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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 
E INCLUSIVA
Professora Dra. Ana Luiza Barbosa Anversa
Professora Dra. Bruna Solera
Reitor
Márcio Mesquita Serva
Vice-reitora
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva
Pró-Reitor Acadêmico
Prof. José Roberto Marques de Castro
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação 
Comunitária
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva
Pró-reitor Administrativo
Marco Antonio Teixeira
Direção do Núcleo de Educação a Distância
Paulo Pardo
Coordenação Pedagógica do Curso
Fabiana Aparecida Arf
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
B42 Design
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A 
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código 
Penal.
Universidade de Marília 
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001 
CEP 17.525–902- Marília-SP
Imagens, ícones e capa: ©freepik, ©envato, ©pexels, ©pixabay, ©Twenty20 e ©wikimedia
BOAS-VINDAS
Ao iniciar a leitura deste material, que é parte do apoio pedagógico dos 
nossos queridos discentes, convido o leitor a conhecer a UNIMAR – 
Universidade de Marília.
Na UNIMAR, a educação sempre foi sinônimo de transformação, e não 
conseguimos enxergar um melhor caminho senão por meio de um ensino 
superior bem feito. 
A história da UNIMAR, iniciada há mais de 60 anos, foi construída com base 
na excelência do ensino superior para transformar vidas, com a missão 
de formar profissionais éticos e competentes, inseridos na comunidade, 
capazes de constituir o conhecimento e promover a cultura e o intercâmbio, 
a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização 
e da solidariedade humanas.
A história da UNIMAR é bela e de sucesso, e já projeta para o futuro novos 
sonhos, conquistas e desafios.
A beleza e o sucesso, porém, não vêm somente do seu campus de mais de 
350 alqueires e de suas construções funcionais e conectadas; vêm também 
do seu corpo docente altamente qualificado e dos seus egressos: mais 
de 100 mil pessoas, espalhados por todo o Brasil e o mundo, que tiveram 
suas vidas impactadas e transformadas pelo ensino superior da UNIMAR.
Assim, é com orgulho que apresentamos a Educação a Distância da UNIMAR 
com o mesmo propósito: promover transformação de forma democrática 
e acessível em todos os cantos do nosso país. Se há alguma expectativa 
de progresso e mudança de realidade do nosso povo, essa expectativa 
está ligada de forma indissociável à educação.
Nós nos comprometemos com essa educação transformadora, 
investimos nela, trabalhamos noite e dia para que ela seja 
ofertada e esteja acessível a todos. 
Muito obrigado por confiar uma parte importante do seu 
futuro a nós, à UNIMAR e, tenha a certeza de que seremos 
parceiros neste momento e não mediremos esforços para 
o seu sucesso!
Não vamos parar, vamos continuar com investimentos 
importantes na educação superior, sonhando sempre. Afinal, 
não é possível nunca parar de sonhar! 
Bons estudos!
Dr. Márcio Mesquita Serva
Reitor da UNIMAR
Que alegria poder fazer parte deste momento tão especial da sua vida! 
Sempre trabalhei com jovens e sei o quanto estar matriculado 
em um curso de ensino superior em uma Universidade de 
excelência deve ser valorizado. Por isso, aproveite cada 
minuto do seu tempo aqui na UNIMAR, vivenciando o ensino, 
a pesquisa e a extensão universitária. 
Fique atento aos comunicados institucionais, aproveite as 
oportunidades, faça amizades e viva as experiências que 
somente um ensino superior consegue proporcionar.
Acompanhe a UNIMAR pelas redes sociais, visite a sede 
do campus universitário localizado na cidade de Marília, 
navegue pelo nosso site unimar.br, comente no nosso blog 
e compartilhe suas experiências. Viva a UNIMAR!
Muito obrigada por escolher esta Universidade para a 
realização do seu sonho profissional. Seguiremos, 
juntos, com nossa missão e com nossos valores, 
sempre com muita dedicação. 
Bem-vindo(a) à Família UNIMAR.
Educar para transformar: esse é o foco da Universidade de Marília no seu 
projeto de Educação a Distância. Como dizia um grande educador, são as 
pessoas que transformam o mundo, e elas só o transformam 
se estiverem capacitadas para isso.
Esse é o nosso propósito: contribuir para sua transformação 
pessoal, oferecendo um ensino de qualidade, interativo, 
inovador, e buscando nos superar a cada dia para que você 
tenha a melhor experiência educacional. E, mais do que isso, 
que você possa desenvolver as competências e habilidades 
necessárias não somente para o seu futuro, mas para o seu 
presente, neste momento mágico em que vivemos.
A UNIMAR será sua parceira em todos os momentos de 
sua educação superior. Conte conosco! Estamos aqui para 
apoiá-lo! Sabemos que você é o principal responsável pelo 
seu crescimento pessoal e profissional, mas agora você 
tem a gente para seguir junto com você. 
Sucesso sempre!
Profa. Fernanda 
Mesquita Serva
Pró-reitora de Pesquisa, 
Pós-graduação e Ação 
Comunitária da UNIMAR
Prof. Me. Paulo Pardo
Coordenador do Núcleo 
EAD da UNIMAR
007 Aula 01:
044 Aula 02:
084 Aula 03:
122 Aula 04:
Educação Física Adaptada e Inclusão
Esportes Adaptados e Paralímpicos
Educação Física Escolar e Inclusiva
Educação Física: Conhecendo Outras Condições
Introdução
Olá estudante,
Neste material iremos tratar de temas pertinentes a sua formação pro�ssional
no que se refere a Educação Física Adaptada e Inclusão. Sua apostila está
dividida em quatro unidades. Vamos conhecê-las?
Na unidade I, intitulada de “Educação Física Adaptada e Inclusão”, você terá
oportunidade de adquirir conhecimentos acerca dos aspectos históricos da
Educação Física Adaptada, da pessoa com de�ciência, assim como, entender o
que é a de�ciência. Vamos contemplar em nosso conteúdo, os modelos de
de�ciência e as características das de�ciências física, visual, auditiva e
intelectual.
Na unidade II, “Esportes Adaptados e Paralímpicos” vamos discutir a diferença
entre esportes adaptados e esportes paralímpicos. Você sabe o que diferencia
tais nomenclaturas? Além disso, você conhecerá os esportes paralímpicos de
verão e de inverno.
Já na unidade III, chamada de “Educação Física Escolar Inclusiva", teremos
como foco o debate da inclusão e seus aspectos legais no contexto escolar.
Falaremos sobre acessibilidade e traremos dicas de como incluir alunos com
de�ciência em suas aulas.
Por �m, na unidade IV “Educação Física e Populações Especiais”, estudaremos a
obesidade, gestantes e idosos de forma a caracterizá-los e a partir disso,
veri�carmos como podemos atuar de forma a possibilitar a eles, uma
intervenção pro�ssional de qualidade, seja no espaço escolar ou fora dele.
Esperamos que ao �nal dessa jornada do conhecimento você compreenda
melhor o universo da inclusão e da Educação Física para pessoas com
de�ciência, além de quais ações podem ser desenvolvidas pelo pro�ssional da
área dentro e fora da escola. Desejamos a você uma excelente caminhada pelas
estradas do conhecimento!
6
01
Educação Física 
Adaptada e Inclusão
Introdução
Olá estudante,
A unidade I tem como objetivo apresentar conhecimentos que servirão como
base para as demais unidades, sendo essenciais para o entendimento da
de�ciência ao longo da história e quais os desdobramentos que levaram à como a
sociedade vê e se relaciona com a pessoa com de�ciência nos dias atuais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. São eles: Tópico 1. “Aspectos históricos
da Educação Física Adaptada”. Tópico 2. “Pessoa com de�ciência: da exclusão à
inclusão na sociedade e na escola” e Tópico 3. “O que é de�ciência: conceitos e
características”.
No primeiro momento vamos entender os aspectos históricos da Educação Física
Adaptada e quais ações e indicativos legais, médicos e pedagógicos levaram a
esse campo de atuaçãoque conhecemos hoje, ou seja, vamos caminhar sobre as
trilhas históricas do esporte e seus indicativos para inclusão.
Na sequência conheceremos melhor o cotidiano das pessoas com de�ciência,
re�etindo em especial sobre os termos exclusão, segregação, integração e
inclusão. Você vai descobrir como as pessoas com algum tipo de “diferença” eram
vistas no passado e quais as barreiras e potencialidades as mesmas apresentam.
Por �m, no terceiro tópico você irá conhecer os tipos de de�ciência. Você sabe
quais são os aspectos funcionais que acometem cada de�ciência e quais os riscos
e possibilidades de ações inerentes às de�ciências física, visual, auditiva e
intelectual? Vamos conhecê-las!
Bons estudos!
8
Aspectos Históricos da Educação
Física Adaptada
A história da Educação Física Adaptada vem se consolidando nos últimos anos
com práticas direcionadas à inclusão, seja no âmbito esportivo, educacional, da
saúde e qualidade de vida.
No entanto, vale ressaltar que essas ações não são recentes, há relatos sobre a
utilização de exercícios físicos como o tratamento médico ou terapia desde os
anos 3.000 a.C., mas à sistematização das propostas e adoção do termo Educação
Física Adaptada se deu apenas em 1950 por meio da American Association for
Health Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD).
O termo Educação Física Adaptada é o mais utilizado mundialmente, mas
podemos encontrar referenciais teóricos e materiais da área que adotam os
termos Educação Física Especial, Educação Física para pessoas com De�ciência,
Educação Física Adaptada ou ainda Atividades Motoras adaptadas.
Os referenciais teóricos da área, indicam que à Educação Física Adaptada surgiu
como uma forma de abranger pessoas que não atendiam um padrão estético
corporal socialmente aceito, ou seja, que não apresentavam corpos bonitos, fortes
e saudáveis para prática esportiva competitiva, para os métodos ginásticos,
incursões militares ou ações laborais. De início as propositivas eram com o intuito
de ocupar corpos vulneráveis ou destituídos de contribuição social e econômica,
reduzindo à instauração de doenças e gastos com a saúde pública (FREITAS;
CIDADE, 2010).
Com o passar do tempo, em especial após as grandes guerras mundiais, a
pessoas com de�ciência começa a ser compreendida em suas individualidades e
necessidades, fomentando o olhar para práticas corporais como meio de
fortalecimento físico e reintegração social. Foi após a Segunda Guerra Mundial
Mas a�nal, porque surgiu a Educação Física Adaptada?
9
que a Educação Física Adaptada ganhou maior visibilidade, sendo utilizada como
exercícios terapêuticos em hospitais para recuperar a força e função muscular
perdidos nos tempos de convalescência. Essa prática incentivou a criação de
centros de reabilitação.
Foi em um desses centros de reabilitação, Centro Nacional de Lesionados
Medulares, incentivado pelo Dr. Ludwig Guttman que os jogos e esportes
adaptados para amputados, paraplégicos ou outras de�ciências se tornaram mais
populares. Ele acreditava que a Educação Física Adaptada era uma parte
essencial no tratamento médico, considerando tanto as mazelas de ordem física
como psicológicas e de reintegração social. Foi por meio de suas ações que
ocorreu o Jogo de Stoke Mandeville, envolvendo 16 veteranos de guerra em
competição de arco e �echa.
Hoje em dia, de acordo com Winnick (2004) a Educação Física Adaptada se
con�gura como um programa de práticas corporais elaborado para suprir as
necessidades individuais das pessoas com de�ciência ou alguma limitação,
contemplando desde questões motoras, físicas e esportivas até ações
direcionadas à saúde e bem estar.
Frente ao exposto, nota-se que a princípio à Educação Física era uma prática
corporal direcionada apenas para corpos dentro de um “padrão” de normalidade,
para o desenvolvimento de destrezas físicas, mas frente aos avanços cientí�cos
que desmisti�cam as de�ciências e com o quadro de militares lesionados devido
às guerras, o pensar novas possibilidades de práticas corporais voltadas para
saúde, bem estar e integração social se tornaram de suma importância,
fomentando os indicativos da Educação Física adaptada que temos hoje.
10
SAIBA MAIS
Você sabia que nos cursos de formação inicial em Educação Física
questões sobre a de�ciência, suas características e possibilidades de
intervenção só foram inseridas no currículo na década de 1980,
incentivados pelas propositivas do Ano Internacional da Pessoa
De�ciênte (1981), pressões políticas governamentais propostas pelas
Organização das nações Unidas (ONU) e pela renovação
crítica/pedagógica que à área passou nesse período. Mas mesmo assim,
o que se vê ainda são fragilidades sobre a compreensão sobre a
de�ciência, estando a maioria das ações centradas apenas nos
conhecimentos e vivências dos esportes adaptados.
Pessoa com De�ciência: da
Exclusão a Inclusão na Sociedade
e na Escola
O percurso histórico da pessoa com de�ciência não foi fácil, assim como, ainda
não é. Mas após passar pela exclusão e diversos desa�os, tais sujeitos chegam aos
dias atuais, dias estes marcados pela inclusão. Você conhece essa história? Vamos
conhecê-la ou relembrá-la.
Existem registros das pessoas com de�ciência ao longo da história. Na Grécia
Antiga, em Esparta e Atenas, os recém nascidos que possuíam algum tipo de
de�ciência eram abandonados em cavernas profundas ou a própria sorte (DIEHL,
2006), assim como em Roma, na qual as pessoas “defeituosas” (como chamavam-
11
nas na época) eram eliminadas. Isso acontecia pois, não havia reconhecimento de
qualquer humanidade nelas, devido a presença de “defeitos” (ARANHA, 2001). As
pessoas com de�ciência passavam por um momento de exclusão.
No decorrer da Idade Média, as pessoas com de�ciência deixaram de ser
exterminadas, no entanto passaram a ser excluídas do contexto social
(DIEHL,2006). Com isso, crianças, jovens, adultos com de�ciência passaram a ser
isolados em porões, ilhas, vales, asilos, dentre outros. Esse período passou a ser
chamado de segregação (DIEHL, 2006; GAIO, 2006).
Então estudante, as pessoas com de�ciência que antes eram eliminadas, agora
são isoladas do convívio social, veja a �gura 1.
Figura 1 - Representação da Exclusão e Segregação da Pessoa com de�ciência
na sociedade
Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020. Acesse o link disponível aqui
Ao �nal da Idade Média, se tem o predomínio da razão e interesse pelo o homem
e pela natureza e então, começaram a surgir indícios de pesquisas sobre a
de�ciência (DIEHL, 2006). Foi entre os séculos XVI e XVIII que médicos
começaram a procurar causa da de�ciência (KASSAR, 1999). Especi�camente no
século XVIII se tem as primeiras instituições voltadas ao tratamento das
de�ciências (DIEHL, 2006), como exemplo temos o Instituto Real, em Paris, a
primeira escola para cegos.
Ainda no século XVII, XVIII e XIX, as pessoas com de�ciência se apresentavam em
circos e em praças públicas. Tais sujeitos eram alvos de zombaria (FAVATO, 2018).
Observe a �gura 2. Nela está Josephene Myrtle Corbin, conhecida como “a mulher
12
https://www.unifesp.br/campus/san7/todas-noticias/2298-deficiencia-o-desafio-da-acessibilidade-e-da-inclusao-social
de quatro pernas”, ela era uma atração no circo, no "show de horrores” nos
Estados Unidos. Ela se apresentava como “aberração”.
Figura 2 - Josephene Myrtle Corbin
Fonte: Mistérios do Mundo, [s.d]. Acesse o link disponível aqui
13
https://misteriosdomundo.org/wp-content/uploads/2020/04/727px-Myrtle_Corbin-690x1024.jpg
Os estudos cientí�cos foram se proliferando e atingiram seu auge no século XX
(DIEHL, 2006). Havia também um crescimento do interesse em “normalizar” as
pessoas com de�ciência, por isso, há o surgimento de escolas e clínicas de
reabilitação.   Esperava-se que tais pessoas se recuperassem para conviver em
sociedade. A reabilitação seria uma forma de integração ao mundo, visto ele,
como “normal”. Com isso, tinha-se como objetivo, inserir a pessoa com de�ciência
na sociedade sem transformaçõesdo ambiente social, esse processo foi
conhecido como Movimento de Integração (MARQUES; GUTIERREZ, 2014).
Durante esse movimento, as pessoas eram aceitas na sociedade, mas elas
deveriam ser capazes de vencer e se adaptar ao ambiente social (CIDADE;
FREITAS, 2002). Veja a �gura 3
Figura 3 - Representação da integração da pessoa com de�ciência
Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020. Acesse o link disponível aqui
Tal movimento não deu muito certo! Isso porque só a reabilitação não estava
sendo su�ciente para ajudar as pessoas com de�ciência a se “normalizarem” e
conseguirem conviver em sociedade, então, percebeu-se a necessidade de outra
iniciativa, ou seja, viu-se que a sociedade poderia ter papel essencial nesta
questão. Sendo assim, chega-se à inclusão.
14
https://www.unifesp.br/campus/san7/todas-noticias/2298-deficiencia-o-desafio-da-acessibilidade-e-da-inclusao-social
A inclusão é um movimento no qual o sujeito passa a fazer parte da sociedade.
Observe a �gura 4.
Figura 4 - Representação da inclusão
Fonte: Governo do Paraná/UNIFESP, 2020. Acesse o link disponível aqui
De acordo com Aranha (2001, p. 18) a inclusão é,
Processo de ajuste mútuo, onde cabe à pessoa com de�ciência
manifestar-se com relação a seus desejos e necessidades e à
sociedade, a implementação dos ajustes e providências necessárias
que a ela possibilitem o acesso e a convivência no espaço comum, não
segregado.
Neste momento, a sociedade passa a assumir responsabilidade na construção de
possibilidades para que as pessoas com de�ciência possam conviver em
melhores condições.  A inclusão ela não substitui a integração, mas vem melhorá-
la (SOLERA, 2018).
15
https://www.unifesp.br/campus/san7/todas-noticias/2298-deficiencia-o-desafio-da-acessibilidade-e-da-inclusao-social
Até a chegada da inclusão, Leis e declarações foram sendo criadas e conquistadas
pelas pessoas com de�ciência. Estas foram trilhando caminhos para chegarmos
até a inclusão e também rea�rmando-a na sociedade. Hoje temos a Lei mais
atual que direcionada a esses sujeitos, é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com De�ciência (LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015). Esta Lei tem como
objetivo, conforme mencionado em seu Art. 1º “assegurar e promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais
por pessoa com de�ciência, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL,
2015).
Ademais, esta Lei a�rma que assegurar os direitos das pessoas com de�ciência é
dever do Estado, da sociedade e da família, veja a citação que segue:
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa
com de�ciência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à
alimentação, à habitação, à educação, à pro�ssionalização, ao trabalho,
à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à
acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à
informação, à comunicação, aos avanços cientí�cos e tecnológicos, à
dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e
comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De�ciência e seu
Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu
bem-estar pessoal, social e econômico.
Neste documento, todos os direitos mencionados são esmiuçados. Visite-o na
íntegra.
SAIBA MAIS
Você sabia que ao longo da história a pessoa com de�ciência já foi
chamada de monstro, monstruosidade? Pois é. Com o passar do tempo,
várias nomenclaturas foram utilizadas para se referir a estes sujeitos,
como de�ciente, portador de de�ciência. Mas o termo mais adequado e
atual para se referir a elas, é PESSOA COM DEFICIÊNCIA.
16
O que é a De�ciência: Conceitos e
Características
Estudantes, o que é de�ciência? Pare e re�ita sobre este questionamento e em
seguida prossiga a leitura.
Sem dúvidas você já deve ter se deparado, em algum espaço, com alguma pessoa
com de�ciência, não é mesmo? Pois é, atualmente, esses sujeitos se fazem mais
presentes (atuantes) na sociedade, isso porque, como vimos nos tópicos
anteriores, hoje a sociedade oferece meios para que as pessoas com de�ciência
tenham condições de participarem da vida social, presenciamos um momento de
inclusão. Mesmo que a sociedade, assim como o espaço escolar, não seja
totalmente inclusivo, estamos buscando a cada dia possibilitar maior equidade, e
veja bem, já evoluímos!
O que vamos discutir em seguida, faz parte dessa bagagem em prol da inclusão,
pois o conhecimento desmisti�ca concepções e abre nossos olhos para novos
caminhos.
De�ciência: modelo médico x social
Você já ouviu falar em modelos de de�ciência? Pois é. Eles existem. Eles se
referem a formas de se entender a de�ciência. São eles: Modelo Médico e Modelo
Social.
No modelo médico, de�ciência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde -
Classi�cação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (2004,
p. 49), é de�nida como “problemas nas funções ou nas estruturas do corpo, tais
como um desvio importante ou uma perda”.  Marques, Cidade e Lopes (2009, p.
119), trazem a de�ciência como “problemas nas funções ou nas estruturas do
corpo como um desvio signi�cativo ou uma perda”. Tais conceitos associam a
de�ciência à dimensão biológica dos sujeitos. Com isso, as alterações ou danos,
signi�caram impedimento, que levaria a incapacidade (FERREIRA; GUIMARÃES,
2003).
Incapacidade para Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 119) “é uma desvantagem
individual, resultante do impedimento ou da de�ciência, que limita ou impede o
cumprimento ou desempenho de um papel social”. A de�ciência nesse olhar, é
17
algo natural do corpo, tendo por exemplo, como suporte para melhoria da
qualidade de vida desses sujeitos, a medicina, a reabilitação. Sendo apenas do
sujeito a responsabilidade por não conseguir ir e vir, por exemplo, de forma
independente na sociedade.
Com o passar dos anos, esse modelo foi perdendo força e abrindo espaço para
outras formas de pensamento. Então, a este modelo médico, integrou-se um
conceito construído a partir da área das humanidades, o modelo social. De
acordo com este modelo, a de�ciência não está relacionada apenas ao corpo, e
sim a restrição social (SOLERA, 2018). Assim a de�ciência teria sua causa
associada a imposição social de barreiras que irão impedir ou di�cultar às pessoas
com de�ciência usufruírem seus direitos.
Estudante, conseguiu identi�car a diferença entre os modelos? É importante
ressaltar que eles se complementam. Então podemos a�rmar que a de�ciência
está associada a questões biológicas sim, mas ela só se torna uma desvantagem
em uma sociedade cheia de barreiras. Devemos então, contribuir para que
possamos possibilitar a nossos alunos, um ambiente, um espaço que possibilite a
ele frequentar, conviver e se desenvolver de forma autônoma, sem barreiras.
Para �nalizar, trazemos a de�nição de pessoa com de�ciência, segundo a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com De�ciência (Estatuto da Pessoa com
De�ciência). Esta é a Lei mais atual relacionada à pessoa com de�ciência, sendo
assim ela é vista como,
Art. 2º [..] aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma
ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas
(BRASIL, 2015).
É possível observar nesta de�nição a tentativa de junção dos modelos que
estamos tratando neste subtópico, conseguiu identi�car? Ao mesmo tempo em
que se relaciona a pessoa com de�ciência ao um impedimento, ela a�rma que
este pode ser fortalecido por meio da interação com barreiras, o que implica na
di�culdade de participação plena e efetiva na sociedade.
Estudante, de�nir a de�ciência não é tarefa simples, assim como não se trata de
algo engessado, é algo biológico e social, que poderá re�etir em nossa atuação.
Então temos a responsabilidade de entenderdo que trata este assunto e
contribuir com a minimização de barreiras para uma inclusão efetiva.
18
De�ciência Física
De acordo com Marques, Cidade e Lopes (2009, p. 128) a de�ciência física
“caracteriza-se por uma alteração da estrutura anatômica ou da função que
interfere na movimentação e/ou locomoção do indivíduo e lhe causa di�culdades
de participar da vida de forma independente”. Para Diehl (2006, p. 92), as pessoas
com de�ciência física são aquelas que “apresentam algum tipo de
comprometimento para a realização dos padrões motores esperados”. Isso resulta
na di�culdade em executar os padrões motores, o que pode consequentemente
pode comprometer ou não a realização de alguns movimentos como: “caminhar,
correr, saltar, manipular coordenadamente objetos e movimentos de
estabilização”.
As de�ciências físicas podem ser de origem cerebral, medular, muscular ou
ósseo-articular, o que afetará diferentes áreas motoras. Vamos conhecer então
algumas de�ciências?
Origem Cerebral
As de�ciências de origem cerebral, de acordo com Diehl (2006), têm sua causa
devido a lesões que acontecem no cérebro, afetando diferentes partes do corpo.
Segundo Diehl (2006) e Marques, Cidade e Lopes (2009) as de�ciências podem
causar:
Monoplegia: quando um membro do corpo é afetado.
Diplegia: quando afeta dois membros.
Triplegia: quando afeta três membros.
Quadriplegia: quando afeta quatro membros.
Hemiplegia: comprometimento completo, apenas de um lado do corpo.
Paraplegia: comprometimento de ambos os membros inferiores.
A paralisia cerebral é o tipo mais comum de de�ciência de origem cerebral.
19
Paralisia Cerebral
A Paralisia Cerebral (PC), para Diehl (2006, p. 94), “é uma lesão que afeta o Sistema
Nervoso Central (SNC) antes que seu desenvolvimento tenha se completado,
causando desordem motora e sensitiva na movimentação ampla e �na do corpo”.
A PC pode ser classi�cada de acordo com o tipo de alteração do controle de
movimento. Veja a seguir.
Espástica: O tônus muscular está aumentado (HERNÁNDEZ et al., 2018). Há
uma desordem nos movimentos voluntários do sujeito, fazendo com que
todo o corpo participe de um movimento, que em pessoas sem a PC
espástica, envolveria apenas uma parte do corpo (DIEHL, 2006).
Atetóica: Neste tipo, o tônus muscular apresenta variações, podendo em
momentos estar em hipotonia e em outros em hipertonia. Essa mudança se
dá conforme a atividade e também provoca movimentos involuntários
anormais (HERNÁNDEZ et al., 2018). Esse movimento involuntário pode
acontecer até mesmo em repouso (DIEHL, 2006).
Figura 5 - Criança com Paralisia Cerebral
Fonte: shutterstock.
20
Atáxica: O tônus muscular tende a estar diminuído com frequência. Há um
distúrbio motor que acarreta em problemas na postura e na coordenação
motora, o que consequentemente re�ete em di�culdades no equilíbrio e na
percepção tátil (DIEHL, 2006). As crianças podem ter di�culdades em se
manter em uma determinada posição (HERNÁNDEZ et al., 2018).
De acordo com Hernández et al. (2018) a alteração cerebral tende a dar origem a
transtornos do movimento e do tônus muscular, como vimos nos tipos
mencionados anteriormente. Isso resulta na falta de coordenação e de equilíbrio
muscular. Destacamos ainda, que a gravidade da PC pode variar bastante.
Podemos ter crianças com profundas alterações da postura, com quase que
ausência total de autonomia, assim como, podemos ter apenas crianças com
uma desordenação para movimentos �nos. Pessoas podem ter a necessidade de
utilizar uma comunicação alternativa (Figura 6), enquanto outras podem se
comunicar verbalmente, como os demais sujeitos.
A �gura 6, mostra uma pasta de comunicação alternativa, ou seja, é um meio de
comunicação para a PC. Então as �guras e as páginas podem ser adicionadas
conforme necessidade do sujeito, que por sua vez, apontará a �gura de acordo
com o que ele deseja ou necessita dizer.
Figura 6 - Pasta de comunicação alternativa
Fonte: Blog AEE 2013 Bruna. Acesse o link disponível aqui
21
http://aeeufc2013bruna.blogspot.com/2013/09/pasta-de-comunicacao-alternativa.html
Veja estudante, podemos nos deparar com crianças que apresentam
comprometimento intelectual associado a PC, mas isso não é regra. A PC está
ligada a di�culdades motoras. Sendo assim, na maioria dos casos o intelecto está
preservado, possibilitando a essas pessoas, por exemplo, a participação em jogos
complexos.
Devemos tomar cuidado ao depararmos com tais sujeitos, pois muitas das
pessoas confundem as di�culdades motoras, com de�ciência intelectual, e com
essa falta de conhecimento, agem de forma errônea, fortalecendo atitudes que
andam na contramão da inclusão. Fique atento!
Origem Muscular
As de�ciências físicas neste tipo, tem sua origem associada a questão muscular,
há uma degeneração progressiva da musculatura. Sua origem é genética e esta
ligada ao sexo (DIEHL, 2006). O tipo mais comum é chamado de Distro�a
Muscular de Duchenne. Vamos conhecer?
Distro�a Muscular Progressiva de Duchenne
A Distro�a Muscular Progressiva de Duchenne é uma “doença neuromuscular
transmitida por herança recessiva ligada ao gênero: as mães são portadoras do
gene responsável que desencadeia a enfermidade e esta afeta a 50% dos �lhos
homens” (HERNÁNDEZ, et al., 2018, p. 24). Diehl (2006) a�rma que é uma
de�ciência rara em meninas. Ela aparece em torno dos 4 anos de idade e,
segundo Diehl (2006) possui duas etapas bem de�nidas:
SAIBA MAIS
“A incidência normal da PC é de cerca de 2% das crianças nascidas
vivas, mas este número varia segundo as séries estudadas, os critérios
de seleção, o tempo e o tipo de comunidade analizada" (HERNÁNDEZ
et al., 2018, p. 19).
22
�. No primeiro momento há o aparecimento de um desequilíbrio da marcha
que, aos poucos, vai aumentando e evolui para um desvio na coluna que
acaba por piorar a postura, levando a criança ao uso de cadeira de rodas.
�. A partir dos 10 anos, aproximadamente, há um agravamento da
degeneração e o adolescente irá precisar ser auxiliado em todas as tarefas,
atividades, isso porque tem uma perda de força. De forma geral, pessoas
com Distro�a Muscular Progressiva de Duchenne vão a óbito em torno de 20
anos, por insu�ciência respiratória (DIEHL, 2008).
Hernández et al. (2018, p.25) destacam que, na realização de atividade física, deve-
se levar em consideração estas características. Atividades na água não são ótima
ideia, pois as pessoas conseguirão se deslocar com maior facilidade. Ademais, é
importante ressaltar que a criança com Distro�a de Duchenne “não pode esgotar
sua musculatura no decorrer da prática física, embora esta seja uma terapia”.
Origem Ósseo-articular
As de�ciências de origem ósseo-articular, são aquelas em que as lesões afetam
principalmente o tecido ósseo e/ou articular. Isso pode levar a sequelas no
aparato motor (DIEHL, 2006). Tais lesões podem ser originadas antes ou durante o
nascimento da criança, que são as chamadas de malformações congênitas, ou
podem ainda, ser adquiridas ao longo da vida, como exemplo temos a
amputação.
Malformações
A malformação pode acontecer durante a gestão ou no momento do nascimento.
Isso pode resultar na ausência de um membro completo ou ausência de alguma
parte. Essa ausência de membro ou de parte dele pode ser causada por
toxicidade de medicamentos, podemos mencionar como exemplo a talidomida
(DIEHL, 2006).
23
Diehl (2006) aponta que há também outra forma de malformação congênita.
Esta diz respeito à rigidez articular, há a calci�cação das articulações de forma
com que o sujeito pede a mobilidade dos locais atingidos.
Amputação
A amputação, de acordo com Hernández et al. (2018, p. 30) é “perda total ou
parcial de uma extremidade superior ou inferior”.   Amputação é uma lesão
adquirida, em geral, tem como causa algum trauma que acaba afetando o
sistema nervoso periférico, causando sequelas graves, que por sua vez, se torna
necessário a retirada do membro um pouco acima da lesão (DIEHL, 2006).
O médico irá preservar a parte de cima do membro quefoi amputado. Este
restante é chamado de coto. É o coto que permite a colocação da prótese (DIEHL,
2006). Tais próteses substituem a extremidade perdida (HERNÁNDEZ, et al., 2018).
Figura 7 - Malformação na mão
Fonte: shutterstock.
24
Estudante, é importante ressaltar que a amputação pode acontecer em qualquer
momento da vida. Suas causas podem ser:
Congênitas: quando acontece a falta de formação embrionária.
Traumáticas: por acidentes de trânsito ou de trabalho…
Vasculares: ocorre em pessoas que possuem diabetes ou arteriosclerose.
Tumorais: por tumores.
Origem Medular
As de�ciências de origem medular são aquelas causadas por lesões na região da
coluna medular, com isso, afeta-se a sensibilidade, o controle motor ou os dois.
Ela pode ocorrer na coluna cervical (C1 a C7), torácica (T1 a T12), lombar (L1 a L5) ou
sacral (DIEHL, 2006). Veja a �gura 9, que representa a coluna.
Figura 8 - Membro inferior amputado
Fonte: shutterstock.
25
Figura 9 - Coluna vertebral
Fonte: shutterstock.
A de�ciência de origem medular, podem ter suas lesões originadas da Espinha
Bí�da, Traumatismos e outros.
Espinha Bí�da
De acordo com Hernández et al. (2018, p. 16), a espinha bí�da é “uma
malformação congênita que consiste numa falha no fechamento do tubo neural
durante o período embrionário”. Quando a criança ainda está útero, não acontece
26
o fechamento total da coluna vertebral quando ela se forma, e com isso, algumas
vértebras �cam abertas e parte da medula espinhal �ca para fora (HERNÁNDEZ
et al., 2018). A criança que nasce com a espinha bí�da apresenta uma
protuberância nas costas bem evidente. Hernández et al. (2018) traz uma primeira
classi�cação:
Espinha bí�da oculta: aqui não há protuberância e nem manifestação externa
de algo. Este é o tipo mais leve e comum de espinha bí�da (MARQUES; CIDADE;
LOPES, 2009).
Meningocele: há meninge e líquido cefalorraquidiano na protuberância, não
células nervosas. Para Marques, Cidade e Lopes (2009), essa forma de espinha
bí�da raramente tem danos neurológicos.
Figura 10 - Espinha bí�da oculta
Fonte: Tua Saúde, s/d. Acesse o link disponível aqui
27
https://www.tuasaude.com/espinha-bifida-oculta/
Mielomeningocele: malformação medular, acarretando em hérnia dorsal com
células nervosas. Este é o tipo mais grave. A mielomeningocele acontece com
mais frequência nas vértebras lombares, o que limita a de�ciência aos membros
inferiores (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009).
Figura 11 - Meningocele
Fonte: Saúde News, 2020. Acesse o link disponível aqui
28
https://www.amato.com.br/meningocele-mielomenigocele-espinha-bifida/
Traumatismos medulares
A coluna é parte integrante do Sistema Nervoso Central, qualquer lesão que
aconteça nela, causará danos irreversíveis. Segundo Diehl (2006, p. 98), “conforme
o trauma, o indivíduo pode perder parcial ou totalmente a sensibilidade do corpo
e o controle dos movimentos logo abaixo de onde ocorreu a lesão”. A altura da
lesão na coluna está relacionada com a consequência desta, ou seja, quanto mais
alta a lesão maior o comprometimento.
Veja a seguir um quadro com a explicação acerca das lesões, classi�cações e
consequências.
Figura 12 - Mielomeningocele
Fonte: Blog Casa Adaptada, 2016. Acesse o link disponível aqui
29
https://casadaptada.com.br/2016/12/mielomeningocele-causas-sintomas-e-tratamentos/
Quadro 1 - Lesões, classi�cações e consequências
ALTURA DA
LESÃO
CLASSIFICAÇÃO CONSEQUÊNCIA
Acima da C4 Tetraplegia alta
Perda da capacidade respiratória, perda sensitiva e do controle
motor dos quatro membros e tronco.
Cervicais abaixo
da C4
Tetraplegia Perda sensitiva e do controle motor dos quatro membros e tronco.
Torácicas Paraplegia alta
Perda sensitiva e do controle motor dos membros inferiores e
tronco.
Lombares Paraplegia baixa
Perda sensitiva e do controle motor da musculatura do quadril e
dos membros inferiores.
Sacrais e
coccígeas
Paralisia parcial
Perda parcial da sensibilidade e do controle motor da musculatura
e dos membros inferiores.
Fonte: Diehl, 2006, p. 98.
REFLITA
Você sabia que a principal origem das de�ciências físicas no Brasil
advém de acidentes de trânsito e de trabalho? Pois é. Essa informação é
verdadeira.
Fonte: Hernádez et al., 2018.
30
De�ciência Visual
Então estudante, você sabe o que é a de�ciência visual e como devemos chamar
tais sujeitos? Vamos juntos descobrir.
A de�ciência visual, é um termo que usamos para nos referirmos à perda visual
que não pode ser corrigida com lentes por prescrição regular (SILVA; VITAL;
MELLO, 2012), “se refere a uma limitação sensorial que anula a ou reduz a
capacidade ver” (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009).
Figura 13 - Criança com de�ciência visual
Fonte: shutterstock.
31
A de�ciência visual pode ser de origem congênita ou adquirida, ou seja, o sujeito
nasce com a de�ciência ou a adquire ao longo da vida. Um exemplo para essa
aquisição, seria o glaucoma, a retinose pigmentar, retinoblastoma, diabetes tipo 1.
A pessoas que possuem de�ciência visual ela pode ser cega ou ter baixa visão.
A pessoa cega é aquela que não consegue ver nada. A cegueira é a “ausência ou
perda da visão em ambos os olhos, ou um campo inferior a 0,1 grau do melhor
olho” (DIEHL, 2006, p. 62), isso mesmo após correção. Falando sobre o viés
educacional, Diehl (2006) a�rma que a cegueira é vista como perda total da visão
ou resíduo mínimo de visão que leva o aluno a utilizar do Braille (sistema de
escrita tátil) para ler e escrever, além de outros recursos didáticos necessários.
Observe a �gura abaixo, nela você encontra o alfabeto em braille.
A pessoa que possui baixa visão, são aquelas que “apresentam desde condições
de indicar projeção luminosa, até o grau em que a redução de sua acuidade
visual limite o desempenho das atividades diárias da vida” (MARQUES; CIDADE;
LOPES, 2009, p. 140). Na educação elas também necessitam de recursos didáticos
especiais, como alteração da cor do papel, impressão com letras grandes.
As pessoas com de�ciência visual podem usar uma bengala. Esta bengala possui
cores, que por sua vez ajudam a identi�car a de�ciência. Veja a �gura 15.
Figura 14 - Alfabeto em braille
Fonte: shutterstock.
32
Figura 15 - Cores de bengala e tipos de de�ciência
Fonte: Folha da Terra, 2019.
Estudante, a pessoa que utiliza a bengala branca é cega. A pessoa que usa a
bengala verde, possui baixa visão e a pessoa com a bengala vermelha e branca,
signi�ca que é surda e cega.
Além da bengala a pessoa com de�ciência visual pode utilizar como meio de
orientação e mobilidade o cão-guia (�gura 16) (ele indica os espaços em que a
pessoa pode se deslocar com segurança) e o guia humano ou vidente (a pessoa
com de�ciência visual é orientada por uma pessoa que enxerga) (�gura 17).
33
Figura 16 - Cão guia
Fonte: shutterstock.
34
De�ciência Auditiva
A pessoa que possui de�ciência auditiva, é chamada de surda, sendo assim ela
possui surdez. A surdez caracteriza-se pela “perda total ou parcial da capacidade
de conduzir ou perceber sinais sonoros, ou seja, corresponde à perda parcial ou
total da audição” (DUARTE; GORLA, 2009, p. 24). A surdez pode ser:
Figura 17 - Guia humano
Fonte: Solera (2021).
35
Independente do tipo de surdez, as alterações poderão ocorrer em maior ou
menor grau. De acordo com Duarte e Gorla (2009, p. 25) “o surdo, muitas vezes
escuta o som, mas não compreende o que está escutando, e isso pode
desencadear irritação, frustração, curiosidade e desmotivação, que podem
interferir em seu processo cognitivo e psicológico".
Mas estudante, você sabe como se identi�ca e mede o grau de audição de uma
pessoa? Por meio de testes audiométricos. Veja o quadro abaixo (Quadro 2) sobre
os níveis de limiares auditivas.
11
Surdez de condução: a lesão está localizada no ouvido
externo ou médio, o que leva a diminuição da audição na
intensidade sonora.
22
Surdez neurossensorial: lesão no ouvido interno, no
labirinto. Há a diminuição ou perda da capacidade de
perceber o som.
Quadro 2 - Níveis de limiaresauditivas
DEFICIÊNCIA
AUDITIVA
LIMIAR
AUDITIVO
EXEMPLOS APROXIMADOS
Leve 25 a 40 dB Sussurro/cochicho
Moderada 41 a 55dB Voz fraca
Acentuada 56 a 70 dB Voz normal
Severa 71 a 85dB Tráfego, furadeira, voz forte
Grave 86 a 90 dB Liquidi�cador, voz muito forte
Profunda Superior a 91dB
Trem, britadeira, buzina de automóvel, turbina de avião, sons
que causam dor.
Fonte: Diehl, 2006, p. 43.
36
Sendo assim, pessoas que têm perda auditiva em ambos os ouvidos e escutam
entre 25 a 40 dB são consideradas pessoas com de�ciência auditiva leve. Estes
sujeitos irão conseguir ouvir o som de uma conversa sussurrada, mas eles não
ouvem, por exemplo, os barulhos das folhas. E assim por diante conforme
mencionado no quadro 2.
É importante destacar que a surdez pode ser congênita ou adquirida. E a pessoa
com de�ciência auditiva utilizará da língua de sinais para sua comunicação. Esta
língua “é uma forma de comunicação estritamente visual, comunicada através de
gestos codi�cados, tais como expressões faciais e pequenos movimentos do
corpo” (DIEHL, 2006, p. 45).
De�ciência Intelectual
A de�ciência intelectual é aquela que está associada a um funcionamento
intelectual abaixo da média. Para Silva, Vital e Mello (2009) a de�ciência
intelectual é resultado de múltiplos fatores, mas o que há de comum, é a
insu�ciência intelectual. Geralmente esses sujeitos possuem um ritmo mais lento
Figura 18 - Língua de sinais
Fonte: shutterstock.
37
de aprendizagem. Esse funcionamento abaixo da média, interfere em atividades
como comunicação, realizações de tarefas diárias, adaptação social, segurança,
lazer, trabalho, entre outros.
Há tipos de de�ciência intelectual, que dependendo do grau de
comprometimento dos sujeitos, eles irão apresentar algumas características.
Esses tipos estão relacionados com QI (Quociente de Inteligência), que é um
indicador derivado de vários testes que avaliam a capacidade cognitiva das
pessoas. Para Silva, Vital e Mello (2009), são eles:
Profundo (QI abaixo de 19): esses indivíduos apresentam independência
completa, eles não conseguem cuidar de si mesmos. Possuem limitações
extremamente acentuadas de aprendizagem.
Severo (QI entre 20 e 35): os sujeitos ainda precisam de apoio tanto em casa
quanto na escola. Há um acentuado prejuízo de comunicação e mobilidade.
Essas pessoas podem chegar a resultados por meio de atividades
condicionadas e repetitivas de forma supervisionada.
Moderado (QI entre 36 e 51): indivíduo que possui um considerável atraso na
aprendizagem e na maioria dos casos apresenta problemas motores visíveis.
Apesar disso, tal sujeito apresenta maior facilidade social, assim como a
inserção social na família, na escola e na comunidade.
Leve (QI entre 55 e 69): são as pessoas que apresentam uma aprendizagem
lenta, mas que possuem capacidade para realizar tarefas escolares e da vida
diária.
Limítrofe (QI entre 68 e 84): Aqui o sujeito é considerado como a pessoa que
possui um desvio de inteligência por conta de algumas di�culdades em
exercer tarefas que precisam de raciocínio lógico e grande demanda
cognitiva.
Como exemplo de de�ciência intelectual temos a Síndrome de Down.
Síndrome de Down
A Síndrome de Down é uma anomalia causada por um acidente genético na hora
da divisão cromossômica das células (DIEHL, 2006).
Em pessoas sem esta síndrome, as células possuem 46 cromossomos e estes
estão distribuídos em 23 pares. Na Síndrome de Down, o erro acontece no
cromossomo 21, que �ca com 3 cromossomos, ao invés de dois (�gura 19).
38
Figura 19 - Trissomia 21
Fonte: shutterstock.
Por isso, esta síndrome também é conhecida como Trissomia 21 (DANIELSKI,
2001). Este tipo de erro acontece em 95% dos casos de Síndrome de Down.   Os
outros 5% estão entre a Translação e a Síndrome de Down em Mosaico.
A Translação é caracterizada “por uma translocação entre o cromossomo 21 e um
dos demais cromossomos, geralmente o 12 ou o 22” (DIEHL, 2006, p. 79). Ela
ocorre em cerca de 4% dos pacientes.
A Síndrome de Down em Mosaico, ocorre em 1% dos sujeitos. Neste caso “a
“primeira célula” do embrião é normal e o erro ocorre no momento da primeira
duplicação desta célula e se repete em cada célula enquanto o feto se
desenvolve” (DANIELSKI, 2001, p. 25).
Apesar desses casos, as pessoas com Síndrome de Down possuem algumas
prováveis características. São elas: “Hipotonia, baixa estatura, pescoço curto,
orelhas com aparência dobrada típica, boca aberta com a língua protrusa, prega
no canto dos olhos semelhante à das pessoas da raça mongólica, pele áspera e
seca, dentes pequenos” (DIEHL, 2006, p. 79). A mobilidade pode ser desajeitada e
acanhada (DANIELSKI, 2001).
39
Você já deve ter visto uma criança com Síndrome de Down, não é mesmo
estudante? Devido a questão genética, é possível reconhecermos tais sujeitos em
boa parte dos casos, pois a aparência entre eles é muito semelhante. Veja a
próxima �gura.
Figura 20 - Criança com Síndrome de Down
Fonte: shutterstock.
40
Essas crianças podem apresentar algumas anomalias, como: instabilidade
atlantoaxial, convulsões, epilepsia, cardiopatias congênitas, duplicação intestinal,
infecções do aparelho respiratório, estrabismo/miopia, entre outras (DIEHL, 2006).
Ademais, possuem também de�ciência intelectual, tendo um processo de
aprendizagem mais lento, di�culdade de manter a atenção por muito tempo,
antecipar e selecionar estímulos e respostas (MARQUES; CIDADE; LOPES, 2009).
Figura 21 - Crianças com Síndrome de Down
Fonte: shuttertstock.
Considerações Finais
Estudante, chegamos ao �m de nossa primeira unidade da apostila de “Educação
Física Adaptada e Inclusiva”. Nesta empreitada inicial, desvendamos o campo
voltado à pessoa com de�ciência. Você teve a oportunidade de ter contato com
41
aspectos históricos da Educação Física Adaptada e da pessoa com de�ciência,
assim como, pode conhecer algumas das características e tipos das de�ciências
física, visual, auditiva e intelectual. Frente a isso podemos concluir que:
O esporte adaptado surgiu com o intuito de auxiliar as pessoas mutiladas da
guerra em sua recuperação e partir disso, tem evoluído a cada dia e possibilitado
às pessoas que o pratica diversos pontos positivos, não é mesmo? Além disso,
trouxe para a Educação Física a oportunidade de olhar para um corpo fora de um
padrão socialmente estabelecido, buscando compreender suas práticas e
propositivas para além do corpo perfeito, saudável, forte etc.
O percurso histórico da pessoa com de�ciência não foi fácil. Pelo contrário, foi
sempre desa�ador. Mas apesar de tais sujeitos terem percorrido os caminhos da
exclusão, segregação, integração, hoje nos deparamos com o momento de
inclusão, no qual, as pessoas com de�ciência podem se sentir pertencentes à
sociedade, assim como possuem melhores condições para convivência e seu
desenvolvimento autônomo. No entanto, vale ressaltar que ainda temos muito a
fazer.
Quanto às de�ciências física, visual, auditiva e intelectual, é preciso ter em mente
a importância de conhecer cada detalhe destas e suas especi�cidades. Apesar de
termos de�nido, por exemplo, os tipos de de�ciência física, cada sujeito pode
apresentar uma condição particular. Fique atento!
Por �m estudante, estes conhecimentos são extremamente importantes para o
decorrer de seus estudos em nossa apostila. Conhecer a história é uma forma de
entender os desdobramentos atuais, assim como, conhecer os tipos de
de�ciência é a base para em seguida conhecer as modalidades esportivas
destinadas a ela.
Leitura Complementar
Caro(a) estudante, vimos que as pessoas com de�ciência apresentam algumas
especi�cidades que devem ser levadas em consideração ao intervimos junto a
elas e que nem todas as ações partem efetivamente dos preceitos da integração
e inclusão.
Quando olharmos a pessoa com de�ciência apenas em suas limitações e
buscamos ajudá-la fazendo as coisas por ela e não a auxiliando a fazer por si
mesmo (em suas potencialidades) não estamos incluindo e sim evidenciando
suas di�culdades,agindo de forma assistencialista. Por isso, lembre-se de sempre
ver o que a pessoa com de�ciência consegue fazer para então buscar a melhor
forma de ajudá-la, viabilizando autonomia a mesma.
42
Nesta unidade, conhecemos as de�ciências em seus conceitos e características,
compreendendo seus modelos e tipos e vimos também que a Educação Física
Adaptada,expressão relativamente nova (proposta em 1950 pela Association for
Health, Physical Education, Recreation and Dance) vem se instaurando como
um campo de atuação que busca promover saúde, bem estar físico, psicológico,
social e cognitivo para essas pessoas, por isso, é um campo multifacetado que
diariamente se reinventa e abre novas possibilidades de práticas e atuação
pro�ssional.
As primeiras ações sistematizadas para os propósitos supra apresentados,
partiram das propositivas do Dr. Ludwig Guttman, conhecido como pai da
Educação Física Adaptada, em especial dos esportes paralímpicos.
No Brasil, segundo Costa e Souza (2004) a preocupação com práticas
direcionadas às pessoas com de�ciência e ao esporte adaptado ganham força em
1950, com enfoque médico, ou seja, direcionado para prevenção de doenças e
exercícios de correção e prevenção, mas de certa forma, nos dias de hoje ainda
possuem algumas lacunas que precisam ser revistas e melhoradas, ampliando o
olhar para a Educação Física Adaptada como um meio de inserção social e efetiva
inclusão.
Vocês já pararam para pensar que os esportes adaptados/paralímpicos, são sim
um meio de reintegração social, saúde, qualidade de vida, etc., mas muitas vezes
essas práticas são realizadas apenas entre pessoas com de�ciência? Para uma
efetiva inclusão e atender os propósitos em sua plenitude, essas experiências
corporais precisam envolver pessoas com e sem de�ciência, por isso os esportes
adaptados precisam ser fomentados no contexto escolar, de centros esportivos,
academias, clubes e associações, entre tantos outros.
Carmo (2002) traz re�exões importantes; será que a Educação Física está
preparada para tratar o uno e o diverso em uma mesma prática corporal? Quais
práticas propõe a participação conjunta de pessoas com e sem de�ciência? Será
possível uma educação inclusiva? As escolas, alunos, professores, espaços
públicos estão preparados e abertos para essas experiências?
Ficam aqui algumas re�exões importantes para a Educação Física Adaptada e
para busca da inclusão, esperamos que ao longo deste material você encontre
respostas para esses e tantos outros questionamentos.
Fonte: Anversa; Solera (2021)
43
02
Esportes Adaptados 
e Paralímpicos
Introdução
Olá estudante,
Esta unidade, intitulada de “Esportes Adaptados e Paralímpicos” tem como
objetivo possibilitar a você conhecimentos acerca das modalidades esportivas
que foram adaptadas ou criadas para pessoas com de�ciência, destacando os
esportes Paralímpicos de verão e de inverno.
Sendo assim, dividimos esta unidade em três momentos: tópico 1 “Esportes
Adaptados x Esportes Paralímpicos”, tópico 2 “Esportes Paralímpicos de Verão” e
tópico 3 “Esportes Paralímpicos de Inverno”.
No primeiro tópico iremos conceituar esporte adaptado e esporte paralímpico,
assim como diferenciá-los. Você conhece essa diferença? Já no tópico seguinte,
você terá a oportunidade de conhecer as modalidades que integram o programa
de esporte paralímpico de verão, como, a bocha, basquete em cadeira de rodas,
canoagem, ciclismo, entre outros.   E por �m, no terceiro tópico, haverá a
exposição das modalidades esportivas paralímpicas de inverno, como esqui cross
country, curling em cadeira de rodas, hóquei no gelo, snowboard, esqui alpino e
biatlo.
Será uma caminhada incrível que contribuirá com a sua formação e atuação
pro�ssional.
Bons estudos!
45
Esportes Adaptados Esporte
Paralímpicos: Conceitos e
História
O esporte adaptado é uma terminologia que abrange a prática esportiva
realizada pelas pessoas com de�ciência com o objetivo de inclusão ou melhoria
nas questões motoras (COSTA; WINCKLER, 2012). Ele é baseado em modalidades
convencionais que foram adaptadas para a participação desses sujeitos (exemplo,
Basquete em Cadeira de Rodas, Vôlei Sentado, Bocha) ou foram criadas
especi�camente para atender as necessidades de uma de�ciência, como é o caso
do goalball, esporte criado exclusivamente para pessoas com de�ciência visual.
Enquanto o esporte paralímpico, se caracteriza como uma das formas do esporte
adaptado (MARQUES; GUTIERREZ, 2014). As modalidades que se encaixam aqui,
são reconhecidas pelo Comitê Paralímpico Internacional. Sendo assim, ele se
constitui como um espaço mais restrito, pois remete a prática de modalidades de
verão e modalidades de inverno e demanda uma avaliação médica e funcional do
praticante, para partidas o�ciais.
Tais modalidades estão presentes nos chamados Jogos Paralímpicos. De acordo
com Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), seguem as modalidades que temos em
tal competição:
Modalidades de Verão: Atletismo; Basquete em Cadeira de Rodas; Bocha;
Canoagem; Ciclismo; Esgrima em Cadeira de Rodas; Futebol de 5; Futebol de
7; Goalball; Haltero�lismo; Hipismo; Judô; Natação; Parabadminton;
Parataekwondo; Remo; Rugby em Cadeira de Rodas; Tênis de Mesa; Tênis
em Cadeira de Rodas; Tiro com Arco; Tiro Esportivo; Triatlo; Vôlei Sentado.
Modalidades de Inverno: Esqui Cross-Country; Curling em Cadeira de
Rodas; Esqui Alpino; Biatlo; Hóquei no Gelo; Snowboard.
Conheça essas modalidades nos próximos tópicos.
O Esporte Paralímpico possui um logotipo/símbolo. Observe a �gura 1.
×
46
Este símbolo é composto por 3 Agitos das cores vermelho, azul e verde. O Agito
signi�ca “Eu me movimento” em latim. As cores dos Agitos representam as cores
mais utilizadas em todas as bandeiras do mundo. Os três agitos circulam um
ponto central, com o objetivo de enfatizar o papel do Comitê Internacional
Paralímpico (IPC) em reunir atletas de todo o mundo e fazê-los competir.
Figura 1 - Logotipo atual Paralímpico
Fonte: shutterstock.
47
Jogos Paralímpicos
Os Jogos Paralímpicos acontecem a cada 4 anos, em geral nos mesmos anos dos
esportes olímpicos. Nele estão os melhores atletas do mundo. É o segundo maior
evento esportivo, perde apenas para as Olímpiadas. Mas é o maior evento quando
se trata de esporte para pessoas com de�ciência.
A primeira edição aconteceu no ano de 1952, em Stoke Mandeville, onde havia
apenas pessoas com lesão medular, dois países e 130 atletas participando. A
competição de chamou 1º Jogos Internacionais Stoke Mandeville. Mas o Brasil
começou a participar apenas em 1972, na Alemanha (Heidelberg). Do total de 984
atletas, dez eram do Brasil competindo em cinco modalidades, e o restante, de 43
países. Já em 1976, em Toronto (Canadá), participaram do evento pessoas de 38
países com lesão medular, amputação, de�ciência visual e outras de�ciências,
com 1.657 atletas. Destes, 23 eram brasileiros competindo em oito modalidades.
O evento e a participação em geral, assim como do Brasil, foram crescendo,
incluindo de�ciências e modalidades esportivas ao longo das edições. Em 2008,
na China (Beijing), 150 países participaram com um total de 1.970 atletas, o Brasil
levou 186 atletas que competiram em 13 modalidades (PARSONS; WINCKLER,
2012) e 2016 foi o ano em que o país teve sua maior participação na Paralimpíada,
tanto em número de atletas quanto de modalidades. Veja o quadro 1.
48
Quadro 1 - Informações sobre os Jogos Paralímpicos, entre 1960 e 2016.
Logotipo, ano, local, logomarca, número de países participantes, número de
atletas no total, colocação do Brasil, número de atletas brasileiros, total de
medalhas do Brasil e modalidades de participação brasileira
Ano Local
Nº de
Países
Nº de
Atletas
Colocação
do Brasil
Nº de
atletas
Total de
medalhas
Modalidades de
participação brasileira
1952
Stoke
Mandeville
2 130 - - - -
1960 Roma, Itália 23 400 - - - -
1964
Tóquio,
Japão
21 357 - -- - -
1968
Tel Aviv,
Israel
29 750 - - - -
1972
Heidelberg,
Alemanha
43 984 32º 10 0Basquetebol, atletismo,
natação e tiro com arco.
1976
Toronto,
Canadá
38 1.657 32 º 23 2
Atletismo, basquetebol,
bocha paralímpica e bocha,
dardo, sinuca, tênis de
mesa, levantamento de
peso.
1980
Arnhem,
Holanda
42 1.973 42 º 15 0 Basquetebol e natação.
1984
Stoke
Mandeville,
Inglaterra e
Nova
York,EUA
41 Ingl.
| 45
EUA
1.100
Ingl. |
1.800
EUA
24 º 31 22 Atletismo e natação.
1988
Seul, Coréia
do Sul
61 3.013 25 º 60 27
Atletismo, judô, natação,
tênis de mesa e
basquetebol em cadeira de
rodas.
49
1992
Barcelona,
Espanha
82 3.021 30 º 41 7
Atletismo, ciclismo, futebol
de 7, judô, natação e tênis
de mesa.
1996 Atlanta, EUA 103 3.195 37 º 60 21
Atletismo, basquetebol em
cadeira de rodas, ciclismo,
futebol de 7, judô, natação,
levantamento de peso,
tênis em cadeira de rodas e
tênis de mesa
2000
Sidney,
Austrália
122 3.843 24 º 64 22
Atletismo, basquetebol
DM, ciclismo, esgrima,
futebol de 7, judô, natação,
levantamento de peso e
tênis de mesa
2004
Atenas,
Grécia
136 3.806 14 º 96 33
Atletismo, basquetebol
DM, ciclismo, esgrima,
futebol de 7, judô, natação,
levantamento de peso e
tênis de mesa
2008
Beijing,
China
150 3.970 9 º 186 47
Atletismo, basquete em
cadeira de rodas, ciclismo,
hipismo, futebol de 5,
futebol de 7, goalball, judô,
Tênis em cadeira de rodas,
remo e tênis de mesa
2012
London,
Great Britain
164 4.245 7º 182 43
Atletismo, bocha, ciclismo,
hipismo, futebol de 5,
futebol de 7, goalball, judô,
levantamento de potência,
tênis em cadeira de rodas,
remo , vela, natação, tiro
esportivo, basquete em
cadeira de rodas, esgrima
em cadeira de rodas.
50
Na última edição dos Jogos Paralímpicos, Rio 2016, o megaevento contou com
mais de 4.000 atletas de 170 países (quadro 2), sendo 283 atletas brasileiros que
competiram nas 23 modalidades do programa paralímpico, com cobertura
jornalística de 154 países (PORTAL BRASIL, 2016).
2016
Rio de
Janeiro,
Brasil
160 4.328 8 º 283 72
Atletismo, basquete em
cadeira de rodas (BCR),
bocha, canoagem, ciclismo
de estrada, ciclismo de
pista, esgrima em cadeira
de rodas, futebol de 5,
futebol de 7, goalball,
haltero�lismo, hipismo,
judô, natação, remo, rúgbi
em cadeira de rodas, tênis
de mesa, tênis em cadeira
de rodas, tiro com arco, tiro
esportivo, triatlo, vela e
vôlei sentado.
Fonte: Adaptação de Parsons; Winckler (2012); International Paralympic
Committee (201?).
51
Quadro 2 - Países que participaram dos Jogos Paralímpicos Rio 2016
CONTINENTE PAÍS
ÁFRICA
Algeria Angola Benin Botswana
Burkina Faso Burundi Cameroon Cape Verde
Central African
Republic
Congo DR Congo Cote d'Ivoire
Egypt Ethiopia Gabon Gambia
Ghana Guinea Guinea-Bissau Kenya
Lesotho Libya Madagascar Malawi
Mali Mauritius Morocco Mozambique
Namibia Niger Nigeria Rwanda
Sao Tome & Principe Senegal Seychelles Sierra Leone
Somalia South Africa UR of Tanzania Togo
Tunisia Uganda Zimbabwe
AMÉRICA
Argentina Aruba Bermuda US Virgin Islands
Brazil Canada Chile Colombia
Costa Rica Cuba
Dominican
Republic
Ecuador
El Salvador Guatemala Haiti Honduras
Jamaica Mexico Nicaragua Panama
Peru Puerto Rico Suriname
Trinidad &
Tobago
Uruguay USA Venezuela
52
ÁSIA
Afghanistan Bahrain Cambodia Uzbekistan
People's Republic of
China
Hong Kong, China India Indonesia
Islamic Republic of
Iran
Iraq Japan Jordan
Kazakhstan DPR Korea Korea Kuwait
Kyrgyzstan
Lao People's Democratic
Republic
Macao, China Nepal
Malaysia Mongolia Myanmar Philippines
Oman Pakistan Palestine Sri Lanka
Qatar Saudi Arabia Singapore Thailand
Syrian Arab Republic Chinese Taipei Tajikistan Vietnam
Timor-Leste Turkmenistan
United Arab
Emirates
EUROPA
Armenia Austria Azerbaijan Belarus
Belgium Bosnia and Herzegovina Bulgaria Croatia
Cyprus Czech Republic Denmark Estonia
Faroe Islands Finland FYR Macedonia France
Georgia Germany Great Britain Greece
Hungary Iceland Ireland Israel
Italy Latvia Lithuania Luxembourg
Malta Republic of Moldova Montenegro Netherlands
Norway Poland Portugal Romania
Serbia Slovakia Slovenia Spain
Sweden Switzerland Turkey Ukraine
53
Note estudante, que com o passar das edições do Jogos Paralímpicos, houve uma
evolução na participação do Brasil, assim como, teve um aumento no ganho de
medalhas e melhor posicionamento na classi�cação geral, tendo atingido o 7º
lugar em Londres, o melhor deles. No Rio 2016, apesar de colocado em 8º lugar, o
país levou maior número de atletas e conquistou mais medalhas que na edição
anterior.
OCEANIA Australia Fiji New Zealand
Papua New
Guinea
Fonte: Adaptação International Paralympic Committee (201?).
SAIBA MAIS
O termo paralímpico é “uma associação entre o pre�xo grego “para”,
que signi�ca paralelo, e o termo “olímpico”, que segundo o IPC (2010),
representa a condição paralela entre os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos” (PARSONS; WINCKLER, 2014, p. 6).  Vale ressaltar que por
muitos anos foi utilizado o termo paraolímpico, unindo “paraplegia” e
“olimpíada”, mas o fato de envolver outras de�ciências para além de
cadeirantes, somada a questões linguísticas resultou na mudança do
termo.
Fonte: Rede Nacional de Esporte, 2016.
54
Esportes Paralímpicos de Verão:
Histórico, Caracterização, Regras
O�ciais
Estudante, nesse tópico você irá conhecer alguns dos Esporte Paralímpicos de
verão. Vamos lá?
Atletismo
O atletismo é uma modalidade adaptada para as pessoas com de�ciência física,
visual e intelectual, seja eles, do sexo feminino ou masculino. Os competidores
são divididos em classes esportivas, geralmente os números indicam o grau de
comprometimento (quanto menor o número mais grave à de�ciência) e as letras
indicam o tipo de esporte. Essas classes consideram a funcionalidade na prática
esportiva para os atletas com de�ciência física e a acuidade visual para os atletas
com de�ciência visual (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).
Provas de Atletismo
No Atletismo Paralímpico há provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos,
tanto no feminino quanto masculino. De acordo com o CPB, são elas:
Provas de Pista
As provas de pista são:
Velocidades: 100m, 200m, 400, rev. 4x400m e rev. 4x100m.
Meio fundo: 800m, 1.500m.
Fundo: 5.000, 10.000m.
Salto em distância.
Salto em altura.
Salto Triplo.
55
Provas de Rua
As provas de rua são:
Maratona: 42km.
Meia-maratona: 21km.
Provas de Campo
As Provas de Campo são:
Lançamento de disco e club.
Lançamento de dardo.
Arremesso de peso.
Classes no Atletismo
Os atletas são divididos em grupos de acordo com o grau de de�ciência
identi�cado por meio da classi�cação funcional. Os que disputam provas de pista
(velocidade, meio fundo, fundo e saltos) e de rua (maratona), levam a letra T (de
track) em sua classe (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).
T: Track (pista).
T11 a T13: De�ciências visuais.
T20: De�ciências intelectuais.
T31 a T38: Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes: 35 a 38 para
andantes).
T40 e T41: Anões.
T42 a T44: De�ciência nos membros inferiores.
T45 a T47: De�ciência nos membros superiores.
T51 a T54: Competem em cadeiras de rodas.
T61 a T64: Amputados de membros inferiores com prótese.
Para os atletas que participam das provas de campo, sendo elas os arremessos e
lançamentos, há a identi�cação com a letra F (�eld) em sua classi�cação,
conforme segue.
F: Field.
F11 a F13: De�ciências visuais.
F20: De�ciências intelectuais.
56
F31 a F38: Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes: 35 a 38 para
andantes).
F40 e F41: Anões.
F42 a F46: Amputados ou de�ciência nos membros superiores ou inferiores
(F42 a F44 para membros inferiores e F45 a F46 para membros superiores).
F51 A F57: Competem em cadeiras de rodas (sequelas de poliomielite, lesões
medulares, amputações).
Estudante, os atletas com de�ciência visual possuem atletas-guia e de apoio. Essa
utilização varia de acordo com a classe funcional.   Nas provas de 5000m, de
10.000m e na maratona, os atletas das classes T11 e T12 podem ter o auxílio de até
dois atletas-guia duranteo percurso. No caso de pódio, recebe medalha o atleta-
guia que terminar a prova (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO).
E durante a prova, como funciona o auxílio do atleta-guia? Para os atletas T11, eles
correm ao lado do atleta-guia e usa um cordão de ligação (�gura 2). No salto em
distância eles são auxiliados por um apoio.
Figura 2 - T11 e seu atleta-guia
Fonte: shutterstock.
57
Para os atletas T12 o atleta-guia e apoio são opcionais. Já os T13 não podem usar
atleta-guia e nem apoio no salto.
Basquete em Cadeira de Rodas
O Basquete em Cadeira de Rodas (BCR), é uma modalidade de esporte
paralímpico que sofreu adaptações, ou seja, ele foi inspirado no basquete
convencional. Essa modalidade envolve pessoas com de�ciência física/motora, do
sexo feminino e masculino. A quadra e cesta usadas nesta modalidade, seguem
os padrões olímpicos.
A partida de BCR tem duração de quatro quartos de 10 minutos e suas regras são
as mesmas do basquete olímpico, contando com uma adaptação: cada atleta
deve quicar, arremessar ou passar a bola a cada dois toques de dedo na cadeira
(COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Em quadra, cada equipe deve conter 5
atletas. Cada time possui uma pontuação referente aos atletas em quadra, e essa
pontuação não pode ultrapassar 14 pontos no total.
Figura 3 - Basquete em Cadeira de Rodas
Fonte: shutterstock.
58
Classes no Basquete em Cadeira de Rodas
Na classi�cação funcional, os atletas serão avaliados conforme comprometimento
físico-motor, com base nessa avaliação, eles vão receber pontos em uma escala
de 1 a 4,5 (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO). Então, quanto maior a de�ciência,
menor a classe, e vice-versa. Nesse sentido, a equipe precisa ter atletas com uma
pontuação diversi�cada, o que impossibilita que só se tenha atletas com menor
comprometimento.
Bocha
A Bocha é um esporte que sofreu adaptações para possibilitar a participação de
pessoas com de�ciência. Os atletas dessa modalidade são do sexo feminino ou
masculino com de�ciência severa ou elevado grau de paralisia cerebral. A Bocha
exige que os atletas pensem em estratégias a cada jogada, então os jogadores,
apesar do alto grau de comprometimento motor, não possuem de�ciência
intelectual.
A competição consiste em lançar bolas de cor (azul e vermelhas) o mais próximo
possível da bola alvo (também chamada de Jack). Para isso, os atletas �cam em
um espaço demarcado, chamado de box. Os atletas devem lançar as bolas dentro
dos limites da quadra, para esse lançamento é permitido usar as mãos, os pés e
instrumentos de auxílio.  Os atletas com maior comprometimento contam com a
ajuda de um assistente desportivo (também chamados de calheiros) em seu
lançamento.
59
Classes da Bocha
A bocha conta com 4 classes, elas são divididas de acordo com o grau da
de�ciência e da necessidade de auxílio ou não. Vamos conhecê-las?
BC1: o atleta apresenta paralisia cerebral com disfunção motora que afeta todo o
corpo (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Nesta classe a opção de auxílio de ajudantes,
estes por sua vez podem estabilizar a cadeira de rodas do jogador e entregar a
bola, quando pedido).
Figura 4 - Atleta de Bocha
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro, 2016. Acesse o link disponível aqui
60
https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1727/ct-paralimpico-brasileiro-recebe-a-quarta-edicao-da-copa-brasil-de-bocha
BC2: o atleta também apresenta paralisia cerebral com disfunção disfunção
motora que afeta o corpo todo (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012), no entanto, o seu
comprometimento é menor do que na classe BC1. Estes atletas não podem ter
assistente.
Figura 5 - Atleta BC1
Fonte: Globo.com, 2012. Foto de Guilherme Taboada / CPB. Acesse o link
disponível aqui
61
http://globoesporte.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2012/09/jose-carlos-fica-em-4-na-bocha-paralimpica-e-ja-pensa-no-brasileiro.html
BC3: O atleta pode apresentar paralisia cerebral ou uma de�ciência de origem
não cerebral ou degenerativa (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012). Esta é a classe na qual
estão os atletas com maior comprometimento motor, estão inclusas as
de�ciências muito severas. Os atletas podem usar instrumento auxiliar (ponteira e
calha), e ainda podem ser ajudados por um assistente desportivo.
Figura 6 - Atleta BC2
Fonte: CQ. Acesse o link disponível aqui
62
https://gq.globo.com/GQ-no-podio/noticia/2016/09/bocha-ja-rendeu-oito-medalhas-ao-brasil-nos-jogos-paralimpicos.html
BC4: Os atletas nesta classe também possuem de�ciência severas, eles têm uma
grave disfunção locomotora nos quatro membros (VIEIRA; CAMPEÃO, 2012).
Recebem assistência apenas os atletas que jogam com o pé.
Figura 7 - Atleta BC3
Fonte: shutterstock.
63
Divisões de jogo
A Bocha pode ser jogada de forma individual, em pares (duplas) ou equipes (3
atletas para cada lado). Em todas as divisões, cada lado terá 6 bolas de cor. Um
lado jogará com as bolas vermelhas e outro lado com as bolas azuis. Então no
caso de duplas, cada atleta terá 3 bolas, e em equipes, cada um terá duas bolas.
Ambos os lados possuem apenas uma bola branca (a primeira bola a ser lançada
no jogo).
Ciclismo
O Ciclismo é uma modalidade adaptada que pode ser praticada por pessoas com
paralisia cerebral, de�ciência visual, amputação e lesão medular (usuários de
cadeira de rodas), de ambos os sexos. Esta modalidade segue as regras da União
Internacional de Ciclismo, tendo apenas algumas diferenças.
Figura 8 - Atleta BC4
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro, 2017. Acesse o link disponível aqui
64
https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1598/atletas-da-bocha-voltam-cedo-aos-treinamentos-para-a-temporada-de-2017
As provas podem ser de estrada e pista. Temos quatro tipos de Bikes. De acordo
com o Comitê Paralímpico Brasileiro, são elas:
Convencionais: Estas bikes são para atletas amputados e com outras de�ciências
físico-motoras. Elas podem ter adaptações especí�cas para o uso de câmbios e
freios.
Triciclos: Estas bikes possuem duas rodas atrás para dar mais equilíbrio. Os
atletas que a usam são aqueles com paralisia cerebral.
Figura 9 - Bike convencional
Fonte: shutterstock.
65
Handbikes: São impulsionados pelos braços. São para atletas com paraplegia e
tetraplegia.
Figura 10 - Triciclos
Fonte: Jornal de Indaiatuba. Photo Credit to Arquivo - Giuliano Miranda/ RIC-PMI.
Acesse o link disponível aqui
66
http://www.jornalexemplo.com.br/jornal/indaiatuba-recebe-copa-brasil-de-paraciclismo/
Tandem: são bicicletas de dois lugares, elas são utilizadas pelos atletas com
de�ciência visual que vão atrás e são conduzidos por seus guias que vão na frente
(CIVATTI, 2012).
Figura 11 - Handbike
Fonte: shutterstock.
67
Classes do Ciclismo
Os atletas de ciclismo são divididos em quatro tipos de classes. De acordo com o
Comitê Paralímpico Brasileiro, são elas:
H1 a H5: Atletas impulsionam a bicicleta adaptada (handbike) com os braços.
T1 e T2: Ciclistas com paralisia cerebral cuja de�ciência impede de andar
numa bicicleta convencional (competem em triciclos).
C1 a C5: Atletas competem em bicicletas convencionais. Classes
direcionadas aos competidores com de�ciência físico-motora e amputados.
Tandem: Classe destinada aos de�cientes visuais. As bicicletas são de dois
lugares e o ciclista da frente, ou “piloto” enxerga normalmente.
Futebol de 5
O Futebol de 5 é uma modalidade adaptada e exclusiva para cegos e pessoas
com de�ciência visual do sexo masculino. Sua elaboração baseia-se nas regras do
futsal adotadas pela FIFA (FREIRE; MORATO, 2012). As adaptações que existem,
vem para contemplar as especi�cidades da de�ciência. As medidas da quadra de
Figura 12 - Tandem
Fonte: Pedal, Photo por Marcio Rodrigues. 2018. Acesse o link disponível aqui
68
https://www.pedal.com.br/mundial-de-paraciclismo-de-pista-2018-brasil-tera-maior-delegacao-da-historia_texto12781.html
jogo são as mesmas do futsal e o seu piso pode ser madeira, borracha sintética,
mas ultimamente tem se utilizado grama sintética (COMITÊ PARALÍMPICO
BRASILEIRO).
Junto às linhas laterais, são colocadas bandas, que impedem que abola saia de
campo. Cada time é formado por 5 jogadores, sendo um goleiro vidente (ele não
pode ter participado de competições o�ciais da Fifa nos últimos cinco anos) e
quatro na linha (com de�ciência visual). A bola possui guizos internos para que os
atletas consigam ouvi-la, sendo assim as partidas são silenciosas, podendo haver
manifestação da torcida apenas na hora do gol.
O jogo tem duração de dois tempos de 25 minutos com 10 minutos de intervalo.
Os jogadores usam uma venda nos olhos, caso eles a toquem, cometerão uma
falta. Com cinco infrações o atleta é expulso de campo, e pode ser substituído por
outro jogador. Além disso, há no jogo um guia (chamador). Ele �ca atrás do gol
adversário com o objetivo de orientar os atletas de seu time. O chamador pode
dizer onde os jogadores devem se posicionar e para onde devem chutar. O
técnico e goleiro também auxiliam em quadra.
Classes no Futebol de 5
Após a aferição visual dos atletas, eles são classi�cados em três classes:
Figura 13 - Futebol de 5
Fonte: Adaptação Educa + Brasil. 2019. Acesse o link disponível aqui
69
https://images.educamaisbrasil.com.br/content/banco_de_imagens/guia-de-estudo/D/futebol-para-cegos-chamador.jpg
B1: são os atletas com maior comprometimento, são cegos ou com
percepção de luz, no entanto não reconhecem o formato de uma mão a
qualquer distância.
B2: atletas com baixa visão, com percepção de vultos.
B3: atletas com menor comprometimento, conseguem de�nir imagens.
Nos Jogos Paralímpicos competem apenas as classes B1.
Futebol de 7
O Futebol de 7 é uma modalidade adaptada baseada no futebol, da qual
participam atletas do sexo masculino, com paralisia cerebral, indivíduos com
sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou de acidentes vasculares cerebrais
(CRUZ, 2012).
As regras são da FIFA, com a diferença de que os arremessos laterais podem ser
cobrados com apenas uma das mãos e não há impedimento (COMITÊ
PARALÍMPICO BRASILEIRO).
Figura 14 - Futebol de 7
Fonte: Esporte MS, 2018. Acesse o link disponível aqui
70
https://esportems.com.br/site/2018/11/28/com-quatro-times-do-ms-comeca-hoje-disputa-do-brasileiro-de-futebol-pc-7-em-sao-paulo/
Campo de Jogos: o campo tem no máximo 75mx55m, com balizas de 5mx2m. A
marca do pênalti �ca a 9,20m do centro da linha de gol.
Número de atletas: cada equipe possui 7 jogadores, sendo um deles o goleiro. O
time conta ainda com 5 reservas.
Tempo de jogo: A partida dura 60 minutos, que são divididos em dois tempos de
30 minutos com intervalo de 10 minutos.
Classes no Futebol de 7
No Futebol de 7, há 3 classes. Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro são elas:
FT1: são os atletas que possuem comprometimento severo.
FT2: atletas que possuem comprometimento mediano.
FT3: os atletas possuem comprometimento leve.
De acordo com a regra atual é obrigatório que exista sempre, pelo menos um
atleta da classe FT1 em campo. Caso não seja possível, o time deve jogar com um
dois jogadores a menos. Além disso, cada equipe só pode contar com no máximo
um atleta da classe FT3 em campo, durante toda a partida (COMITÊ
PARALÍMPICO BRASILEIRO).
Goalball
O Goalball é uma modalidade criada exclusivamente para pessoas com
de�ciência visual, tanto para o sexo femino quanto masculino. O objetivo deste
esporte é fazer gols, é balançar a rede adversária. Os arremessos são realizados
com as mãos e devem ser rasteiros ou tocar pelo menos uma vez nas áreas
obrigatórias.
A equipe é composta por 3 atletas em quadra que são ao mesmo tempo
arremessadores e defensores. E 3 jogadores são reservas.  Os atletas podem ser
cegos ou de baixa visão, e para que não haja vantagem, todos os atletas devem
entrar em quadra bandados e vendados (MORATO; ALMEIDA, 2012).
A quadra tem as mesmas dimensões da quadra de vôlei (9m de largura por 18m
de comprimento). De cada lado da quadra, há um gol com 9m de largura e 1,30m
de altura.
71
O jogo é dividido em dois tempos de 12 minutos, com 3 minutos de intervalo. A
bola usada no Goalball é de borracha e possui um guizo em seu interior, então
esta modalidade também é um jogo silencioso para que os atletas escutem a
bola.
Figura 15 - Goalball
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro. 2017. Acesse o link disponível aqui
72
https://cpb.org.br/noticia/detalhe/1053/campeonato-das-americas-de-goalball-comeca-nesta-quarta-feira-29-em-sp
Classes no Goalball
No Goalball temos 3 classes, B1, B2 e B3. Essas classes competem juntas. Todas as
classi�cações são realizadas por meio da mensuração do melhor olho e da
possibilidade máxima de correção do problema (COMITÊ PARALÍMPICO
BRASILEIRO). Todos os atletas, independente da classi�cação, usam vendas.
B1: os atletas são cegos totais ou com percepção de luz, no entanto, não
conseguem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância.
B2: os atletas possuem percepção de vultos.
B3: os atletas conseguem de�nir imagens.
Vôlei Sentado
O Vôlei Sentado é uma modalidade adaptada para a prática de homens e
mulheres com alguma de�ciência física ou relacionada à locomoção (COMITÊ
PARALÍMPICO BRASILEIRO). As regras são as mesmas do vôlei olímpico (melhor
Figura 16 - Bola de Goalball
Fonte: shutterstock.
73
de 4 sets). A exceção é que se pode bloquear o saque, no entanto, os jogadores
devem manter contato com o chão o tempo todo. Ganha a partida a equipe que
vencer três sets.
A quadra possui medidas especí�cas. Ela mede 10m X 6m. A rede �ca a 1,15m do
chão no masculino, e a 1,05m no feminino. Cada time é composto por 6
jogadores.
Classi�cação no Vôlei Sentado
De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, no Vôlei Sentado os atletas são
divididos em dois grupos, sendo eles, VS1 e VS2.
Figura 17 - Vôlei Sentado
Fonte: shutterstock.
11
VS1: nesta classe estão os atletas com uma de�ciência que
tem maior impacto nas funções essenciais da modalidade,
por exemplo, amputados de perna.
74
Então, no Vôlei Sentado temos atletas com de�ciências menos severas.
22
VS2: nesta classe encontram-se os atletas com uma
de�ciência com menor interferência nas funções em quadra,
por exemplo, amputação de parte do pé, amputação de
polegar.
Esportes Paralímpicos de Inverno:
Caracterização e Regras O�ciais
Básicas
Neste momento vamos falar sobre os esportes paralímpicos de inverno, Esqui
Cross-Country; Curling em Cadeira de Rodas; Esqui Alpino; Biatlo; Hóquei no Gelo;
Snowboard.
Esqui Cross-country
O Esqui cross-country é uma modalidade que permite a participação de atletas
com de�ciência física e visual.
Sobre a de�ciência física: dependendo da limitação, o esquiador poderá usar um
sit-ski, ou seja, uma cadeira equipada com par de esquis).
75
Sobre de�ciência visual: tais atletas competem com um guia, ou não. As classes
B2 e B3 podem escolher se irão competir com guia ou não. Homens e mulheres
participam de provas de distâncias curtas, que envolvem provas de velocidade,
provas de distância média (5 km a 20 km) e longas, que variam de 10 km a 20 km.
Além disso, ainda temos o revezamento por equipe.
Curling em Cadeira de Rodas
O curling em cadeira de rodas é uma adaptação do curling (um esporte coletivo
praticado em pista de gelo, que tem como objetivo lançar pedras de granito o
mais próximo possível do alvo, para isso usa-se varredores). As equipes são
formadas por homens e mulheres, A modalidade é aberta para pessoas com
qualquer tipo de di�culdade de locomoção (paraplegia, lesão da medula espinhal,
paralisia cerebral, esclerose múltipla e amputação de pernas).
Os times devem elaborar estratégias para empurrar sua pedra em direção ao alvo
ou bloquear as pedras da outra equipe utilizando um bastão. Os atletas devem
calcular o peso, a volta e o caminho que a pedra deve ser jogada (COMITÊ
PARALÍMPICO BRASILEIRO).
Figura 18 - Esqui cross-country: de�ciência física
Fonte: shutterstock.
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Esqui Alpino
O esqui alpino paralímpico é uma adaptação do esqui alpino. A modalidade é
praticada em uma pista de esqui, localizada geralmente entre montanhas. Os
atletas devem percorrer um percurso decente

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