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4 A FRASE LATINA, AS FLEXÕES E OS TEMAS NOMINAIS 1. A frase latina e as flexões 1.1 A coordenação e a subordinação Se tomarmos algumas palavras ao acaso, sem nenhuma disposição e ordem, nada mais temos que conceitos isolados. Vejamos um exemplo: PAULO – AMIGA – JARDIM – ESTAR. Estas quatro palavras assim colocadas nada mais dizem além do que expressam isoladamente. Mas elas podem formar uma estrutura capaz de veicular um pensamento. Basta que se estabeleçam entre elas relações de coordenação e de subordinação segundo modelos habituais da língua e com a ajuda dos instrumentos gramaticais de relação. Podemos ter frases como estas: Paulo está no jardim com a amiga. (subordinação). Paulo e a amiga estão no jardim. (coordenação e subordinação). E assim estruturadas, as palavras passam a depender umas das outras e desempenham funções sintáticas específicas. 1.2. A flexão de caso A não ser na ordem, elemento mais de valor estilístico, a frase latina não difere da frase portuguesa senão em um aspecto: as relações existentes entre as palavras, isto é, as funções sintáticas são expressas por uma flexão chamada caso. Com aquelas mesmas palavras, postas em Latim, PAULUS – AMICA – HORTUS – ESSE, podemos formar as mesmas frases, flexionando, além do verbo, também os nomes: Paulus in horto cum amica est. Paulus et amica in horto sunt. O nome latino flexiona-se para indicar a função sintática, substituindo-se uma desinência por outra. Esse tipo de flexão da palavra latina chama-se caso. Dessa maneira, o caso é a forma que um nome e um pronome assumem, por meio de uma desinência, para desempenhar uma função sintática. Assim, já que essa relação sintática se faz por meio de uma desinência, os termos de uma oração podem ficar em qualquer ordem: Paulus in horto cum amica est. Est in horto Paulus cum amica. Cum Paulo est in horto amica etc. Os casos latinos são seis: - NOMINATIVO, com função de sujeito e de predicativo do sujeito; -VOCATIVO, com função de vocativo; - ACUSATIVO, com função de objeto direto e de adjunto adverbial (pedido por preposição); - GENITIVO, com função de adjunto adnominal; - DATIVO, com função de objeto indireto e de complemento nominal; - ABLATIVO, com função de adjunto adverbial. 1.3. A flexão de número e de gênero O número é a flexão que indica se a palavra se refere a um só ser ou a mais de um ser. Pode ser singular e plural. A flexão de número está associada à de caso, o que vale dizer que cada caso latino tem uma desinência de singular e uma de plural. O Latim possui três gêneros: o masculino, o feminino e o neutro, mas em rigor não existe uma desinência específica de gênero. No substantivo, a noção de gênero está intimamente ligada à significação da palavra, mas o processo não é absoluto: vir significa “homem”, “o macho” e é de gênero masculino: femina significa “mulher”, “a fêmea” e é de gênero feminino; mas iuvenis tanto pode significar “o jovem” como “a jovem” e pode ser especificado por adjetivo masculino ou feminino. No adjetivo e no pronome é que está, em princípio, a distinção de gênero. É nessas classes de palavras que o Latim, de um modo geral conserva certas formas distintas de gênero: magnus, magna, magnum; hic, haec, hoc. Assim, é o determinante que nos garante que poeta é palavra masculina, puella, feminina e templum, neutra: hic magnus poeta, “este grande poeta”; haec bona puella, “esta boa menina”; hoc magnum templum,”este grande templo”. 1.4. A declinação e o tema 1.4.1. A declinação Declinação é o conjunto de desinências próprias de um grupo de palavras. As declinações são cinco. Cada grupo de palavras é caracterizado por um tema ao qual de juntam as desinências casuais. Assim, podemos dividir as palavras e grupos segundo o seu tema em: a) palavras de tema em –a-, que formam a 1ª. declinação; b) palavras de tema em –o-, que formam a 2ª. declinação; c) palavras de tema em –i- e de tema em consoante, que formam, juntas, a 3ª. declinação; d) palavras de tema em –u-, que formam a 4ª. declinação; e) palavras de tema em –e-, que formam a 5ª. declinação. Estudaremos esses temas por grupos. Primeiramente, as palavras de tema em –a- e –o-, depois as de tema em –i- e consoante. 1.4.2. O tema Emprega-se tema para indicar o grupo de palavras e também a parte da palavra à qual se prendem as desinências casuais: A noção de tema é de fácil compreensão. Basta tomar uma palavra qualquer, por exemplo, domina, no genitivo plural – dominarum-, caso em que o tema está plenamente definido. Segundo os elementos que compõem o vocábulo, podemos defini-lo assim: domin-: radical -a-: vogal temática -rum: desinência casual A vogal temática é o elemento característico do grupo a que pertence a palavra. Além disso, prepara o radical para receber a desinência casual: domina-rum. A soma do radical com a vogal temática chama-se tema. EXERCÍCIO 1 a) Indicar qual o caso latino que corresponde a cada termo grifado na frase portuguesa: 1. Este menino é bom aluno. 2. Pedro é um bom menino. 3. Vejo um menino no jardim. 4. Pedro oferece um livro ao menino. 5. Pedro está com o menino. 6. O livro do menino é vermelho. 7. Ó menino, onde está você? 8. O menino foi ao teatro. 9. Pedro ofereceu a Paulo, bom menino, um presente. 10.Pedro, bom menino, é nosso aluno. b) Determinar o gênero do substantivo pelo determinante adjetivo, que está grifado: aqua bona nauta animosus exemplum bonum silva atra discipulus sedulus poeta bonus ancilla sedula bellum cruentum ager publicus vir clarus 2. SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS DE TEMA EM –a- E DE TEMA EM -o- (1ª. e 2ª. declinações) É fácil saber a que tema pertence um substantivo ou adjetivo. Há em cada tema uma relação constante entre a desinência do nominativo e do genitivo no singular. Observemos este quadro: NOM. SING. GENIT. SING. CLASSE E GÊN. SIGNIFICADO poeta poetae subst.. m. poeta puella puellae subst.. f. menina, moça bona bonae adj.f. boa atra atrae adj.f escura dominus domini subst..m. senhor fagus fagi subst..f. faia populus populi subst.m. povo puer pueri subst.. m. menino ater atri adj.m. escuro vir viri subst.m. homem templum templi subst..n. templo bonum boni adj.m bom No quadro estão todos os tipos de nominativo singular e de genitivo da 1ª. e 2ª. declinações. Na 1ª. declinação, a palavra em nominativo singular termina sempre em ____; na 2ª. declinação há terminações diferentes, mas são sempre as seguintes: _____, _____, _____, _____. O genitivo singular da 1ª. declinação termina sempre em _____; o da 2ª. declinação, sempre em _____. O dicionário torna tudo mais fácil: indica o substantivo em nominativo seguido do genitivo: poeta,ae; dominus,i; templum,i, vir,viri. Os adjetivos que pertencem às duas declinações citadas são indicados apenas em nominativo: bonus,a,um; ater,atra,atrum. EXERCÍCIO 2 Identifique, na relação abaixo, as palavras de 1ª e 2ª. declinações: ( ) aratrum,i ( ) ager,gri ( ) fructus,us ( )argentum,i ( ) genus,eris ( ) pater,tris ( ) asinus,i ( ) tectum,i ( ) fructus,us ( ) tempus,oris ( ) exemplum,i ( ) taurus,i ( ) ianua,ae ( )turba,ae ( ) cantus,us ( ) vitium,i ( ) domina,ae ( ) vir,viri ( ) puella,ae ( )visus,us O VERBO SUM É um verbo de 3a. conjugação. Vem indicado no dicionário da seguinte forma: sum,es,esse, fui. Estas formas são as de 1a. e 2a. pessoas do singular do indicativo presente, o infinitivo, a 1a. pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo. É verbo de ligação e pode ser traduzido pelos verbos portugueses ser, estar, existir, haver, valer e semelhantes. Alguns tempos do modo indicativo: PRESENTE sum (eu sou,estou) es est sumus estis sunt PRETÉRITO PERFEITO fui (eu fui, estive) fuisti fuit fuimus fuistis fuerunt PRETÉRITO IMPERFEITO eram (eu era, estava) eras erat eramus eratis erant FUTURO IMPERFEITO (DO PRESENTE) ero (eu serei, estarei) eris erit erimus eritis erunt
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