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CÁLCULO I Equipe de Professores do Projeto Newton Aula nº 10: Derivada de uma função, Continuidade, Derivabilidade e Derivada das Funções Elementares. Objetivos da Aula � De�nir a derivada de uma função; � Estabelecer a relação entre continuidade e derivabilidade; � Apresentar a derivada das funções elementares. 1 Função Derivada Quando uma função f é derivável em todos os pontos do seu domínio, D, dizemos que é derivável em D. Dito isso, considere uma função f : D → R derivável em D. Podemos agora, de�nir uma nova função, que será denotada por f ′, chamada função derivada de f ou derivada da função f , essa nova função associa cada ponto x ∈ D à derivada da função f aplicada em x, ou seja, f ′ : D → R x 7→ f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h . Agora, quando falarmos em determinar a derivada de uma função f , estamos nos referindo a determinar a função derivada de f . Vendo de uma outra forma, estamos calculando a derivada para todo x no domínio de f . Exemplo 1. Considere a função f(x) = c, com c uma constante. Mostre que f ′(x) = 0, para todo x ∈ R. Solução: Pela de�nição de derivada, temos que f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h = lim h→0 c− c h = lim h→0 0 h = 0. � Exemplo 2. Seja g(x) = x5. Mostre que g′(x) = 5x4, para todo x ∈ R. Solução: Usando a de�nição de derivada, se p ∈ R, então g′(x) = lim x→p f(x)− f(p) x− p = lim x→p x5 − p5 x− p = lim x→p ��� �(x− p)(x4 + px3 + p2x2 + p3x+ p4) ���x− p = lim x→p x4 + px3 + p2x2 + p3x+ p4 = p4 + pp3 + p2p2 + p3p+ p4 = 5p4 Como p ∈ R, podemos substituir p por x, e obter que g′(x) = 5x4. � 1 Universidade Federal do Pará Cálculo I Aula nº 11 1.1 Derivadas de Ordens Superiores Suponha f : D → R derivável em D. Anteriormente de�nimos a função derivada de f e a mesma coisa pode ser feita para f ′ : D → R, ou seja, podemos de�nir a função segunda derivada de f , denotada por f ′′, como sendo uma função de D em R que é a derivada da função derivada. De outra forma, f ′′ = (f ′)′ e pela notação de Leibniz, f ′′(x) = d2f dx2 (x) = d dx ( df dx ) (x). Vejamos um exemplo. Exemplo 3. Seja f(x) = x3 − x. Encontre f ′′(x). Solução: Por de�nição, a função f ′′ é a derivada da função f ′. Como f ′(x) = 3x2− 1 (veri�que!), então por de�nição, f ′′(x) = lim h→0 f ′(x+ h)− f ′(x) h = lim h→0 [3(x+ h)2 − 1]− [3x2 − 1] h = lim h→0 ��3x2 + 6xh+ 3h2 − �1−��3x2 + �1 h = lim h→0 �h(6x+ 3h) �h = 6x+ 3 · 0 = 6x. � Analogamente, podemos de�nir a terceira derivada de uma função f como sendo a derivada da função segunda derivada de f : f ′′′(x) = d3f dx3 = d dx ( d2f dx2 ) . Generalizando, podemos de�nir a derivada de ordem n como sendo a derivada da função derivada de ordem n− 1 de f . Desse modo, f (n)(x) = dnf dxn = d dx ( dn−1f dxn−1 ) , n = 1, 2, 3, . . . 2 Derivabilidade e Continuidade Derivabilidade e Continuidade são características desejáveis ao estudarmos uma determinada função. O seguinte teorema relaciona essas duas propriedades. Teorema 1. Se f é derivável em p ∈ R então f é contínua em p. Se quisermos saber quando uma função é derivável, o teorema não nos ajuda muito, pois supõe que a função já é derivável. Contudo, observando o enunciado do teorema, notamos que ele pode ser reescrito da seguinte forma: Se f NÃO for contínua então f NÃO é derivável. Essa versão do teorema acima é chamada contrapositiva da a�rmação e é equivalente ao próprio teorema. Dessa forma, ainda não conseguimos dizer com precisão se uma função é derivável, porém podemos saber quando ela não é, basta mostrar que ela não é contínua. Por exemplo, considere a função f(x) = { 2− x se x < 2 −2x+ 1 se x ≥ 2 . Equipe de Professores do Projeto Newton 2 Cálculo I Aula nº 11 Queremos saber se essa função é derivável em p = 2. Para isso, vamos tentar veri�car se ela não é. Utilizando o teorema anterior, temos de veri�car a continuidade de f em p = 2. Se f não for contínua em p = 2 então ela não é derivável em p = 2, do contrário não podemos usar o resultado dessa seção. Mas note que lim x→2+ f(x) = lim x→2+ (−2x+ 1) = −2.2 + 1 = −3 e lim x→2− f(x) = lim x→2− 2− x = 2− 2 = 0. Logo, o limite lim x→2 f(x) não existe. Dessa forma, a função f não é contínua em p = 2 e, portanto, não é derivável. Isso também pode ser visto através do grá�co da função f : Figura 1: Exemplo de uma função descontínua em x = 2 e, portanto, não derivável em x = 2. Vejamos alguns exemplos. Exemplo 4. Considere as seguintes funções. Veri�que se elas são contínuas no ponto p = 1. Elas são deriváveis em p = 1? (a) g(x) = { x2 se x ≤ 1 2 se x > 1 ; (b) f(x) = { x2 se x ≤ 1 2x− 1 se x > 1 . Solução: (a) Veri�caremos primeiramente se g é contínua em p = 1. Note que lim x→1+ f(x) = lim x→1+ 2 = 2 e que lim x→1− f(x) = lim x→1− x2 = 12 = 1. Como lim x→1+ f(x) 6= lim x→1− f(x) então lim x→1 f(x) não existe. Assim, a função g não é contínua em p = 1. Pelo teorema anterior, f não é derivável em p = 1. Equipe de Professores do Projeto Newton 3 Cálculo I Aula nº 11 (b) Vamos veri�car primeiramente a continuidade da função f . Para isso, calculamos o seguinte limite: lim x→1− f(x) = lim x→1− x2 = 12 = 1 e lim x→1+ f(x) = lim x→1+ (2x− 1) = 2.1− 1 = 1. Logo, lim x→1 f(x) = 1 = f(1). Portanto, f é contínua em p = 1, o que não nos permite utilizar o resultado dessa seção. Sendo assim, vamos ter de calcular a derivada de f em p = 1. Dessa forma, note que f(x)− f(1) x− 1 = x 2 − 1 x− 1 se x < 1 2 se x > 1 . Logo, lim x→1− f(x)− f(1) x− 1 = lim x→1− x2 − 1 x− 1 = lim x→1− ��� �(x− 1)(x+ 1) ���x− 1 = lim x→1− x+ 1 = 1 + 1 = 2 lim x→1+ f(x)− f(1) x− 1 = lim x→1+ 2 = 2. Então lim x→1 f(x)− f(1) x− 1 = 2, ou seja, f é derivável em p = 1 e f ′(1) = 2. � Observação 1. A recíproca do teorema 1 não é verdadeira. Um exemplo é a função h(x) = { x2 se x ≤ 1 1 se x > 1 Deixamos a cargo do aluno veri�car que essa função é contínua em 1, mas não é derivável em 1. Observando o grá�co dessa função, Figura 2: Contraexemplo do Teorema 1. Equipe de Professores do Projeto Newton 4 Cálculo I Aula nº 11 Notamos que em x = 1 a função apresenta um �bico�. Esse fato é um critério para determinarmos geometricamente os pontos do domínio em que uma função não é derivável. Portanto, nos pontos do domínio onde o grá�co da função possui �bicos� são pontos em que a função não é derivável. Um outro exemplo que será deixado como exercício é veri�car que a função f(x) = |x| é contínua em 0, mas não é derivável em 0. Exemplo 5. Dados o seguinte grá�co e os pontos considerados, determine em que pontos a função não é diferenciável e justi�que. Solução: Note que a função descrita no grá�co acima não é diferenciável no ponto de abscissa x = −1, pois é descontínua; e também nos pontos de abscissas x = 1, 5 e x = 3 pois nos mesmos a função apresenta um �bico�. � 3 Derivada de Funções Elementares Nessa seção abordaremos as primeiras regras de derivação que serão úteis para o nosso estudo de derivadas. Proposição 1. Seja r ∈ R. A derivada da função potência f(x) = xr é df dx (x) = rxr−1. Vejamos alguns exemplos. Exemplo 6. Determine a derivada das seguintes funções: (i) f(x) = x7; (ii) g(x) = 1 x3 ; (iii) h(x) = 5 √ x; (iv) p(x) = 7 √ x3. Solução: Utilizaremos a proposição anterior. Equipe de Professores do Projeto Newton 5 Cálculo I Aula nº 11 (i) f ′(x) = 7x7−1 = 7x6. (ii) Utilizando as propriedades das potências: g′(x) = ( 1 x3 )′ = ( x−3 )′ = −3x−3−1 = − 3 x4 . (iii) Utilizando a propriedade dos expoentes racionais, obtemos que: dh dx (x) = ( 5 √ x )′ = ( x 1 5 )′ = 1 5 x 1 5 −1 = 1 5 x− 4 5 = 1 5 ( 1 x ) 4 5 = 1 5 1 x 4 5 = 1 5 5 √ x4 . (iv) Fazendo como anteriormente, temos que: dp dx (x) = ( 7 √ x3 )′ = ( x 3 7 )′ = 3 7 x 3 7 −1 = 3 7 x− 4 7 = 3 7 ( 1 x ) 4 7 = 3 7 1 x 4 7 = 3 7 7 √ x4 . � A próxima proposição nos dá a derivada de mais duas funções úteis em nossos cálculos. Proposição 2. Se x ∈ R, então, (sen x)′ = cos x e (cosx)′ = − sen x Demonstração: Basta utilizar a de�nição de função derivada. Seja f(x) = sen x, e p ∈ R qualquer. Então f ′(x) = lim x→p f(x)− f(p) x− p = lim x→p sen x− sen p x− p = lim x→p 2 sen (x−p 2 ) cos (x+p 2 ) x− p = lim x→p sen (x−p 2 ) cos (x+p 2 ) x−p 2 = lim x→p sen (x−p 2 ) x−p 2 lim x→p cos ( x+ p 2 ) = 1 · cos ( �2p �2 ) = cos p. Como p ∈ R então, podemos escrever (sen x)′ = cos x. Analogamente, podemos mostrar a segunda igualdade. � Proposição 3. Seja f(x) = ex então f ′(x) = ex. Demonstração: Note que f ′(x) = lim h→0 ex+h − ex h = lim h→0 ex(eh − 1) h = ex lim h→0 eh − 1 h . Equipe de Professores do Projeto Newton 6 Cálculo I Aula nº 11 Utilizando o Limite Fundamental Exponencial, obtemos que lim h→0 eh − 1 h = 1. Portanto, f ′(x) = ex.1 = ex. � De forma análoga, podemos mostrar também que (lnx)′ = 1 x Resumo Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula. Aprofundando o conteúdo Leia mais sobre o conteúdo desta aula nas seções 2.8, 3.1 e 3.3 do livro texto. Sugestão de exercícios Resolva os exercícios das seções 2.8 e 3.1 do livro texto. Equipe de Professores do Projeto Newton 7
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