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1 Simulação de apuração pelo Lucro Real Trimestral – Hipótese Aceito sugestões de qual tipo de recurso utilizar para este exemplo prático. Suponha que você trabalhe numa empresa que optou pelo Lucro Real Trimestral. No primeiro trimestre você obteve a seguinte informação abaixo através da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), valores acumulados de Janeiro, Fevereiro e Março: Demonstração do Resultado do Exercício - DRE (+) Receita de Vendas 78.000.000,00 (-) Devoluções de Venda (29.000.000,00) (-) CMV* (39.000.000,00) (-) Despesas Administrativas (800.000,00) (-) Despesas Comerciais (2.500.000,00) (-) Despesas com salários (1.200.000,00) (-) Provisão de Férias (1.300.000,00) (-) Provisão de 13º salário (1.100.000,00) (-) PECLD** (200.000,00) (-) Despesa com aluguel do escritório (PJ) (1.800.000,00) (-) Provisão de processos cíveis (1.500.000,00) (-) Despesas Financeiras (150.000,00) (+) Receita de equivalência patrimonial 50.000,00 (=) Prejuízo Contábil (500.000,00) * Custo das Mercadorias Vendidas ** Perda Estimada em Créditos de Liquidação Duvidosa Se a empresa teve prejuízo contábil não haverá tributação do IRPJ e da CSLL, certo? Errado, esse é o resultado contábil, nós temos que avaliar as despesas e as receitas, fazendo as devidas adições e exclusões e verificar se houve lucro fiscal. 2 Sabendo disso, vamos à mão de obra! Antes tem mais uma informação importante que você deve saber: existem prejuízos de exercícios anteriores, registrado na Parte B do Lalur, no valor de R$ 400.000,00. Analisando a DRE sabemos que o Fisco aceita como dedutível tanto do IRPJ quanto da CSLL as seguintes despesas/custos evidenciados na DRE acima: Devoluções de Venda, CMV, Despesas Administrativas, Despesas Comerciais, Despesas com salários, Provisão de Férias, Provisão de 13º salário, Despesa com aluguel do escritório (sendo pago à Pessoa Jurídica) e Despesas Financeiras. Quanto ao PECLD, quando é feito o registro imaginando que alguns clientes possam não pagar suas compras, o Fisco não aceita tal despesa, mas mais a frente ele aceitará, quando forem esgotadas todas as formas de cobrança, inclusive em cartório. Dessa forma essa despesa deverá ser adicionada na base de cálculo do IRPJ e da CSLL e ser controlada na Parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur), pois é considerada uma adição temporária. Se o valor for pago pelos clientes deve ser feita a reversão do valor no devido momento. O Fisco também não aceita provisões como despesas dedutíveis (o valor desse tipo de provisão não é certo de ser desembolsado pela empresa, existe somente possibilidade). As provisões que o Fisco aceita são unicamente as referentes a salários e tributos. Assim a provisão para processos cíveis deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Obs.: Quando houver efetivamente o pagamento essa despesa será dedutível. A receita de equivalência patrimonial é um ajuste no ativo, que passou a valer mais pela sua valorização. Não houve efetivamente a entrada de dinheiro, por isso o Fisco considera essa receita como não tributável, conforme esse dado, essa receita deve ser excluída da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Diante desses fatos a apuração fica dessa forma: (=) Prejuízo Contábil (500.000,00) (+) Adições PECLD 200.000,00 Provisão de processos cíveis 1.500.000,00 (-) Exclusões Receita de equivalência patrimonial (50.000,00) (=) Lucro Líquido Ajustado 1.150.000,00 Assim chegamos no lucro líquido ajustado de R$ 1.150.000,00. O que devemos fazer agora? Lembra da informação dos prejuízos de exercícios anteriores? Devemos fazer, agora, a compensação dos prejuízos. Devemos diminuir do lucro líquido ajustado o valor total do prejuízo de R$ 400.000,00, certo? 3 Infelizmente não. O fisco colocou um limite de 30% do lucro líquido ajustado, sendo assim só poderemos compensar o valor de R$ 345.000,00 (R$ 1.150.000,00 x 30%). O restante do prejuízo poderá ser compensado nas próximas apurações se houver lucro e também seguindo o mesmo limite de 30%. Dessa forma temos: (=) Lucro Líquido Ajustado 1.150.000,00 Compensações (345.000,00) (=) Lucro Real/Lucro Fiscal/Lucro Tributável 805.000,00 Agora sim encontramos a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Vamos aplicar as alíquotas e saber qual será o valor a ser recolhido para a União? Para o IRPJ temos 15% de alíquota básica sobre o lucro real e temos também que tributar em 10% de adicional de alíquota do IRPJ o valor que ultrapassar a parcela isenta de R$ 60.000,00. Por que R$ 60.000,00? A parcela isenta mensal é de R$ 20 mil, sendo que estamos apurando um trimestre (3 meses), assim multiplicamos por 3. Para a apuração da CSLL aplicaremos a alíquota de 9%. Vamos ver como ficou? (=) Lucro Real/Lucro Fiscal/Lucro Tributável 805.000,00 IRPJ 15% (alíquota básica) 120.750,00 IRPJ 10% (alíquota adicional) 74.500,00 B.C. = 745.000 (805.000 - 60.000) Total do IRPJ a recolher (trimestral) 195.250,00 Total da CSLL 9% (trimestral) 72.450,00 Total do IRPJ e da CSLL (trimestral) 267.700,00 Assim a empresa terá que recolher para aos cofres federais a título de IRPJ e CSLL o valor de R$ 267.700,00, referente ao primeiro trimestre de apuração deste ano. O recolhimento deverá ser feito até o último dia útil do mês de abril livre de multas. Se o contribuinte (empresa) desejar poderá parcelar o pagamento em até 3 vezes. Ele pode parcelar o pagamento dos tributos em até 3 parcelas iguais e sucessivas, desde que a parcela não seja inferior a R$ 1.000,00 (mil reais). Na primeira parcela, não há incidência de juros; na segunda, haverá acréscimo 1% de juros; e, no terceiro mês, o acréscimo será de 1% de juros mais a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). P.S.: A transição do lucro contábil para o lucro real é evidenciada (escriturada) na Parte A do Lalur. Já o prejuízo de exercícios anteriores, a compensação feita na apuração e a adição temporária serão controlados (escriturados) na Parte B do Lalur.
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