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Dom Helder Escola Superior
Professora Lícia Jocilene das Neves
Aulão Exame da Ordem Direito Penal
APELAÇÃO – Prova aplicada em agosto/2022
AO JUÍZO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC. 
Autos do Processo nº 
JÚLIO, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, inconformado com a sentença que o condenou à pena privativa de liberdade, vem, respeitosamente, perante este Juízo, por seu procurador constituído, tempestivamente no prazo de 5 dias, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no art. 593, inciso I do Código de Processo Penal.
	Neste sentido, desde já, requer que o presente recurso seja recebido e encaminhado, com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina para o seu devido prosseguimento. 
Nestes termos,
Aguarda deferimento.
Florianópolis, 18 de julho de 2022.
Assinatura do advogado
OAB nº 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Apelante: Júlio
Apelado: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Autos do Processo nº
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Colenda Câmara,
Ilustres Desembargadores
Douto Procurador
Em que pese a respeitável decisão do Juízo a quo, não deve ser mantida a sentença condenatória face o Apelante, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
1 Síntese do ocorrido
O Apelante foi denunciado pelo Ministério Público conforme art. 250 do CP, pois teria colocado fogo na fazenda da família em razão de sua mãe não o ajudar no tratamento que fazia contra a dependência química. Para tanto jogou gasolina na casa que estava desabitada e acendeu um fósforo, causando fogo e a destruição significativa do imóvel. Ocorre que este imóvel ficava afastado de outros e ninguém costumava passar por lá. 
Ademais, no momento do fato, o Apelante estava completamente embriagado, conforme constatado em teste de alcoolemia realizado, não tendo capacidade de determinar o caráter do fato ilícito No entanto, a embriaguez ocorreu em razão de força maior, pois ao solicitar em um bar uma água com gás para beber, o proprietário do bar, sem que o Apelante soubesse, misturou cachaça à agua, ingerindo o Apelante esta mistura juntamente com o medicamento que estava tomando para combater a dependência química, resultando assim em uma embriaguez completa e a incapacidade para entender o caráter ilícito do fato.
Igualmente, conforme consta dos autos do processo, foi realizada perícia no local e constatou-se a destruição do imóvel com prejuízo considerável para os proprietários do imóvel, bem como que não havia ninguém no local no momento do fato, nem outras pessoas ou bens de terceiros que pudessem ser atingidos.
Após o recebimento da denúncia pelo juízo a quo, foi citado o Apelante quando ainda na condição de réu e, tendo apresentado sua defesa, o douto magistrado achou por bem antecipar a produção de provas, ouvindo as testemunhas por achar que os fatos poderiam ser esquecidos, visto que a pauta de audiência de processos de réus soltos estava para data longínqua. Foram então ouvidas as testemunhas e, posteriormente, na audiência ocorrida em 05 de março de 2021, os fatos narrados foram confirmados e o Apelante, então na condição de réu, confirmou a autoria delitiva, porém destacou que pouco se lembrava do que acontecera.
Na sentença proferida pelo juízo a quo, condenou-se o réu nos termos da denúncia. No momento de aplicar a pena base, o douto magistrado reconheceu a existência de maus antecedentes, aumentando a pena em 03 meses, tendo em vista que, na Folha de Antecedentes Criminais, acostada ao procedimento, constava uma condenação de Júlio pela prática do crime de tráfico, por fato ocorrido em 20 de abril de 2019, cujo trânsito em julgado ocorreu em 10 de março de 2020. Percebe-se que a sentença transitou em julgado após a ocorrência do fato em questão, logo não há que falar-se em reincidência. Na segunda fase, reconheceu a presença da agravante do Art. 61, inciso II, alínea d, do Código Penal, aumentando a pena em 05 meses, já que o meio empregado por Júlio poderia resultar perigo comum. Não foram reconhecidas atenuantes da pena. Na terceira fase, não foram aplicadas causas de aumento ou de diminuição de pena, sendo mantida a pena de 03 anos e 8 meses de reclusão e multa de 15 dias, a ser cumprida em regime semiaberto, não sendo substituída a privativa de liberdade por restritiva de direitos com base no Art. 44, III, do CP. Intimado da sentença, o Ministério Público não recorreu da sentença e a defesa técnica de Júlio foi intimada em 11 de julho de 2022, segunda-feira.
Eis os fatos.
2 Do Direito
2.1 Das Preliminares
A) Da nulidade da oitiva de testemunhas
Nos termos da súmula 455 do STJ, não é fundamento plausível para a antecipação de provas o mero decurso no tempo. Ocorre que a oitiva de testemunhas ocorreu como forma de antecipação de provas em razão do receio de esquecimento dos fatos, porque a audiência de réus soltos estava pautada para data longínqua. Logo, o fundamento apresentado no juízo a quo para a antecipação da produção de provas não é adequado para fundamentar o risco de perecimento das provas, nos termos da súmula anteriormente citada, devendo-se reconhecer e declarar a nulidade da oitiva de testemunhas e, por conseguinte, da sentença condenatória.
Vencida a preliminar, passemos ao mérito.
2.2 Do Mérito
B) Da atipicidade da conduta
O Apelante fora denunciado pela prática do crime de incêndio nos termos do art. 250 do Código Penal. Ocorre que para a configuração deste crime de perigo concreto é necessário que a conduta tenha colocado em perigo comum a integridade ou a vida de alguém, bem como de outros bens, o que não se observou no caso em questão. Primeiramente, o imóvel destruído pelo fogo encontrava-se em local afastado de outros imóveis conforme constatado em aludo pericial, bem como não havia ninguém no local no momento do fato que pudesse ser colocado em perigo. Sendo assim, não restou comprovado o perigo comum e, portanto, deve o Apelante ser absolvido do crime de incêndio conforme art. 386, inciso III do CPP.
C) Da causa de isenção de pena
Caso a condenação ainda seja mantida mesmo não restando configurado o crime de incêndio, o Apelante no momento dos fatos encontrava-se eu um estado de embriaguez completa causada por força maior ou caso fortuito, visto que ao pedir uma água com gás para beber em uma bar, teve misturada cachaça à água, sem sua concordância ou conhecimento, o que causou seu estado de embriaguez ao ingerir a água conjuntamente com o medicamento que usava para combater a dependência em substância química. Ainda que a embriaguez não exclua a imputabilidade, quando da embriaguez completa por caso fortuito ou força maior tem-se uma causa de isenção nos termos do § 1º do art. 28 do Código Penal, devendo, portanto, o Apelante ser absolvido conforme o art. 386, VI do Código de Processo Penal.
C) Subsidiariamente
Subsidiariamente, no caso de o Apelante não ser absolvido ou pela atipicidade da conduta ou mesmo pela existência de uma causa de isenção de pena, deve ser afastado o aumento da pena na primeira fase da dosimetria da pena, pois uma condenação ainda não transitada em julgado anteriormente à prática de um novo crime não pode ser considerada como maus antecedentes (súmula 444 do STJ), visto que a condenação por tráfico de drogas foi posterior à prática do incêndio. Da mesma maneira, deve ser afastada a agravante na segunda fase da dosimetria da pena em razão do perigo comum conforme consta do art. 63, inciso II, alínea d do Código Penal, já que é um elemento do tipo penal. Assim, se mantida a condenação pelo crime de incêndio e ainda se agravar a pena em razão do perigo comum configuraria bis in idem, o que não se permite acontecer.
Igualmente, deve-se incidir a atenuante da pena quando da segunda fase da dosimetria da pena em razão da confissão do réu perante o juiz em audiência, nos termos do art. 65, inciso III, alínea d do Código Penal. Desta maneira, a pena final será inferior a 4 anos e não sendo o Apelante reincidente, caberá determinar-seo regime aberto como regime inicial de cumprimento da pena, nos termos do art. 33 § 2º, alínea c do Código Penal.
Ademais, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, porque preenchidos seus requisitos conforme determina o art. 44 caput e incisos seguintes do Código Penal.
3 Dos Pedidos 
Por todo o exposto, requer-se que:
a) O presente recurso seja conhecido e dado provimento, modificando a sentença condenatória proferida pelo juízo a quo no sentido de:
b) Preliminarmente, seja reconhecida e declarada a nulidade da oitiva de testemunhas e por conseguinte da sentença; 
c) Caso não seja aceita a preliminar, então seja absolvido o Apelante nos termos do art. 386, inciso III ou inciso IV do CPP;
d) Subsidiariamente, sejam afastados os maus antecedentes e a agravante do perigo comum e que incida a atenuante da confissão espontânea;
e) E ainda de forma subsidiária, que seja determinado o regime aberto como regime inicial de cumprimento de pena e a pena privativa de liberdade seja substituída pela pena restritiva de direitos. 
Nestes termos,
Aguarda deferimento.
Florianópolis, 18 de julho de 2022.
Assinatura do advogado.
OAB nº

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