lisboa: Básica Editora, 1998.
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos. 4. ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 1997.
MARQUES, C. L. Comentários ao código de defesa do consumidor. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.
RIO DE JANEIRO. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Revista dos 
tribunais, São Paulo, n. 777, p. 380, julho/2000.
RODRIGUES. Décio Luiz José. Direitos do torcedor e temas polêmicos do 
futebol. São Paulo: Rideel, 2003.
ROSADO, A. As margens da educação física e do desporto. Lisboa: FMH 
Edições, 1997.
SERGIO, M. Para uma nova dimensão do desporto. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.
38
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso. Rio de Janeiro. Forense, 2008.
SMANIO, Gianpaolo Poggio. Interesses Difusos e Coletivos. 8. ed. São Paulo, 
Atlas, 2007. v. 15.
SODRÉ, Marcelo Gomes. A construção do direito do consumidor. São Paulo: 
Atlas, 2009.
STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. 7. 
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
VARGAS, A. Esporte e realidade: conflitos contemporâneos. Rio de Janeiro: 
Shape Editora, 2006.
______. Ética: ensaios sobre a saúde social, esporte e educação física, LECSU. 
Rio de Janeiro, 2007.
CAPÍTULO 2
Contratos Desportivos
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender as relações de trabalho que envolvem o atleta profissional e a 
entidade desportiva. 
�	Assimilar noções básicas acerca do direito das obrigações. 
�	Saber como se dá o uso da imagem do atleta profissional.
40
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
41
Contratos	Desportivos Capítulo 2 
Contextualização
Neste capítulo, veremos os principais aspectos envolvendo a relação de 
trabalho do atleta profissional, ou seja, sua natureza jurídica, o contrato de trabalho 
e sua duração, remuneração, jornada de trabalho, férias, seguro obrigatório, 
rescisão de contrato e competência da justiça trabalhista.
Posteriormente, serão apresentadas noções básicas sobre o direito das 
obrigações e os deveres e os direitos resultantes do uso da imagem do atleta 
profissional.
Da Relação de Trabalho do Atleta 
Profissional
É de suma importância entender como funciona a relação entre o atleta 
profissional e a instituição de prática desportiva, uma vez que esta união possui 
características especiais que serão devidamente demonstradas adiante.
a) Da	Prática	Desportiva	Profissional	
Conforme já estudado no capítulo anterior quando da abordagem 
das modalidades desportivas, o desporto de rendimento profissional é 
aquele caracterizado pela existência de contrato de trabalho formal e 
remuneração/ contraprestação pela prática de determinada atividade. 
Vejamos o que diz o artigo 3º, parágrafo único, inciso I, da Lei Pelé ou 
Lei Sobre Desporto (Lei no 9.615/1998):
Art. 3º. O desporto pode ser reconhecido em 
qualquer das seguintes manifestações:
I - de modo profissional, caracterizado pela 
remuneração pactuada em contrato formal de 
trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva; [...]
O artigo 26, parágrafo único, da Lei Pelé ou Lei Sobre Desporto 
(Lei no 9.615/1998), dispõe que a competição profissional é promovida 
para obtenção de renda e disputada por atletas profissionais cuja 
remuneração decorra de contrato de trabalho. Vejamos:
Art. 26. Atletas e entidades de prática desportiva 
são livres para organizar a atividade profissional, 
qualquer que seja sua modalidade, respeitados os 
termos desta Lei.
O desporto de 
rendimento 
profissional é aquele 
caracterizado pela 
existência de contrato 
de trabalho formal 
e remuneração/ 
contraprestação 
pela prática de 
determinada 
atividade.
A competição 
profissional é 
promovida para 
obtenção de renda 
e disputada por 
atletas profissionais 
cuja remuneração 
decorra de contrato 
de trabalho.
42
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Parágrafo único. Considera-se competição profissional para 
os efeitos desta Lei aquela promovida para obter renda e 
disputada por atletas profissionais cuja remuneração decorra 
de contrato de trabalho desportivo.
Assim, fixadas as principais características do desporto de rendimento 
profissional e das competições profissionais, na sequência, passaremos para o 
estudo dos principais aspectos trabalhistas que envolvem o exercício do desporto 
profissional.
Atividades de Estudos: 
1) Quais as principais características do desporto de rendimento 
profissional? Fundamente sua resposta indicando o dispositivo 
legal que regula o tema.
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2) Quais as principais características da competição profissional? 
Embase sua resposta com o texto de lei.
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 __________________________________________________
b)	Da	Natureza	Jurídica	da	Relação	entre	o	Atleta	Profissional	e	a	
 Entidade de Prática Desportiva
A relação entre atleta profissional e entidade desportiva possui 
natureza trabalhista, havendo, assim, a necessidade de aplicação das 
normas gerais trabalhistas e previdenciárias. O artigo 28, § 4º, incisos I, 
II, III, IV, V e VI, da Lei no 9.615/1998 (Lei Pelé ou Lei Sobre Desporto), 
preleciona:
A relação entre 
atleta profissional e 
entidade desportiva 
possuinatureza 
trabalhista.
43
Contratos	Desportivos Capítulo 2 
Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração 
pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de 
prática desportiva, no qual deverá constar, obrigatoriamente:
[...] § 4º Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação 
trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as peculiaridades constantes 
desta Lei, especialmente as seguintes: 
I - se conveniente à entidade de prática desportiva, a concentração não 
poderá ser superior a 3 (três) dias consecutivos por semana, desde que esteja 
programada qualquer partida, prova ou equivalente, amistosa ou oficial, devendo 
o atleta ficar à disposição do empregador por ocasião da realização de competição 
fora da localidade onde tenha sua sede; 
II - o prazo de concentração poderá ser ampliado, independentemente 
de qualquer pagamento adicional, quando o atleta estiver à 
disposição da entidade de administração do desporto; 
III - acréscimos remuneratórios em razão de períodos de 
concentração, viagens, pré-temporada e participação do 
atleta em partida, prova ou equivalente, conforme previsão 
contratual; 
IV - repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) 
horas ininterruptas, preferentemente em dia subsequente à 
participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando 
realizada no final de semana; 
V - férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas 
do abono de férias, coincidentes com o recesso das atividades 
desportivas; 
VI - jornada de trabalho desportiva normal de 44 (quarenta e 
quatro) horas semanais. 
 
Desse modo, restando configurada a natureza trabalhista da relação 
mantida entre o atleta profissional e a entidade desportiva, aplicam-se as 
normas da legislação do trabalho e da previdência social sempre respeitando as 
peculiaridades impostas pela lei específica.
44
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Atividade de Estudos: 
1) As normas trabalhistas e previdenciárias aplicam-se na relação 
entre o atleta profissional e a entidade desportiva? Justifique sua 
resposta.
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
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 __________________________________________________
c) Dos Sujeitos do Contrato de Trabalho
Conforme destacado nos artigos transcritos anteriormente, 
verifica-se que os sujeitos do contrato de trabalho desportivo são o 
atleta profissional e a entidade de prática desportiva.
Segue abaixo decisão proferida pelo órgão colegiado do Tribunal 
Regional do Trabalho da 3º Região, em que se fixa o entendimento 
de que árbitros de futebol não são considerados empregados e, portanto, não 
figuram como sujeitos do contrato de trabalho desportivo:
RO/10804/91, 3º Turma do TRT da 3º Região: ÁRBITROS DE 
FUTEBOL – RELAÇÃO DE EMPREGO. Os árbitros de futebol 
não estão subordinados à federação, como também dela 
não recebem salário, já que são pagos pelos clubes filiados, 
cuja cota é estabelecida para cada partida que arbitram e 
retiradas das rendas auferidas nas partidas. Também não há 
continuidade na prestação dos seus serviços, pois podem 
passar nesses sem arbitrar um jogo. Nessa ralação, não se 
evidencia a presença dos pressupostos do artigo 3º da CLT. 
Julgamento 28/10/1992.
Os sujeitos do 
contrato de trabalho 
desportivo são o 
atleta profissional 
e a entidade de 
prática desportiva.
45
Contratos	Desportivos Capítulo 2 
Atividade de Estudos: 
1) Quais são os sujeitos que figuram no contrato de trabalho 
desportivo?
 _____________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
 _____________________________________________________
d)	Do	Atleta	Profissional
Atleta profissional é toda pessoa física que pratica determinada 
modalidade esportiva de forma não eventual através de entidade 
desportiva, havendo subordinação e contrapartida remuneratória 
devidamente pactuada em contrato de trabalho formal. 
Os requisitos para a configuração de empregado estão dispostos 
no artigo 3º, parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho – 
CLT (Decreto-lei no 5.452/1943), conforme segue:
Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa 
física que prestar serviços de natureza não 
eventual a empregador, sob a dependência deste 
e mediante salário.
Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à 
espécie de emprego e à condição de trabalhador, 
nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Aos 16 (dezesseis) anos de idade, o atleta poderá firmar o primeiro contrato 
de trabalho com entidade de prática desportiva. O referido contrato não poderá 
ultrapassar o prazo de 5 (cinco) anos de vigência, conforme se encontra estabelecido 
no artigo 29, da Lei no 9.615/1998 (da Lei Pelé ou Lei Geral Sobre Desporto):
Art. 29. Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do 
atleta terá o direito de assinar com ele, a partir de 16 (dezesseis) 
anos de idade, o primeiro contrato especial de trabalho 
desportivo, cujo prazo não poderá ser superior a 5 (cinco) anos.
Atleta profissional 
é toda pessoa 
física que pratica 
determinada 
modalidade 
esportiva de forma 
não eventual 
através de entidade 
desportiva, havendo 
subordinação 
e contrapartida 
remuneratória 
devidamente 
pactuada em contrato 
de trabalho formal.
46
 LEGISLAÇÃO E DIREITO ESPORTIVO
Atividade de Estudos: 
1) Utilizando os conhecimentos até aqui adquiridos e realizando 
uma interpretação à luz da Consolidação das Leis Trabalhistas 
(Decreto-lei no 5.452/19943), conceitue atleta profissional e aponte 
as características necessárias para a configuração de empregado.
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e) Da Entidade de Prática Desportiva
A entidade desportiva é aquela responsável pelo desenvolvimento 
do desporto e pode ser constituída na forma de sociedade empresária, 
desde que obedecidas a algumas regras constantes do artigo 27, § 9º, 
da Lei no 9.615/1998 (da Lei Pelé ou Lei Sobre Desporto)
Art. 27. As entidades de prática desportiva participantes de 
competições profissionais e as entidades de administração de 
desporto ou ligas em que se organizarem, independentemente 
da forma jurídica adotada, sujeitam os bens particulares de seus 
dirigentes ao disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002, além das sanções e responsabilidades previstas no 
caput do art. 1.017 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, 
na hipótese de aplicarem créditos ou bens sociais da entidade 
desportiva em proveito próprio ou de terceiros.
[...] § 9º. É facultado às entidades desportivas profissionais 
constituírem-se regularmente em sociedade empresária, 
segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei 
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
Interpretando o artigo acima citado cumulativamente com as normas do Código 
Civil (Lei no 10.406/2002), podemos dizer que a entidade desportiva, na qualidade de 
sociedade empresária, pode ser constituída na forma de sociedade em nome coletivo 
(artigos 1.039 a 1.044, da Lei no 10.406/2002 – Código Civil), sociedade em comandita 
simples (artigos 1.045 a 1.051, da Lei no 10.406/2002 – Código Civil), sociedade 
limitada (artigos 1.052 a 1.087, da Lei no 10.406/2002

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