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Recurso em sentido estrito_abril 2022_Resolucao

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Dom Helder Escola Superior
Professora Lícia Jocilene das Neves
Aulão Exame da Ordem Direito Penal
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – Prova aplicada em abril/2022
AO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP. 
Autos do Processo nº 
RODRIGO, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, inconformado com a decisão de pronúncia, vem, respeitosamente, perante V. Exa, por seu procurador constituído, tempestivamente no prazo de 5 dias, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art. 581, inciso IV do Código de Processo Penal.
	Neste sentido, desde já, requer que o presente recurso seja recebido e procedido o juízo de retratação nos termos do art. 589 do CPP. Na hipótese deste juízo não considerar os argumentos, mantendo a decisão de pronúncia, requer que seja encaminhado este recurso, com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para o seu devido prosseguimento. 
Nestes termos,
Aguarda deferimento.
São Paulo, 12 de abril de 2022.
Assinatura do advogado
OAB nº 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESCRITO
Recorrente: Rodrigo
Recorrido: Ministério Público do Estado de São Paulo
Autos do processo nº 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Colenda Câmara
Ilustres Desembargadores
Douto Procurador
Em que pese a respeitável decisão do Juízo a quo, não deve ser mantida a decisão de pronúncia face o Recorrente, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
1 Síntese do ocorrido
O Recorrente foi denunciado por homicídio simples consumado com causa de aumento de pena conforme art. 121 § 4º do Código Penal. Constou da denúncia que, em 26 de dezembro de 2019, o Recorrente, enquanto estava em um bar na cidade de São Paulo, teria desferido um soco na barriga da vítima e depois lhe empurrado, causando sua queda sobre uma garrafa de vidro que segurava. O corte provocado na vítima foi o bastante para resultar em sua morte.
Ocorre que o Recorrente, no momento da ocorrência dos fatos narrados na inicial acusatória, estava completamente embriagado em razão de uma pessoa ter, furtivamente, colocado entorpecentes em sua bebida, conforme relatado pelo próprio Recorrente ao seu advogado quando da denúncia, registrado em câmeras de segurança localizadas no local do fato e relatado em laudo hospitalar no qual consta que, em razão da embriaguez completa provocada por força maior, o Recorrente era completamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Igualmente, por se apresentar descontrolado quando da ocorrência do fato, o Recorrente, sem motivação, desferiu o soco na vítima e lhe empurrou para que dele se afastasse, não percebendo que ela segurava uma garrafa de cerveja, tampouco prestou socorro à vítima em razão de seu estado de descontrole, sendo levado ao hospital por amigos que no local também se encontravam. 
Citado o Recorrente da denúncia e tendo apresentado defesa foi designada a audiência de instrução e julgamento para a oitiva de testemunhas e interrogatório do réu. Na audiência, os policiais responsáveis por investigar o fato e ouvir os envolvidos, na condição de testemunhas arroladas pela acusação, avisaram que chegariam atrasados na audiência e, em razão disto, o Douto magistrado da 1ª fase do Tribunal do Júri, não querendo fracionar a colheita das provas, ouviu primeiramente as testemunhas de defesa antes, portanto, da oitiva das testemunhas de acusação. Ao final da instrução, as provas produzidas indicaram que o relato do Recorrente ao seu advogado quanto a versão dos fatos era totalmente verdadeira. No entanto, constatado que ocorreu o soco e o empurrão na vítima, o douto magistrado pronunciou o Recorrente.
Intimado da decisão de pronúncia, O Ministério Público manteve-se inerte. A intimação do Recorrente e de seu advogado ocorreu em uma segunda-feira, dia 05 de abril de 2022.
Eis os fatos. 
2 Do Direito
2.1 Das Preliminares
A) Da nulidade da audiência de instrução e julgamento
Nos termos do caput do art. 411 do CPP, na audiência de instrução e julgamento, o magistrado, primeiramente, tomará as declarações do ofendido, se possível, e então ouvirá as testemunhas de acusação e as de defesa, nesta ordem. Ocorre que a ordem da oitiva de testemunhas não foi respeitada, visto que na audiência no juízo a quo ouviu-se primeiramente as testemunhas de defesa o que contradiz o Código de Processo Penal e prejudica a defesa que, inclusive, manifestou o seu inconformismo diante do ocorrido. Neste contexto, os autos do processo devem ser declarados nulos a partir da audiência de instrução e julgamento e, consequentemente, a decisão de pronúncia. Ainda que esta nulidade não seja de natureza absoluta, prejudicou a defesa quanto ao seu direito ao contraditório e à ampla defesa contrariando o art. 5º, inciso LV da Constituição Federal de 1988, visto que não foi possibilitada à defesa ouvir anteriormente as alegações das testemunhas de acusação.
Vencida a preliminar, passemos ao mérito.
2.2 Quanto ao mérito
B) Da causa de isenção da pena
Apesar de constatado o fato de o Recorrente ter desferido um soco na vítima e de a ter empurrado, não foi sua intenção, visto que no momento do ocorrido era totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato em razão de embriaguez completa causada por força maior ou caso fortuito, visto que uma pessoa, conforme registrado em câmera de segurança no local do fato, colocara entorpecente na bebida do Recorrente causando a sua embriaguez e seu descontrole. Aliás a embriaguez completa foi atestada por laudo hospitalar conforme consta dos autos do processo. Neste aspecto, apesar de a embriaguez não ser excludente da punibilidade conforme art. 28, II do Código Penal é, nos termos do seu § 1º do art. 28, causa de isenção de pena quando o agente, em razão de embriaguez completa causada por força maior ou caso fortuito, for completamente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se conforme tal entendimento. Logo, o Recorrente é isento de pena e deve ser absolvido sumariamente nos termos do art. 415, inciso IV do CPP.
C) Subsidiariamente
Subsidiariamente, no caso de o Recorrente não ser absolvido sumariamente, deve ocorrer a desclassificação do crime imputado de doloso contra a vida para o crime de lesão corporal seguida de morte nos termos do art. 129 § 3º do Código Penal. Não obstante restar constatado o soco na barriga da vítima e o empurrão que levou a queda e a sua morte, o resultado morte se deu em razão de culpa. O Recorrente além de não saber o porquê ter agredido a vítima, assegurou não ter pretendido a sua morte e muito menos aceitou o fato, tanto assim que foi submetido a tratamento psicológico por não ter aceitado o ocorrido. Neste contexto, não há que falar em dolo eventual. Portanto, deve o crime de homicídio simples imputado ao Recorrente ser desclassificado para lesão corporal seguida de morte, com a consequente remessa dos autos do processo ao juízo singular competente, por não se tratar de crime doloso contra a vida, nos termos do caput do art. 419 do CPP. 
Igualmente de forma subsidiária, deve-se afastar a incidência da causa de aumento de pena da omissão de socorro prevista no § 4º do art. 121 do Código Penal, visto que esta causa de aumento se aplica somente no caso de homicídio culposo e, no caso em questão, o Recorrente foi denunciado por crime de homicídio doloso sendo denunciado perante o Tribunal do Júri. Logo, não é aplicável a referida causa de aumento de pena.
3. Dos Pedidos 
Por todo o exposto, requer-se que:
a) O presente recurso seja conhecido e dado provimento, modificando a decisão de pronúncia proferida pelo juízo a quo no sentido de:
b) Preliminarmente, seja reconhecida e declarada a nulidade do processo a partir da audiência de instrução e julgamento e, por conseguinte, de todos os atos posteriores, inclusive a decisão de pronúncia;
c) Caso não seja aceita a preliminar, então seja absolvido sumariamente o Recorrente nos termos do art. 415, IV do CPP;
d) Subsidiariamente, no caso de não se entender pela absolvição sumária do Recorrente,que o crime doloso contra a vida imputado ao Recorrente seja desclassificado para lesão corporal seguida de morte com a consequente remessa dos autos do processo ao juízo competente;
e) E ainda de forma subsidiária, seja afastada a incidência da causa de aumento de pena da omissão de socorro por ser inaplicável no homicídio doloso. 
Nestes termos,
Aguarda deferimento.
São Paulo, 12 de abril de 2022.
Assinatura do advogado.
OAB nº

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