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Trabalho rural
Prof. Thiago Loures
@thiago_loures_advogado
roteiro
1) Evolução histórica do trabalho rural
2) Conceito de empregado rural
3) Conceito de empregador rural
4) Peculiaridades do contrato rural
5) Questão da OAB 
6) Encaminhamentos
Evolução histórica do trabalho rural no brasil
A) Fase de Restrição de Direitos — A exclusão dos rurícolas das normas heterônomas do Direito Individual do Trabalho ocorreu por meio do art. 7º, “b”, da CLT de 1943(“Os preceitos constantes da presente Consolidação, salvo quando for, em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam (...) aos trabalhadores rurais”).
Obs. Constituição de 46 até previa alguns direitos para o trabalhador rural, mas a jurisprudência da época entendia que dependiam de norma regulamentadora p/ aplicação.
Evolução histórica do trabalho rural no brasil
B) Fase de Aproximação de Situações Jurídicas — Décadas após, no início dos anos de 1960, é que se passou a conferir extensão efetiva da legislação trabalhista heterônoma ao campo (Estatuto do Trabalhador Rural — ETR —, implantado pela Lei n. 4.214, diploma que entrou em vigor em 2.6.1963).
Evolução histórica do trabalho rural no brasil
C) Fase Contemporânea: acentuação da igualdade — A fase contemporânea vivenciada pelos empregados rurais é de plena aproximação jurídica com os empregados urbanos. Resguardam-se, contudo, algumas poucas especificidades normativas tópicas em torno dessa categoria especial de obreiros. Os aspectos especiais à normatização do trabalho rural estão aventados, ilustrativamente, pela Lei n. 5.889/73., que atualmente regula o trabalho rural.
Obs. Constituição de 1988 veio fixar, em seu art. 7º, caput, uma quase plena paridade jurídica entre os dois segmentos empregatícios do país (São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social...).
Conceito de empregado rural (Lei 5.889/73) 
Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.
Obs. Note que os requisitos do art. 3º da CLT estão presentes: pessoa física, pessoalidade, suboridinação, onerosidade, não eventualidade.
A) Critério PELO MÉTODO DE TRABALHO 
A CLT formulou critério de caracterização do rurícola fundado no método de trabalho observado pelo obreiro no desenrolar da prestação laborativa, ou na finalidade das atividades em que estivesse envolvido. Sendo rurícolas tais métodos ou fins, rurícola seria o trabalhador.
De fato, para a Consolidação seriam trabalhadores rurais: “... aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais” (art. 7º, “b”, CLT; grifos acrescidos).
B) Critério PELO SEGMENTO DO EMPREGADOR
 O critério de identificação do trabalhador rural brasileiro hoje vigorante é distinto do tradicional oriundo da CLT. O critério hoje prevalecente busca se ajustar ao modelo geral de enquadramento obreiro clássico ao Direito do Trabalho do país: o segmento de atividade do empregador.
A partir desse critério, rurícola será o empregado vinculado a um empregador rural. O que importa à sua classificação como rurícola ou urbano é o próprio posicionamento de seu empregador: sendo rural este, rurícola será considerado o obreiro, independentemente de seus métodos de trabalho e dos fins da atividade em que se envolve.
C) CRITÉRIO DE NOVOS REQUISITOS 
Nesse quadro normativo dominante, trabalhador rural é a pessoa física que presta serviços a tomador rural, realizando tais serviços em imóvel rural ou prédio rústico. Por sua vez, empregado rural será a pessoa física que acrescenta a esse dois elementos fático-jurídicos especiais os demais característicos a qualquer relação de emprego.
Insista-se: são dois os elementos fático-jurídicos especiais da categoria agropastoril: 
o primeiro, consistente na vinculação a um tomador de serviços de caráter rural; 
o segundo, consistente na circunstância de o trabalho ser prestado em imóvel rural ou prédio rústico. 
a) Enquadramento Rurícola do Empregador
 Não importa, pois, o tipo de trabalho prestado pelo obreiro e muito menos os métodos e fins de seu trabalho (como queria o antigo texto do art. 7º, “b”, da CLT). O que importa são as circunstâncias de o trabalhador vincular-se a um empregador rural (uma fazenda de café, por exemplo), laborando no respectivo espaço rural (ou em prédio rústico).
Desse modo, o administrador da fazenda, o datilógrafo ou o almoxarife ali existentes, todos esses trabalhadores serão considerados rurícolas, pois vinculados a um empregador rural, trabalhando na respectiva fazenda (embora o método de seu labor não seja exatamente agropastoril). Excetuadas as categorias diferenciadas (categorías que possuem previsão em lei – ex: professor), os demais trabalhadores sujeitam-se, em princípio, a esse critério geral de fixação de seu posicionamento no quadro das categorias profissionais
EXCEÇÃO- OJ 38 SDI-1 TST
38. EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE RURAL. EMPRESA DE REFLORESTAMENTO. PRESCRIÇÃO PRÓPRIA DO RURÍCOLA. (LEI Nº 5.889, DE 08.06.1973, ART. 10, E DECRETO Nº 73.626, DE 12.02.19/74, ART. 2º, § 4º) (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010
O empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não industriário, nos termos do Decreto n.º 73.626, de 12.02.1974, art. 2º, § 4º, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria. Assim, aplica-se a prescrição própria dos rurícolas aos direitos desses empregados.
b) Imóvel Rural ou Prédio Rústico 
O segundo elemento fático-jurídico especial do empregado rural é o local de sua prestação de serviços: trata-se do fato de seu labor ser cumprido em imóvel rural ou prédio rústico.
A definição de imóvel rural não enseja controvérsia, atada ao próprio senso comum. Refere-se à zona geográfica situada no campo, exterior às áreas de urbanização.
Já prédio rústico, trata-se, pois, do imóvel geograficamente classificado como urbano, porém envolvido, do ponto de vista econômico e laborativo, com atividades nitidamente agropastoris. Como bem exposto pelo jurista Márcio Túlio Viana, neste conceito “... o que importa mesmo é a natureza da atividade empresarial. Assim, será rurícola o lavrador que cultiva uma horta em pleno centro de São Paulo”
Conceito de empregadoR rural (Lei 5.889/73) 
Art. 3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
§ 1o  Inclui-se na atividade econômica referida no caput deste artigo, além da exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, a exploração do turismo rural ancilar à exploração agroeconômica.                       
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego.
PECULIARIDADES DO TRABALHADOR RURAL
Intervalos do rural (Lei 5.889/73)
Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis horas, será obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação observados os usos e costumes da região, não se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas consecutivas para descanso. Jurisprudencialmenteé utilizado o art. 71 da CLT por analogia.
Adicional noturno (lei 5.889/73)
Art. 7º - Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as quatro horas do dia seguinte, na atividade pecuária (gado).
Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) sobre a remuneração normal.
Depende da atividade desenvolvida.
Descontos salariais (lei 5.889/73)
Art. 9º Salvo as hipóteses de autorização legal ou decisão judiciária, só poderão ser descontadas do empregado rural as seguintes parcelas, calculadas sobre o salário mínimo:
a) até o limite de 20% (vinte por cento) pela ocupação da morada;
b)até o limite de 25% (vinte por cento) pelo fornecimento de alimentação sadia e farta, atendidos os preços vigentes na região;
c) adiantamentos em dinheiro.
§ 1º As deduções acima especificadas deverão ser previamente autorizadas, sem o que serão nulas de pleno direito.
§ 2º Sempre que mais de um empregado residir na mesma morada, o desconto, previsto na letra "a" deste artigo, será dividido proporcionalmente ao número de empregados, vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva de famílias (senzalas).
§ 3º Rescindido ou findo o contrato de trabalho, o empregado será obrigado a desocupar a casa dentro de trinta dias.
§ 4º O Regulamento desta Lei especificará os tipos de morada para fins de dedução.
Não pode comprometer grande parte do salário. Os descontos são no limite do salario mínimo, independentemente do trabalhador receber mais que o mínimo.
QUESTÃO DA OAB
(Questão OAB 2011)Paulo possuía uma casa de campo, situada em região rural da cidade de Muzambinho - MG, onde costumava passar todos os finais de semana e as férias com a sua família. Contratou Francisco para cuidar de algumas cabeças de gado destinadas à venda de carne e de leite ao mercado local. Francisco trabalhava com pessoalidade e subordinação, de segunda a sábado, das 11h às 21h, recebendo um salário mínimo mensal. Dispensado sem justa causa, ajuizou reclamação trabalhista em face de Paulo, postulando o pagamento de horas extraordinárias, de adicional noturno e dos respectivos reflexos nas verbas decorrentes da execução e da ruptura do contrato de trabalho. Aduziu, ainda, que não era observada pelo empregador a redução da hora noturna.
Diante dessa situação hipotética e considerando que as verbas postuladas não foram efetivamente pagas pelo empregador, assinale a alternativa correta.
A- Francisco tem direito ao pagamento de horas extraordinárias e de adicional noturno, não lhe assistindo o direito à redução da hora noturna.
B- Francisco tem direito ao pagamento de horas extraordinárias, mas não lhe assiste o direito ao pagamento de adicional noturno, já que não houve prestação de serviços entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte.
C- Francisco não tem direito ao pagamento de horas extraordinárias e de adicional noturno, por se tratar de empregado doméstico.
D- A redução da hora noturna deveria ter sido observada pelo empregador.
A- Francisco tem direito ao pagamento de horas extraordinárias e de adicional noturno, não lhe assistindo o direito à redução da hora noturna.
B- Francisco tem direito ao pagamento de horas extraordinárias, mas não lhe assiste o direito ao pagamento de adicional noturno, já que não houve prestação de serviços entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte.
C- Francisco não tem direito ao pagamento de horas extraordinárias e de adicional noturno, por se tratar de empregado doméstico.
D- A redução da hora noturna deveria ter sido observada pelo empregador.
Encaminhamentos
1) Quais são os 7 requisitos para vínculo como empregado rural? 
2) Cite uma diferença prática, do trabalhador urbano para o rural.
3) Leia a Lei 5.889/73 (21 artigos)

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