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Livro: Imunobiologia de Janeway, 8ª ed. Resumo capítulo 1: Conceitos básicos em Imunologia A Imunologia é o estudo das defesas do organismo contra doenças infecciosas. As infecções são causadas por microrganismos patogênicos (ou patógenos) e atualmente são reconhecidas quatro categorias: vírus, bactérias, fungos patogênicos e parasitos. As respostas desenvolvidas contra essas infecções são chamadas de respostas imunes. A resposta imune específica contra um determinado patógeno ou a seus produtos é chamada de resposta imune adaptativa, porque é desenvolvida durante a vida de um indivíduo como uma adaptação à infecção pelo patógeno. A resposta adaptativa leva tempo para se desenvolver, podendo levar dias. Ela é capaz de eliminar as infecções de maneira mais eficiente por que os linfócitos podem reconhecer e responder a antígenos individuais por meio de um grande repertório de receptores de antígenos altamente especializados que ficam em suas superfícies. A resposta imune inata é a que está sempre imediatamente disponível para combater os patógenos, mas não conduz a uma memória imune e não é específica para nenhum patógeno individual. Os macrófagos são células fagocíticas componentes da linha de frente da imunidade inata, que engolfam e digerem microrganismos. A resposta imune inata consegue controlar com sucesso muitas infecções, mas as que não podem ser solucionadas desencadeiam uma resposta imune adaptativa. Se a doença for superada, essa resposta geral é seguida por uma memória imune duradoura, o que impede o desenvolvimento da doença em caso de reinfecção. Antígeno é qualquer substância que pode ser reconhecida e combatida pelo sistema imune adaptativo. Proteínas, glicoproteínas e polissacarídeos de patógenos são os antígenos aos quais o sistema imune normalmente responde. Quando uma pessoa encontra um agente infeccioso pela primeira vez, as defesas iniciais contra a infecção são barreiras físicas e químicas, como proteínas antimicrobianas secretadas na superfície das mucosas, que impedem a entrada de microrganismos no corpo. Quando essas barreiras são superadas ou evadidas, outros componentes do sistema imune iniciam sua ação. Para proteger o indivíduo, o sistema imune realiza quatro principais tarefas. A primeira é a detecção da presença da infecção, ou seja, o reconhecimento imune. No sistema imune inato essa tarefa é realizada pelos leucócitos e no sistema imune adaptativo é realizada pelos linfócitos. A segunda tarefa é conter a infecção, o que traz a ativa as funções imunes efetoras como o sistema do complemento e os anticorpos produzidos por certos linfócitos. A autorregulação é a terceira tarefa e a falha de tal regulação contribui para o desenvolvimento de determinadas condições, como alergias e doenças autoimunes. A quarta tarefa é a produção de uma memória imune, ou seja, proteger o indivíduo contra a recorrência de uma doença devida a um mesmo patógeno. Essa tarefa é realizada exclusivamente pelo sistema imune adaptativo. Os leucócitos (ou glóbulos brancos) são componentes tanto do sistema imune inato quanto do adaptativo. Eles são originários da medula óssea e muitos deles também se desenvolvem e maturam nesse ambiente. Quando maduros, eles migram para os tecidos periféricos: alguns residem dentro dos tecidos, enquanto outros circulam na corrente sanguínea no sistema linfático, que drena líquidos extracelulares e células livres dos tecidos, transportando-os pelo corpo como linfa e, finalmente, as devolvendo ao sistema sanguíneo. Existem duas linhagens de leucócitos: a linfoide e a mieloide. A linhagem mieloide inclui a maioria das células do sistema imune inato, como os macrófagos, granulócitos, mastócitos e células dendríticas. Os macrófagos tem como principal função engolfar e matar microrganismos invasores, sendo importante para a imunidade inata. Outra função importante deles é coordenar as respostas imunes, auxiliando a induzir a inflamação e secretando proteínas de sinalização que ativam e recrutam outras células do sistema imune. Existem três tipos de granulócitos - neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Os neutrófilos são as células mais numerosas e importantes nas respostas imunes inatas. Eles capturam uma variedade de microrganismos por fagocitose e os destroem de maneira eficiente em vesículas intracelulares usando enzimas de degradação e outras substâncias antimicrobianas armazenadas em seus grânulos citoplasmáticos. Os eosinófilos são menos abundantes e acredita-se que são importantes principalmente na defesa contra parasitos, os quais são muito grandes para serem ingeridos por macrófagos ou neutrófilos. Os mastócitos coordenam respostas alérgicas e atuam na proteção das superfícies internas do organismo contra os patógenos, e que estejam envolvidos na resposta contra vermes parasíticos. A principal função das células dendríticas é maturar em células que podem ativar uma determinada classe de linfócitos, os linfócitos T. As células dendríticas são também denominadas células apresentadoras de antígenos (APCs). Os linfócitos do sistema imune adaptativo e as células natural killer da imunidade inata pertencem à linhagem linfoide. As células NK podem reconhecer e matar algumas células anormais. Os linfócitos são os componentes-chave da imunidade adaptativa. Existem dois tipos de linfócitos: T e B. Os linfócitos circulam pelo sangue e pela linfa, e também são encontrados em grande número nos órgãos linfoides. Os órgãos linfoides são divididos em primários ou centrais, onde os linfócitos são produzidos, e em periféricos ou secundários, onde os linfócitos virgens maduros são mantidos e as respostas imunes adaptativas são iniciadas. Os órgãos linfoides centrais são a medula óssea e o timo. Os órgãos linfoides periféricos compreendem os linfonodos, o baço e os tecidos linfoides da mucosa do intestino, dos tratos respiratório e nasal, do trato urogenital e de outras mucosas. Os linfócitos B e T originam-se na medula óssea, mas apenas os linfócitos B amadurecem na medula. Os linfócitos T precursores migram para o timo e lá amadurecem. Depois de atingirem o amadurecimento completo, os dois tipos de linfócitos entram na corrente sanguínea como linfócitos maduros virgens. Eles circulam pelos tecidos linfoides periféricos, onde uma resposta imune adaptativa é iniciada se um linfócito encontrar seu antígeno correspondente. No entanto, uma resposta imune inata contra a infecção geralmente já ocorreu. Citocina é o nome dado a qualquer proteína que é secretada por células e que afeta o comportamento das células vizinhas portadoras de receptores adequados. As quimiocinas são proteínas secretadas que atuam como quimioatraentes, atraindo as células portadoras de receptores de quimiocinas, como neutrófilos e monócitos, da corrente sanguínea para o tecido infectado. As quimiocinas e citocinas liberadas pelos macrófagos ativam inflamação. A inflamação é um processo benéfico que recruta células e proteínas do sangue para os tecidos infectados que auxiliam diretamente na destruição dos patógenos. Além disso, a inflamação aumenta o fluxo de linfa carregando microrganismos e APCs dos tecidos infectados aos tecidos linfoides vizinhos, onde ativam os linfócitos e iniciam a resposta imune adaptativa. As células inflamatórias que estão presentes nesse processo são os macrófagos e os neutrófilos. Os receptores de reconhecimento de patógenos de células dendríticas, macrófagos e neutrófilos reconhecem moléculas simples e padrões regulares de estruturas moleculares conhecidas como PAMPs (sigla para padrões moleculares associados aos patógenos). Os receptores que reconhecem os PAMPs são em geral conhecidos como PRRs (receptores de reconhecimento de padrão). Os PRRs permitem que o sistema imune distinga o próprio (indivíduo) do não próprio (patógeno). As células dendríticas têmPRRs que reconhecem os padrões moleculares comuns aos microrganismos. Os componentes microbianos ligam-se a esses receptores e estimulam as células dendríticas imaturas a capturar os patógenos e degradá-los intracelularmente. Quando o antígeno se liga, a célula é ativada para dividir e produzir muitas progênies com antígenos idênticos, processo chamado de expansão clonal. A sobrevivência dos linfócitos depende de sinais recebidos por seu receptor de antígeno. Os linfócitos que reagem intensamente aos antígenos próprios durante o desenvolvimento são removidos pelo processo de deleção clonal. Também, a pouca presença ou completa ausência de sinais do receptor antigênico durante o desenvolvimento de levar à morte celular. Esses linfócitos são eliminados por uma forma de suicídio celular denominada apoptose. As células dendríticas maduras expressam proteínas de superfície chamadas coestimuladores, que fornecem os sinais que atuam juntamente com o antígeno para estimular a proliferação e a diferenciação dos linfócitos T em sua forma final totalmente funcional. Para as células T virgens, uma célula dendrítica ativada normalmente emite esses sinais, mas para as células B virgens o segundo sinal é emitido por uma célula T auxiliar ativada. A participação de moléculas coestimuladoras é importante no início da resposta imune adaptativa porque o contato com o antígeno, sem o acompanhamento de um coestimulador, inativa os linfócitos T virgens em vez de ativá-los, levando à deleção clonai ou a um estado inativado. Epítopo é uma pequena parte da estrutura da molécula antigênica a qual um receptor antigênico individual ou anticorpo reconhece. As características da memória imune podem ser observadas pela comparação da resposta de anticorpos de um indivíduo em uma primeira imunização com a mesma resposta produzida no mesmo indivíduo por uma segunda imunização ou reforço com o mesmo antígeno. A resposta secundária de anticorpo ocorre após uma pequena fase lag (refratária), alcançando um nível superior acentuado, e produz anticorpos de altíssima afinidade com o antígeno. A afinidade aumentada para o antígeno é chamada maturação da afinidade e é o resultado de eventos que selecionam BCRs. Imunidade humoral é o nome dado a imunidade mediada por anticorpos. Os anticorpos são encontrados no líquido do sangue, ou plasma, e em líquidos extracelulares. Os anticorpos podem participar da defesa do organismo de três maneiras. A maneira mais direta é ligando-se aos patógenos e bloqueando seus acessos às células que eles poderiam infectar ou destruir, processo conhecido como neutralização. No entanto, a ligação pelos anticorpos não é suficiente para impedir a replicação de bactérias. Nesse caso, a função dos anticorpos é permitir que uma célula fagocítica, como um macrófago ou um neutrófilo, ingira e destrua a bactéria, processo chamado de opsonização. A terceira função dos anticorpos é a ativação do sistema complemento. O complemento é inicialmente ativado na imunidade inata por superfícies microbianas, sem o auxílio de anticorpos. Contudo, quando um anticorpo se liga à superfície bacteriana, suas regiões constantes fornecem a plataforma para ativar a primeira proteína do sistema do complemento. Assim, quando os anticorpos são produzidos, a ativação complementar contra um patógeno pode ser substancialmente aumentada. Os anticorpos conseguem se ligar aos patógenos apenas no sangue e nos espaços extracelulares. No entanto, algumas bactérias, parasitas e todos os vírus replicam-se dentro das células, onde eles não podem ser detectados pelos anticorpos. A destruição desses invasores intracelulares é a função dos linfócitos T, os quais são responsáveis pela resposta imune celular.
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