Prévia do material em texto
1 CLÍNICA ORTOMOLECULAR I- SÍNDROME METÁBOLICA E ORGÂNICAS 1 Sumário CLÍNICA ORTOMOLECULAR I – SÍNDROME METÁBOLICA E ORGÂNICA ........................................................................................................ 3 Introdução ................................................................................................ 3 Ciclos de atenção da dieta da sopa. ...................................................... 14 Ciclos de atenção da dieta detox. .......................................................... 15 Ciclos de atenção da dieta paleo. .......................................................... 15 Ciclos de atenção da dieta dos pontos. ................................................. 16 Ciclos de atenção da dieta Dukan. ........................................................ 17 Dietas como risco, reeducação alimentar como credo e as celebridades ......................................................................................................................... 18 A SÍNDROME METABÓLICA ................................................................ 22 Baixa disponibilidade energética ........................................................... 43 Referências ............................................................................................ 46 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 CLÍNICA ORTOMOLECULAR I – SÍNDROME METÁBOLICA E ORGÂNICA Introdução Já na antiguidade o homem percebeu e comprovou a importância dos alimentos para evitar e curar doenças. As vitaminas nem sempre foram conhecidas e ainda hoje se tem muitas informações e estudos a serem realizados sobre estes nutrientes e suas implicações à saúde humana. No século XVIII, frotas navais utilizavam doses diárias de suco de limão e laranja-lima na prevenção e cura do escorbuto causado pela carência da vitamina C. Não se conhecia a substância ainda, contudo, era atribuído aos alimentos o teor medicinal. Foi no século XX que alguns cientistas, realizando experimentos de bioquímica e nutrição experimental, passam a determinar o poder curativo dos alimentos às substâncias químicas presentes em alguns e em outros não. Segundo CAMEP (Centro Avançado de Medicina Preventiva), o termo vitamina foi proposto: (...) no princípio do século por Casimir Funk, um Bioquímico polonês, que achava que este nutriente era uma "amina da vida". As aminas são compostos formados pela substituição de um ou mais átomos de hidrogênio na molécula da amônia (NH³) por radicais orgânicos. 4 A palavra inglesa original "Vitamine" foi posteriormente modificada para "Vitamin", quando se reconheceu que nem todas as vitaminas eram aminas. Em português não houve modificação semelhante. (Em: http://www.camep.com.br/vitaminas.htm. Acesso em: 05/05/2012). Os estudos existentes mostram que estas substâncias orgânicas são encontradas em quase todos os alimentos e em pequenas quantidades, entretanto são essenciais ao funcionamento do organismo, para Lima (2008), Cumprem papel importante ao metabolismo celular e ao crescimento, elas regulam e favorecem as reações químicas que ocorrem nas células, permitindo a assimilação dos alimentos (LIMA, Dra. Michele Oliveira de. A importância das vitaminas na alimentação. Em: . Acesso em: 05 maio 2012). Para Lima (2008) os requerimentos nutricionais desses micronutrientes aumentam durante os períodos de crescimento [...], em função disso, a alimentação do escolar deve apresentar uma dieta balanceada que forneça os nutrientes necessários, evitando o surgimento de doenças. Segundo Neumann (2007) a ingestão dietética inadequada expõe risco à saúde do adolescente de imediato ou futura, ou seja, na fase adulta. Para Neumann, [...] práticas alimentares inadequadas representam riscos imediatos para a saúde do adolescente, tais como, anemia por deficiência de ferro, distúrbios alimentares como bulimia e anorexia, subnutrição, sobrepeso e obesidade, baixa densidade óssea e cáries dentárias. [...] Aproximadamente 50% dos adolescentes obesos tornam-se adultos obesos. Alterações metabólicas, como o diabetes, são também consequências de dietas inadequadas mantidas na adolescência; a alta ingestão de gorduras potencializa o risco para enfermidades cardíacas; a baixa ingestão de cálcio e minerais em geral na adolescência, associa-se com baixa densidade óssea e aumenta o risco para a osteoporose na vida adulta [...] (NEUMANN, 2007, p. 9) 5 As necessidades vitamínicas e de sais minerais nessa fase da vida estão muito além das estimadas para o adulto, mas no geral, os valores indicados na adolescência estão aumentados no período de crescimento. As diferentes quantidades recomendadas em diversas tabelas nutricionais ocorrem pelo pouco conhecimento direcionado especificamente ao adolescente [...] (SAITO, 2003, p.676). Entre os minerais mais intimamente ligados ao desenvolvimento biológico citam-se o cálcio, o ferro e o zinco e entre o grupo vitamíco: a vitamina A, vitaminas complexo B, vitamina C e vitamina D. O cálcio está relacionado com o aumento da massa óssea, participa da contração muscular, da coagulação do sangue e é responsável pela rigidez dos ossos e dentes (BRITO E FAVARETTO, 1997, p 64). A necessidade desse mineral está presente em toda vida do ser humano, todavia, na adolescência sua quantidade sofre modificações. Saito (2003) afirma que, [...] há um aumento do esqueleto associado ao crescimento, principalmente durante a fase de aceleração, e a retenção do cálcio é cerca de 200mg no sexo feminino e 300mg no sexo masculino, exercendo impacto significante sobre as necessidades de cálcio, que serão usadas para a manutenção do tecido. A necessidade diária é estimada, na adolescente, em 0,5-0,7g/dia, devendo ser sempre lembradas as inter-relações entre o cálcio e os vários componentes da dieta, principalmente a vitamina D e o fósforo (SAITO,2003, p. 675). As fontes de alimentos ricos em cálcio são encontradas no leite e derivados, couve, feijão, feijão-soja, mostarda, folhas de nabo, ovos, carnes. 6 O micronutriente ferro está presente nas carnes e vísceras bovinas, na gema de ovo e em leguminosas, como o feijão (BRITO E FAVARETTO, 1997, p.65). Em acordo com o citado acima, Cozzolino (2009) fornece informações das fontes mais importantes desse micronutriente presente na refeição dos brasileiros, Fontes mais importantes de ferro para população brasileira: feijão (32%) e carnes (20%). Potencial de absorção em dietas é da ordem de 1 a 7%. Fonte de ingestão animal ( 30%). (COZZOLINO, 2009). A necessidade diária do ferro aumenta em ambos os sexos durante a adolescência. Além do crescimentoe do aumento da massa óssea é importante para o volume sanguíneo e das enzimas respiratórias. Vitolo (2008) salienta que para as meninas em especial há um aumento adicional com o evento da menarca, por causa da perda do ferro durante a menstruação. Estudos realizados mostram que o sexo masculino possui necessidade maior no período de rápido crescimento, estando associado ao aumento do volume sanguíneo, devido ao crescimento da massa magra. Esse ganho acontece muito mais rápido que no sexo feminino, a produção de eritrócitos (glóbulos vermelhos) está ativo na puberdade masculina, chegando a aumentar de 2 a 3 vezes em relação aos níveis basais (VITOLO, 2008, p.280). A absorção do mineral ferro pelo organismo pode ser influenciada pela interação da variedade alimentar consumida pelo adolescente e a relação entre o ferro heme e o ferro não heme da dieta (SAITO, 2003, p.675). Alguns nutrientes podem agir positivamente, contribuindo na sua absorção como é o caso da vitamina C (ácido ascórbico) e A, ou dificultando como o tanino, fitatos e excesso de cálcio. 7 Cazzolino (2012) indica a quantidade ideal de ferro segundo as recomendações do DRIs (Recomendações de ingestão dietética) para os meninos e para as meninas, como mostra a tabela: A deficiência do ferro na dieta alimentar do adolescente é um grande problema em nosso meio (VITOLO, 2008, p. 281). A carência do mineral pode desenvolver fadiga muscular, baixo rendimento escolar e em caso de anemia a função imunológica é prejudicada. O mineral zinco participa de processos importantíssimos no organismo humano. Age como antioxidante, estando presente em quase todos os tecidos e por isso com ações benéficas (GORZONI, 2007). Os íons desse mineral são encontrados no corpo humano, em grande concentração no olho (coróide), em razoável porção nos dentes e ossos, no cabelo, unhas e pele, e em menores concentrações nos tecidos sanguíneas (Marques e Marreiro, 2006). A carência de zinco acarreta sintomas como atraso no crescimento celular, atraso na maturidade sexual, pouco apetite e deficiência do sistema auto- imune. Além da importância dos nutrientes minerais, as vitaminas não podem ser ignoradas, pelo contrário, algumas devem ser mais indicadas durante a puberdade e a adolescência. Para Krause e Mahan (1991) grandes quantidades de timina, riboflavina e niacina são recomendadas pelas altas necessidades energéticas. Com 8 aumento do aporte energético, a ingestão de vitamina do complexo B aumentará e será adequada. Vitaminas do complexo B que estão associadas com maiores necessidades nesta fase de desenvolvimento é a B6 (piridoxina), B12 (Ácido fólico) além das já citadas anteriormente. A internet tornou-se uma fonte abundante e acessível de informações sobre saúde em meio às quais muitas questões sobre alimentação e nutrição têm sido colocadas em distintivo patamar de exposição e interesse. O acesso à informação abundante parece conformar demandas e estabelecer lacunas no que concerne à ideia de alimentação saudável em vista da quantidade, diversidade e centralidade de determinados tipos de informação amplamente disponíveis ao consumo de especialistas, consumidores leigos e replicadores de conteúdos sobre saúde. Nesse campo, informações sobre dietas - seja para emagrecimento, desintoxicação, controle de condições mórbidas ou propósito equivalente - preenchem de conteúdos centenas de milhares de sites que buscam atender a variadas modalidades de fruição. Nos últimos anos têm sido desenvolvidos algoritmos cada vez mais sofisticados para análise de tendências de busca por palavras e termos no Google, como proxy dos ciclos de interesse coletivo direcionados a determinadas matérias. O volume gigantesco de dados produzidos por buscas diárias geo- referenciadas (ou seja, buscas associadas a determinadas regiões) registrado pelo Google Trends (GT - https://www.google.com.br/trends) podem fornecer insights interessantes sobre o que, onde e quando (além de “associado a quê”) se ligam as buscas de uma determinada população - termo já consagrado na literatura como seekingbehavior (comportamento de buscas). Tendências de buscas podem - de forma simples, transparente e de baixo custo - “predizer o presente” de diversas formas e sob vários aspectos ao 9 disponibilizar suporte à análise de fenômenos socioculturais raramente estudados por esses meios. Diversos autores percebem que estimativas sobre o volume de buscas em questões de saúde pública parecem promissoras no que se refere a aspectos culturais relevantes à formulação de políticas públicas, complementando e ampliando a compreensão das bases de dados existentes. Até recentemente, o estudo das oscilações de termos de busca era empregado unicamente pelos especialistas em marketing, com fins mercadológicos, a fim de identificar tendências de consumo de produtos em associações colaterais com elementos da cultura. No entanto, o assim categorizado “comportamento de buscas” tem também se mostrado útil no delineamento de séries temporais que indicam ciclos de interesse coletivo (CIC) impulsionados por modas, boatos, material jornalístico e, sobretudo, pelo comportamento de celebridades influenciadoras. Embora de valor escasso na análise qualitativa de significados socialmente construídos, é sensível a influências ligadas a temas de interesse da saúde coletiva, no papel de marcadores de fenômenos culturais efêmeros e, portanto, subdimensionados. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo identificar, descrever e analisar conteúdos veiculados por notícias associadas a picos de interesse pelas dietas da moda, examinando o papel exercido por atores sociais sob o foco da mídia no consumo de informações nesse campo. O Google Trends (GT) apresenta estimativas que permitem dimensionar tendências de buscas sobre temas de interesse discriminadas em delimitações geográficas (estados; países; ou a nível mundial); categorias temáticas (saúde; ciência; notícias; viagens entre outras) além de delimitações temporais (períodos específicos; últimos cinco anos; última semana etc.). Os algoritmos do GT normalizam dados a partir de um número total de buscas em determinada região/período em uma escala que oscila entre 0 (volume de buscas menor que 1% em relação ao pico de popularidade) e 100 10 (pico de acessos) apresentados como Volumes Relativos de Busca/s (VRB). Os VRB são, por definição, sempre menores que 100 (eixos Y dos gráficos) retratando buscas em valores relativos, comparáveis a volumes de acessos mais altos ao longo de um período. A representação em proporções corrige o número absoluto de buscas considerando um número oscilante de acessos à Internet em uma determinada região. A metodologia empregada pelo GT é detalhadamente descrita no seu website36 assim como em diversos outros trabalhos da literatura. As “dietas da moda” foram escolhidas com base em revisões bibliográficas e na literatura leiga, também considerando-se assuntos relacionados ao termo de pesquisa “dieta” pelo Google Trends. Na coleta de dados foi realizada uma busca “limpa” após apagamento dos dados de navegação e cookies que poderiam influenciar o histórico de buscas. Foram escolhidas as oito dietas de maior visibilidade, ou seja, as que retornaram com volume de dados suficiente à análise: dieta cetogênica; dieta da lua; dieta da proteína; dieta da sopa; dieta detox; dieta dos pontos; dieta dukan e dieta paleo (paleolítica). Foram selecionados termos de busca - em português brasileiro - que se referem especificamente a essas dietas nas formas de grafia que geraram os resultados mais volumosos (ex. para buscas sobre “dieta paleolítica” utilizou-se o termo “dieta paleo”), conforme usualmente descrito em outros trabalhos. Os ciclos de dietas foram pesquisados a partir das últimas261semanas (de 01/Janeiro/2012 a 01/Janeiro/2017) com filtros de região (Brasil) e tópico do assunto (Saúde). Os dados foram importados como arquivos CSV (Comma- separatedvalues) para planilhas eletrônicas (MS Excel®) e foram aí calculadas as médias anuais com desvios-padrão e linhas de tendência (Polinomiais de ordem 2). As curvas das dietas foram tabuladas em oito séries independentes, sabido que o GT produz resultados comparando curvas de acessos ao pico de 11 maior popularidade - o que poderia subestimar as estimativas das dietas menos populares. Foram também analisadas notícias relacionadas ao objeto de estudo. Para a seleção das matérias utilizou-se os mesmos termos de buscas usados para as dietas, sendo incluídas na pesquisa as quatro primeiras notícias apontadas no Google News® nos períodos de pico de buscas de cada dieta da moda; considerando-se também aquelas que precederam os picos de busca em até dois dias, totalizando 32 notícias. Notícias sobre dietas da moda veiculadas em sites nacionais entre 2012 e 2017. A opção pelas ferramentas do Google se deu em função de suas possibilidades técnicas e de inovação na abordagem do objeto de estudo. Além disso, conforme apontado em pesquisas de ranking do Alexa - companhia prestadora de serviços de análise da Web - esse é o site mais acessado no Brasil e no mundo para busca de informações por meio de acessos diretos via Google.com.br ou Google.com. 12 Volume relativo de buscas das dietas e ciclos de atenção Os resultados mais evidentes - de certa forma comum a todas as dietas - apontam para a fugacidade de interesse, sem CICs sustentados por longos períodos. Há numerosos picos de acesso a cada dieta que expressam o caráter efêmero do interesse (geralmente ligado ao emagrecimento) e não compromissado com uma hegemonia perene de atenções. De forma geral, os picos de atenção ocorrem, sobretudo, entre setembro e janeiro com eminência nos meses próximos aos finais de ano, o que poderia ser descrito como uma espécie de “efeito verão” ou “efeito festividades de final de ano”. A dieta cetogênica apresentou lenta ascensão da linha de tendência com dezenas de picos de busca esporádicos com maior concentração nos últimos meses de 2016, entre a 247ª e a 255ª semana . Todas as matérias associadas a esses picos se referem ao propósito de emagrecimento. Essa dieta é categorizada como restritiva - rica em gorduras, pobre em carboidratos e minimamente adequada em proteínas e foi descrita na década de 1920 como alternativa suplementar ao controle da epilepsia, sobretudo no tratamento das epilepsias de difícil controle da infância. Ciclos de atenção da dieta cetogênica. Com relação à dieta da lua observou-se uma linha de tendência com leve declínio pontuado por picos de VRB esporádicos, sobretudo entre as 114ª e 204ª semanas e ao final de 2016 . A “dieta da lua” pressupõe a influência do ciclo lunar nos líquidos corporais e a necessidade de adequação do regime alimentar a cada mudança de fase - o 13 que implica consumo exclusivo de sucos, sopas e líquidos por 24 horas em 4 dias por mês com promessa de perda mensal de 4 kg. Além disso, as matérias indicam que deve-se “parar de comer quando se sentir saciada/o e não consumir mais nenhum alimento após as 18 horas. Nas fases minguantes, os praticantes devem “beber muita água para eliminar as toxinas”. Todo modo, as orientações se mostram generalizantes, dificultando o atendimento às demandas individuais - o que se mostra como aspecto comum às demais dietas. Ciclos de atenção da dieta da lua. A dieta da proteína - embora com expressivos picos de VRBs ao redor da 44ª semana (em 2012) - apresentou uma curva de tendência decrescente no decorrer dos anos. Assim como a cetogênica, essa modalidade restritiva de regime recomenda o consumo semi-irrestrito de alimentos como carnes gordurosas, manteiga e outros produtos lácteos, limitando apenas a ingestão de carboidratos a menos de 30 g por dia. O emagrecimento estaria relacionado ao efeito termogênico do metabolismo proteico e à característica cetogênica dessa dieta - derivados dos pressupostos estabelecidos em 1970 pelo Dr. Atkins: enfática restrição de carboidratos e preconização de alta ingestão de proteínas. As matérias ligadas à dieta não apresentaram descrições específicas de sua composição, mas citam seus efeitos e possibilidades de variação: 14 Cliclos de atenção da dieta da proteína (2012-2017). Perdi 11 kg com a dieta da proteína. Fiz direitinho por três meses, até conseguir chegar aos 48 kg (ela tem 1,70m). Bem menos radical do que a original criada pelo Dr. Atkins, a dieta das proteínas de alto valor biológico reduz a ingestão de carboidratos, em vez de aboli-los pura e simplesmente, assim como limita o consumo de gorduras, no lugar do passe livre [...]. Nesse caso, é apresentada uma variação da dieta da proteína “original” (do Dr. Atkins) na qual se recomenda a preferência por proteínas de alto valor biológico e menor restrição de carboidratos na perspectiva de combater efeitos adversos da dieta clássica como “tontura, desânimo e lapsos de memória”. O interesse pela dieta da sopa também se mostrou declinante na linha de tendência de seus ciclos de atenção após altos VRBs iniciais (acessos mais frequentes em 2012, na 25ª semana). Os relatos apontados em sites indicam que essa proposta dietética foi elaborada por pesquisadores da Universidade de São Paulo para pacientes com problemas cardíacos que precisavam perder peso para a realização de procedimentos cirúrgicos. Estudos feitos em populações asiáticas e europeias evidenciaram relação entre o consumo de sopa e o menor risco de obesidade e sobrepeso, sugerindo que essa forma de dieta equilibrada pode trazer benefícios à saúde. Preconiza-se o consumo de sopas pelo menos 2 vezes ao dia (especialmente almoço e jantar) por determinado intervalo de tempo, no qual é aceitável o consumo de algumas frutas, legumes, carnes, sucos e chás sem açúcar. Ciclos de atenção da dieta da sopa. No que tange à dieta dos pontos, observou-se declínio dos acessos com curva de tendência descendente a partir de expressivos picos iniciais. 15 Essa dieta não restringe o consumo de alimentos e/ou nutrientes específicos desde que não seja ultrapassado o limite diário de pontos previamente estipulado que é atribuído a cada alimento. Quanto às definições disponíveis no ambiente virtual, temos: “A dieta dos pontos é uma dieta muito conhecida, por se poder comer o que quiser. Para quem faz dieta, saber que se pode fazer isso, ter vontade de comer e poder comer. É algo difícil de acreditar. A única coisa que não se permite é comer alimentos com gordura trans”. Salienta-se que em um estudo realizado por Santana et al. a dieta dos pontos esteve dentre as mais frequentemente encontradas na internet. Ciclos de atenção da dieta detox. Ao contrário das demais, a dieta detox despertou interesse concentrado em curtos períodos, sendo o mais expressivo na 97ª semana e mais dois nas 198ª e 206ª semanas . As “dietas detox” assumem práticas restritivas de curto prazo destinadas a eliminar toxinas do corpo com vistas à perda de peso e promoção de saúde. Estratégias de desintoxicação existiram há milhares de anos em diferentes culturas e as orientações variam de jejum absoluto a dietas à base de sucos56. Ciclos de atenção da dieta paleo. A dieta Dukan, por sua vez, apresentou VRB inicialmente crescente entre as 78ª e 99ª semanas embora, a partir daí verifica-se queda da linha de tendência com curtos picos esporádicos. Mesmo apresentando característica mais processual que outras dietas da moda, a dieta Dukan também prescreve baixa quantidade de carboidratos e alto valor protéico. 16 Teve origema partir do método Dukan, que foi proposto pelo médico nutrólogo Pierre Dukan a partir de estudos realizados nos últimos 40 anos e é baseada em quatro fases. A primeira fase (ataque) dura de 3 a 7 dias e consome-se apenas proteínas - sem restrição quantitativa. Há recomendação de ingestão de 2 litros de água e 20 minutos de caminhada. Na fase 2 (cruzeiro), além das recomendações da fase 1 acrescenta-se legumes e verduras ao cardápio e recomenda-se 30 minutos de caminhada. Na fase 3 (consolidação), com dez dias de duração, é permitido o consumo de proteínas, legumes, “duas frutas por dia, duas fatias de pão integral, 40 g de queijo, duas porções de carboidratos por semana, como massa, e duas refeições de gala por semana, onde é permitido uma entrada, um prato principal, uma sobremesa e uma bebida [...] a cada quilo é obrigatório fazer 25 minutos de caminhada”). A fase 4 (estabilização) deve ser contínua - “dura o resto da vida e é possível comer normalmente” - desde que respeitadas três regras: consumir apenas proteína às quintas-feiras; fazer, no mínimo, 20 minutos de caminhada diariamente e usar escadas em detrimento de elevadores e consumir três colheres (sopa) de farelo de aveia. Ciclos de atenção da dieta dos pontos. Na definição supracitada, especialmente por se conformar em um ritual com perspectivas de continuidade ao longo da vida, a dieta Dukan parece se aproximar de pressupostos da “reeducação alimentar”. Além disso, apresenta clara associação da dieta com prescrição de atividade física regular - combinação tida como um dos pilares para a construção do corpo idealizado, conforme observado por Santos. A dieta paleo foi alvo de buscas crescentes nos últimos meses de 2016 com pico de interesse na última semana da série . 17 A dieta paleolítica é uma referência ao modelo alimentar do homem dessa era, prescrevendo um padrão nutricional com base em plantas e animais selvagens consumidos há mais de 10.000 anos. Nesse caso, não haveria restrições relacionadas à proporção de macronutrientes, por exemplo, mas sim ao tipo de alimento. Recomenda-se evitar alimentos que não eram consumidos por nossos ancestrais, como: cereais (trigo, arroz, centeio, aveia, etc.); leguminosas (feijão, grão, lentilhas, etc.); lacticínios: (leite, iogurte, queijo, natas); gorduras: (óleo e margarinas vegetais) e produtos processados. Ciclos de atenção da dieta Dukan. Contradizendo alguns enunciados científicos que afirmam a insalubridade das dietas da moda, especialmente por serem restritivas, a dieta paleolítica é citada em uma das matérias como fator de proteção para algumas enfermidades: A dieta paleolítica pode trazer benefícios a longo prazo em problemas relacionados a obesidade, incluindo a redução do risco de diabetes e doenças cardiovasculares, explica a autora do estudo, Caroline Blomquist, da Universidade de Umea, Suécia. A principal restrição sinalizada é a ingestão de alimentos industrializados ou processados, o que estaria de acordo com orientações oficiais do Guia Alimentar para a População Brasileira, por exemplo. Entretanto, ao contrário de recomendações do Guia, a matéria reforça o caráter controlador das “dietas” com a “proibição total” de determinado grupo de alimentos ao mesmo tempo em que traz a ideia de continuidade de tal regime alimentar “a longo prazo” para que seus benefícios sejam alcançados. 18 Dietas como risco, reeducação alimentar como credo e as celebridades Diferentemente da administração da dieta enquanto um procedimento terapêutico recomendado e baseado em evidencias científicas que o legitimam e, de algum modo, institucionalizam a tomada de decisão sobre a pertinência de seus usos, a escolha por dietas da moda geralmente assume caráter privado e abre espaço para a responsabilização do indivíduo. Assim colocada a situação, cabe ao consumidor decidir sobre os pesos dos riscos e suas recompensas. “Viver... e gerenciar riscos” se torna um preço exigido para acompanhar os valores da sociedade contemporânea (do risco, do espetáculo, do controle, de redes, da informação...) na qual o consumidor assume decisões sempre provisórias, enquanto aguarda novas informações a serem apropriadas, sobre novas dietas que surgem. Como descrito por Giddens, “na modernidade reflexiva as práticas sociais são constantemente examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre estas próprias práticas, alterando constitutivamente seu caráter”. Apesar de esforços para minimização dos “riscos”, estes se mostram inerentes às dietas restritivas observadas no ambiente virtual. De modo geral, apresentando diferentes desenhos, as dietas da moda remetem para a necessidade do autocontrole e/ou autointerdição alimentar, pautada, principalmente, como forma de construção do corpo desejado. Nas últimas décadas, a insatisfação com o corpo parece ter se ampliado sobremaneira, especialmente entre mulheres que aderem cegamente à abstenção restritiva de alimentos. Tais práticas remetem a mecanismos de autocontrole imersos em um cenário no qual os discursos dietéticos e do marketing corporal exercem intensa influência na construção (por vezes, paradoxalmente, produzindo destruição) identitária dos sujeitos. Para além da forma física do corpo, uma dieta saudável deveria contribuir para a construção simbólica do bem-estar dos sujeitos consigo mesmos - na construção reflexiva do corpo, busca-se aceitação social e a construção da 19 própria felicidade, entretanto as noções sobre alimentação saudável muitas vezes assumem aspectos normativos, essencialmente energético-quantitativos. Autores salientam que a compreensão das interfaces entre alimentação e saúde demanda análise de dimensões políticas, socioculturais e nutricionais que podem, inclusive, divergir sobre o que é considerado bom ou não para o corpo. Contudo, na modernidade a racionalidade nutricional ganha destaque na elaboração de definições sobre alimentação saudável ainda que práticas correlatas estejam mais distantes do “mundo da vida”. A ideia de uma dieta como parte de um ritual provisório, como imperativo essencial à ascese para o corpo ideal, encontra seu contraste com o credo perene na reeducação alimentar - o que é vagamente presente em enunciados sobre dieta detox: O detox é para você fazer por um período determinado e depois entrar com uma reeducação alimentar [...] Existem vários tipos de dietas desintoxicantes. A detox tradicional é sem lactose, sem glúten e sem proteína animal. Com relação à dieta da lua, o Google News® apontou uma entrevista intitulada André Marques sobre cirurgia para emagrecer: Eu ia morrer. Na matéria o apresentador (celebridade no cenário nacional) enumera suas tentativas mal sucedidas (entre elas a “dieta da lua”) de emagrecimento antes da realização de uma cirurgia bariátrica: [...] eu tinha tentado todos os métodos possíveis e imaginários: ortomolecular, dieta da lua, copo d’água embaixo da pia. Remédio, tomei todos que você possa imaginar. De modo geral, as matérias - sobretudo as que incitam à aderência aos ritos dietéticos, ou o consumo de produtos ou alimentos - frequentemente fazem referência a celebridades em seus títulos. A experiência dos ícones culturais do corpo perfeito são frequentemente evocadas. Dentre as 32 notícias selecionadas, apenas 12 não faziam alusão direta às dietas de modelos, atores, atrizes, apresentadores, esportistas ou ex- participantes de reality shows. 20 Apesar da disseminação de informações sobre saúde por meio de celebridades não ser necessariamente negativa, há outras variáveis a considerar. Segundo Rayner, diversas celebridades australianas conseguem atenção da mídia por conta de experiências pessoais relacionadas a condições das quais foram vítimas. Nesse contexto, também conseguem o foco das atenções assumindopreocupações com a prevenção de males - e aproveitando o espaço para divulgação de produtos comercialmente potencializados pela condição de celebridade. De modo geral, a contribuição das celebridades nesse campo é alvo de discussão no cenário científico, especialmente no campo das intervenções públicas para prevenção de doenças. A participação de pessoas famosas associada ao marketing de produtos está longe de ser considerada “promotora de saúde”, pois acaba remetendo ao incentivo do consumo. Nos conteúdos tidos como mais especificamente direcionados à promoção da saúde percebe-se maior presença de resultados de estudos científicos e opiniões profissionais de saúde. Nesse quesito, é válido refletir sobre o modo como se dá a atuação profissional, uma vez que esses atores sociais podem fomentar o consumo de informações e serviços de saúde, que, a depender do seu grau de envolvimento nas práticas cotidianas, podem caracterizar a medicalização - processo pelo qual questões que não necessariamente são problemas médicos passam a ser tratados enquanto tal, geralmente interpretados como doenças ou desordens. No campo da Alimentação e Nutrição essa ideia pode ser traduzida pela supracitada “racionalidade nutricional”: “práticas alimentares atentas ao permanente cuidado em manter na alimentação o equilíbrio de nutrientes, em detrimento do prazer de comer e dos valores com que a alimentação marca o convívio social a ele associado”. 21 Viana et al. situam a atuação do nutricionista como medicalizadora quando a esfera da prevenção é abandonada passando a intervenções dietéticas rígidas - sempre apoiadas pela mídia - que convertem o risco em quase-doença na administração da vida cotidiana por meio de normas sanitárias. Em algumas matérias, a dimensão dos perigos em torno do alimento é evocada de forma sensacionalista; e também permitem observar o que é entendido por alguns autores como comoditização da ciência - fenômeno no qual o conhecimento científico, em meio aos jogos de poder, passa a ser utilizado em prol de interesses mercadológicos. Estando a serviço de uma perspectiva capitalista, a ciência estaria voltada para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades de consumo de grupos sociais, sendo essas necessidades muitas vezes construídas a partir de estratégias de marketing econômico em meios nos quais produtos alimentícios podem ser facilmente observados. O Google Trends mostrou-se uma ferramenta relevante na análise de interesses sobre temas em saúde e uma alternativa para a realização de pesquisas no vasto campo de estudos que é a Internet. Em meio à produção e ao consumo de informações sobre dietas da moda, a opinião de especialistas e a exposição das celebridades é reificada pelas dietas, que assumem similaridades e diferenças a partir das quais oscilam no vasto mercado simbólico da alimentação saudável. As novidades - sejam em formatos de regimes diferenciados, mudanças em intervalos das refeições ou alterações de equilíbrios dietéticos - se prestam a agregar valor simbólico eficaz em despertar o interesse dos internautas por acenos de emagrecimento rápido com saúde. O consumo desse tipo de informações reflete bem valores centrais à sociedade líquida descrita por Bauman, pautada pelo consumismo e pela necessidade incessante e incoercível de gerar e suprir desejos. 22 Revela o imediatismo de consumidores em busca do efêmero em meio aos ciclos mercadológicos aplicados pelo marketing digital, como AIDAs (Attention, Interest, Desire, Action) dietéticas, cujos produtos guiarão a novas buscas e novos desejos em sequencial geração. Salienta-se a necessidade de estudos que investiguem junto aos consumidores repercussões desse consumo de informações via Internet nas suas vidas e práticas alimentares cotidianas. A SÍNDROME METABÓLICA (SM), importante fator de risco independente para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares (DCV), é um transtorno complexo, atribuído principalmente à presença de resistência à insulina (RI), que congrega diversos componentes, principalmente obesidade abdominal (OA), diabetes tipo 2 (DM2), elevação da pressão arterial e dislipidemia. A síndrome é uma condição de prevalência elevada e crescente em algumas populações, destacandose as afro-descendentes, méxico-americanas e hispânicas . O rápido crescimento da ocorrência dessa condição nas últimas décadas, bem como de diversas doenças crônicas, tem sido atribuído principalmente às mudanças da composição demográfica, com ênfase para a urbanização e o envelhecimento das populações, bem como às alterações do estilo de vida, sobretudo hábitos alimentares menos adequados e o sedentarismo. Assim, torna-se necessário o conhecimento da prevalência da SM em nossa população como base para o adequado dimensionamento e direcionamento de ações de saúde, sobretudo o estabelecimento de medidas de prevenção primárias e secundárias, com reflexos nos custos sócio-econômicos produzidos pelos elevados índices globais de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares . Relatos que demonstram o crescimento da freqüência de alterações da tolerância à glicose em populações rurais associados à carência de dados sobre 23 a ocorrência de SM em nosso país motivaram o presente estudo de prevalência da síndrome e suas características na população da localidade de Cavunge, distrito rural de Ipecaetá, município do semi-árido baiano, situada a 168 km de Salvador e a 57 km de Feira de Santana, que abriga o Projeto Cavunge, de onde existem achados anteriores de elevada freqüência de hipertensão arterial (HA) e OA. Esse é um Projeto da Universidade Federal da Bahia e parceiros, financiado pelo CNPq, que se iniciou com o estudo sobre a forma oligossintomática de leishmaniose visceral e vem ampliando suas linhas de pesquisa na população com trabalhos sobre hepatites virais e fatores de risco cardiovascular. Conduziu-se um estudo observacional, de corte transversal, cuja base populacional se constituiu dos moradores da sede do distrito de Cavunge. Segundo os dados do censo realizado por Tavares-Neto e cols. , a sede do distrito abrigava cerca de 911 indivíduos, com 55,5% do sexo feminino. A população é ampla e heterogeneamente miscigenada, sendo 14,5% de brancos, 22,9% de mulatoclaros, 26,6% de mulato-médios, 20,1% de mulatoescuros, 14,7% de negros; 60,3% das famílias tinham renda de até um salário mínimo e 75,3% delas eram chefiadas por homens; 92,8% da população tinha menos que o 1º grau completo e 23,0% eram analfabetos ou semi- analfabetos. Em nossa amostra, concordando com os dados do referido censo, enquanto ocupação principal predominaram 42,3% de lavradores e 29,1% de donas de casa; entre as mulheres, 82,2% são donas de casa, 31,4% delas com co-atividade agropastoril de subsistência familiar. A agricultura local é basicamente de subsistência, assentada nos cultivos de feijão, milho e fumo; o setor de comércio tem sofrido com a facilitação do acesso a praças maiores. Ainda de acordo com Tavares-Neto e cols., mais de 80,0% das pessoas têm acesso regular a fontes protéicas na alimentação. 24 Com base na prevalência de diabetes estimada em 7 ± 3% , número de indivíduos elegíveis de 467 pessoas da população predominantemente mulata e negra (84,3%) de Cavung e intervalo de confiança de 99,9%, o n amostral mínimo adequado foi definido em 227 sujeitos. Contudo, com intuito de evitar comprometimento por perdas ou negativas de participação, a partir dos dados do censo populacional previamente conduzido pelo Projeto Cavunge , tomou-se uma amostra aleatória simples de 270 indivíduos, os quais foram previamente visitados e convidados a participar do estudo. Foram elegíveis indivíduos com 25 ou mais anos de idade, homens e mulheres que não estivessemgrávidas ou nos 2 primeiros meses pós-parto, que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de exclusão, aplicados após análise preliminar dos dados, foram: i) evidências de tireoideopatias, doenças renais ou hepáticas, estabelecidas pelo histórico pessoal de doenças e pelo perfil de uso de medicamentos; ii) uso de corticóides ou medicamentos que sabidamente interferem na homeostase da glicose, exceto hipoglicemiantes orais; iii) não completude da coleta de dados planejada por impossibilidade psicomotora do indivíduo. Entre 21 de março e 21 de abril de 2005, os indivíduos foram atendidos no Posto de Saúde do Programa Saúde da Família local e, após confirmação do cumprimento dos requisitos pré-analíticos, jejum de 8 a 12 horas e não utilização de bebida alcoólica, foram submetidos a uma entrevista estruturada para preenchimento de questionário que se compunha de perguntas acerca de: i) atividade física, uso de bebida alcoólica e tabagismo; ii) histórico pessoal e familiar de diabetes, hipertensão, DCV, doenças renais e hepáticas; iii) uso de medicamentos; 25 iv) dados pessoais, nome e data de nascimento. A pressão arterial foi medida pela técnica auscultatória, conforme recomendam as IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial , utilizando esfigmomanômetro de coluna de mercúrio calibrado, cujo manguito foi adaptado no braço esquerdo do sujeito, e estetoscópio posto sobre a linha de sua artéria braquial. O manguito foi insuflado com o sujeito sentado, em repouso de 5 minutos, no mínimo. Mediu-se a pressão por duas vezes, em intervalos aproximados de 2 minutos. A pressão sistólica (PAS) foi registrada no início dos sons de Korotkoff e a pressão diastólica (PAD), ao final. O resultado foi a média das duas medidas. Peso e altura foram medidos em balança biométrica, calibrada e checada diariamente, e serviram ao cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) através da fórmula: IMC= peso (kg)/altura (m). A medida do diâmetro da cintura (DC) se fez com fita métrica, circundando a cintura na altura do umbigo ou, sobretudo em indivíduos muito obesos, entre a crista ilíaca ântero-superior e a última costela. Os indivíduos foram pesados sem sapatos, casacos e acessórios. Amostra de sangue foi obtida por punção venosa, preferencialmente na região da fossa ante-cubital, após breve garroteamento. Foram colhidas uma alíquota em tubo com fluoreto para determinação da glicose plasmática de jejum (GLI) e uma em tubo sem anticoagulante para obtenção de soro e dosagem de colesterol total (CT), HDL-colesterol (HDL- c) e triglicérides (TG), cujas metodologias aplicadas foram, respectivamente, glicose oxidase/peroxidase, colesterol oxidase/peroxidase, extração com ácido fosfotúngstico, glicerol-3-fosfato oxidase/peroxidase. LDL- colesterol (LDL-c) foi calculado pela fórmula de Friedwald. 26 Os sistemas analíticos atendiam às recomendações de desempenho e as amostras foram mantidas sob congelamento até a realização das dosagens, processadas dentro do período de estabilidade dos analitos nessa condição. As glicemias iguais ou maiores que 126 mg/dL, conforme recomendação da American Diabetes Association – 2004 , cujos indivíduos desconheciam ser diabéticos e não usavam medicações hipoglicemiantes, foram dosadas em segunda amostra, colhida após re-convocação. Para assegurar melhor esclarecimento do diagnóstico, tais indivíduos também se expuseram à medida da glicemia duas horas após sobrecarga oral de 75 g de glicose, e foram classificados como diabéticos quando o atendimento ao critério específico se confirmou. Para efeito de diagnóstico de Síndrome Metabólica, os dados foram interpretados segundo a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica , que adotou a íntegra do estabelecido pelo National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III, cujos critérios requerem o achado de três ou mais dos seguintes componentes: i) diâmetro de cintura > 102 cm para homens e > 88 cm para mulheres ii) triglicérides ≥ 150 mg/dL; iii) HDL-colesterol < 40 mg/dL para homens e < 50 mg/dL para mulheres; iv) PAS ≥ 130 mmHg, PAD ≥ 85 mmHg, ou uso de antihipertensivo; v) glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL ou uso de hipoglicemiante. O diagnóstico do estado de tolerância à glicose seguiu as recomendações da American Diabetes Association – 2004 : Normal (NGT), glicemia de jejum abaixo de 100 mg/dL; Glicemia de Jejum Prejudicada (IFG) ≥ 100 mg/dL e < 126 mg/dL, e Diabetes ≥ 126 mg/dL em, pelo menos, 2 ocasiões distintas ou, neste trabalho, uso de medicação hipoglicemiante. Obesidade foi classificada pelo IMC: < 18,5 Kg/m2 – peso baixo (magro); 18,5 a 24,9 Kg/m2 – peso normal (ideal, saudável); 25,0 a 29,9 27 Kg/m2 – excesso de peso grau I (excesso de peso); 30,0 a 34,9 Kg/m2 – excesso de peso grau IIa (obesidade moderada); 35,0 a 39,9 Kg/m2 – excesso de peso grau IIb (obesidade grave), e igual ou maior que 40,0 Kg/m2 – excesso de peso grau III (obesidade mórbida). Obesidade abdominal (OA) foi estabelecida com base no diâmetro da cintura: Aumentada – acima de 94 cm, em homens, e maior que 80 cm, em mulheres, e Significantemente aumentada – acima de 102 cm, em homens, e maior que 88 cm, em mulheres. Para diagnóstico de alterações metabólicas que se definem isoladamente, considerou-se os seguintes critérios: hipercolesterolemia quando o CT foi igual ou maior que 240 mg/dL; hipertrigliceridemia quando o TG foi maior que 200 mg/dL; HDL-colesterol baixo quando o HDL-c foi menor que 40 mg/ dL (20) e HA quando a PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 (11). Com intuito de padronização e redução de vieses de observação, os profissionais envolvidos na coleta de dados foram treinados previamente para aplicação do questionário através de entrevista e demais operações demandadas. As análises estatísticas foram realizadas com ajuda do software SPSS 9.0 e, para efeito de interpretação, o limite de erro tipo I foi de até 5% (p≤ 0,05). As variáveis contínuas paramétricas foram comparadas pelo teste t e as não paramétricas através do Mann-Whitney; variáveis ordinais e nominais foram comparadas pelo teste do qui-quadrado (χ2), com correção de Yates ou Teste Exato de Fisher, quando pertinente; o coeficiente de correlação de Spearman (rS) também foi utilizado. Razão de prevalência com intervalo de confiança de 95% (RP; IC 95%) foi empregada como medida de efeito, considerando o objetivo do estudo de analisar as características da SM na população, bem como para evitar superestimativas produzidas pelo uso de Razão de Chances, quando o evento estudado tem elevada prevalência. 28 Ajustamento por idade, com base na população censitária brasileira do ano 2000, foi realizado com intuito de tornar as taxas melhor comparáveis. O estudo foi autorizado após avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Feira de Santana (CEP/UEFS), conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde número 196, de 10 de outubro de 1996. A amostra final foi constituída por 240 sujeitos (fração amostral= 51,4%), após subtraídos os 24 (8,9%) indivíduos que não atenderam ao convite ou não foram encontrados e as 6 (2,2%) exclusões por aplicação dos critérios definidos. Tais perdas não comprometeram a composição da amostra quanto a sexo e idade. A prevalência de diabetes foi 8,8% (21 sujeitos), 7,7% após ajustamento por idade, com base na população censitária brasileira do ano 2000. Dos diabéticos, 8 (33,3%) já conheciam tal condição, dos quais 3 (37,5%) já estavam em tratamento; 107 indivíduos (44,6%) foram classificados como hipertensos, 31,5% após ajustamento, dos quais 88 (64,2%) tinham ciência dessa condição e, desses, 65 (73,9%) já usavam medicação anti-hipertensiva. Obesidadeesteve presente em 15% e excesso de peso em 41,3% das pessoas; HDL-c abaixo de 40 mg/dL ocorreu em 55,0%, CT ≥ 240 mg/dL em 24,6% e TG > 200 mg/dL em 8,3% de todo o grupo estudado. Atendendo ao critério da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, SM esteve presente em 72 indivíduos, representando uma prevalência global de 30%. A prevalência ajustada por idade com base na população censitária brasileira foi de 24,8%. 29 A freqüência de SM foi maior entre os indivíduos de idade mais avançada. A prevalência de SM entre os indivíduos com 45 ou mais anos de idade foi de 41,4% e entre aqueles com menos de 45 anos foi de 15,9% (RP= 2,60; 1,61–4,21). Essa diferença foi um pouco maior quando consideramos estratos de idade mais elevada, 55 ou mais anos, 47,6% (RP= 3,00; 1,84–4,89) (tabela 2). Também, sujeitos mais velhos tenderam a agregar maior número dos componentes isolados da síndrome (rS= 0,373). Mulheres responderam por 53 (73,6%) dos 72 casos de SM. A prevalência da síndrome entre os indivíduos do sexo feminino foi 38,4%, significantemente maior que a taxa de 18,6% entre os sujeitos do sexo masculino (RP= 2,06; 1,31– 3,26). Para avaliar possível interação entre faixa etária e sexo, estratificou-se a amostra em 4 grupos, considerando as duas variáveis: homens com menos de 45 anos, homens com 45 ou mais anos, mulheres com menos de 45 anos e mulheres com 45 ou mais anos. Revela-se prevalência maior no estrato que congrega mulheres com idade igual ou maior que 45 anos, em relação à homogeneidade dos demais grupos, 30 mesmo não havendo diferença na distribuição etária entre os sexos (p= 0,158) (tabela 3). Além disso, a associação entre SM e idade igual ou maior que 45 anos foi mais evidente entre indivíduos do sexo feminino (RP= 3,13; 1,81–5,43) que entre aqueles do sexo masculino (RP= 1,88; 0,73–4,82), o que também revela a interação. A tabela 4 mostra as prevalências dos diversos componentes da SM em indivíduos com e sem SM. Redução de HDL-c e elevação da pressão arterial estiveram presentes na grande maioria dos casos (91,7%, para ambos) e foram muito freqüentes também em indivíduos sem SM (42,3 e 61,3%, respectivamente). As prevalências dos componentes isolados da SM, inclusive especificadas por sexo, são mostradas na tabela 5. Redução de HDL-c e elevação da pressão arterial foram os componentes mais freqüentes. A ocorrência de obesidade abdominal e redução do HDL-c, segundo critério referido, foram significantemente maiores entre as mulheres. 31 32 No grupo de pessoas com 45 ou mais anos de idade, houve maior freqüência de elevação da pressão arterial (p< 0,001), obesidade abdominal (p< 0,001), alteração da glicemia (p= 0,003), elevação de trigliceridemia (p= 0,009) e menor freqüência de redução de HDL-c (p= 0,006) (tabela 6). Quanto à freqüência de obesidade abdominal, a elevação acentuou-se fortemente no grupo constituído por mulheres com 45 ou mais anos, em relação a todos os demais indivíduos (RP= 3,58; 2,48–5,17). Tal como para SM, a associação entre OA e idade igual ou maior que 45 anos foi mais evidente entre indivíduos do sexo feminino (RP= 2,22; 1,46–3,37) que entre aqueles do sexo masculino (RP= 3,02; 0,69–13,29), o que também revela a interação. Indivíduos com SM apresentaram valores mais elevados de peso corporal, IMC, DC, PAS, PAD, OA, freqüência de HA, GLI e TG (p< 0,001), bem como maiores níveis de CT (p= 0,009). Também aqueles com síndrome tiveram concentração menor de HDLc (p< 0,001). A concentração de LDL-c não diferiu nos portadores de SM (p= 0,233). SM estava presente em 19,8% das pessoas com peso normal (RP= 0,51; 0,33– 0,80), em 29,3% daqueles classificados como tendo excesso de peso (RP= 1,48; 0,90–2,43) e em 63,9% dos obesos (RP= 3,23; 2,03–5,13); em 11,2% dos sujeitos sem OA (RP= 0,25; 0,14–0,44), em 14,0% (RP= 1,25; 0,54–2,88) e em 68,4% (RP= 6,10; 3,50–10,62) daqueles com OA aumentada e significantemente aumentada, respectivamente; em 20,7% dos indivíduos com NGT (RP= 0,38; 0,26–0,55), em 51,1% daqueles com IFG (RP= 2,47; 1,64–3,71) e em 61,9% dos diabéticos (RP= 2,99; 1,92–4,66); em 16,5% dos não hipertensos (RP= 0,35; 0,23–0,55) e em 46,7% dos hipertensos (RP= 2,82; 1,83–4,35); em 25% dos não hipertrigliceridêmicos (RP= 0,29; 0,22–0,39) e em 85,0% dos hipertrigliceridêmicos (RP= 3,40; 2,53–4,56); em 15,7% daqueles sem HDL-c baixo (RP= 0,38; 0,23–0,61) e em 41,7% dos indivíduos com HDL-c baixo (RP= 2,65; 1,64–4,28). Apesar da existência de critérios de diagnóstico definidos, a multifatorialidade causal envolvida torna difícil comparar as taxas de prevalência 33 da síndrome entre populações diversas, uma vez que há grande variabilidade de apresentação também de seus componentes entre grupos distintos de pessoas. Diferenças genéticas, de dieta, nível de atividade física, idade populacional e distribuição por sexo são fatores que influenciam a prevalência de SM e de seus componentes . Na população em estudo, predominantemente mulata e negra (84,3%), a prevalência global de SM igual a 30% é bastante alta, equiparando-se às taxas mais elevadas de populações urbanas afro-descendentes, méxico-americanas e hispânicas . 34 A prevalência de SM é bastante diversa entre populações: 9,5% em 24.329 chineses com 20 ou mais anos de idade ; 30,8% em 1.091 indianos moradores de área urbana, com mais de 20 anos de idade (6); 31,0% em 1.656 méxico-americanos de 30 a 79 anos e 23,0% em 1.081 brancos não-hispânicos na mesma faixa etária (23); 26,7% em 1.677 americanos com 20 ou mais anos, participantes do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES 1999-2000). Após ajustamento por idade, para eliminar a diferença na distribuição etária entre a população censitária brasileira e a população estudada, uma vez que esta mostrou um alargamento relativo do ápice da pirâmide etária, a taxa caiu para 24,8%. Esse dado também pode estar influenciando outros achados do estudo, tais como as prevalências de HA (44,6%) e DM2 (8,8%). A influência do avanço da idade sobre a prevalência de SM, a qual aparece significativamente mais elevada entre os indivíduos com 45 ou mais anos de idade e é maior naqueles com 55 ou mais anos, é também descrita por outros autores . O achado de maior prevalência de SM entre as mulheres (38,4%) e, sobretudo, entre aquelas com 45 ou mais anos de idade (56,9%) também é concordante com outros trabalhos. A influência do envelhecimento da população pode estar se somando ao fato de que, na atualidade, essas comunidades têm absorvido hábitos de vida mais caracteristicamente urbanos, além do acesso a bens que reduzem a demanda de esforço físico para a realização de suas tarefas cotidianas e contribuem para o desequilíbrio do balanço energético e ganho de peso corporal . Além disso, em Cavunge, 92,8% da população têm menos que o 1º grau completo e 23,0% são analfabetos ou semi-analfabetos , e esse baixo nível de escolaridade também pode estar contribuindo para a manutenção de hábitos de vida menos adequados à preservação da saúde, conforme demarca Wamala e cols. 35 Também o traço negróide, ampla e heterogeneamente distribuído nessa população (84,3%), possivelmente se constitui contribuinte importante para a prevalência encontrada, a qual é comparável às taxas de populações afro- americanas. Tal dado se co-substancia na maior freqüência de vários componentes da SM em afro-descendentes, a exemplo de HA, significativamente mais prevalente e precoce nesses indivíduos que na população geral; freqüência de obesidade mais elevada em mulheres afro-descendentes e DM2 também mais prevalente. O padrão de distribuição da prevalência de SM por faixa etária e sexo parece refletir a ocorrência de seus componentes nesses estratos,uma vez que, com exceção da freqüência de redução dos níveis de HDLc, todos os outros componentes da SM estiveram mais presentes no grupo com 45 ou mais anos de idade, semelhantemente aos achados de D’Aloysio e cols. e de Souza e cols. Também, a interação de idade e sexo influenciou semelhantemente a freqüência de SM e de OA. Em concordância com os achados de Gupta e cols. e com os comentários de Carr , redução de HDL-c e obesidade abdominal estão entre os principais contribuintes para a maior prevalência da síndrome no sexo feminino, sendo que a OA parece potencializar esse efeito entre as mulheres com 45 anos ou mais de idade, nas quais ela foi mais freqüente. Este último achado, uma vez que a população em estudo não tem acesso a terapia de reposição hormonal, revela o possível efeito da menopausa no estabelecimento da SM. Uma vez estabelecida, a deficiência estrogênica está relacionada com o início de um novo padrão de distribuição de gordura corporal, deixando de ser glúteo-femural ou ginecóide para ser abdominal ou andróide. A perda do efeito estrogênico com acúmulo central de gordura tem sido referida como fator de risco cardiovascular e está associada ao aparecimento de outras alterações envolvidas com a SM: aumento da concentração de triglicérides e redução dos níveis de HDL-c, além da elevação da glicemia e da insulinemia . 36 Considerando a RI como elemento-chave e de caráter etiogênico da SM, chama a atenção que as prevalências isoladas de redução de HDL-c (70,4%) e de elevação da pressão arterial (57,1%) destoaram das taxas dos outros três componentes, que são mais bem correlacionados com a RI e cujas freqüências foram mais convergentes: de 15,8% a 31,7% e, especificamente entre os homens, de 10,8% a 21,6%. Além disso, as duas alterações estiveram presentes na grande maioria dos casos (91,7%, para ambos). Tais dados são Prevalência de SM no Semi-árido Baiano Oliveira, Souza & Lima concordantes com os achados de Park e cols. em população negra, bem como com os comentários de Natali & Ferrannini sobre a possível inespecificidade incorporada ao diagnóstico da SM pelos valores de corte mais sensíveis para elevação da pressão arterial. Os últimos dados, somados aos menores valores preditivos positivos encontrados para esses componentes isolados (41,7% e 46,7%, respectivamente) e às elevadas freqüências dessas alterações também em indivíduos sem SM (61,3% e 42,3%, respectivamente), revelam uma dissociação parcial entre eles e a própria síndrome. SM esteve presente mesmo na ausência de seus componentes isolados: 16,5% dos indivíduos normotensos, 25,0% dos eutrigliceridêmicos, 15,7% daqueles sem HDL-c baixo, 19,8% dos sujeitos sem obesidade ou excesso de peso, em 11,2% dos sujeitos sem OA e 20,7% daqueles sem alteração da glicemia; os três últimos, elementos cuja presença tem envolvimento melhor estabelecido na etiopatogenia da síndrome. Daí, a importância da necessidade do diagnóstico sindrômico, uma vez que a combinação de seus componentes potencializa o aumento do risco de DCV que eles produzem isoladamente e, na ausência de diabetes, a existência da síndrome constituir risco para seu desenvolvimento . Tal diagnóstico pode permitir o tratamento do conjunto da síndrome, com mudanças nos hábitos alimentares e adesão à atividade física, bem como através de abordagem medicamentosa de seus componentes isolados ou da 37 própria síndrome, pela possibilidade atraente da utilização de drogas que melhoram a sensibilidade orgânica à insulina, a metformina e as tiazolidinedionas, o que pode retardar ou evitar possíveis complicações, inclusive o diabetes . Ainda, objetivando o diagnóstico, cabe ressaltar o elevado valor preditivo para SM de alguns achados isolados, sobretudo hipertrigliceridemia (85,0%) e OA significantemente aumentada (68,4%), cuja combinação, que tem sido denominada de “cintura hipertrigliceridêmica”, constitui fenótipo clínico- laboratorial de elevado risco cardiovascular. Estes achados compõem campo de estudo sobre diagnóstico de SM que deverá ser revisitado à luz de indicadores laboratoriais de resistência à insulina. É possível que a freqüência elevada de SM em populações como a estudada venha a contribuir para o crescimento do número de casos de diabetes e de DCV, conforme Ford e cols. e Ford , o que exigirá modificações na assistência pública à saúde, única acessível a grande parte dessas populações. Esforços para estabelecimento de programas educacionais que favoreçam a adoção de um modo mais salutar de vida, além do controle da HA e das dislipidemias, são ações preventivas recomendadas para minimizar conseqüências futuras. Desde o Período Mesolítico (transição do Paleolítico para o Neolítico), o homem já desenvolvia em abundância ferramentas especializadas. Com o novo processo de fabricação de instrumentos que surgiu a partir do polimento da pedra, já no Período Neolítico, essas ferramentas começaram a ficar mais complexas e mais eficazes em auxiliá-lo na transformação do ambiente. Essa transformação, inovação e desenvolvimento foi se acelerando ao passar pelo Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens neanderthalensis, até que, com o Homo sapiens (estima-se 40.000 anos a.C.), ocorreram saltos bem significativos nas questões culturais e técnicas. Ao término da última glaciação (estima-se de 10.000 a 12.000 anos a.C.), a vegetação que emergia era mais próxima da que temos hoje. O homem 38 deixava de ser um nômade coletor/caçador e tornava-se sedentário, marcando esse período pelo surgimento de moradias mais duráveis, do pastoreio de animais e da agricultura. Porém, um breve relato sobre como e quando a humanidade se tornou agricultora se faz necessário para entendermos a seleção e domesticação das plantas por meio da agricultura ao longo das gerações até os dias de hoje. Apesar de a espécie humana não ter aparatos anatômicos (membros) evolutivamente adaptados para essa finalidade, ela era capaz de produzir ferramentas eficazes na transformação do ambiente em seu benefício próprio, como enxadas, arados e machados, que foram utilizados no desmatamento de áreas para ocupação e agricultura. Essas mudanças comportamentais, sociais e culturais deram início ao processo de seleção dos animais para criação e de determinadas plantas para o cultivo, com finalidade de uso na alimentação da população. Isso causou uma mudança significativa em seus hábitos alimentares, devido à redução da diversidade dos alimentos ingeridos: já que conseguiam suprir boa parte de suas necessidades calóricas a partir dos cereais que cultivavam e armazenavam por longos períodos, não precisariam mais sair em busca de alimentos de forma tão ativa. No Oriente Médio, a domesticação do linho e de grãos como a ervilha, a lentilha, a cevada e de animais como cabras e porcos datam de mais de 9.000 anos antes da nossa era, juntamente com o surgimento da cerâmica. Mais tarde foi registrada a domesticação dos bovinos e, posteriormente, a dos asnos e cavalos. Com essa cultura e conhecimento surgindo, o homem começava a ampliar seus horizontes, e assim surgiram as grandes civilizações: houve as Cruzadas, as grandes navegações, a industrialização, o desenvolvimento de maquinários e a Revolução Verde. Com esses grandes eventos e a crescente dispersão da população humana, a inserção dessas espécies exóticas de interesse alimentício ocorreu 39 em todos os ambientes que o homem dominou, culminando no panorama atual, em que mais da metade dos alimentos consumidos por nossa população tem origem na mesma região dos sistemas de cultivos de mais de 10.000 anos atrás. A partir de um olhar generalista, a agricultura é um sistema ecológico artificial, cultivado com finalidade econômica, que explora a fertilidade local, onde as espécies naturais são suprimidasna busca da otimização da produção das espécies de interesse. Em sistemas cultivados, nem toda matéria orgânica produzida é útil ao homem, como, por exemplo, os resíduos de animais (ossos e entranhas). Gleissman , em suas pesquisas de quantificação de massa verde produzidas (ton/ha) em sistema de produção monocultural e consorciado, demonstrou que na mesma área é possível produzir quase o dobro de massa verde em sistemas consorciados comparado a um campo monocultivado de qualquer uma das 3 espécies utilizadas no plantio consorciado (milho, abóbora e feijão). Esses resultados confirmam que, com o aumento da diversidade, a produtividade primária do ecossistema aumenta também . Bourguers expressa, em sua pesquisa, que os hábitos alimentares estão diretamente relacionados com a disponibilidade dos alimentos oferecidos à população, portanto se tratam de uma “disposição duradoura adquirida pela repetição frequente de um ato, uso ou costume”, o que permite relacionar com o fato de que realmente existe uma herança cultural-alimentar quando mais de 50% das atuais espécies alimentícias importantes têm sua origem no Velho Mundo (Europa, África e Ásia) . Eduardo Rapoport , em seus trabalhos de pesquisa sobres plantas nativas comestíveis, fornece também dados importantes de como a cultura globalizada influencia o habito alimentar local, relatando que, apesar do conhecimento da população local sobre o uso alimentar de tais plantas e de sua disponibilidade, elas são pouco consumidas, tendo as espécies exóticas como preferência na alimentação. 40 Com toda essa redução da diversidade no hábito alimentar, fruto dessa especialização em cultivar determinadas espécies, a humanidade foi abandonando o uso das plantas silvestres e nativas em seus hábitos alimentares cotidianos. Muito do conhecimento acerca de tais plantas foi se perdendo durante tal processo. No presente, com o aumento da consciência ecológica e a busca por alimentos mais saudáveis, volta-se a buscar esses conhecimentos esquecidos pelo desuso. O termo PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) refere-se às plantas silvestres que não estão no roll das plantas com interesse econômico e de produção em larga escala (melhoramento genético, monocultivos e outros), mas que demonstram grande potencial alimentar de forma integral ou parcial das suas partes constituintes, seja o caule, as folhas, as flores, os frutos, suas raízes ou seus tubérculos. Muitas dessas plantas se desenvolvem entre áreas cultivadas (hortas e lavouras) e ambientes antropizados (jardins, terrenos baldios, vasos, calçadas etc.) de forma espontânea. Por esse motivo e também por desconhecimento, essas espécies acabam recebendo outras nomenclaturas, como plantas ruderais, inços, pragas, ervas daninhas, invasoras, entre tantas. Tais nomenclaturas, além de errôneas, desconsideram a importância ecológica dessas espécies e seu potencial uso na diversificação e aumento da qualidade alimentar. As espécies espontâneas (silvestres/nativas) com potencial alimentício demonstram alta taxa de adaptabilidade às condições das áreas naturais onde surgem em relação aos fatores limitantes expressos pelo ambiente. Podemos listar, como exemplos de fatores limitantes, a luminosidade, a temperatura média, a altitude, o pH e a granulometria do solo, a pluviometria da área e a disponibilidade de nutrientes no solo. Isso as permite germinar e se desenvolver sem nenhum trato cultural antrópico, como irrigação, adubação e demais técnicas agrícolas, quando em seus ambientes naturais. 41 A falta de informação e de conhecimento do potencial alimentício e econômico é o principal motivo para essa flora ser tão combatida nos campos agrícolas, com auxílio de herbicidas, tanto foliares, quanto pré-emergentes. É de conhecimento notório que tais produtos provocam diversos tipos de dano ao ambiente e seus arredores com a contaminação dos solos, das águas, dos polinizadores, dos vegetais e dos próprios seres humanos por seus resíduos químicos, tanto que extensa literatura sobre o hábito de vida e identificação botânica dessas espécies com potencial alimentício é encontrada em livros de controle de plantas daninhas e semelhantes. Ficam para reflexão certos questionamentos: se começarmos a selecionar essas PANC e as inserirmos em sistemas de cultivo tradicionais e de larga escala, estas plantas ainda seriam chamadas PANC? Após forte seleção, cruzamento e melhoramento genético, ainda guardariam suas características atuais? Produziriam as mesmas concentrações de bioativos como encontradas em sua condição natural, com o aporte antrópico (subsídios para minimização dos estresses ambientais)? O primeiro passo é buscar mais conhecimento acerca do potencial alimentício das plantas nativas de cada uma das regiões e divulgar esse conhecimento, para que as plantas pouco convencionais em nossa alimentação possam se tornar uma realidade na mesa da população, promovendo diversificação nutricional para quem Uma relação entre o desenvolvimento da agricultura na humanidade, sua herança cultural-alimentar e as plantas alimentícias não convencionais (PANC). Distúrbios alimentares e alimentação desordenada Inicialmente, é de extrema importância discernir o que é alimentação desordenada e transtorno alimentar (disordered eating e eating disorders, respectivamente). Indivíduos que possuem uma alimentação desordenada são aqueles chamados de “comedores desordenados”. 42 Uma alimentação considerada normal é aquela em que o indivíduo consome alimentos quando está com fome e é capaz de parar quando está satisfeito. Além disso, o mesmo incorpora variedade e qualidade à sua dieta. Já o “comedor desordenado” é aquele que come quando se encontra entediado, triste, estressado, possui o mesmo padrão de refeição todos os dias, corta determinados grupos de alimentos etc. Logo, a alimentação desordenada está presente quando um indivíduo se envolve em padrões anormais de alimentação ou comportamentos alimentares irregulares. Isso geralmente não se aplica a pessoas com intolerâncias alimentares específicas ou problemas de saúde, que talvez não tenham escolha senão aderir a determinada dieta. A alimentação desordenada pode ser gatilho para um transtorno alimentar. Logo, indivíduos com transtorno alimentar exibem uma alimentação desordenada, mas nem todos os “comedores desordenados” podem ser diagnosticados com um transtorno alimentar. A diferença reside na frequência e gravidade dos comportamentos e na angústia que causam ao indivíduo. Entre os transtornos alimentares podemos destacar a bulimia e a anorexia . Os estudos sobre alimentação desordenada e transtorno alimentar no esporte aumentaram extensivamente nos últimos vinte e cinco anos. Trabalhos recentes têm mostrado predomínio de sintomas relacionados a desordens alimentares em atletas do gênero feminino, atletas de elite e praticantes de modalidades que levam em consideração o peso corporal e a estética. A prevalência de alimentação desordenada e de transtorno alimentar varia de 0 a 19% em atletas do gênero masculinos e de 6 a 45% em atletas do gênero feminino . Em uma visão geral dos fatores de risco para gênese de transtornos alimentares em atletas, podemos destacar os fatores biológicos (por exemplo, 43 genético), fatores psicológicos (por exemplo, insatisfação corporal) e de natureza sociocultural (por exemplo, pressão por parte do grupo e/ou do técnico, obtenção de resultados, entre outros) . Atletas do gênero masculino, principalmente os que participam de esportes enfatizando a magreza (incluindo endurance – ciclismo e corrida), estética, corte de peso e os esportes antigravitacionais são os que mais apresentam comportamento alimentar desordenado e/ou transtorno alimentar. Na luta livre, por exemplo, há relatosdo uso de laxantes, vômitos e exercícios excessivos como técnicas extremas para corte de peso . Vários estudos relataram comportamentos frequentes de desordem alimentar e/ou transtorno alimentar em atletas de hipismo, devido a pressões de controle de peso associadas ao esporte. Entre as medidas extremas de perda de peso estão saunas, dieta, pular refeições, uso de diuréticos e exercícios excessivos para perder aproximadamente 2 kg um a dois dias antes de uma corrida . Entre atletas do gênero feminino praticantes de esportes que requerem um determinado padrão estético (patinação, ginástica, dança), a prevalência de transtornos alimentares é maior quando comparada a esportes como, por exemplo, o futebol . Sendo assim, apesar de os transtornos alimentares apresentarem alta prevalência entre mulheres, principalmente nas modalidades como ginástica e balé , atletas do gênero masculino também apresentam elevada prevalência, indicando maior necessidade de cuidado também com este gênero. Baixa disponibilidade energética Os déficits nutricionais são conhecidos por afetar muitos processos fisiológicos em atletas, e a importância da nutrição ideal foi reconhecida pelos principais órgãos e organizações governamentais . 44 A disponibilidade de energia é comumente definida como consumo de energia (kcal) menos o gasto de energia do exercício (kcal), dividido por quilogramas de massa livre de gordura. A disponibilidade de energia é um produto de três componentes – consumo de energia, gasto energético e energia armazenada – e pode sofrer mudanças em qualquer um desses componentes . Atletas do gênero masculino praticantes de esportes que enfatizam a magreza (corrida, ciclismo, ginástica olímpica) ou que exigem comportamentos de controle de peso (luta livre, judô, hipismo) podem apresentar períodos de baixa ingestão calórica ou deficiências nutricionais . Além de algumas consequências supracitadas, atletas desse gênero podem também apresentar hipogonadismo hipogonadotrópico como consequência de baixos níveis de testosterona . É bem descrito na literatura que a baixa disponibilidade energética em mulheres é o principal fator para baixa densidade mineral óssea e amenorreia hipotalâmica funcional . Kim e Nattiv destacaram que o déficit energético crônico pode resultar em prejuízo da função neuroendócrina em mulheres. Entre as consequências da baixa disponibilidade de energia podemos destacar: • Problemas de saúde mental, como a depressão; • Deficiências de micronutrientes e consequências como a anemia; • Fadiga; • Aumento do risco de doença cardiovascular devido, em parte, ao perfil lipídico e da disfunção endotelial deficiente; • Alterações gastrointestinais; • Diminuição da eficácia do sistema imunológico; • Deficiências no crescimento e no desenvolvimento, devido à diminuição da taxa metabólica e à diminuição da produção de hormônio de crescimento; 45 • Impacto negativo no desempenho; Prejuízo na saúde óssea, lesões ósseas (entre elas: fraturas por estresse). Desse modo, estudos adicionais são recomendados para esclarecer estimativas nutricionais inadvertidas (gasto calórico), fatores de risco de desnutrição, déficits intencionais (isto é, desordens e/ou transtornos nutricionais). O planejamento competitivo e sua relação com a tríade do atleta: uma análise envolvendo exercício, nutrição, comportamento e resultados negativos no esporte de alto rendimento, mecanismos que podem levar a efeitos negativos sobre a saúde do atleta, bem como medidas preventivas e educacionais . 46 Referências Beck F, Richard J-B, Nguyen-Thanh V, Montagni I, Parizot I, Renahy E. Use of the Internet as a Health Information Resource Among French Young Adults: Results From a Nationally Representative Survey. J Med Internet Res 2014; 16(5):e128. Rangel-S ML, Lamego G, Gomes ALC. Alimentação saudável: acesso à informação via mapas de navegação na internet. Physis 2012; 22(3):919-39. Santos LA . Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev Nutr 2005; 18(5):681-692. Vasconcellos-Silva PR, Castiel LD, Bagrichevsky M, Griep RH. As novas tecnologias da informação e o consumismo em saúde. Cad Saude Publica 2010; 26(8):1473-1482. Santos LA . Os programas de emagrecimento na Internet: um estudo exploratório. Physis 2007; 17(2):353-372. Abedi V, Mbaye M, Tsivgoulis G, Male S, Goyal N, Alexandrov AV, Zand R. Internet-based information-seeking behavior for transient ischemic attack. Int J Stroke 2015; 10(8):1212-1216. Brownstein JS, Freifeld CC, Madoff LC. Digital Disease Detection - Harnessing the Web for Public Health Surveillance. N Engl J Med 2009; 360(21):2153-2157. Medlock S, Eslami S, Askari M, Arts DL, Sent D, de Rooij SE, Abu-Hanna A. Health Information-Seeking Behavior of Seniors Who Use the Internet: A Survey. J Med Internet Res 2015; 17(1):e10. Pan S, Xu J-J, Han X-X, Zhang J, Hu Q-H, Chu Z-X, Hai Y-Q, Mao X, Yu Y-Q, Geng W-Q, Jiang Y-J, Shang H. Internet-Based Sex-Seeking Behavior 47 Promotes HIV Infection Risk: A 6-Year Serial Cross-Sectional Survey to MSM in Shenyang, China. BioMed Res Int 2016; 2016:2860346. Salwa B, Suha A, Maha A, Ma’an A, Khaled A, Mowafa H. The Prevalence of Internet and Social Media Based Medication Information Seeking Behavior in Saudi Arabia. Stud Health Technol Inform 2016; 226:275-278. Soleymani M, Garivani A, Zare-Farashbandi F. The Effect of the Internet Addiction on the Information-seeking Behavior of the Postgraduate Students. Mater Socio Medica 2016; 28(3):191. Vasconcellos-Silva PR, Castiel LD, Griep RH, Zanchetta M. Cancer prevention campaigns and Internet access: promoting health or disease? J Epidemiol Community Health 2008; 62(10):876-881. Askitas N, Zimmermann KF. Google Econometrics and Unemployment Forecasting. Appl Econ Q 2009; 55(2):107-120. Choi H, Varian H. Predicting the Present with Google Trends: predicting the present with Google Trends. Econ Rec 2012; 88(s1):2-9. Cooper CP, Mallon KP, Leadbetter S, Pollack LA, Peipins LA. Cancer Internet Search Activity on a Major Search Engine, United States 2001-2003. J Med Internet Res 2005; 7(3):e36. Ettredge M, Gerdes J, Karuga G. Using web-based search data to predict macroeconomic statistics. Commun ACM 2005; 48(11):87-92. Ginsberg J, Mohebbi MH, Patel RS, Brammer L, Smolinski MS, Brilliant L. Detecting influenza epidemics using search engine query data. Nature 2009; 457(7232):1012-1014. Gunther E. Infodemiology: Tracking Flu-Related Searches on the Web for Syndromic Surveillance. AMIA Annu Symp Proc 2006; 2006:244-248. 48 Hulth A, Rydevik G, Linde A. Web Queries as a Source for Syndromic Surveillance. PLoS ONE 2009; 4(2):e4378. Polgreen PM, Chen Y, Pennock DM, Nelson FD. Using Internet Searches for Influenza Surveillance. Clin Infect Dis 2008; 47(11):1443-1448. Bragazzi NL, Bacigaluppi S, Robba C, Nardone R, Trinka E, Brigo F. Infodemiology of status epilepticus: A systematic validation of the Google Trends- based search queries. Epilepsy Behav 2016; 55:120-123. Nghiem LTP, Papworth SK, Lim FKS, Carrasco LR. Analysis of the Capacity of Google Trends to Measure Interest in Conservation Topics and the Role of Online News. Gao Z-K, organizador. PLOS ONE 2016; 11(3):e0152802. Schootman M, Toor A, Cavazos-Rehg P, Jeffe DB, McQueen A, Eberth J, Davidson NO. The utility of Google Trends data to examine interest in cancer screening. BMJ Open 2015; 5(6):e006678. Toosi B, Kalia S. Seasonal and Geographic Patterns in Tanning Using Real-Time Data From Google Trends. JAMA Dermatol 2016; 152(2):215. Troelstra SA, Bosdriesz JR, de Boer MR, Kunst AE. Effect of Tobacco Control Policies on Information Seeking