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Caderno de PsicoMed III - Ana Pich_cópia

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Psicologia Médica III
— Ana pich —
Sumário
Começo da vida: gravidez, parto e puerpério - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3
Desenvolvimento emocional dos 0 aos 3 anos: como nos tornamos quem somos - - - - - - 5
Desenvolvimento emocional escolar e pré-escolar - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 6
Sinais e sintomas de transtornos emocionais na infância e adolescência - - - - - - - - - - 8
Vida adulta - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12
Vida profissional - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13
Transtornos mentais comuns: abordagem centrada no paciente - - - - - - - - - - - - - - - 14
Sexualidade - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18
Casamento e separação - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19
Climatério - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22
Velhice - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24
Começo da vida
— Gravidez, parto e puerpério —
A gravidez é um período de modificações fisiológicas, anatômicas, psicológicas e sociais
à mulher e à família. São diversos fatores envolvidos para a manutenção da gestação. As
adaptações do organismo materno, alta velocidade de crescimento fetal e maior
vulnerabilidade mãe-filho são fatores que devem ser considerados.
O papel social da gestação, sentimentos ambivalentes e aspectos culturais estão
presentes. Não devemos sempre assumir que a mulher sempre deseja a gestação. Não
devemos negligenciar o fato de interrupções ilegais de gestações ocorrerem de modo
clandestino e representam um risco para a saúde das mulheres.
Atualmente há a questão da carreira x maternidade.
A diferença para a mulher e para o homem é bastante evidenciada na gravidez na
adolescência, quando fica clara a questão cultural de exigência da mulher em relação aos
cuidados da criança.
Primeiro trimestre
Quando a mulher percebe que está grávida inicia-se a relação mãe-bebê.
Nessa fase há dúvidas normais nessa fase:
● Querer ou não querer (é a hora certa?)
● Medo de ser responsável por outro ser
● Perda da autonomia, liberdade
● Medo de perder o bebê
Segundo trimestre
Período de “paz”, pois é mais tranquilo do ponto de vista emocional e físico. A gravidez
aparece realmente, o pai tem oportunidade de participar. Em caso de gravidez não
desejada é nessa fase que aumenta a tristeza e podem aparecer os sintomas
depressivos.
Em relação ao desejo sexual na gravidez, não há alteração por si só. Pode haver
desconfortos físicos e, para alguns homens, pode haver dificuldade por deixar de ver a
gestante como mulher e passar a vê-la como mãe.
As representações mentais e as fantasias que a mulher faz de si mesma como mãe e do
seu futuro bebê influenciam o estilo de vínculo que formará com o filho.
O choque de um bebê com malformações quebra a expectativa do bebê imaginário e
perfeito.
3
Terceiro trimestre
Ansiedade tende a elevar-se com a proximidade do parto. Contrações uterinas iniciam e
o desconforto físico aumenta. Nessa fase, há temores sobre morte no parto, ficar com
a vagina alargada e dilacerada, não sentir mais prazer sexual, não ter leite suficiente e
da mudança de rotina.
Parto
Há medo da dor. A dor do parto varia de mulher para mulher de acordo com vários
fatores, como limiar de dor, apoio de familiares e profissionais.
O parto é diretamente influenciado por fatores psicológicos e emocionais, como o medo,
a tensão e a dor.
É um evento muito importante e situações estressantes podem ser marcantes pela vida
toda. Nasce um bebê real, algumas pessoas decepcionam-se, outras sentem-se ainda
mais gratificadas. Há o esvaziamento do útero, repercussão emocional, reações
constitucionais e não estar mais grávida pode ser assustador. A mãe deixa de ser o
centro das atenções.
Puerpério
Período de maior vulnerabilidade emocional. Há o medo de troca do bebê, de não ser
capaz de cuidar e de ser mãe e/ou pai. É um momento de adaptação aos novos papéis.
O tempo de puerpério varia, há o legal, orgânico, social e psicológico.
No Brasil, a licença maternidade é de 4 meses no sistema privado e 6 meses no sistema
público. Os casais devem organizar-se financeiramente e há toda a questão de voltar ao
trabalho e manter a amamentação.
Em uma mãe que não planejou a gestação as dificuldades são ampliadas.
No puerpério é importante estar atento ao risco de depressão pós-parto. Nessa etapa
há privação de sono, exaustão e muitas mulheres não têm uma rede de apoio.
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Desenvolvimento emocional dos 0 aos 3 anos
— Como nos tornamos quem somos —
O período dos 0 aos 3 anos constitui a primeira infância.
Nos primeiros anos aprendemos habilidades que serão utilizadas pelo resto de nossas
vidas. Na amamentação, além de alimentar, nutrir o bebê, há o contato físico, o olhar
materno e o se reconhecer no outro.
“O primeiro espelho do bebê é o rosto da mãe: a sua expressão, o seu olhar, a sua voz…
É como se o bebê pensasse: olho e sou visto, logo existo”
Primeiro ano
Teoria do apego: quando mais sente-se cuidado, mais o bebê desenvolve autoestima,
confiança e segurança.
O sorriso social está presente no primeiro ano. Há trocas afetivas com os cuidadores e
isso é influenciado pelo temperamento do bebê e dos pais.
Na teoria de Freud, o primeiro ano é a fase oral. O amadurecimento neurológico é
crânio-caudal. Nesse período é importante atentar aos marcos do desenvolvimento,
saúde materna e estimular a participação do pai.
No final do primeiro ano, começa a desfazer-se a incial fusão com a mãe. A entrada do
pai acontece gradualmente. O pai, ou outro terceiro, é fundamental para essa separação.
Começa a caminhar e essa é sua caminhada para individualização.
Segundo ano
No segundo ano caminham e exploram, o que pode aumentar os acidentes. Eles
necessitam de supervisão para explorar o mundo.
Tem curiosidade por texturas, gostos e cores.
Inicia-se a fase anal, com o desenvolvimento do controle esfincteriano. Começa a ter o
conflito reter/ceder.
Terceiro ano
Fase conhecida pelo não, desafios e birras. O não está relacionado a autonomia de
decidir o que quer.
A hiperatividade e a impulsividade fazem parte dessa fase (medicamentos só são usados
após os 6 anos).
Aumentam suas relações, aprendizagem por modelo, intensa fase de aprendizagem.
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Desenvolvimento emocional escolar e pré-escolar
Período dos 3 aos 6 anos, fase de refinamento de habilidades.
Idade pré-escolar
Espera-se dos 3 aos 4 anos que a criança consiga subir uma escada alternando os pés,
colocar os sapatos, usar colher sozinha e controlar os esfíncter.
Dos 4 aos 5 anos, mostra preferências por roupas, usa tesoura, conta com orgulho suas
realizações e apresenta habilidades para praticar esportes. Inicia a percepção de
regras e do ganhar e aprende a tolerar frustração de perder.
Dos 5 aos 6 anos a criança faz o laço do calçado, aprende a escovar os dentes, conta
uma história do início ao fim, entende sinais escritos e relaciona a sons ouvidos. Começa
a compreender a diferença entre real e imaginário.
Até os 5 anos, ao se fantasiar, as crianças acreditam ser aquele personagem.
Surgem sentimentos mais complexos como amor, felicidade, tristeza, ciúmes e inveja.
Existe grande ansiedade quanto a ferimentos corporais e doenças, a criança teme se
esvaziar. Também nessa fase começa a consciência da genitália e das diferenças entre
os sexos, com fantasias sexuais e brincadeiras.
Na fase fálica há curiosidade, início da masturbação como algo natural.
A criança começa a se colocar no meio da relação dos pais, pois sente-se excluída, com
ciúmes e abandonada.
O menino tem apego excessivo à mãe enquanto o pai é visto como um rival. O menino
sente-se ameaçado pelo pai (angústia de castração). No final dessa fase o menino se aliaao pai e o poder do pai e valores servirão para a formação do superego infantil.
Na menina o processo ocorre em duas fases, primeiro há total envolvimento com a mãe
e, em segundo momento transfere seu interesse pelo pai e a mãe se torna rival (+/- 4
anos).
Na finalização da fase fálica inicia-se a fase da latência, na qual todos os impulsos que
estavam direcionados à genitália direcionam-se à curiosidade em relação ao mundo.
Idade escolar (latência)
Período de grande organização, diferenciação, sofisticação e ampliação de toda
estrutura psíquica. Crescente interesse pelo mundo e amigos, criação de grupos de
meninos e meninas, construção de uma identidade e capacidade de diferenciar
fantasia/sonho da realidade.
Ansiedade em relação à irreversibilidade da morte.
Mudanças do pensamento concreto para a capacidade de abstrair e simbolizar. Começa
socialização intensa, relações de afinidade, melhores amigos e conscientização das
regras e juízo moral.
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Na migração da idade escolar para adolescência ocorre a puberdade, com mudanças
físicas e emocionais muito intensas. Passam pela angústia de quem eram e quem estão
passando a ser.
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Sinais e sintomas de transtornos emocionais
— Infância e adolescência —
As principais queixas são não para quieto, agitação, agressividade, não brinca com outras
crianças, dificuldade para falar, dificuldade para dormir, entre outras.
Transtornos de neurodesenvolvimento estão presentes desde cedo (antes dos 5 anos),
são vistos no atraso nos marcos de desenvolvimento, no caminhar, no falar, no controle
de esfíncter e na dificuldade de interação social.
Transtorno do espectro autista
No TEA há alterações em 3 grandes áreas do funcionamento: sociabilidade, comunicação
e padrão restrito de comportamento.
Ocorre em 3 meninos para cada 1 meninas, mas no sexo femino o quadro é mais grave.
Quadro clínico:
● 1o ano de vida: crianças pouco responsivas, pouca reação a estranhos.
● 2o ano de vida: desaceleração do desenvolvimento, pouca interação, brincadeiras
repetitivas.
● 3o ano de vida: atraso de linguagem, ausência ou discreto contato visual, alta
tolerância à dor, sensibilidade aumentada a ruídos.
● 4o ano de vida: marcada limitação social e atraso no desenvolvimento.
Têm maior risco para epilepsia, muitos têm EEG alterado.
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
Transtorno neurocomportamental mais comum na infância e adolescência. A prevalência
em escolares é estimada entre 2 e 10%. Na prática clínica calcula-se que 50% dos casos
de crianças referidas a ambulatórios de Neurobiologia e Psiquiatria infantil preencham
critérios diagnósticos para TDAH.
Síndrome caracterizada por três sintomas alvos:
● Desatenção
● Impulsividade
● Hiperatividade
Critérios diagnósticos:
● Presentes antes dos 7 anos: esses sintomas já estavam presentes antes do
diagnóstico;
● Persistência por no mínimo 6 meses;
● Observados em dois ambientes: mandar o SNAP IV para os professores;
● Prejuízo no funcionamento: o TDAH é tratado quando há prejuízo social e de
aprendizagem.
A tolerância com o tempo é menor em crianças pequenas, mas a questão da atenção
evolui com o passar da idade.
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Desatenção:
● Envolve organização
● Falta de persistência
○ A apresentação depende da faixa etária
■ Em pré-escolares < 3 minutos
■ Escolares < 10 minutos
■ Adolescentes < 30 minutos
● Motivação melhora a atenção
Hiperatividade:
● Refere-se a um excesso de movimentos
● Faixas etárias:
○ Pré-escolares: como um furacão;
○ Escolares: inquietação quando espera-se calma;
○ Adolescentes: bagunceiros, metem-se em encrencas.
Impulsividades:
● Agir sem reflexão
● Não pensa em repercussões
● Faixas etárias
○ Pré-escolares não escutam e não possuem senso de perigo.
○ Escolares interrompem outras crianças. agem fora da hora, relaxado em
seguir regras, intrusivo com os pares, acidentes.
○ Adolescentes: pobre autocontrole, despreocupado em assumir riscos.
São crianças que ficam rotuladas por quebrarem tudo, perder coisas o que pesa na
autoestima e confiança, podem não sentir-se capazes. Não ouve quando lhe falam, vive
no mundo da lua. Não para sentado, não espera a vez.
Idade de início dos transtornos mentais
Sinais e sintomas na adolescência:
● Impulsividade.
● Dificuldades escolares.
● Desânimo e falta de energia (atentar para possibilidade de transtorno
depressivo).
● Ansiedade intensa.
● Nada mais tem sentido.
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Na fase dos 6, 7 e 8 anos há o reconhecimento e percepção da morte, o que gera muita
angústia com a própria morte, mas principalmente com a morte dos pais e outras pessoas
ao redor.
O pico do transtorno depressivo é aos 32 anos, mas o início dos diagnósticos é por volta
dos 13 e 14 anos. O pico é aos 32 devido aos quadros depressivos pós-parto.
Tristeza é diferente de depressão: a tristeza faz parte da vida saudável, a depressão
tem vários sintomas, leva tempo para ser diagnosticada.
Transtorno depressivo
Sintomas:
Tristeza, irritabilidade, perda de prazer em atividades,
alterações no apetite, sono e energia.
Pensamentos negativos sobre si, culpa, rejeição.
Dificuldade de raciocínio, concentração e indecisão.
Pensamento sobre morte, mastigação de pensamentos
ruins e catastrofismo.
Na infância, as crianças ficam sem energia, perdem o interesse pelas brincadeiras,
diminuem o convívio social e apresentam constante insatisfação.
Na adolescência há hipersônia, impulsividade, deixa de fazer atividades que gostava,
irritabilidade e queda do rendimento escolar. É importante diferenciar do esperado na
adolescência.
Transtornos de ansiedade
São os transtornos mais prevalentes na infância e adolescência. Medo e ansiedade são
componentes normais do desenvolvimento. Quando em excesso, atrapalhando
desempenho escolar e convívio social, há o diagnóstico.
Tipos de transtornos de ansiedade:
● TAG
● Estresse pós-traumático
● Síndrome do pânico: sensação de sufocamento, sudorese, etc.
● TOC
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● Ansiedade de separação
● Fobias sociais e específicas
Até 4 semanas a ansiedade de separação é normal para crianças que estão iniciando a
escola.
. Sintomas físicos .
Tremores, falta de ar, dor no peito, fome incontrolável, diarréia, tensões nos músculos,
taquicardia, sudorese, dilatação das pupilas.
. Sintomas psicológicos .
Medo de falar em público, preocupação em excesso, insegurança, medo irracional, medo
de perder o controle.
Orientar os pais a esperar no local da crise, não ir para casa, acalmar a criança sem
levá-la para casa.
. Experiências vividas + fatores genéticos = transtorno mental .
O diagnóstico é sempre clínico. Buscar na história familiar uma fragilidade genética para
algum transtorno mental e então investigar as experiências vividas.
A grande maioria das crianças e adolescentes respondem bem ao tratamento da
ansiedade e depressão. O tratamento precoce é extremamente benéfico para esses
indivíduos, pois há o que é chamado de correção do curso do desenvolvimento. Além
disso, tratar a depressão na adolescência é essencial, pois nessa faixa etária há maior
risco de suicídio.
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Vida Adulta
Há uma subdivisão em fases jovem e intermediária. Jovem dos 20 aos 40 anos,
intermediário dos 40 aos 65 anos. São chamados idosos indivíduos acima dos 65 anos.
Os hábitos de indivíduos na faixa etária adulta dependem do grupo econômico, cultural e
racial. A classe social e concepções sobre os papéis do adulto variam, por exemplo,
quando considera-se a gestação na adolescência. Além disso, a pobreza é um fator de
risco para transtornos mentais.
O adulto jovem está biologicamente no auge de seu potencial e da evolução para
escolhas, como cônjuge, casamento, criação dos filhos, trabalho e interação mais intensa
e realista com a sociedade.
O adulto está entre duas crises: a da adolescência (17 a 22 anos) e a da meia idade (+/-
40 anos). A palavra crise não tem caráter pejorativo, mas sim denota mudança,
passagem. Há pequenas e grandes crises, internas e na interação com o mundo externo.
O adulto intermediário passa poruma nova adolescência, sentindo necessidade de
crescer, desenvolver-se e rejuvenescer. Há uma vivência depressiva por perceber a
transitoriedade da vida e a perspectiva da própria morte. Houve tempo vivido suficiente
para atingir o auge da vida profissional, mas também para fracassos de projetos.
As tarefas evolutivas são a profissão, o casamento, a paternidade e maternidade, a
capacidade lúdica e a autonomia e independência.
O mundo tem mudado, houve aumento da expectativa de vida e seus desafios, o conflito
entre segurança e estabilidade vs crescimento e qualidade de vida, capacidade de
adaptação a mudanças e novas configurações familiares.
O papel do médico frente ao adulto intermediário
Deve-se avaliar a diferença entre sintoma e processo sadio de crescimento (há
alterações fisiológicas com o avançar da idade), evitar preconceito em relação ao
indivíduo de meia-idade, ajudar os pacientes a ver a vida como um ciclo, uma obra de
arte.
Atenção aos riscos e doenças dessa idade: doenças degenerativas, cardiopatias, câncer
de próstata e mama, depressão, transtornos mentais comórbidos. Perda de capacidades
físicas, como visão, audição, memória, cognição e vida sexual. São desencadeantes de
doenças físicas a morte do cônjuge ou ente querido, divórcio, perda do emprego,
aposentadoria.
Orientar a evitar tabagismo, abuso de álcool, obesidade, sedentarismo, hipertensão,
hipercolesterolemia, entre outros. Bem como incentivar atividades físicas, dieta,
controle da PA, atividade intelectual e busca na manutenção de boas condições
emocionais.
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Vida profissional e saúde mental
Somente em torno 1700 surgiu um tratado sobre as doenças dos trabalhadores.
Revolução industrial: regulação e normatização das condições de trabalho (1802). Ford e
Taylor (linhas de produção, divisão de tarefas).
Organização Internacional do Trabalho (1919).
Serviços de medicina do trabalho (1959).
Saúde ocupacional.
Promoção à saúde.
O papel do trabalho:
● Subsistência.
● Saúde.
● Identidade.
Trabalho x saúde:
● Organização do trabalho.
● Relações interpessoais.
Dejours (1987; 1994; 2008): expectativas de trabalho e realidade da atividade
profissional, sofrimento criativo e sofrimento patogênico e o estímulo à competição ou
avaliação e deterioração das relações interpessoais.
Afastamento do trabalho:
● Atestados e laudos.
● Benefícios sociais x condição de doente.
Violência no trabalho:
● Injustiça, humilhação.
● Assédio moral: exposição a situações humilhantes e/ou constrangedoras de
forma deliberada, repetitiva e prolongada, com degradação das condições de
trabalho.
Fatores políticos, econômicos e sociais no processo de desgaste mental relacionado ao
trabalho.
● Desemprego.
● Aposentadoria.
● Saúde mental do médico.
● Saúde mental do estudante de Medicina.
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Transtornos mentais comuns
— Abordagem centrada no paciente —
Sofrimento x Sintoma x Transtorno
Enquanto a doença tem etiologia, evolução e desfecho bem definidos, os transtornos
não. Queixas “psicossociais” são frequentes em 50% da clientela da APS. Algumas
queixas podem ser persistentes ou causarem sofrimento a ponto de se tornarem
“sintomas”. Os transtornos são síndromes definidas pelas classificações diagnósticas
(CID, DSM).
Transtornos mentais comuns são as síndromes de ansiedade, depressão e somatização.
São os transtornos mentais mais prevalentes (comuns). Nos serviços de atenção
primária e hospitais gerais há uma concentração de casos (30% da clientela).
A queixa física é como sinal de alerta: dor, sintomas cardiorrespiratórios e
gastrointestinais. O corpo pede atenção! Há sintomas físicos para um transtorno mental.
Corpo e mente não se separam.
Identificação
Algumas pistas são queixas crônicas com baixa resolução pelos tratamentos
convencionais, consultas frequentes em ambulatórios e emergências, ansiedade
persistente e/ou em crises, humor deprimido, desânimo, desesperança, perda de prazer
por períodos prolongados. Diante disso, suspeitar em queixas físicas sem outra
explicação clínica.
Os sintomas podem ser comuns, como ansiedade, depressão e somatização. Costuma
haver a predominância de uma das 3 faces do TMC, com implicações para o manejo.
Depressão
Humor deprimido (diferente da expressão afetiva), desânimo, falta de energia,
desesperança, pessimismo, alterações do sono, apetite e peso, ideias de ruína, morte e
suicídio e sintomas somáticos.
Ansiedade
Persistente, preocupações exageradas. Medos exagerados (fobias) relacionados a
lugares, situações sociais, animais, fenômenos climáticos, etc. Crises (pânico), situações
traumáticas, obsessões (pensamentos) e compulsões (condutas).
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Somatização
Queixas físicas “inexplicáveis”, dizem que eu “não tenho nada”. Sintomas somáticos
persistentes, variáveis em duração, localização, características. Risco de múltiplos
exames diagnósticos e tratamentos = iatrogenia. São frequentadores dos serviços de
saúde e causam incômodo aos profissionais.
Antidepressivos
Ansiolíticos
Diazepam 10mg, Clonazepam 2mg, Lorazepam 2mg.
Meia vida: curta, longa.
Efeitos colaterais.
Tempo de uso.
Prevenção do abuso / dependência.
Efeito ansiolítico do vínculo terapêutico.
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Como o profissional pode ser terapêutico
Dar um momento para pensar, boa comunicação, sem jargão. Exercitar a habilidade da
empatia, dar tempo para escutar e oferecer suporte na medida certa.
Cabe reconhecer os modelos de entendimento do paciente.
Acolher o paciente
Qualidades de superfície:
● Calor humano.
● Respeito.
● Cordialidade.
Qualidades profundas:
● Empatia.
● Contenção emocional (não ter que dar soluções a tudo!).
● Assertividade.
● Dar controle ao paciente.
Escutar o paciente
Tudo nos fala do paciente (linguagem não verbal).
A demanda aparente nem sempre é a demanda real.
Habilidades de escuta ativa.
Abordagem centrada no paciente
O profissional promove uma relação de cooperação em que ambos se encontram em um
terreno comum para abordar as preocupações do paciente, decisões a serem tomadas,
suas ideias sobre o que ocorre e o que deve ser feito, levando em conta expectativas e
experiência pessoal e cultural de enfermidade, inclusive as de sua comunidade.
Esse modelo permite que o paciente expresse suas preocupações mais importantes.
Busca que sejam verbalizadas perguntas concretas.
Favorece que eles expliquem suas crenças e expectativas sobre a sua enfermidade.
Facilita a expressão emocional do paciente.
Proporciona informação ao paciente.
Envolve-o na construção do tratamento.
Desafie sua forma de pensar
Compartilhe suas dificuldades.
Seja claro sobre seus limites.
Confronte a desesperança em si mesmo.
Aceite sua própria impotência.
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Erros frequentes
Erros de atitude:
● Já seio que está acontecendo.
● Sou só um técnico.
● Desconhecer os próprios pontos de irritação: quem é o paciente mais difícil?
porque?
Erros de técnica:
● Saudação fria ou inexistente.
● Não escutar já no início da consulta.
● Não delimitar claramente o motivo da consulta.
● Introduzir conselhos e informações precocemente.
● Não integrar a informação atual com o que se conhece do paciente.
● Condutas de antagonismo, culpabilização, juízos de valor e asseguramentos
prematuros.
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Sexualidade
Os médicos falam sobre sexualidade?
A sexualidade tem função biológica, expressão do afeto e função social.
A questão da mulher, os novos papéis do homem, as relações homoafetivas e a
discriminação e violência são assuntos importantes.
Sexo anatômico, identidade de gênero e expressão de gênero
Questões para a prática médica
● Abuso sexual é um assunto para crianças, adolescentes e adultos.
● Aconselhamento sobre iniciação da vida sexual e contracepção.
● Atividade sexual normal e patológica.
● Vida sexual e doença, incapacidade.
● Disfunções sexuais.
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Casamento e separação
Ao chegar na vida adulta, nos deparamos com papéis sociais e emocionais, dentre eles o
conjugal. Tendemos a transferir o apego dos pais a um ou mais companheiros.
Erikson afirma que indivíduos que chegarambem a essa fase tendem a desenvolver
relacionamentos. Intimidade vs isolamento. Intimidade é a capacidade de fundir sua
identidade com a de outra pessoa, sem recear perder algo de você.
As bases dos relacionamentos íntimos são pessoas que se tornam íntimas por meio de
revelações compartilhadas, receptividade a necessidade do outro e aceitação e respeito
mútuos.
Casamento
Na maioria das sociedades, a instituição casamento é considerada a melhor forma de
garantir a proteção e criação dos filhos.
A maioria das pessoas casa até os 30 anos e a maioria que se divorcia o faz em 10 anos e
boa parte dos divorciados se casa novamente.
A unidade conjugal propicia intimidade prolongada e gratifica necessidades
interpessoais.
O casamento impõe sacrifícios e compromissos. A escolha conjugal baseia-se em beleza,
inteligência, interesses comuns, situação financeira, temor à solidão, pressão externa,
sendo os motivos internos mais complexos.
Cada um de nós tende a recriar em nossas relações de parceria o padrão que trazemos
em nosso modelo interno de Apego.
O elemento mais forte na seleção e na atração é a similaridade (acasalamento por
ajuste).
Na atualidade há uma modificação do modelo tradicional, é um ato de vontade, ainda é
visto como um sonho para muitas pessoas. O prazer necessita da ação complementar de
um parceiro que na infância são os pais ou substitutos e na vida adulta, o cônjuge.
As qualidades das interações de casais com casamentos bem sucedidos são gostarem e
se considerarem amigos, concordam quanto aos papéis, são bons em ler sinais recíprocos,
tem boa capacidade de comunicação, são bons em resolver conflitos e criticam menos os
parceiros.
Separação
A separação evidencia a maior dificuldade do ser humano de lidar com a separação e
perda.
Há dificuldade de aceitar a transitoriedade da vida e o divórcio é feito de muitas
perdas ao mesmo tempo. Há críticas porque a separação mexe nesse sentimento pouco
tolerado pelas pessoas. O que toma a iniciativa é mal visto, é uma ameaça aos
casamentos inseguros.
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Paul Bohannan antropologista descreveu tipos de separação na época do divórcio:
● Divórcio psíquico: reação de luto pela morte do relacionamento que força a sair
de uma relação de dependência. A recuperação é estimada em 2 anos.
● Divórcio legal
● Divórcio econômico
● Divórcio comunitário: rede social do casal divorciado modifica.
● Divórcio co-parenteral
Efeitos da separação na vida emocional dos filhos
Um estudo longitudinal de Judith Wallerstein mostrou uma regressão no
desenvolvimento, fantasias de abandono, dificuldade para dormir, saudade do pai
ausente, agressividade com irmãos (até 5 anos).
Dos 5 aos 8 anos há quadro típico de luto, preocupação e desejo pelo genitor que partiu,
declínio do rendimento escolar.
Dos 8 aos 12 anos há diminuição do rendimento escolar e relacionamento com colegas,
raiva, ansiedade, solidão, humilhação, assumir papel assistencial e m relação ao pai maus
dependente.
Em relação aos adolescentes, pode haver depressão, transtornos de conduta, eventual
ideação suicida, sentimentos de raiva, preocupação de fracassar como os pais em
relacionamentos amorosos.
A amostra de casais do estudo possuíam sérios problemas psicológicos e de conduta
antes, durante e após a separação.
Adaptação ao divórcio
Terminar até mesmo um casamento infeliz pode ser doloroso para ambos, especialmente
quando os filhos são pequenos. Primeiro há o estresse do conflito conjugal e depois a
separação com a partida de um dos genitores.
As dificuldades se devem mais ao conflito parental do que à separação. Provavelmente
não seja possível evitar a tristeza, mentir ou tentar amenizar não é benéfico. Há
desajustes maiores nas crianças que presenciaram ou participaram das brigas por um
longo tempo. São situações caóticas que roubam o prazer infantil de viver.
Os filhos não devem ser usados como instrumentos das brigas. Atacar o ex cônjuge é
sabotar o convívio com os filhos ou depreciar o outro como pai ou mãe, o que resulta em
crianças sentindo-se desvalorizadas, pois elas se identificam com os pais. O
relacionamento com aquele que não terá a custódia poderá se deteriorar.
Mais do que explicar porque o casamento não deu certo, é explicar que eles não têm
nenhuma responsabilidade na decisão. Esclarecer que o sentimento em uma relação pode
mudar com o tempo, mas isso não acontece com os filhos.
A notícia deve ser dada firmemente pelo casal, a fim de evitar as fantasias de
reconciliação.
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Conflito de lealdade
A criança é levada a tomar o partido de um dos pais (raiva e culpa), por inveja da relação
dos filhos com o ex cônjuge.
A criança precisa do amor dos dois.
Pode levar à Síndrome de Alienação Parental (termo proposto por Richard Gardner em
1985 para a situação em que um dos dois pais de uma criança a treina para romper os
laços afetivos com o outro genitor).
Parentificação
As crianças assumem tarefas dos adultos na família. Filhos confidentes e cuidando dos
irmãos.
Triangulação
O filho ou a filha forma um casal com um dos pais.
Guarda, pensão e visita
Instrumento dos ressentimentos do casal. Relação perversa, filho objeto de barganha.
A pensão é vista como tentativa de obter uma indenização por se sentir vítima de
desprezo. As exigências diminuem conforme os pais aceitam a própria participação no
fim do casamento.
Adaptação às necessidades das crianças
Novos relacionamentos devem ser mantidos separados dos filhos por um tempo para
evitar o incremento do estresse e do sentimento de perda. As crianças devem participar
da nova organização familiar. Pode decidir onde mora, mas tem 2 casas. As visitas do pai
que mora fora deve ter qualidade e regularidade.
A guarda compartilhada pode ser vantajosa se os pais cooperarem. Legalmente dividindo
os direitos e as responsabilidades para tomar decisões e/ou guarda compartilhada física
(menos comum), quando a criança vive metade do tempo com cada um dos pais.
Efeitos a longo prazo
A maioria dos filhos com pais divorciados adapta-se razoavelmente bem. Pode haver
ansiedade na vida adulta ao estabelecer suas próprias relações íntimas e medo de firmar
compromisso e se decepcionar.
Adultos com pais divorciados são mais propensos a esperar que seus casamentos não
durem, mas esse processo pode ser afetado por um casamento subsequente dos pais.
Tudo depende de como se interpreta o divórcio parental. Alguns que veem alto grau de
conflito entre os pais são capazes de extrair um aprendizado deste exemplo negativo.
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Climatério
Climatério é a meia idade, idade da razão ou idade intermediária. Ocorre dos 40 aos 60
anos. Nesse período há reavaliação de metas e satisfação interior, é o auge do
desenvolvimento, da competência e da criatividade. Há percepção da passagem do
tempo. O funcionamento biológico e fisiológico diminuem e para muitos, esse não é nem o
início e nem o fim da vida. Para os que estão no auge da carreira profissional ou tem um
casamento estável e prazeroso (consolidação de ganhos). Aqueles que acreditam não
terem alcançado seus objetivos, tendem a estagnação, sem quaisquer perspectivas de
investimento em futuros projetos.
Essa é considerada por Erikson como a etapa da generatividade vs estagnação.
Generatividade é deixar um legado e cuidar da próxima geração. A estagnação tende a
ocorrer quando há predomínio do sentimento de prejuízo, insatisfação e incapacidade.
Esse é um período de contraste, há o auge da carreira profissional ou fracassos em
seus projetos.
Assim como a puberdade está ligada a adolescência, o cliatério está ligado à
madurescência. Além de mudanças hormonais, físicas e fisiológicas, há mudanças
psiquicas. Há um processo de luto pelo envelhecimento, trauma pela morte e percepção
da transitoriedade da vida.
Ocorrem microprocessos contínuos de elaboração e ressignificação que resultariam em
um novo equilíquio promovendo crescimento e desenvolvimento ou alentecimento
(estancamento), com alterações de autoestima, impossibilidade de investirem novos
planos ou projetos, quase como se o tempo tivesse parado.
Algumas pessoas iniciam uma aceleração (mudança aparente), que costuma envolver
tentativas de fuga do passado buscando “recuperar” vertiginosamente o tempo.
As tarefas da meia idade são aceitação do corpo que envelhece, aceitação da limitação
do tempo e da morte pessoal, manutenção da intimidade e reavaliação dos
relacionamentos. Em relaçao aos filhos há o deixar ir, atingir igualdade, integrar novos
membros. Pode haver alguma inversão de papéis. É o momento de preparação para a
velhice.
Em relação a vida sexual, há sabedoria e experiência, compensação ao declínio das
capacidades físicas e da atratividade da juventude. As mulheres podem lidar cim
ansiedade e depressão frente a menopausa. Homens também devem adaptar-se ao
declínio no funcionamento biológico e vigor físico. Ao mesmo tempo em que há perda da
capacidade reprodutivo, pode haver síndrome do ninho vazio.
Menopausa e transtornos psiquiátricos
Climatério período de fim da função ovariana, ocorre peri e pós-menopausa. Há
expectativas desfavoráveis à menopausa e alteração dos níveis de hormônios está ligado
diretamente às alterações de humor e ansiedade, uma vez que há sistemas de
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neurotransmissão que são modulados pelos hormônios sexuais, especialmente estrogênio.
Há presença de receptores de estrogênio e progesterona em córtex pré-frontal,
amígdala, hipocampo, corpo estriado e tálamo, contribuindo para sintomas emocionais,
vasomotores e alterações do sono.
Mulheres que já apresentaram transtornos psiquiátricos relacionados ao ciclo
reprodutivo, como depressão puerperal e transtorno disfórico pré-menstrual merecem
atenção especial nessa fase. Aparentemente algumas mulheres apresentam maior
sensibilidade à ação dos hormônios esteróides no SNC. O tratamento pode ser feito com
TRH, ISRS e ISRN.
Crise da meia idade
Expressão criada pelo psicanalista Elliot Jacques em 1965 que descreve um estado
patológico vivenciado por poucos. É o luto pela juventude ultrapassada e consciência da
inevitabilidade da morte, o que pode levar a rupturas.
Pode haver sintomas depressivos (desvalorizar suas conquistas, desinteressar-se pela
vida) e sintomas eufóricos (mudar seus hábitos, abandonar trabalho ou casamento,
identificando-se com os mais jovens).
Família
As reavaliações incluem os relacionamentos, dúvidas, tentativas de separação, casos
extraconjugais são um teste para o casamento. É um momento em que há reencontro do
casal, pois os filhos não são mais o foco da atenção.
A síndrome do ninho vazio e a dificuldade de separação dos filhos são menos intensos
na relação conjugal prazerosa.
Pode haver dificuldades em confiar e delegar poderes aos filhos. Em contraste com a
vitalidade dos filhos está o próprio declínio.
Pode ser preciso saber renunciar a posição de principal objeto de amor na vida dos
filhos (sogro e sogra).
Os netos são um prazer para muitos (substitutos dos filhos perdidos) ou podem fazer
outros sentir-se velhos
Sobrecarga= Filhos saindo tarde+Pais velhos.
Aposentadoria
Trabalho é um organizador psíquico e a aposentadoria com uma solução mágica, pode
acabar tornando-se uma decepção.
Além disso, há perda econômica, de posição social e da autoestima, isolamento social e
afetivo. Pode desencadear crises emocionais ou quadros psiquiátricos (depressão, abuso
de álcool, entre outros).
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Velhice
A idade adulta tardia inicia-se aos 60 anos.
Demograficamente, houve aumento da expectativa de vida e progressivo envelhecimento
da população: progressos da medicina e a crescente redução das taxas de natalidade.
O envelhecer é um efeito adverso da passagem do tempo. Alterações físicas que se
desenvolvem na vida adulta, resulta num declínio da eficiência do funcionamento e
termina na morte.
Fim da linha ou época de conclusão descansada da vida, que ainda contém muito para
sentir e desfrutar (Lidz1991).
Fase marcada pela proximidade da finitude, pela morte de familiares e pessoas de sua
geração. As perdas, lutos e tentativas de recuperação caracterizam essa fase.
Outras perdas são:
● Saúde física
● Diminuição das capacidades
● Da companhia (solidão)
● Do cônjuge
● Trabalho, perda de importância à medida que não faz mais parte do papel
produtivo
● Padrão de vida
● Responsabilidades
Pessoas que chegarem bem a essa fase desfrutarão melhor e a consciência de sua vida
estar em jogo é apenas um fato cotidiano, afora isso é tudo tal como antes. Você
continua imortal enquanto vive.
A maior parte das mudanças são graduais e imperceptíveis numa base diária, oferecendo
assim, tempo para ajuste e compensações. A perda da potência para o homem
representa a perda de seu próprio símbolo de masculinidade e de valor como pessoa,
assim como, a perda dos atrativos sexuais traz insegurança para a mulher.
“Um bom ajustamento requer a aceitação da diminuição das capacidades físicas e da
renda e da percepção que já não se é central para os assuntos dos outros”.
Autonomia e independência
A autoestima e a auto-suficiência estão sob risco permanente, deixando claro a
importância da segurança econômica, pessoas apoiadoras (protegem do isolamento),
saúde física e psíquica.
Preconceitos com a terceira idade
A ideia que o idoso não é mais capaz de discernir e decidir sobre a própria vida, o que
resulta em comportamento superprotetor e autoritário dos filhos. Somente 1% das
demências ocorrem em pessoas abaixo de 60 a 69 anos.
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A depressão é tida como esperada devido às perdas, contudo sintomas depressivos não
fazem parte do envelhecimento normal.
Outro preconceito frequente é que idosos possuem vida sexual inativa.
Síndromes depressivas nos idosos
Idosos apresentam maior prevalência de quadros subsindrômicos, mas que podem causar
prejuízo. A depressão atípica é a mais comum. Normalmente não se queixam de tristeza
e humor deprimido, prevalecem sintomas somáticos.
Podem propiciar síndromes depressivas a polimedicação, a dor crônica e as neoplasias.
“É coisa da idade... Todo mundo fica mais quieto e isolado”. Essa ideia errônea dificulta o
diagnóstico.
Em relação ao luto deve-se aguardar um período próximo a 2 meses e então avaliar a
gravidade, pois o luto é um processo que faz parte da vivência humana, mas a síndrome
depressiva manifesta necessita tratamento.
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