Buscar

APROXIMACOES ENTRE EC E O LEAO A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APROXIMAÇÕES ENTRE ÉTICA E CIDADANIA 
E O “O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPA”
I- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
II- C.S. LEWIS: VIDA E OBRA
III- APROXIMAÇÕES:
1. Na conceituação ético e cidadã
2. Na importância da verdade
3. Nos sistemas governamentais
4. No valor à liberdade e legislação
5. Na dignidade humana
6. Na sociedade
IV- CONSIDERAÇÕES FINAIS: O maior amor! O exemplo desafiador! Desafios encarnacionais. E daí? Que implicações práticas são requeridas a partir desta realidade?
CONSIDERAÇÕES INICIAIS-
A ética e cidadania são um fundamento da sociedade, no sentido horizontal da existência humana. Analisar as associações dos valores éticos e cidadãos a partir o filme “o Leão, a feiticeira e o guarda-roupa”, baseado na obra de C.S. Lewis é um privilégio pela riqueza da temática e da mídia.
C. S. LEWIS (1898-1963)
Clive Staples Lewis nasceu em Belfast, Irlanda. Um dos mais importantes intelectuais do século passado, escritor de mais de 30 livros, poeta, crítico literário dentre outros papéis sociais. Ensinou na área de Literatura Inglesa na Universidade de Oxford.
APROXIMAÇÕES:
1. Na conceituação ético e cidadã -
Ética é um conjunto de princípios atemporais, pois transcendem o tempo, as épocas diversas na humanidade e supraculturais, estando além das culturas diversas, como elementos requeridos em todas as épocas e para todos os povos. A síntese destes princípios é o AMOR. O amor expressa o cerne da ética e sua aplicação corresponde à verdadeira cidadania.
Há quatro palavras gregas, de onde recebemos grande influência à cultura ocidental, inclusive no campo linguístico, para o AMOR: a) eros, que representa o amor sensitivo, carnal, referente à atração sexual; b) storge, relacionado aos pares na família; c) filos, que trata da amizade sincera, verdadeira; e d) ágape, amor doador, que se entrega em favor do outro, visando o bem comum.
Isto posto, passemos a alguns episódios e personagens que podem ser associados a esta ideias éticas e cidadãs, no filme “Leão, feiticeira e guarda-roupa”, das “crônicas de Nárnia”.
Personagens:
Os quatro irmãos, dois filhos de Adão e duas filhas de Eva, eram de fato de Londres onde residiam com seus pais, antes de precisarem ser evacuados em face do bombardeio nazista, durante a segunda grande guerra. Cada um deles, Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia com seu perfil ético e cidadão.
Em termos éticos relacionando o AMOR, enquanto a síntese das virtudes da mansidão, perseverança, longanimidade, resiliência, capacidade de superar crises, fidelidade, domínio próprio, temperança, dentre outros aspectos.
Podemos citar a mãe das crianças, Helena que demonstrou amor pela família, cuidado, ao abrigar os filhos do bombardeio nazista; carinho na despedida de cada filho para o interior, todos exceto Edmundo, aceitaram de bom grado.
Destaquemos Lúcia como exemplo de gentileza, simplicidade e consideração para com o outro. Exemplos: a capacidade de perdão, demonstrada para com Edmundo que a tratava com desdém, e traíra a família, mas ela demonstra não ressentimento, ao dizer que “ele (Edmundo) é nosso irmão”, diante de Aslam, pedindo auxílio. Também após a conversa de Ed com o Leão, ela é a primeira a ir abraçá-lo. Também derrama a gota do suco da flor de fogo em seus lábios para curá-lo, após o mesmo ser ferido gravemente pela feiticeira na batalha final do bem contra o mal.
O mesmo espírito de perdão é manifesto por Lúcia em relação ao sr. Tumnus, o fauno, que procura sequestrá-la, fingindo-se amigo, a induz na aceitação de ir a seu abrigo onde ofereceria chás, bolos(?)com torradas e sardinhas. Em todo o tempo Lúcia acredita no seu interlocutor, e ao saber que estava sendo traída, demonstra espírito de perdão, sem ressentimentos e a maneira como trata seu “sequestrador” é de decepção, mas sem agressividade. Em nenhum momento posterior lembra que estava sendo raptada, pelo contrário procura ajudá-lo e salvá-lo, diante dos irmãos.
No livro “Os Discursos do Amor”, Kierkegaard, filósofo dinamarquês, considerado “Pai do Existencialismo” de viés teísta discorre sobre o texto de Paulo aos coríntios, no tema “o amor tudo crê, mas não se deixa enganar”, o que demonstra a postura de Lúcia que acredita até o fim no fauno, embora aceite o fato de estar sendo traída diante das evidências. Ela precisava ter certeza para então se posicionar.
2. Na importância da verdade -
Aristóteles em Metafísica afirma que “aquilo que é realmente é, e o que não é realmente não é.” Parece óbvio e de fato é, mas não nos deixemos enganar a sociedade está eivada de posicionamentos que parecem ser mas na realidade não são. Não se cumpre a “teoria da correspondência” da verdade.
Fazendo uma associação com a feiticeira branca, a imperatriz das ilhas desertas, Jadis que é retratada como sendo uma verdadeira rainha, mas na verdade é uma usurpadora. O verdadeiro Rei de Nárnia é Aslam, o Leão, que por direito de criação, conforme narrativa na crônica “o sobrinho do mago” registra o canto do Leão que traz à existência tudo e todos na terra vazia, enchendo-a de seres vivos e seu ambiente. A feiticeira branca, assim chamada, fundamenta seu trono, seu governo na mentira, falsidade. Inicialmente, na fala do sr. Tumnus, exige que qualquer narniano que vir um ser humano entregue a ela, feiticeira, induzindo assim o fauno ao sequestro que posteriormente é abandonado. Ela também mente ao prometer a Edmundo posição de autoridade como príncipe ou rei em futuro governo, induzindo-o a trazer seus irmãos para serem mortos e assim impedir o cumprimento da profecia que restauraria a paz a Nárnia. A falsidade e falta de transparência são características deste período de inverno rigoroso por que passa Nárnia.
A palavra da verdade é constatada na promessa feita por Aslam visando preservar a vida do traidor Edmundo, e de maneira firme e impactante rugi, demonstrando a todos em questionamento da “rainha” que cumpriria a promessa. E de fato, verdadeiramente , cumpriu!
Poderíamos parafrasear o pensamento, “sim, sim, não, não”, o que disto passar é da feiticeira. O Leão ilustra a transparência, autenticidade enquanto o outro lado a falsidade traiçoeira.
3. Nos sistemas governamentais –
Há diversas formas de governo que podem ser citadas, regimes onde prevalecem a liberdade, justiça, lei que visa o povo, o bem de todos e governos autocráticos, em que o arbítrio, a violência prevalecem em detrimento do bem comum.
As primeiras cenas do filme revelam o bombardeio nazista sobre um reino em que os súditos gozavam de espírito democrático. Transpondo o guarda-roupa encontramos dois momentos: o verão passado e o rigoroso inverno presente. Neste inverno a violência, a frieza nos relacionamentos se contrapõe à antiga Nárnia onde havia alegria dos faunos que dançavam, e não se cansavam, com as dríades, as música não traziam ameaça e medo. Um regime tirano, despótico, centrado em si mesmo, não permite manifestações religiosas, por exemplo, o natal não era comemorado há cem anos. Memorial da encarnação do Verbo, não tinha lugar na celebração narniana invernosa. Apenas o culto à personalidade, imposto pelo temor e terror violentos, imperavam.
4. No valor à liberdade e legislação –
A liberdade é o bem maior que o ser humano pode desfrutar em sua passagem nesta terra e está ligada a uma legislação que, sensível aos direitos inalienáveis ao ser humano, garanta o exercício do mesmo. 
Tratemos do espírito de liberdade em Nárnia no período invernoso. Esta estação iniciou com o regime autoritário da feiticeira. A liberdade foi suprimida, todo o regime imperialista a chefe, imperatriz das ilhas desérticas cerceava este direito. Traição, mentira, violência impediam o desfrutar de um espírito livre.
Quando o sr. Tumnus encarcerado no castelo da feiticeira, responde à pergunta da mesma porque estava preso, responde: “pois acredito em uma Nárnia LIIVRE”. Uma Nárnia livre! Este era o sentimento almejado pelos seres de bem. Jadis, a feiticeira, dará outra explicação, causa secundária, qual seja, a traição por Edmundo, mas de fato este filho de Adão trai o fauno em um contextode temor, terror e ambição, um império do mal.
A legislação é identificada como “a magia profunda”, um poder que envolve a tudo e a todos. O Leão mesmo responde aos filhos de Adão e filhas de Eva que resolver o problema da traição do quarto irmão seria mais difícil e doloroso que se poderia imaginar. Também no embate com a feiticeira cita ter estado presente quando a lei foi estabelecida, podendo ser entendido que participou efetivamente de sua elaboração, até porque foi o criador de Nárnia e seu regente legal.
Diante da mesa de pedra quebrada, logo após sua ressurreição, Aslam explica às filhas de Eva o real significado da tradição, legislação: “Se a feiticeira soubesse que uma vítima voluntária, inocente de traição se entregasse pelo traidor, até a própria morte seria removida”. A feiticeira desconhecia todo o conteúdo da lei, conhecimento superficial não é suficiente, quanto maior a precisão hermenêutica melhor, visando o cumprimento do que “está escrito”.
A própria Jadis, pouco antes de apunhalar o Leão, brada que a magia profunda será satisfeita, pois a lei requeria o castigo da traição, e foi o que aconteceu, a desobediência civil para com Nárnia e sua própria família precisava ser penalizada e a justiça atendida.
5. Na dignidade humana –
Os filhos de Adão e as filhas de Eva tinham o pressuposto da imago dei , expressão latina que revela a imagem de Deus, imputada aos humanos. Sem dúvida o ser humano tem um papel ímpar em toda a criação e durante o filme recebe uma atenção especial pois em toda a jornada para trazer novamente a paz a Nárnia, liderando o exército de Aslam e cumprindo a profecia, de acordo com a explicação dos castores.
Reconhecer que o ser humano e por extensão todos aqueles que habitam em Nárnia merecem um tratamento digno, respeitável, justo é fundamental.
Atentemos que a despótica feiticeira exclui a tudo e todos do que se espera para um ser vivo. Agressividade, violência e maus tratos são constantes em toda a história.
O sr. Tumnus e o próprio Edmundo, à prisão, com escassez de pão revela a falta de reconhecimento de parte da má usurpadora da dignidade do ser vivo, em especial o ser humano.
Por outro lado, as crianças, mesmo diante do comportamento reprovável de Edmundo na primeira fase, o tratam com urbanidade, principalmente Lúcia que diante de Aslam argumente em seu favor dizendo ser ele, seu irmão.
Pedro, com quem Ed entrava constantemente em conflito, procura sempre cuidar de seu bem estar e segurança nas mais diversas situações. Na batalha final do bem contra o mal, recomenda que saia do combate e leve as meninas para casa em segurança. O mesmo já havia se dado antes do combate no acampamento de Aslam, quando Pedro propõe que apenas ele fique para lutar.
O próprio Aslam coloca-se em lugar dele, ainda que malfeitor, é tratado com respeito, atenção e sacrifício.
6. Na sociedade – 
Somos um corpo social, “membros uns dos outros”, de maneira que o ambiente na sociedade é partilhado por todos, para o bem ou mal. O ser humano é gregário, não existe para viver só, precisa do outro para se realizar. Há muito é sabido, “não é bom que o homem esteja só.”
A sociedade narniana era coesa, harmoniosa sob o governo do Leão. Era sua família como bem disse o verdadeiro monarca. Todos trabalhavam para o bem comum visando a restauração da paz. Um verdadeiro exército. Todos sob o comandante Aslam, como cabeça da nação. A raposa, os castores além de parte das árvores e todos os membros do exército tinham papeis importantes e definidos. A responsabilidade no exercício da função social é extremamente relevante.
Sob a feiticeira, o regime era paralisante visava o mal, toda e qualquer discordância era punida com a morte na petrificação do indivíduo. Uma sociedade petrificada é inútil, uma força desativada e sem função social. Traição, violência, desamor caracterizaram aos súditos da rainha perversa. O tratamento para com os opositores era cruel, mas também para com os seus auxiliares, como o anão, que julgava seria morto, ao deixar libertar Edmundo. Usando pessoas e amando posição, poder e prestígio, quando Edmundo não lhe deu informações sobre sua família a quem intentava matar, foi ameaçado de morte também. 
Bons e maus exemplos do convívio social, são expressos.
IV CONSIDERAÇÕES FINAIS
O destaque final está no episódio sacrificial de Aslam em favor de Edmundo. Sabemos que Edmundo em grande parte da história demonstra egocentrismo, desamor e deixa-se levar pelo binômio prazer nos docinhos turcos e poder, quando deixa-se influenciar pelas falsas propostas de Jadis. Tendo um perfil reacionário, seria um sério candidato à rejeição mas o Leão, ao ouvir o veredito de Oreus, o centauro, de que tendo traído seus irmãos traiu a toda Nárnia, as sábias palavras de Aslam prevalecem: Calma, Oreus, deve haver uma explicação. E o Leão reconhece que é mais difícil do que parece a libertação de Edmundo.
Posteriormente o verdadeiro Rei encontra a usurpadora, e assume o compromisso de dar sua própria vida em substituição à do traidor na mesa de pedra.
Insultado, vilipendiado, mal tratado, cortam-lhe a juba, que seria sinal de merecida honra e respeito por sua imponente posição, status destacável no reino animal. Antes de sua morte, ouve da “mãe da mentira”, a feiticeira que o amor demonstrado na vicária, substitutiva morte pelo humano traidor seria inútil, sem propósito final. Assim, sem reação, mudo apesar de ter poder para libertar-se, submete-se voluntariamente, sem queixas para resgatar o traidor. 
Que exemplo do grande amor! 
Amor genuíno, verdadeiro que demonstra a grandeza de seu reino, a importância da liberdade em favor do condenado, cumprindo a lei. A dignidade humana é reconhecida, apesar do perfil do filho de Adão. E a sociedade, enfim poderá voltar à paz tão almejada.
O real amor, símbolo da ética e manifestação de autêntica cidadania. Este é o verdadeiro Rei que inspira confiança e desperta seguidores!
BIBLIOGRAFIA
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Martin Claret, 2017. 
BOBBIO, N. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Brasiliense, 2005.
LEWIS, C.S. A abolição do homem. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
LEWIS, C.S. As crônicas de Nárnia. 2ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
MORELAND, J. P. & CRAIG, W. L. Filosofia e Cosmovisão Cristã. Vida Nova
NASH, Ronald. Questões últimas da Vida. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 33ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

Outros materiais