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EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E INCLUSIVA Professora Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa Professora Dra. Bruna Solera Reitor Márcio Mesquita Serva Vice-reitora Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Pró-Reitor Acadêmico Prof. José Roberto Marques de Castro Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitor Administrativo Marco Antonio Teixeira Direção do Núcleo de Educação a Distância Paulo Pardo Coordenação Pedagógica do Curso Fabiana Aparecida Arf Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico B42 Design *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Universidade de Marília Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 CEP 17.525–902- Marília-SP Imagens, ícones e capa: ©freepik, ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia BOAS-VINDAS Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – Universidade de Marília. Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino superior bem feito. A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização e da solidariedade humanas. A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos sonhos, conquistas e desafios. A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR. Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa está ligada de forma indissociável à educação. Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja ofertada e esteja acessível a todos. Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos parceiros neste momento e não mediremos esforços para o seu sucesso! Não vamos parar, vamos continuar com investimentos importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, não é possível nunca parar de sonhar! Bons estudos! Dr. Márcio Mesquita Serva Reitor da UNIMAR Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado em um curso de ensino superior em uma Universidade de excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as oportunidades, faça amizades e viva as experiências que somente um ensino superior consegue proporcionar. Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede do campus universitário localizado na cidade de Marília, navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR! Muito obrigada por escolher esta Universidade para a realização do seu sonho profissional. Seguiremos, juntos, com nossa missão e com nossos valores, sempre com muita dedicação. Bem-vindo(a) à Família UNIMAR. Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam se estiverem capacitadas para isso. Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, que você possa desenvolver as competências e habilidades necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu presente, neste momento mágico em que vivemos. A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você tem a gente para seguir junto com você. Sucesso sempre! Profa. Fernanda Mesquita Serva Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária da UNIMAR Prof. Me. Paulo Pardo Coordenador do Núcleo EAD da UNIMAR 007 Aula 01: 044 Aula 02: 084 Aula 03: 122 Aula 04: Educação Física Adaptada e Inclusão Esportes Adaptados e Paralímpicos Educação Física Escolar e Inclusiva Educação Física: Conhecendo Outras Condições Introdução Olá estudante, Neste material iremos tratar de temas pertinentes a sua formação pro�ssional no que se refere a Educação Física Adaptada e Inclusão. Sua apostila está dividida em quatro unidades. Vamos conhecê-las? Na unidade I, intitulada de “Educação Física Adaptada e Inclusão”, você terá oportunidade de adquirir conhecimentos acerca dos aspectos históricos da Educação Física Adaptada, da pessoa com de�ciência, assim como, entender o que é a de�ciência. Vamos contemplar em nosso conteúdo, os modelos de de�ciência e as características das de�ciências física, visual, auditiva e intelectual. Na unidade II, “Esportes Adaptados e Paralímpicos” vamos discutir a diferença entre esportes adaptados e esportes paralímpicos. Você sabe o que diferencia tais nomenclaturas? Além disso, você conhecerá os esportes paralímpicos de verão e de inverno. Já na unidade III, chamada de “Educação Física Escolar Inclusiva", teremos como foco o debate da inclusão e seus aspectos legais no contexto escolar. Falaremos sobre acessibilidade e traremos dicas de como incluir alunos com de�ciência em suas aulas. Por �m, na unidade IV “Educação Física e Populações Especiais”, estudaremos a obesidade, gestantes e idosos de forma a caracterizá-los e a partir disso, veri�carmos como podemos atuar de forma a possibilitar a eles, uma intervenção pro�ssional de qualidade, seja no espaço escolar ou fora dele. Esperamos que ao �nal dessa jornada do conhecimento você compreenda melhor o universo da inclusão e da Educação Física para pessoas com de�ciência, além de quais ações podem ser desenvolvidas pelo pro�ssional da área dentro e fora da escola. Desejamos a você uma excelente caminhada pelas estradas do conhecimento! 6 01 Educação Física Adaptada e Inclusão Introdução Olá estudante, A unidade I tem como objetivo apresentar conhecimentos que servirão como base para as demais unidades, sendo essenciais para o entendimento da de�ciência ao longo da história e quais os desdobramentos que levaram à como a sociedade vê e se relaciona com a pessoa com de�ciência nos dias atuais. Esta unidade está dividida em três tópicos. São eles: Tópico 1. “Aspectos históricos da Educação Física Adaptada”. Tópico 2. “Pessoa com de�ciência: da exclusão à inclusão na sociedade e na escola” e Tópico 3. “O que é de�ciência: conceitos e características”. No primeiro momento vamos entender os aspectos históricos da Educação Física Adaptada e quais ações e indicativos legais, médicos e pedagógicos levaram a esse campo de atuaçãoque conhecemos hoje, ou seja, vamos caminhar sobre as trilhas históricas do esporte e seus indicativos para inclusão. Na sequência conheceremos melhor o cotidiano das pessoas com de�ciência, re�etindo em especial sobre os termos exclusão, segregação, integração e inclusão. Você vai descobrir como as pessoas com algum tipo de “diferença” eram vistas no passado e quais as barreiras e potencialidades as mesmas apresentam. Por �m, no terceiro tópico você irá conhecer os tipos de de�ciência. Você sabe quais são os aspectos funcionais que acometem cada de�ciência e quais os riscos e possibilidades de ações inerentes às de�ciências física, visual, auditiva e intelectual? Vamos conhecê-las! Bons estudos! 8 Aspectos Históricos da Educação Física Adaptada A história da Educação Física Adaptada vem se consolidando nos últimos anos com práticas direcionadas à inclusão, seja no âmbito esportivo, educacional, da saúde e qualidade de vida. No entanto, vale ressaltar que essas ações não são recentes, há relatos sobre a utilização de exercícios físicos como o tratamento médico ou terapia desde os anos 3.000 a.C., mas à sistematização das propostas e adoção do termo Educação Física Adaptada se deu apenas em 1950 por meio da American Association for Health Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD). O termo Educação Física Adaptada é o mais utilizado mundialmente, mas podemos encontrar referenciais teóricos e materiais da área que adotam os termos Educação Física Especial, Educação Física para pessoas com De�ciência, Educação Física Adaptada ou ainda Atividades Motoras adaptadas. Os referenciais teóricos da área, indicam que à Educação Física Adaptada surgiu como uma forma de abranger pessoas que não atendiam um padrão estético corporal socialmente aceito, ou seja, que não apresentavam corpos bonitos, fortes e saudáveis para prática esportiva competitiva, para os métodos ginásticos, incursões militares ou ações laborais. De início as propositivas eram com o intuito de ocupar corpos vulneráveis ou destituídos de contribuição social e econômica, reduzindo à instauração de doenças e gastos com a saúde pública (FREITAS; CIDADE, 2010). Com o passar do tempo, em especial após as grandes guerras mundiais, a pessoas com de�ciência começa a ser compreendida em suas individualidades e necessidades, fomentando o olhar para práticas corporais como meio de fortalecimento físico e reintegração social. Foi após a Segunda Guerra Mundial Mas a�nal, porque surgiu a Educação Física Adaptada? 9 que a Educação Física Adaptada ganhou maior visibilidade, sendo utilizada como exercícios terapêuticos em hospitais para recuperar a força e função muscular perdidos nos tempos de convalescência. Essa prática incentivou a criação de centros de reabilitação. Foi em um desses centros de reabilitação, Centro Nacional de Lesionados Medulares, incentivado pelo Dr. Ludwig Guttman que os jogos e esportes adaptados para amputados, paraplégicos ou outras de�ciências se tornaram mais populares. Ele acreditava que a Educação Física Adaptada era uma parte essencial no tratamento médico, considerando tanto as mazelas de ordem física como psicológicas e de reintegração social. Foi por meio de suas ações que ocorreu o Jogo de Stoke Mandeville, envolvendo 16 veteranos de guerra em competição de arco e �echa. Hoje em dia, de acordo com Winnick (2004) a Educação Física Adaptada se con�gura como um programa de práticas corporais elaborado para suprir as necessidades individuais das pessoas com de�ciência ou alguma limitação, contemplando desde questões motoras, físicas e esportivas até ações direcionadas à saúde e bem estar. Frente ao exposto, nota-se que a princípio à Educação Física era uma prática corporal direcionada apenas para corpos dentro de um “padrão” de normalidade, para o desenvolvimento de destrezas físicas, mas frente aos avanços cientí�cos que desmisti�cam as de�ciências e com o quadro de militares lesionados devido às guerras, o pensar novas possibilidades de práticas corporais voltadas para saúde, bem estar e integração social se tornaram de suma importância, fomentando os indicativos da Educação Física adaptada que temos hoje. 10 SAIBA MAIS Você sabia que nos cursos de formação inicial em Educação Física questões sobre a de�ciência, suas características e possibilidades de intervenção só foram inseridas no currículo na década de 1980, incentivados pelas propositivas do Ano Internacional da Pessoa De�ciênte (1981), pressões políticas governamentais propostas pelas Organização das nações Unidas (ONU) e pela renovação crítica/pedagógica que à área passou nesse período. Mas mesmo assim, o que se vê ainda são fragilidades sobre a compreensão sobre a de�ciência, estando a maioria das ações centradas apenas nos conhecimentos e vivências dos esportes adaptados. Pessoa com De�ciência: da Exclusão a Inclusão na Sociedade e na Escola O percurso histórico da pessoa com de�ciência não foi fácil, assim como, ainda não é. Mas após passar pela exclusão e diversos desa�os, tais sujeitos chegam aos dias atuais, dias estes marcados pela inclusão. Você conhece essa história? Vamos conhecê-la ou relembrá-la. Existem registros das pessoas com de�ciência ao longo da história. Na Grécia Antiga, em Esparta e Atenas, os recém nascidos que possuíam algum tipo de de�ciência eram abandonados em cavernas profundas ou a própria sorte (DIEHL, 2006), assim como em Roma, na qual as pessoas “defeituosas” (como chamavam- 11 nas na época) eram eliminadas. Isso acontecia pois, não havia reconhecimento de qualquer humanidade nelas, devido a presença de “defeitos” (ARANHA, 2001). As pessoas com de�ciência passavam por um momento de exclusão. No decorrer da Idade Média, as pessoas com de�ciência deixaram de ser exterminadas, no entanto passaram a ser excluídas do contexto social (DIEHL,2006). Com isso, crianças, jovens, adultos com de�ciência passaram a ser isolados em porões, ilhas, vales, asilos, dentre outros. Esse período passou a ser chamado de segregação (DIEHL, 2006; GAIO, 2006). Então estudante, as pessoas com de�ciência que antes eram eliminadas, agora são isoladas do convívio social, veja a �gura 1. Figura 1 - Representação da Exclusão e Segregação da Pessoa com de�ciência na sociedade Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020. Acesse o link disponível aqui Ao �nal da Idade Média, se tem o predomínio da razão e interesse pelo o homem e pela natureza e então, começaram a surgir indícios de pesquisas sobre a de�ciência (DIEHL, 2006). Foi entre os séculos XVI e XVIII que médicos começaram a procurar causa da de�ciência (KASSAR, 1999). Especi�camente no século XVIII se tem as primeiras instituições voltadas ao tratamento das de�ciências (DIEHL, 2006), como exemplo temos o Instituto Real, em Paris, a primeira escola para cegos. Ainda no século XVII, XVIII e XIX, as pessoas com de�ciência se apresentavam em circos e em praças públicas. Tais sujeitos eram alvos de zombaria (FAVATO, 2018). Observe a �gura 2. Nela está Josephene Myrtle Corbin, conhecida como “a mulher 12 https://www.unifesp.br/campus/san7/todas-noticias/2298-deficiencia-o-desafio-da-acessibilidade-e-da-inclusao-social de quatro pernas”, ela era uma atração no circo, no "show de horrores” nos Estados Unidos. Ela se apresentava como “aberração”. Figura 2 - Josephene Myrtle Corbin Fonte: Mistérios do Mundo, [s.d]. Acesse o link disponível aqui 13 https://misteriosdomundo.org/wp-content/uploads/2020/04/727px-Myrtle_Corbin-690x1024.jpg Os estudos cientí�cos foram se proliferando e atingiram seu auge no século XX (DIEHL, 2006). Havia também um crescimento do interesse em “normalizar” as pessoas com de�ciência, por isso, há o surgimento de escolas e clínicas de reabilitação. Esperava-se que tais pessoas se recuperassem para conviver em sociedade. A reabilitação seria uma forma de integração ao mundo, visto ele, como “normal”. Com isso, tinha-se como objetivo, inserir a pessoa com de�ciência na sociedade sem transformaçõesdo ambiente social, esse processo foi conhecido como Movimento de Integração (MARQUES; GUTIERREZ, 2014). Durante esse movimento, as pessoas eram aceitas na sociedade, mas elas deveriam ser capazes de vencer e se adaptar ao ambiente social (CIDADE; FREITAS, 2002). Veja a �gura 3 Figura 3 - Representação da integração da pessoa com de�ciência Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020. Acesse o link disponível aqui Tal movimento não deu muito certo! Isso porque só a reabilitação não estava sendo su�ciente para ajudar as pessoas com de�ciência a se “normalizarem” e conseguirem conviver em sociedade, então, percebeu-se a necessidade de outra iniciativa, ou seja, viu-se que a sociedade poderia ter papel essencial nesta questão. Sendo assim, chega-se à inclusão. 14 https://www.unifesp.br/campus/san7/todas-noticias/2298-deficiencia-o-desafio-da-acessibilidade-e-da-inclusao-social A inclusão é um movimento no qual o sujeito passa a fazer parte da sociedade. Observe a �gura 4. Figura 4 - Representação da inclusão Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020. Acesse o link disponível aqui De acordo com Aranha (2001, p. 18) a inclusão é, Processo de ajuste mútuo, onde cabe à pessoa com de�ciência manifestar-se com relação a seus desejos e necessidades e à sociedade, a implementação dos ajustes e providências necessárias que a ela possibilitem o acesso e a convivência no espaço comum, não segregado. Neste momento, a sociedade passa a assumir responsabilidade na construção de possibilidades para que as pessoas com de�ciência possam conviver em melhores condições. A inclusão ela não substitui a integração, mas vem melhorá- la (SOLERA, 2018). 15 https://www.unifesp.br/campus/san7/todas-noticias/2298-deficiencia-o-desafio-da-acessibilidade-e-da-inclusao-social Até a chegada da inclusão, Leis e declarações foram sendo criadas e conquistadas pelas pessoas com de�ciência. Estas foram trilhando caminhos para chegarmos até a inclusão e também rea�rmando-a na sociedade. Hoje temos a Lei mais atual que direcionada a esses sujeitos, é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com De�ciência (LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015). Esta Lei tem como objetivo, conforme mencionado em seu Art. 1º “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com de�ciência, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015). Ademais, esta Lei a�rma que assegurar os direitos das pessoas com de�ciência é dever do Estado, da sociedade e da família, veja a citação que segue: Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com de�ciência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à pro�ssionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços cientí�cos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De�ciência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico. Neste documento, todos os direitos mencionados são esmiuçados. Visite-o na íntegra. SAIBA MAIS Você sabia que ao longo da história a pessoa com de�ciência já foi chamada de monstro, monstruosidade? Pois é. Com o passar do tempo, várias nomenclaturas foram utilizadas para se referir a estes sujeitos, como de�ciente, portador de de�ciência. Mas o termo mais adequado e atual para se referir a elas, é PESSOA COM DEFICIÊNCIA. 16 O que é a De�ciência: Conceitos e Características Estudantes, o que é de�ciência? Pare e re�ita sobre este questionamento e em seguida prossiga a leitura. Sem dúvidas você já deve ter se deparado, em algum espaço, com alguma pessoa com de�ciência, não é mesmo? Pois é, atualmente, esses sujeitos se fazem mais presentes (atuantes) na sociedade, isso porque, como vimos nos tópicos anteriores, hoje a sociedade oferece meios para que as pessoas com de�ciência tenham condições de participarem da vida social, presenciamos um momento de inclusão. Mesmo que a sociedade, assim como o espaço escolar, não seja totalmente inclusivo, estamos buscando a cada dia possibilitar maior equidade, e veja bem, já evoluímos! O que vamos discutir em seguida, faz parte dessa bagagem em prol da inclusão, pois o conhecimento desmisti�ca concepções e abre nossos olhos para novos caminhos. De�ciência: modelo médico x social Você já ouviu falar em modelos de de�ciência? Pois é. Eles existem. Eles se referem a formas de se entender a de�ciência. São eles: Modelo Médico e Modelo Social. No modelo médico, de�ciência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde - Classi�cação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (2004, p. 49), é de�nida como “problemas nas funções ou nas estruturas do corpo, tais como um desvio importante ou uma perda”. Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 119), trazem a de�ciência como “problemas nas funções ou nas estruturas do corpo como um desvio signi�cativo ou uma perda”. Tais conceitos associam a de�ciência à dimensão biológica dos sujeitos. Com isso, as alterações ou danos, signi�caram impedimento, que levaria a incapacidade (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003). Incapacidade para Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 119) “é uma desvantagem individual, resultante do impedimento ou da de�ciência, que limita ou impede o cumprimento ou desempenho de um papel social”. A de�ciência nesse olhar, é 17 algo natural do corpo, tendo por exemplo, como suporte para melhoria da qualidade de vida desses sujeitos, a medicina, a reabilitação. Sendo apenas do sujeito a responsabilidade por não conseguir ir e vir, por exemplo, de forma independente na sociedade. Com o passar dos anos, esse modelo foi perdendo força e abrindo espaço para outras formas de pensamento. Então, a este modelo médico, integrou-se um conceito construído a partir da área das humanidades, o modelo social. De acordo com este modelo, a de�ciência não está relacionada apenas ao corpo, e sim a restrição social (SOLERA, 2018). Assim a de�ciência teria sua causa associada a imposição social de barreiras que irão impedir ou di�cultar às pessoas com de�ciência usufruírem seus direitos. Estudante, conseguiu identi�car a diferença entre os modelos? É importante ressaltar que eles se complementam. Então podemos a�rmar que a de�ciência está associada a questões biológicas sim, mas ela só se torna uma desvantagem em uma sociedade cheia de barreiras. Devemos então, contribuir para que possamos possibilitar a nossos alunos, um ambiente, um espaço que possibilite a ele frequentar, conviver e se desenvolver de forma autônoma, sem barreiras. Para �nalizar, trazemos a de�nição de pessoa com de�ciência, segundo a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com De�ciência (Estatuto da Pessoa com De�ciência). Esta é a Lei mais atual relacionada à pessoa com de�ciência, sendo assim ela é vista como, Art. 2º [..] aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015). É possível observar nesta de�nição a tentativa de junção dos modelos que estamos tratando neste subtópico, conseguiu identi�car? Ao mesmo tempo em que se relaciona a pessoa com de�ciência ao um impedimento, ela a�rma que este pode ser fortalecido por meio da interação com barreiras, o que implica na di�culdade de participação plena e efetiva na sociedade. Estudante, de�nir a de�ciência não é tarefa simples, assim como não se trata de algo engessado, é algo biológico e social, que poderá re�etir em nossa atuação. Então temos a responsabilidade de entenderdo que trata este assunto e contribuir com a minimização de barreiras para uma inclusão efetiva. 18 De�ciência Física De acordo com Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 128) a de�ciência física “caracteriza-se por uma alteração da estrutura anatômica ou da função que interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo e lhe causa di�culdades de participar da vida de forma independente”. Para Diehl (2006, p. 92), as pessoas com de�ciência física são aquelas que “apresentam algum tipo de comprometimento para a realização dos padrões motores esperados”. Isso resulta na di�culdade em executar os padrões motores, o que pode consequentemente pode comprometer ou não a realização de alguns movimentos como: “caminhar, correr, saltar, manipular coordenadamente objetos e movimentos de estabilização”. As de�ciências físicas podem ser de origem cerebral, medular, muscular ou ósseo-articular, o que afetará diferentes áreas motoras. Vamos conhecer então algumas de�ciências? Origem Cerebral As de�ciências de origem cerebral, de acordo com Diehl (2006), têm sua causa devido a lesões que acontecem no cérebro, afetando diferentes partes do corpo. Segundo Diehl (2006) e Marques, Cidade e Lopes (2009) as de�ciências podem causar: Monoplegia: quando um membro do corpo é afetado. Diplegia: quando afeta dois membros. Triplegia: quando afeta três membros. Quadriplegia: quando afeta quatro membros. Hemiplegia: comprometimento completo, apenas de um lado do corpo. Paraplegia: comprometimento de ambos os membros inferiores. A paralisia cerebral é o tipo mais comum de de�ciência de origem cerebral. 19 Paralisia Cerebral A Paralisia Cerebral (PC), para Diehl (2006, p. 94), “é uma lesão que afeta o Sistema Nervoso Central (SNC) antes que seu desenvolvimento tenha se completado, causando desordem motora e sensitiva na movimentação ampla e �na do corpo”. A PC pode ser classi�cada de acordo com o tipo de alteração do controle de movimento. Veja a seguir. Espástica: O tônus muscular está aumentado (HERNÁNDEZ et al., 2018). Há uma desordem nos movimentos voluntários do sujeito, fazendo com que todo o corpo participe de um movimento, que em pessoas sem a PC espástica, envolveria apenas uma parte do corpo (DIEHL, 2006). Atetóica: Neste tipo, o tônus muscular apresenta variações, podendo em momentos estar em hipotonia e em outros em hipertonia. Essa mudança se dá conforme a atividade e também provoca movimentos involuntários anormais (HERNÁNDEZ et al., 2018). Esse movimento involuntário pode acontecer até mesmo em repouso (DIEHL, 2006). Figura 5 - Criança com Paralisia Cerebral Fonte: shutterstock. 20 Atáxica: O tônus muscular tende a estar diminuído com frequência. Há um distúrbio motor que acarreta em problemas na postura e na coordenação motora, o que consequentemente re�ete em di�culdades no equilíbrio e na percepção tátil (DIEHL, 2006). As crianças podem ter di�culdades em se manter em uma determinada posição (HERNÁNDEZ et al., 2018). De acordo com Hernández et al. (2018) a alteração cerebral tende a dar origem a transtornos do movimento e do tônus muscular, como vimos nos tipos mencionados anteriormente. Isso resulta na falta de coordenação e de equilíbrio muscular. Destacamos ainda, que a gravidade da PC pode variar bastante. Podemos ter crianças com profundas alterações da postura, com quase que ausência total de autonomia, assim como, podemos ter apenas crianças com uma desordenação para movimentos �nos. Pessoas podem ter a necessidade de utilizar uma comunicação alternativa (Figura 6), enquanto outras podem se comunicar verbalmente, como os demais sujeitos. A �gura 6, mostra uma pasta de comunicação alternativa, ou seja, é um meio de comunicação para a PC. Então as �guras e as páginas podem ser adicionadas conforme necessidade do sujeito, que por sua vez, apontará a �gura de acordo com o que ele deseja ou necessita dizer. Figura 6 - Pasta de comunicação alternativa Fonte: Blog AEE 2013 Bruna. Acesse o link disponível aqui 21 http://aeeufc2013bruna.blogspot.com/2013/09/pasta-de-comunicacao-alternativa.html Veja estudante, podemos nos deparar com crianças que apresentam comprometimento intelectual associado a PC, mas isso não é regra. A PC está ligada a di�culdades motoras. Sendo assim, na maioria dos casos o intelecto está preservado, possibilitando a essas pessoas, por exemplo, a participação em jogos complexos. Devemos tomar cuidado ao depararmos com tais sujeitos, pois muitas das pessoas confundem as di�culdades motoras, com de�ciência intelectual, e com essa falta de conhecimento, agem de forma errônea, fortalecendo atitudes que andam na contramão da inclusão. Fique atento! Origem Muscular As de�ciências físicas neste tipo, tem sua origem associada a questão muscular, há uma degeneração progressiva da musculatura. Sua origem é genética e esta ligada ao sexo (DIEHL, 2006). O tipo mais comum é chamado de Distro�a Muscular de Duchenne. Vamos conhecer? Distro�a Muscular Progressiva de Duchenne A Distro�a Muscular Progressiva de Duchenne é uma “doença neuromuscular transmitida por herança recessiva ligada ao gênero: as mães são portadoras do gene responsável que desencadeia a enfermidade e esta afeta a 50% dos �lhos homens” (HERNÁNDEZ, et al., 2018, p. 24). Diehl (2006) a�rma que é uma de�ciência rara em meninas. Ela aparece em torno dos 4 anos de idade e, segundo Diehl (2006) possui duas etapas bem de�nidas: SAIBA MAIS “A incidência normal da PC é de cerca de 2% das crianças nascidas vivas, mas este número varia segundo as séries estudadas, os critérios de seleção, o tempo e o tipo de comunidade analizada" (HERNÁNDEZ et al., 2018, p. 19). 22 �. No primeiro momento há o aparecimento de um desequilíbrio da marcha que, aos poucos, vai aumentando e evolui para um desvio na coluna que acaba por piorar a postura, levando a criança ao uso de cadeira de rodas. �. A partir dos 10 anos, aproximadamente, há um agravamento da degeneração e o adolescente irá precisar ser auxiliado em todas as tarefas, atividades, isso porque tem uma perda de força. De forma geral, pessoas com Distro�a Muscular Progressiva de Duchenne vão a óbito em torno de 20 anos, por insu�ciência respiratória (DIEHL, 2008). Hernández et al. (2018, p.25) destacam que, na realização de atividade física, deve- se levar em consideração estas características. Atividades na água não são ótima ideia, pois as pessoas conseguirão se deslocar com maior facilidade. Ademais, é importante ressaltar que a criança com Distro�a de Duchenne “não pode esgotar sua musculatura no decorrer da prática física, embora esta seja uma terapia”. Origem Ósseo-articular As de�ciências de origem ósseo-articular, são aquelas em que as lesões afetam principalmente o tecido ósseo e/ou articular. Isso pode levar a sequelas no aparato motor (DIEHL, 2006). Tais lesões podem ser originadas antes ou durante o nascimento da criança, que são as chamadas de malformações congênitas, ou podem ainda, ser adquiridas ao longo da vida, como exemplo temos a amputação. Malformações A malformação pode acontecer durante a gestão ou no momento do nascimento. Isso pode resultar na ausência de um membro completo ou ausência de alguma parte. Essa ausência de membro ou de parte dele pode ser causada por toxicidade de medicamentos, podemos mencionar como exemplo a talidomida (DIEHL, 2006). 23 Diehl (2006) aponta que há também outra forma de malformação congênita. Esta diz respeito à rigidez articular, há a calci�cação das articulações de forma com que o sujeito pede a mobilidade dos locais atingidos. Amputação A amputação, de acordo com Hernández et al. (2018, p. 30) é “perda total ou parcial de uma extremidade superior ou inferior”. Amputação é uma lesão adquirida, em geral, tem como causa algum trauma que acaba afetando o sistema nervoso periférico, causando sequelas graves, que por sua vez, se torna necessário a retirada do membro um pouco acima da lesão (DIEHL, 2006). O médico irá preservar a parte de cima do membro quefoi amputado. Este restante é chamado de coto. É o coto que permite a colocação da prótese (DIEHL, 2006). Tais próteses substituem a extremidade perdida (HERNÁNDEZ, et al., 2018). Figura 7 - Malformação na mão Fonte: shutterstock. 24 Estudante, é importante ressaltar que a amputação pode acontecer em qualquer momento da vida. Suas causas podem ser: Congênitas: quando acontece a falta de formação embrionária. Traumáticas: por acidentes de trânsito ou de trabalho… Vasculares: ocorre em pessoas que possuem diabetes ou arteriosclerose. Tumorais: por tumores. Origem Medular As de�ciências de origem medular são aquelas causadas por lesões na região da coluna medular, com isso, afeta-se a sensibilidade, o controle motor ou os dois. Ela pode ocorrer na coluna cervical (C1 a C7), torácica (T1 a T12), lombar (L1 a L5) ou sacral (DIEHL, 2006). Veja a �gura 9, que representa a coluna. Figura 8 - Membro inferior amputado Fonte: shutterstock. 25 Figura 9 - Coluna vertebral Fonte: shutterstock. A de�ciência de origem medular, podem ter suas lesões originadas da Espinha Bí�da, Traumatismos e outros. Espinha Bí�da De acordo com Hernández et al. (2018, p. 16), a espinha bí�da é “uma malformação congênita que consiste numa falha no fechamento do tubo neural durante o período embrionário”. Quando a criança ainda está útero, não acontece 26 o fechamento total da coluna vertebral quando ela se forma, e com isso, algumas vértebras �cam abertas e parte da medula espinhal �ca para fora (HERNÁNDEZ et al., 2018). A criança que nasce com a espinha bí�da apresenta uma protuberância nas costas bem evidente. Hernández et al. (2018) traz uma primeira classi�cação: Espinha bí�da oculta: aqui não há protuberância e nem manifestação externa de algo. Este é o tipo mais leve e comum de espinha bí�da (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009). Meningocele: há meninge e líquido cefalorraquidiano na protuberância, não células nervosas. Para Marques, Cidade e Lopes (2009), essa forma de espinha bí�da raramente tem danos neurológicos. Figura 10 - Espinha bí�da oculta Fonte: Tua Saúde, s/d. Acesse o link disponível aqui 27 https://www.tuasaude.com/espinha-bifida-oculta/ Mielomeningocele: malformação medular, acarretando em hérnia dorsal com células nervosas. Este é o tipo mais grave. A mielomeningocele acontece com mais frequência nas vértebras lombares, o que limita a de�ciência aos membros inferiores (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009). Figura 11 - Meningocele Fonte: Saúde News, 2020. Acesse o link disponível aqui 28 https://www.amato.com.br/meningocele-mielomenigocele-espinha-bifida/ Traumatismos medulares A coluna é parte integrante do Sistema Nervoso Central, qualquer lesão que aconteça nela, causará danos irreversíveis. Segundo Diehl (2006, p. 98), “conforme o trauma, o indivíduo pode perder parcial ou totalmente a sensibilidade do corpo e o controle dos movimentos logo abaixo de onde ocorreu a lesão”. A altura da lesão na coluna está relacionada com a consequência desta, ou seja, quanto mais alta a lesão maior o comprometimento. Veja a seguir um quadro com a explicação acerca das lesões, classi�cações e consequências. Figura 12 - Mielomeningocele Fonte: Blog Casa Adaptada, 2016. Acesse o link disponível aqui 29 https://casadaptada.com.br/2016/12/mielomeningocele-causas-sintomas-e-tratamentos/ Quadro 1 - Lesões, classi�cações e consequências ALTURA DA LESÃO CLASSIFICAÇÃO CONSEQUÊNCIA Acima da C4 Tetraplegia alta Perda da capacidade respiratória, perda sensitiva e do controle motor dos quatro membros e tronco. Cervicais abaixo da C4 Tetraplegia Perda sensitiva e do controle motor dos quatro membros e tronco. Torácicas Paraplegia alta Perda sensitiva e do controle motor dos membros inferiores e tronco. Lombares Paraplegia baixa Perda sensitiva e do controle motor da musculatura do quadril e dos membros inferiores. Sacrais e coccígeas Paralisia parcial Perda parcial da sensibilidade e do controle motor da musculatura e dos membros inferiores. Fonte: Diehl, 2006, p. 98. REFLITA Você sabia que a principal origem das de�ciências físicas no Brasil advém de acidentes de trânsito e de trabalho? Pois é. Essa informação é verdadeira. Fonte: Hernádez et al., 2018. 30 De�ciência Visual Então estudante, você sabe o que é a de�ciência visual e como devemos chamar tais sujeitos? Vamos juntos descobrir. A de�ciência visual, é um termo que usamos para nos referirmos à perda visual que não pode ser corrigida com lentes por prescrição regular (SILVA; VITAL; MELLO, 2012), “se refere a uma limitação sensorial que anula a ou reduz a capacidade ver” (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009). Figura 13 - Criança com de�ciência visual Fonte: shutterstock. 31 A de�ciência visual pode ser de origem congênita ou adquirida, ou seja, o sujeito nasce com a de�ciência ou a adquire ao longo da vida. Um exemplo para essa aquisição, seria o glaucoma, a retinose pigmentar, retinoblastoma, diabetes tipo 1. A pessoas que possuem de�ciência visual ela pode ser cega ou ter baixa visão. A pessoa cega é aquela que não consegue ver nada. A cegueira é a “ausência ou perda da visão em ambos os olhos, ou um campo inferior a 0,1 grau do melhor olho” (DIEHL, 2006, p. 62), isso mesmo após correção. Falando sobre o viés educacional, Diehl (2006) a�rma que a cegueira é vista como perda total da visão ou resíduo mínimo de visão que leva o aluno a utilizar do Braille (sistema de escrita tátil) para ler e escrever, além de outros recursos didáticos necessários. Observe a �gura abaixo, nela você encontra o alfabeto em braille. A pessoa que possui baixa visão, são aquelas que “apresentam desde condições de indicar projeção luminosa, até o grau em que a redução de sua acuidade visual limite o desempenho das atividades diárias da vida” (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009, p. 140). Na educação elas também necessitam de recursos didáticos especiais, como alteração da cor do papel, impressão com letras grandes. As pessoas com de�ciência visual podem usar uma bengala. Esta bengala possui cores, que por sua vez ajudam a identi�car a de�ciência. Veja a �gura 15. Figura 14 - Alfabeto em braille Fonte: shutterstock. 32 Figura 15 - Cores de bengala e tipos de de�ciência Fonte: Folha da Terra, 2019. Estudante, a pessoa que utiliza a bengala branca é cega. A pessoa que usa a bengala verde, possui baixa visão e a pessoa com a bengala vermelha e branca, signi�ca que é surda e cega. Além da bengala a pessoa com de�ciência visual pode utilizar como meio de orientação e mobilidade o cão-guia (�gura 16) (ele indica os espaços em que a pessoa pode se deslocar com segurança) e o guia humano ou vidente (a pessoa com de�ciência visual é orientada por uma pessoa que enxerga) (�gura 17). 33 Figura 16 - Cão guia Fonte: shutterstock. 34 De�ciência Auditiva A pessoa que possui de�ciência auditiva, é chamada de surda, sendo assim ela possui surdez. A surdez caracteriza-se pela “perda total ou parcial da capacidade de conduzir ou perceber sinais sonoros, ou seja, corresponde à perda parcial ou total da audição” (DUARTE; GORLA, 2009, p. 24). A surdez pode ser: Figura 17 - Guia humano Fonte: Solera (2021). 35 Independente do tipo de surdez, as alterações poderão ocorrer em maior ou menor grau. De acordo com Duarte e Gorla (2009, p. 25) “o surdo, muitas vezes escuta o som, mas não compreende o que está escutando, e isso pode desencadear irritação, frustração, curiosidade e desmotivação, que podem interferir em seu processo cognitivo e psicológico". Mas estudante, você sabe como se identi�ca e mede o grau de audição de uma pessoa? Por meio de testes audiométricos. Veja o quadro abaixo (Quadro 2) sobre os níveis de limiares auditivas. 11 Surdez de condução: a lesão está localizada no ouvido externo ou médio, o que leva a diminuição da audição na intensidade sonora. 22 Surdez neurossensorial: lesão no ouvido interno, no labirinto. Há a diminuição ou perda da capacidade de perceber o som. Quadro 2 - Níveis de limiaresauditivas DEFICIÊNCIA AUDITIVA LIMIAR AUDITIVO EXEMPLOS APROXIMADOS Leve 25 a 40 dB Sussurro/cochicho Moderada 41 a 55dB Voz fraca Acentuada 56 a 70 dB Voz normal Severa 71 a 85dB Tráfego, furadeira, voz forte Grave 86 a 90 dB Liquidi�cador, voz muito forte Profunda Superior a 91dB Trem, britadeira, buzina de automóvel, turbina de avião, sons que causam dor. Fonte: Diehl, 2006, p. 43. 36 Sendo assim, pessoas que têm perda auditiva em ambos os ouvidos e escutam entre 25 a 40 dB são consideradas pessoas com de�ciência auditiva leve. Estes sujeitos irão conseguir ouvir o som de uma conversa sussurrada, mas eles não ouvem, por exemplo, os barulhos das folhas. E assim por diante conforme mencionado no quadro 2. É importante destacar que a surdez pode ser congênita ou adquirida. E a pessoa com de�ciência auditiva utilizará da língua de sinais para sua comunicação. Esta língua “é uma forma de comunicação estritamente visual, comunicada através de gestos codi�cados, tais como expressões faciais e pequenos movimentos do corpo” (DIEHL, 2006, p. 45). De�ciência Intelectual A de�ciência intelectual é aquela que está associada a um funcionamento intelectual abaixo da média. Para Silva, Vital e Mello (2009) a de�ciência intelectual é resultado de múltiplos fatores, mas o que há de comum, é a insu�ciência intelectual. Geralmente esses sujeitos possuem um ritmo mais lento Figura 18 - Língua de sinais Fonte: shutterstock. 37 de aprendizagem. Esse funcionamento abaixo da média, interfere em atividades como comunicação, realizações de tarefas diárias, adaptação social, segurança, lazer, trabalho, entre outros. Há tipos de de�ciência intelectual, que dependendo do grau de comprometimento dos sujeitos, eles irão apresentar algumas características. Esses tipos estão relacionados com QI (Quociente de Inteligência), que é um indicador derivado de vários testes que avaliam a capacidade cognitiva das pessoas. Para Silva, Vital e Mello (2009), são eles: Profundo (QI abaixo de 19): esses indivíduos apresentam independência completa, eles não conseguem cuidar de si mesmos. Possuem limitações extremamente acentuadas de aprendizagem. Severo (QI entre 20 e 35): os sujeitos ainda precisam de apoio tanto em casa quanto na escola. Há um acentuado prejuízo de comunicação e mobilidade. Essas pessoas podem chegar a resultados por meio de atividades condicionadas e repetitivas de forma supervisionada. Moderado (QI entre 36 e 51): indivíduo que possui um considerável atraso na aprendizagem e na maioria dos casos apresenta problemas motores visíveis. Apesar disso, tal sujeito apresenta maior facilidade social, assim como a inserção social na família, na escola e na comunidade. Leve (QI entre 55 e 69): são as pessoas que apresentam uma aprendizagem lenta, mas que possuem capacidade para realizar tarefas escolares e da vida diária. Limítrofe (QI entre 68 e 84): Aqui o sujeito é considerado como a pessoa que possui um desvio de inteligência por conta de algumas di�culdades em exercer tarefas que precisam de raciocínio lógico e grande demanda cognitiva. Como exemplo de de�ciência intelectual temos a Síndrome de Down. Síndrome de Down A Síndrome de Down é uma anomalia causada por um acidente genético na hora da divisão cromossômica das células (DIEHL, 2006). Em pessoas sem esta síndrome, as células possuem 46 cromossomos e estes estão distribuídos em 23 pares. Na Síndrome de Down, o erro acontece no cromossomo 21, que �ca com 3 cromossomos, ao invés de dois (�gura 19). 38 Figura 19 - Trissomia 21 Fonte: shutterstock. Por isso, esta síndrome também é conhecida como Trissomia 21 (DANIELSKI, 2001). Este tipo de erro acontece em 95% dos casos de Síndrome de Down. Os outros 5% estão entre a Translação e a Síndrome de Down em Mosaico. A Translação é caracterizada “por uma translocação entre o cromossomo 21 e um dos demais cromossomos, geralmente o 12 ou o 22” (DIEHL, 2006, p. 79). Ela ocorre em cerca de 4% dos pacientes. A Síndrome de Down em Mosaico, ocorre em 1% dos sujeitos. Neste caso “a “primeira célula” do embrião é normal e o erro ocorre no momento da primeira duplicação desta célula e se repete em cada célula enquanto o feto se desenvolve” (DANIELSKI, 2001, p. 25). Apesar desses casos, as pessoas com Síndrome de Down possuem algumas prováveis características. São elas: “Hipotonia, baixa estatura, pescoço curto, orelhas com aparência dobrada típica, boca aberta com a língua protrusa, prega no canto dos olhos semelhante à das pessoas da raça mongólica, pele áspera e seca, dentes pequenos” (DIEHL, 2006, p. 79). A mobilidade pode ser desajeitada e acanhada (DANIELSKI, 2001). 39 Você já deve ter visto uma criança com Síndrome de Down, não é mesmo estudante? Devido a questão genética, é possível reconhecermos tais sujeitos em boa parte dos casos, pois a aparência entre eles é muito semelhante. Veja a próxima �gura. Figura 20 - Criança com Síndrome de Down Fonte: shutterstock. 40 Essas crianças podem apresentar algumas anomalias, como: instabilidade atlantoaxial, convulsões, epilepsia, cardiopatias congênitas, duplicação intestinal, infecções do aparelho respiratório, estrabismo/miopia, entre outras (DIEHL, 2006). Ademais, possuem também de�ciência intelectual, tendo um processo de aprendizagem mais lento, di�culdade de manter a atenção por muito tempo, antecipar e selecionar estímulos e respostas (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009). Figura 21 - Crianças com Síndrome de Down Fonte: shuttertstock. Considerações Finais Estudante, chegamos ao �m de nossa primeira unidade da apostila de “Educação Física Adaptada e Inclusiva”. Nesta empreitada inicial, desvendamos o campo voltado à pessoa com de�ciência. Você teve a oportunidade de ter contato com 41 aspectos históricos da Educação Física Adaptada e da pessoa com de�ciência, assim como, pode conhecer algumas das características e tipos das de�ciências física, visual, auditiva e intelectual. Frente a isso podemos concluir que: O esporte adaptado surgiu com o intuito de auxiliar as pessoas mutiladas da guerra em sua recuperação e partir disso, tem evoluído a cada dia e possibilitado às pessoas que o pratica diversos pontos positivos, não é mesmo? Além disso, trouxe para a Educação Física a oportunidade de olhar para um corpo fora de um padrão socialmente estabelecido, buscando compreender suas práticas e propositivas para além do corpo perfeito, saudável, forte etc. O percurso histórico da pessoa com de�ciência não foi fácil. Pelo contrário, foi sempre desa�ador. Mas apesar de tais sujeitos terem percorrido os caminhos da exclusão, segregação, integração, hoje nos deparamos com o momento de inclusão, no qual, as pessoas com de�ciência podem se sentir pertencentes à sociedade, assim como possuem melhores condições para convivência e seu desenvolvimento autônomo. No entanto, vale ressaltar que ainda temos muito a fazer. Quanto às de�ciências física, visual, auditiva e intelectual, é preciso ter em mente a importância de conhecer cada detalhe destas e suas especi�cidades. Apesar de termos de�nido, por exemplo, os tipos de de�ciência física, cada sujeito pode apresentar uma condição particular. Fique atento! Por �m estudante, estes conhecimentos são extremamente importantes para o decorrer de seus estudos em nossa apostila. Conhecer a história é uma forma de entender os desdobramentos atuais, assim como, conhecer os tipos de de�ciência é a base para em seguida conhecer as modalidades esportivas destinadas a ela. Leitura Complementar Caro(a) estudante, vimos que as pessoas com de�ciência apresentam algumas especi�cidades que devem ser levadas em consideração ao intervimos junto a elas e que nem todas as ações partem efetivamente dos preceitos da integração e inclusão. Quando olharmos a pessoa com de�ciência apenas em suas limitações e buscamos ajudá-la fazendo as coisas por ela e não a auxiliando a fazer por si mesmo (em suas potencialidades) não estamos incluindo e sim evidenciando suas di�culdades,agindo de forma assistencialista. Por isso, lembre-se de sempre ver o que a pessoa com de�ciência consegue fazer para então buscar a melhor forma de ajudá-la, viabilizando autonomia a mesma. 42 Nesta unidade, conhecemos as de�ciências em seus conceitos e características, compreendendo seus modelos e tipos e vimos também que a Educação Física Adaptada,expressão relativamente nova (proposta em 1950 pela Association for Health, Physical Education, Recreation and Dance) vem se instaurando como um campo de atuação que busca promover saúde, bem estar físico, psicológico, social e cognitivo para essas pessoas, por isso, é um campo multifacetado que diariamente se reinventa e abre novas possibilidades de práticas e atuação pro�ssional. As primeiras ações sistematizadas para os propósitos supra apresentados, partiram das propositivas do Dr. Ludwig Guttman, conhecido como pai da Educação Física Adaptada, em especial dos esportes paralímpicos. No Brasil, segundo Costa e Souza (2004) a preocupação com práticas direcionadas às pessoas com de�ciência e ao esporte adaptado ganham força em 1950, com enfoque médico, ou seja, direcionado para prevenção de doenças e exercícios de correção e prevenção, mas de certa forma, nos dias de hoje ainda possuem algumas lacunas que precisam ser revistas e melhoradas, ampliando o olhar para a Educação Física Adaptada como um meio de inserção social e efetiva inclusão. Vocês já pararam para pensar que os esportes adaptados/paralímpicos, são sim um meio de reintegração social, saúde, qualidade de vida, etc., mas muitas vezes essas práticas são realizadas apenas entre pessoas com de�ciência? Para uma efetiva inclusão e atender os propósitos em sua plenitude, essas experiências corporais precisam envolver pessoas com e sem de�ciência, por isso os esportes adaptados precisam ser fomentados no contexto escolar, de centros esportivos, academias, clubes e associações, entre tantos outros. Carmo (2002) traz re�exões importantes; será que a Educação Física está preparada para tratar o uno e o diverso em uma mesma prática corporal? Quais práticas propõe a participação conjunta de pessoas com e sem de�ciência? Será possível uma educação inclusiva? As escolas, alunos, professores, espaços públicos estão preparados e abertos para essas experiências? Ficam aqui algumas re�exões importantes para a Educação Física Adaptada e para busca da inclusão, esperamos que ao longo deste material você encontre respostas para esses e tantos outros questionamentos. Fonte: Anversa; Solera (2021) 43 02 Esportes Adaptados e Paralímpicos Introdução Olá estudante, Esta unidade, intitulada de “Esportes Adaptados e Paralímpicos” tem como objetivo possibilitar a você conhecimentos acerca das modalidades esportivas que foram adaptadas ou criadas para pessoas com de�ciência, destacando os esportes Paralímpicos de verão e de inverno. Sendo assim, dividimos esta unidade em três momentos: tópico 1 “Esportes Adaptados x Esportes Paralímpicos”, tópico 2 “Esportes Paralímpicos de Verão” e tópico 3 “Esportes Paralímpicos de Inverno”. No primeiro tópico iremos conceituar esporte adaptado e esporte paralímpico, assim como diferenciá-los. Você conhece essa diferença? Já no tópico seguinte, você terá a oportunidade de conhecer as modalidades que integram o programa de esporte paralímpico de verão, como, a bocha, basquete em cadeira de rodas, canoagem, ciclismo, entre outros. E por �m, no terceiro tópico, haverá a exposição das modalidades esportivas paralímpicas de inverno, como esqui cross country, curling em cadeira de rodas, hóquei no gelo, snowboard, esqui alpino e biatlo. Será uma caminhada incrível que contribuirá com a sua formação e atuação pro�ssional. Bons estudos! 45 Esportes Adaptados Esporte Paralímpicos: Conceitos e História O esporte adaptado é uma terminologia que abrange a prática esportiva realizada pelas pessoas com de�ciência com o objetivo de inclusão ou melhoria nas questões motoras (COSTA; WINCKLER, 2012). Ele é baseado em modalidades convencionais que foram adaptadas para a participação desses sujeitos (exemplo, Basquete em Cadeira de Rodas, Vôlei Sentado, Bocha) ou foram criadas especi�camente para atender as necessidades de uma de�ciência, como é o caso do goalball, esporte criado exclusivamente para pessoas com de�ciência visual. Enquanto o esporte paralímpico, se caracteriza como uma das formas do esporte adaptado (MARQUES; GUTIERREZ, 2014). As modalidades que se encaixam aqui, são reconhecidas pelo Comitê Paralímpico Internacional. Sendo assim, ele se constitui como um espaço mais restrito, pois remete a prática de modalidades de verão e modalidades de inverno e demanda uma avaliação médica e funcional do praticante, para partidas o�ciais. Tais modalidades estão presentes nos chamados Jogos Paralímpicos. De acordo com Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), seguem as modalidades que temos em tal competição: Modalidades de Verão: Atletismo; Basquete em Cadeira de Rodas; Bocha; Canoagem; Ciclismo; Esgrima em Cadeira de Rodas; Futebol de 5; Futebol de 7; Goalball; Haltero�lismo; Hipismo; Judô; Natação; Parabadminton; Parataekwondo; Remo; Rugby em Cadeira de Rodas; Tênis de Mesa; Tênis em Cadeira de Rodas; Tiro com Arco; Tiro Esportivo; Triatlo; Vôlei Sentado. Modalidades de Inverno: Esqui Cross-Country; Curling em Cadeira de Rodas; Esqui Alpino; Biatlo; Hóquei no Gelo; Snowboard. Conheça essas modalidades nos próximos tópicos. O Esporte Paralímpico possui um logotipo/símbolo. Observe a �gura 1. × 46 Este símbolo é composto por 3 Agitos das cores vermelho, azul e verde. O Agito signi�ca “Eu me movimento” em latim. As cores dos Agitos representam as cores mais utilizadas em todas as bandeiras do mundo. Os três agitos circulam um ponto central, com o objetivo de enfatizar o papel do Comitê Internacional Paralímpico (IPC) em reunir atletas de todo o mundo e fazê-los competir. Figura 1 - Logotipo atual Paralímpico Fonte: shutterstock. 47 Jogos Paralímpicos Os Jogos Paralímpicos acontecem a cada 4 anos, em geral nos mesmos anos dos esportes olímpicos. Nele estão os melhores atletas do mundo. É o segundo maior evento esportivo, perde apenas para as Olímpiadas. Mas é o maior evento quando se trata de esporte para pessoas com de�ciência. A primeira edição aconteceu no ano de 1952, em Stoke Mandeville, onde havia apenas pessoas com lesão medular, dois países e 130 atletas participando. A competição de chamou 1º Jogos Internacionais Stoke Mandeville. Mas o Brasil começou a participar apenas em 1972, na Alemanha (Heidelberg). Do total de 984 atletas, dez eram do Brasil competindo em cinco modalidades, e o restante, de 43 países. Já em 1976, em Toronto (Canadá), participaram do evento pessoas de 38 países com lesão medular, amputação, de�ciência visual e outras de�ciências, com 1.657 atletas. Destes, 23 eram brasileiros competindo em oito modalidades. O evento e a participação em geral, assim como do Brasil, foram crescendo, incluindo de�ciências e modalidades esportivas ao longo das edições. Em 2008, na China (Beijing), 150 países participaram com um total de 1.970 atletas, o Brasil levou 186 atletas que competiram em 13 modalidades (PARSONS; WINCKLER, 2012) e 2016 foi o ano em que o país teve sua maior participação na Paralimpíada, tanto em número de atletas quanto de modalidades. Veja o quadro 1. 48 Quadro 1 - Informações sobre os Jogos Paralímpicos, entre 1960 e 2016. Logotipo, ano, local, logomarca, número de países participantes, número de atletas no total, colocação do Brasil, número de atletas brasileiros, total de medalhas do Brasil e modalidades de participação brasileira Ano Local Nº de Países Nº de Atletas Colocação do Brasil Nº de atletas Total de medalhas Modalidades de participação brasileira 1952 Stoke Mandeville 2 130 - - - - 1960 Roma, Itália 23 400 - - - - 1964 Tóquio, Japão 21 357 - -- - - 1968 Tel Aviv, Israel 29 750 - - - - 1972 Heidelberg, Alemanha 43 984 32º 10 0Basquetebol, atletismo, natação e tiro com arco. 1976 Toronto, Canadá 38 1.657 32 º 23 2 Atletismo, basquetebol, bocha paralímpica e bocha, dardo, sinuca, tênis de mesa, levantamento de peso. 1980 Arnhem, Holanda 42 1.973 42 º 15 0 Basquetebol e natação. 1984 Stoke Mandeville, Inglaterra e Nova York,EUA 41 Ingl. | 45 EUA 1.100 Ingl. | 1.800 EUA 24 º 31 22 Atletismo e natação. 1988 Seul, Coréia do Sul 61 3.013 25 º 60 27 Atletismo, judô, natação, tênis de mesa e basquetebol em cadeira de rodas. 49 1992 Barcelona, Espanha 82 3.021 30 º 41 7 Atletismo, ciclismo, futebol de 7, judô, natação e tênis de mesa. 1996 Atlanta, EUA 103 3.195 37 º 60 21 Atletismo, basquetebol em cadeira de rodas, ciclismo, futebol de 7, judô, natação, levantamento de peso, tênis em cadeira de rodas e tênis de mesa 2000 Sidney, Austrália 122 3.843 24 º 64 22 Atletismo, basquetebol DM, ciclismo, esgrima, futebol de 7, judô, natação, levantamento de peso e tênis de mesa 2004 Atenas, Grécia 136 3.806 14 º 96 33 Atletismo, basquetebol DM, ciclismo, esgrima, futebol de 7, judô, natação, levantamento de peso e tênis de mesa 2008 Beijing, China 150 3.970 9 º 186 47 Atletismo, basquete em cadeira de rodas, ciclismo, hipismo, futebol de 5, futebol de 7, goalball, judô, Tênis em cadeira de rodas, remo e tênis de mesa 2012 London, Great Britain 164 4.245 7º 182 43 Atletismo, bocha, ciclismo, hipismo, futebol de 5, futebol de 7, goalball, judô, levantamento de potência, tênis em cadeira de rodas, remo , vela, natação, tiro esportivo, basquete em cadeira de rodas, esgrima em cadeira de rodas. 50 Na última edição dos Jogos Paralímpicos, Rio 2016, o megaevento contou com mais de 4.000 atletas de 170 países (quadro 2), sendo 283 atletas brasileiros que competiram nas 23 modalidades do programa paralímpico, com cobertura jornalística de 154 países (PORTAL BRASIL, 2016). 2016 Rio de Janeiro, Brasil 160 4.328 8 º 283 72 Atletismo, basquete em cadeira de rodas (BCR), bocha, canoagem, ciclismo de estrada, ciclismo de pista, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, haltero�lismo, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, vela e vôlei sentado. Fonte: Adaptação de Parsons; Winckler (2012); International Paralympic Committee (201?). 51 Quadro 2 - Países que participaram dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 CONTINENTE PAÍS ÁFRICA Algeria Angola Benin Botswana Burkina Faso Burundi Cameroon Cape Verde Central African Republic Congo DR Congo Cote d'Ivoire Egypt Ethiopia Gabon Gambia Ghana Guinea Guinea-Bissau Kenya Lesotho Libya Madagascar Malawi Mali Mauritius Morocco Mozambique Namibia Niger Nigeria Rwanda Sao Tome & Principe Senegal Seychelles Sierra Leone Somalia South Africa UR of Tanzania Togo Tunisia Uganda Zimbabwe AMÉRICA Argentina Aruba Bermuda US Virgin Islands Brazil Canada Chile Colombia Costa Rica Cuba Dominican Republic Ecuador El Salvador Guatemala Haiti Honduras Jamaica Mexico Nicaragua Panama Peru Puerto Rico Suriname Trinidad & Tobago Uruguay USA Venezuela 52 ÁSIA Afghanistan Bahrain Cambodia Uzbekistan People's Republic of China Hong Kong, China India Indonesia Islamic Republic of Iran Iraq Japan Jordan Kazakhstan DPR Korea Korea Kuwait Kyrgyzstan Lao People's Democratic Republic Macao, China Nepal Malaysia Mongolia Myanmar Philippines Oman Pakistan Palestine Sri Lanka Qatar Saudi Arabia Singapore Thailand Syrian Arab Republic Chinese Taipei Tajikistan Vietnam Timor-Leste Turkmenistan United Arab Emirates EUROPA Armenia Austria Azerbaijan Belarus Belgium Bosnia and Herzegovina Bulgaria Croatia Cyprus Czech Republic Denmark Estonia Faroe Islands Finland FYR Macedonia France Georgia Germany Great Britain Greece Hungary Iceland Ireland Israel Italy Latvia Lithuania Luxembourg Malta Republic of Moldova Montenegro Netherlands Norway Poland Portugal Romania Serbia Slovakia Slovenia Spain Sweden Switzerland Turkey Ukraine 53 Note estudante, que com o passar das edições do Jogos Paralímpicos, houve uma evolução na participação do Brasil, assim como, teve um aumento no ganho de medalhas e melhor posicionamento na classi�cação geral, tendo atingido o 7º lugar em Londres, o melhor deles. No Rio 2016, apesar de colocado em 8º lugar, o país levou maior número de atletas e conquistou mais medalhas que na edição anterior. OCEANIA Australia Fiji New Zealand Papua New Guinea Fonte: Adaptação International Paralympic Committee (201?). SAIBA MAIS O termo paralímpico é “uma associação entre o pre�xo grego “para”, que signi�ca paralelo, e o termo “olímpico”, que segundo o IPC (2010), representa a condição paralela entre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos” (PARSONS; WINCKLER, 2014, p. 6). Vale ressaltar que por muitos anos foi utilizado o termo paraolímpico, unindo “paraplegia” e “olimpíada”, mas o fato de envolver outras de�ciências para além de cadeirantes, somada a questões linguísticas resultou na mudança do termo. Fonte: Rede Nacional de Esporte, 2016. 54 Esportes Paralímpicos de Verão: Histórico, Caracterização, Regras O�ciais Estudante, nesse tópico você irá conhecer alguns dos Esporte Paralímpicos de verão. Vamos lá? Atletismo O atletismo é uma modalidade adaptada para as pessoas com de�ciência física, visual e intelectual, seja eles, do sexo feminino ou masculino. Os competidores são divididos em classes esportivas, geralmente os números indicam o grau de comprometimento (quanto menor o número mais grave à de�ciência) e as letras indicam o tipo de esporte. Essas classes consideram a funcionalidade na prática esportiva para os atletas com de�ciência física e a acuidade visual para os atletas com de�ciência visual (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Provas de Atletismo No Atletismo Paralímpico há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos, tanto no feminino quanto masculino. De acordo com o CPB, são elas: Provas de Pista As provas de pista são: Velocidades: 100m, 200m, 400, rev. 4x400m e rev. 4x100m. Meio fundo: 800m, 1.500m. Fundo: 5.000, 10.000m. Salto em distância. Salto em altura. Salto Triplo. 55 Provas de Rua As provas de rua são: Maratona: 42km. Meia-maratona: 21km. Provas de Campo As Provas de Campo são: Lançamento de disco e club. Lançamento de dardo. Arremesso de peso. Classes no Atletismo Os atletas são divididos em grupos de acordo com o grau de de�ciência identi�cado por meio da classi�cação funcional. Os que disputam provas de pista (velocidade, meio fundo, fundo e saltos) e de rua (maratona), levam a letra T (de track) em sua classe (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). T: Track (pista). T11 a T13: De�ciências visuais. T20: De�ciências intelectuais. T31 a T38: Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes: 35 a 38 para andantes). T40 e T41: Anões. T42 a T44: De�ciência nos membros inferiores. T45 a T47: De�ciência nos membros superiores. T51 a T54: Competem em cadeiras de rodas. T61 a T64: Amputados de membros inferiores com prótese. Para os atletas que participam das provas de campo, sendo elas os arremessos e lançamentos, há a identi�cação com a letra F (�eld) em sua classi�cação, conforme segue. F: Field. F11 a F13: De�ciências visuais. F20: De�ciências intelectuais. 56 F31 a F38: Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes: 35 a 38 para andantes). F40 e F41: Anões. F42 a F46: Amputados ou de�ciência nos membros superiores ou inferiores (F42 a F44 para membros inferiores e F45 a F46 para membros superiores). F51 A F57: Competem em cadeiras de rodas (sequelas de poliomielite, lesões medulares, amputações). Estudante, os atletas com de�ciência visual possuem atletas-guia e de apoio. Essa utilização varia de acordo com a classe funcional. Nas provas de 5000m, de 10.000m e na maratona, os atletas das classes T11 e T12 podem ter o auxílio de até dois atletas-guia duranteo percurso. No caso de pódio, recebe medalha o atleta- guia que terminar a prova (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). E durante a prova, como funciona o auxílio do atleta-guia? Para os atletas T11, eles correm ao lado do atleta-guia e usa um cordão de ligação (�gura 2). No salto em distância eles são auxiliados por um apoio. Figura 2 - T11 e seu atleta-guia Fonte: shutterstock. 57 Para os atletas T12 o atleta-guia e apoio são opcionais. Já os T13 não podem usar atleta-guia e nem apoio no salto. Basquete em Cadeira de Rodas O Basquete em Cadeira de Rodas (BCR), é uma modalidade de esporte paralímpico que sofreu adaptações, ou seja, ele foi inspirado no basquete convencional. Essa modalidade envolve pessoas com de�ciência física/motora, do sexo feminino e masculino. A quadra e cesta usadas nesta modalidade, seguem os padrões olímpicos. A partida de BCR tem duração de quatro quartos de 10 minutos e suas regras são as mesmas do basquete olímpico, contando com uma adaptação: cada atleta deve quicar, arremessar ou passar a bola a cada dois toques de dedo na cadeira (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Em quadra, cada equipe deve conter 5 atletas. Cada time possui uma pontuação referente aos atletas em quadra, e essa pontuação não pode ultrapassar 14 pontos no total. Figura 3 - Basquete em Cadeira de Rodas Fonte: shutterstock. 58 Classes no Basquete em Cadeira de Rodas Na classi�cação funcional, os atletas serão avaliados conforme comprometimento físico-motor, com base nessa avaliação, eles vão receber pontos em uma escala de 1 a 4,5 (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Então, quanto maior a de�ciência, menor a classe, e vice-versa. Nesse sentido, a equipe precisa ter atletas com uma pontuação diversi�cada, o que impossibilita que só se tenha atletas com menor comprometimento. Bocha A Bocha é um esporte que sofreu adaptações para possibilitar a participação de pessoas com de�ciência. Os atletas dessa modalidade são do sexo feminino ou masculino com de�ciência severa ou elevado grau de paralisia cerebral. A Bocha exige que os atletas pensem em estratégias a cada jogada, então os jogadores, apesar do alto grau de comprometimento motor, não possuem de�ciência intelectual. A competição consiste em lançar bolas de cor (azul e vermelhas) o mais próximo possível da bola alvo (também chamada de Jack). Para isso, os atletas �cam em um espaço demarcado, chamado de box. Os atletas devem lançar as bolas dentro dos limites da quadra, para esse lançamento é permitido usar as mãos, os pés e instrumentos de auxílio. Os atletas com maior comprometimento contam com a ajuda de um assistente desportivo (também chamados de calheiros) em seu lançamento. 59 Classes da Bocha A bocha conta com 4 classes, elas são divididas de acordo com o grau da de�ciência e da necessidade de auxílio ou não. Vamos conhecê-las? BC1: o atleta apresenta paralisia cerebral com disfunção motora que afeta todo o corpo (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Nesta classe a opção de auxílio de ajudantes, estes por sua vez podem estabilizar a cadeira de rodas do jogador e entregar a bola, quando pedido). Figura 4 - Atleta de Bocha Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro, 2016. Acesse o link disponível aqui 60 https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1727/ct-paralimpico-brasileiro-recebe-a-quarta-edicao-da-copa-brasil-de-bocha BC2: o atleta também apresenta paralisia cerebral com disfunção disfunção motora que afeta o corpo todo (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012), no entanto, o seu comprometimento é menor do que na classe BC1. Estes atletas não podem ter assistente. Figura 5 - Atleta BC1 Fonte: Globo.com, 2012. Foto de Guilherme Taboada / CPB. Acesse o link disponível aqui 61 http://globoesporte.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2012/09/jose-carlos-fica-em-4-na-bocha-paralimpica-e-ja-pensa-no-brasileiro.html BC3: O atleta pode apresentar paralisia cerebral ou uma de�ciência de origem não cerebral ou degenerativa (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Esta é a classe na qual estão os atletas com maior comprometimento motor, estão inclusas as de�ciências muito severas. Os atletas podem usar instrumento auxiliar (ponteira e calha), e ainda podem ser ajudados por um assistente desportivo. Figura 6 - Atleta BC2 Fonte: CQ. Acesse o link disponível aqui 62 https://gq.globo.com/GQ-no-podio/noticia/2016/09/bocha-ja-rendeu-oito-medalhas-ao-brasil-nos-jogos-paralimpicos.html BC4: Os atletas nesta classe também possuem de�ciência severas, eles têm uma grave disfunção locomotora nos quatro membros (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Recebem assistência apenas os atletas que jogam com o pé. Figura 7 - Atleta BC3 Fonte: shutterstock. 63 Divisões de jogo A Bocha pode ser jogada de forma individual, em pares (duplas) ou equipes (3 atletas para cada lado). Em todas as divisões, cada lado terá 6 bolas de cor. Um lado jogará com as bolas vermelhas e outro lado com as bolas azuis. Então no caso de duplas, cada atleta terá 3 bolas, e em equipes, cada um terá duas bolas. Ambos os lados possuem apenas uma bola branca (a primeira bola a ser lançada no jogo). Ciclismo O Ciclismo é uma modalidade adaptada que pode ser praticada por pessoas com paralisia cerebral, de�ciência visual, amputação e lesão medular (usuários de cadeira de rodas), de ambos os sexos. Esta modalidade segue as regras da União Internacional de Ciclismo, tendo apenas algumas diferenças. Figura 8 - Atleta BC4 Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro, 2017. Acesse o link disponível aqui 64 https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1598/atletas-da-bocha-voltam-cedo-aos-treinamentos-para-a-temporada-de-2017 As provas podem ser de estrada e pista. Temos quatro tipos de Bikes. De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, são elas: Convencionais: Estas bikes são para atletas amputados e com outras de�ciências físico-motoras. Elas podem ter adaptações especí�cas para o uso de câmbios e freios. Triciclos: Estas bikes possuem duas rodas atrás para dar mais equilíbrio. Os atletas que a usam são aqueles com paralisia cerebral. Figura 9 - Bike convencional Fonte: shutterstock. 65 Handbikes: São impulsionados pelos braços. São para atletas com paraplegia e tetraplegia. Figura 10 - Triciclos Fonte: Jornal de Indaiatuba. Photo Credit to Arquivo - Giuliano Miranda/ RIC-PMI. Acesse o link disponível aqui 66 http://www.jornalexemplo.com.br/jornal/indaiatuba-recebe-copa-brasil-de-paraciclismo/ Tandem: são bicicletas de dois lugares, elas são utilizadas pelos atletas com de�ciência visual que vão atrás e são conduzidos por seus guias que vão na frente (CIVATTI, 2012). Figura 11 - Handbike Fonte: shutterstock. 67 Classes do Ciclismo Os atletas de ciclismo são divididos em quatro tipos de classes. De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, são elas: H1 a H5: Atletas impulsionam a bicicleta adaptada (handbike) com os braços. T1 e T2: Ciclistas com paralisia cerebral cuja de�ciência impede de andar numa bicicleta convencional (competem em triciclos). C1 a C5: Atletas competem em bicicletas convencionais. Classes direcionadas aos competidores com de�ciência físico-motora e amputados. Tandem: Classe destinada aos de�cientes visuais. As bicicletas são de dois lugares e o ciclista da frente, ou “piloto” enxerga normalmente. Futebol de 5 O Futebol de 5 é uma modalidade adaptada e exclusiva para cegos e pessoas com de�ciência visual do sexo masculino. Sua elaboração baseia-se nas regras do futsal adotadas pela FIFA (FREIRE; MORATO, 2012). As adaptações que existem, vem para contemplar as especi�cidades da de�ciência. As medidas da quadra de Figura 12 - Tandem Fonte: Pedal, Photo por Marcio Rodrigues. 2018. Acesse o link disponível aqui 68 https://www.pedal.com.br/mundial-de-paraciclismo-de-pista-2018-brasil-tera-maior-delegacao-da-historia_texto12781.html jogo são as mesmas do futsal e o seu piso pode ser madeira, borracha sintética, mas ultimamente tem se utilizado grama sintética (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Junto às linhas laterais, são colocadas bandas, que impedem que abola saia de campo. Cada time é formado por 5 jogadores, sendo um goleiro vidente (ele não pode ter participado de competições o�ciais da Fifa nos últimos cinco anos) e quatro na linha (com de�ciência visual). A bola possui guizos internos para que os atletas consigam ouvi-la, sendo assim as partidas são silenciosas, podendo haver manifestação da torcida apenas na hora do gol. O jogo tem duração de dois tempos de 25 minutos com 10 minutos de intervalo. Os jogadores usam uma venda nos olhos, caso eles a toquem, cometerão uma falta. Com cinco infrações o atleta é expulso de campo, e pode ser substituído por outro jogador. Além disso, há no jogo um guia (chamador). Ele �ca atrás do gol adversário com o objetivo de orientar os atletas de seu time. O chamador pode dizer onde os jogadores devem se posicionar e para onde devem chutar. O técnico e goleiro também auxiliam em quadra. Classes no Futebol de 5 Após a aferição visual dos atletas, eles são classi�cados em três classes: Figura 13 - Futebol de 5 Fonte: Adaptação Educa + Brasil. 2019. Acesse o link disponível aqui 69 https://images.educamaisbrasil.com.br/content/banco_de_imagens/guia-de-estudo/D/futebol-para-cegos-chamador.jpg B1: são os atletas com maior comprometimento, são cegos ou com percepção de luz, no entanto não reconhecem o formato de uma mão a qualquer distância. B2: atletas com baixa visão, com percepção de vultos. B3: atletas com menor comprometimento, conseguem de�nir imagens. Nos Jogos Paralímpicos competem apenas as classes B1. Futebol de 7 O Futebol de 7 é uma modalidade adaptada baseada no futebol, da qual participam atletas do sexo masculino, com paralisia cerebral, indivíduos com sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou de acidentes vasculares cerebrais (CRUZ, 2012). As regras são da FIFA, com a diferença de que os arremessos laterais podem ser cobrados com apenas uma das mãos e não há impedimento (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Figura 14 - Futebol de 7 Fonte: Esporte MS, 2018. Acesse o link disponível aqui 70 https://esportems.com.br/site/2018/11/28/com-quatro-times-do-ms-comeca-hoje-disputa-do-brasileiro-de-futebol-pc-7-em-sao-paulo/ Campo de Jogos: o campo tem no máximo 75mx55m, com balizas de 5mx2m. A marca do pênalti �ca a 9,20m do centro da linha de gol. Número de atletas: cada equipe possui 7 jogadores, sendo um deles o goleiro. O time conta ainda com 5 reservas. Tempo de jogo: A partida dura 60 minutos, que são divididos em dois tempos de 30 minutos com intervalo de 10 minutos. Classes no Futebol de 7 No Futebol de 7, há 3 classes. Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro são elas: FT1: são os atletas que possuem comprometimento severo. FT2: atletas que possuem comprometimento mediano. FT3: os atletas possuem comprometimento leve. De acordo com a regra atual é obrigatório que exista sempre, pelo menos um atleta da classe FT1 em campo. Caso não seja possível, o time deve jogar com um dois jogadores a menos. Além disso, cada equipe só pode contar com no máximo um atleta da classe FT3 em campo, durante toda a partida (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Goalball O Goalball é uma modalidade criada exclusivamente para pessoas com de�ciência visual, tanto para o sexo femino quanto masculino. O objetivo deste esporte é fazer gols, é balançar a rede adversária. Os arremessos são realizados com as mãos e devem ser rasteiros ou tocar pelo menos uma vez nas áreas obrigatórias. A equipe é composta por 3 atletas em quadra que são ao mesmo tempo arremessadores e defensores. E 3 jogadores são reservas. Os atletas podem ser cegos ou de baixa visão, e para que não haja vantagem, todos os atletas devem entrar em quadra bandados e vendados (MORATO; ALMEIDA, 2012). A quadra tem as mesmas dimensões da quadra de vôlei (9m de largura por 18m de comprimento). De cada lado da quadra, há um gol com 9m de largura e 1,30m de altura. 71 O jogo é dividido em dois tempos de 12 minutos, com 3 minutos de intervalo. A bola usada no Goalball é de borracha e possui um guizo em seu interior, então esta modalidade também é um jogo silencioso para que os atletas escutem a bola. Figura 15 - Goalball Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro. 2017. Acesse o link disponível aqui 72 https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1053/campeonato-das-americas-de-goalball-comeca-nesta-quarta-feira-29-em-sp Classes no Goalball No Goalball temos 3 classes, B1, B2 e B3. Essas classes competem juntas. Todas as classi�cações são realizadas por meio da mensuração do melhor olho e da possibilidade máxima de correção do problema (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Todos os atletas, independente da classi�cação, usam vendas. B1: os atletas são cegos totais ou com percepção de luz, no entanto, não conseguem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância. B2: os atletas possuem percepção de vultos. B3: os atletas conseguem de�nir imagens. Vôlei Sentado O Vôlei Sentado é uma modalidade adaptada para a prática de homens e mulheres com alguma de�ciência física ou relacionada à locomoção (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). As regras são as mesmas do vôlei olímpico (melhor Figura 16 - Bola de Goalball Fonte: shutterstock. 73 de 4 sets). A exceção é que se pode bloquear o saque, no entanto, os jogadores devem manter contato com o chão o tempo todo. Ganha a partida a equipe que vencer três sets. A quadra possui medidas especí�cas. Ela mede 10m X 6m. A rede �ca a 1,15m do chão no masculino, e a 1,05m no feminino. Cada time é composto por 6 jogadores. Classi�cação no Vôlei Sentado De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, no Vôlei Sentado os atletas são divididos em dois grupos, sendo eles, VS1 e VS2. Figura 17 - Vôlei Sentado Fonte: shutterstock. 11 VS1: nesta classe estão os atletas com uma de�ciência que tem maior impacto nas funções essenciais da modalidade, por exemplo, amputados de perna. 74 Então, no Vôlei Sentado temos atletas com de�ciências menos severas. 22 VS2: nesta classe encontram-se os atletas com uma de�ciência com menor interferência nas funções em quadra, por exemplo, amputação de parte do pé, amputação de polegar. Esportes Paralímpicos de Inverno: Caracterização e Regras O�ciais Básicas Neste momento vamos falar sobre os esportes paralímpicos de inverno, Esqui Cross-Country; Curling em Cadeira de Rodas; Esqui Alpino; Biatlo; Hóquei no Gelo; Snowboard. Esqui Cross-country O Esqui cross-country é uma modalidade que permite a participação de atletas com de�ciência física e visual. Sobre a de�ciência física: dependendo da limitação, o esquiador poderá usar um sit-ski, ou seja, uma cadeira equipada com par de esquis). 75 Sobre de�ciência visual: tais atletas competem com um guia, ou não. As classes B2 e B3 podem escolher se irão competir com guia ou não. Homens e mulheres participam de provas de distâncias curtas, que envolvem provas de velocidade, provas de distância média (5 km a 20 km) e longas, que variam de 10 km a 20 km. Além disso, ainda temos o revezamento por equipe. Curling em Cadeira de Rodas O curling em cadeira de rodas é uma adaptação do curling (um esporte coletivo praticado em pista de gelo, que tem como objetivo lançar pedras de granito o mais próximo possível do alvo, para isso usa-se varredores). As equipes são formadas por homens e mulheres, A modalidade é aberta para pessoas com qualquer tipo de di�culdade de locomoção (paraplegia, lesão da medula espinhal, paralisia cerebral, esclerose múltipla e amputação de pernas). Os times devem elaborar estratégias para empurrar sua pedra em direção ao alvo ou bloquear as pedras da outra equipe utilizando um bastão. Os atletas devem calcular o peso, a volta e o caminho que a pedra deve ser jogada (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Figura 18 - Esqui cross-country: de�ciência física Fonte: shutterstock. 76 Esqui Alpino O esqui alpino paralímpico é uma adaptação do esqui alpino. A modalidade é praticada em uma pista de esqui, localizada geralmente entre montanhas. Os atletas devem percorrer um percurso decente
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