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Indaial – 2019 Resistência dos MateRiais avançada Prof.ª Márcia Elisa Jacondino Pretto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Márcia Elisa Jacondino Pretto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: P942r Pretto, Márcia Elisa Jacondino Resistência dos materiais avançada. / Márcia Elisa Jacondino Pretto. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 195 p.; il. ISBN 978-85-515-0337-9 1. Resistência de materiais. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 620.112 III apResentação Caro acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático da disciplina de Resistência dos Materiais Avançada. O material está dividido em três unidades: Unidade 1 – Flexão; Unidade 2 – Cisalhamento, transformação de tensão e vasos de pressão e Unidade 3 – Deflexão em vigas e flambagem de colunas. Na Unidade 1 são apresentados os conceitos de flexão pura e as metodologias de cálculo das tensões e deformações tanto de vigas com carregamento axial em eixo de seção simétrica como de carregamento axial excêntrico. São apresentadas também as metodologias de flexão assimétrica. E, por fim, a metodologia para análise e projeto de vigas em flexão, desenvolvendo os diagramas de esforços solicitantes, tanto o esforço cortante como o momento fletor. Na Unidade 2 aborda-se o cisalhamento em vigas, as transformações de tensão e os vasos de pressão. São apresentadas as metodologias de cálculo, inclusive do Círculo de Mohr. Nos vasos de pressão são abordadas as metodologias para cálculo das pressões nas superfícies internas e externas. Por sua vez, a Unidade 3 trata do estudo de deflexão em vigas, das vigas estaticamente indeterminadas e da flambagem de colunas. Na deflexão de vigas serão abordadas as metodologias para o cálculo de vigas sob carregamento transversal e também as equações da linha elástica. No tópico das vigas estaticamente indeterminadas é apresentado o método da superposição. E, no último tópico, tratamos da fórmula de Euler na flambagem de colunas. Para tanto, este livro visa contribuir para sua formação acadêmica enquanto parte essencial da construção de um perfil profissional diferenciado, a fim de torná-lo conhecedor de suas responsabilidades para com a sociedade cada vez mais ávida por pessoas que façam a diferença. Boa leitura e bons estudos! Prof.ª Márcia Elisa Jacondino Pretto IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – FLEXÃO .......................................................................................................................... 1 TÓPICO 1 – FLEXÃO PURA .................................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 FLEXÃO PURA DE BARRA SIMÉTRICA ...................................................................................... 4 3 DEFORMAÇÕES NA FLEXÃO PURA ............................................................................................. 6 4 TENSÕES E DEFORMAÇÕES ........................................................................................................... 8 5 FLEXÃO DE BARRAS CONSTITUÍDAS POR VÁRIOS MATERIAIS ..................................... 14 5.1 VIGAS DE CONCRETO ARMADO .............................................................................................. 17 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 22 TÓPICO 2 – CARGA EXCÊNTRICA ................................................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23 2 CARREGAMENTO AXIAL EXCÊNTRICO EM UM PLANO DE SIMETRIA ......................... 23 3 FLEXÃO ASSIMÉTRICA .................................................................................................................... 25 4 CASO GERAL DE CARREGAMENTO AXIAL EXCÊNTRICO ................................................. 29 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 32 TÓPICO 3 – ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO ..................................................... 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 DIAGRAMAS DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR ............................................. 37 2.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 40 3 RELAÇÕES ENTRE FORÇA, FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR .......................... 42 3.1 RELAÇÕES ENTRE FORÇA E FORÇA CORTANTE ................................................................ 42 3.2 RELAÇÕES ENTRE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR ........................................ 44 4 PROJETO DE VIGAS PRISMÁTICAS EM FLEXÃO .................................................................... 47 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 49 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 51 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52 UNIDADE 2 – CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO ....................................................................................................................... 53 TÓPICO 1 – CISALHAMENTO EM VIGAS ...................................................................................... 55 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................55 2 FORÇA CORTANTE NA FACE HORIZONTAL DE UM ELEMENTO DE VIGA .................. 57 2.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 60 3 TENSÕES DE CISALHAMENTO EM VIGAS ............................................................................... 61 3.1 TENSÃO DE CISALHAMENTO MEDIA .................................................................................... 62 3.2 TENSÃO DE CISALHAMENTO MÁXIMA ................................................................................ 63 4 DISCUSSÕES ADICIONAIS SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES EM UMA VIGA RETANGULAR ESTREITA ................................................................................................................ 64 suMáRio VIII 5 CISALHAMENTO LONGITUDINAL EM UM ELEMENTO DE VIGA DE MODO ARBITRÁRIO ........................................................................................................................................ 67 5.1 EXEMPLO ......................................................................................................................................... 67 6 TENSÕES DE CISALHAMENTO EM BARRAS DE PAREDES FINAS ................................... 69 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74 TÓPICO 2 – TRANSFORMAÇÃO DA TENSÃO ............................................................................. 77 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77 2 TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO PLANO DE TENSÃO ......................................................... 79 3 TENSÕES PRINCIPAIS ...................................................................................................................... 81 4 TENSÃO DE CISALHAMENTO MÁXIMA ................................................................................... 83 4.1 EXEMPLO DE CÁLCULO .............................................................................................................. 84 4.2 PROBLEMA RESOLVIDO .............................................................................................................. 86 5 CÍRCULO DE MOHR PARA O ESTADO PLANO DE TENSÕES ............................................. 88 5.1 EXEMPLO DE CÁLCULO .............................................................................................................. 92 5.2 PROBLEMA RESOLVIDO .............................................................................................................. 94 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 96 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 97 TÓPICO 3 – VASOS DE PRESSÃO ..................................................................................................... 99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 2 VASOS DE PRESSÃO DE PAREDES FINAS.................................................................................. 99 3 TENSÕES NA SUPERFÍCIE EXTERNA ........................................................................................... 102 4 TENSÕES NA SUPERFÍCIE INTERNA ........................................................................................... 103 5 TENSÕES EM VASOS DE PRESSÃO CILÍNDRICOS DE PAREDES FINAS ......................... 105 5.1 TENSÃO CIRCUNFERENCIAL .................................................................................................... 107 5.2 TENSÃO LONGITUDINAL ........................................................................................................... 108 5.3 TENSÕES NA PAREDE EXTERNA DE VASOS DE PRESSÃO CILÍNDRICOS .................... 109 5.4 TENSÕES NA PAREDE INTERNA DE VASOS DE PRESSÃO CILÍNDRICOS ..................... 110 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 111 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 119 UNIDADE 3 – DEFLEXÃO DE VIGAS, VIGAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS E FLAMBAGEM DE COLUNAS .................................................................................. 121 TÓPICO 1 – DEFLEXÃO DE VIGAS ................................................................................................... 123 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 123 2 DEFORMAÇÃO DE UMA VIGA SOB CARREGAMENTO TRANSVERSAL ....................... 125 3 EQUAÇÕES DA LINHA ELÁSTICA ................................................................................................ 129 3.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 131 4 DETERMINAÇÃO DIRETA DA LINHA ELÁSTICA COM BASE NA FORÇA DISTRIBUÍDA ...................................................................................................................................... 133 4.1 EXEMPLO DE CÁLCULO .............................................................................................................. 135 5 FUNÇÕES DE DESCONTINUIDADE ............................................................................................. 136 5.1 FUNÇÕES DE MACAULAY .......................................................................................................... 137 5.2 PROBLEMA RESOLVIDO .............................................................................................................. 139 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 141 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 142 IX TÓPICO 2 – VIGAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS .................................................... 145 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 145 2 TIPOS DE VIGAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS .................................................... 145 2.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 150 2.2 PROBLEMA RESOLVIDO .............................................................................................................. 151 3 MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO ....................................................................................................... 154 3.1 EXEMPLO DE CÁLCULOS............................................................................................................ 155 4 APLICAÇÃO DO MÉTODO DA SUPERPOSIÇÃO PARA VIGAS ESTATICAMENTE INDETERMINADAS ........................................................................................................................... 157 4.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 158 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 160 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................161 UNIDADE 3 – FLAMBAGEM DE COLUNAS ................................................................................... 163 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 163 2 ESTABILIDADE DE ESTRUTURAS ................................................................................................ 164 3 FÓRMULA DE EULER ........................................................................................................................ 167 3.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 169 4 FÓRMULA DE EULER PARA DIFERENTES APOIOS ................................................................ 171 4.1 COLUNA ENGASTADA NA BASE E LIVRE NO TOPO.......................................................... 171 4.2 COLUNAS COM VÁRIOS TIPOS DE APOIOS .......................................................................... 172 4.3 PROBLEMA RESOLVIDO .............................................................................................................. 173 5 PROJETO DE COLUNAS SUBMETIDAS A UMA FORÇA CENTRADA / CARGAS CONCÊNTRICAS ................................................................................................................................. 177 5.1 AÇO ESTRUTURAL ........................................................................................................................ 177 5.2 ALUMÍNIO ....................................................................................................................................... 179 5.3 EXEMPLOS DE CÁLCULO............................................................................................................ 180 5.4 PROBLEMAS RESOLVIDOS .......................................................................................................... 182 6 PROJETO DE COLUNAS COM CARGAS EXCÊNTRICAS ....................................................... 183 6.1 PROBLEMA RESOLVIDO .............................................................................................................. 184 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 186 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 191 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 192 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 195 X 1 UNIDADE 1 FLEXÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • calcular a localização do centroide de seção e momento de inércia e a cur- vatura da superfície; • aplicar a fórmula elástica à flexão para encontrar a tração máxima e ten- sões de compressão; • aplicar a fórmula elástica à flexão para encontrar a tração máxima e ten- sões de compressão; • transformar as seções mistas em seções feitas inteiramente de um único material e avaliar as propriedades geométricas de seção transformada; • calcular o momento máximo interno na viga, o momento de inércia e a tensão de flexão máxima; • calcular a tensão normal provocada por uma força centrada e por um momento fletor e a maior força admissível; • encontrar a localização da linha neutra através da determinação do local em que a tensão normal é zero; • solucionar os componentes do vetor momento ao longo de um dos eixos principais de inércia e calcular as tensões máximas correspondentes; • aplicar as equações de equilíbrio e montar os diagramas de força cortante e momento fletor. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – FLEXÃO PURA TÓPICO 2 – EXCENTRICIDADE NA FLEXÃO TÓPICO 3 – ENSAIOS E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS CONSTITUINTES DO CONCRETO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 FLEXÃO PURA 1 INTRODUÇÃO Neste primeiro tópico abordaremos a flexão pura que ocorre quando elementos prismáticos submetidos a momentos Fletores M e M’ iguais e opostos atuam num mesmo plano longitudinal (BEER et al., 2013). Um exemplo típico de flexão pura é dado pelo atleta de levantamento de peso segurando a barra acima da cabeça, conforme ilustrado na Figura 1. A barra possui pesos iguais a distâncias simétricas assim como as mãos do levantador. E justamente devido a essa simetria é que as reações nas mãos do atleta devem ser iguais e opostas aos pesos (BEER et al., 2013). FIGURA 1 – EXEMPLO TÍPICO DE FLEXÃO PURA FONTE: Beer et al. (2013, p. 3) Para o típico exemplo do atleta levantador de peso relatado anteriormente, considerando a representação por diagrama de corpo livre como na Figura 2, “os pesos e as reações podem ser substituídos por dois momentos fletores e opostos de 108 N.m (Figura 3), mostrando que a parte central da barra está em flexão pura” (BEER et al., 2013, p. 446). UNIDADE 1 | FLEXÃO 4 FIGURA 2 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DO EXEMPLO DO ATLETA LEVANTADOR DE PESOS FIGURA 3 – MOMENTOS FLETORES RELATIVOS À FLEXÃO PURA DO EXEMPLO DO ATLETA LEVANTADOR DE PESOS FONTE: Beer et al. (2013, p. 446) FONTE: Beer et al. (2013, p. 446) “Se as forças internas em qualquer seção são equivalentes a um momento, o momento interno resistente é igual ao momento externo, que é chamado de momento fletor” (BEER; JOHNSTON, 1995, p. 4-5). 2 FLEXÃO PURA DE BARRA SIMÉTRICA Considerando uma barra prismática que tenha um plano de simetria e que esteja submetida a momentos fletores iguais e opostos (Figura 4), cuja seção seja cortada em um ponto intermediário C (Figura 5), as condições de equilíbrio de uma das partes exigem que os esforços internos (Figura 6) sejam equivalentes ao momento Fletor M (BEER et al., 2013). FIGURA 4 – BARRA COM PLANO DE SIMETRIA FONTE: Beer et al. (2013, p. 448) TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 5 FIGURA 5 – CONJUGADO M EQUIVALENTE AOS ESFORÇOS INTERNOS FIGURA 6 – SISTEMAS DE FORÇAS INTERNAS ELEMENTARES FONTE: Beer et al. (2013, p. 448) FONTE: Beer et al. (2013, p. 449) Beer et al. (2013) destacam que: • na estática, um momento fletor M é composto de duas forças iguais e opostas, logo a soma das componentes das forças em qualquer direção é zero; • o momento fletor é o mesmo em relação à qualquer eixo perpendicular a seu plano e é zero em relação a qualquer eixo contido naquele plano; Logo, expressamos que o sistema das forças elementares atuantes internas é equivalente ao momento Fletor M, conforme segue: 0 0 x x y x z x F dA M z dA M y dA M σ σ σ = = = = = − = ∫ ∫ ∫ A distribuição real de tensões em uma seção transversal não pode ser determinada somente pela estática. Logo, a distribuição real de tensões é estaticamente indeterminada e pode ser obtida apenas pela análise de deformações (BEER et al., 2013). UNIDADE 1 | FLEXÃO 6 3 DEFORMAÇÕES NA FLEXÃO PURA Considerando um elemento prismático com um plano de simetria, por exemplo, uma viga, submetida à flexão pura, as deformações ocorrem de tal forma que a viga permanece simétrica, fletindo uniformemente, formando um arco circular, cujo comprimento das fibras do topo diminuem e os da base aumentam (Figura 7). No entanto, há uma superfície neutra, encontrada paralela às faces superior e inferior da barra, em que não há variação no comprimento das fibras. Além disso, na superfície neutra as tensões e deformações são nulas, acima dela as tensões e deformações são negativas (compressão) e abaixo são positivas (tração) (BEER; JOHNSTON, 1995). FIGURA 7 – SEÇÃO VERTICAL, LONGITUDIVAL (PLANO DE SIMETRIA) FIGURA 8 – SEÇÃO HORIZONTAL, LONGITUDINAL FONTE: Beer et al. (2013, p. 451) FONTE: Beer et al. (2013, p. 451) TÓPICO1 | FLEXÃO PURA 7 Beer et al. (2013) salientam ainda que a linha AB ao longo da qual a face superior da barra intercepta o plano dos momentos fletores terá curvatura constante, e que qualquer seção transversal perpendicular ao eixo da barra permanece plana (Figura 8) e o plano da seção passa pelo centro C. Além, disso, quando M for maior que zero a linha AB diminui o comprimento enquanto A’B’ aumenta o comprimento. Dessa forma, se considerarmos uma viga de comprimento L, após a deformação, o comprimento da superfície neutra (S.N.) permanece igual L, logo tomando “ρ” como o raio de curvatura e “θ” como o ângulo central, teremos (BEER; JOHNSTON, 1995): L = ρθ. FIGURA 10 – SEÇÃO TRANSVERSAL FIGURA 9 – SEÇÃO VERTICAL, LONGITUDINAL FONTE: Beer et al. (2013, p. 451) FONTE: Beer et al. (2013, p. 451) Para uma outra superfície, distante de y da superfície neutra, de acordo com Beer e Johnston (1995, p. 228) teremos para a deformação longitudinal específica εx: UNIDADE 1 | FLEXÃO 8 ' ( ) ' ( ) (deformação varia linearmente)x L y L L y y y y L ρ θ δ ρ θ ρθ θ θδε ρθ ρ = − = − = − − = − = = − = − A deformação máxima ocorre na superfície da viga: ou m m x m c c y c ε ρ ρ ε ε ε = = = 4 TENSÕES E DEFORMAÇÕES O momento positivo tende a curvar a viga com a concavidade para cima (Figura 11), de forma análoga consideramos o momento negativo quando tende a curvar a viga com a concavidade para baixo (Figura 12). Na transição, sem curvatura, o momento é nulo (HIBBELER, 2009). FIGURA 11 – CONVENÇÃO DE SINAL MOMENTO INTERNO POSITIVO FIGURA 12 – CONVENÇÃO DE SINAL MOMENTO INTERNO NEGATIVO FONTE: Hibbeler (2019, p. 450) FONTE: Hibbeler (2019, p. 450) A deformação na viga, devido à carga, é provocada pela força cortante interna, bem como pelo momento fletor. Se o material for homogêneo e comportar- se de uma maneira linear elástica, a Lei de Hooke é aplicável (HIBBELER, 2009). TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 9 Dessa forma, de acordo com Beer et al. (2012, p. 229) teremos para a tensão na direção longitudinal x: (tensão varia linearmente) x x m m yE E c y c σ ε ε σ = = − = − Em que E é o módulo de elasticidade, σm é a tensão máxima absoluta, pois a tensão normal varia linearmente com a distância da superfície neutra (Figura 13). FIGURA 13 – VARIAÇÃO DA TENSÃO NORMAL EM RELAÇÃO À SUPERFÍCIE NEUTRA FONTE: Beer et al. (2013, p. 453) Para o equilíbrio estático, o momento estático da seção transversal em relação à linha neutra deve ser zero, portanto, a superfície neutra deve passar pelo centro geométrico ou centroide da seção (BEER et al., 2013) (BEER; JOHNSTON, 1995). 2 0 0 ( ) ( ) Substituindo x m m x m m m m x m x yFx dA dA c y dA c yM y dA y dA c I M y dA c c Mc M I S y c My I σ σ σ σ σ σ σ σ σ σ σ = = = − = − = − = − − = = = = = − = − ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ UNIDADE 1 | FLEXÃO 10 Em que: σx = tensão normal. M = momento interno. I = momento de inércia. y = distância perpendicular do eixo neutro. Acadêmico, o cálculo do momento de inércia está detalhado na Leitura Complementar ao fi nal do Tópico 3 desta Unidade! ATENCAO “Observe que pela regra da mão direita, M é positivo ao longo do eixo z, y é positivo para cima e, portanto, σ deve ser negativo (compressão), uma vez que atua na direção negativa de x (Figura 14)” (HIBBELER, 2009, p. 226). DICAS FONTE: Hibbeler (2009, p. 225) Variação da tensão de fl exão FIGURA 14 – VARIAÇÃO DA TENSÃO DE FLEXÃO PROPRIEDADES DA SEÇÃO DA VIGA: A tensão normal máxima ocorre devido à fl exão nos pontos mais distantes do eixo neutro (HIBBELER, 2009): TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 11 momento da inércia módulo de resistência m Mc M I W I IW c σ = = = = = Em que “c” é a distância perpendicular do eixo neutro ao ponto mais afastado desse eixo no qual a tensão máxima atua. Quanto maior o módulo de resistência, menor é a tensão normal solicitante (BEER et al., 2013). Considerando uma viga de seção retangular (BEER et al., 2013) (BEER; JOHNSTON, 1995): 3 3 1 1 112 / 2 6 6 bhIW bh Ah c h = = = = FIGURA 15 – SEÇÃO DE VIGA DE MADEIRA FONTE: BEER et al. (2013, p. 454) Acadêmico, para analisar outras seções você pode consultar a tabela de Momentos e Inércia e Módulos de Resistência na Leitura Complementar. ATENCAO UNIDADE 1 | FLEXÃO 12 Considerando “duas vigas com mesma área A de seção transversal (Figura 15), a que tiver altura h maior terá um módulo de resistência maior e, portanto, terá maior capacidade para resistir à fl exão” (BEER et al., 2013, p. 454). FIGURA 16 – PERFIS METÁLICOS FIGURA 17 – PERFIS DE VIGA DE AÇO FONTE: BEER et al. (2012, p. 231) FONTE: BEER et al. (2013, p. 455) Beer e Johnston (1995) salientam que as vigas I e os perfi s de abas largas (Figura 17) são preferidas para trabalhar a fl exão, pois grande parte da seção transversal está longe da linha neutra (L.N.), e possuem maiores valores de Iz, e consequentemente de W. Os valores das propriedades geométricas da seção transversal são obtidos em tabelas como a da Figura 18, sendo assim, possível determinar o valor da tensão normal na direção x. Os autores destacam ainda que uma relação h/b muito alta pode resultar em instabilidade lateral das vigas. TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 13 FIGURA 18 – PROPRIEDADES DE PERFIS DE AÇO LAMINADO FONTE: Beer et al. (2013, p. 682) A deformação devido ao momento Fletor M é quantificada pela curvatura da superfície neutra (HIBBELER, 2009) (BEER et al., 2013, p. 455): 1 1m m Mc c Ec Ec I M EI ε σ ρ = = = = 1 M EIρ = Em que: ρ = raio de curvatura em um ponto específico. M = momento fletor interno na viga no ponto ρ. E = módulo de elasticidade do material. I = momento de inércia calculado em torno do eixo neutro. EI = rigidez à flexão. A seção transversal de uma viga em flexão pura permanece plana, não excluindo a possibilidade de deformações dentro do plano da seção (BEER et al., 2013). y x z x y yν ν ε νε ε νε ρ ρ = − = = − = UNIDADE 1 | FLEXÃO 14 Expansão acima da superfície neutra e contração abaixo dela causa uma curvatura no plano (BEER et al., 2013). 1 curvatura de superfície neutra ' ν ρ ρ = = 1 (BEER et al., 2013, p. 458) Uma peça de máquina feita de ferro fundido está submetida a um momento fletor de 3 kN m conforme mostra a figura. Sabendo que E = GPa e desprezando o efeito dos adoçamentos, determine: (a) as tensões de tração e compressão máximas na peça fundida e (b) o raio de curvatura dessa peça. AUTOATIVIDADE 5 FLEXÃO DE BARRAS CONSTITUÍDAS POR VÁRIOS MATERIAIS Vigas construídas de dois ou mais materiais diferentes são denominadas vigas compostas. Como a fórmula da flexão não pode ser aplicada diretamente para determinar a tensão normal em uma viga composta (Figura 19), pois foi desenvolvida para materiais homogêneos, é necessário aplicar o método da seção transformada. O fator de transformação será a razão entre os módulos dos diferentes materiais que compõem a viga (HIBBELER, 2009). TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 15 FIGURA 19 – VIGA COMPOSTA DE DOIS MATERIAIS FONTE: Hibbeler (2013, p. 247) Considere, por exemplo, uma barra formada por duas partes de materiais diferentes E1 e E2. Beer et al. (2013, p. 463-464) apresentam a seguinte metodologia: A deformação normal varia linearmente, logo: x νε ρ = − Calcula-se a variação de tensão normal linear segmentadas: 1 2 1 1 2 2 x x E y E y E Eσ ε σ ε ρ ρ = = − = = − FIGURA 20 – DISTRIBUIÇÃO DA DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA E TENSÃO EM BARRA CONSTITUÍDA DE DOIS MATERIAIS L.N. FONTE: Beer et al. (2013, p. 463) A linha neutra não passa pelo centroide da seção composta. UNIDADE 1 | FLEXÃO 16 Forças elementares sobre a seção são: 1 2 1 1 2 2= = E y E y dF dA dA dF dA dAσ σ ρ ρ = − = − Definir uma seção transformada tal que: 1 1 2 2 1 ( ) ( ) nE y E y E dF dA ndA n Eρ ρ = − = − = A tensão em qualquer ponto da seção da barra homogênea será obtida a partir de:1 2 x x x My I n σ σ σ σ σ = − = = L.A. FIGURA 21 – SEÇÃO TRANSFORMADA PARA A BARRA DE SEÇÃO COMPOSTA FONTE: Beer et al. (2013, p. 465) TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 17 FIGURA 22 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NA SEÇÃO TRANSFORMADA FONTE: Beer et al. (2013, p. 465) 5.1 VIGAS DE CONCRETO ARMADO Vigas de concreto submetidas a momentos fl etores são reforçadas por barras de aço, pois embora o concreto seja um material que resiste muito bem às forças de compressão, é um material de ruptura frágil, sendo, portanto, pouco resistente à fl exão. Logo, a parte superior da viga de concreto suportará o esforço de compressão e as barras de aço suportarão toda a força de tração abaixo da superfície neutra. “Para melhores resultados, as barras de aço são posicionadas o mais longe possível do eixo neutro da viga, de modo que o momento criado pelas forças nelas desenvolvidas seja maior em torno do eixo neutro (HIBBELER, 2009, p. 252)”. FIGURA 23 – ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE CONCRETO ARMADO FONTE: Beer et al. (2012, p. 245) UNIDADE 1 | FLEXÃO 18 Em uma viga de concreto armado (Figura 24a), substituímos a área total da seção transversal das barras de aço (Aaço) por uma área equivalente (nAaço, em que n é a relação Eaço/Econc), conforme mostra a Figura 24b (BEER et al., 2013) e obtemos a seção transformada. Para o concreto, que atua efetivamente somente a compressão, somente a parte da seção transversal localizada acima da linha neutra deverá ser usada na seção transformada no cálculo da distribuição de tensões (Figura 24c). (HIBBELER, 2009). FIGURA 24 – VIGA DE CONCRETO ARMADO (a), ÁREA EQUIVALENTE (b) e DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES DE COMPRESSÃO NO CONCRETO E A RESULTANTE FAÇO DAS FORÇAS DE TRAÇÃO NAS BARRAS DE AÇO (c) FONTE: Beer et al. (2013, p. 467). Para determinar a localização da linha neutra (BEER et al., 2013): 2 ( ) ( ) 0 2 1 0 2 s s s xbx n A d x bx nA x nA d − − = + − = A tensão normal no concreto e no aço (BEER et al., 2013): x c x s x My I n σ σ σ σ σ = − = = TÓPICO 1 | FLEXÃO PURA 19 1 (BEER et al., 2013, p. 469): Uma laje de piso de concreto é reforçada por barras de aço de 16mm de diâmetro colocadas 38mm acima da face interior da laje, com 150mm de espaço entre seus centros. O módulo de elasticidade é de 25GPa para o concreto usado e de 205GPa para o aço. Sabendo que é aplicado um momento fl etor de 4,5kNM a cada 300mm de largura da laje, determine: (a) a tensão máxima no concreto e (b) a tensão no aço. AUTOATIVIDADE 20 Neste tópico, você aprendeu que: • A flexão pura ocorre quando elementos prismáticos submetidos a momentos Fletores M e M’ iguais e opostos atuam num mesmo plano longitudinal. • A flexão pura de barra simétrica ocorre quando as condições de equilíbrio de uma das partes exigem que os esforços internos sejam equivalentes ao momento fletor da seção de corte em um ponto intermediário de uma barra prismática que tenha um plano de simetria e que esteja submetida a momentos fletores iguais e opostos. • A distribuição real de tensões em uma seção transversal não pode ser determinada somente pela estática. Logo, a distribuição real de tensões é estaticamente indeterminada e pode ser obtida apenas pela análise de deformações. • As deformações em uma viga com um plano de simetria submetida à flexão pura ocorrem de tal forma que a viga permanece simétrica, fletindo uniformemente formando um arco circular, cujo comprimento das fibras do topo diminuem e os da base aumentam. • Na viga com deformações na flexão pura há uma superfície neutra, encontrada paralela às faces superior e inferior da barra, em que não há variação no comprimento das fibras. • Na superfície neutra as tensões e deformações são nulas, acima dela as tensões e deformações são negativas (compressão) e abaixo são positivas (tração). • O momento positivo tende a curvar a viga com a concavidade para cima, de forma análoga consideremos o momento negativo quando tende a curvar a viga com a concavidade para baixo. Na transição, sem curvatura, o momento é nulo. • A deformação na viga, devido à carga, é provocada pela força cortante interna, bem como pelo momento fletor. Se o material for homogêneo e comportar-se de uma maneira linear elástica, a Lei de Hooke é aplicável. • Para o equilíbrio estático, o momento estático da seção transversal em relação à linha neutra deve ser zero, portanto, a superfície neutra deve passar pelo centro geométrico ou centroide da seção. RESUMO DO TÓPICO 1 21 • A viga que tiver altura h maior terá um módulo de resistência maior e, portanto, terá maior capacidade para resistir à flexão. • Vigas I e os perfis de abas largas são preferidas para trabalhar a flexão, pois grande parte da seção transversal está longe da linha neutra. • É necessário calcular o fator de transformação para vigas compostas. 22 1 (HIBBELER, 2009, p. 228) A viga simplesmente apoiada tem a área de seção transversal mostrada na fi gura a seguir. Determine a tensão de fl exão máxima absoluta na viga e represente a distribuição de tensão na seção transversal nessa localização. AUTOATIVIDADE 2 (HIBBELER, 2009, p. 230) A viga mostrada na fi gura tem área de seção transversal em forma de um canal. Determine a tensão de fl exão máxima que ocorre na viga na seção a–a. 3 (HIBBELER, 2009, p. 249) Uma viga composta é feita de madeira e reforçada com uma tira de aço localizada em sua parte inferior. Ela tem a área de seção transversal mostrada na fi gura abaixo. Se for submetida a um momento fl etor M = 2 kNm, determine a tensão normal nos pontos B e C. Considere Emad = 12 GPa e Eaço = 200 GPa. 23 TÓPICO 2 CARGA EXCÊNTRICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No Tópico 1 foi abordada a distribuição de tensões em vigas com carregamento axial, cuja linha de ação de cargas passa pelo centroide das seções. Neste Tópico 2 será abordada a análise da distribuição de tensões quando a linha de ação das forças não passa pelo centroide da seção transversal, ou seja, quando o carregamento é excêntrico. Serão abordados também os casos de seções assimétricas, em situações em que as seções de vigas não possuem eixos de simetria, ou ainda em que os momentos fl etores não atuam em um plano de simetria das barras ou atuam em um plano diferente. 2 CARREGAMENTO AXIAL EXCÊNTRICO EM UM PLANO DE SIMETRIA Quando a linha de ação das forças não passa pelo centroide (C) da seção transversal, temos o carregamento excêntrico (Figura 25). FIGURA 25 – REPRESENTAÇÃO DE CARREGAMENTO EXCÊNTRICO FIGURA 26 – ESFORÇOS INTERNOS DA SEÇÃO C FONTE: Beer et al. (2012, p. 270) FONTE: Beer et al. (2012, p. 270) UNIDADE 1 | FLEXÃO 24 O cálculo das tensões causadas pelo carregamento excêntrico original é realizado pela superposição da distribuição uniforme de tensão correspondente às forças centradas e da distribuição linear correspondente aos momentos fletores (BEER et al., 2013). Dessa forma, teremos: + ( ) x x x x centrada flexão MyP A I σ σ σ σ = = + − Em que: P é a força centrada. A é a área da seção transversal. I momento de inércia da seção em relação ao eixo que passa pelo centroide. y é a distância do eixo. Dependendo da geometria da seção transversal e da excentricidade da força, as tensões combinadas podem ter todas o mesmo sinal ou algumas podem ser positivas e outras negativas, conforme ilustrado na Figura 27. Nesse caso haverá uma linha na seção ao qual σx=o, que na figura está representada como L.A., que é a linha neutra da seção. Essa linha neutra não necessariamente coincide com o eixo que passa pelo centroide da seção (BEER et al., 2013). L.A. FIGURA 27 – DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES COMBINADAS FONTE: Beer et al. (2013, p. 474) A validade da equação de acordo com Beer et al. (2013, p. 474) exige que: • as tensões envolvidas não devem ultrapassar o limite de proporcionalidade do material; • as deformações provocadas pela flexão não devem afetar de forma considerável a distância e • a seção transversalonde as tensões são calculadas não deve estar muito perto dos pontos. TÓPICO 2 | CARGA EXCÊNTRICA 25 1 (BEER et al., 2013, p. 474 e 475): Uma corrente de elos abertos é obtida quando se dobram barras de aço de baixo teor de carbono, de 12mm de diâmetro, na forma mostrada. Sabendo que a corrente suporta uma força de 750 N, determine: (a) as tensões máximas de tração e compressão na parte reta de um elo e (b) a distância entre o eixo que passa pelo centroide e a linha neutra de uma seção transversal. AUTOATIVIDADE 3 FLEXÃO ASSIMÉTRICA A análise de fl exão pura esteve limitada até agora a barras que têm pelo menos um plano de simetria e que foram submetidas a momentos fl etores que atuam nesse plano. Os membros permanecem simétricos e fl exionados no plano de simetria. A linha neutra da seção transversal coincide com a direção do vetor momento (BEER et al., 2013). Consideremos agora situações em que os momentos fl etores não atuam em um plano de simetria. Em situações em que as seções de vigas não possuem eixos de simetria, ou ainda em que os momentos fl etores não atuam em um plano de simetria das barras ou atuam em um plano diferente, como na Figura 28. Não podemos considerar que a barra será fl exionada no plano dos momentos. Em geral, a linha neutra da seção transversal não vai coincidir com a direção do vetor momento (BEER et al., 2013). UNIDADE 1 | FLEXÃO 26 FIGURA 28 – ATUAÇÃO DE MOMENTO FLETOR FORA DO PLANO DE SIMETRIA E SUA DECOMPOSIÇÃO FONTE: Hibbeler (2009, p. 239-240) FIGURA 29 – SEÇÃO DE UMA BARRA COM DOIS PLANOS DE SIMETRIA, UM VERTICAL E UM HORIZONTAL FIGURA 30 – SEÇÃO DE UMA BARRA COM UM PLANO DE SIMETRIA VERTICAL FIGURA 31 – SEÇÃO EM QUE OS MOMENTOS FLETORES NÃO ATUAM EM UM PLANO DE SIMETRIA FONTE: Beer et al. (2013, p. 482) FONTE: Beer et al. (2013, p. 482) FONTE: Beer et al. (2013, p. 482) TÓPICO 2 | CARGA EXCÊNTRICA 27 “Para essas situações devemos determinar as condições sob as quais a linha neutra de uma seção transversal de forma arbitrária coincide com a direção do momento representando os esforços que atuam na seção” (BEER et al., 2013, p. 482). “Aplicando a fórmula da flexão a cada momento componente, podemos expressar a tensão normal resultante em qualquer ponto na seção transversal” (HIBBELER, 2009, p. 239). “A proposta é determinar as condições sob as quais a linha neutra de uma seção transversal de forma arbitrária coincide com a direção do momento” (BEER et al., 2013, p. 482), como mostra a Figura 32. FIGURA 32 – LINHA NEUTRA DE UMA SEÇÃO TRANSVERSAL ARBITRÁRIA COINCIDE COM A DIREÇÃO DO MOMENTO FONTE: Beer et al. (2013, p. 482) A força resultante e momento da distribuição de forças elementares na seção devem satisfazer as equações de equilíbrio (BEER et al., 2013): 0 0 ou 0 x y z x x m F M M M momento fletor aplicado yF dA dA c y dA σ σ = = = = = = = − = ∫ ∫ ∫ Considerando que o eixo neutro passa pelo centroide: ou z m m z yM M y dA c I M I I momento de inércia c σ σ = = − − = = = ∫ UNIDADE 1 | FLEXÃO 28 Definindo a distribuição de tensão (BEER et al., 2013, p. 483): 0 ou 0 y x m yz yM z dA z dA c yzdA I produto da inércia σ σ = = − = = = ∫ ∫ ∫ O vetor momento deve ser direcionado ao longo de um dos eixos principais de inércia. O método da superposição pode ser usado para determinar as tensões, geralmente, no caso de flexão assimétrica (Figura 33). Solucionar os componentes do vetor momento ao longo de um dos eixos principais de inércia (BEER et al., 2013, p. 484). cos senz yM M M Mθ θ= = FIGURA 33 – MOMENTO EM QUE É FORMADO UM ÂNGULO COM O PLANO DE SIMETRIA VERTICAL DA SEÇÃO DA BARRA FIGURA 34 – MOMENTO Mz NO PLANO DE SIMETRIA VERTICAL DA SEÇÃO DA BARRA FIGURA 35 – MOMENTO My EM UM PLANO HORIZONTAL ASSIMÉTRICO DA BARRA FONTE: Beer et al. (2013, p. 484) FONTE: Beer et al. (2013, p. 484) FONTE: Beer et al. (2013, p. 484) TÓPICO 2 | CARGA EXCÊNTRICA 29 Superpõem a distribuição de tensões de componente (BEER et al., 2013, p. 484) (HIBBELER, 2009): yz z y M zM y I I σ = − + Em que: σ = tensão normal no ponto. y, z = coordenadas do ponto medidas em relação a x, y, z. My, Mz = componentes do momento interno resultante direcionados ao longo dos eixos y e z (Figuras 34 e 36). Iy, Iz = momentos principais de inércia calculados em torno dos eixos y e z. Ao longo da linha neutra (BEER et al., 2013, p. 485): ( cos ) ( sen )0 tan tan yz x z y z y z y M yM y M y M y I I I I Iy z I θ θ σ φ θ = = − + = − + = = 4 CASO GERAL DE CARREGAMENTO AXIAL EXCÊNTRICO Considere um elemento reto submetido a forças axiais excêntricas iguais e opostas P e P’ (Figura 36). A força excêntrica é equivalente ao sistema composto de uma força centrada e dois momentos (Figura 37) (BEER et al., 2013). FIGURA 36 – ELEMENTO RETO SUBMETIDO A FORÇAS EXCÊNTRICAS IGUAIS E OPOSTAS FONTE: Beer et al. (2013, p. 487) UNIDADE 1 | FLEXÃO 30 FIGURA 37 – SISTEMA EQUIVALENTE DE FORÇAS FONTE: Beer et al. (2013, p. 487) Tomando as distâncias a e b como os afastamentos do eixo de aplicação da força excêntrica P até o eixo principal de inércia da seção transversal, temos (BEER et al., 2013): força centrada y z P M Pa M Pb = = = Pelo princípio da superposição, a distribuição de tensões é combinada conforme a equação a seguir (BEER et al., 2013): yz x z y M yM yP A I I σ = − + Se a linha neutra se encontra na seção, ela pode ser encontrada a partir de (BEER et al., 2013): yz z y MM Py z I I A − = 31 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O cálculo das tensões causadas pelo carregamento excêntrico original é realizado pela superposição da distribuição uniforme de tensão correspondente às forças centradas e da distribuição linear correspondente aos momentos fletores. • Dependendo da geometria da seção transversal e da excentricidade da força, as tensões combinadas podem ter todas o mesmo sinal ou algumas podem ser positivas e outras negativas. • Quando σx=o representa a linha neutra da seção. Essa linha neutra não necessariamente coincide com o eixo que passa pelo centroide da seção. • Em situações em que as seções de vigas não possuem eixos de simetria, ou ainda em que os momentos fletores não atuam em um plano de simetria das barras ou atuam em um plano diferente, não podemos considerar que a barra será flexionada no plano dos momentos. • Em geral, a linha neutra da seção transversal não vai coincidir com a direção do vetor momento. • Aplicando a fórmula da flexão a cada momento componente, podemos expressar a tensão normal resultante em qualquer ponto na seção transversal. • A proposta é determinar as condições sob as quais a linha neutra de uma seção transversal de forma arbitrária coincide com a direção do momento. 32 1 (BEER et al., 2013, p. 476) As maiores tensões admissíveis para a peça a seguir são 30 MPa na tração e 120 MPa na compressão, determine a maior força P que pode ser aplicada à peça. Dados: AUTOATIVIDADE 3 2 9 4 3 10 m 38 m 0,038 m 868 10 m A Y I − − = × = = = × 2 (BEER et al., 2013, p. 486) Um momento de 180 Nm é aplicado a uma viga de madeira, de seção transversal retangular de 38 × 90 mm, em um plano formando um ângulo de 30º com a vertical. Determine: (a) a tensão máxima na viga e (b) o ângulo que a superfície neutra forma com o plano horizontal. 33 3 (HIBBELER, 2009, p. 242 a 244) Uma viga em T está sujeita a um momento fletor de 15 kNm. Determine a tensão normal máxima na viga e a orientação do eixo neutro. 34 35 TÓPICO 3 ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O objetivo desse tópico é a análise de projeto de vigas, que são elementos estruturais que suportam forças em vários pontos ao longo do elemento (BEER et al., 2013) ou ainda elementos longos e retos que suportam cargas perpendiculares aseu eixo longitudinal (HIBBELER, 2009). Vigas são classificadas de acordo com o modo como são apoiadas, conforme ilustra a figura a seguir: FIGURA 38 – CLASSIFICAÇÃO DE VIGAS DE ACORDO COM O SISTEMA DE APOIOS FONTE: Hibeller (2009, p. 199) Classificação das vigas de acordo com seus apoios: 36 UNIDADE 1 | FLEXÃO FIGURA 39 – CLASSIFICAÇÃO DE VIGAS DE ACORDO COM O SISTEMA DE APOIOS E VARIAÇÕES FONTE: Beer et al. (2013, p. 504) Algumas considerações sobre as vigas abordadas por Beer et al. (2013): • Carregamentos transversais de vigas são classificados como forças concentradas ou como forças distribuídas. • Forças aplicadas resultam em forças internas consistindo de força cortante que provoca tensões de cisalhamento e momento fletor que provoca tensões normais. • Tensões normais dependem somente do valor do momento fletor e da geometria da seção. Hibbeler (2009) acrescenta ainda que o momento resultante na seção transversal é igual ao momento produzido pela distribuição linear da tensão normal em torno do eixo neutro. x m M c MMy I I S σ σ= − = = Em que: σ = tensão normal no membro. M = momento interno. I = momento de inércia. y = distância perpendicular do eixo neutro. Pela regra da mão direita, o sinal negativo é compressivo já que age na direção negativa de x (HIBBELER, 2009). Requer a determinação da localização da distância entre a linha neutra e ponto onde se deseja a tensão (BEER et al., 2013). TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 37 2 DIAGRAMAS DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR As funções de cisalhamento e momento podem ser representadas em gráficos denominados diagramas de força cortante e momento fletor, em que as direções positivas indicam que a carga distribuída age para baixo na viga e a força cortante interna provoca uma rotação em sentido horário, conforme ilustra a Figura 41 (HIBBELER, 2009). Existe convenção para as forças de cisalhamento V e V’ e o par de momento M e M’ (BEER et al., 2013), conforme ilustram as figuras a seguir: FIGURA 40 – CARGA DISTRIBUÍDA POSITIVA FIGURA 41 – CISALHAMENTO E MOMENTO INTERNO POSITIVO FONTE: Hibbeler (2009, p. 200) FONTE: Hibbeler (2009, p. 200) A determinação dos valores máximos absolutos da força cortante e do momento fletor exigem a identificação da força e do momento fletor na seção solicitada. Para a determinação da força cisalhante e do momento fletor em um determinado ponto, passa-se um corte na seção de aplicação e faz-se uma análise de equilíbrio nas partes de cada lado do corte (BEER et al., 2013). A Figura 42 ilustra uma viga A-B com uma determinada Seção C onde passou-se um corte para que se pudesse fazer a determinação da força cisalhante e do momento fletor de cada lado do corte, conforme ilustrado nas Figuras 43 e 44. 38 UNIDADE 1 | FLEXÃO FIGURA 42 – INDICAÇÃO DA SEÇÃO DE CORTE C DA VIGA FIGURA 43 – LADO ESQUERDO DA SEÇÃO DE CORTE C DA VIGA FIGURA 44 – LADO DIREITO DA SEÇÃO DE CORTE C DA VIGA FIGURA 45 – FORÇA CORTANTE V E MOMENTO FLETOR M NA SEÇÃO DE CORTE DA VIGA FONTE: Beer et al. (2013, p. 507) FONTE: Beer et al. (2013, p. 507) FONTE: Beer et al. (2013, p. 507) FONTE: Beer et al. (2013, p. 507) “Os esforços internos correspondentes de cada lado da seção seccionada são iguais e contrários, pois correspondem uma ação e a reação correspondente” (MARTHA, 2004, p. 20), conforme ilustrado na imagem a seguir. TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 39 Esforços internos em vigas com cargas transversais (MARTHA, 2004, p. 20-21): • Esforço Cortante (V): é a resultante de forças de uma porção isolada sobre a outra porção na direção transversal ao eixo da barra na seção transversal de corte. • Momento Fletor (M): é a resultante momento de todas as forças e momentos de uma porção isolada sobre a outra porção na direção transversal ao eixo da barra na seção transversal de corte. Convenções de sinais (MARTHA, 2004, p. 21): • Esforços cortantes: esforços cortantes são positivos quando, entrando com as forças à esquerda de uma seção transversal, a resultante das forças na direção transversal for no sentido para cima. De forma consistente (ação e reação), esforços cortantes são positivos quando, entrando com as forças à direita de uma seção transversal, a resultante das forças na direção transversal for no sentido para baixo. • Momentos fletores: momentos fletores são positivos quando, entrando com as forças e momentos à esquerda de uma seção transversal, a resultante momento na seção for no sentido horário. De forma consistente (ação e reação), momentos fletores são positivos quando, entrando com as forças e momentos à direita de uma seção transversal, a resultante momento na seção for no sentido anti-horário. Metodologia para montagem dos diagramas de esforço cortante e momento fletor: 1º) Montar o diagrama de corpo livre da viga. 2º) Cálculo das reações de apoio (A e B, por exemplo) aplicando as equações de equilíbrio: ΣFx = 0 ; ΣFy = 0; ΣMz = 0 Resultado: VA e VB 3º) Determinar o esforço cortante e momento fletor em uma transversal S, pelo equilíbrio de cada porção isolada da viga quando é dado um corte em S, considerando as reações de apoio calculadas previamente: ΣFx = 0 ; ΣFy = 0; ΣMz = 0 Resultado: Vs e Ms “[...] tanto faz entrar pela esquerda ou pela direita de uma seção transversal para se determinar os esforços internos. Em geral procura-se determinar os valores dos esforços internos pelo lado que for mais simples” (MARTHA, 2004, p. 22). 40 UNIDADE 1 | FLEXÃO 4º) Montar os diagramas: Diagrama de esforços cortantes – o diagrama de esforços cortantes é a representação gráfi ca da variação dos esforços cortantes calculados nas etapas anteriores ao longo das seções transversais da estrutura. Na montagem do diagrama convencionam-se valores positivos de esforços cortantes representados nas fi bras superiores da barra (acima do eixo) e negativos nas fi bras inferiores (abaixo do eixo) (MARTHA, 2004). Diagrama de momentos fl etores – o diagrama de esforços cortantes é a representação gráfi ca da variação dos momentos fl etores calculados nas etapas anteriores ao longo das seções transversais da estrutura. Na montagem do diagrama convencionam-se valores positivos de momentos fl etores são representados nas fi bras inferiores da barra (abaixo do eixo) e negativos nas fi bras superiores (acima do eixo) (MARTHA, 2004). 2.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO Exemplo 1 (HIBBELER, 2009, p. 201-202): Represente grafi camente os diagramas de força cortante e momento fl etor para a viga dada. Um diagrama de corpo livre do segmento esquerdo é mostrado a seguir: A aplicação das equações de equilíbrio produz 0; (1) 2 0; (2) 2 y PF V PM M x + ↑ = = + ↑ = = ∑ ∑ Segmento esquerdo da viga se estende até a distância x na região BC. TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 41 ( ) 0; 0 (3) 2 2 0; (4) 2 2 2 y P PF P V V L P PM M P x x M L x ↑ = − − = ⇒ = − = + − − ⇒ = − ∑ ∑ O diagrama tensão representa as equações 1 e 3 e o diagrama de momento representa as equações 2 e 4: 42 UNIDADE 1 | FLEXÃO 1 (HIBBELER, 2009, p. 204) Represente grafi camente os diagramas de força cortante e momento fl etor para a viga mostrada na fi gura. AUTOATIVIDADE 3 RELAÇÕES ENTRE FORÇA, FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR Quando uma viga suporta vários tipos de carregamentos, como mais de duas forças concentradas, ou quando suporta cargas distribuídas, especialmente as variáveis ao longo do comprimento, fi ca mais fácil montar os diagramas de força cortante e momento fl etor se considerarmos as relações existentes entre força, força cortante e momento fl etor (BEER et al., 2013). 3.1 RELAÇÕES ENTRE FORÇA E FORÇA CORTANTE Considere a viga com carga distribuída variável conforme a fi gura a seguir: FIGURA 46 – VIGA SIMPLESMENTE APOIADA SUBMETIDA À FORÇA DISTRIBUÍDA POR UNIDADE DE COMPRIMENTO FONTE: Beer etal. (2013, p. 516) TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 43 FIGURA 47 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE FONTE: Beer et al. (2013, p. 516) Escrevendo que a soma dos componentes verticais das forças que atuam sobre o corpo livre na seção CC” é zero, temos (BEER et al., 2013): 0: ( ) 0 yF V V V w x V w x + ↑ Σ = − + ∆ − ∆ = ∆ = − ∆ Dividindo ambos os membros da equação por dx e deixando dx aproximar-se de zero (BEER et al., 2013) temos que a inclinação do diagrama de força cortante em cada ponto é igual a (–) a intensidade da carga distribuída em cada ponto (Hibbeler, 2009): ( )dV w x dx = − Considerando que a inclinação dV/dx da curva de cisalhamento é negativa e o valor numérico da inclinação em qualquer ponto é igual à área sob a curva, para o trecho entre C e D (Figura 48), temos (BEER et al., 2013) que a mudança na força cortante é igual a (–) a área sob a carga distribuída (HIBBELER, 2009): ( )V w x dx∆ = −∫ 44 UNIDADE 1 | FLEXÃO FIGURA 48 – CARGA DISTRIBUÍDA E DIAGRAMA DE ESFORÇOS CORTANTES FONTE: Hibbeler (2009, p. 208) Logo: VD – VC = - (área sob a curva da força distribuída entre C e D) Acadêmicos, as equações anteriores não são válidas para cargas concentradas, que devem ser calculadas conforme visto anteriormente no Subtópico 2 deste tópico! IMPORTANT E 3.2 RELAÇÕES ENTRE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR Voltando ao diagrama de corpo livre da Figura 47, e escrevendo agora que a soma dos momentos sobre C” é zero, temos (BEER et al., 2013): ' 2 0: ( ) 0 2 1 ( ) 2 C xM M M M V x M V x w x ∆ + Σ = + ∆ − − ∆ = ∆ = ∆ − ∆ TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 45 Da mesma forma que anteriormente, dividindo ambos os membros da equação por dx e deixando dx aproximar-se de zero (BEER et al., 2013) temos que inclinação do diagrama de momento em cada ponto é igual ao cisalhamento (força cortante) em cada ponto (HIBBELER, 2009): dM V dx = A equação acima indica que a inclinação dM/dx da curva do momento de fl exão é igual ao valor da força cortante, em qualquer ponto em que a força cortante tenha um valor bem defi nido, ou seja, em qualquer ponto em que não seja aplicada nenhuma força concentrada. A equação também mostra que V = 0 em pontos em que M é máximo. Essa propriedade facilita a determinação dos pontos em que a viga provavelmente falhará durante a fl exão (BEER et al., 2013). Considerando que a mudança no momento é igual a área sob o diagrama de força cortante (HIBBELER, 2009) temos: ( )M V x dx∆ = ∫ FIGURA 49 – CARGA DISTRIBUÍDA E DIAGRAMAS DE ESFORÇOS CORTANTES E MOMENTOS FLETORES FONTE: Hibbeler (2009, p. 208) Logo: MD – MC = área sob a curva da força cortante entre C e D. 46 UNIDADE 1 | FLEXÃO Hibeller (2009, p. 209) apresenta alguns exemplos de diagramas de esforço cortante e de momento para alguns casos comuns de carregamento, conforme mostra a figura 50: FIGURA 50 – DIAGRAMAS DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR PARA ALGUNS CASOS COMUNS DE CARREGAMENTO FONTE: Hibbeler (2009, p. 209) 1 (HIBBELER, 2009, p. 210 a 211) Represente graficamente os diagramas de força cortante e momento fletor para a viga. AUTOATIVIDADE TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 47 4 PROJETO DE VIGAS PRISMÁTICAS EM FLEXÃO “Para projetar uma viga com base na resistência, exige-se que as tensões de flexão e cisalhamento verdadeiras não ultrapassem aquelas admissíveis para o material” (HIBBELER, 2009, p. 426). A maior tensão normal é encontrada na superfície em que o momento máximo de flexão ocorre (BEER et al., 2013). max max m M c M I W σ = = Beer et al. (2013) salientam que um projeto seguro requer que a tensão máxima normal seja inferior à tensão admissível do material utilizado, pois este critério leva à determinação do mínimo módulo de resistência à flexão aceitável: m admσ σ≤ Da mesma forma, Hibbeler (2009, p. 426) complementa que a determinação do módulo de resistência à flexão da viga consiste na relação entre I e c, ou seja, S = l/c, que usando a fórmula da flexão σ = Mc/l, fica: máx req adm M S σ = Em que M é determinado pelo diagrama de momento da viga, e a tensão de flexão admissível, σadm, é especificada em um código ou manual do projeto (HIBBELER, 2009). Entre as escolhas para a seção das vigas que tem um módulo de resistência aceitável, opta-se por aquela com o menor peso por unidade de comprimento, consequentemente com a menor área de seção transversal (WMIN), pois será a menos cara e, portanto, a melhor escolha. (BEER et al., 2013). Logo, podemos dizer que Sreq = Wmin. 48 UNIDADE 1 | FLEXÃO 1 (Beer et al., 2013, p. 510) Para a viga de madeira com o carregamento mostrado, trace os diagramas de força cortante e momento fletor e determine a tensão máxima provocada pelo momento fletor. AUTOATIVIDADE TÓPICO 3 | ANÁLISE E PROJETOS DE VIGAS EM FLEXÃO 49 LEITURA COMPLEMENTAR MOMENTOS DE INÉRCIA DE SUPERFÍCIES COMPOSTAS F. P. Beer E. R. Johnston Jr. J. T. Dewolf D. F. Matuzarek O momento de inércia de uma superfície composta A em relação a um dado eixo pode ser obtido pela adição dos momentos de inércia das superfícies componentes A1, A2, A3..., em relação ao mesmo eixo. 50 UNIDADE 1 | FLEXÃO FONTE: Beer et al. (2013, p. 291) FONTE: adaptado de Beer et al. (2013, p. 680 a 685) 51 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • O momento resultante na seção transversal é igual ao momento produzido pela distribuição linear da tensão normal em torno do eixo neutro. • As funções de cisalhamento e momento podem ser representadas em gráficos denominados diagramas de força cortante e momento fletor, em que as direções positivas indicam que a carga distribuída age para baixo na viga e a força cortante interna provoca uma rotação em sentido horário. • A determinação dos valores máximos absolutos da força cortante e do momento fletor exigem a identificação da força e do momento fletor na seção solicitada. Para a determinação da força cisalhante e do momento fletor em um determinado ponto, passa-se um corte na seção de aplicação e faz-se uma análise de equilíbrio nas partes de cada lado do corte. • Os esforços internos correspondentes de cada lado da seção seccionada são iguais e contrários, pois correspondem uma ação e a reação correspondente. • Quando uma viga suporta vários tipos de carregamentos, como mais de duas forças concentradas, ou quando suporta cargas distribuídas, especialmente as variáveis ao longo do comprimento, fica mais fácil montar os diagramas de força cortante e momento fletor se considerarmos as relações existentes entre força, força cortante e momento fletor. • Para projetar uma viga com base na resistência, exige-se que as tensões de flexão e cisalhamento verdadeiras não ultrapassem aquelas admissíveis para o material. 52 1 (HIBBELER, 2009, p. 206) Represente grafi camente os diagramas de força cortante e momento fl etor para a viga mostrada a seguir: AUTOATIVIDADE 2 (BEER et al., 2013, p. 520) Trace os diagramas de força cortante e momento fl etor para a viga e o carregamento mostrados. 3 (BEER et al., 2013, p. 529) A viga de aço simplesmente apoiada deve suportar as forças distribuídas e concentradas mostradas. Sabendo que a tensão normal admissível para a classe de aço a ser utilizado é de 160 MPa, selecione o perfi l de mesa larga que deve ser usado. 53 UNIDADE 2 CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de: • calcular a força cortante na face horizontal de um elemento de viga e as tensões de cisalhamento em vigas, médias e máximas; • compreender a distribuição de tensões em uma viga retangular estreita; • calcular o cisalhamento longitudinal em um elemento de viga de modo arbitrário e as tensões de cisalhamento em barras de paredes finas; • compreendero estado plano de tensões; • calcular as tensões principais e de cisalhamento máxima; • aplicar o Círculo de Mohr para o estado plano de tensões; • calcular as tensões de superfície externas e internas nos vasos de pressão, as tensões em vasos de pressão cilíndricos de paredes finas e a tensão circunferencial e a longitudinal em vasos de pressão; • aplicar o Círculo de Mohr para obter as tensões nos vasos de pressão. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CISALHAMENTO EM VIGAS TÓPICO 2 – TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO TÓPICO 3 – VASOS DE PRESSÃO 54 55 TÓPICO 1 CISALHAMENTO EM VIGAS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Quando o cisalhamento V é aplicado (Figura 1), a distribuição não uniforme de tensão na seção transversal fará com que ela se deforme (Figura 2) (HIBBELER, 2009). A relação entre o momento e o cisalhamento é dada pela expressão (HIBBELER, 2009): V dM dx= FIGURA 1 – ELEMENTO TÍPICO DA SEÇÃO TRANSVERSAL SUJEITO A TENSÕES DE CISALHAMENTO TRANSVERSAIS E LONGITUDINAIS FONTE: Hibbeler (2009, p. 283) UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 56 FIGURA 2 – BARRA DE ELEMENTO DEFORMÁVEL SUBMETIDO A TENSÃO DE CISALHAMENTO FONTE: Hibbeler (2009, p. 284) Quando um carregamento transversal é aplicado em uma viga, resultará em tensões normais e de cisalhamento nas seções transversais. A distribuição de tensões normais e de cisalhamento são equivalentes ao momento fletor M e à força cortante F (Figura 3) e satisfazem as seguintes equações (BEER et al., 2013): ( ) ( ) 0 0 0 0 x x x xz xz y xy y x z xz z x F dA M y z dA F dA V M z dA F dA M y M σ τ τ τ σ τ σ = = = − = = = − = = = = = − = ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ FIGURA 3 – FORÇAS ELEMENTARES NORMAIS E DE CISALHAMENTO EQUIVALENTES AO MOMENTO FLETOR M FONTE: Beer et al. (2013, p. 540) TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 57 Quando tensões de cisalhamento são exercidas sobre as faces verticais de um elemento, tensões iguais devem ser exercidas sobre as outras faces horizontais (BEER et al., 2013). Cisalhamento longitudinal deve existir em qualquer elemento submetido a uma carga transversal (Figura 4) (BEER et al., 2013). FIGURA 4 – TENSÕES APLICADAS NAS FACES DE UM VOLUME FONTE: Beer et al. (2013, p. 540) A fórmula do cisalhamento é usada para encontrar a tensão de cisalhamento na seção transversal (HIBBELER, 2009): ' onde ' ' A VQ It Q ydA y A τ = = =∫ τ = tensão de cisalhamento no elemento. V = força de cisalhamento interna resultante. I = momento de inércia da área da seção transversal inteira. t = largura da área da seção transversal do elemento. 2 FORÇA CORTANTE NA FACE HORIZONTAL DE UM ELEMENTO DE VIGA Considere a viga prismática e a seção de corte no ponto C, que contém o trecho CDD’C’, mostrada na Figura 5. UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 58 FIGURA 5 – VIGA PRISMÁTICA FONTE: Beer et al. (2013, p. 542) As forças atuantes no trecho CDD’C’ consistem em forças cortantes verticais VC e VD, uma força cortante horizontal ΔH, e forças elementares horizontais normais (σCdA e σDdA) e possivelmente uma força w, conforme identificado por Beer et al. (2013) e ilustrado na Figura 6. FIGURA 6 – TRECHO CDD’C DA VIGA FONTE: Beer et al. (2013, p. 542) FONTE: Beer et al. (2013, p. 542) FIGURA 7 – FORÇAS ATUANTES NO ELEMENTO CD Então, para o equilíbrio do trecho CDD’C’ do elemento de viga, de acordo com Beer et al. (2013), temos: TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 59 ( )0 x D C A D C A F H dA M M H y dA I σ σ= = ∆ + − − ∆ = ∑ ∫ ∫ Considerando Q como o momento estático e MD e MC como os momentos fletores, calculados como segue: A D C Q y dA dMM M x V x dx = − = ∆ = ∆ ∫ E substituindo na equação de equilíbrio, temos o fluxo de cisalhamento q: VQH x I H VQq fluxo de cisalhamento x I ∆ = ∆ ∆ = = = ∆ Em que: 1 2 ' momento estático da área acima de . momento de inércia da área total do elemento A A A Q y dA y I y dA + = = = = ∫ ∫ Sendo o mesmo resultado encontrado para área inferior (Figura 8) (BEER et al., 2013): ' '' ' ' 0 momento estático respectivo do eixo neutro ' H VQq q x I Q Q H H ∆ = = = − ∆ + = = ∆ = −∆ UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 60 FONTE: Beer et al. (2013, p. 542) FIGURA 7 – FORÇAS ATUANTES NO ELEMENTO CD 2.1 EXEMPLOS DE CÁLCULO 1 (BEER et al., 2013, p. 544) Uma viga é feita de três pranchas, pregadas juntas. Sabendo que o espaçamento entre os pregos é de 25mm e que o cisalhamento vertical da viga é V = 500 N, determine a força cortante em cada prego. SOLUÇÃO: Determinar momento estático (Q) e momento de inércia (I): TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 61 ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) 6 3 31 12 31 12 2 6 4 0,020 m 0,100 m 0,060 m 120 10 m 0,020 m 0,100 m 2[ 0,100 m 0,020 m 0,020 m 0,100 m 0,060 m ] 16,20 10 m Q Ay I − − = = × = × = + + × = × Determine a força horizontal por unidade de comprimento ou o fluxo de cisalhamento (q) na superfície inferior da prancha superior. 6 3 6 4 (500N)(120 10 m ) 16,20 10 m 3.704N/m VQq I − − × = = × = Calcular a força cortante correspondente em cada prego para um espaçamento de 25cm. (0,025m) (0,025m)(3.704N/m)F q= = 92,6NF = 3 TENSÕES DE CISALHAMENTO EM VIGAS Para uma viga com seção transversal retangular, a tensão de cisalhamento varia parabolicamente com a altura. UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 62 FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÃO DE CISALHAMENTO NA SEÇÃO TRANSVERSAL RETANGULAR DE VIGA FONTE: Hibbeler (2009, p. 287) Nos itens a seguir demonstram-se os cálculos para tensão média e tensão máxima. 3.1 TENSÃO DE CISALHAMENTO MEDIA Considere a seção da viga a seguir: FIGURA 10 – SEÇÃO DE VIGA COM PLANO VERTICAL DE SIMETRIA FONTE: Beer et al. (2013, p. 544) A tensão de cisalhamento média na face horizontal do elemento é obtida dividindo a força de cisalhamento ΔH no elemento pela área da face ΔA, conforme a Figura 10, segundo Beer et al. (2013): TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 63 t méd q xH VQ x A A I x VQ It τ ∆∆ ∆ = = = ∆ ∆ ∆ = Nas superfícies superior e inferior da viga, conforme mostra a Figura 11, tyx= 0. Segue-se que txy= 0 nas bordas superior e inferior das seções transversais (BEER et al., 2013). FIGURA 11 – TENSÃO DE CISALHAMENTO NAS FACES SUPERIOR E INFERIOR DA VIGA COM PLANO VERTICAL DE SIMETRIA FONTE: Beer et al. (2013, p. 545) 3.2 TENSÃO DE CISALHAMENTO MÁXIMA Para uma viga retangular estreita, a tensão de cisalhamento em qualquer ponto da seção transversal (Figura 12) é obtida pela equação demonstrada por Beer et al. (2013), sendo seu valor máximo encontrado quando y = 0, ou seja, a tensão de cisalhamento máxima (Figura 13) ocorre ao longo do eixo neutro (HIBBELER, 2009): 2 2 3 1 2 3 2 xy máx yVQ V Ib A c V A τ τ = = − = UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 64 FIGURA 12 – SEÇAO TRANSVERSAL DE VIGA COMUM FONTE: Beer et al. (2013, p. 545) A seção transversal de uma barra retangular possui distribuição de tensões de cisalhamento parabólica, como mostrado na Figura 13 (Beer et al., 2013). FIGURA 13 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES FONTE: Beer et al. (2013, p. 546) 4 DISCUSSÕES ADICIONAIS SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES EM UMA VIGA RETANGULAR ESTREITA Considere uma viga estreita em balanço de seção retangular submetida à carga P em sua extremidade livre, conforme a Figura 14: TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 65 FIGURA 14 – VIGA ESTREITA EM BALANÇO SUBMETIDA À CARGA P FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 497) As tensões de cisalhamento são independentes da distância do ponto de aplicação da carga, mas as tensões normais dependem das condições deextremidade (BEER; JOHNSTON, 1995). 2 2 3 1 2 1 xy x yP A c Pxy τ σ = − = + Para que a equação da tensão de cisalhamento possa ser aplicada em qualquer ponto da viga, a força P deve ter distribuição parabólica ao longo da seção extrema da viga (Figura 15) e o apoio fixo deve permitir a deformação de cisalhamento (Figura 14) (BEER; JOHNSTON, 1995). FIGURA 15 – DISTRIBUIÇÃO PARABÓLICA DA FORÇA P FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 497) Porém, do princípio de Saint-Venant, os efeitos do modo de aplicação da carga são desprezíveis, exceto nas imediações dos pontos de aplicação da carga (BEER et al., 2013). O princípio da superposição poderá ser usado quando uma viga de seção retangular for submetida a várias cargas concentradas, como mostrado na Figura 16. UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 66 FIGURA 16 – VIGA DE SEÇÃO RETANGULAR SUBMETIDA A VÁRIAS CARGAS CONCENTRADAS FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 497) As deformações de cisalhamento devido a cargas distribuídas (Figura 17) são insignificantes para as seções típicas da viga em estudo (BEER et al., 2013). FIGURA 17 – VIGA SUBMETIDA A CARGAS DISTRIBUÍDAS FONTE: Beer e Johnston (1995, p. 498) Para vigas do tipo I (padrão americano) e tipo W (viga de mesas largas) serão empregadas as seguintes equações (BEER et al., 2013): méd máx alma VQ It V A τ τ = = FIGURA 18 – VIGA TIPO I E GRÁFICO DE τ méd EM FUNÇÃO DA DISTÂNCIA VERTICAL Y FONTE: Beer et al. (2013, p. 546) TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 67 5 CISALHAMENTO LONGITUDINAL EM UM ELEMENTO DE VIGA DE MODO ARBITRÁRIO Já examinamos a distribuição das componentes verticais τxy em uma seção transversal de uma viga. Vamos agora considerar as componentes horizontais τxz das tensões (BEER et al., 2013). Considere a mesma viga prismática da Figura 5 com um trecho definido pela superfície CDD’C’ se estendendo até uma superfície curva arbitrária (Figura 19) (BEER et al., 2013). FIGURA 19 – TRECHO CDD’C’ DA VIGA FONTE: Beer et al. (2013, p. 554) Aplicando a equação de equilíbrio, temos: ( )0x D C a F H dAσ σ= = ∆ + −∑ ∫ Exceto para as diferenças nas áreas de integração, este é o mesmo resultado obtido no Item 2, conforme Beer et al. (2013): VQ H VQH x q I x I ∆ ∆ = ∆ = = ∆ 5.1 EXEMPLO 1 (BEER et al., 2013, p. 555) Uma viga caixão quadrada é construída a partir de quatro tábuas, como mostrado. Sabendo que o espaçamento entre os pregos é de 45mm e a viga está submetida a um cisalhamento vertical de magnitude V = 2,7kN, determine a força cortante em cada prego. UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 68 SOLUÇÃO: Para a tábua superior: ( )( )( ) 3 19 mm 76 mm 47,5mm 68.590 mm Q A y′= = = Para a viga da seção transversal: ( ) ( )4 41 112 12 6 4 114 mm 76 mm 11,29 10 mm I = − = × Determinar a força cortante por unidade de comprimento ao longo de cada borda da mesa superior. ( )( )3 6 4 2.700 N 68.590 mm 16,4 N/mm 11,29 10 mm 8,2 N/mm 2 força por unidade de comprimento em cada borda VQq I qf = = = × = = = TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 69 Com base no espaçamento entre os pregos, determinar a força cortante em cada prego. (8,2N/mm)(45mm)F f= = 369NF = 6 TENSÕES DE CISALHAMENTO EM BARRAS DE PAREDES FINAS Considere um segmento de uma viga de mesas largas submetida ao cisalhamento vertical V (Figura 20) (BEER et al., 2013). FIGURA 20 – VIGA DE MESAS LARGAS FIGURA 21 – COMPONENTES DA TENSÃO DE CISALHAMENTO FONTE: Beer et al. (2013, p. 556) FONTE: Beer et al. (2013, p. 557) A força cortante longitudinal sobre o elemento é (BEER et al., 2013): VQH x I ∆ = ∆ UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 70 A tensão de cisalhamento (Figura 21) correspondente é (BEER et al., 2013): zx xz H VQ t x It τ τ ∆= ≈ = ∆ Anteriormente, encontrou uma expressão similar para tensão de cisalhamento na alma (BEER et al., 2013): xy VQ It τ = (BEER et al., 2013): NOTA 0 nas mesas 0 nas almas xy xz τ τ ≈ ≈ “A equação acima pode ser usada para determinar tensões de cisalhamento em vigas caixão (Figura 22), tubos, e outros componentes de paredes finas, desde que as forças sejam aplicadas em um plano de simetria do componente” (BEER et al., 2013, p. 557). FIGURA 22 – SEÇÃO DE VIGA CAIXÃO FONTE: Beer et al. (2013, p. 557) TÓPICO 1 | CISALHAMENTO EM VIGAS 71 A variação de fluxo de cisalhamento (Figura 23) ao longo da seção depende apenas da variação do momento estático (BEER et al., 2013). VQq t I τ= = Para uma viga caixão (Figura 23), q cresce continuamente desde zero em A até um valor máximo em C e C' na linha neutra e depois decresce de volta a zero em E. O sentido de q nas partes horizontais da seção pode ser facilmente obtido pelo seu sentido nas partes verticais ou sentido da força cortante V (BEER et al., 2013). FIGURA 23 – FLUXO DE CISALHEMENTO FONTE: Beer et al. (2013, p. 558) Para uma viga de mesa larga (Figura 24) o fluxo de cisalhamento (Figura 25) cresce simetricamente desde zero em A e A’ até um valor máximo em C e depois decresce de volta a zero em E e E’ (BEER et al., 2013). FIGURA 24 – SEÇÃO DE VIGA DE MESAS LARGAS FONTE: Beer et al. (2013, p. 557) UNIDADE 2 | CISALHAMENTO, TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E VASOS DE PRESSÃO 72 FIGURA 25 – FLUXO DE CISALHAMENTO FONTE: Beer et al. (2013, p. 558) A continuidade da variação q e a fusão de q a partir de ramos de seção sugerem uma analogia do fluxo de cisalhamento com o fluxo de fluido por meio de um canal aberto ou um tubo (BEER et al., 2013). 73 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • Quando o cisalhamento V é aplicado, essa distribuição não uniforme na seção transversal fará com que ela se deforme. • Quando tensões de cisalhamento são exercidas sobre as faces verticais de um elemento, tensões iguais devem ser exercidas sobre as outras faces horizontais. • Para uma viga com seção transversal retangular, a tensão de cisalhamento varia parabolicamente com a altura. 74 AUTOATIVIDADE 1 (UFG, 2018) Para a resolução dessa questão, observe a fi gura a seguir que mostra uma viga de madeira formada por três tábuas pregadas entre si por meio de pregos espaçados de 25cm. Essa viga possui fl uxo de cisalhamento constante na ligação entre as tábuas e momento de inércia em relação ao seu eixo neutro igual a 998cm4. Cada prego possui uma resistência ao cisalhamento de 20kgf. Desconsiderando quaisquer coefi cientes de segurança, qual é o valor da força cortante máxima V que essa viga suporta de modo a não ocorrer falha na fi xação entre a tábua vertical (alma) e as tábuas horizontais (mesas)? a) ( ) 12,3kgf. b) ( ) 24,3kgf. c) ( ) 36,3kgf. d) ( ) 48,3kgf. 2 (CESGRANRIO, 2018) A viga prismática do Tipo I apresentada na fi gura a seguir está submetida a um esforço de cisalhamento transversal V = 230kN. 75 Se todas as dimensões da viga estão em milímetros, qual o valor da tensão de cisalhamento máxima, em MPa, na seção transversal dessa viga? a) ( ) 20. b) ( ) 30. c) ( ) 40. d) ( ) 50. e) ( ) 60. 3 (FADESP, 2018) O elemento mostrado na figura experimenta um estado plano de tensão, sendo σxx = – 15,0 MPa, σyy = 5,0 MPa e τyx = τxy = 0,0 MPa. Sabendo que a orientação indicada na figura representa a convenção positiva das tensões, determine, em valor absoluto, a tensão máxima da componente de cisalhamento, τmax. O resultado é: a) ( ) τmax = 0,0 MPa. b) ( ) τmax = 5,0 MPa. c) ( ) τmax = 10,0 MPa. d) ( ) τmax = 15,0 MPa. e) ( ) τmax = 20,0 MPa. τyx τyx τxy τxy σyy σyy σxxσxx 76 77 TÓPICO 2 TRANSFORMAÇÃO DA TENSÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O estado mais geral de tensão em um ponto pode ser representado por seis componentes, conforme representado na Figura 26 e listado a seguir (BEER et al., 2013). , , tensões normais , , tensões normais (Nota: , , ) x y z xy yz zx xy yx yz zy zx xz σ σ σ τ τ τ τ
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