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Gestores e Líderes “Gerenciar é fazer direito as coisas; liderar é fazer as coisas certas”. Peter Drucker Gestão e gerência, ou como muito utilizado no meio corporativo o termo “management” têm sido aplicados como sinônimos de administração. Chiavenato (1995) os utiliza para significar direção de nível intermediário: “O gerente é o executivo que trabalha no nível intermediário das empresas, subordinando-se a outros executivos do nível institucional e dirigindo outros executivos do nível operacional”. Chiavenato (1995, pág. 499). Para nós ainda é uma questão semântica, uma vez que não importa o nível ou o cargo, gerir ou gerenciar tem um significado muito mais empírico que conceitual. Um gestor tem, por natureza, a capacidade de traduzir objetivos estratégicos em metas táticas e transformá-las, junto com sua equipe, em ações operacionais padronizadas e eficazes. Essa ideia é defendida também por Chiavenato: Na parte dedicada ao planejamento da ação empresarial, o nível intermediário se responsabiliza pelo planejamento tático, que nada mais é do que o desdobramento do planejamento estratégico definido no nível institucional. Na parte dedicada à organização da ação empresarial, o nível intermediário se responsabiliza pela diferenciação e integração dos órgãos no nível departamental ou divisional, tendo em vista o desenho organização definido pelo nível institucional. Nesta parte dedicada à direção, o nível intermediário se responsabiliza pela condução da atividade humana (motivação, liderança e comunicação, principalmente), tendo em vista o estilo de direção definido, no nível institucional. (Chiavenato, 1995, pág. 500) Mas, afinal, qual ou quais são as diferenças fundamentais entre gerenciar (ou administrar) e liderar? Bennis e Nanus (1988, pág. 19 e 20) trazem uma definição bastante clara e objetiva: “Há uma diferença profunda entre administração e liderança, e ambas são importantes. Administrar significa ocasionar, realizar, assumir a responsabilidade, conduzir. Liderar é influenciar, guiar em direção, curso, ação, opinião”. Parafraseando o que diz Peter Drucker logo no início deste capítulo, os mesmos autores completam: “administradores são pessoas que fazem as coisas de forma certa e líderes são aqueles que fazem a coisa certa. A diferença pode ser resumida como atividades de visão e julgamento – efetividade – versus atividades de dominar rotinas – eficiência. (Bennis e Nanus, 1988, pág. 20). É importante destacar que gerência e liderança não são excludentes. Elas se complementam. Mas é possível ser um bom líder e não ser um bom gerente, assim como é possível ser um bom gerente e não ser um bom líder. O ponto chave é que se você é apenas um bom líder, irá precisar também de um bom gerente em sua equipe. E se você é apenas um bom gerente, irá precisar de um líder em seu time. O que o mundo empresarial não permite é que seja apenas um ou outro, ou seja, é imprescindível que haja ambos (ainda que na mesma pessoa) a fim de que os objetivos sejam alcançados, mas não a qualquer custo, visto que as pessoas são mais que recursos, os meios potenciais que garantem as entregas de valor. Nesse ponto avançamos para uma questão de comportamento e motivação humanos. O líder consegue inspirar, influenciar e engajar as pessoas. Ele garante que aspectos de realização sejam considerados para que as pessoas se mantenham entusiasmadas e comprometidas. O gerente irá garantir que isso seja feito da maneira mais sensata possível, de modo a não haver desperdícios, nem de energia, nem de recursos, tampouco de tempo. Para Lewin (1935), a compreensão do comportamento humano depende de duas suposições básicas: a) O comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes em uma determinada situação. b) Esses fatos coexistentes têm o caráter de um “campo dinâmico”, isto é, um campo de forças no qual cada parte do campo depende de uma interrelação dinâmica com as outras partes. Esse campo dinâmico é um campo psicológico, ou seja, “o espaço de vida que contém a pessoa e o seu ambiente psicológico. (Lewin, 1936) Thompson e Van Houten (1975, pág.30) discutem a relação do ser humano com as forças do seu ambiente e apresentam três enfoques para o conhecimento do homem: 1. Mais que reagir ao ambiente ou receber insumos deste, o homem é proativo e capaz de provocar as mudanças em seu meio. 2. O ser humano é motivado por objetivos e consegue aplicar um grande esforço para que esses sejam alcançados. 3. O ser humano é aberto e consegue entender as inter- relações de objetivos diversos, inclusive em natureza (física, emocional, social, financeira) e também por isso desenvolve capacidades de análise crítica, criação de modelos de processos e procedimentos e tomada de decisão, além de desenvolver habilidades e crenças que lhe dão suporte e sabedoria para entender as pessoas e seus ambientes, bem como a superar eventuais barreiras externas ou internas. Liderança e motivação, administradas com uma boa dose de gestão, são ingredientes fundamentais para entender o comportamento humano, gerir pessoas e recursos e alcançar a máxima eficácia e eficiência de equipes e negócios. Em que pese negócios precisem de bons gerentes, as pessoas não querem ser administradas. Elas querem se autogerir e, quando o conseguem efetivamente, não precisam tanto de gestores, mas continuam precisando de líderes. Bennis e Nanus (1988) citam uma mensagem publicada no Wall Street Journal pela United Technologies Corporation, Hartfor, Connecticut 06101: Livremo-nos da Administração “As pessoas não querem ser administradas. Querem ser lideradas. Quem já ouviu falar de um gerente mundial? Líder mundial, sim. Líder educacional. Líder político. Líder religiosos. Líder escoteiro. Líder comunitário. Líder trabalhista. Líder empresarial. Eles lideram. Eles não administram. Você pode guiar o seu cavalo em direção da água. Mas não pode fazer com que ele beba. Se você quer administrar alguém, administre-se a si mesmo. Faça isso direito e você estará pronto para deixar de administrar. E começará a liderar.