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Livro-Texto - Unidade I

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Paulo Afonso Rodi
Colaboradores: Prof. Pedro José Gabriel Ferreira
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Ergonomia
Professor conteudista: Paulo Afonso Rodi
Formado em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp), bacharel em 
Física pelo Instituo de Física da USP e Técnico em Mecânica de Precisão pela Escola Senai Suíço‑Brasileira. Possui 
mestrado em Engenharia Mecânica pela Epusp e trabalha desde 1984 em empresas nacionais e internacionais no 
desenvolvimento de projetos de equipamentos e produtos para os setores automotivo, militar, metal mecânico, 
industrial plástico, nuclear e de tecnologias assistivas.
Em 2014, recebeu o Prêmio de Melhor Desenvolvimento Tecnológico em Plásticos de Engenharia, com a Roda com 
Marcha para Cadeiras de Rodas, criada no Centro Tecnológico Mueller e por ele idealizada. Em 2017 iniciou a carreira 
de docência na Universidade Paulista (UNIP) ministrando as disciplinas de Métodos de Fabricação Mecânica e Projeto de 
Elementos de Máquinas para os cursos de Engenharia Mecânica e de Produção. Atualmente, leciona disciplinas ligadas 
ao ensino tecnológico para os cursos de Engenharia na UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R692e Rodi, Paulo Afonso.
Ergonomia / Paulo Afonso Rodi. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
92 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230.
1. Ergonomia. 2. Fatores ambientais. 3. Biomecânica ocupacional. 
I. Título.
CDU 331.827
W504.09 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vitor Andrade
 Jaci Albuquerque de Paula
 
Sumário
Ergonomia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 A ERGONOMIA NO CONTEXTO DE ENSINO DA ENGENHARIA .........................................................9
1.1 A importância da disciplina para o mercado de trabalho dos engenheiros 
mecânicos no Brasil .................................................................................................................................... 10
1.2 Conceito da ergonomia ..................................................................................................................... 11
1.3 Objetivos da ergonomia ..................................................................................................................... 14
1.4 A evolução da ergonomia ................................................................................................................. 14
1.5 Regulamentação da ergonomia e associações de estudo ................................................... 15
2 NOÇÕES DE FISIOLOGIA APLICADA AO TRABALHO ........................................................................... 17
2.1 Idade, fadiga, vigilância e acidentes ............................................................................................. 18
2.2 Noções de biomecânica ..................................................................................................................... 20
2.3 Fisiologia .................................................................................................................................................. 21
2.4 Antropometria ....................................................................................................................................... 22
3 DIMENSIONAMENTO DE POSTOS DE TRABALHO................................................................................ 25
3.1 Postura e movimentos........................................................................................................................ 26
3.2 Limitações sensoriais .......................................................................................................................... 31
3.3 Dispositivos de controle .................................................................................................................... 38
3.4 Dispositivos de informações ............................................................................................................ 40
3.5 Sistema homem-máquina ................................................................................................................ 42
4 TRABALHO EM TURNO .................................................................................................................................. 43
4.1 Ritmo biológico circadiano .............................................................................................................. 43
4.2 Temporalidades sociais da vida fora do trabalho .................................................................... 44
4.3 Dinâmica temporal das atividades de trabalho ....................................................................... 44
4.4 Formas de regulação pessoal para enfrentar o trabalho em turno ................................. 45
4.5 Organização em trabalhos coletivos ............................................................................................ 45
4.6 Regulações fora do trabalho ........................................................................................................... 45
4.7 Contar com seus ritmos biológicos ............................................................................................... 46
4.8 Prática do trabalho em turnos ao longo dos anos ................................................................. 46
4.9 Recomendações para a organização dos trabalhos ............................................................... 46
Unidade II
5 CONFIABILIDADE TÉCNICA E CONFIABILIDADE HUMANA .............................................................. 51
5.1 Confiabilidade técnica ........................................................................................................................ 51
5.2 Confiabilidade humana ...................................................................................................................... 52
5.3 Classificação das falhas humanas ................................................................................................. 53
5.4 Classificação dos erros ....................................................................................................................... 53
5.5 Classificação das transgressões ...................................................................................................... 54
6 AMBIENTE DE TRABALHO: FATORES AMBIENTAIS ............................................................................. 55
6.1 Ruídos .......................................................................................................................................................55
6.2 Vibrações .................................................................................................................................................. 57
6.3 Iluminação .............................................................................................................................................. 59
6.4 Clima .......................................................................................................................................................... 60
6.5 Substâncias químicas.......................................................................................................................... 61
7 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL ................................................................................................................... 61
7.1 BMOcup .................................................................................................................................................... 61
7.2 Posturas corporais ................................................................................................................................ 63
7.3 Aplicação de forças – características dos movimentos ........................................................ 64
7.4 Transmissão de forças manuais ...................................................................................................... 64
7.5 Levantamento de cargas ................................................................................................................... 66
7.6 Equação de Niosh para determinação do peso limite recomendável ............................. 67
8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................................................................. 71
8.1 Tarefas ....................................................................................................................................................... 72
8.2 Cargos ....................................................................................................................................................... 72
8.3 Organização do trabalho ................................................................................................................... 73
8.4 Método ergonômico ........................................................................................................................... 74
8.5 Estudo de caso: cadeira de rodas com marcha ........................................................................ 76
7
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto apresenta os fundamentos teóricos e práticos associados à ergonomia, que são 
necessários para selecionar e elaborar postos de trabalho fabris e novos produtos. Nesse contexto, 
destacam-se a avaliação de produtos e as organizações produtivas já existentes.
Acentuam-se os principais aspectos funcionais do ser humano, que, no modelo idealizado 
homem-máquina-ambiente, desempenha o papel de maior relevância e, em muitos casos, tais 
aspectos são limitantes. A ação ergonômica contribui na correção da idealização inicial de um produto. 
Há ilustrações de diversos exemplos reais neste livro-texto, que apresentam sucintamente muitas 
recomendações práticas importantes quanto aos novos empreendimentos de projetos, com foco na 
adaptação do ambiente ao trabalhador.
Para ampliar o conhecimento, há várias referências feitas ao longo do texto, assim o aluno poderá 
fazer consultas mais especializadas.
Ao assimilar tais conteúdos, deseja-se que o aluno se sinta estimulado a trabalhar na área de 
ergonomia, contribuindo com a sociedade no futuro.
INTRODUÇÃO
Engenharia é uma ciência aplicada a um largo espectro de atividades humanas. Dedica-se ao emprego 
de conceitos científicos ou de evidências empíricas para projeto, construção, operação ou serviços de 
manutenção de estruturas, máquinas, dispositivos diversos, produtos, processos fabris, materiais. 
A bioengenharia, um segmento importante dedicado a projetos relacionados ao setor da saúde 
humana, contribui eficazmente com o desenvolvimento das próteses de membros amputados ou 
por meio de outras tecnologias assistivas.
Esta disciplina reúne de maneira científica diversos saberes de outras disciplinas, não só do campo 
técnico, mas também das ciências humanas, como psicologia, anatomia, fisiologia e biomecânica, 
assumindo, portanto, o caráter multidisciplinar.
Em geral, estudantes de engenharia iniciam seus estudos com uma dose maior de informações 
exclusivamente técnicas, necessárias para a solução de diversos “problemas” pré-elaborados, o que é 
vital para sua formatação mental e treinamento para enfrentar os reais desafios do futuro. É natural 
haver maior preocupação com fórmulas, equações e métodos de solução computacionais que o ajudem 
a tratar as questões técnicas.
No entanto, quando se percebe que um elemento complexo, não fácil de “modelar” matematicamente, 
está presente em quase tudo o que se desenvolve no mundo, para o qual tudo é feito, isto é, o 
indivíduo humano, aí é que as coisas se tornam muito mais difíceis de serem resolvidas, pois, nesse 
sistema ambiente-homem-máquina, as interações nas interfaces não têm um tratamento muito bem 
estabelecido para muitas das diversas situações.
8
De início, apresenta-se a importância desta disciplina nos cursos de engenharia, bem como 
conceito, objetivos, surgimento e evolução até hoje. Trata-se das regulamentações aplicadas no 
âmbito nacional e internacional, aspectos fisiológicos do trabalhador e limitações decorrentes de 
idade e cansaço, motivos para uma adequação específica de postos de trabalho e estabelecimento 
eficiente de jornadas de atividade. Estuda-se o conteúdo prático referente ao correto movimento corporal, 
gestos posturais, formas de captação sensorial de informações e seu uso no modelo idealizado 
homem-máquina-ambiente, muito difundido para o estudo e análise do indivíduo nesse sistema. Em 
suma, primeiramente trata-se a ergonomia sob os aspectos humanos envolvidos.
Posteriormente, faz-se uma abordagem qualitativa e quantitativa dos principais aspectos do meio 
ambiente, que influenciam o desempenho e o bem-estar do indivíduo em suas atividades produtivas. 
A aplicação prática da biomecânica musculoesquelética na execução de estudo ergonômico de atividades 
e de projeto é enfatizada. Alguns exemplos de aplicação são citados para demonstrar o valor do método 
ergonômico no desenvolvimento ou na avaliação de produtos e elaboração de postos de trabalho.
Serão analisados os fatores ambientais no trabalho, como clima, ruído, vibrações, iluminação e 
toxicidade, cujas influências sobre o desempenho de atividades e saúde do indivíduo podem ser 
benéficas ou danosas. Diversas recomendações para o bom projeto de postos de trabalho serão 
acentuadas. Por fim, destaca-se um estudo de caso sobre a aplicação da ergonomia em projeto de 
produto voltado à tecnologia assistiva.
Um bom estudo desse conteúdo é o que desejo a você, caro leitor!
9
ERGONOMIA
Unidade I
O intuito deste livro-texto é trazer de forma sucinta, porém didática, os conhecimentos básicos 
envolvidos na compreensão dos conceitos e da terminologia própria de ergonomia. Apesar da vasta 
abrangência dos estudos ergonômicos – aplicados ao desenvolvimento ou avaliação de produtos, 
organização de postos de trabalho, ou mesmo no leiaute de uma fábrica inteira –, foi necessário ilustrar 
o foco de interesse dos alunos da área de engenharia, tendo em vista sua aplicação como material de 
apoio para cursos de ensino a distância (EaD).
Inicialmente, destaca-se o que é ergonomia, situando sua origem e evolução mundial nos últimos 
anos, as regulamentações envolvidas especialmente no Brasil (NR-17) para as empresas profissionais, 
com o objetivo de melhor adaptação do local de trabalho às necessidades dos trabalhadores, promovendo 
maior eficiência na execução das atividades.
1 A ERGONOMIA NO CONTEXTO DE ENSINO DA ENGENHARIA
O contexto atual do ensino de ergonomia e projeto nos cursos de ensino superior apresentauma 
série de desafios ao professor: por um lado, tem-se a aparente distância entre as discussões conceituais, 
subjetivas, inerentes ao campo da ergonomia e a característica prática recorrente à disciplina de 
projeto; por outro, a grande diversidade de áreas de formação e interesses dos alunos pode acarretar a 
incompreensão da real importância da área de ergonomia e projeto, possivelmente causando a falta de 
interesse em alguns alunos (BRAATZ et al., 2017).
A ergonomia pode contribuir para solucionar diversos problemas sociais relacionados a saúde, 
segurança, conforto e eficiência. Muitos acidentes podem ser causados por erros humanos. Estes 
podem ocorrer com aviões, carros, guindastes ou tarefas domésticas. Analisando-os, conclui-se que 
são causados pelo relacionamento inadequado entre os operadores e suas tarefas. A probabilidade de 
ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se consideram adequadamente as capacidades 
e limitações humanas e as características do ambiente durante o projeto do trabalho (DUL; 
WEERDMEESTER, 2016).
A evolução dos processos de trabalho demanda o aprendizado contínuo, para tornar-se mais 
competente e eficaz, sendo um imperativo nas organizações que buscam maior competitividade; 
portanto, é uma questão central para a psicologia do trabalho, a psicologia educacional, a educação 
profissional e a ergonomia (ANTIPOFF; LIMA, 2017).
Atualmente, a ergonomia abrange sistemas complexos, nos quais dezenas ou até centenas de 
homens, máquinas e materiais interagem continuamente entre si na realização de um trabalho. Abarca 
quase todos os tipos de atividades humanas, em especial no setor de serviços, como saúde, educação, 
transporte, lazer e até no estudo de trabalhos domésticos (IIDA; BUARQUE, 2005).
10
Unidade I
1.1 A importância da disciplina para o mercado de trabalho dos 
engenheiros mecânicos no Brasil
A ergonomia nasceu após a Segunda Guerra Mundial, quando engenheiros, psicólogos e fisiologistas 
trabalhavam em conjunto para propor soluções práticas às demandas extremas de trabalho às quais os 
operários envolvidos no esforço de guerra eram submetidos. Com esse trabalho inicial e de natureza 
interdisciplinar, nascia um novo campo de estudo, cujo objetivo era analisar o sistema formado pelo 
homem e o seu ambiente de trabalho, evidenciando os possíveis fatores de estresse muscular e, 
consequentemente, fadiga, riscos à saúde e eventuais acidentes. Avaliava-se a desmotivação para a 
realização de tarefas, que à época eram de natureza repetitiva. Nesse contexto, a presença de engenheiros 
nessa equipe multidisciplinar já era vital, tendo em vista seus conhecimentos, competências e habilidades 
desenvolvidas para a solução de problemas.
No âmbito atual das atividades industriais, não é apenas o engenheiro mecânico o responsável pela 
condução dos projetos de ergonomia associados a todas as interações do trabalhador em seu local de 
trabalho existentes em uma indústria, qualquer profissional de engenharia pode sê-lo. As atribuições 
inerentes ao cargo do engenheiro ergonomista vão desde a adequação de postos de trabalho às 
limitações físicas e cognitivas do trabalhador, leiautes organizacionais, avaliações de situações de risco à 
segurança no trabalho até a metodologia de incentivos à participação eficiente na produção. O objetivo 
alcançado é demonstrado pela métrica do resultado auferido na operação fabril: índice de refugo muito 
baixo, sem ocorrências de acidentes e afastamentos do trabalhador, maior rentabilidade do negócio e, 
não menos importante, a maior satisfação do “colaborador” envolvido no processo produtivo.
Nota-se, portanto, a grande relevância e contribuição do engenheiro nesse campo de trabalho. 
O projeto da ergonomia orienta-se para a adaptação do trabalho ao homem, com o objetivo de associar 
a saúde dos trabalhadores (cognitiva e mental) a sua eficácia no trabalho. Todavia, a formação das 
pessoas – seja ela um meio, seja ela um objetivo da intervenção no trabalho – constitui uma ação que permite 
à ergonomia contribuir para o desenvolvimento de três domínios interdependentes:
• A concepção de produtos e sistemas de produção de bens ou serviços, orientada pelo uso e 
pelo utilizador.
• A construção da saúde, a promoção da segurança no trabalho e a prevenção dos riscos profissionais.
• O reconhecimento de competências, o desenvolvimento da especialização profissional dos 
trabalhadores e a transmissão da experiência no trabalho, considerando as condições de produção 
(LACOMBLEZ; TEIGER, 2014).
Por isso, o aprendizado da ergonomia no âmbito dos cursos de engenharia é um fator essencial no 
desenvolvimento de uma dinâmica de concepção do espaço de trabalho, capaz de produzir experiências 
de sua aplicação no contexto do ensino de uma metodologia de análise. Essa aproximação da teoria à 
prática é o que possibilita o projeto de melhorias pretendidas, por meio da articulação dos conceitos 
relevantes à temática, e promove um maior engajamento dos alunos no processo de aprendizagem.
11
ERGONOMIA
O profissional que trabalha nessa área é o ergonomista. Dependendo do país, essa titulação pode 
ser obtida por meio de um curso de graduação (embora no Brasil ainda não esteja disponível, somente 
em nível de pós-graduação na modalidade de especialização) ou pela prática. O sistema certificador 
estabelecido pela Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo) – Norma ERG BR 0000 de 4/9/2004 – 
possibilita o credenciamento do ergonomista no País.
1.2 Conceito da ergonomia
Historicamente, o termo ergonomia foi criado na Inglaterra (1949) por um grupo de pesquisadores 
interessados em formalizar esse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência para o estudo 
da relação do homem produtivo com o seu ambiente de trabalho. Daí em diante, os antigos termos 
“fisiologia e psicologia do trabalho”, então voltados para tais estudos, foram abandonados na Europa e 
substituídos por “ergonomia”, do grego ergon, que significa “trabalho”, e nomos, que expressa “leis, 
regras ou normas”. Designa a ciência do trabalho que se aplica a todos os aspectos da atividade 
humana (IEA, [s.d.]).
Também chamada de engenharia dos fatores humanos, ergonomia é a disciplina voltada ao 
entendimento das interações do homem com os demais elementos de um sistema, aplicando teorias 
e métodos analíticos para otimizar o seu desempenho e bem-estar, aumentando sua eficiência e 
produtividade nas tarefas realizadas. Os ergonomistas contribuem no projeto de produtos, avaliação de 
tarefas, serviços e ambiente de trabalho de forma sistêmica, a fim de compatibilizá-los às habilidades, 
necessidades e limitações da pessoa.
Figura 1 – Ergonomia harmoniza a interação do homem com suas habilidades, limitações e necessidades
12
Unidade I
A ergonomia lida com conteúdo de base, com diagnósticos e com projetos. Nesse particular, 
cabe fazer uma importante distinção entre ela e as práticas de projeto, como a arquitetura, o design 
e a engenharia, bem como as que operam sobre diagnósticos, como a medicina, a fisioterapia e a 
administração, separando-as ainda das disciplinas de base, como a anatomia, a fisiologia, a psicologia e, 
mais recentemente, a linguística.
A ergonomia se situa entre todas essas áreas, buscando das disciplinas de base elementos e 
conhecimentos que, examinados à luz de seu estudo particular da atividade de trabalho, permitem 
enriquecer os diagnósticos e esclarecer os modelos conceituais para um projeto (programação, 
necessidades ou projeto básico). Onde se colocar a relação sociotécnica entre pessoas, tecnologia e 
organização, ali estará a ergonomia.
É essencial diferenciar a ergonomia das disciplinas correlatas e das que empregam seus resultados. 
Assim como a medicina não engloba a química no caso de exames laboratoriais, a engenharia não 
envolve o cálculo infinitesimal nos projetos estruturais. Então não é correto apontar a ergonomia como 
um capítulo da engenharia de segurança, do design de produtos, da arquitetura de locais de trabalho,tampouco como um conteúdo da medicina do trabalho, da fisioterapia preventiva ou da administração 
da produção.
Relatos acerca de situações do cotidiano pessoal ou profissional de milhares de pessoas pelo 
mundo afora revelam que a atividade produtiva de homens e mulheres, jovens e idosos, sadios ou 
adoentados, não é tão simples como parece; deve ser objeto de estudo mais embasado, análise mais 
elaborada. A isso é que se propõe a ergonomia: produzir esse entendimento para que mudanças e 
decisões tecnológicas sejam mais bem aplicadas. Assim, a saúde das pessoas, a eficiência dos serviços 
e a segurança das instalações estarão sendo efetivamente incorporadas à vida das organizações e 
em seu cotidiano.
Um exemplo que pode ilustrar a ação ergonômica em projetos de produtos é apresentado a seguir, na 
figura, dois leiautes distintos da grafia de instrumentos de painéis veiculares são mostrados, e podemos 
notar o indicador de velocidade e o conta-giros do motor. Na ilustração (A) é claro que à esquerda está o 
indicador de rotações do motor, e à direta, o velocímetro, pois as escalas numéricas utilizadas nas cifras 
impressas são bem distintas entre si. O mesmo não acontece com o mostrador em (B).
A) B)
Figura 2 – Exemplos de painéis de instrumentos veiculares: A) percepção correta; B) sujeito à má interpretação pelo motorista
13
ERGONOMIA
Na imagem (B), a aparente confusão e má interpretação das grandezas ilustradas no indicador 
poderiam até causar um acidente de trânsito ou, no mínimo, uma multa por excesso de velocidade, caso 
o motorista entendesse que sua velocidade, por exemplo, fosse de 30 km/h (observando o instrumento à 
direita), quando na realidade poderia ser 60 km/h ou 70 km/h (observação do instrumento à esquerda), 
dado que ambas as leituras não são dependentes entre si em um automóvel típico. A rigor, sabe-se 
que instrumentos alinhados ou muito próximos devem ter suas escalas numéricas feitas de 
forma bem distintas – com incrementos entre as cifras também distintos – de forma a minimizar 
as possibilidades de má interpretação para qualquer usuário. Esse exemplo em particular está 
associado à capacidade cognitiva do homem em relação aos outros componentes do sistema, nesse 
caso, o habitáculo do automóvel.
 Observação
Lembre-se de que a ergonomia trabalha com diversos conceitos 
multidisciplinares e, por isso, é uma área bastante complexa, cujo domínio 
leva um bom tempo para o seu aprendizado. Em tudo que é feito para 
o uso humano há uma boa parcela da aplicação dos conceitos e das 
técnicas ergonômicas.
 Saiba mais
As interfaces homem-sistema (IHSs) são as partes importantes de uma 
planta industrial na qual as pessoas interagem para realizar suas funções e 
tarefas. As IHSs incluem alarmes, mostradores de informação e controles. 
Um exemplo de aplicação da ergonomia no desenvolvimento de uma nova 
tela de visão geral de uma planta nuclear, simulada sob procedimentos de 
operação em emergência, pode ser vista no site a seguir:
OLIVEIRA, M. V. MOREIRA, D. M.; CARVALHO, P. V. R. Construção de 
interfaces para salas de controle avançadas de plantas industriais. Ação 
Ergonômica – Revista Brasileira de Ergonomia, v. 3, n. 1, p. 1-8, 2007. 
Disponível em: http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/
download/57/54. Acesso em: 11 set. 2019.
Para ilustrar o que já foi feito e poder aprender por meio de exemplos 
reais, em projetos de produtos, alguns até engraçados pela falta de 
ergonomia, acesse: 
www.baddesigns.com
A ergonomia tem o fito de responder às demandas acerca da atividade de trabalho e do uso de 
produtos. Demandas que estabelecem campos de interesse amplos e diversificados, que abrangem 
14
Unidade I
temas que vão da anatomia à teoria das organizações, do cognitivo ao social, do conforto à prevenção 
de acidentes, e que, por isso mesmo, estão acima da capacidade de um profissional, requerendo 
multidisciplinaridade, para formar uma equipe, e interdisciplinaridade, para que possam trabalhar 
juntos e conseguir bons resultados.
1.3 Objetivos da ergonomia
Podemos afirmar que o objetivo desta disciplina é duplo. De um lado, um propósito centrado 
nas organizações e no seu desempenho, que pode ser aprendido sob diferentes aspectos: eficiência, 
produtividade, confiabilidade, qualidade, durabilidade etc. De outro, um objetivo centrado nas pessoas, 
desdobrando-se em diferentes dimensões: segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, satisfação, 
interesse do trabalho, prazer etc. (FALZON, 2007).
Entre alguns de seus objetivos básicos estão: oferecer conforto ao trabalhador e prevenir a 
ocorrência de acidentes de trabalho, bem como de patologias específicas para determinado tipo de 
tarefa laboral. Os procedimentos ergonômicos contribuem para a diminuição do cansaço, bem como 
tornam eficientes os procedimentos que se propõem a evitar lesões ao trabalhador.
Verifica-se que a segurança no trabalho e a prevenção dos acidentes laborais são temas de extrema 
relevância. Para tanto, a ergonomia propõe-se à criação de locais adequados e de apoios ao trabalho; 
à criação de métodos laborais e sistemas de retribuição de acordo com o rendimento; à determinação 
de horários; ritmo de trabalho, entre outros procedimentos, sempre contemplando a empresa e suas 
relações estabelecidas com os trabalhadores sob uma ótica humanitária.
Ora, fica claro que não é o trabalhador que tem que se adaptar às condições de trabalho, e sim o 
contrário, não somente às questões físicas, mas às suas características psicofisiológicas, como atenção, 
estresse, pressão por resultado etc.
1.4 A evolução da ergonomia
Já na Pré-História, havia a adaptação de ferramentas a uma atividade específica. Naquele tempo, o 
homem moldava uma pedra à sua mão para facilitar os movimentos e poder caçar melhor ou defender-se 
de inimigos. Na era da produção artesanal, as atividades também eram adequadas às necessidades 
humanas, mas a Revolução Industrial imprimiu um novo ritmo de trabalho, obrigando os empregados a 
se sujeitarem a jornadas mais longas de trabalho e em ambientes muitas vezes insalubres.
No fim do século XIX, surge nos EUA o movimento da administração científica, também chamado 
de taylorismo, quando estudos sistemáticos sobre o trabalho começam a ser realizados. Na Europa, 
na mesma época, os estudos da área de fisiologia humana são transferidos para o terreno prático dos 
trabalhadores de minas de carvão e fundições, onde se verificavam grandes esforços e gastos de energia 
em situações muito insalubres. Novos interesses em fadiga muscular e aptidão física impulsionaram 
outros institutos de pesquisa a desenvolverem estudos interdisciplinares com a psicologia e a fisiologia 
do trabalho nas áreas de postura corporal, manuseio de cargas, iluminação e ventilação de postos de 
trabalho, entre muitas outras.
15
ERGONOMIA
O esforço de guerra gerado pela Segunda Guerra Mundial trouxe como contribuição positiva à 
ergonomia a necessidade de adaptação do manuseio de artefatos bélicos às características e capacidades 
físicas do soldado, de forma a melhorar seu desempenho, reduzindo a fadiga e o nível de acidentes no 
ambiente de batalha. Com o fim da guerra, os conhecimentos adquiridos nesse campo da ergonomia 
puderam ser aplicados na vida civil, contribuindo para as condições de trabalho e produtividade dos 
trabalhadores. Muitos estudos realizados a partir de então foram direcionados a melhorias nos sistemas 
de interface homem-máquina, como em aviões, embarcações navais, automóveis, aparelhos domésticos, 
beneficiando de maneira mais ampla a população.
Seguindo essa evolução, a primeira associação científica de ergonomia foi a Ergonomics Research 
Society, fundada na Inglaterra no início da década de 1950. Nos Estados Unidos, funda-se a Humar 
Factors Society, em 1957. A terceira associação surgiu na Alemanha, em 1958. A partir disso, durante 
as décadas de 1950 e 1960, a ergonomia difundiu-se rapidamente em diversos países, principalmente no 
mundo industrializado.Em 1961, criou-se a Associação Internacional de Ergonomia (International 
Ergonomics Association – IEA), que agrega hoje as associações de ergonomia dos diversos países. 
No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo) foi fundada em 1983. 
 Saiba mais
Para ampliar seu conhecimento sobre a história da ergonomia na 
Europa, recomenda-se a seguinte leitura:
FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2007.
1.5 Regulamentação da ergonomia e associações de estudo
A Abergo, com sede no Rio de Janeiro, é uma associação sem fins lucrativos formada com o objetivo 
do estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando 
as suas necessidades, habilidades e limitações, promovendo a divulgação desses resultados por meio 
de simpósios, publicações e cursos nessa área. Também é a responsável por conceder o certificado de 
ergonomista aos profissionais da área que atuam no Brasil.
Nesse contexto, com o fito de regulamentar e fixar parâmetros, procedimentos e metas para tal, 
surgiu a Norma Regulamentadora 17 (Ergonomia), do Ministério do Trabalho e Emprego, regulamentada 
pela Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, que aprova as normas regulamentadoras do Capítulo V, 
Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas a Segurança e Medicina do Trabalho.
A NR-17 é de extrema relevância, pois algumas doenças de trabalho são desenvolvidas a partir 
da exposição ao risco ergonômico que muitos trabalhadores estão sujeitos, por exemplo: lesões por 
esforços repetitivos (LER); trabalhos realizados em pé durante toda a jornada; levantamentos de 
cargas; monotonia.
16
Unidade I
De início, a NR-17 foi criada para um grupo específico de trabalhadores: pessoas que lidavam com 
processamento eletrônico de dados, tanto que ao longo do texto da norma, nos deparamos diversas vezes 
com expressões como “toques sobre o teclado”; “toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior 
a”; “exigência de produção; “processamento eletrônico de dados”; “terminais de vídeo”; “a exigência de 
produção em relação ao número de toques”. No entanto, hoje abrange as mais diversas categorias de trabalho.
Nesse passo, para garantir a eficácia dessa norma, de acordo com o que estabelece o subitem 
17.1.2 da NR-17, cabe ao empregador realizar a chamada análise ergonômica do trabalho (AET), o 
que é feito por qualquer profissional capacitado para tal, que irá elaborar um laudo descritivo de 
análise ergonômica. No que consiste tal análise? Consiste em um processo que divide a linha produtiva 
em vários seguimentos para que se tenha conhecimento das tarefas a serem realizadas, quais ações são 
desempenhadas para executá-las, como as atividades são elaboradas, bem como quais as dificuldades 
encontradas pelos trabalhadores. A partir dessa análise, é possível definir os procedimentos ergonômicos 
a serem desenvolvidos.
Nos dias atuais, as empresas que pretendem sobreviver no mercado globalizado e extremamente 
competitivo devem desenvolver uma estrutura ergonomicamente projetada para seus trabalhadores, 
visando não apenas ao aumento de produtividade, mas também com objetivo de melhorar constantemente 
a imagem da empresa junto aos seus colaboradores.
É possível estabelecer a aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho por meio dos seguintes passos:
• Elaboração do programa de ergonomia, que consiste no levantamento dos riscos ergonômicos 
e na concepção do programa de ergonomia.
• Conscientização dos funcionários, que se dá através de treinamentos e palestras para sua conscientização 
acerca dos riscos ergonômicos e formas de prevenção.
• Aperfeiçoamento do programa de ergonomia, o que é feito por meio de correção e aperfeiçoamento 
do programa de ergonomia aplicado no ambiente de trabalho.
Em nível internacional, a International Organization for Standardization (ISO) elabora diversas 
normas com a participação de entidades interessadas e especialistas em ergonomia.
 Saiba mais
Uma lista completa dessas normas pode ser encontrada em:
www.iso.org
A abrangência das normas ISO compreende aspectos gerais em ergonomia, tratando de: segurança 
de máquinas, projeto do produto, posto de trabalho e equipamento; normas para postura e movimento 
17
ERGONOMIA
(biomecânica, antropometria); normas para informação e operação (interfaces, software, mostradores e 
controles); normas sobre fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima); normas sobre organização 
do trabalho (carga de trabalho); normas sobre o método ergonômico (DUL; WEERDMEESTER, 2016).
Há diversas associações que congregam entidades interessadas no estudo e desenvolvimento da 
ergonomia em nível mundial.
• Ergonomics Society: criada na Inglaterra em 1949, é a mais antiga associação de ergonomia do mundo.
• International Ergonomics Association (IEA): fundada em 1961, congrega 40 associações de 
ergonomia de vários países, representando cerca de 19 mil ergonomistas. A IEA desenvolveu um 
diretório de cursos de ergonomia no mundo.
• Human Factors and Ergonomics Society (HFES): instaurada em 1957 nos EUA, congrega cerca 
de 4.500 ergonomistas de vários países.
• Federation of European Ergonomics Societies (FEES): com 15 associações de ergonomia da 
Europa ligadas à International Ergonomics Association (IEA), representa cerca de quatro mil sócios.
Também há empresas internacionais que fornecem muitas informações úteis nessa disciplina.
• Ergonomics Abstracts: provê uma base de dados sobre livros e artigos em ergonomia publicados 
em periódicos e apresentados em congressos.
• Ergoweb: apresenta informações sobre ergonomia veiculadas pela empresa americana Ergoweb Inc.
• Usernomics: é uma empresa que atua na usabilidade de softwares, hardwares e postos de trabalho.
 Observação
No fim deste livro-texto há a indicação dos sites das associações 
citadas anteriormente.
2 NOÇÕES DE FISIOLOGIA APLICADA AO TRABALHO
O corpo humano pode ser entendido como um complexo mecanismo de elos (o esqueleto) 
interconectados por juntas (articulações) e acionados por atuadores (músculos) localizados adequadamente 
(ligamentos). Por meio desse intrincado mecanismo, controlado por uma lógica igualmente complexa 
(o cérebro), é dada a capacidade ao homem de assumir inúmeras posturas e realizar movimentos diversos. 
Como em todo mecanismo, dependendo da postura e da carga (condição estática) ou do movimento sob 
carga (condição dinâmica), o gasto energético ou mesmo do nível atingido das forças em seus elementos 
pode assumir magnitudes muito elevadas e danificar em certo grau o seu desempenho ou até causar a sua 
total ruptura, decorrente das altas tensões provocadas por algumas combinações inadequadas.
18
Unidade I
Por essa razão, a postura e o movimento corporal têm grande importância na ergonomia das tarefas 
em postos de trabalho, envolvendo as diversas situações usuais na posição sentada, em pé, levantando 
e movimentando cargas.
2.1 Idade, fadiga, vigilância e acidentes
O envelhecimento da população ativa nos países industrializados é um fato observado e decorrente 
de fatores diversos: diminuição da taxa de fecundidade nas últimas décadas; entrada tardia de jovens no 
mercado de trabalho em razão do efeito combinado da escolaridade mais longa exigida e do desemprego; 
e a dificuldade imposta pelos limites mais altos de idade para a aposentadoria.
Os trabalhadores mais velhos são confrontados às condições modernas do trabalho, como:
• Respeito a normas de produção e prazos estritos, tendo que responder com urgência a flutuações 
de demandas, sem haver estratégias mais apropriadas ao seu envelhecimento.
• Irregularidade e imprevisibilidade de horários, especialmente em trabalho noturno, sem uma adequada 
planificação antecipada, opondo-se à buscada regularidade pelos que estão envelhecendo. E os 
horários, que pressupõem trabalhar em defasagem em relação aos ritmos biológicos, acabam 
acentuando a fragilização devido à idade das regulações dos ritmos vigília-sono-refeições.
• O ritmorápido nas reestruturações industriais e a busca de flexibilidade nos postos de trabalho 
trazem a consequente pressão do tempo de aprendizagem aos mais velhos, que não são mais 
adaptados a tais situações de mudanças, e assim comprometem a valorização e a consolidação de 
sua experiência mais vasta.
O trabalho também interfere nas transformações que ocorrem com a idade. Por um lado, o trabalho 
e suas condições de execução agem sobre os processos de envelhecimento, sobre o declínio de certas 
capacidades e sobre as modalidades de construção da experiência: trata-se do envelhecimento “pelo” 
trabalho. Por outro, as transformações do indivíduo facilitam ou tornam difícil a execução do trabalho 
nas condições impostas pelo sistema de produção: trata-se, então, do envelhecimento “em relação” 
ao trabalho, com consequências negativas (fadiga aumentada, baixa no desempenho, desqualificação 
profissional) ou positivas (rearranjo eficiente da maneira de trabalhar, mobilidade ascendente etc.).
Confrontada com essa evolução, cabe à ergonomia ter uma visão precisa e sensível para propor 
alternativas inteligentes à concepção de novos meios de trabalho que possam abranger, em resumo, as 
modificações decorrentes com o avanço da idade:
• Diminuição da capacidade de esforço físico intenso e da mobilidade articular.
• Fragilização do sistema de equilíbrio do corpo, que explica a frequência de quedas entre os 
mais velhos.
19
ERGONOMIA
• Diminuição das capacidades sensoriais principais na aquisição de informação, a visão e a audição, 
sendo que as demais são pouco afetadas no decorrer da vida ativa.
• Fragilização do sono e da regulação vigília-sono decorrente da perturbação do ciclo biológico 
(ritmo circadiano), o que explica a diminuição da tolerância ao trabalho em turnos ou noturno, 
com a idade.
• Diminuição na velocidade do tratamento da informação e, portanto, do processo decisório, que 
em parte se explica pelo desenvolvimento de comportamento de prudência, de verificação, e 
torna o trabalho sob pressão de tempo cada vez mais difícil de lidar com a idade.
• Fragilização da memória imediata e da atenção continuada, partilhada, alternada ou seletiva, 
tornando mais difícil lidar com os modernos meios de produção multitarefas.
Alguns desses problemas podem encontrar soluções na concepção dos meios de trabalho: ajuda na 
manutenção, reforço das características físicas das informações ou modalidades de sua redundância, 
lembretes. Outros requerem modificações da organização do trabalho. Outros ainda excluem os mais 
velhos de certos postos (passagem do trabalho em turnos ou noturno para um de dia com mudança 
de ofício); é preciso, portanto, prever antecipadamente sua realocação com uma formação prévia 
(FALZON, 2007).
Outro aspecto vital, que está relacionado ao grau de atenção exigido por um tipo de tarefa e a 
eventualidade de acidentes gerados por uma diminuída vigilância, é a fadiga do trabalhador. Todo 
projeto ergonômico deve procurar balancear o gasto energético para uma desejada produtividade com 
redução da fadiga.
No campo da aviação, por exemplo, os problemas mais observados na relação homem/máquina/meio 
durante a operação aérea estão relacionados com a carga de trabalho do piloto. É notável que a 
automação trouxe significativa redução da carga física de trabalho dos pilotos, com a simplificação 
de inúmeras tarefas que outrora demandavam uma ação mecânica da tripulação técnica. Entretanto, 
houve aumento substancial de sua carga cognitiva de trabalho, através da qual o estresse (no sentido de 
tensão mental), a confusão e a fadiga mental se fazem mais presentes no cotidiano operacional (ABREU 
JÚNIOR, 2008).
A NR-17, no seu item 17.4.2, também faz menção à fadiga visual nas atividades que envolvam 
leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia. No posto de trabalho deve ser 
montado um suporte adequado para documentos que possa ser ajustado, proporcionando boa postura, 
visualização e operação, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual (BRASIL, 2002).
Como citado anteriormente, diversos princípios importantes da ergonomia derivam-se de outras 
áreas do conhecimento, como a biomecânica, a fisiologia e a antropometria. Esses conhecimentos são 
vitais para formular as recomendações sobre a postura e a movimentação, que contribuem para reduzir 
os níveis de estresse (tensão muscular) e de fadiga, possibilitando melhor produtividade na atividade.
20
Unidade I
2.2 Noções de biomecânica
Nesse campo, aplicam-se as leis da física para o estudo da mecânica do corpo humano, podendo-se 
estimar as tensões desenvolvidas nas ligações dos músculos à estrutura óssea e as reações nas 
articulações, bem como determinar os respectivos níveis seguros para não ocasionar lesões, tanto em 
nível estático como dinâmico, por longos períodos de atuação (fadiga).
Trabalho estático
O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos para manter uma 
determinada posição. Esse tipo de contração, que não produz movimentos da estrutura óssea, é chamado 
de contração isométrica. O tempo de permanência da contração aplicada – cuja magnitude nunca deverá 
ser superior a 100% da força máxima suportada pelos respectivos músculos em ação – é uma função 
dessa magnitude. Em suma, níveis mais elevados de força requerem tempo de permanência menor da 
contração. Para esforços repetitivos ao longo de uma jornada de trabalho, a carga estática não deve superar 
aproximadamente 8% da força máxima, para evitar o aparecimento, ao longo de determinado prazo de 
execução da atividade, de dores e sinais de fadiga, conforme mostrado na figura a seguir. Por exemplo, com 
50% do esforço muscular máximo, o tempo suportável seria de aproximadamente um minuto.
Duração versus esforço muscular
1000
100
10
1
0,1
0 10 30 50 70 9020 40 60 80 100
Esforço muscular (%)
Du
ra
çã
o 
(m
in
ut
os
)
Figura 3 – Limitação de esforço muscular localizado contínuo
Trabalho dinâmico
Ocorre quando há contrações e relaxamentos alternados dos músculos, como em atividades de 
movimento corporal, exigindo maior circulação sanguínea, a qual promove maior oxigenação muscular 
e, consequentemente, aumentando a resistência à fadiga.
Portanto, o trabalho estático é muito mais fatigante e deve ser evitado, ou ao menos aliviado por 
meio de mudanças de postura e utilização de apoios para partes do corpo, com o objetivo de reduzir as 
contrações estáticas dos músculos.
21
ERGONOMIA
Deve-se prevenir a exaustão muscular para não exigir um tempo de recuperação muito longo, sem 
capacidade de produzir, conforme resumido no gráfico a seguir.
100
80
60
40
20
0
90
70
50
30
10
0 10 205 15 25 30
Recuperação da capacidade muscular (%)
Tempo de descanso (minutos)
Re
cu
pe
ra
çã
o 
(%
)
Figura 4 – Recuperação muscular conforme o tempo de descanso
Observa-se que um músculo exausto requer cerca de 30 minutos para readquirir aproximadamente 
95% de sua capacidade, podendo levar horas para a completa recuperação.
A fadiga muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas distribuídas ao longo da jornada 
de trabalho. Isso é mais eficaz do que acumular todo o período de descanso para o fim da jornada. Em 
muitas situações de trabalho, pausas curtas ocorrem naturalmente dentro do próprio ciclo, por exemplo, 
espera-se a máquina completar o seu ciclo ou quando o carregador retorna sem carga. Caso contrário, 
é recomendável programar pausas periódicas durante o ciclo de trabalho.
2.3 Fisiologia
A fisiologia pode estimar a demanda energética cardiopulmonar conforme o esforço muscular. 
Longos períodos de esforço muscular também podem levar à exaustão física do coração e dos pulmões.
O metabolismo basal (consumo energético do corpo humano em completo repouso) da maioria da 
população requer cerca de 80 watts (1 W = 60 J/min = 14,3 cal/min). Tarefas usuais que não excedam 
um gasto energético acima de 250 W podem ser executadas por um longo período sem causar fadiga.Até esse limite, não são necessárias pausas intermediárias ou alternância com atividades mais leves para 
a recuperação do organismo. Exemplos de atividades com baixa demanda energética são: montagem de 
pequenas peças, trabalhos de digitação, operação de máquinas leves, caminhar a passos normais.
Em casos de trabalhos mais pesados, com gastos energéticos superiores a 250 W, deve-se fazer 
pausas intermediárias ou alternar com atividade mais leve, de maneira a obter um gasto energético 
médio de 250 W ao logo de toda a jornada diária.
22
Unidade I
 Lembrete
Não se deve esperar pelo término da tarefa ou final da jornada para 
conceder pausas, porque isso pode levar os músculos à exaustão e exigir 
tempo de recuperação muito longo.
A tabela a seguir acentua valores de consumo energético para algumas atividades pesadas, cujo 
consumo é superior a 250 W, para poder orientar um cálculo preliminar do número de pausas ou 
alternâncias com atividades mais leves na jornada diária (DUL; WEERDMEESTER, 2016).
Tabela 1 – Gastos energéticos médios por atividade pesada (> 250 W)
Atividade Gasto energético (watts)
Andar a 4 km/h com peso de 30 kg 370
Levantar peso de 1 kg, 1 vez/seg. 600
Correr a 10 km/h 670
Pedalar a 20 km/h 670
Subir escada de 30 degraus, 1 km/h 960
2.4 Antropometria
A antropometria ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano. Desde a Antiguidade, 
artistas, teóricos e arquitetos estudam as dimensões do corpo humano, sendo emblemático o tratado 
de dez livros elaborado por Vitrúvio (século I a.C., em Roma) sobre arquitetura; a obra estabelecia, entre 
muitas outras observações, as proporções do corpo humano. Séculos depois, a figura do homem-padrão 
vitruviano seria reconstruída por Leonardo da Vinci e, mais tarde, por John Gibson e J. Bonomi (meados 
do século XIX) (PANERO; ZELNIK, 2015).
O projeto de postos de trabalho, máquinas, móveis e de instalações e construções civis deve ter 
atenção às variações individuais de estaturas dos usuários. Por exemplo, o vão de luz (tamanho da 
largura de passagem) de uma porta de saída de emergência deve ser adequado ao extremo superior 
da população. Já a altura do assento de cadeiras e tampos de mesas de trabalho são mais bem projetados 
quanto ao conforto quando consideram algum tipo de mecanismo capaz de adequar a diversidade 
observada entre indivíduos altos, médios e baixos. O leiaute interno de um novo automóvel sempre é 
iniciado posicionando-se ao volante o indivíduo de maior estatura e prevendo-se inclinação e regulagens 
de bancos e/ou de altura para acomodar o maior número possível de usuários. Analogamente, o 
projeto de cabines de aeronaves considera a relação homem-máquina nas situações de acionamento 
dos comandos manuais e eletrônicos, pois as possibilidades de erro humano devem ser eliminadas e os 
equipamentos devem ser operados com a eficiência máxima.
Em todos os casos de projeto que envolvam a interface com o usuário, deve-se dar atenção especial 
às dimensões corporais do(s) grupo(s) de usuários que compõem essa população específica.
23
ERGONOMIA
É muito útil conhecer dados antropométricos adequados aos projetos em foco. Muitos desses dados 
foram obtidos no passado por meio de medições realizadas pelas Forças Armadas americanas e pela Nasa 
(National Aeronautics and Space Administration) para o uso no projeto de seus artefatos, constituindo 
até os dias de hoje uma base importante para toda a comunidade científica. São de dois tipos básicos as 
dimensões corporais: estruturais e funcionais.
Dimensões estruturais, às vezes chamadas de estáticas, incluem medidas de cabeça, tronco e 
membros em posições padronizadas. Dimensões funcionais, também chamadas dinâmicas, incluem 
medidas tomadas em posições de trabalho ou durante um movimento associado a determinada tarefa.
São inúmeras as dimensões corporais possíveis, como se pode verificar ao consultar, por exemplo, um 
livro de anatomia. Por outro lado, alguns pesquisadores sugerem que dez são as dimensões mais importantes 
para o uso objetivo de projetos de engenharia humana, nessa ordem: altura, peso, altura quando sentado, 
comprimento nádegas-joelho e nádegas-sulco poplíteo (região posterior do joelho), largura entre os cotovelos 
e entre os quadris em posição sentada, altura do sulco poplíteo, dos joelhos e espaço livre para as coxas. 
A figura a seguir ilustra essas dimensões mais significativas para tais projetos (PANERO; ZELNIK, 2015).
Figura 5 – Tabela antropométrica da Norma DIN 33402:1981
24
Unidade I
Uma vez que as dimensões antropométricas variam muito dentro de qualquer grupo populacional, 
não é prático projetar para toda a abrangência. Portanto, a distribuição estatística das dimensões 
corporais é vital para o projetista, no sentido de estabelecer os padrões conforme os requisitos desejados 
e auxiliá-lo na tomada de decisões durante o projeto.
 Saiba mais
Uma excelente fonte de consulta para medidas antropométricas 
organizadas a partir de dados de diversas fontes citadas nesta obra é:
PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento humano para espaços 
interiores. Barcelona: Gustavo Gili, 2015.
Essa obra possui diversas orientações para o estudo e projeto voltados 
para ambientes de setores produtivos, como o industrial, de serviços, 
hospitalares, lazer, residenciais e escritórios corporativos, além de muitas 
dimensões estáticas e dinâmicas tabeladas.
Outra referência muito útil é o livro a seguir, que contém diversas 
ilustrações e práticas para os projetos voltados para diversos setores.
NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 18. ed. São Paulo: Gustavo 
Gili, 2013.
Um cuidado que se deve tomar ao utilizar as dimensões tabeladas é o significado estatístico que 
elas possuem. Devido às variações expressivas nas dimensões corporais individuais, as “médias” são 
obviamente pouco usadas para o projeto, sendo obrigatório trabalhar com a gama de variação das 
medidas. Estatisticamente, qualquer grupo populacional apresenta a maior parte de suas medidas 
corporais distribuídas numa faixa média, enquanto um menor número de medidas extremas situa-se 
nas bordas do espectro, que segue a forma de uma distribuição normal (ou gaussiana).
A maior parte dos dados antropométricos é frequentemente expressa em percentis, normalmente 
5 percentis ou 95 percentis, como nas tabelas da referência (PANERO; ZELNIK, 2015). Uma dada 
medida corporal é dividida em cem categorias percentuais, organizadas da menor para a maior. Por 
exemplo, a altura dos indivíduos é dividida em 100 percentis, sendo que o valor do primeiro indica 
que 99% da população teriam alturas maiores. Analogamente, o percentil 95 indicaria que somente 
5% da população estudada teriam estaturas maiores e que 95% teriam alturas iguais ou menores.
Percentis indicam a percentagem de pessoas dentro da população que tem uma dimensão corporal 
de um certo tamanho (ou menor). Os seres humanos não são constituídos antropomorficamente de 
forma uniforme em todas as dimensões corporais. Por exemplo, uma pessoa com estatura no 
25
ERGONOMIA
percentil 50 pode ter um percentil 55 no alcance lateral de braço. Ou seja, não há correlação estatística 
entre as dimensões de segmentos corporais.
Dependendo da natureza do problema de projeto, os requisitos antropométricos podem ser 
estabelecidos para acomodar o percentil 5 ou o 95, de modo que a maior parte da população seja 
atendida. Um erro grave na aplicação desses dados dimensionais é pressupor que o percentil 50 
represente as medidas de um “homem médio” e daí criar um projeto para acomodar os seus dados. 
A consequência de assumir essa hipótese é que 50% desse grupo sofreria com o projeto não adequado 
ao seu uso. Uma maneira de resolver esse problema é definir um projeto com capacidade de regulagem 
ou de ajuste, como visto em certos tipos de cadeiras, prateleiras, mesas etc. A gama de regulagens 
deve ser baseada na antropometria do usuário, na natureza da tarefa e nas limitações físicas ou 
mecânicas envolvidas.
 Lembrete
Emtodos os casos de projeto que envolvam a interface com o usuário, 
deve-se dar atenção especial às dimensões corporais do(s) grupo(s) de 
usuários que compõem essa população específica.
3 DIMENSIONAMENTO DE POSTOS DE TRABALHO
Define-se como posto de trabalho a configuração física do sistema homem-máquina-ambiente onde 
ocorre uma determinada atividade produtiva. Assim, podemos dizer que uma fábrica ou um escritório 
são exemplos de conjuntos de postos de trabalho interligados para determinada produção.
O dimensionamento de postos de trabalho fará uso das noções apresentadas anteriormente sobre 
biomecânica, fisiologia e antropometria.
Historicamente, a evolução da elaboração do projeto de postos de trabalho apresenta dois enfoques 
distintos: o taylorista e o ergonômico. No primeiro, é dada maior ênfase à análise dos movimentos 
básicos e aos tempos associados para a execução da tarefa, objetivando-se gastar o menor tempo na 
realização da atividade. O enfoque ergonômico, mais recente, busca mesclar outras atividades com a 
atividade principal, de maneira a tornar o trabalho mais agradável, menos monótono e respeitando as 
exigências biomecânicas de postura e cognitivas. As máquinas, ferramentas, dispositivos e materiais 
são adaptados às características do trabalho e capacidade do trabalhador, proporcionando equilíbrio 
biomecânico, menor desgaste físico e mental e, consequentemente, maior segurança, menor índice de 
acidentes e maior satisfação pessoal.
26
Unidade I
 Saiba mais
Para estudar a adequação de postos de trabalho, foi realizada uma 
investigação dos fatores de risco presentes nas operações de desbobinar 
e enrolar cabos no almoxarifado de uma concessionária distribuidora de 
energia elétrica de pequeno porte, com a finalidade de desenvolver ações 
para melhorar a situação de trabalho dentro das exigências de esforço e de 
postura. Consulte os detalhes desse trabalho em:
HEMBECKER, P. K. et al. Proposição de melhorias na operação de 
desbobinamento de cabos no almoxarifado de uma concessionária de energia 
elétrica. Ação Ergonômica – Revista Brasileira de Ergonomia, v. 5, n. 3, p. 1-5, 
2010. Disponível em: http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/
view/96. Acesso em: 11 set. 2019.
3.1 Postura e movimentos
A postura é determinada pela natureza da tarefa ou pela configuração do posto de trabalho. Posturas 
prolongadas podem prejudicar a estrutura osteomuscular e comprometer o sistema vascular. Longos 
períodos em pé ou sentado provocam estresse, assim como o uso contínuo dos membros superiores no 
manuseio de ferramentas.
Deve-se buscar, o quanto possível, a alternância postural ao longo da jornada de trabalho, de maneira 
a reduzir o cansaço visual e dores musculares decorrentes das tensões da atividade estática. Por exemplo, 
muitos postos de trabalho empregam atualmente cadeiras mais altas com apoio para os pés (figura a 
seguir), garantindo uma posição ortostática do corpo, mais adequada ao metabolismo orgânico.
Figura 6 – Exemplo de cadeira alta, com altura ajustável, com apoio para os pés e giratória, 
utilizada em muitos postos de trabalho que exigem a posição sentada
A NBR 13.962 (móveis para escritório – cadeiras – requisitos e métodos de ensaios), traz uma 
importante contribuição para a avaliação do conforto postural de cadeiras (ABNT, 2006). Um gabarito 
especial posicionado sobre o assento e o encosto mede o ângulo β de abertura (figura a seguir), que 
está associado ao nível de conforto percebido pelo usuário. É recomendável que esse ângulo seja de 
95° a 115° (PANERO; ZELNIK, 2015).
27
ERGONOMIA
O uso de uma cadeira adequada e confortável não é suficiente para garantir uma postura correta. 
A postura do tronco, da cabeça e dos braços são muito influenciadas pela posição da altura da superfície 
de trabalho. A altura da mesa deve ser regulável para compensar a ampla variação de medidas entre os 
grupos feminino e masculino (54 cm a 78,5 cm, compreendendo 5 percentis de mulheres e 95 percentis 
de homens) (DUL; WEERDMEESTER, 2016). O espaço livre para as coxas deve ser verificado e garantido 
em todas as situações de utilização. A figura após a imagem a seguir mostra a regulagem recomendada 
da mesa de trabalho, observando-se o alinhamento com a altura do cotovelo na posição sentada, de 
modo que o antebraço fique horizontal e paralelo à superfície.
β
a
B
20 kg
A
Figura 7 – Indicação do ângulo de abertura entre assento e encosto. Posicionamento do gabarito para medida
90° a 100°
min. 20°
40 cm a 75 cm
54 cm a 78,5 cm
38
 c
m
 a
 5
5 
cm
72
 c
m
 a
 7
5 
cm
Figura 8 – Variação recomendada para o ajuste da altura da superfície de trabalho
A figura anterior também mostra a regulagem do assento da cadeira para adequar-se à variação da 
altura poplítea, fazendo com que os pés repousem sobre o piso. Todos os arranjos mostrados favorecem 
a mudança de postura ao longo da jornada de trabalho, contribuindo para a redução de fadiga.
28
Unidade I
A postura em pé exigida para trabalhos sobre superfície plana alta deve cuidar para que não obrigue 
o indivíduo a reclinar-se sobre a mesa (figura a seguir), causando dores em sua coluna cervical. O apoio 
de pé é bastante útil nesses casos.
Figura 9 – Comparação entre posturas em pé. Uso recomendado para o apoio de pé
Plano transversal
20 cm acima do cotovelo
Plano sagital
10 cm à direita do plano de simetria
Zona de alcance máximo
Zona preferencial
Alcance máximo Alcance ótimo
Dimensões em cm
30
100
160
25
50
35
-6
5
Área ótima 
para trabalho 
com duas mãos
35-45
Figura 10 – Zonas de alcance para a posição sentada
29
ERGONOMIA
Os alcances com os braços, para frente e para os lados, devem ser limitados para evitar a inclinação 
ou a rotação do corpo. As zonas de alcance máximo possíveis para um trabalhador sentado são 
representadas na figura seguinte. Por isso ferramentas, peças, alavancas de controles de uso ou os 
acionamentos mais frequentes devem situar-se em frente e perto do corpo, nas áreas identificadas 
como preferenciais na figura anterior.
Figura 11 – Manuseio de carga com excessiva inclinação do tronco
No trabalho dinâmico que envolve o manuseio de cargas, como o que ocorre no empilhamento de 
pacotes (figura anterior), é frequente a má postura do tronco. A causa de dores lombares é associada à 
repetição desse gesto ao longo das horas de trabalho.
Particular atenção aos trabalhos com ferramentas manuais deve ser dada, para respeitar os limites de 
tensões nos músculos envolvidos. Cada gesto no manuseio dessas ferramentas pode envolver músculos 
de pequena capacidade de carga, por exemplo os associados aos movimentos de rotação dos punhos, 
que, não estando bem adaptados, atingem rapidamente fadiga ou mesmo distensões musculares. Há 
uma recomendação de peso máximo de 2 kg para as ferramentas manuais, com o intuito de prevenir 
situações de fadiga pelo uso frequente. Ferramentas mais pesadas, quando necessárias, devem ser 
contrabalanceadas por meio de algum sistema de suspensão (molas).
Movimentos associados ao transporte de cargas são limitados ao esforço de 23 kg, conforme estudos 
desenvolvidos pelo órgão americano National Institute for Occupational Safety and Health (Niosh). 
Uma equação foi elaborada para corrigir esse valor máximo (sempre reduzindo-o) por meio de diversos 
fatores multiplicativos que levam em conta:
• as distâncias horizontais (H) e verticais (V) entre a carga e o corpo;
• a rotação do tronco (A);
• o deslocamento vertical da carga (D);
• a frequência do levantamento da carga (F);
• a dificuldade de manuseio da carga (M).
30
Unidade I
Supõe-se que o trabalhador tenha liberdade em escolher a melhor postura e que a carga é segura 
com as duas mãos. Assim, a carga máxima é multiplicada por seis coeficientes, que consideram as 
variáveis citadas, resultando no limite de peso recomendável (LPR):
LPR = 23 kg × CH × CV × CA × CD × CF × CM
Onde:
CH = coeficiente de localização horizontal da carga
CV = coeficientede localização vertical da carga
CA = fator de assimetria (rotação do tronco)
CD = coeficiente de deslocamento vertical da carga
CF = coeficiente de frequência de levantamentos
CM = fator de manuseio (fácil, regular, difícil)
A figura seguinte ilustra a relação desses coeficientes considerados na equação de Niosh. Uma 
série de recomendações práticas para a movimentação manual de cargas, baseadas na fisiologia e na 
biomecânica mencionadas, dizem respeito à maneira correta de agarramento com as mãos; postura 
de tronco e pernas ao elevar uma carga do solo; posicionamento próximo da carga ao corpo, evitando 
o giro do tronco durante o manuseio da carga; usar o peso próprio do corpo a favor do movimento 
ao empurrar ou puxar uma carga; bem como o uso de equipamentos mecânicos capazes de auxiliar o 
transporte manual (carrinhos, esteiras de roletes, plataformas de elevação de cargas).
H
V
D
A
C
Figura 12 – Fatores de carga considerados na equação de Niosh
31
ERGONOMIA
 Saiba mais
Para aplicação prática desse método de cálculo, os valores tabelados 
para cada coeficiente podem ser obtidos na seguinte referência:
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard 
Blücher Ltda., 2016.
Um trabalho prático que aborda a questão da melhoria das condições de 
conforto oferecidas aos trabalhadores de uma empresa do setor industrial, 
com o objetivo de diminuir a carga física do trabalho sobre eles e conseguir 
o aumento de produtividade, pode ser lido em:
MENEZES, M. L. A.; SANTOS, I. J. A. L. Avaliação das condições de 
trabalho no setor industrial: uma abordagem centrada na ergonomia física 
e organizacional. Ação Ergonômica – Revista Brasileira de Ergonomia, v. 9, 
n. 2, p. 67-85, 2017. Disponível em: http://www.abergo.org.br/revista/index.
php/ae/article/download/295/216. Acesso em: 14 out. 2019.
3.2 Limitações sensoriais
A era do processamento digital da informação trouxe mudanças na maneira pela qual as pessoas se 
comunicam por meio de equipamentos digitais. Os dispositivos móveis assumiram posição fundamental 
e os fabricantes apresentaram ao mercado diferentes maneiras de interagir. É notável como uma nova 
tecnologia modificou a forma de as pessoas interagirem entre si, de aprenderem ou mesmo de passar o 
tempo. E isso abrange indivíduos de todas as faixas etárias, incluindo aqueles com necessidades especiais.
Figura 13 – Exemplo de interação com tablet
Todavia, no planejamento arquitetônico de ambientes públicos, por exemplo de um hospital, 
a ergonomia pode contribuir de forma a proporcionar uma leitura clara da sinalização que facilite 
as movimentações de seus usuários com rapidez, adequando o leiaute às suas necessidades reais e 
tornando-o mais eficiente (RANGEL, 2011).
32
Unidade I
Figura 14 – Exemplos de sinalização em hospital
Quando se elaboram sistemas de informação, é importante saber quem serão os seus usuários. Pelos 
exemplos anteriores, fica claro que as limitações dessas pessoas determinarão as principais características 
da interface a ser projetada. Portanto, a caracterização do público-alvo deve considerar, entre outros 
fatores: faixa etária; língua e cultura; escolaridade (alfabetizado ou não); pessoas com deficiência (cegos, 
cadeirantes, surdos-mudos). Além disso, a familiaridade com sistemas similares e o local onde a tarefa 
será executada, que pode contribuir ou não com a motivação para o novo aprendizado, são igualmente 
relevantes para o projeto da nova interface do ponto de vista ergonômico.
As diferenças culturais entre países criam restrições importantes na concepção de qualquer 
artefato que será manuseado por povos com diferentes formas de vestir, pensar, escrever, entender 
simbologias etc.
Figura 15 – Exemplos de diversidade cultural
33
ERGONOMIA
 Observação
Para destacar o que estudamos, basta pensar quantas formas diferentes 
de se expressar e de costumes há entre portugueses e brasileiros, povos de 
mesmo idioma.
Em muitas situações de trabalho, nossos órgãos sensoriais servem efetivamente para captar sinais 
emitidos, por máquinas ou pessoas, que o operador não necessariamente solicitou. O operador de uma 
máquina não procura o pisca-pisca luminoso que indica um possível problema de funcionamento, o alerta 
sonoro que indica o fim de uma operação, uma vibração sentida pelo tato ao encostar em um mancal de 
eixo girando a uma determinada rotação e que já esteja com desgaste, ou mesmo pelo grito de um colega 
que chama sua atenção para um fator de risco. Os órgãos sensoriais estão passivamente disponíveis a essas 
emissões de informação, cujo teor é transmitido aos centros nervosos para uma análise conveniente.
Aquisição de informação visual
A concepção dada pela fisiologia de que nossos órgãos ditos sensoriais são meros receptores, na 
linguagem do modelo de sistema homem-máquina, não é suficiente para o estudo que interessa ao 
ergonomista, o qual deve considerar o ambiente onde a atividade se realiza. Nesse caso, o operador não 
é um simples captador, ou receptador, de informação, mas em vez disso, o agente principal da aquisição 
de informação. Vamos nos limitar a certos aspectos da aquisição de informações visual, auditiva e 
mecânica, numa perspectiva sensório-motora apenas. Informações olfativas também poderiam ser 
consideradas, porém há poucos estudos realizados nesse campo.
A visão é o sentido mais importante e imediato para a aquisição de informação. A leitura de textos 
e de sinais é tanto mais eficiente quanto melhor adaptadas à percepção do olho humano.
Há diversas recomendações ergonômicas para facilitar a legibilidade. Por exemplo, em textos 
contínuos, letras minúsculas são melhores que as maiúsculas, pois a diferenciação entre suas alturas 
gráficas facilita a visualização da palavra inteira, sem necessidade de reconhecer letra a letra. Isso é 
muito útil para as placas de sinalização de trânsito, nomes de ruas e outras aplicações. O uso de letras de 
tipo simples (como o deste livro-texto) são mais recomendáveis do que letras com serifas (ou cursivas, 
como normalmente se escreve à mão). Confusão entre letras e números, cujas grafias são parecidas, 
deve ser evitada: O e Q, S e 5, 2 e Z, I e 1. As placas de licença de automóveis são bons exemplos (com 
raras exceções), para evitar, por exemplo, um erro de interpretação do agente de trânsito ao multar um 
veículo estacionado em local proibido.
As características da visibilidade do objeto de trabalho, sobretudo as dimensionais, óticas e cinéticas, 
devem ser também consideradas. A maioria das atividades visuais recorre ao poder da distinção da 
visão para reconhecer um objeto e distinguir separadamente seus componentes. Sabe-se desde a 
Antiguidade grega que estes devem, em princípio, estar separados por 1 minuto de arco (1/60 de grau 
ou 0,017°). Em tarefas visuais rotineiras, a capacidade de identificar, sem erro, letras de um texto exige 
34
Unidade I
uma relação tamanho/distância correspondente a cinco minutos (1/12 de grau ou 0,083°). Um estudo 
feito com milhares de transeuntes (FALZON, 2007, p. 63) mostrou que as letras dos cartazes públicos ou 
publicitários devem atingir 12 minutos (0,2°) para que 95% dos indivíduos possam lê-las. Para distâncias 
mais curtas, o tamanho angular deve ser ainda maior. Como exemplo, as projeções em um auditório 
com 20 m de profundidade devem ter letras com altura mínima de 10 cm na tela, correspondente a um 
padrão recomendado de aproximadamente 1/200 de grau da distância de leitura (cerca de 0,3°).
Em segundo lugar, a visibilidade depende das propriedades óticas do objeto, de sua refletância. 
Contudo, como todo objeto se apresenta necessariamente sobre um fundo, é de fato o contraste visual 
(C) que deve ser considerado, o qual é definido pela relação:
C = (Lo – Lf) / (Lo + Lf)%
Onde:
Lo indica a luminância do objeto
Lf indica a luminância do fundo
Trata-se de otimizar o contraste, pois tanto um contraste muito fraco quanto um muito forte 
interferem no desempenho, o primeiro tornandoconfusos os contornos do objeto, o segundo criando 
desconforto ocular.
O contraste entre as cores de letras e o fundo tem mais influência para a boa legibilidade do que o 
nível de iluminação. Há pessoas com dificuldade visual para distinguir certas cores (como os daltônicos 
com o vermelho e o verde) ou o que é muito comum, a dificuldade de leitura de texto na cor preta 
sobre fundos vermelho ou azul, devido ao baixo contraste. O melhor é utilizar grafia preta sobre 
fundo claro, para uma rápida adaptação do olho humano. A refletância de paredes e objetos é outro 
fator importante a ser considerado na análise de adequação do ambiente às limitações visuais. 
A refletância é a capacidade de uma superfície em refletir a luz é expressa em percentagem; é o 
resultado tanto da textura da superfície quanto da própria cor (tonalidade/saturação/claridade). 
Uma superfície perfeitamente lisa, de qualquer cor, é propícia para reflexos especulares, podendo 
dirigir reflexos perturbadores aos olhos de um operador e, portanto, devem ser evitadas.
O uso de símbolos merece uma boa atenção. Como não estão vinculados a qualquer linguagem, a 
imagem icônica precisa transmitir um conceito único e o mais universal possível entre as culturas para 
as quais o produto é usado. Por outro lado, a forma de dispor tais símbolos em um painel de elevador, 
por exemplo, pode levar ao constrangimento de alguns usuários que, ao tentar abrir a porta, pressionam 
o símbolo, e não a tecla logo ao lado (figura seguinte).
35
ERGONOMIA
Figura 16 – Painel de elevador: ícone de abertura de porta 
pode ser confundido com a tecla do comando
Nesse caso, uma possível solução seria diferenciar um pouco a largura do símbolo com relação à 
tecla, como é o caso dos andares, ou apenas criar uma identificação mais clara para o usuário.
Por último, a visibilidade depende das características cinéticas do objeto. A acuidade visual diminui 
quando ele está em movimento. Para pequenas velocidades, ocorre certa compensação por meio de 
reflexos oculares de perseguição, permitindo obter centralização do objeto móvel. Todavia, há limites 
para essa capacidade de perseguição ocular: certas atividades de inspeção podem levar o operador a 
multiplicar os erros e levá-lo até o “desligamento” pela fadiga dos músculos extraoculares, induzindo 
uma parada momentânea da atividade exploratória.
Portanto, a aquisição de informação visual não deve ser encarada apenas como uma recepção 
passiva de um sinal por um receptor. Os princípios anteriormente enunciados devem ser considerados na 
concepção de sinalizadores simples, visores luminosos e cartazes mostrando uma palavra de advertência, 
na organização de elementos físicos de um posto de trabalho, mostradores analógicos ou digitais, leiaute 
de páginas de apresentação ou de portal na internet.
Aquisição de informação auditiva
A audição é um sentido menos utilizado na aquisição de informações. Contudo, como auxiliar ao 
sentido da visão, pode descarregar esse canal, desviando algumas informações como faz com o auditivo. 
36
Unidade I
O ambiente sonoro é mais invasivo, pois não se fecha simplesmente o canal auditivo como os olhos. 
É altamente complexo: as emissões sonoras de máquinas e ferramentas se somam às de sistemas de 
ventilação, sistemas de áudio e de muitas outras fontes, podendo atingir intensidades consideradas 
desagradáveis aos trabalhadores, normalmente acima de 85 decibéis, gerando ruídos prejudiciais quando 
eles ficam expostos por longos períodos.
A audição é a captação passiva e indiferenciada de todos os sons presentes, e a escuta é a aquisição 
ativa de informação. Há alguns mecanismos, ainda pouco estudados devido à sua maior complexidade 
em relação aos do sentido da visão, que desviam a atenção para emissões de informação sonoras.
O som é adequado para transmitir sinais de alerta porque ele se propaga em todas as direções. Os 
sinais luminosos têm como desvantagem se propagarem em linha reta e só serem perceptíveis para 
quem olha diretamente para eles.
Para ser percebido, o som deve fazer parte do espectro de frequência audível (entre 20 Hz e 20.000 Hz) 
e ter uma intensidade suficiente, estimada em torno de 40 dB acima do limiar absoluto. O problema 
existe, portanto, nos ambientes ruidosos, nos quais a interferência do sinal sonoro torna complexa a sua 
detecção. A frequência do som (grave ou agudo) está ligada ao comprimento de onda e a intensidade à 
energia transmitida. Baixas frequências (graves) são melhores para o som se propagar, superando cantos 
e obstáculos. Se a distância entre emissor e receptor for grande, o som deve ter maior intensidade, com 
frequências mais baixas. Sons agudos são mais bem detectados em ambientes onde há predominância 
de sons graves. Só se obtém uma inteligibilidade satisfatória quando o contraste sonoro é significativo, 
quando a relação sinal-ruído (isto é, a diferença entre o nível do sinal e o do ruído expressa em decibéis) 
seja igual ou maior do que 10 dB. Por exemplo, a inteligibilidade da fala gritada, à qual é inevitável 
recorrer em ambiente ruidoso, é mais baixa que de uma elocução em voz normal, decorrente, nessa 
última, da amplificação diferencial das vogais e consoantes. O ruído ambiente também é mais crítico 
em locais com paredes pouco absorventes, reverberando todos os sons e causando mais confusão para 
aquele que escuta.
Na concepção de sistemas técnicos de comunicação, bem como na seleção dos sinais, deve-se 
dar atenção aos aspectos das três atividades relacionadas: detecção, localização e reconhecimento. 
Na monitoração de um processo, por exemplo, pode ser necessário utilizar um sinal sonoro conjugado 
ao sinal luminoso para avisar que algo precisa ser corrigido. No caso do ambiente ruidoso, o que é 
normal, tanto a frequência quanto a intensidade do sinal devem ser diferenciadas para o seu fácil 
reconhecimento. A localização da fonte é mais bem tratada considerando a intermitência do sinal emitido.
Aquisição de informação manual
Embora ainda não muito estudadas pela ergonomia, atividades manuais com o fim de obter 
informação relevante para, por exemplo, o controle de fino de textura de um produto nas últimas 
etapas da produção, ocorrem em numerosas operações de inspeção: de pneus, de produtos plásticos 
ou metálicos saindo do molde, do acabamento de carrocerias de automóveis, dentre muitas outras, são 
exemplos práticos nos quais a inspeção é feita não só visualmente, mas também pelo tato.
37
ERGONOMIA
Paradoxalmente, estudos mostram que o uso de luvas de algodão ou seda por operadores envolvidos 
em inspeção tátil promovem melhor percepção aos defeitos de relevo, pois essas reduzem o atrito entre 
a pele e o objeto (FALZON, 2007, p. 67). Esse mesmo efeito – redução do coeficiente de atrito com a 
superfície – ocorre com encarregados do polimento final de revestimentos, que ficam cobertos de poeira.
O reconhecimento de formas pelas mãos também desperta interesse para o acionamento 
de comandos. Muitas situações de uso de um produto podem exigir do operador algum tipo de 
reconhecimento do efetivo comando feito às cegas, recorrendo unicamente à informação tátil. Como 
exemplo, o projeto de uma roda com marcha para equipar cadeiras de rodas, de maneira a facilitar 
a movimentação do usuário em terrenos de difícil locomoção (subidas ou descidas de rampas com 
declividade acentuada), faz um bom uso desse princípio.
 
Figura 17 – Rodas com marcha: acionamento da segunda velocidade
A última figura mostra uma cadeira de rodas equipada com um novo projeto da roda, desenvolvido 
pelo autor, que possibilita a redução do torque de acionamento manual efetuado pelo usuário, 
selecionando-se uma segunda marcha, mais reduzida, por meio de um comando central, como 
mostrado à direita. Esse acionamento ocorre normalmente fora do campo visual, devido ao fluxo 
contínuo do deslocamento de cadeirantes mais ativos ou mesmo pela impossibilidade de curvar o 
tronco para ver o comando ser efetuado. Cadeirantes com

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