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CLÍNICA-ORTOMOLECULAR-I-SÍNDROME-METÁBOLICA-E-ORGÂNICA-1

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1 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA ORTOMOLECULAR I- SÍNDROME METÁBOLICA 
E ORGÂNICAS 
 
1 
 
Sumário 
 
CLÍNICA ORTOMOLECULAR I – SÍNDROME METÁBOLICA E 
ORGÂNICA ........................................................................................................ 3 
Introdução ................................................................................................ 3 
Ciclos de atenção da dieta da sopa. ...................................................... 14 
Ciclos de atenção da dieta detox. .......................................................... 15 
Ciclos de atenção da dieta paleo. .......................................................... 15 
Ciclos de atenção da dieta dos pontos. ................................................. 16 
Ciclos de atenção da dieta Dukan. ........................................................ 17 
Dietas como risco, reeducação alimentar como credo e as celebridades
 ......................................................................................................................... 18 
A SÍNDROME METABÓLICA ................................................................ 22 
Baixa disponibilidade energética ........................................................... 43 
Referências ............................................................................................ 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
CLÍNICA ORTOMOLECULAR I – SÍNDROME 
METÁBOLICA E ORGÂNICA 
 
Introdução 
Já na antiguidade o homem percebeu e comprovou a importância dos 
alimentos para evitar e curar doenças. 
As vitaminas nem sempre foram conhecidas e ainda hoje se tem muitas 
informações e estudos a serem realizados sobre estes nutrientes e suas 
implicações à saúde humana. 
No século XVIII, frotas navais utilizavam doses diárias de suco de limão e 
laranja-lima na prevenção e cura do escorbuto causado pela carência da 
vitamina C. 
Não se conhecia a substância ainda, contudo, era atribuído aos alimentos 
o teor medicinal. Foi no século XX que alguns cientistas, realizando 
experimentos de bioquímica e nutrição experimental, passam a determinar o 
poder curativo dos alimentos às substâncias químicas presentes em alguns e em 
outros não. 
Segundo CAMEP (Centro Avançado de Medicina Preventiva), o termo 
vitamina foi proposto: (...) no princípio do século por Casimir Funk, um 
Bioquímico polonês, que achava que este nutriente era uma "amina da vida". 
As aminas são compostos formados pela substituição de um ou mais 
átomos de hidrogênio na molécula da amônia (NH³) por radicais orgânicos. 
 
4 
A palavra inglesa original "Vitamine" foi posteriormente modificada para 
"Vitamin", quando se reconheceu que nem todas as vitaminas eram aminas. 
Em português não houve modificação semelhante. (Em: 
http://www.camep.com.br/vitaminas.htm. Acesso em: 05/05/2012). 
Os estudos existentes mostram que estas substâncias orgânicas são 
encontradas em quase todos os alimentos e em pequenas quantidades, 
entretanto são essenciais ao funcionamento do organismo, para Lima (2008), 
Cumprem papel importante ao metabolismo celular e ao crescimento, elas 
regulam e favorecem as reações químicas que ocorrem nas células, permitindo 
a assimilação dos alimentos (LIMA, Dra. Michele Oliveira de. A importância das 
vitaminas na alimentação. Em: . Acesso em: 05 maio 2012). 
 Para Lima (2008) os requerimentos nutricionais desses micronutrientes 
aumentam durante os períodos de crescimento [...], em função disso, a 
alimentação do escolar deve apresentar uma dieta balanceada que forneça os 
nutrientes necessários, evitando o surgimento de doenças. 
Segundo Neumann (2007) a ingestão dietética inadequada expõe risco à 
saúde do adolescente de imediato ou futura, ou seja, na fase adulta. 
Para Neumann, [...] práticas alimentares inadequadas representam riscos 
imediatos para a saúde do adolescente, tais como, anemia por deficiência de 
ferro, distúrbios alimentares como bulimia e anorexia, subnutrição, sobrepeso e 
obesidade, baixa densidade óssea e cáries dentárias. [...] Aproximadamente 
50% dos adolescentes obesos tornam-se adultos obesos. 
Alterações metabólicas, como o diabetes, são também consequências de 
dietas inadequadas mantidas na adolescência; a alta ingestão de gorduras 
potencializa o risco para enfermidades cardíacas; a baixa ingestão de cálcio e 
minerais em geral na adolescência, associa-se com baixa densidade óssea e 
aumenta o risco para a osteoporose na vida adulta [...] (NEUMANN, 2007, p. 9) 
 
5 
As necessidades vitamínicas e de sais minerais nessa fase da vida estão 
muito além das estimadas para o adulto, mas no geral, os valores indicados na 
adolescência estão aumentados no período de crescimento. 
As diferentes quantidades recomendadas em diversas tabelas nutricionais 
ocorrem pelo pouco conhecimento direcionado especificamente ao adolescente 
[...] (SAITO, 2003, p.676). 
Entre os minerais mais intimamente ligados ao desenvolvimento biológico 
citam-se o cálcio, o ferro e o zinco e entre o grupo vitamíco: a vitamina A, 
vitaminas complexo B, vitamina C e vitamina D. 
O cálcio está relacionado com o aumento da massa óssea, participa da 
contração muscular, da coagulação do sangue e é responsável pela rigidez dos 
ossos e dentes (BRITO E FAVARETTO, 1997, p 64). 
A necessidade desse mineral está presente em toda vida do ser humano, 
todavia, na adolescência sua quantidade sofre modificações. 
Saito (2003) afirma que, [...] há um aumento do esqueleto associado ao 
crescimento, principalmente durante a fase de aceleração, e a retenção do cálcio 
é cerca de 200mg no sexo feminino e 300mg no sexo masculino, exercendo 
impacto significante sobre as necessidades de cálcio, que serão usadas para a 
manutenção do tecido. 
A necessidade diária é estimada, na adolescente, em 0,5-0,7g/dia, 
devendo ser sempre lembradas as inter-relações entre o cálcio e os vários 
componentes da dieta, principalmente a vitamina D e o fósforo (SAITO,2003, p. 
675). 
As fontes de alimentos ricos em cálcio são encontradas no leite e 
derivados, couve, feijão, feijão-soja, mostarda, folhas de nabo, ovos, carnes. 
 
6 
O micronutriente ferro está presente nas carnes e vísceras bovinas, na 
gema de ovo e em leguminosas, como o feijão (BRITO E FAVARETTO, 1997, 
p.65). 
Em acordo com o citado acima, Cozzolino (2009) fornece informações das 
fontes mais importantes desse micronutriente presente na refeição dos 
brasileiros, Fontes mais importantes de ferro para população brasileira: feijão 
(32%) e carnes (20%). Potencial de absorção em dietas é da ordem de 1 a 7%. 
Fonte de ingestão animal ( 30%). (COZZOLINO, 2009). 
A necessidade diária do ferro aumenta em ambos os sexos durante a 
adolescência. 
Além do crescimentoe do aumento da massa óssea é importante para o 
volume sanguíneo e das enzimas respiratórias. 
Vitolo (2008) salienta que para as meninas em especial há um aumento 
adicional com o evento da menarca, por causa da perda do ferro durante a 
menstruação. 
Estudos realizados mostram que o sexo masculino possui necessidade 
maior no período de rápido crescimento, estando associado ao aumento do 
volume sanguíneo, devido ao crescimento da massa magra. 
Esse ganho acontece muito mais rápido que no sexo feminino, a produção 
de eritrócitos (glóbulos vermelhos) está ativo na puberdade masculina, chegando 
a aumentar de 2 a 3 vezes em relação aos níveis basais (VITOLO, 2008, p.280). 
A absorção do mineral ferro pelo organismo pode ser influenciada pela 
interação da variedade alimentar consumida pelo adolescente e a relação entre 
o ferro heme e o ferro não heme da dieta (SAITO, 2003, p.675). 
Alguns nutrientes podem agir positivamente, contribuindo na sua 
absorção como é o caso da vitamina C (ácido ascórbico) e A, ou dificultando 
como o tanino, fitatos e excesso de cálcio. 
 
7 
Cazzolino (2012) indica a quantidade ideal de ferro segundo as 
recomendações do DRIs (Recomendações de ingestão dietética) para os 
meninos e para as meninas, como mostra a tabela: 
 
A deficiência do ferro na dieta alimentar do adolescente é um grande 
problema em nosso meio (VITOLO, 2008, p. 281). 
A carência do mineral pode desenvolver fadiga muscular, baixo 
rendimento escolar e em caso de anemia a função imunológica é prejudicada. 
O mineral zinco participa de processos importantíssimos no organismo 
humano. Age como antioxidante, estando presente em quase todos os tecidos e 
por isso com ações benéficas (GORZONI, 2007). 
Os íons desse mineral são encontrados no corpo humano, em grande 
concentração no olho (coróide), em razoável porção nos dentes e ossos, no 
cabelo, unhas e pele, e em menores concentrações nos tecidos sanguíneas 
(Marques e Marreiro, 2006). 
A carência de zinco acarreta sintomas como atraso no crescimento 
celular, atraso na maturidade sexual, pouco apetite e deficiência do sistema auto-
imune. 
Além da importância dos nutrientes minerais, as vitaminas não podem ser 
ignoradas, pelo contrário, algumas devem ser mais indicadas durante a 
puberdade e a adolescência. 
Para Krause e Mahan (1991) grandes quantidades de timina, riboflavina 
e niacina são recomendadas pelas altas necessidades energéticas. Com 
 
8 
aumento do aporte energético, a ingestão de vitamina do complexo B aumentará 
e será adequada. 
Vitaminas do complexo B que estão associadas com maiores 
necessidades nesta fase de desenvolvimento é a B6 (piridoxina), B12 (Ácido 
fólico) além das já citadas anteriormente. 
A internet tornou-se uma fonte abundante e acessível de informações 
sobre saúde em meio às quais muitas questões sobre alimentação e nutrição 
têm sido colocadas em distintivo patamar de exposição e interesse. 
O acesso à informação abundante parece conformar demandas e 
estabelecer lacunas no que concerne à ideia de alimentação saudável em vista 
da quantidade, diversidade e centralidade de determinados tipos de informação 
amplamente disponíveis ao consumo de especialistas, consumidores leigos e 
replicadores de conteúdos sobre saúde. 
Nesse campo, informações sobre dietas - seja para emagrecimento, 
desintoxicação, controle de condições mórbidas ou propósito equivalente - 
preenchem de conteúdos centenas de milhares de sites que buscam atender a 
variadas modalidades de fruição. 
Nos últimos anos têm sido desenvolvidos algoritmos cada vez mais 
sofisticados para análise de tendências de busca por palavras e termos no 
Google, como proxy dos ciclos de interesse coletivo direcionados a 
determinadas matérias. 
O volume gigantesco de dados produzidos por buscas diárias geo-
referenciadas (ou seja, buscas associadas a determinadas regiões) registrado 
pelo Google Trends (GT - https://www.google.com.br/trends) podem 
fornecer insights interessantes sobre o que, onde e quando (além de “associado 
a quê”) se ligam as buscas de uma determinada população - termo já consagrado 
na literatura como seekingbehavior (comportamento de buscas). 
Tendências de buscas podem - de forma simples, transparente e de baixo 
custo - “predizer o presente” de diversas formas e sob vários aspectos ao 
 
9 
disponibilizar suporte à análise de fenômenos socioculturais raramente 
estudados por esses meios. 
Diversos autores percebem que estimativas sobre o volume de buscas em 
questões de saúde pública parecem promissoras no que se refere a aspectos 
culturais relevantes à formulação de políticas públicas, complementando e 
ampliando a compreensão das bases de dados existentes. 
Até recentemente, o estudo das oscilações de termos de busca era 
empregado unicamente pelos especialistas em marketing, com fins 
mercadológicos, a fim de identificar tendências de consumo de produtos em 
associações colaterais com elementos da cultura. 
No entanto, o assim categorizado “comportamento de buscas” tem 
também se mostrado útil no delineamento de séries temporais que indicam ciclos 
de interesse coletivo (CIC) impulsionados por modas, boatos, material 
jornalístico e, sobretudo, pelo comportamento de celebridades influenciadoras. 
Embora de valor escasso na análise qualitativa de significados 
socialmente construídos, é sensível a influências ligadas a temas de interesse 
da saúde coletiva, no papel de marcadores de fenômenos culturais efêmeros e, 
portanto, subdimensionados. 
Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo identificar, descrever 
e analisar conteúdos veiculados por notícias associadas a picos de interesse 
pelas dietas da moda, examinando o papel exercido por atores sociais sob o foco 
da mídia no consumo de informações nesse campo. 
O Google Trends (GT) apresenta estimativas que permitem dimensionar 
tendências de buscas sobre temas de interesse discriminadas em delimitações 
geográficas (estados; países; ou a nível mundial); categorias temáticas (saúde; 
ciência; notícias; viagens entre outras) além de delimitações temporais (períodos 
específicos; últimos cinco anos; última semana etc.). 
Os algoritmos do GT normalizam dados a partir de um número total de 
buscas em determinada região/período em uma escala que oscila entre 0 
(volume de buscas menor que 1% em relação ao pico de popularidade) e 100 
 
10 
(pico de acessos) apresentados como Volumes Relativos de Busca/s (VRB). Os 
VRB são, por definição, sempre menores que 100 (eixos Y dos gráficos) 
retratando buscas em valores relativos, comparáveis a volumes de acessos mais 
altos ao longo de um período. 
A representação em proporções corrige o número absoluto de buscas 
considerando um número oscilante de acessos à Internet em uma determinada 
região. A metodologia empregada pelo GT é detalhadamente descrita no seu 
website36 assim como em diversos outros trabalhos da literatura. 
As “dietas da moda” foram escolhidas com base em revisões 
bibliográficas e na literatura leiga, também considerando-se assuntos 
relacionados ao termo de pesquisa “dieta” pelo Google Trends. 
Na coleta de dados foi realizada uma busca “limpa” após apagamento dos 
dados de navegação e cookies que poderiam influenciar o histórico de buscas. 
Foram escolhidas as oito dietas de maior visibilidade, ou seja, as que 
retornaram com volume de dados suficiente à análise: dieta cetogênica; dieta da 
lua; dieta da proteína; dieta da sopa; dieta detox; dieta dos pontos; dieta dukan 
e dieta paleo (paleolítica). 
Foram selecionados termos de busca - em português brasileiro - que se 
referem especificamente a essas dietas nas formas de grafia que geraram os 
resultados mais volumosos (ex. para buscas sobre “dieta paleolítica” utilizou-se 
o termo “dieta paleo”), conforme usualmente descrito em outros trabalhos. 
Os ciclos de dietas foram pesquisados a partir das últimas261semanas 
(de 01/Janeiro/2012 a 01/Janeiro/2017) com filtros de região (Brasil) e tópico do 
assunto (Saúde). 
Os dados foram importados como arquivos CSV (Comma-
separatedvalues) para planilhas eletrônicas (MS Excel®) e foram aí calculadas 
as médias anuais com desvios-padrão e linhas de tendência (Polinomiais de 
ordem 2). 
As curvas das dietas foram tabuladas em oito séries independentes, 
sabido que o GT produz resultados comparando curvas de acessos ao pico de 
 
11 
maior popularidade - o que poderia subestimar as estimativas das dietas menos 
populares. 
Foram também analisadas notícias relacionadas ao objeto de estudo. 
Para a seleção das matérias utilizou-se os mesmos termos de buscas 
usados para as dietas, sendo incluídas na pesquisa as quatro primeiras notícias 
apontadas no Google News® nos períodos de pico de buscas de cada dieta da 
moda; considerando-se também aquelas que precederam os picos de busca em 
até dois dias, totalizando 32 notícias. 
Notícias sobre dietas da moda veiculadas em sites nacionais entre 2012 
e 2017. 
A opção pelas ferramentas do Google se deu em função de suas 
possibilidades técnicas e de inovação na abordagem do objeto de estudo. 
Além disso, conforme apontado em pesquisas de ranking do Alexa - 
companhia prestadora de serviços de análise da Web - esse é o site mais 
acessado no Brasil e no mundo para busca de informações por meio de acessos 
diretos via Google.com.br ou Google.com. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Volume relativo de buscas das dietas e ciclos de atenção 
Os resultados mais evidentes - de certa forma comum a todas as dietas - 
apontam para a fugacidade de interesse, sem CICs sustentados por longos 
períodos. 
Há numerosos picos de acesso a cada dieta que expressam o caráter 
efêmero do interesse (geralmente ligado ao emagrecimento) e não 
compromissado com uma hegemonia perene de atenções. 
De forma geral, os picos de atenção ocorrem, sobretudo, entre setembro 
e janeiro com eminência nos meses próximos aos finais de ano, o que poderia 
ser descrito como uma espécie de “efeito verão” ou “efeito festividades de final 
de ano”. 
A dieta cetogênica apresentou lenta ascensão da linha de tendência com 
dezenas de picos de busca esporádicos com maior concentração nos últimos 
meses de 2016, entre a 247ª e a 255ª semana . 
Todas as matérias associadas a esses picos se referem ao propósito de 
emagrecimento. 
Essa dieta é categorizada como restritiva - rica em gorduras, pobre em 
carboidratos e minimamente adequada em proteínas e foi descrita na década de 
1920 como alternativa suplementar ao controle da epilepsia, sobretudo no 
tratamento das epilepsias de difícil controle da infância. 
 
Ciclos de atenção da dieta cetogênica. 
Com relação à dieta da lua observou-se uma linha de tendência com leve 
declínio pontuado por picos de VRB esporádicos, sobretudo entre as 114ª e 204ª 
semanas e ao final de 2016 . 
A “dieta da lua” pressupõe a influência do ciclo lunar nos líquidos corporais 
e a necessidade de adequação do regime alimentar a cada mudança de fase - o 
 
13 
que implica consumo exclusivo de sucos, sopas e líquidos por 24 horas em 4 
dias por mês com promessa de perda mensal de 4 kg. 
Além disso, as matérias indicam que deve-se “parar de comer quando se 
sentir saciada/o e não consumir mais nenhum alimento após as 18 horas. 
Nas fases minguantes, os praticantes devem “beber muita água para 
eliminar as toxinas”. 
Todo modo, as orientações se mostram generalizantes, dificultando o 
atendimento às demandas individuais - o que se mostra como aspecto comum 
às demais dietas. 
 
 
Ciclos de atenção da dieta da lua. 
A dieta da proteína - embora com expressivos picos de VRBs ao redor da 
44ª semana (em 2012) - apresentou uma curva de tendência decrescente no 
decorrer dos anos. 
Assim como a cetogênica, essa modalidade restritiva de regime 
recomenda o consumo semi-irrestrito de alimentos como carnes gordurosas, 
manteiga e outros produtos lácteos, limitando apenas a ingestão de carboidratos 
a menos de 30 g por dia. 
O emagrecimento estaria relacionado ao efeito termogênico do 
metabolismo proteico e à característica cetogênica dessa dieta - derivados dos 
pressupostos estabelecidos em 1970 pelo Dr. Atkins: enfática restrição de 
carboidratos e preconização de alta ingestão de proteínas. 
As matérias ligadas à dieta não apresentaram descrições específicas de 
sua composição, mas citam seus efeitos e possibilidades de variação: 
 
 
14 
Cliclos de atenção da dieta da proteína (2012-2017). 
Perdi 11 kg com a dieta da proteína. Fiz direitinho por três meses, até 
conseguir chegar aos 48 kg (ela tem 1,70m). 
Bem menos radical do que a original criada pelo Dr. Atkins, a dieta das 
proteínas de alto valor biológico reduz a ingestão de carboidratos, em vez de 
aboli-los pura e simplesmente, assim como limita o consumo de gorduras, no 
lugar do passe livre [...]. 
Nesse caso, é apresentada uma variação da dieta da proteína “original” 
(do Dr. Atkins) na qual se recomenda a preferência por proteínas de alto valor 
biológico e menor restrição de carboidratos na perspectiva de combater efeitos 
adversos da dieta clássica como “tontura, desânimo e lapsos de memória”. 
O interesse pela dieta da sopa também se mostrou declinante na linha de 
tendência de seus ciclos de atenção após altos VRBs iniciais (acessos mais 
frequentes em 2012, na 25ª semana). 
Os relatos apontados em sites indicam que essa proposta dietética foi 
elaborada por pesquisadores da Universidade de São Paulo para pacientes com 
problemas cardíacos que precisavam perder peso para a realização de 
procedimentos cirúrgicos. 
Estudos feitos em populações asiáticas e europeias evidenciaram relação 
entre o consumo de sopa e o menor risco de obesidade e sobrepeso, sugerindo 
que essa forma de dieta equilibrada pode trazer benefícios à saúde. 
Preconiza-se o consumo de sopas pelo menos 2 vezes ao dia 
(especialmente almoço e jantar) por determinado intervalo de tempo, no qual é 
aceitável o consumo de algumas frutas, legumes, carnes, sucos e chás sem 
açúcar. 
 
Ciclos de atenção da dieta da sopa. 
No que tange à dieta dos pontos, observou-se declínio dos acessos com 
curva de tendência descendente a partir de expressivos picos iniciais. 
 
15 
Essa dieta não restringe o consumo de alimentos e/ou nutrientes 
específicos desde que não seja ultrapassado o limite diário de pontos 
previamente estipulado que é atribuído a cada alimento. 
Quanto às definições disponíveis no ambiente virtual, temos: “A dieta dos 
pontos é uma dieta muito conhecida, por se poder comer o que quiser. Para 
quem faz dieta, saber que se pode fazer isso, ter vontade de comer e poder 
comer. É algo difícil de acreditar. 
A única coisa que não se permite é comer alimentos com gordura trans”. 
Salienta-se que em um estudo realizado por Santana et al. a dieta dos 
pontos esteve dentre as mais frequentemente encontradas na internet. 
 
Ciclos de atenção da dieta detox. 
Ao contrário das demais, a dieta detox despertou interesse concentrado 
em curtos períodos, sendo o mais expressivo na 97ª semana e mais dois nas 
198ª e 206ª semanas . 
As “dietas detox” assumem práticas restritivas de curto prazo destinadas 
a eliminar toxinas do corpo com vistas à perda de peso e promoção de saúde. 
Estratégias de desintoxicação existiram há milhares de anos em 
diferentes culturas e as orientações variam de jejum absoluto a dietas à base de 
sucos56. 
 
Ciclos de atenção da dieta paleo. 
 
A dieta Dukan, por sua vez, apresentou VRB inicialmente crescente entre 
as 78ª e 99ª semanas embora, a partir daí verifica-se queda da linha de 
tendência com curtos picos esporádicos. 
Mesmo apresentando característica mais processual que outras dietas da 
moda, a dieta Dukan também prescreve baixa quantidade de carboidratos e alto 
valor protéico. 
 
16 
Teve origema partir do método Dukan, que foi proposto pelo médico 
nutrólogo Pierre Dukan a partir de estudos realizados nos últimos 40 anos e é 
baseada em quatro fases. 
A primeira fase (ataque) dura de 3 a 7 dias e consome-se apenas 
proteínas - sem restrição quantitativa. Há recomendação de ingestão de 2 litros 
de água e 20 minutos de caminhada. 
Na fase 2 (cruzeiro), além das recomendações da fase 1 acrescenta-se 
legumes e verduras ao cardápio e recomenda-se 30 minutos de caminhada. Na 
fase 3 (consolidação), com dez dias de duração, é permitido o consumo de 
proteínas, legumes, “duas frutas por dia, duas fatias de pão integral, 40 g de 
queijo, duas porções de carboidratos por semana, como massa, e duas refeições 
de gala por semana, onde é permitido uma entrada, um prato principal, uma 
sobremesa e uma bebida [...] a cada quilo é obrigatório fazer 25 minutos de 
caminhada”). 
A fase 4 (estabilização) deve ser contínua - “dura o resto da vida e é 
possível comer normalmente” - desde que respeitadas três regras: consumir 
apenas proteína às quintas-feiras; fazer, no mínimo, 20 minutos de caminhada 
diariamente e usar escadas em detrimento de elevadores e consumir três 
colheres (sopa) de farelo de aveia. 
 
Ciclos de atenção da dieta dos pontos. 
Na definição supracitada, especialmente por se conformar em um ritual 
com perspectivas de continuidade ao longo da vida, a dieta Dukan parece se 
aproximar de pressupostos da “reeducação alimentar”. 
Além disso, apresenta clara associação da dieta com prescrição de 
atividade física regular - combinação tida como um dos pilares para a construção 
do corpo idealizado, conforme observado por Santos. 
A dieta paleo foi alvo de buscas crescentes nos últimos meses de 2016 
com pico de interesse na última semana da série . 
 
17 
A dieta paleolítica é uma referência ao modelo alimentar do homem dessa 
era, prescrevendo um padrão nutricional com base em plantas e animais 
selvagens consumidos há mais de 10.000 anos. 
Nesse caso, não haveria restrições relacionadas à proporção de 
macronutrientes, por exemplo, mas sim ao tipo de alimento. 
Recomenda-se evitar alimentos que não eram consumidos por nossos 
ancestrais, como: cereais (trigo, arroz, centeio, aveia, etc.); leguminosas (feijão, 
grão, lentilhas, etc.); lacticínios: (leite, iogurte, queijo, natas); gorduras: (óleo e 
margarinas vegetais) e produtos processados. 
 
Ciclos de atenção da dieta Dukan. 
Contradizendo alguns enunciados científicos que afirmam a insalubridade 
das dietas da moda, especialmente por serem restritivas, a dieta paleolítica é 
citada em uma das matérias como fator de proteção para algumas enfermidades: 
A dieta paleolítica pode trazer benefícios a longo prazo em problemas 
relacionados a obesidade, incluindo a redução do risco de diabetes e doenças 
cardiovasculares, explica a autora do estudo, Caroline Blomquist, da 
Universidade de Umea, Suécia. 
A principal restrição sinalizada é a ingestão de alimentos industrializados 
ou processados, o que estaria de acordo com orientações oficiais do Guia 
Alimentar para a População Brasileira, por exemplo. 
Entretanto, ao contrário de recomendações do Guia, a matéria reforça o 
caráter controlador das “dietas” com a “proibição total” de determinado grupo de 
alimentos ao mesmo tempo em que traz a ideia de continuidade de tal regime 
alimentar “a longo prazo” para que seus benefícios sejam alcançados. 
 
 
18 
Dietas como risco, reeducação alimentar como credo e as 
celebridades 
Diferentemente da administração da dieta enquanto um procedimento 
terapêutico recomendado e baseado em evidencias científicas que o legitimam 
e, de algum modo, institucionalizam a tomada de decisão sobre a pertinência de 
seus usos, a escolha por dietas da moda geralmente assume caráter privado e 
abre espaço para a responsabilização do indivíduo. 
Assim colocada a situação, cabe ao consumidor decidir sobre os pesos 
dos riscos e suas recompensas. “Viver... e gerenciar riscos” se torna um preço 
exigido para acompanhar os valores da sociedade contemporânea (do risco, do 
espetáculo, do controle, de redes, da informação...) na qual o consumidor 
assume decisões sempre provisórias, enquanto aguarda novas informações a 
serem apropriadas, sobre novas dietas que surgem. 
Como descrito por Giddens, “na modernidade reflexiva as práticas sociais 
são constantemente examinadas e reformadas à luz de informação renovada 
sobre estas próprias práticas, alterando constitutivamente seu caráter”. 
Apesar de esforços para minimização dos “riscos”, estes se mostram 
inerentes às dietas restritivas observadas no ambiente virtual. De modo geral, 
apresentando diferentes desenhos, as dietas da moda remetem para a 
necessidade do autocontrole e/ou autointerdição alimentar, pautada, 
principalmente, como forma de construção do corpo desejado. 
Nas últimas décadas, a insatisfação com o corpo parece ter se ampliado 
sobremaneira, especialmente entre mulheres que aderem cegamente à 
abstenção restritiva de alimentos. 
Tais práticas remetem a mecanismos de autocontrole imersos em um 
cenário no qual os discursos dietéticos e do marketing corporal exercem intensa 
influência na construção (por vezes, paradoxalmente, produzindo destruição) 
identitária dos sujeitos. 
Para além da forma física do corpo, uma dieta saudável deveria contribuir 
para a construção simbólica do bem-estar dos sujeitos consigo mesmos - na 
construção reflexiva do corpo, busca-se aceitação social e a construção da 
 
19 
própria felicidade, entretanto as noções sobre alimentação saudável muitas 
vezes assumem aspectos normativos, essencialmente energético-quantitativos. 
Autores salientam que a compreensão das interfaces entre alimentação e 
saúde demanda análise de dimensões políticas, socioculturais e nutricionais que 
podem, inclusive, divergir sobre o que é considerado bom ou não para o corpo. 
Contudo, na modernidade a racionalidade nutricional ganha destaque na 
elaboração de definições sobre alimentação saudável ainda que práticas 
correlatas estejam mais distantes do “mundo da vida”. 
A ideia de uma dieta como parte de um ritual provisório, como imperativo 
essencial à ascese para o corpo ideal, encontra seu contraste com o credo 
perene na reeducação alimentar - o que é vagamente presente em enunciados 
sobre dieta detox: O detox é para você fazer por um período determinado e 
depois entrar com uma reeducação alimentar [...] Existem vários tipos de dietas 
desintoxicantes. 
A detox tradicional é sem lactose, sem glúten e sem proteína animal. 
Com relação à dieta da lua, o Google News® apontou uma entrevista 
intitulada André Marques sobre cirurgia para emagrecer: Eu ia morrer. Na 
matéria o apresentador (celebridade no cenário nacional) enumera suas 
tentativas mal sucedidas (entre elas a “dieta da lua”) de emagrecimento antes da 
realização de uma cirurgia bariátrica: [...] eu tinha tentado todos os métodos 
possíveis e imaginários: ortomolecular, dieta da lua, copo d’água embaixo da pia. 
Remédio, tomei todos que você possa imaginar. 
De modo geral, as matérias - sobretudo as que incitam à aderência aos 
ritos dietéticos, ou o consumo de produtos ou alimentos - frequentemente fazem 
referência a celebridades em seus títulos. 
A experiência dos ícones culturais do corpo perfeito são frequentemente 
evocadas. 
Dentre as 32 notícias selecionadas, apenas 12 não faziam alusão direta 
às dietas de modelos, atores, atrizes, apresentadores, esportistas ou ex-
participantes de reality shows. 
 
20 
Apesar da disseminação de informações sobre saúde por meio de 
celebridades não ser necessariamente negativa, há outras variáveis a 
considerar. 
Segundo Rayner, diversas celebridades australianas conseguem atenção 
da mídia por conta de experiências pessoais relacionadas a condições das quais 
foram vítimas. 
Nesse contexto, também conseguem o foco das atenções assumindopreocupações com a prevenção de males - e aproveitando o espaço para 
divulgação de produtos comercialmente potencializados pela condição de 
celebridade. 
De modo geral, a contribuição das celebridades nesse campo é alvo de 
discussão no cenário científico, especialmente no campo das intervenções 
públicas para prevenção de doenças. 
A participação de pessoas famosas associada ao marketing de produtos 
está longe de ser considerada “promotora de saúde”, pois acaba remetendo ao 
incentivo do consumo. 
Nos conteúdos tidos como mais especificamente direcionados à 
promoção da saúde percebe-se maior presença de resultados de estudos 
científicos e opiniões profissionais de saúde. 
Nesse quesito, é válido refletir sobre o modo como se dá a atuação 
profissional, uma vez que esses atores sociais podem fomentar o consumo de 
informações e serviços de saúde, que, a depender do seu grau de envolvimento 
nas práticas cotidianas, podem caracterizar a medicalização - processo pelo qual 
questões que não necessariamente são problemas médicos passam a ser 
tratados enquanto tal, geralmente interpretados como doenças ou desordens. 
No campo da Alimentação e Nutrição essa ideia pode ser traduzida pela 
supracitada “racionalidade nutricional”: “práticas alimentares atentas ao 
permanente cuidado em manter na alimentação o equilíbrio de nutrientes, em 
detrimento do prazer de comer e dos valores com que a alimentação marca o 
convívio social a ele associado”. 
 
21 
Viana et al. situam a atuação do nutricionista como medicalizadora 
quando a esfera da prevenção é abandonada passando a intervenções 
dietéticas rígidas - sempre apoiadas pela mídia - que convertem o risco 
em quase-doença na administração da vida cotidiana por meio de normas 
sanitárias. 
Em algumas matérias, a dimensão dos perigos em torno do alimento é 
evocada de forma sensacionalista; e também permitem observar o que é 
entendido por alguns autores como comoditização da ciência - fenômeno no qual 
o conhecimento científico, em meio aos jogos de poder, passa a ser utilizado em 
prol de interesses mercadológicos. 
Estando a serviço de uma perspectiva capitalista, a ciência estaria voltada 
para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades de 
consumo de grupos sociais, sendo essas necessidades muitas vezes 
construídas a partir de estratégias de marketing econômico em meios nos quais 
produtos alimentícios podem ser facilmente observados. 
 
O Google Trends mostrou-se uma ferramenta relevante na análise de 
interesses sobre temas em saúde e uma alternativa para a realização de 
pesquisas no vasto campo de estudos que é a Internet. 
Em meio à produção e ao consumo de informações sobre dietas da moda, 
a opinião de especialistas e a exposição das celebridades é reificada pelas 
dietas, que assumem similaridades e diferenças a partir das quais oscilam no 
vasto mercado simbólico da alimentação saudável. 
As novidades - sejam em formatos de regimes diferenciados, mudanças 
em intervalos das refeições ou alterações de equilíbrios dietéticos - se prestam 
a agregar valor simbólico eficaz em despertar o interesse dos internautas por 
acenos de emagrecimento rápido com saúde. 
O consumo desse tipo de informações reflete bem valores centrais à 
sociedade líquida descrita por Bauman, pautada pelo consumismo e pela 
necessidade incessante e incoercível de gerar e suprir desejos. 
 
22 
Revela o imediatismo de consumidores em busca do efêmero em meio 
aos ciclos mercadológicos aplicados pelo marketing digital, como AIDAs 
(Attention, Interest, Desire, Action) dietéticas, cujos produtos guiarão a novas 
buscas e novos desejos em sequencial geração. 
Salienta-se a necessidade de estudos que investiguem junto aos 
consumidores repercussões desse consumo de informações via Internet nas 
suas vidas e práticas alimentares cotidianas. 
 
A SÍNDROME METABÓLICA 
(SM), importante fator de risco independente para o desenvolvimento de 
diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares (DCV), é um transtorno complexo, 
atribuído principalmente à presença de resistência à insulina (RI), que congrega 
diversos componentes, principalmente obesidade abdominal (OA), diabetes tipo 
2 (DM2), elevação da pressão arterial e dislipidemia. 
A síndrome é uma condição de prevalência elevada e crescente em 
algumas populações, destacandose as afro-descendentes, méxico-americanas 
e hispânicas . 
O rápido crescimento da ocorrência dessa condição nas últimas décadas, 
bem como de diversas doenças crônicas, tem sido atribuído principalmente às 
mudanças da composição demográfica, com ênfase para a urbanização e o 
envelhecimento das populações, bem como às alterações do estilo de vida, 
sobretudo hábitos alimentares menos adequados e o sedentarismo. 
Assim, torna-se necessário o conhecimento da prevalência da SM em 
nossa população como base para o adequado dimensionamento e 
direcionamento de ações de saúde, sobretudo o estabelecimento de medidas de 
prevenção primárias e secundárias, com reflexos nos custos sócio-econômicos 
produzidos pelos elevados índices globais de morbidade e mortalidade por 
doenças cardiovasculares . 
Relatos que demonstram o crescimento da freqüência de alterações da 
tolerância à glicose em populações rurais associados à carência de dados sobre 
 
23 
a ocorrência de SM em nosso país motivaram o presente estudo de prevalência 
da síndrome e suas características na população da localidade de Cavunge, 
distrito rural de Ipecaetá, município do semi-árido baiano, situada a 168 km de 
Salvador e a 57 km de Feira de Santana, que abriga o Projeto Cavunge, de onde 
existem achados anteriores de elevada freqüência de hipertensão arterial (HA) 
e OA. 
Esse é um Projeto da Universidade Federal da Bahia e parceiros, 
financiado pelo CNPq, que se iniciou com o estudo sobre a forma 
oligossintomática de leishmaniose visceral e vem ampliando suas linhas de 
pesquisa na população com trabalhos sobre hepatites virais e fatores de risco 
cardiovascular. 
Conduziu-se um estudo observacional, de corte transversal, cuja base 
populacional se constituiu dos moradores da sede do distrito de Cavunge. 
Segundo os dados do censo realizado por Tavares-Neto e cols. , a sede 
do distrito abrigava cerca de 911 indivíduos, com 55,5% do sexo feminino. 
A população é ampla e heterogeneamente miscigenada, sendo 14,5% de 
brancos, 22,9% de mulatoclaros, 26,6% de mulato-médios, 20,1% de 
mulatoescuros, 14,7% de negros; 60,3% das famílias tinham renda de até um 
salário mínimo e 75,3% delas eram chefiadas por homens; 92,8% da população 
tinha menos que o 1º grau completo e 23,0% eram analfabetos ou semi-
analfabetos. 
Em nossa amostra, concordando com os dados do referido censo, 
enquanto ocupação principal predominaram 42,3% de lavradores e 29,1% de 
donas de casa; entre as mulheres, 82,2% são donas de casa, 31,4% delas com 
co-atividade agropastoril de subsistência familiar. 
A agricultura local é basicamente de subsistência, assentada nos cultivos 
de feijão, milho e fumo; o setor de comércio tem sofrido com a facilitação do 
acesso a praças maiores. 
Ainda de acordo com Tavares-Neto e cols., mais de 80,0% das pessoas 
têm acesso regular a fontes protéicas na alimentação. 
 
24 
Com base na prevalência de diabetes estimada em 7 ± 3% , número de 
indivíduos elegíveis de 467 pessoas da população predominantemente mulata e 
negra (84,3%) de Cavung e intervalo de confiança de 99,9%, o n amostral 
mínimo adequado foi definido em 227 sujeitos. 
Contudo, com intuito de evitar comprometimento por perdas ou negativas 
de participação, a partir dos dados do censo populacional previamente 
conduzido pelo Projeto Cavunge , tomou-se uma amostra aleatória simples de 
270 indivíduos, os quais foram previamente visitados e convidados a participar 
do estudo. 
Foram elegíveis indivíduos com 25 ou mais anos de idade, homens e 
mulheres que não estivessemgrávidas ou nos 2 primeiros meses pós-parto, que 
concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 
Os critérios de exclusão, aplicados após análise preliminar dos dados, 
foram: 
i) evidências de tireoideopatias, doenças renais ou hepáticas, 
estabelecidas pelo histórico pessoal de doenças e pelo perfil de uso 
de medicamentos; 
ii) uso de corticóides ou medicamentos que sabidamente interferem na 
homeostase da glicose, exceto hipoglicemiantes orais; 
iii) não completude da coleta de dados planejada por impossibilidade 
psicomotora do indivíduo. 
Entre 21 de março e 21 de abril de 2005, os indivíduos foram atendidos 
no Posto de Saúde do Programa Saúde da Família local e, após confirmação 
do cumprimento dos requisitos pré-analíticos, jejum de 8 a 12 horas e não 
utilização de bebida alcoólica, foram submetidos a uma entrevista estruturada 
para preenchimento de questionário que se compunha de perguntas acerca 
de: 
i) atividade física, uso de bebida alcoólica e tabagismo; 
ii) histórico pessoal e familiar de diabetes, hipertensão, DCV, doenças 
renais e hepáticas; 
iii) uso de medicamentos; 
 
25 
iv) dados pessoais, nome e data de nascimento. 
A pressão arterial foi medida pela técnica auscultatória, conforme 
recomendam as IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial , utilizando 
esfigmomanômetro de coluna de mercúrio calibrado, cujo manguito foi 
adaptado no braço esquerdo do sujeito, e estetoscópio posto sobre a linha 
de sua artéria braquial. 
O manguito foi insuflado com o sujeito sentado, em repouso de 5 
minutos, no mínimo. 
Mediu-se a pressão por duas vezes, em intervalos aproximados de 2 
minutos. 
A pressão sistólica (PAS) foi registrada no início dos sons de Korotkoff 
e a pressão diastólica (PAD), ao final. 
O resultado foi a média das duas medidas. 
Peso e altura foram medidos em balança biométrica, calibrada e 
checada diariamente, e serviram ao cálculo do Índice de Massa Corporal 
(IMC) através da fórmula: IMC= peso (kg)/altura (m). 
A medida do diâmetro da cintura (DC) se fez com fita métrica, 
circundando a cintura na altura do umbigo ou, sobretudo em indivíduos muito 
obesos, entre a crista ilíaca ântero-superior e a última costela. 
Os indivíduos foram pesados sem sapatos, casacos e acessórios. 
Amostra de sangue foi obtida por punção venosa, preferencialmente na 
região da fossa ante-cubital, após breve garroteamento. 
Foram colhidas uma alíquota em tubo com fluoreto para determinação 
da glicose plasmática de jejum (GLI) e uma em tubo sem anticoagulante para 
obtenção de soro e dosagem de colesterol total (CT), HDL-colesterol (HDL-
c) e triglicérides (TG), cujas metodologias aplicadas foram, respectivamente, 
glicose oxidase/peroxidase, colesterol oxidase/peroxidase, extração com 
ácido fosfotúngstico, glicerol-3-fosfato oxidase/peroxidase. LDL- colesterol 
(LDL-c) foi calculado pela fórmula de Friedwald. 
 
26 
Os sistemas analíticos atendiam às recomendações de desempenho 
e as amostras foram mantidas sob congelamento até a realização das 
dosagens, processadas dentro do período de estabilidade dos analitos nessa 
condição. 
As glicemias iguais ou maiores que 126 mg/dL, conforme 
recomendação da American Diabetes Association – 2004 , cujos indivíduos 
desconheciam ser diabéticos e não usavam medicações hipoglicemiantes, 
foram dosadas em segunda amostra, colhida após re-convocação. 
Para assegurar melhor esclarecimento do diagnóstico, tais indivíduos 
também se expuseram à medida da glicemia duas horas após sobrecarga 
oral de 75 g de glicose, e foram classificados como diabéticos quando o 
atendimento ao critério específico se confirmou. 
Para efeito de diagnóstico de Síndrome Metabólica, os dados foram 
interpretados segundo a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da 
Síndrome Metabólica , que adotou a íntegra do estabelecido pelo National 
Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III, cujos critérios 
requerem o achado de três ou mais dos seguintes componentes: 
i) diâmetro de cintura > 102 cm para homens e > 88 cm para mulheres 
ii) triglicérides ≥ 150 mg/dL; 
iii) HDL-colesterol < 40 mg/dL para homens e < 50 mg/dL para mulheres; 
iv) PAS ≥ 130 mmHg, PAD ≥ 85 mmHg, ou uso de antihipertensivo; 
v) glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL ou uso de hipoglicemiante. 
O diagnóstico do estado de tolerância à glicose seguiu as 
recomendações da American Diabetes Association – 2004 : 
Normal (NGT), glicemia de jejum abaixo de 100 mg/dL; Glicemia de 
Jejum Prejudicada (IFG) ≥ 100 mg/dL e < 126 mg/dL, e Diabetes ≥ 126 mg/dL 
em, pelo menos, 2 ocasiões distintas ou, neste trabalho, uso de medicação 
hipoglicemiante. 
Obesidade foi classificada pelo IMC: < 18,5 Kg/m2 – peso baixo 
(magro); 18,5 a 24,9 Kg/m2 – peso normal (ideal, saudável); 25,0 a 29,9 
 
27 
Kg/m2 – excesso de peso grau I (excesso de peso); 30,0 a 34,9 Kg/m2 – 
excesso de peso grau IIa (obesidade moderada); 35,0 a 39,9 Kg/m2 – 
excesso de peso grau IIb (obesidade grave), e igual ou maior que 40,0 Kg/m2 
– excesso de peso grau III (obesidade mórbida). 
Obesidade abdominal (OA) foi estabelecida com base no diâmetro da 
cintura: Aumentada – acima de 94 cm, em homens, e maior que 80 cm, em 
mulheres, e Significantemente aumentada – acima de 102 cm, em homens, 
e maior que 88 cm, em mulheres. 
Para diagnóstico de alterações metabólicas que se definem 
isoladamente, considerou-se os seguintes critérios: hipercolesterolemia 
quando o CT foi igual ou maior que 240 mg/dL; hipertrigliceridemia quando o 
TG foi maior que 200 mg/dL; HDL-colesterol baixo quando o HDL-c foi menor 
que 40 mg/ dL (20) e HA quando a PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 (11). 
Com intuito de padronização e redução de vieses de observação, os 
profissionais envolvidos na coleta de dados foram treinados previamente 
para aplicação do questionário através de entrevista e demais operações 
demandadas. 
As análises estatísticas foram realizadas com ajuda do software SPSS 
9.0 e, para efeito de interpretação, o limite de erro tipo I foi de até 5% (p≤ 
0,05). 
As variáveis contínuas paramétricas foram comparadas pelo teste t e 
as não paramétricas através do Mann-Whitney; variáveis ordinais e nominais 
foram comparadas pelo teste do qui-quadrado (χ2), com correção de Yates 
ou Teste Exato de Fisher, quando pertinente; o coeficiente de correlação de 
Spearman (rS) também foi utilizado. 
Razão de prevalência com intervalo de confiança de 95% (RP; IC 95%) 
foi empregada como medida de efeito, considerando o objetivo do estudo de 
analisar as características da SM na população, bem como para evitar 
superestimativas produzidas pelo uso de Razão de Chances, quando o 
evento estudado tem elevada prevalência. 
 
28 
Ajustamento por idade, com base na população censitária brasileira do 
ano 2000, foi realizado com intuito de tornar as taxas melhor comparáveis. 
O estudo foi autorizado após avaliação do Comitê de Ética em 
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Feira de 
Santana (CEP/UEFS), conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde 
número 196, de 10 de outubro de 1996. 
A amostra final foi constituída por 240 sujeitos (fração amostral= 
51,4%), após subtraídos os 24 (8,9%) indivíduos que não atenderam ao 
convite ou não foram encontrados e as 6 (2,2%) exclusões por aplicação dos 
critérios definidos. 
Tais perdas não comprometeram a composição da amostra quanto a 
sexo e idade. 
A prevalência de diabetes foi 8,8% (21 sujeitos), 7,7% após 
ajustamento por idade, com base na população censitária brasileira do ano 
2000. 
Dos diabéticos, 8 (33,3%) já conheciam tal condição, dos quais 3 
(37,5%) já estavam em tratamento; 107 indivíduos (44,6%) foram 
classificados como hipertensos, 31,5% após ajustamento, dos quais 88 
(64,2%) tinham ciência dessa condição e, desses, 65 (73,9%) já usavam 
medicação anti-hipertensiva. 
Obesidadeesteve presente em 15% e excesso de peso em 41,3% das 
pessoas; HDL-c abaixo de 40 mg/dL ocorreu em 55,0%, CT ≥ 240 mg/dL em 
24,6% e TG > 200 mg/dL em 8,3% de todo o grupo estudado. 
Atendendo ao critério da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e 
Tratamento da Síndrome Metabólica, SM esteve presente em 72 indivíduos, 
representando uma prevalência global de 30%. 
A prevalência ajustada por idade com base na população censitária 
brasileira foi de 24,8%. 
 
29 
A freqüência de SM foi maior entre os indivíduos de idade mais 
avançada. A prevalência de SM entre os indivíduos com 45 ou mais anos de 
idade foi de 41,4% e entre aqueles com menos de 45 anos foi de 15,9% (RP= 
2,60; 1,61–4,21). 
Essa diferença foi um pouco maior quando consideramos estratos de 
idade mais elevada, 55 ou mais anos, 47,6% (RP= 3,00; 
 
1,84–4,89) (tabela 2). 
Também, sujeitos mais velhos tenderam a agregar maior número dos 
componentes isolados da síndrome (rS= 0,373). 
Mulheres responderam por 53 (73,6%) dos 72 casos de SM. A prevalência 
da síndrome entre os indivíduos do sexo feminino foi 38,4%, significantemente 
maior que a taxa de 18,6% entre os sujeitos do sexo masculino (RP= 2,06; 1,31–
3,26). 
Para avaliar possível interação entre faixa etária e sexo, estratificou-se a 
amostra em 4 grupos, considerando as duas variáveis: homens com menos de 
45 anos, homens com 45 ou mais anos, mulheres com menos de 45 anos e 
mulheres com 45 ou mais anos. 
Revela-se prevalência maior no estrato que congrega mulheres com idade 
igual ou maior que 45 anos, em relação à homogeneidade dos demais grupos, 
 
30 
mesmo não havendo diferença na distribuição etária entre os sexos (p= 0,158) 
(tabela 3). 
Além disso, a associação entre SM e idade igual ou maior que 45 anos foi 
mais evidente entre indivíduos do sexo feminino (RP= 3,13; 1,81–5,43) que entre 
aqueles do sexo masculino (RP= 1,88; 0,73–4,82), o que também revela a 
interação. 
A tabela 4 mostra as prevalências dos diversos componentes da SM em 
indivíduos com e sem SM. Redução de HDL-c e elevação da pressão arterial 
estiveram presentes na grande maioria dos casos (91,7%, para ambos) e foram 
muito freqüentes também em indivíduos sem SM (42,3 e 61,3%, 
respectivamente). 
As prevalências dos componentes isolados da SM, inclusive 
especificadas por sexo, são mostradas na tabela 5. 
Redução de HDL-c e elevação da pressão arterial foram os componentes 
mais freqüentes. A ocorrência de obesidade abdominal e redução do HDL-c, 
segundo critério referido, foram significantemente maiores entre as mulheres. 
 
31 
 
 
 
32 
No grupo de pessoas com 45 ou mais anos de idade, houve maior 
freqüência de elevação da pressão arterial (p< 0,001), obesidade abdominal (p< 
0,001), alteração da glicemia (p= 0,003), elevação de trigliceridemia (p= 0,009) 
e menor freqüência de redução de HDL-c (p= 0,006) (tabela 6). 
Quanto à freqüência de obesidade abdominal, a elevação acentuou-se 
fortemente no grupo constituído por mulheres com 45 ou mais anos, em relação 
a todos os demais indivíduos (RP= 3,58; 2,48–5,17). 
Tal como para SM, a associação entre OA e idade igual ou maior que 45 
anos foi mais evidente entre indivíduos do sexo feminino (RP= 2,22; 1,46–3,37) 
que entre aqueles do sexo masculino (RP= 3,02; 0,69–13,29), o que também 
revela a interação. Indivíduos com SM apresentaram valores mais elevados de 
peso corporal, IMC, DC, PAS, PAD, OA, freqüência de HA, GLI e TG (p< 0,001), 
bem como maiores níveis de CT (p= 0,009). 
Também aqueles com síndrome tiveram concentração menor de HDLc 
(p< 0,001). 
A concentração de LDL-c não diferiu nos portadores de SM (p= 0,233). 
SM estava presente em 19,8% das pessoas com peso normal (RP= 0,51; 0,33–
0,80), em 29,3% daqueles classificados como tendo excesso de peso (RP= 1,48; 
0,90–2,43) e em 63,9% dos obesos (RP= 3,23; 2,03–5,13); em 11,2% dos 
sujeitos sem OA (RP= 0,25; 0,14–0,44), em 14,0% (RP= 1,25; 0,54–2,88) e em 
68,4% (RP= 6,10; 3,50–10,62) daqueles com OA aumentada e significantemente 
aumentada, respectivamente; em 20,7% dos indivíduos com NGT (RP= 0,38; 
0,26–0,55), em 51,1% daqueles com IFG (RP= 2,47; 1,64–3,71) e em 61,9% dos 
diabéticos (RP= 2,99; 1,92–4,66); em 16,5% dos não hipertensos (RP= 0,35; 
0,23–0,55) e em 46,7% dos hipertensos (RP= 2,82; 1,83–4,35); em 25% dos não 
hipertrigliceridêmicos (RP= 0,29; 0,22–0,39) e em 85,0% dos 
hipertrigliceridêmicos (RP= 3,40; 2,53–4,56); em 15,7% daqueles sem HDL-c 
baixo (RP= 0,38; 0,23–0,61) e em 41,7% dos indivíduos com HDL-c baixo (RP= 
2,65; 1,64–4,28). 
Apesar da existência de critérios de diagnóstico definidos, a 
multifatorialidade causal envolvida torna difícil comparar as taxas de prevalência 
 
33 
da síndrome entre populações diversas, uma vez que há grande variabilidade de 
apresentação também de seus componentes entre grupos distintos de pessoas. 
Diferenças genéticas, de dieta, nível de atividade física, idade 
populacional e distribuição por sexo são fatores que influenciam a prevalência 
de SM e de seus componentes . 
 
 
Na população em estudo, predominantemente mulata e negra (84,3%), a 
prevalência global de SM igual a 30% é bastante alta, equiparando-se às taxas 
mais elevadas de populações urbanas afro-descendentes, méxico-americanas e 
hispânicas . 
 
34 
 A prevalência de SM é bastante diversa entre populações: 9,5% em 
24.329 chineses com 20 ou mais anos de idade ; 30,8% em 1.091 indianos 
moradores de área urbana, com mais de 20 anos de idade (6); 31,0% em 1.656 
méxico-americanos de 30 a 79 anos e 23,0% em 1.081 brancos não-hispânicos 
na mesma faixa etária (23); 26,7% em 1.677 americanos com 20 ou mais anos, 
participantes do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES 
1999-2000). 
Após ajustamento por idade, para eliminar a diferença na distribuição 
etária entre a população censitária brasileira e a população estudada, uma vez 
que esta mostrou um alargamento relativo do ápice da pirâmide etária, a taxa 
caiu para 24,8%. 
Esse dado também pode estar influenciando outros achados do estudo, 
tais como as prevalências de HA (44,6%) e DM2 (8,8%). 
A influência do avanço da idade sobre a prevalência de SM, a qual 
aparece significativamente mais elevada entre os indivíduos com 45 ou mais 
anos de idade e é maior naqueles com 55 ou mais anos, é também descrita por 
outros autores . 
O achado de maior prevalência de SM entre as mulheres (38,4%) e, 
sobretudo, entre aquelas com 45 ou mais anos de idade (56,9%) também é 
concordante com outros trabalhos. 
A influência do envelhecimento da população pode estar se somando ao 
fato de que, na atualidade, essas comunidades têm absorvido hábitos de vida 
mais caracteristicamente urbanos, além do acesso a bens que reduzem a 
demanda de esforço físico para a realização de suas tarefas cotidianas e 
contribuem para o desequilíbrio do balanço energético e ganho de peso corporal 
. 
Além disso, em Cavunge, 92,8% da população têm menos que o 1º grau 
completo e 23,0% são analfabetos ou semi-analfabetos , e esse baixo nível de 
escolaridade também pode estar contribuindo para a manutenção de hábitos de 
vida menos adequados à preservação da saúde, conforme demarca Wamala e 
cols. 
 
35 
Também o traço negróide, ampla e heterogeneamente distribuído nessa 
população (84,3%), possivelmente se constitui contribuinte importante para a 
prevalência encontrada, a qual é comparável às taxas de populações afro-
americanas. 
Tal dado se co-substancia na maior freqüência de vários componentes da 
SM em afro-descendentes, a exemplo de HA, significativamente mais prevalente 
e precoce nesses indivíduos que na população geral; freqüência de obesidade 
mais elevada em mulheres afro-descendentes e DM2 também mais prevalente. 
O padrão de distribuição da prevalência de SM por faixa etária e sexo 
parece refletir a ocorrência de seus componentes nesses estratos,uma vez que, 
com exceção da freqüência de redução dos níveis de HDLc, todos os outros 
componentes da SM estiveram mais presentes no grupo com 45 ou mais anos 
de idade, semelhantemente aos achados de D’Aloysio e cols. e de Souza e cols. 
Também, a interação de idade e sexo influenciou semelhantemente a 
freqüência de SM e de OA. Em concordância com os achados de Gupta e cols. 
e com os comentários de Carr , redução de HDL-c e obesidade abdominal estão 
entre os principais contribuintes para a maior prevalência da síndrome no sexo 
feminino, sendo que a OA parece potencializar esse efeito entre as mulheres 
com 45 anos ou mais de idade, nas quais ela foi mais freqüente. 
Este último achado, uma vez que a população em estudo não tem acesso 
a terapia de reposição hormonal, revela o possível efeito da menopausa no 
estabelecimento da SM. 
Uma vez estabelecida, a deficiência estrogênica está relacionada com o 
início de um novo padrão de distribuição de gordura corporal, deixando de ser 
glúteo-femural ou ginecóide para ser abdominal ou andróide. 
A perda do efeito estrogênico com acúmulo central de gordura tem sido 
referida como fator de risco cardiovascular e está associada ao aparecimento de 
outras alterações envolvidas com a SM: aumento da concentração de 
triglicérides e redução dos níveis de HDL-c, além da elevação da glicemia e da 
insulinemia . 
 
36 
Considerando a RI como elemento-chave e de caráter etiogênico da SM, 
chama a atenção que as prevalências isoladas de redução de HDL-c (70,4%) e 
de elevação da pressão arterial (57,1%) destoaram das taxas dos outros três 
componentes, que são mais bem correlacionados com a RI e cujas freqüências 
foram mais convergentes: de 15,8% a 31,7% e, especificamente entre os 
homens, de 10,8% a 21,6%. 
Além disso, as duas alterações estiveram presentes na grande maioria 
dos casos (91,7%, para ambos). 
Tais dados são Prevalência de SM no Semi-árido Baiano Oliveira, Souza 
& Lima concordantes com os achados de Park e cols. em população negra, bem 
como com os comentários de Natali & Ferrannini sobre a possível 
inespecificidade incorporada ao diagnóstico da SM pelos valores de corte mais 
sensíveis para elevação da pressão arterial. 
Os últimos dados, somados aos menores valores preditivos positivos 
encontrados para esses componentes isolados (41,7% e 46,7%, 
respectivamente) e às elevadas freqüências dessas alterações também em 
indivíduos sem SM (61,3% e 42,3%, respectivamente), revelam uma dissociação 
parcial entre eles e a própria síndrome. 
SM esteve presente mesmo na ausência de seus componentes isolados: 
16,5% dos indivíduos normotensos, 25,0% dos eutrigliceridêmicos, 15,7% 
daqueles sem HDL-c baixo, 19,8% dos sujeitos sem obesidade ou excesso de 
peso, em 11,2% dos sujeitos sem OA e 20,7% daqueles sem alteração da 
glicemia; os três últimos, elementos cuja presença tem envolvimento melhor 
estabelecido na etiopatogenia da síndrome. 
Daí, a importância da necessidade do diagnóstico sindrômico, uma vez 
que a combinação de seus componentes potencializa o aumento do risco de 
DCV que eles produzem isoladamente e, na ausência de diabetes, a existência 
da síndrome constituir risco para seu desenvolvimento . 
Tal diagnóstico pode permitir o tratamento do conjunto da síndrome, com 
mudanças nos hábitos alimentares e adesão à atividade física, bem como 
através de abordagem medicamentosa de seus componentes isolados ou da 
 
37 
própria síndrome, pela possibilidade atraente da utilização de drogas que 
melhoram a sensibilidade orgânica à insulina, a metformina e as 
tiazolidinedionas, o que pode retardar ou evitar possíveis complicações, inclusive 
o diabetes . Ainda, objetivando o diagnóstico, cabe ressaltar o elevado valor 
preditivo para SM de alguns achados isolados, sobretudo hipertrigliceridemia 
(85,0%) e OA significantemente aumentada (68,4%), cuja combinação, que tem 
sido denominada de “cintura hipertrigliceridêmica”, constitui fenótipo clínico-
laboratorial de elevado risco cardiovascular. 
Estes achados compõem campo de estudo sobre diagnóstico de SM que 
deverá ser revisitado à luz de indicadores laboratoriais de resistência à insulina. 
É possível que a freqüência elevada de SM em populações como a 
estudada venha a contribuir para o crescimento do número de casos de diabetes 
e de DCV, conforme Ford e cols. e Ford , o que exigirá modificações na 
assistência pública à saúde, única acessível a grande parte dessas populações. 
Esforços para estabelecimento de programas educacionais que 
favoreçam a adoção de um modo mais salutar de vida, além do controle da HA 
e das dislipidemias, são ações preventivas recomendadas para minimizar 
conseqüências futuras. 
Desde o Período Mesolítico (transição do Paleolítico para o Neolítico), o 
homem já desenvolvia em abundância ferramentas especializadas. 
Com o novo processo de fabricação de instrumentos que surgiu a partir 
do polimento da pedra, já no Período Neolítico, essas ferramentas começaram 
a ficar mais complexas e mais eficazes em auxiliá-lo na transformação do 
ambiente. 
Essa transformação, inovação e desenvolvimento foi se acelerando ao 
passar pelo Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens neanderthalensis, até 
que, com o Homo sapiens (estima-se 40.000 anos a.C.), ocorreram saltos bem 
significativos nas questões culturais e técnicas. 
Ao término da última glaciação (estima-se de 10.000 a 12.000 anos a.C.), 
a vegetação que emergia era mais próxima da que temos hoje. O homem 
 
38 
deixava de ser um nômade coletor/caçador e tornava-se sedentário, marcando 
esse período pelo surgimento de moradias mais duráveis, do pastoreio de 
animais e da agricultura. 
Porém, um breve relato sobre como e quando a humanidade se tornou 
agricultora se faz necessário para entendermos a seleção e domesticação das 
plantas por meio da agricultura ao longo das gerações até os dias de hoje. 
Apesar de a espécie humana não ter aparatos anatômicos (membros) 
evolutivamente adaptados para essa finalidade, ela era capaz de produzir 
ferramentas eficazes na transformação do ambiente em seu benefício próprio, 
como enxadas, arados e machados, que foram utilizados no desmatamento de 
áreas para ocupação e agricultura. 
Essas mudanças comportamentais, sociais e culturais deram início ao 
processo de seleção dos animais para criação e de determinadas plantas para 
o cultivo, com finalidade de uso na alimentação da população. 
 Isso causou uma mudança significativa em seus hábitos alimentares, 
devido à redução da diversidade dos alimentos ingeridos: já que conseguiam 
suprir boa parte de suas necessidades calóricas a partir dos cereais que 
cultivavam e armazenavam por longos períodos, não precisariam mais sair em 
busca de alimentos de forma tão ativa. 
No Oriente Médio, a domesticação do linho e de grãos como a ervilha, a 
lentilha, a cevada e de animais como cabras e porcos datam de mais de 9.000 
anos antes da nossa era, juntamente com o surgimento da cerâmica. Mais tarde 
foi registrada a domesticação dos bovinos e, posteriormente, a dos asnos e 
cavalos. 
Com essa cultura e conhecimento surgindo, o homem começava a 
ampliar seus horizontes, e assim surgiram as grandes civilizações: houve as 
Cruzadas, as grandes navegações, a industrialização, o desenvolvimento de 
maquinários e a Revolução Verde. 
Com esses grandes eventos e a crescente dispersão da população 
humana, a inserção dessas espécies exóticas de interesse alimentício ocorreu 
 
39 
em todos os ambientes que o homem dominou, culminando no panorama atual, 
em que mais da metade dos alimentos consumidos por nossa população tem 
origem na mesma região dos sistemas de cultivos de mais de 10.000 anos atrás. 
A partir de um olhar generalista, a agricultura é um sistema ecológico 
artificial, cultivado com finalidade econômica, que explora a fertilidade local, onde 
as espécies naturais são suprimidasna busca da otimização da produção das 
espécies de interesse. 
Em sistemas cultivados, nem toda matéria orgânica produzida é útil ao 
homem, como, por exemplo, os resíduos de animais (ossos e entranhas). 
Gleissman , em suas pesquisas de quantificação de massa verde 
produzidas (ton/ha) em sistema de produção monocultural e consorciado, 
demonstrou que na mesma área é possível produzir quase o dobro de massa 
verde em sistemas consorciados comparado a um campo monocultivado de 
qualquer uma das 3 espécies utilizadas no plantio consorciado (milho, abóbora 
e feijão). 
Esses resultados confirmam que, com o aumento da diversidade, a 
produtividade primária do ecossistema aumenta também . 
Bourguers expressa, em sua pesquisa, que os hábitos alimentares estão 
diretamente relacionados com a disponibilidade dos alimentos oferecidos à 
população, portanto se tratam de uma “disposição duradoura adquirida pela 
repetição frequente de um ato, uso ou costume”, o que permite relacionar com o 
fato de que realmente existe uma herança cultural-alimentar quando mais de 
50% das atuais espécies alimentícias importantes têm sua origem no Velho 
Mundo (Europa, África e Ásia) . 
Eduardo Rapoport , em seus trabalhos de pesquisa sobres plantas nativas 
comestíveis, fornece também dados importantes de como a cultura globalizada 
influencia o habito alimentar local, relatando que, apesar do conhecimento da 
população local sobre o uso alimentar de tais plantas e de sua disponibilidade, 
elas são pouco consumidas, tendo as espécies exóticas como preferência na 
alimentação. 
 
40 
Com toda essa redução da diversidade no hábito alimentar, fruto dessa 
especialização em cultivar determinadas espécies, a humanidade foi 
abandonando o uso das plantas silvestres e nativas em seus hábitos alimentares 
cotidianos. 
Muito do conhecimento acerca de tais plantas foi se perdendo durante tal 
processo. No presente, com o aumento da consciência ecológica e a busca por 
alimentos mais saudáveis, volta-se a buscar esses conhecimentos esquecidos 
pelo desuso. 
O termo PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) refere-se às 
plantas silvestres que não estão no roll das plantas com interesse econômico e 
de produção em larga escala (melhoramento genético, monocultivos e outros), 
mas que demonstram grande potencial alimentar de forma integral ou parcial das 
suas partes constituintes, seja o caule, as folhas, as flores, os frutos, suas raízes 
ou seus tubérculos. 
Muitas dessas plantas se desenvolvem entre áreas cultivadas (hortas e 
lavouras) e ambientes antropizados (jardins, terrenos baldios, vasos, calçadas 
etc.) de forma espontânea. 
Por esse motivo e também por desconhecimento, essas espécies acabam 
recebendo outras nomenclaturas, como plantas ruderais, inços, pragas, ervas 
daninhas, invasoras, entre tantas. Tais nomenclaturas, além de errôneas, 
desconsideram a importância ecológica dessas espécies e seu potencial uso na 
diversificação e aumento da qualidade alimentar. 
As espécies espontâneas (silvestres/nativas) com potencial alimentício 
demonstram alta taxa de adaptabilidade às condições das áreas naturais onde 
surgem em relação aos fatores limitantes expressos pelo ambiente. 
Podemos listar, como exemplos de fatores limitantes, a luminosidade, a 
temperatura média, a altitude, o pH e a granulometria do solo, a pluviometria da 
área e a disponibilidade de nutrientes no solo. Isso as permite germinar e se 
desenvolver sem nenhum trato cultural antrópico, como irrigação, adubação e 
demais técnicas agrícolas, quando em seus ambientes naturais. 
 
41 
A falta de informação e de conhecimento do potencial alimentício e 
econômico é o principal motivo para essa flora ser tão combatida nos campos 
agrícolas, com auxílio de herbicidas, tanto foliares, quanto pré-emergentes. 
É de conhecimento notório que tais produtos provocam diversos tipos de 
dano ao ambiente e seus arredores com a contaminação dos solos, das águas, 
dos polinizadores, dos vegetais e dos próprios seres humanos por seus resíduos 
químicos, tanto que extensa literatura sobre o hábito de vida e identificação 
botânica dessas espécies com potencial alimentício é encontrada em livros de 
controle de plantas daninhas e semelhantes. 
Ficam para reflexão certos questionamentos: se começarmos a selecionar 
essas PANC e as inserirmos em sistemas de cultivo tradicionais e de larga 
escala, estas plantas ainda seriam chamadas PANC? 
Após forte seleção, cruzamento e melhoramento genético, ainda 
guardariam suas características atuais? 
Produziriam as mesmas concentrações de bioativos como encontradas 
em sua condição natural, com o aporte antrópico (subsídios para minimização 
dos estresses ambientais)? 
O primeiro passo é buscar mais conhecimento acerca do potencial 
alimentício das plantas nativas de cada uma das regiões e divulgar esse 
conhecimento, para que as plantas pouco convencionais em nossa alimentação 
possam se tornar uma realidade na mesa da população, promovendo 
diversificação nutricional para quem Uma relação entre o desenvolvimento da 
agricultura na humanidade, sua herança cultural-alimentar e as plantas 
alimentícias não convencionais (PANC). 
Distúrbios alimentares e alimentação desordenada Inicialmente, é de 
extrema importância discernir o que é alimentação desordenada e transtorno 
alimentar (disordered eating e eating disorders, respectivamente). Indivíduos que 
possuem uma alimentação desordenada são aqueles chamados de “comedores 
desordenados”. 
 
42 
Uma alimentação considerada normal é aquela em que o indivíduo 
consome alimentos quando está com fome e é capaz de parar quando está 
satisfeito. 
Além disso, o mesmo incorpora variedade e qualidade à sua dieta. Já o 
“comedor desordenado” é aquele que come quando se encontra entediado, 
triste, estressado, possui o mesmo padrão de refeição todos os dias, corta 
determinados grupos de alimentos etc. 
Logo, a alimentação desordenada está presente quando um indivíduo se 
envolve em padrões anormais de alimentação ou comportamentos alimentares 
irregulares. Isso geralmente não se aplica a pessoas com intolerâncias 
alimentares específicas ou problemas de saúde, que talvez não tenham escolha 
senão aderir a determinada dieta. 
A alimentação desordenada pode ser gatilho para um transtorno 
alimentar. Logo, indivíduos com transtorno alimentar exibem uma alimentação 
desordenada, mas nem todos os “comedores desordenados” podem ser 
diagnosticados com um transtorno alimentar. 
A diferença reside na frequência e gravidade dos comportamentos e na 
angústia que causam ao indivíduo. Entre os transtornos alimentares podemos 
destacar a bulimia e a anorexia . 
Os estudos sobre alimentação desordenada e transtorno alimentar no 
esporte aumentaram extensivamente nos últimos vinte e cinco anos. 
Trabalhos recentes têm mostrado predomínio de sintomas relacionados a 
desordens alimentares em atletas do gênero feminino, atletas de elite e 
praticantes de modalidades que levam em consideração o peso corporal e a 
estética. 
A prevalência de alimentação desordenada e de transtorno alimentar varia 
de 0 a 19% em atletas do gênero masculinos e de 6 a 45% em atletas do gênero 
feminino . 
Em uma visão geral dos fatores de risco para gênese de transtornos 
alimentares em atletas, podemos destacar os fatores biológicos (por exemplo, 
 
43 
genético), fatores psicológicos (por exemplo, insatisfação corporal) e de natureza 
sociocultural (por exemplo, pressão por parte do grupo e/ou do técnico, obtenção 
de resultados, entre outros) . 
Atletas do gênero masculino, principalmente os que participam de 
esportes enfatizando a magreza (incluindo endurance – ciclismo e corrida), 
estética, corte de peso e os esportes antigravitacionais são os que mais 
apresentam comportamento alimentar desordenado e/ou transtorno alimentar. 
Na luta livre, por exemplo, há relatosdo uso de laxantes, vômitos e 
exercícios excessivos como técnicas extremas para corte de peso . 
Vários estudos relataram comportamentos frequentes de desordem 
alimentar e/ou transtorno alimentar em atletas de hipismo, devido a pressões de 
controle de peso associadas ao esporte. 
Entre as medidas extremas de perda de peso estão saunas, dieta, pular 
refeições, uso de diuréticos e exercícios excessivos para perder 
aproximadamente 2 kg um a dois dias antes de uma corrida . 
Entre atletas do gênero feminino praticantes de esportes que requerem 
um determinado padrão estético (patinação, ginástica, dança), a prevalência de 
transtornos alimentares é maior quando comparada a esportes como, por 
exemplo, o futebol . 
Sendo assim, apesar de os transtornos alimentares apresentarem alta 
prevalência entre mulheres, principalmente nas modalidades como ginástica e 
balé , atletas do gênero masculino também apresentam elevada prevalência, 
indicando maior necessidade de cuidado também com este gênero. 
 
Baixa disponibilidade energética 
Os déficits nutricionais são conhecidos por afetar muitos processos 
fisiológicos em atletas, e a importância da nutrição ideal foi reconhecida pelos 
principais órgãos e organizações governamentais . 
 
44 
A disponibilidade de energia é comumente definida como consumo de 
energia (kcal) menos o gasto de energia do exercício (kcal), dividido por 
quilogramas de massa livre de gordura. A disponibilidade de energia é um 
produto de três componentes – consumo de energia, gasto energético e energia 
armazenada – e pode sofrer mudanças em qualquer um desses componentes . 
Atletas do gênero masculino praticantes de esportes que enfatizam a 
magreza (corrida, ciclismo, ginástica olímpica) ou que exigem comportamentos 
de controle de peso (luta livre, judô, hipismo) podem apresentar períodos de 
baixa ingestão calórica ou deficiências nutricionais . 
Além de algumas consequências supracitadas, atletas desse gênero 
podem também apresentar hipogonadismo hipogonadotrópico como 
consequência de baixos níveis de testosterona . 
É bem descrito na literatura que a baixa disponibilidade energética em 
mulheres é o principal fator para baixa densidade mineral óssea e amenorreia 
hipotalâmica funcional . 
Kim e Nattiv destacaram que o déficit energético crônico pode resultar em 
prejuízo da função neuroendócrina em mulheres. 
Entre as consequências da baixa disponibilidade de energia podemos 
destacar: 
• Problemas de saúde mental, como a depressão; 
• Deficiências de micronutrientes e consequências como a anemia; 
• Fadiga; 
• Aumento do risco de doença cardiovascular devido, em parte, ao perfil 
lipídico e da disfunção endotelial deficiente; 
• Alterações gastrointestinais; 
• Diminuição da eficácia do sistema imunológico; 
• Deficiências no crescimento e no desenvolvimento, devido à diminuição 
da taxa metabólica e à diminuição da produção de hormônio de crescimento; 
 
45 
• Impacto negativo no desempenho; Prejuízo na saúde óssea, lesões 
ósseas (entre elas: fraturas por estresse). 
Desse modo, estudos adicionais são recomendados para esclarecer 
estimativas nutricionais inadvertidas (gasto calórico), fatores de risco de 
desnutrição, déficits intencionais (isto é, desordens e/ou transtornos 
nutricionais). 
O planejamento competitivo e sua relação com a tríade do atleta: uma 
análise envolvendo exercício, nutrição, comportamento e resultados negativos 
no esporte de alto rendimento, mecanismos que podem levar a efeitos negativos 
sobre a saúde do atleta, bem como medidas preventivas e educacionais . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
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