Buscar

Aula 05 - ECA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito da Criança e do Adolescente 
Professor Paulo Lépore
Aula 05 - Intensivo I 
Ato infracional.
XVI. ATO INFRACIONAL - Artigos 103 a 111 / 117 a 190 do ECA
1. Disposições gerais
O Ato infracional é modo como crianças e adolescentes respondem pela prática de condutas descritas na legislação como crimes ou contravenções penais.
O modo especial de responsabilização das crianças e adolescentes advém da cláusula de inimputabilidade, prevista no artigo 228 da CF. 
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Nossa Constituição consolidou a doutrina da proteção integral, se antecipando ao que viria estar previsto na Convenção sobre os direitos da criança de 1989. Nessa linha de proteção integral considera-se as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos especiais, que possuem os mesmos direitos que os adultos e outros mais em razão de serem pessoas em estágio peculiar de desenvolvimento físico, psíquico e moral.
Essa fase peculiar leva, então, ao desenvolvimento de um sistema próprio de responsabilização para crianças e adolescentes, tendo como premissa o artigo 228 da CF. 
1.1. Garantia da inimputabilidade - Art. 228 da CF
O artigo 228 da CF traz a garantia da inimputabilidade, no sentido de que crianças e adolescentes não irão responder pela prática de crime, sendo submetidos a um sistema próprio de responsabilização previsto na legislação especial, que é o Estatuto da Criança e do adolescente.
O conceito de crime é tripartido: tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade. E, dentro da culpabilidade, temos a imputabilidade. 
Ao afirmarmos que as crianças e adolescentes são inimputáveis, eliminamos a possibilidade de crianças e adolescentes serem imputáveis, e por consequência, culpáveis. Logo, chegamos à conclusão de que crianças e adolescentes não praticam crimes.
Há corrente minoritária que define o crime como bipartido, ou seja, composto apenas do fato típico e antijurídico. Neste caso, se admite a possiblidade de crianças e adolescentes praticarem crimes, porém não serão culpáveis. 
 
2. Definição de Ato Infracional
Ato infracional é a conduta descrita em lei como crime ou contravenção penal praticada por crianças e adolescentes.
3. Tipicidade delegada: “Ato infracional análogo/equiparado a...”
No Estatuto da Criança e do Adolescente não existe a previsão abstrata de ato infracional, ou condutas infracionais, é usada as definições do Código Penal e da legislação extravagante. 
Assim, o ato infracional pode ser conceituado como aquela conduta que se fosse praticada por um adulto seria um crime ou contravenção penal.
Exemplo: artigo 121 do CP descreve a conduta de matar alguém. Se um adulto praticar esta conduta estará sujeito a uma pena de 06 a 20 anos. Porém, ser foi uma criança que cometeu esta conduta será submetida ao sistema próprio de responsabilização, porque praticou um ato infracional análogo/equiparado ao homicídio.
Quando um adolescente realiza uma conduta descrita no Código Penal como crime, está praticando uma conduta análoga, que denominamos ato infracional análogo.
4. Teoria da atividade: idade à data do fato (ação ou omissão)
Para o ato infracional adotamos a teoria da atividade, considerando a idade da criança ou do adolescente no momento da prática do ato. Isso é importante para fins de responsabilização pelo ECA ou pelo sistema do CP.
Se na data do fato já tinha 18 anos de idade ele responde como adulto e não mais como adolescente e se sujeitará aos regramentos do Código Penal.
Exemplo: adolescente pratica um roubo 1 minuto antes da data do seu aniversário de 18 anos, sendo preso uma hora depois, já com 18 anos. Esse adolescente será submetido ao ECA ou ao regime do CP? Será pelo ECA, porque deve ser considerado o momento da prática do ato.
Obs.: neste caso, não é correto falar que o adolescente foi preso, mas sim apreendido.
Considera-se a idade na data da prática do ato, não importa se o resultado ocorreu depois.
A responsabilização excepcional até os 21 anos de idade, prevista no ECA, não se presta para fins de responsabilização penal (sempre aos 18 anos), mas sim para fins de cumprimento das consequências pela prática do ato infracional. 
Exemplo: praticou o ato infracional com 17 anos, 11 meses e 29 será sujeito ao regime de responsabilização do ECA, mas poderá cumprir uma medida socioeducativa até os 21 anos.
Logo, para fins de determinação de responsabilização se considera sempre a idade de 18 anos, os 21 anos é um segundo paradigma ao cumprimento das medidas socioeducativas.
5. Ato Infracional praticado por criança:
a) Crianças - de 0 a 12 anos incompletos;
b) Adolescentes - de 12 anos completos a 18 anos incompletos.
A crianças recebem um tratamento diferenciado do tratamento que é dado ao adolescente por estar numa fase muito precoce do seu desenvolvimento físico, psíquico e moral.
Por isso, se a criança pratica um ato definido como crime ou uma contravenção penal, no máximo, receberá uma medida de proteção, mas nunca uma medida socioeducativa. Tanto é assim, que se uma criança for surpreendida em flagrante de um ato infracional, deve-se fazer o encaminhamento imediato ao Conselho Tutelar, e não à Polícia.
Isso não quer dizer que não possa ser registrado um boletim de ocorrência para registro do fato, pois ele serve para a defesa de direitos de terceiros.
As medidas de proteção são aplicadas, em regra, pelo Conselho Tutelar e excepcionalmente poderão ser aplicadas pela autoridade judicial.
6. Ato Infracional praticado por adolescente
Quando o adolescente pratica o ato infracional receberá uma medida socioeducativa, o que não impede que também lhes sejam aplicadas medidas de proteção. 
Assim, enquanto às crianças somente podem ser aplicadas medidas de proteção, aos adolescentes podem tanto as medidas de proteção quanto às socioeducativas.
A ideia é que se aplique o que for melhor ao adolescente. Podem ser aplicadas medidas concomitantes, socioeducativas e de proteção, como podem ser aplicadas apenas medidas socioeducativas ou só de proteção.
As medidas socioeducativas podem ser substituídas a qualquer tempo.
2.Devido Processo Legal e Direitos Individuais: privação de liberdade (apreensão) em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade competente.
O adolescente, segundo o ECA, só pode ser apreendido para ser apresentado a autoridade policial ou judicial.
O ECA é claro no sentido de aplicação do devido processo legal, bem como todos os direitos individuais constantes em seu texto.
	(FCC – Defensor Público – SP/ 2010) Segundo prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, quando uma criança pratica ato infracional,
a) é vedada a lavratura de boletim de ocorrência, devendo a vítima − se quiser − registrar o fato junto ao ConselhoTutelar. OBS: Não é vedado a lavratura do boletim de ocorrência.
b) tratando-se de flagrante, deve ser encaminhada imediatamente, ou no primeiro dia útil seguinte, à presença da autoridade judiciária. OBS: À presença do Conselho Tutelar
c) ela não está sujeita a medida de qualquer natureza, uma vez que crianças não praticam ato infracional. OBS: Só medida de proteção.
d) deve o conselho tutelar representar à autoridade judiciária para fins de aplicação de quaisquer das medidas pertinentes aos pais ou responsável.
e) fica sujeita à aplicação de medidas específicas de proteção de direitos pelo conselho Tutelar ou Poder Judiciário, conforme o caso. OBS: Correta. O conselho tutelar, em regra, aplicará as medidas de proteção, e o Poder Judiciário, excepcionalmente.
XVII. Ato Infracional – Apreensão do Adolescente por Ordem Judicial
1. Encaminhamento à autoridade judicial[footnoteRef:1]. [1: Depois o Professor voltará nesse ponto. ] 
Hipóteses em que o adolescente é apreendido e encaminhado diretamente à autoridade judicial:
1ª) Não ser o adolescente encontrado para comparecimento à audiência de apresentação;
2ª) Para cumprimento de medida socioeducativa de internação com prazo indeterminado se o adolescente estava em liberdade;
3ª) Paracumprimento de medida socioeducativa de internação provisória se o adolescente estava em liberdade;
4ª) Para o retorno ao cumprimento de medida socioeducativa de internação após fuga.
XVIII. Ato Infracional – Apreensão do Adolescente em Flagrante de Ato Infracional
* Direitos subjacentes:
O flagrante do ato infracional segue a mesma orientação do Código de Processo Penal.
Diretos que lhe são garantidos em situação de flagrante:
a) Identificação dos responsáveis pela sua apreensão.
b) Não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
 E algemas?
Não há vedação ao uso de algemas, aplica-se o entendimento da Súmula Vinculante 11 do STF. Situações possíveis: a) resistência; b) fundado receio de fuga ou c) perigo à integridade física própria ou alheia.
Súmula Vinculante 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
c) Direito que a apreensão e o local em que o adolescente se encontra sejam comunicados à autoridade judiciária, à família, ou à pessoa por ele indicada.
d) Direito de, se já for identificado civilmente, não ser submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.
Exceção: a identificação compulsória será permitida em situações de confrontação, quando restar dúvida sobre sua identidade.
Agora, vamos tratar do procedimento.
1. Encaminhamento à autoridade policial competente (especializada)
Obs: não há que se falar em prisão de adolescente, mas sim em apreensão de adolescente.
Diante da apreensão em flagrante de um adolescente, o próximo passo é a condução à presença da autoridade policial. (diferente da criança que é encaminhada ao Conselho Tutelar)
Em regra, onde houver, o encaminhamento é feito a uma delegacia especializada, ainda que tenha praticado o ato em coautoria com um adulto. Depois, será dado encaminhamento ao adulto. Isso porque o ambiente, desde o início, deve ser o ambiente de proteção integral.
Na Delegacia:
a) Se o ato infracional foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa: lavratura de auto de apreensão. 
Esse auto de apreensão permitirá um maior detalhamento da situação. Assim, serão apreendidos, objetos, instrumentos e, eventualmente, será determinada a realização de prova pericial.
b) Se ato infracional sem violência ou grave ameaça à pessoa: boletim de ocorrência circunstanciada (BOC).
1.1. Liberação pela autoridade policial:
Obs.: o procedimento é o previsto no ECA. Não pensar no sistema processual penal.
A regra, depois de formalizada a situação de apreensão em flagrante, é a liberação do adolescente. Essa liberação se dará mediante a assinatura de um termo responsabilização pelos pais ou responsáveis, de que o adolescente será apresentado imediatamente, ou no primeiro dia útil subsequente, ao Ministério Público. 
Obs.: Para o procedimento de apuração do ato infracional não há o regime de fiança.
1.2. Não liberação pela autoridade policial: 
A não liberação é excepcional, somente sendo cabível quando pela gravidade do ato infracional, aliada à sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
O ECA, nessa questão da não liberação, só trata da “gravidade do ato infracional”, sendo silente quanto à violência ou grave ameaça a pessoa. Assim, a violência ou grave ameaça a pessoa serve como referência para fins de lavratura do auto de apreensão em flagrante. Para fins de não liberação, não se fala em violência ou grave ameaça a pessoa, de modo que se admite, ao menos à luz da letra fria do ECA, a não liberação de um adolescente, ainda que ele tenha praticado um ato que não envolva violência ou grave ameaça a pessoa.
A questão é a seguinte: a liberação ou não liberação tem natureza jurídica própria. Não se trata de prisão, de apreensão cautelar. É um “limbo” no sistema.
A gravidade do ato infracional e a repercussão social são elementos obrigatórios. 
· Guardar que a regra é a liberação.
1.2.1.	Autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
É a situação de não liberação.
1.2.2.	Sendo impossível a apresentação imediata: a autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 horas.
Entidade de atendimento: uma das entidades da política de atendimento.
Atentar para esse prazo que é cobrado em prova.
1.2.2.1. Na localidade onde não houver entidade de atendimento: a apresentação far-se-á pela autoridade policial.
Obs.: Adolescente deverá aguardar em repartição policial especializada. Na falta dessa repartição especializada, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o mesmo prazo de 24 horas.
Mais uma vez, deve-se ressaltar que não se trata de prisão cautelar, mas sim de hipótese de não liberação. 
Há quem defenda que essa hipótese de não liberação é inconstitucional.
2. Oitiva Informal pelo Ministério Público
2.1. Não Apresentação (espontânea): 
 Quem poderia apresentar o adolescente ao Ministério Público?
Os pais ou responsáveis, ou ainda, a entidade ou a autoridade policial.
Lembrando que o adolescente foi liberado aos pais ou responsável, mediante assinatura do termo de responsabilização para apresentação ao MP. Neste caso, não sendo apresentado, serão notificados os pais e responsáveis, podendo requisitar o concurso das Polícias Civil e Militar. 
Querendo, o MP também já pode diretamente decidir por uma das providências do art. 180 do ECA.
ECA, Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Público poderá:
I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa.
2.2. Apresentação: 
Ao se apresentar, o adolescente será submetido a regra da oitiva formal, ou seja, será imediatamente ouvido pelo membro do MP. 
Sendo possível, o MP também ouvirá os pais ou responsável do adolescente, bem como vítimas e testemunhas.
Quando o ECA foi criado, o MP teve participação ativa, apresentando-se no procedimento, não apenas como órgão acusador, mas um órgão de responsabilidade sobre o adolescente.
Por isso, o papel da oitiva formal é a de evitar a judicialização do procedimento. Dependendo da oitiva, pode o Ministério Público, por exemplo, arquivar o procedimento, ou até mesmo perdoar o adolescente.
Obs.: Segundo o STJ o ato da oitiva formal não é pressuposto para o oferecimento da Representação (petição inicial da ação socioeducativa).
3. Providência/Opção do MP (art. 180 do ECA)
Depois da oitiva forma poderá o Ministério Público:
1º) Promover o arquivamento dos autos: ausência de indícios suficientes de autoria e materialidade.
2º) Conceder a remissão pré-processual: para a doutrina se qualifica como uma forma de exclusão do processo (o processo não vai nem começar).[footnoteRef:2] [2: (MPRR-2017-CESPE): De acordo com o ECA, antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, a concessão da remissão como forma de exclusão do processo compete ao MP. BL: art. 126, ECA.
(TJDFT-2015-CESPE): Compete ao MP conceder a remissão como forma de exclusão do processo; no entanto, se não concordar com a remissão, o juiz deverá remeter os autos ao procurador-geral de justiça. BL: art. 126 e 181 do ECA.]A remissão nesse caso tem o sentido de perdão. O MP pode perdoar o adolescente. 
Existem duas formas de perdão:
a) Remissão própria/incondicionada/pura e simples: perdão puro e simples, sem imposição de qualquer condição.
b) Remissão imprópria/condicionada/complexa/transação: é o perdão, com a imposição de uma condição.
O MP, então, oferece a remissão e aplica uma medida socioeducativa que não implique em privação da liberdade.
Na prática, o MP cumula o perdão com uma medida socioeducativa de meio aberto, como por exemplo, advertência, prestação de serviços à comunidade ou a liberdade assistida, ou até mesmo com a reparação do dano, se o adolescente tiver condições de fazê-lo. O mais comum é a cumulação com a advertência (admoestação verbal).
Obs1: O Poder Judiciário também pode oferecer remissão, mas esta não é forma de exclusão, mas de suspensão ou extinção do processo.
Obs2: A remissão terá ainda a participação do Judiciário, que poderá homologá-la. Até porque só quem pode aplicar medida socioeducativa é o Judiciário.
3º) Representação: 
O MP poderá oferecer a representação, que é a petição inicial da ação socioeducativa.
A representação independe de prova pré-constituída de autoria e materialidade. Isso significa que o MP pode oferecer a representação com base em indícios mínimos de autoria e materialidade. Até porque não tendo indícios mínimos não há nem que se falar em remissão, sendo hipótese de arquivamento.
Junto com a Representação, o MP pode cumular um pedido de Internação Provisória, que é medida excepcional dotada de cautelaridade, desde que haja indícios suficientes de autoria (fumus boni iuris) e materialidade, e demonstrada a necessidade imperiosa da medida (periculum in mora).
A internação provisória tem prazo máximo e improrrogável de 45 dias. E, esse prazo acaba por vincular o prazo para conclusão de todo procedimento de apuração do ato infracional. Excedendo esse prazo, o adolescente será colocado em liberdade.
4. Despacho Judicial quanto à Providência/Opção do Ministério Público
As providências adotadas pelo MP chegam até o Poder Judiciário para controle.
4.1. Homologação do arquivamento.*
4.2. Homologação da remissão*
4.3. Não Homologação/Discordância quanto ao arquivamento ou a remissão: remessa dos autos ao PGJ.
Diante da discordância do Juiz, há a remessa dos autos ao Procurador Geral de Justiça, que poderá: ele mesmo praticar o ato, designar outro membro para fazê-lo ou concordar com a ideia inicial do membro do Ministério Público. É a mesma regra do CPP. 
* Todas essas atuações são atacáveis por apelação porque as decisões são terminativas.
Atentar que o sistema recursal do ECA tem regras próprias, mas faz referência ao sistema processual civil, mesmo para as situações de ato infracional. Logo, serão aplicados os recursos do processo civil.
4.4. Recebimento da representação com pedido de emenda (vai ao MP e volta ao juiz)
4.5. Recebimento da representação:
4.5.1.	Início da ação socioeducativa, que é sempre pública e incondicionada.
4.5.2.	(1) Designação de audiência e (2) cientificação e notificação do adolescente e seus pais ou responsável, quanto ao teor da representação e necessidade de comparecimento à audiência acompanhados de advogado.
Na doutrina da proteção integral, os adolescentes têm os mesmos direitos dos adultos, como devido processo legal, ampla defesa, defesa técnica, ...
4.6. Decisão sobre a decretação ou manutenção da internação provisória.
Em relação à internação provisória temos três regras:
a) A internação não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
b) Inexistindo na comarca entidade especializada: deve ser feita a imediata transferência para a localidade mais próxima.
c) Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de 5 dias, sob pena de responsabilidade.
Obs.: Se decretada a internação provisória, todo o procedimento deve ser concluído no prazo máximo de 45 dias.
5. Audiência de Apresentação do Adolescente
Após o recebimento da representação já temos um processo em curso.
5.1. Não localização do adolescente para ser citado: 
Consequência: expedição demandado de busca e apreensão e sobrestamento do feito.
5.2. Não comparecimento do adolescente: designação de nova data e determinação de condução coercitiva (mandado de condução coercitiva e não de busca e apreensão)
Obs1: Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
Obs2: Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
5.3. Comparecimento do adolescente
5.3.1.	Oitiva do adolescente, seus pais ou responsável.
5.3.2.	Solicitação de opinião de profissional qualificado.
5.3.3.	Possibilidade de Remissão Processual: aplicada pelo Juiz.
Acarretará a suspensão ou extinção do processo. 
A remissão processual pode acontecer a qualquer tempo, até a prolação da sentença.
Na suspensão: o juiz pode determinar outra providência juntamente com a remissão, ficando o processo suspenso até o cumprimento da providência pelo adolescente. Após o cumprimento o processo se extingue.
Poderá também o juiz aplicar uma medida de execução instantânea, como por exemplo o de reparar o dano causando, sendo caso de extinção do processo. 
5.3.4.	Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização de diligências e estudo de caso.
O estudo de caso permitirá ao juiz conhecer a situação familiar e social do adolescente.
 Não sendo ato grave, o adolescente não tem direito de defesa técnica? 
Na doutrina temos entendimento de que é possível a defesa do adolescente mesmo não sendo o ato grave. 
· Adotar esse posicionamento somente para prova discursiva ou oral, e nas provas da Defensoria.
6. Oferecimento de Defesa Prévia e Rol de Testemunhas:
Prazo: 3 dias contados da audiência de apresentação, pelo advogado constituído ou defensor nomeado.
7. Audiência em Continuação (a audiência de apresentação):
7.1. Oitiva das testemunhas arroladas na petição inicial e na defesa prévia, e as testemunhas do Juízo, com possibilidade de acareação.
7.2. Cumprimento das diligências requeridas - aclarar as provas.
7.3. Juntada do Estudo/Relatório da Equipe Interprofissional
STF: a juntada do Estudo/Relatório é uma faculdade do juiz. A juntada não é obrigatória e nem condiciona a decisão do juiz.
7.4. Fala do MP: 20 minutos prorrogáveis por mais 10.
7.5. Fala do Advogado/Defensor: 20 minutos prorrogáveis por mais 10.
7.6. Sentença proferida em audiência
A regra é a sentença ser proferida em audiência e, excepcionalmente, em no máximo 5 dias, em analogia ao procedimento de destituição do Poder Familiar.
O prazo de 5 dias: analogia ao procedimento de destituição do poder familiar.
A Súmula 342 do STJ: é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente. Todas as provas devem ser apreciadas; A confissão do adolescente não deve ser considerada a prova mais importante de forma a desprezar as demais provas do processo.
Súmula 342 do STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
8. Sentença
Nessa sentença o juiz poderá:
8.1. Aplicação de medida: desde que provada a materialidade e autoria.
Há uma exceção quanto à advertência. 
8.2. Não aplicação de medida e liberação do adolescente apreendido se:
1. Provada a inexistência do fato;
2. Não houver prova da existência do fato;
3. Não constituir o fato infração;
4. Não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.
Obs: Estando o adolescente internado, o prazo máximo e improrrogável paraa conclusão do procedimento será de 45 dias.
9. Intimação da Sentença
9.1. Se aplicada medida de internação ou semiliberdade: 
Deverão ser intimados o adolescente e o seu defensor. 
Não sendo encontrado o adolescente, serão intimados os seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
Obs1: Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
Obs2: Ao ser intimado de uma sentença que lhe imputa o cumprimento de uma medida socioeducativa de meio fechado temos a aplicação do no artigo 100, parágrafo único do ECA, que traz o princípio da oitiva obrigatória e a participação. Por isso a necessidade de intimação do adolescente.
9.2. Se não for aplicada medida de internação ou semiliberdade: 
A intimação será feita unicamente ao defensor.
10. Recurso
Apelação, no prazo de 10 dias
(Cespe – Defensor Público – RR/2013) Um menor, com quinze anos de idade, foi apreendido logo após a prática de ato infracional análogo ao crime de roubo, descrito no CP. Apurou-se que o menor, apreendido com o produto do ato e os instrumentos utilizados para perpetrar a conduta em concurso com pessoas maiores, era reincidente em atos infracionais daquela natureza.
Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta com base no que dispõe o ECA.
a) Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável perante a autoridade judiciária, esta deverá proceder à oitiva de todos eles, e, sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semiliberdade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não seja representado por advogado, deverá nomear defensor para apresentação de defesa. Admite-se, em qualquer fase do procedimento, a remissão como forma de extinção ou suspensão do processo, contanto que ocorra antes da sentença. CORRETA
b) De acordo com preceito expresso da norma de regência, oferecida a representação, a autoridade judiciária decidirá, imediatamente, sobre a decretação da internação do adolescente, admitindo-se a aplicação, de forma subsidiária, das medidas cautelares previstas no CPP, observando-se o prazo máximo de duração de quarenta e cinco dias para a internação ou medida cautelar diversa.
c) Comparecendo qualquer dos pais ou responsável do menor, este deverá, em qualquer circunstância, ser prontamente liberado pela autoridade policial, sob pena de responsabilidade desta.
d) Apresentado o adolescente, o representante do MP, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, do boletim de ocorrência ou do relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, poderá promover, na fase pré-processual, o arquivamento dos autos ou conceder a remissão, prescindindo – se de homologação da autoridade judiciária.
e) Caso o órgão do MP entenda não caber arquivamento ou remissão, deve ser oferecida representação à autoridade judiciária, com a propositura de instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa mais adequada, sendo imprescindível a demonstração de sua justa causa, por meio da prova pré-constituída da autoria e materialidade do ato infracional. Basta indícios
(FCC – Juiz de Direito – GO/2015) O juiz da infância e da juventude poderá conceder a remissão ao adolescente, autor de ato infracional,
(A) apenas como forma de suspensão do processo.
(B) como forma de suspensão ou extinção do processo. CORRETA
(C) como forma de exclusão, suspensão ou extinção do processo. 
(D) apenas como forma de exclusão do processo.
(E) apenas como forma de extinção do processo.
XIX. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS - Artigos 112 a 128 do ECA (Teoria Geral)
1. Medidas Socioeducativas:
São as medidas impostas aos adolescentes como consequência pela pratica de um ato infracional.
Lembre-se: criança não recebe medida socioeducativa, mas medida de proteção. Criança pratica ato infracional, mas só recebe medida de proteção.
2. Rol Taxativo de Medidas conforme a abrangência pedagógica (Art. 112 do ECA)
O rol de medidas socioeducativas não admite ampliação.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
3. Critérios:
a) Capacidade de cumpri-la;
b) Circunstâncias em que o ato foi praticado e as circunstancias de vida do adolescente;
c) Gravidade da infração.
Com análise nos critérios o juiz irá aplicar uma medida mais grave ou mais branda dependendo do caso.
4. Requisitos: prova da autoria + prova da materialidade do ato.
Para a aplicação da medida socioeducativa há necessidade prova: da autoria e da materialidade do ato.
A única exceção é a medida de advertência, já que esta pode ser aplicada com meros indícios de autoria.
Obs.: para oferta da representação só precisamos de meros indícios da materialidade e para aplicação das medidas precisamos de prova da autoria e da materialidade.
5. Não será admitida a prestação de trabalho forçado
Não pode existir medida socioeducativa de trabalhos forçados.
6. Adolescentes portadores de doença ou com deficiência mental: 
Receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Na prática, aplica-se alguma medida de proteção a esses adolescentes, já que não existe um sistema próprio de aplicação de medida de segurança como o do CPP.
7. Aplicação da Súmula 338 do STJ
Súmula 338 do STJ: a prescrição penal é aplicável às medidas socioeducativas. 
Aplica-se o período máximo de realização das medidas na tabela do Código Penal e diminui-se da metade por se tratar de menor de 21 anos. É a regra básica aplicada ao Direito Penal.
Nas medidas em que não existe tempo definido aguarda-se que o juiz os determine em sentença para que se calcule a prescrição.
8. Princípio da Insignificância: 
Também é aplicável às medidas socioeducativas, desde que cumprido os seus requisitos:
a) Mínima ofensividade ;
b) Sem periculosidade social;
c) Reduzido grau de reprovabilidade.
XX. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM ESPÉCIE – ARTIGOS 112 A 128 DO ECA
1. Advertência:
É uma admoestação verbal que será reduzida a termo.
Aplicável para: atos leves. Exemplo: ato infracional análogo ao furto.
A advertência geralmente vem cumulada com a remissão imprópria por parte do Ministério Público ou da autoridade judicial.
· Ministério Público - Aplica a remissão - gera a exclusão do processo.
· Autoridade judiciária - Aplica a remissão processual - gera a suspensão ou extinção do processo.
2. Obrigação de Reparar o Dano
Medida socioeducativa que implica na restituição da coisa, na promoção do ressarcimento do dano ou en outra forma de compensação do prejuízo causado à vítima.
Aplicável para os atos infracionais com reflexos patrimoniais.
É hipótese rara na prática, porque tem que levar em conta o patrimônio do próprio adolescente, já que não cabe aos pais a obrigação de reparar o dano no caso de medida socioeducativa. Aqui há uma diferença entre a responsabilização do Direito Civil.
Logo, só poderá ser aplicada se possível a reparação com o patrimônio do próprio adolescente.
Também é medida de execução instantânea.
3. Prestação de Serviços à Comunidade (PSC)
Obs.: para não configurar prestação de trabalhos forçados, o adolescente, segundo a doutrina, tem que concordar com a PSC. Não concordando, o juiz aplicará outra medida.
· Realização de tarefas gratuitas de interesse geral: em entidades governamentais ou não governamentais, nos serviços que atendem a população em geral.
· Período não excedente a 6 meses.
A ideia do prazo máximo é que essa medida não atrapalhe a rotina do adolescente e a sua inserção na comunidade. 
· Jornada máxima de 8 (oito) horas semanais. 
· Preferencialmente aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequênciaà escola ou à jornada normal de trabalho.
4. Liberdade Assistida (LA)
É a medida que se constitui em acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente, sempre que se afigurar a medida mais adequada.
Na prática, o juiz, por meio de entidade de atendimento como regra, escolhe um orientador para acompanhar o adolescente no seu dia a dia (livre).
O orientador vai acompanhar a matrícula e frequência escolar, matricular o adolescente na escola profissionalizante, inserir o adolescente na comunidade, fomentar a prática de trabalho voluntário, ou seja, vai mostrar ao adolescente como é viver licitamente em sociedade. Na maioria dos casos só falta apoio familiar e a LA é a medida que mais surte efeitos práticos.
Prazo mínimo de 6 (seis) meses: podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
O orientador vai socializar (ou ressocializar) o adolescente e isso demanda tempo. Por isso a estipulação de um prazo mínimo.
 Existe prazo máximo?
R.: STJ: prazo máximo de 3 anos – analogia à medida socioeducativa de internação. Portanto, esse prazo não consta no ECA.
5. Regime de Semiliberdade
Ingressamos na seara de medidas especiais, pois implicam em privação de liberdade. 
O ECA determina que se aplica à semiliberdade tudo aquilo que for aplicável à internação e que não estiver expressamente disciplinado para a semiliberdade.
É uma medida de meio fechado que se caracteriza:
· Medida de privação de liberdade, aliada à realização de atividades externas independentemente de autorização judicial. A essência da semiliberdade é a exigência de atividade externas independentemente de autorização judicial. Se o juiz proibir a realização de atividade externas teremos internação.
· Determinada desde o início ou como forma de transição para o meio aberto[footnoteRef:3]. [3: (MPSC-2016): Segundo a Lei 8.069/90, o regime de semiliberdade pode ser efetivado como forma de transição para o meio aberto, com admissão da realização de atividades externas pelo adolescente, independentemente de autorização judicial. BL: art. 120, §2º e art. 121, §1º, ECA.] 
· Não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação[footnoteRef:4]. [4: (TJSC-2013): A medida de semiliberdade não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação. BL: art. 120, §2º c/c art. 121, §2º, ECA.] 
Na semiliberdade e na internação não existe tempo determinado para o cumprimento, só existe o prazo máximo de cumprimento que é de 3 anos.
· É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
6. Internação
A internação implica na privação de liberdade, havendo possibilidade de realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade. 
Mas, poderá o Juiz proibir a realização de atividades externas, ficando a equipe técnica vinculada a essa proibição.
	Internação
	Semiliberdade
	privação de liberdade
+
possibilidade de realização de atividades externas
a critério da equipe técnica
	privação de liberdade
+
realização de atividades externas (regra)
independentemente de autorização judicial.
	A essência da internação é a privação da liberdade.
Por isso o Juiz pode proibir
	A essência é a realização de atividades externas.
Por isso o juiz não pode proibir.
A medida de internação se submete a três princípios: brevidade, excepcionalidade e o respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento.
São princípios importantes por terem status constitucional, orientando a aplicação de todas as medidas socioeducativas.
(1) Princípio da brevidade: a internação deve ser aplicada pelo menor período possível
(2) Princípio da excepcionalidade: a medida tem que ser imprescindível. Se houver a possibilidade de aplicação de outra medida que seja aplicada outra medida.
(3) Respeito à condição peculiar: o juiz deve levar em consideração a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
6.1. Cabimento:
São hipóteses taxativas:
a) Ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa.
Em atos onde não estão presentes a violência ou grave ameaça não se justifica a aplicação de medida de internação. Ex.: furto, tráfico de drogas.
b) Reiteração no cometimento de outras infrações graves.
 O que é uma infração grave? 
Há quem sustente que seriam as infrações, na legislação penal, com pena de reclusão. Na prática, tudo é considerado como infração grave.
Assim, se o adolescente reiterar no furto ou tráfico de drogas poderá ser internado.
Súmula 492 do STJ: O ato infracional [análogo ao tráfico de drogas], por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
O STJ precisou sumular essa questão, porque mesmo estando previsto no ECA que a primeira hipótese de aplicação do ato infracional seria para o ato praticado com violência e grave ameaça à pessoa, era comum aplicação de internação na primeira vez que o adolescente praticava o ato de tráfico de drogas, contrariando assim, o texto legal.
A redação dessa súmula, para professor é desastrosa, porque o “por si só” dá a impressão de que se o ato infracional estiver aliado a outros elementos, poderá ser imposta a medida socioeducativa de internação.
· Ideia de reiteração na Jurisprudência do STJ:
Durante muito tempo a doutrina mais progressista sustentou que reiteração não se confundia com reincidência, já que a reiteração se dava na prática do terceiro ato. Logo, só poderia ser aplicada a medida de internação por reiteração na prática da terceira conduta praticada. 
	1º ato 2º reincidência 3º reiteração
Isso gerou muita polêmica. 
Hoje o entendimento do STJ é no sentido de que a reiteração é igual a reincidência, se verificando na prática do segundo ato. 
Exemplo: 1º) Trafico + 2º) tráfico = reiteração Internação
	Reiteração = Reincidência
STJ. STJ. HC 347.434-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 27/9/2016, DJe 13/10/2016.
“A depender das particularidades e circunstâncias do caso concreto, pode ser aplicada, com fundamento no art. 122, II, do ECA, medida de internação ao adolescente infrator que antes tenha cometido apenas uma outra infração grave. Dispõe o art. 122, II, do ECA que a aplicação de medida socioeducativa de internação é possível "por reiteração no cometimento de outras infrações graves". [...] À luz do princípio da legalidade, devemos nos afastar da quantificação de infrações, devendo, portanto, a imposição da medida socioeducativa pautar-se em estrita atenção às nuances que envolvem o quadro fático da situação em concreto. Comunga-se, assim, da perspectiva proveniente da doutrina e da majoritária jurisprudência do STF e da Quinta Turma do STJ, de modo que a reiteração pode resultar do próprio segundo ato e, por conseguinte, a depender das circunstâncias do caso concreto, poderá vir a culminar na aplicação da medida de internação”. Precedentes citados do STJ: HC 359.609-MS, Quinta Turma, DJe 10/8/2016; HC 354.216-SP, Quinta Turma, DJe 26/8/2016; HC 355.760-SP, Quinta Turma, DJe 22/8/2016; HC 342.892-RJ, Quinta Turma, DJe 30/5/2016; HC 350.293-SP, Quinta Turma, DJe 26/4/2016; AgRg no HC 298.226-AL, Quinta Turma, DJe 18/3/2015; RHC 48.629-SP, Quinta Turma, DJe 21/8/2014; HC 287.354-SP, Sexta Turma, DJe 18/11/2014; HC 271.153-SP, Sexta Turma, DJe 10/3/2014; e HC 330.573-SP, Sexta Turma, DJe 23/11/2015. Precedente citado do STF: HC 94.447-SP, Primeira Turma, DJe 6/5/2011. 
c) Descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta: 
É a chamada internação sanção, com prazo máximo de 3 meses.
É uma punição aplicada ao adolescente que, reiteradamente, não cumpre com as medidas anteriormente aplicada.
Será aplicada independentemente do ato que originou a aplicação da medida socioeducativa anterior.
Súmula 265 do STJ: impossibilidade de regressão de medida sem a oitiva prévia do adolescente.Regressão da medida é a aplicação de uma medida pior do que a que o adolescente está cumprindo.
6.2. Cumprimento:
(1) Em regra: deve existir entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critério de idade, compleição física e gravidade da infração.
Obs.: Inexistindo entidade exclusiva na comarca, deve-se buscar a transferência para estabelecimento de adulto. Se impossível, pode ficar apenas 5 dias em estabelecimento para adulto, mas sempre em seção isolada.
Não tendo lugar para transferir o adolescente será posto em liberdade.
(2) Obrigatoriedade de atividades pedagógicas.
(3) Reavaliação, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 6 (seis) meses 
(4) Prazo máximo 3 anos: internação, semiliberdade ou de liberdade assistida.
(5) Liberação compulsória aos 21 anos de idade.
Atingindo os 21 anos de idade a liberdade é imediata, compulsória, independentemente do tempo de medida que ainda restava cumprir.
(6) Desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público
(7) Há direito de visita, que pode ser suspenso pela autoridade judicial.
Obs.: O STJ entende cabível detração infracional da internação provisória (45 dias) na internação definitiva.
Exemplo: na internação o prazo máximo é de 03 anos, se o adolescente ficou provisoriamente internado por 45 dias, esse tempo é abatido do tempo da internação definitiva.
XXI. SINASE E EXECUÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS - LEI 12.594/2012
Sinase - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.
Lei 12.594/12: é a lei que estabelece uma lógica para a aplicação das medidas socioeducativas, para as unidades de atendimento que vão desempenhar as funções de aplicação das medidas socioeducativas e para as autoridades que vão participar do processo de aplicação das medidas socioeducativas.
Estrutura:
1. União: coordenar e executar a política nacional;
2. Estados: criar e desenvolver programas para execução de semiliberdade e internação;
3. Municípios: criar e manter programas para execução de prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida.
As medidas de advertência e obrigação de reparar o dano não estão previstas porque elas não exigem uma atuação por parte do Estado, se esgotando no processo.
I. “Execução” das medidas socioeducativas – Formalização
1. Advertência e reparação de dano: executadas nos próprios autos (se aplicadas isoladamente) porque são medidas de duração instantânea.
2. Prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação: será aberto um processo de execução independente, porque são medidas de duração continuada.
II. Direitos individuais na execução de medidas socioeducativas e o PIA
 PIA: Plano Individual de atendimento. É obrigatório para todas as medidas, salvo advertência e reparação de dano.
· Para prestação de serviço à comunidade e liberdade assistida: elaboração do PIA em até 15 dias.
· Para semiliberdade e internação: por implicarem em privação de liberdade: a elaboração do PIA em até 45 dias. 
Os prazos de elaboração do PIA são contados do ingresso do adolescente no programa de atendimento.
O PIA tem por objetivo individualizar o adolescente.
Acompanhando por pais ou responsáveis e defensor (reservadamente) em todas as fases.
Visita íntima.
Desde que comprovado o casamento ou união estável.
Permite que a manutenção do vínculo familiar, o que é benéfico para processo de integração ou reintegração do adolescente.
Direitos:
1. Informação sobre a situação processual: a qualquer tempo.
2. Peticionar, por escrito ou oralmente, e ser respondido em até 15 dias.
3. Permanecer internado na mesma localidade do domicílio de seus pais ou responsável.
4. Inclusão em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida privativa de liberdade na localidade dos pais ou responsável.
Regra: não haverá transferência do adolescente, mas sim a inclusão em programa de meio aberto, já que ele tem direito de permanecer na mesma localidade de seus pais.
A exceção se dará no caso de ato infracional foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, quando se impõe a transferência para o local mais próximo.
III. Execução das medidas socioeducativas
1. Plano Individual: elaborado pela equipe técnica do programa de atendimento. 
Há previsão de vista ao Defensor e ao Promotor pelo prazo sucessivo de 3 dias, contados do recebimento da proposta encaminhada pela direção do programa de atendimento.
2. Impugnação do PIA: cabível, com possibilidade de audiência para discutir o plano.
A regra é que não há suspensão da execução como regra, salvo por determinação judicial.
3. Reavaliações: a qualquer tempo.
4. Gravidade, antecedentes e tempo da medida: não impedem a substituição por medida menos severa.
5. Substituição por medida mais severa: exige fundamentação em parecer técnico e audiência prévia. 
Audiência prévia: na substituição por medida mais severa e na impugnação do PIA.
6. Unificação de medidas:
A unificação de medidas ocorre quando o adolescente está cumprindo uma medida socioeducativa e se descobre a prática de um outro ato anterior, ou ainda está cumprindo uma medida e pratica um novo ato, no curso da aplicação da medida.
· Audiência do promotor e do defensor:
Para unificação das medidas é necessário ouvir o Promotor e o Defensor no prazo sucessivo de 3 dias.
 
· É vedado o reinício de cumprimento de medida, salvo se praticado novo ato infracional durante a execução.
· É vedada a regressão de medida e a aplicação de nova medida fundadas em atos infracionais pretéritos (“Absorção dos atos infracionais anteriores”)
Se o adolescente está cumprindo medida socioeducativa e se tem o conhecimento que praticou um outro ato antes do início de cumprimento da medida socioeducativa, esse ato anterior não se leva em consideração, é irrelevante.
Só é relevante se o novo ato infracional ocorrer durante a execução de uma medida socioeducativo.
Essa é a regra da absorção dos atos infracionais anteriores.
Obs.: O tempo de prisão cautelar não convertida em pena privativa de liberdade: deve ser descontado.
Exemplo: imagine que um adolescente pratique um ato infracional com 17 anos. Está cumprindo sua medida de internação, que tem prazo máximo de 3 anos e saída compulsória aos 21 anos. Nesse tempo, alega-se que ele praticou um crime, durante o cumprimento da medida socioeducativa (porque já é maior de 18 anos). É preso cautelarmente (saiu da unidade de internação e foi cumprir pena de prisão) por 6 meses, e posteriormente solto por não ter sido convertida em prisão privativa de liberdade. O tempo que ele cumpriu pena cautelarmente como adulto será descontado do prazo máximo de 03 anos. 
7. Extinção da Medida Socioeducativa:
a. Morte;
b. Realização da finalidade da medida;
c. Aplicação de pena privativa de liberdade em regime fechado ou semiaberto, ainda que em execução provisória.
Se teve condenação, e o adolescente começou a cumprir pena, extingue-se a medida socioeducativa.
Obs.: O simples “responder a processo-crime” (estar sendo processado/ainda não está cumprindo pena decorrente de sentença) apenas permite ao juiz extinguir a execução da medida socioeducativa.
d. Doença grave do adolescente, que exija tratamento especializado e torne inviável o cumprimento da medida socioeducativa.
8. Mandado de busca e apreensão: na hipótese em que o adolescente não é encontrado.
É válido por no máximo 6 meses, podendo ser prorrogado fundamentalmente.
9. Sanção disciplinar de isolamento: 
Em regra: é vedada a aplicação de sanção disciplinar de isolamento a adolescente. 
Mas há uma exceção: quando ela seja imprescindível para garantia da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção, sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 (vinte e quatro) horas.
(FCC – Defensor Público – SP/2009): Dentre os temas que resultaram na edição de SÚMULAS pelo Superior Tribunal de Justiça a respeito da aplicaçãoe execução de medidas socioeducativas encontram-se:
a) nulidade da desistência de provas em face da confissão do adolescente, aplicabilidade da prescrição penal às medidas socioeducativas, necessidade de oitiva do adolescente antes da decretação da regressão. CORRETA
b) competência exclusiva do juiz para aplicação de medida socioeducativa, improrrogabilidade do prazo de internação provisória, caráter sempre público da ação socioeducativa.
c) cabimento de medida em meio aberto com remissão, nulidade da desistência de provas em face da confissão do adolescente, aplicabilidade da prescrição penal às medidas socioeducativas.
d) necessidade de oitiva do adolescente antes da decretação da regressão, competência exclusiva do juiz para aplicação de medida socioeducativa, improrrogabilidade do prazo de internação provisória.
e) caráter sempre público da ação socioeducativa, cabimento de medida em meio aberto com remissão, nulidade da desistência de provas em face da confissão do adolescente.
Súmulas do STJ sobre Ato Infracional e Aplicação de Medidas Socioeducativas:
· Súmula 108 do STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.
· Súmula 265 do STJ: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa.
· Súmula 338 do STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
· Súmula 342 do STJ: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
· Súmula 492 do STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
(MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2015) Aponte a alternativa que não constitui causa de extinção da medida socioeducativa cominada ao adolescente infrator:
a) A realização da finalidade da medida socioeducativa.
b) A morte do adolescente.
c) A condição de doença grave, que torne o adolescente incapaz de submeter-se ao cumprimento da medida.
d) A aplicação de pena privativa de liberdade, a ser cumprida em regime fechado ou semiaberto, em execução provisória ou definitiva.
e) A aplicação de nova medida de internação, estando em curso execução de outra igual. CORRETA. Não é hipótese de extinção mas sim de unificação de medida se praticado durante a execução.
(UFMT – Promotor de Justiça – MT/2014) A respeito do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), analise as proposições abaixo.
I. Em regra, as medidas socioeducativas não comportam prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada a cada seis meses. Há um limite temporal máximo de 03 (três) anos para a internação e a semiliberdade, que se tem aplicado, por analogia, à liberdade assistida. 
II. Após cumprido o prazo máximo de 03 (três) anos, o adolescente poderá ser liberado ou colocado em regime de semiliberdade ou liberdade assistida. 
III.O Ministério Público é competente para conceder a remissão, mas impossibilitado de aplicar qualquer medida socioeducativa, atividade exclusiva da autoridade judiciária. 
IV. É possível a dispensa da produção probatória em sede de ação socioeducativa pública. ERRADO
Encontra-se em DESACORDO com o entendimento jurisprudencial e doutrinário que tem sido conferido às normas do ECA o que se afirma em
a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e IV, apenas
d) IV, apenas. CORRETA
e) II, III e IV, apenas.
8

Continue navegando