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BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Deisiane Soares Murta Nobre Bovinocultura de Leite e Corte e Equídeos / NOBRE, DSM - Multivix, 2023 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2023 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS UNIDADE 1 Alterações de temperatura de um corpo de acordo com a diferença com o ambiente 18 Relação entre temperatura retal, frequência respiratória e estresse térmico em bovinos 32 UNIDADE 3 Estimativa da idade do animal pelos dentes permanentes 77 Vantagens do gado taurino e do gado zebuíno 85 UNIDADE 4 Influência da forma de processamento sobre a extensão da digestão de amido de milho em função da quantidade de amido que atingiu cada compartimento (rúmen, pós-rúmen) 104 Valores de carboidratos não fibrosos (CNF) e carboidratos não estruturais (CNe) para vários alimentos 107 Participação (%) na demanda total de alimentos concentrados energéticos e proteicos em rações comerciais para bovinos no Brasil em 2011 110 Valores de digestibilidade ruminal de amido de milho e sorgo em função do efeito do processamento 111 UNIDADE 5 Espaços destinados à criação de equinos 121 Esquema de vacinação 125 Algumas características valorizadas das raças nas espécies de interesse zootécnico acionado 128 Algumas características valorizadas das raças nas espécies de interesse zootécnico acionado 129 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 6 Princípios gerais para a alimentação dos equinos 144 Principais insumos utilizados em concentrados comerciais 150 Características de algumas gramíneas 153 Orientações para a suplementação de um equino com concentrados 155 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 A radiação solar possui efeito sobre o conforto térmico dos animais 14 A temperatura é influenciada por diversos fatores climáticos 15 A umidade do ar depende da quantidade de vapor de água presente 16 Fileiras de árvores atuam como quebra-vento 17 Os animais recebem radiação solar direta e do ambiente 18 Resposta do organismo animal quando na zona de termoneutralidade 19 O estresse térmico causa queda na produção de leite 20 O estresse térmico diminui a fertilidade dos touros 21 Cavalos têm alta capacidade de transpiração 23 Mamíferos têm mecanismos internos para controlar a temperatura corporal 24 A ingestão de alimentos contribui para a termogênese 25 Áreas sombreadas auxiliam na termorregulação 26 O conforto térmico animal é um desafio em climas tropicais 27 Aspersores de água auxiliam no conforto térmico de bovinos 28 As baias de cavalos precisam garantir o conforto térmico 29 Temperatura e umidade são utilizadas para calcular índices de conforto térmico 31 UNIDADE 2 O leite é o produto de origem animal mais consumido no Brasil 37 A rentabilidade está relacionada ao volume de leite produzido 38 Fontes de renda em uma propriedade leiteira 39 Sistema extensivo de produção de leite 40 Vacas de alta produção são mais suscetíveis à mastite 44 Principais prejuízos decorrentes da mastite 45 A bezerra deve tomar colostro nas primeiras três horas de vida. 47 Problemas de casco podem levar à redução da vida produtiva do animal. 48 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Algumas vacinas podem proteger a vaca e o bezerro. 49 Animal da raça girolando. 52 A classificação de tipo é a avaliação da conformação corporal do animal. 53 O teste de progênie avalia o valor genético de um touro. 54 A conformação de pernas e úbere são avaliados na classificação linear. 55 A herdabilidade de determinada característica deve ser considerada no melhoramento genético. 56 O intervalo entre partos é um indicador de eficiência reprodutiva. 58 O cio indica que o animal está próximo da ovulação. 60 Na monta natural, o macho pode cobrir até 30 fêmeas. 61 A inseminação artificial é uma importante biotécnica reprodutiva em bovinos. 61 A fertilização in vitro é uma biotécnica reprodutiva utilizada na bovinocultura leiteira. 63 Desvantagens da fertilização in vitro (FIV). 64 UNIDADE 3 O Brasil é um grande produtor de carne bovina 68 A cria é o sistema que mantém o bezerro até a desmama 70 Capim Brachiaria 72 Sistema agrossilvipastoril 74 A avaliação da carcaça visa garantir uma carne de qualidade ao consumidor 75 O rendimento de carcaça quente se baseia no peso vivo do animal 76 A área de olho de lombo tem relação direta com o rendimento de carnes nobres 79 O marmoreio é a gordura entremeada na carne 80 O pH da carne está relacionado com a aparência, o sabor e a suculência 81 Características de ingestão de alimento fazem parte da seleção genética 86 O melhoramento genético prioriza o ganho de peso 87 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Parâmetros medidos pela Diferença Esperada de Progênie (DEP) em gado de corte 89 No cruzamento industrial, utilizam-se fêmeas rústicas 90 Os nascimentos devem ocorrer, preferencialmente, na época de seca 91 Machos estão aptos a reproduzir com 50% a 70% do peso adulto 92 UNIDADE 4 Dieta balanceada 98 Produção de gases de efeito estufa (GEE) 100 Gado em confinamento em fazenda 103 Pastejo de bovinos 106 Vacas alimentadas em estábulo 113 UNIDADE 5 Atividade de sela 118 Diagrama parcial do complexo do agronegócio do cavalo 119 Equinos: sistema intensivo 122 Cavalos de diferentes cores e raças 127 Ciclo estral da égua 133 Égua e potro no pasto 135 UNIDADE 6 Caracterização da composição química dos alimentos 140 Aparelho digestivo do cavalo 141 Cavalos pastejando 146 Cavalo estabulado 147 Alimentação no cocho 149 Cavalo em atividade de pista 152 9 MULTIVIX EAD Credenciadapela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 11 1. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL 13 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 13 1.1 BIOCLIMATOLOGIA 13 1.2 AMBIÊNCIA 23 2. BOVINOCULTURA DE LEITE 36 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 36 2.1 CONCEITOS GERAIS 36 2.2 REPRODUÇÃO 50 3. BOVINOCULTURA DE CORTE 67 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 67 3.1 CONCEITOS GERAIS 67 3.2 REPRODUÇÃO 81 4. NUTRIÇÃO DE BOVINOS 95 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 95 4.1 A ALIMENTAÇÃO DOS BOVINOS 95 4.2 FORMULAÇÃO DE DIETAS 105 5. EQUIDEOCULTURA 117 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 117 5.1 CONCEITOS GERAIS 117 5.2 REPRODUÇÃO 126 6. NUTRIÇÃO DE EQUÍDEOS 139 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 139 6.1 A ALIMENTAÇÃO DE EQUÍDEOS 139 6.2 FORMULAÇÃO DE DIETAS 151 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina Bovinocultura de Leite e Corte e Equídeos objetiva proporcionar conhecimentos importantes para essas criações animais de grande relevân- cia econômica para o país. O Brasil tem aproximadamente 218 milhões de cabeças de bovinos. As ati- vidades dessa criação pecuária no Brasil são predominantemente a bovino- cultura de corte e de leite, com grande parte de raças europeias, indianas e híbridos para finalidade de adaptação ao clima. O Brasil é o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo e o sexto maior produtor de leite. A criação de equinos, por sua vez, conta com quase 6 milhões de cabeças no país, com finalidade de trabalho e esporte. Para profissionais atuantes em agronomia, é crucial adquirir uma visão geral e integrada da bovinocultura de leite, da bovinocultura de corte e da equi- deocultura para a compreensão dos principais fatores e princípios aplicados a essas criações animais. Para tanto, é necessário conhecer os principais fa- tores climáticos que impactam a produtividade dos animais, compreender as formas de adaptação deles ao clima e saber mensurar a eficiência dessa adaptação, bem como identificar as principais características da produção, compreender as medidas de manejo e conhecer os componentes e os princí- pios da formulação de dietas de bovinos de leite, bovinos de corte e equídeos. UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS > Conhecer os principais fatores climáticos que impactam a produtividade dos animais. > Compreender as formas de adaptação dos animais ao clima e mensurar a eficiência dessa adaptação. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS 1. BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, abordaremos os principais conceitos de bioclimatologia ani- mal, com aplicação especial em bovinos e equinos. A bioclimatologia permite o estudo do animal com o ambiente e as respostas fisiológicas para a melhor adaptação. Trata-se de uma ferramenta para o bem-estar animal que tem sido cada vez mais uma exigência de mercado (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). O conforto térmico é um dos preceitos das cinco liberdades do bem- -estar animal, determinando que o animal deve estar “livre de desconforto térmico e físico” (ROLIM, 2014). Particularidades de cada ambiente acarretam diferentes respostas do orga- nismo dos animais. Dessa forma, conhecer essas respostas permite traçar estratégias de manejo que limitem os efeitos prejudiciais daquele ambiente sobre o bem-estar animal e a produtividade, garantindo a viabilidade econô- mica da atividade pecuária (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). Iniciaremos a unidade com o estudo dos fatores e dos elementos climáticos, o efeito do clima sobre os animais e os mecanismos de transferência de energia térmica. Em seguida, veremos os principais mecanismos de termorregulação dos bovinos e dos equinos, com avaliação comparativa entre animais e dife- rentes ambientes. Por fim, apresentaremos os principais índices de adapta- ção e de conforto térmico. 1.1 BIOCLIMATOLOGIA A bioclimatologia animal é a ciência que analisa e estuda as relações entre o clima e os animais, coletando informações precisas sobre eles, o que inclui o conhecimento dos elementos meteorológicos, assim como das respostas fisiológicas e dos comportamentais dos animais, com o objetivo de garantir o bem-estar e a produtividade deles. 1.1.1 FATORES E ELEMENTOS CLIMÁTICOS Os fatores e os elementos climáticos mais importantes, quando se trata de bioclimatologia animal, são a radiação solar, a temperatura, a umidade do 14 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ar e o vento. A radiação solar é aquela emitida pelo Sol e gera grande efeito no conforto térmico dos animais (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Quando um cor- po emite radiação devido à temperatura, tal fenômeno é a radiação térmica (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). • Radiação solar A radiação solar é refletida parcialmente pela atmosfera, não chegando à superfície terrestre. • Partes da radiação Parte da radiação é absorvida pelos gases, como dióxido de carbono (CO2) e vapor de água, principalmente em dias nublados, e outra parte chega à superfície (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). A RADIAÇÃO SOLAR POSSUI EFEITO SOBRE O CONFORTO TÉRMICO DOS ANIMAIS Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de uma vaca pastando com incidência de raios de sol sobre ela. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS A temperatura é relacionada ao grau de agitação das moléculas de determi- nado corpo ou meio e é provocada por energia proveniente da radiação. A temperatura é tanto mais quente quanto maior for o grau de agitação des- sas moléculas e é influenciada por latitude, altitude, ocorrência de correntes oceânicas, massas de ar e continentalidade (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). A TEMPERATURA É INFLUENCIADA POR DIVERSOS FATORES CLIMÁTICOS Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um campo com árvores e montanhas ao fundo, com névoa encobrindo a paisagem. Para uso na pecuária, a temperatura pode ser medida em graus Celsius (°C) ou graus Fahrenheit (°F). Para converter uma temperatura aferida em °F para °C, deve-se utilizar o seguinte cálculo: • °C= (°F-32)/1,8 Para converter °K em °C, utiliza-se o cálculo a seguir: • K= °C+273,15 16 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A umidade do ar é determinada pela quantidade de vapor de água presente, que, por sua vez, depende da evaporação de fontes de umidade como lagos, rios, oceanos e vegetação. A umidade, assim como a temperatura, é maior em regiões tropicais (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). A UMIDADE DO AR DEPENDE DA QUANTIDADE DE VAPOR DE ÁGUA PRESENTE Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de uma folha vegetal contendo gotículas de água na superfície. O vapor de água presente no ar exerce uma pressão no ambiente. Quanto mais vapor existe, maior é a pressão que exerce. Quando a pressão de vapor chega a um valor muito alto, o animal não consegue eliminar o próprio vapor de água como tentativa de resfriamento (na sudorese, por exemplo) (AZE- VÊDO; ALVES, 2009; CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). O vento é o deslocamento de ar de zonas de maior pressão para zonas de me- nor pressãode massas de ar. O vento é afetado pela altura em que é medido (distância do solo), por fenômenos atmosféricos e pela presença de obstácu- los no terreno, como construções e árvores (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS • Velocidade do vento: Medida em quilômetros por hora (km/h), metros por segundo (m/s) ou nós com um aparelho denominado anemômetro. A direção do vento, por sua vez, é estimada com cata-vento ou biruta. • Direção: Medida a partir da origem do vento, sendo determinada pelos pontos cardeais ou pelo ângulo correspondente na esfera terrestre (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). FILEIRAS DE ÁRVORES ATUAM COMO QUEBRA-VENTO Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de uma fileira de árvores em uma fazenda. Quebra-ventos, que são faixas plantadas de árvores ou arbustos, são instala- dos com o intuito de mudar o fluxo do vento para não afetar negativamente os animais e as lavouras (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). 18 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.1.2 EFEITOS DO CLIMA SOBRE OS ANIMAIS Além d a radiação solar direta, o animal recebe radiação proveniente do am- biente (CARNEVSKIS; LOURENÇO, 2018). Assim, existem três cenários possí- veis, como descrito na figura a seguir. ALTERAÇÕES DE TEMPERATURA DE UM CORPO DE ACORDO COM A DIFERENÇA COM O AMBIENTE Corpo mais frio que o meio Corpo em equilíbrio com o meio Corpo mais quente que o meio Absorve mais radiação do que emite Taxas de emissão e absorção de radiação são iguais Emite mais radiação do que absorve Absorve mais radiação do que emite Taxas de emissão e absorção de radiação são iguais Emite mais radiação do que absorve Temperatura do corpo aumenta Sem alteração de temperatura Temperatura do corpo diminui Fonte: adaptada de Carnevskis e Lourenço (2018, p. 51). #pratodosverem: esquema das alterações de temperatura de acordo com o ambiente. OS ANIMAIS RECEBEM RADIAÇÃO SOLAR DIRETA E DO AMBIENTE Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um cavalo pastando sob o sol. 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS A zona de termoneutralidade é aquela em que o animal não sofre estresse por frio nem por calor; é delimitada pela temperatura crítica inferior, abaixo da qual o animal sofre estresse pelo frio, e pela temperatura crítica superior, acima da qual o animal sofre estresse pelo calor (AZEVÊDO; ALVES, 2009; MO- RAES; ISHIHARA; SALES, 2020). RESPOSTA DO ORGANISMO ANIMAL QUANDO NA ZONA DE TERMONEUTRALIDADE Corpo mais frio que o meio Temperatura do corpo aumenta Absorve mais radiação do que emite Corpo em equilíbrio com o meio Sem alteração de temperatura Corpo mais quente que o meio Temperatura do corpo diminui Emite mais radiação do que absorve Taxas de emissão e absorção de radiação são iguais Fonte: adaptada de Azevêdo e Alves (2009, p. 12). #pratodosverem: esquema informativo sobre a resposta do organismo animal na zona de termoneutralidade. A eficiência produtiva é afetada pelo estresse por calor ou frio, pois o animal utiliza parte da energia obtida da dieta para sustentar mecanismos de regu- lação da temperatura corporal (MORAES; ISHIHARA, 2020). Tratando-se do estresse calórico, que é o estresse pelo calor, os efeitos da temperatura alta são maximizados pela alta umidade do ar e pela baixa velocidade do vento (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). Em vacas leiteiras, são observados aumento da temperatura retal, da frequ- ência cardíaca e da frequência respiratória em resposta ao estresse térmi- co, acarretando alterações na qualidade do leite (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). Além disso, a redução do consumo de matéria seca impacta negativa- mente o volume de leite produzido (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 20 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O ESTRESSE TÉRMICO CAUSA QUEDA NA PRODUÇÃO DE LEITE Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um úbere de uma vaca. Em relação ao desenvolvimento fetal, observa-se menor crescimento e menor peso ao nascer em bovinos de raças europeias, o que seria o contrário caso es- tivessem em ambiente de clima temperado. A fertilidade de bovinos também é afetada, com maior ocorrência de anestro, estros anovulatórios, atrasos na ovulação, estros curtos e estros silenciosos. Em touros, a qualidade do sêmen, a concentração e a motilidade espermática são afetadas negativamente pelo estresse calórico, reduzindo a fertilidade (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Em equinos atletas, o estresse calórico ocasiona queda no rendimento devido ao direcionamento de energia para mecanismos termorregulatórios. Ainda, animais de esporte são frequentemente transportados para competições, o que pode ser um desafio para o conforto térmico dos cavalos (FONSECA; OLI- VEIRA, 2015). 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS Animais de pelo escuro estão mais suscetíveis ao estresse calórico devido à maior absorção da irradiação (FONSECA; OLIVEIRA, 2015). Bovinos com pele pigmentada, pelos claros, curtos e densos têm maior resistência ao calor e são mais adaptados a regiões tropicais (NICOLAU; SILVA; MOTA, 2004). Esse é o caso do gado Nelore, a raça mais importante de bovinos de corte no Brasil. O ESTRESSE TÉRMICO DIMINUI A FERTILIDADE DOS TOUROS Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um touro no campo. 1.1.3 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA TÉRMICA Os principais mecanismos de transferência de energia térmica de bovinos e equinos são: condução, convecção, radiação e evaporação. 22 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Condução O contato entre o corpo do animal e uma superfície sólida leva a uma transferência de calor da superfície mais quente para a mais fria até ocorrer o equilíbrio térmico, ou seja, até ambos alcançarem a mesma temperatura. O animal pode, portanto, ganhar ou perder calor nesse processo (AZEVÊDO; ALVES, 2009). • Convecção Ocorre na troca de calor entre o corpo do animal e um meio fluido, como água ou ar, e depende da velocidade do ar (AZEVÊDO; ALVES, 2009). • Radiação Ocorre a dissipação de calor do corpo do animal para o ambiente por meio de ondas eletromagnéticas (AZEVÊDO; ALVES, 2009). • Evaporação Ocorre por meio da sudorese e pela perda de água na respiração (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Quando os animais estão submetidos a temperaturas dentro da zona de con- forto térmico, três quartos das trocas de calor com o ambiente ocorrem por condução, evaporação ou radiação. Porém, quando a temperatura está acima da temperatura crítica superior, esses mecanismos se tornam menos eficien- tes, pois atuam melhor quando há grande diferença entre a temperatura ex- terna e a temperatura corporal do animal (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Nesse caso, a termólise é iniciada, e a evaporação se torna o mecanismo de perda de calor mais importante, contribuindo para cerca de 80% do processo (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS CAVALOS TÊM ALTA CAPACIDADE DE TRANSPIRAÇÃO Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia com foco na cabeça e no pescoço de um cavalo jovem. A capacidade de transpiração varia muito entre as espécies, sendo maior em cavalos que em bovinos. Além disso, a eficiência da perda de calor pela trans- piração depende da umidade relativa do ar. Se a umidade for alta, a dissipa- çãode calor pela transpiração é muito menor e, portanto, ocorre maior risco de estresse térmico (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 1.2 AMBIÊNCIA A ambiência se refere ao que é do ambiente, como o próprio nome sugere. Diz respeito ao que rodeia os seres vivos; isso inclui o meio físico em que o ser vivo, animal ou vegetal, vive. 1.2.1 MECANISMOS DE TERMORREGULAÇÃO Homeotermia é a capacidade de conservação da temperatura corporal cons- tante, mesmo quando existe variação da temperatura ambiente (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). Essa é uma característica presente em mamíferos e 24 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 é crucial para a sobrevivência do animal (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Compensa- ções fisiológicas têm o objetivo de regular a produção de calor e a dissipação dele para o ambiente, mantendo a temperatura interna controlada, tratando- -se da termorregulação (AZEVÊDO; ALVES, 2009). MAMÍFEROS TÊM MECANISMOS INTERNOS PARA CONTROLAR A TEMPERATURA CORPORAL Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um bezerro mamando no úbere de uma vaca. A termorregulação é uma resposta do animal para manter a temperatura dentro da zona de termoneutralidade (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). O estresse pelo frio gera respostas de maior produção de calor interno, a termo- gênese (AZEVÊDO; ALVES, 2009), aumentando a taxa metabólica e o consu- mo de alimentos (AZEVÊDO; ALVES, 2009; MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). A termogênese pode ser alcançada por meio de diversos mecanismos, como o calor metabólico obtido na digestão dos alimentos, a atividade muscular, a prenhez e a lactação (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Outras respostas são a vaso- constrição periférica e a piloereção (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS A INGESTÃO DE ALIMENTOS CONTRIBUI PARA A TERMOGÊNESE Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um cavalo comendo feno. A termorregulação comportamental ao frio inclui a busca por abrigo e o ato de enroscar o corpo, diminuindo a superfície de contato com o ambiente (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Tremores musculares e liberação de substâncias como adrenalina, noradrenalina, glicocorticoides e hormônios tireoidianos aumentam a taxa metabólica e a termogênese (AZEVÊDO; ALVES, 2009). A liberação de glicocorticoides como resposta ao estresse ocasiona queda na resposta imunológica do animal, favorecendo a ocorrência de doenças (AZE- VÊDO; ALVES, 2009). Da mesma forma, se há estresse pelo calor, ocorre a tentativa da redução do calor interno (termólise) pela diminuição da taxa metabólica e da alimenta- ção (AZEVÊDO; ALVES, 2009; MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). A redução da taxa metabólica ocorre pela redução da liberação dos hormônios tireoidia- nos (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Além disso, existem as formas de dissipação de calor para o ambiente, ou seja, condução, convecção, radiação e evaporação (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Dessa forma, aumentam-se a frequência respira- tória, a sudorese (evapotranspiração) e a vasodilatação periférica (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 26 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Em relação à termorregulação comportamental ao calor, alguns exemplos são a tentativa de se proteger em áreas sombreadas e o aumento da ingestão de água (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). ÁREAS SOMBREADAS AUXILIAM NA TERMORREGULAÇÃO Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de vacas e bezerros sob a sombra de uma árvore. 1.2.2 AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE ANIMAIS E AMBIENTES Em climas tropicais e subtropicais, o estresse térmico é um grande desafio para garantir o bem- estar animal (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). Isso ocorre porque, nessas regiões, há alta temperatura ambiente e alta radiação solar associadas à alta umidade relativa do ar (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS O CONFORTO TÉRMICO ANIMAL É UM DESAFIO EM CLIMAS TROPICAIS Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de vacas deitadas no pasto em exaustão pelo calor. O sombreamento é um importante fator para bovinos de corte no Brasil. Ob- serva-se maior ganho de peso diário quando os animais em confinamento têm acesso a áreas sombreadas nas horas mais quentes do dia (MORAES; ISHIHA- RA; SALES, 2020). Em áreas com árvores, os animais se aglomeram na sombra desses vegetais; quando a quantidade de sombra não é suficiente, têm acesso a ela os animais dominantes do lote (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). A zona de termoneutralidade varia de acordo com a espécie e a raça. Em bovinos de raças europeias, provenientes de climas temperados, a Temperatura Crítica Inferior (TCI) é de -10°C, enquanto a Temperatura Crítica Superior (TCS) é de 27°C. Para bovinos indianos, provenientes de climas tropicais, a TCI é de 0°C, e a TCS é de 35°C (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 28 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Porém, tais zonas de termoneutralidade pode variar com a umidade relativa do ar e com o nível metabólico do animal, que depende, por sua vez, da dieta e nível de produção (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Vacas leiteiras de alta produção são mais suscetíveis ao estresse calórico devido ao alto metabolismo e alto consumo energético da dieta (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Entretanto, existe um intervalo dentro da zona de termoneutralidade em que o animal tem gasto fisiológico mínimo para manutenção da homeotermia — portanto, potencial máximo de produtividade —, que é a zona de conforto térmico (TC). A TC de bovinos europeus é de -1°C a 16°C, enquanto em bovinos indianos é de 10°C a 27°C (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Uma das formas mais eficientes de alcançar o conforto térmico em bovinos leiteiros é usar aspersores de água combinados com ventiladores, levando a uma troca de calor do tipo convecção (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Sombrites e sombras de árvores são utilizados com eficiência em criação de gado de corte e de leite (AZEVÊDO; ALVES, 2009). ASPERSORES DE ÁGUA AUXILIAM NO CONFORTO TÉRMICO DE BOVINOS Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de gotículas de água liberadas por aspersor. 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS Para saber mais do conforto térmico de vacas leiteiras e mecanismos para alcançá-lo, leia este artigo. No caso de estresse térmico pelo frio, considerando nosso país, observa-se maior malefício a bezerros devido a baixas reservas energéticas e pouca co- bertura corporal (AZEVÊDO; ALVES, 2009). A TCI para bezerros recém-nascidos é de 10°C, estando a TC entre 18°C e 21°C (AZEVÊDO; ALVES, 2009). A energia de mantença a baixas temperaturas é maior do que em bezerros com mais de três semanas (AZEVÊDO; ALVES, 2009). Os equinos costumam ser alojados em baias em boa parte do dia, por isso a qualidade das instalações afeta diretamente o conforto térmico. A combina- ção do piso com a qualidade e a quantidade de camas, assim como o manejo destas, são determinantes para manter a temperatura e a umidade corretas (CASTRO; VASCONCELOS, 2019). AS BAIAS DE CAVALOS PRECISAM GARANTIR O CONFORTO TÉRMICO Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um cavalo dentro de uma baia, olhando para fora pela abertura superior. http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/index.php/ACSA/article/view/62/pdf 30 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Pisos de cimento podem deixar o ambiente muito frio se a cama não for alta o suficiente,já pisos de areia permitem melhor drenagem e menor umidade. O importante é que, independentemente do tipo de piso, a cama sempre esteja presente. Além disso, o animal deve ter acesso a água limpa e fresca à vontade (CASTRO; VASCONCELOS, 2019). Para saber mais da mensuração do estresse térmico em equinos, leia este artigo. 1.2.3 ÍNDICES DE ADAPTAÇÃO E CONFORTO TÉRMICO Alguns dos índices de conforto térmico mais importantes na produção ani- mal são: • Índice de Temperatura e Umidade (ITU); • Índice de Temperatura de Globo Negro e Temperatura de Ponto de Orvalho (ITGU); e • Carga Térmica Radiante (CTR) (MORAES; ISHIHARA; SALES, 2020). O ITU é muito utilizado para mensurar o conforto térmico de ruminantes. Va- lores de ITU acima de 72 são considerados estressantes para vacas leiteiras de alta produção (AZEVÊDO; ALVES, 2009). https://www.scielo.br/j/eagri/a/FjvZbvpxRHzPSbKMXV9Wgwf/?format=pdf&lang=pt 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS TEMPERATURA E UMIDADE SÃO UTILIZADAS PARA CALCULAR ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um termômetro digital de mesa com indicador de umidade relativa do ar. Esse índice depende da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar. Dessa forma, mesmo uma temperatura considerada dentro da termoneutra- lidade pode causar estresse calórico caso a umidade relativa do ar apresente valores muito altos. Um ITU até 70 é considerado sem estresse; entre 71 e 78, é considerado crítico; de 79 a 83, é considerado perigoso; acima de 83, é consi- derado uma emergência (AZEVÊDO; ALVES, 2009). O ITGU é um índice considerado mais confiável que o ITU, pois analisa outros fatores adicionais, como radiação, pressão barométrica e efeito do vento (AZE- VÊDO; ALVES, 2009). Outros índices podem ser calculados a partir de mensu- rações realizadas nos próprios animais, como temperatura retal, frequência respiratória e frequência cardíaca (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 32 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 RELAÇÃO ENTRE TEMPERATURA RETAL, FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA E ESTRESSE TÉRMICO EM BOVINOS Temperatura retal (°C) Frequência respiratória (mrpm) Nível de estresse 38,3 23 Sem estresse 38,4 a 38,6 45 a 65 Estresse controlado, sem afetar atividades fisiológicas 39,1 70 a 75 Estresse calórico inicial, com diminuição do apetite, sem perdas na produção e na fertilidade 40,1 90 Estresse acentuado, perda de apetite, queda na produção e alterações no estro 40,9 100 a 120 Estresse sério, com alta perda na produção, ingestão de alimentos e fertilidade > 41 > 120 Estresse mortal Fonte: adaptada de Azevêdo e Alves (2009, p. 62). #pratodosverem: tabela apresentando a relação entre a temperatura retal, a frequência respiratória e o estresse em bovinos. Esses índices são: • teste de Rhoad (teste de Iberia): tem o objetivo de medir a eficiência do bovino em manter a temperatura retal em até 38,3°C. A tolerância ao calor é tão maior quanto maior for o valor do coeficiente. Os bovinos são submetidos à radiação solar direta, sem receber água, em dia luminoso em que a temperatura esteja entre 29°C e 35°C. É mensurada a temperatura retal dos animais às 10h e às 15h. Esse procedimento deve ser realizado por três dias (podendo ou não ser consecutivos). Com o valor da temperatura retal média, aplica-se a seguinte equação: CTC = 100 - 18 (TRm - 38,3) Em que: CTC = Coeficiente de Tolerância ao Calor TRm = temperatura retal média 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS • teste de Benezra: associa o teste de Rhoad aos valores de frequência respiratória, sendo mais acurado. Quanto mais próximo o coeficiente se aproximar do valor 2, mais tolerante ao calor é o animal. O cálculo se dá pela equação: CTC = temperatura retal/38,3 + frequência respiratória/23 • teste de Rainsby: mede a adaptabilidade do animal ao calor por meio da mensuração da dissipação do calor. O animal é submetido a exercício para que a temperatura retal se eleve acima de 40°C. Depois, ele é alocado em ambiente sombreado e a temperatura é medida em intervalos determinados, até que volte ao valor normal. Quanto mais rapidamente a temperatura voltar aos valores basais, mais adaptado ao calor é o animal; • câmaras climáticas: permitem maior controle das condições ambientais, porém, o uso é limitado devido aos custos envolvidos (AZEVÊDO; ALVES, 2009). 34 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Nesta unidade, nosso objetivo foi apresentar os principais conceitos de bio- climatologia animal, com enfoque em bovinos e equinos. Em países tropicais como o Brasil, o conforto térmico animal não é apenas um critério de bem-es- tar, mas também permite que o animal expresse o máximo potencial gené- tico de produtividade e rendimento. Diversas técnicas de mensuração estão disponíveis, cujo uso permite traçar estratégias para evitar o estresse térmico em animais de produção. Em bovinos, o conforto térmico é uma preocupação em animais de alta pro- dução leiteira. Visando à manutenção da produtividade, é necessário realizar adaptações no ambiente que mitiguem os efeitos do clima sobre os animais. O uso de ventiladores, associados a aspersores de água, facilita a dissipação de calor via mecanismo de convecção. Em bovinos de corte — que, no Brasil, são em sua maioria de raças de origem tropical —, a estratégia mais utilizada é o uso de áreas de sombreamento. Em bezerros, a maior preocupação é com o estresse pelo frio devido à dificuldade de termogênese desses animais. Equinos têm maior eficiência de dissipação do calor via sudorese que bovi- nos. Acesso a água fresca e sombreamento auxiliam na ambiência desses animais. Em relação ao conforto térmico no frio, a manutenção de uma die- ta em maior quantidade e o material da cama garantem a termorregulação adequada. MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais do tema, acesse: 1. Ambiência no transporte de equinos e os efeitos nas respostas ao estresse. LINK. 2. Estresse térmico na reprodução equina. LINK. 3. Conforto térmico e bem-estar animal em pastagem: um desafio para a pecuária tropical. LINK. 4. Impacto do estresse térmico na reprodução da fêmea bovina. LINK. 5. Comportamento ingestivo e respostas termorregulatórias de equinos em atividades de pastejo. LINK. http://www.nupea.esalq.usp.br/admin/modSite/arquivos/imagens/64c77bf432136952f9f6ce4bd5f91e46.pdf http://cbra.org.br/portal/downloads/publicacoes/rbra/v43/n2/p216-221%20(RB796).pdf https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/167367/1/Conforto-termico-e-bem-estar-animal-em-pastagem.pdf http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/v36n1/pag18-24.pdf https://www.researchgate.net/profile/Gioto-Ghiarone-Terto-E-Sousa/publication/276302684_Comportamento_Ingestivo_e_Respostas_Termorregulatorias_de_Equinos_em_Atividades_de_Pastejo/links/5e8dcc8792851c2f52888c4d/Comportamento-Ingestivo-e-Respostas-Termorregulatorias-de-Equinos-em-Atividades-de-Pastejo.pdf UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS > Identificar as principais características da produção de bovinos de leite. > Compreender as medidas de manejo em bovinocultura de leite. > Você vai adquirir um conhecimento geral da bovinocultura leiteira, como a importância econômica, os tipos de criação e as instalações, o manejo sanitário, as raças do país, o manejo reprodutivo e melhoramento genético. 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017,Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS 2. BOVINOCULTURA DE LEITE INTRODUÇÃO DA UNIDADE A bovinocultura de leite é uma das atividades pecuárias mais importantes do país, sendo que o leite tem alto valor nutritivo e é acessível a grande parte da população (ANVISA, 2018). Essa atividade pecuária tem muitas peculiaridades que fazem com que seja crucial o conhecimento integrado de mercado, sis- temas de produção e manejo (OLIVEIRA et al., 2001). A maior parte das propriedades consiste em pecuária leiteira familiar, moda- lidade responsável pela produção de mais da metade do leite no país (REIS et al., 2020; FERRAZZA; CASTELLANI, 2021). Porém, trata-se de um setor agrope- cuário com características heterogêneas entre os diferentes tipos de criação, o que demanda um conhecimento amplo do profissional que atuará nessa área para que possa prestar assistência técnica de qualidade para o criador. Nesta unidade, serão abordados os principais conceitos relacionados à bovi- nocultura leiteira, com foco nas características do clima e do gado presente em nosso país. 2.1 CONCEITOS GERAIS A seguir, serão apresentadas informações gerais a respeito da pecuária leitei- ra como atividade econômica, bem como os sistemas de criação presentes no país e os pontos mais importantes do manejo sanitário de bovinos leiteiros. 2.1.1 IMPORTÂNCIA E MERCADO DA BOVINOCULTURA DE LEITE Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o leite bovino é o produto de origem animal mais consumido no país, sendo um componente relevante na dieta de grupos populacionais mais vulneráveis e suscetíveis a doenças, como crianças e idosos (ANVISA, 2018). A atividade está distribuída em todo o Brasil, contando com mais de 11 mi- lhões de vacas ordenhadas e 30 bilhões de litros de leite produzidos (FERRA- ZZA; CASTELLANI, 2021). 37 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O LEITE É O PRODUTO DE ORIGEM ANIMAL MAIS CONSUMIDO NO BRASIL Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: copo cheio de leite ao lado de um latão para armazenamento de leite. Os maiores estados produtores são Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (FERRAZZA; CASTELLANI, 2021). O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, porém, ainda com baixa produtividade média. A exportação de produtos lácteos ocorre principalmente para países da Amé- rica Latina e África (MAIA et al., 2013). Visto que os custos fixos de produção são altos, a margem de lucro depende de uma busca por maior volume pro- duzido (OLIVEIRA et al., 2001). 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS Alguns dos indicadores mais importantes da pecuária leiteira são (OLIVEIRA et al., 2001): • produção de leite por hectare/ano; • produção média por vaca em lactação/dia; • produção média diária/total de vacas do rebanho; • idade ao primeiro parto; • mão de obra/litro de leite produzido; • taxa de natalidade; • intervalo entre partos; e • litros de leite/kg de concentrado fornecido. A RENTABILIDADE ESTÁ RELACIONADA AO VOLUME DE LEITE PRODUZIDO Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: úbere de uma vaca com um equipamento de ordenha acoplado aos tetos. As vacas em lactação são os animais que trarão rendimentos que sustentarão a si próprios e aos outros do plantel. O ideal é que as vacas em lactação repre- sentem 83% dos animais do rebanho, dependendo de características raciais, sanidade, alimentação e intervalo entre partos (OLIVEIRA et al., 2001). 39 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Já a venda é feita sobre animais de descarte ou de engorda, ou animais de alto valor genético em leilões (OLIVEIRA et al., 2001; MIRANDA; FREITAS, 2009). FONTES DE RENDA EM UMA PROPRIEDADE LEITEIRA Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: fluxograma sobre as fontes de renda de uma propriedade leiteira. O leite é um produto perecível, que exige que a captação na fazenda tenha que ser realizada quase que diariamente, levando os laticínios a contarem apenas com o leite fornecido por produtores da região (MAIA et al., 2013). 2.1.2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO E INSTALAÇÕES Os principais sistemas de criação de bovinos leiteiros são o extensivo, o se- miextensivo e o intensivo (CASTRO; VASCONCELOS, 2019). O índice de produ- tividade da terra (IPT) mede a produção de um item agropecuário por hecta- re, sendo maior em um sistema intensivo do que em um sistema extensivo (OLIVEIRA et al., 2001). O sistema extensivo é a criação a pasto, sendo o pastejo a principal fonte de alimentação dos mesmos (SALMAN; PFEIFER, 2020). 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS SISTEMA EXTENSIVO DE PRODUÇÃO DE LEITE Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: vacas leiteiras em um pasto, com uma carroça ao lado, e, ao fundo, um lago e um casarão. O sistema intensivo é também conhecido como confinamento, e os tipos mais importantes são o free stall, o tie stall, o loose housing e o compost barn (MOTA et al., 2017). Free stall: trata-se de uma área cercada e coberta em que os animais têm baias individuais para descanso e um local de circulação. Sistema free stall Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: vacas leiteiras em galpão de sistema free stall. 41 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Tie stall: semelhante ao free stall, mas as vacas ficam contidas, lado a lado, em baias individuais, com uma corda ou corrente presa ao pescoço. São soltas apenas no momento da ordenha. Sistema tie stall Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: vacas se alimentando, lado a lado, cada uma presa com uma corda na baia individual do tie stall. Loose housing: estábulos que contêm uma área coberta e uma área com incidência direta do sol. O sistema exige um maior capital investido por animal, devido à área que ocupa. Sistema loose housing Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: vacas leiteiras circulando em uma instalação do tipo loose housing. Compost barn: é um sistema onde é realizada a compostagem anaeróbia (por microrganismos que crescem na ausência de oxigênio). A cama dos animais é revirada e homogeneizada, fazendo com que os resíduos sejam metabolizados pelos microrganismos. Isso favorece uma produção em um sistema mais ecológico (MOTA et al., 2017). Sistema compost barn Fonte: adaptada de Embrapa (2023, [n.p.]). #pratodosverem: vacas leiteiras, em pé e deitadas, em galpão do tipo compost barn. 42 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS As principais instalações em uma propriedade leiteira são o bezerreiro, o cur- ral de espera, a sala de ordenha, a sala do leite, o curral de alimentação e a área de manejo (SALMAN; PFEIFER, 2020). O bezerreiro, onde são alocados os bezerros lactentes com até três meses de vida, pode ser coletivo, agrupando um grande número de animais, ou indivi- dual. Ainda, pode ser suspenso ou não (SALMAN; PFEIFER, 2020). O curral de espera é o local em que as vacas em lactação são alocadas antes do momento da ordenha (SALMAN; PFEIFER, 2020). A ordenha é a atividade central dentro de uma propriedade leiteira, pois é quando ocorre a obtenção do leite (SALMAN; PFEIFER, 2020). Existem três formas de realizar a ordenha: Manual: o leite é extraído pelo ordenhador em um balde, sendo posteriormente filtrado antes de ser colocado no tanque de refrigeração. Ordenha manual Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: uma pessoa ordenhando uma vaca, com o leite sendodirecionado para dentro de um balde de plástico. Mecânica: o leite é extraído por equipamento que simula a mamada do bezerro, por meio de um sistema de vácuo. Tem a vantagem de diminuir o tempo de ordenha. Os tipos de ordenhadeira mecânica são: balde ao pé e canalizada. Ordenha do tipo “balde ao pé” Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de vaca sendo ordenhada com equipamento de ordenha mecânico do tipo “balde ao pé”. 43 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Robotizada: processo em que há automação total. O equipamento para extração do leite encaixa automaticamente nos tetos do animal. (SALMAN; PFEIFER, 2020). Ordenha do tipo robotizada Fonte: Shutterstock (2023). #pratodosverem: imagem de vaca leiteira posicionada em sala de robotizada. Após a ordenha, o leite é transferido para o tanque de refrigeração (tanque de expansão), localizado na sala do leite, onde deve atingir 4°C em, no máximo, três horas. A captação do leite pela indústria deve ocorrer até 48 após a orde- nha (SALMAN; PFEIFER, 2020). O curral de alimentação é para onde as vacas são direcionadas após a orde- nha para fornecimento de alimento no cocho (SALMAN; PFEIFER, 2020). A área de manejo é destinada para a realização de procedimentos específicos, como aplicação de medicamentos e vacinas, manejo reprodutivo e embar- que em veículos, com instalações que permitem a contenção dos animais (SALMAN; PFEIFER, 2020). 2.1.3 MANEJO SANITÁRIO O manejo sanitário permite que os animais estejam livres de doenças, poden- do expressar o potencial genético, além de gerar um leite de melhor quali- dade e mais seguro para o consumidor, garantindo o retorno econômico ao pecuarista (SALMAN; PFEIFER, 2020). A mastite (inflamação da glândula mamária) é um dos principais problemas sanitários e afeta principalmente vacas de alta produção, ocorrendo nas formas clínica (aparente) ou subclínica (inaparente) (CASTRO; VASCONCELOS, 2019). 44 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS VACAS DE ALTA PRODUÇÃO SÃO MAIS SUSCETÍVEIS À MASTITE Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de duas vacas, uma de perfil e outra olhando para a frente. Na mastite clínica, são observados grumos ou pus no leite, enquanto na sub- clínica o que se altera é a composição do leite, ou seja, a quantidade de pro- teínas, gordura e lactose (CASTRO; VASCONCELOS, 2019). Na mastite, ocorre o aumento do número de células de descamação do leite, que são as células somáticas (CASTRO; VASCONCELOS, 2019). 45 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PRINCIPAIS PREJUÍZOS DECORRENTES DA MASTITE Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: fluxograma apresentando os principais prejuízos decorrentes da mastite. As principais medidas para o controle da mastite são: desinfecção dos tetos antes e após a ordenha, limpeza do ambiente e do equipamento de ordenha, higiene dos funcionários e determinação de uma linha de ordenha – ou seja, ordenhar primeiro os animais saudáveis e, por último, os animais com mas- tite, evitando a contaminação cruzada (CASTRO; VASCONCELOS, 2019; SAL- MAN; PFEIFER, 2020). Dentro da fazenda, antes da ordenha, dois testes podem ser realizados: teste do caneco de fundo preto e CMT (SALMAN; PFEIFER, 2020). 46 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS 1. Teste de caneco Deve ser realizado com os três primeiros jatos de leite, sendo a amostra avaliada quanto à presença de grumos, que são indicativos de mastite clínica. 2. CMT O CMT (California Mastitis Test) consiste em uma análise em que se mistura o leite de cada um dos tetos com um reagente. De acordo com a viscosidade da mistura, é possível determinar se há aumento da celularidade do leite, indicando a presença, ou não, de mastite subclínica (SALMAN; PFEIFER, 2020). Depois da ordenha, o orifício do teto demora algumas horas para fechar to- talmente, estando sujeito à entrada de agentes infecciosos, junto com o fato de o leite residual ser um substrato importante para diversos microrganismos. Portanto, deve-se evitar que os animais fiquem deitados no pós-ordenha; uma estratégia para isso é fornecer alimento no cocho (SALMAN; PFEIFER, 2020). O manejo sanitário se inicia logo após o nascimento do animal. Quando a bezerra nasce, não tem anticorpos, estando muito vulnerável a doenças. O colostro, que é o leite produzido pela vaca nos primeiros dias pós-parto, tem esses anticorpos, mas o filhote precisa realizar a primeira mamada em até duas horas após o nascimento para conseguir absorvê-los. Nas primeiras 24 horas, o consumo de colostro deve ser de 10% a 15% do peso vivo do filhote (SALMAN; PFEIFER, 2020). 47 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A BEZERRA DEVE TOMAR COLOSTRO NAS PRIMEIRAS TRÊS HORAS DE VIDA. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de bezerro mamando em uma mamadeira. Além disso, o umbigo do recém-nascido é uma porta de entrada para infec- ções. Deve-se aplicar iodo a 5% para desinfectar e cauterizar a região. A diar- reia e a pneumonia também são comuns em bezerros que não receberam o colostro suficiente. A limpeza das instalações e o bloqueio de correntes de ar ajuda a evitar essas doenças (SALMAN; PFEIFER, 2020). Uma doença comum em propriedades leiteiras é a tristeza parasitária bovina. É causada por parasitas das células vermelhas do sangue (Babesia spp. e Ana- plasma spp.) e transmitida principalmente por carrapatos. Por isso, é necessá- rio realizar o controle estratégico desses artrópodes (SALMAN; PFEIFER, 2020). Problemas de cascos também são comuns em sistemas do tipo semiexten- sivo ou intensivo, devido ao acúmulo de umidade e tipo de piso. O casque- amento corretivo frequente previne diversas afecções de casco que podem diminuir a vida produtiva da vaca (SALMAN; PFEIFER, 2020). 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS PROBLEMAS DE CASCO PODEM LEVAR À REDUÇÃO DA VIDA PRODUTIVA DO ANIMAL. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem da pata de um bovino. As vacinas mais importantes para vacas adultas são aquelas que previnem doenças da reprodução. Caso as vacas sejam vacinadas, os anticorpos podem ser transmitidos para os bezerros pelo colostro, protegendo mãe e filho (SAL- MAN; PFEIFER, 2020). 49 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ALGUMAS VACINAS PODEM PROTEGER A VACA E O BEZERRO. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de bezerros em pé e olhando para a frente. A vacina contra brucelose, que é uma zoonose, é obrigatória em todo o país em bovinos fêmeas entre três e oito meses de idade (SALMAN; PFEIFER, 2020). As principais práticas para a prevenção e controle de doenças são: • Compra de animais de rebanhos com controle san- itário ou realização de quarentena desses animais. • Implementação de um programa de sanidade do rebanho, isolando animais doentes, realizando vaci- nações, controle de parasitas e tratamento dos ani- mais doentes. • Acompanhamento veterinário. • Treinamento dos funcionários. • Instituir programa de controle de mastite (SAL- MAN; PFEIFER, 2020). 50 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS 2.2 REPRODUÇÃO Visto que o parto é responsável não apenas pelo início da lactação, mas tam- bém pela obtenção de uma novabezerra para reposição do plantel, o manejo reprodutivo é um dos pontos críticos na produção de leite. 2.2.1 PRINCIPAIS RAÇAS As principais raças leiteiras presentes no Brasil são de origem europeia, in- diana ou são mestiças entre raças dessas regiões. As raças europeias mais importantes no país são o gado Holandês e o gado Jersey. O gado Holandês é a raça pura mais utilizada no Brasil e no mundo na pecuária leiteira, devido à alta seleção genética para produção (MIRANDA; FREITAS 2009). A vantagem do gado Jersey está na menor energia de mantença, devido ao menor porte e ao maior teor de sólidos no leite. Também é uma raça que apre- senta maior rusticidade e maior tolerância ao calor que o gado Holandês. Em contrapartida, o volume de leite produzido é menor (MIRANDA; FREITAS 2009). • Gado holandês Raça de grande porte, com pelagem malhada em preto e branco ou preto e vermelho (MIRANDA; FREITAS 2009). • Gado Jersey Raça de pequeno porte, com pelagem parda clara a parda escura, com coloração mais escura na face (MIRANDA; FREITAS 2009). Raças indianas têm melhor adaptação ao clima tropical, como resistência ao calor e a parasitas, mas têm menor produção de leite quando comparadas aos animais da raça Holandesa. São raças denominadas zebuínas ou gado zebu. As raças zebuínas leiteiras mais importantes no Brasil são o gado Gir e o gado Guzerá. O gado Gir é o gado zebuíno com maior produtividade leiteira. 51 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Gado Gir Raça de médio porte, com pelagem que pode apresentar coloração variada, como vermelho, amarelo, acinzentado, branco e preto, podendo ou não ser malhado. • Gado Guzerá Raça de grande porte, com pelagem branca, acinzentada ou com partes pretas nos machos, pincipalmente cernelha, pescoço e face (MIRANDA; FREITAS, 2009). Raças bovinas europeias e indianas pertencem à mesma espécie, mas a su- bespécies diferentes. O gado europeu pertence à subespécie Bos taurus tau- rus, enquanto o quando zebuíno corresponde à subespécie Bos taurus indi- cus (ROLIM, 2014). Entretanto, o cruzamento entre esses animais gera animais férteis e é muito utilizado na produção animal por unir benefícios dos dois grupos de raças (ROLIM, 2014). No Brasil, a raça híbrida (mestiça) mais importante é, também, a responsável pela maior parte do leite produzido no país. Trata-se do gado Girolando, raça desenvolvida a partir do cruzamento do gado Holandês com o gado Gir (MI- RANDA; FREITAS, 2009). 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS ANIMAL DA RAÇA GIROLANDO. Fonte: adaptada de Embrapa (2023, [n.p.]). #pratodosverem: imagem de uma vaca da raça Girolando de perfil. Outras raças mestiças também são criadas no país, como o Guzolando (Guze- rá + Holandês) e Jersolando (Jersey + Holandês), sempre em busca da união da produtividade do Holandês com a rusticidade de outra raça (MIRANDA; FREITAS, 2009). 2.2.2 MELHORAMENTO GENÉTICO O cruzamento de raças que são geneticamente divergentes, ou seja, que têm muitas diferenças entre si, leva à ocorrência da heterose (ou vigor híbrido), caracterizada pelos filhos apresentarem melhor desempenho que a média dos pais em características específicas (MIRANDA; FREITAS, 2009). A heterose é considerada a forma mais rápida de se obter melhoramento genético (MI- RANDA; FREITAS, 2009). O melhoramento genético perpassa por duas principais avaliações: avaliação fenotípica e avaliação genotípica. Quando se trata de animais leiteiros, a ava- liação fenotípica tem dois componentes: o controle leiteiro e a classificação linear (ABCBRH, 2021). 53 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1. Controle leiteiro É o monitoramento da produção de determinada vaca em uma lactação inteira, além da mensuração dos teores de proteína, gordura e lactose. 2. Classificação de tipo É a avaliação da conformação corporal do animal, como membros, tórax e úbere, indicadores do potencial de produtividade e longevidade dos animais (ABCBRH, 2021). A CLASSIFICAÇÃO DE TIPO É A AVALIAÇÃO DA CONFORMAÇÃO CORPORAL DO ANIMAL. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de uma vaca da raça Holandesa de perfil. Para a seleção dos animais reprodutores, as características fenotípicas e ge- notípicas precisam ser avaliadas. Quando é utilizado material genético da vaca, avalia-se o controle leiteiro e a classificação de tipos. Quando o intuito é escolher o material genético do touro, deve-se verificar a avaliação fenotípica 54 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS das filhas desse touro, realizada antes de o material genético ser comercia- lizado. Essa avaliação do desempenho das filhas de um determinado touro é o teste de progênie, ou “prova do touro”. O teste de progênie é classifica- do como uma avaliação genotípica dos animais, juntamente com o pedigree (ABCBRH, 2021). O TESTE DE PROGÊNIE AVALIA O VALOR GENÉTICO DE UM TOURO. Fonte: Pixabay (2020). #pratodosverem: imagem de um touro Holandês, com a cabeça baixa, olhando para a frente. Dessa forma, no momento de escolher os cruzamentos, deve-se avaliar o que é necessário melhorar nos animais do rebanho, em documentos elaborados pelas centrais de reprodução ou associações de criadores das raças, denomi- nados sumários (SALMAN; PFEIFER, 2020). 55 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Um exemplo de como os cruzamentos são escolhidos é verificar o que precisa ser melhorado na conformação de pernas dos animais. O ideal é que o ângulo de jarrete seja neutro, ou seja, que o fechamento entre os membros posteriores não seja muito “para dentro” nem muito “para fora”, pois qualquer uma dessas situações favorecem problemas de casco, e essas características são hereditárias, passando para a próxima geração. No caso de vacas com o jarrete “para dentro”, é necessário procurar, no sumário de touros, machos que ajudem a neutralizar essa angulação, ou seja, que transmitam o material genético que ocasione o jarrete “para fora” (ABCBRH, 2021). A CONFORMAÇÃO DE PERNAS E ÚBERE SÃO AVALIADOS NA CLASSIFICAÇÃO LINEAR. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de uma vaca comendo pasto, de costas para o observador, com foco no úbere. 56 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS O animal escolhido deve ser aquele que traga mais benefícios ao rebanho, e que não cause decréscimo no desempenho de nenhuma característica. In- dependentemente do touro utilizado, ele deve sempre promover acréscimo na produção de leite, promovendo o melhoramento genético da raça a cada geração (SALMAN; PFEIFER, 2020). Cada característica apresenta uma herdabilidade, ou seja, uma probabilida- de de transmissão à prole. Segundo Barbero et al. (2022), a herdabilidade “[...] mede a influência da variação genética em relação à variação total de uma característica em uma população” e “[...] indica a existência ou não de variação genética aditiva suficiente para permitir ganhos genéticos por meio da sele- ção” (BARBERO et al., 2022, p. 2). A HERDABILIDADE DE DETERMINADA CARACTERÍSTICA DEVE SER CONSIDERADA NO MELHORAMENTO GENÉTICO. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de uma vaca holandesa, com foco em pescoço e cabeça, olhando para o observador. 57 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A avaliação genômica, ou seja, do DNA dos repro- dutores, representa um grandeganho de tempo quanto ao teste de progênie, pois não é necessário esperar o touro entrar em idade reprodutiva, ter fil- has e avaliar a produção destas. Ao avaliar o DNA do touro, mesmo sendo o animal jovem, já se sabe a capacidade de transmissão dos genes de interesse (SALMAN; PFEIFER, 2020). 2.2.3 MANEJO REPRODUTIVO Um manejo reprodutivo eficiente é essencial para alcançar a rentabilidade e a produtividade desejáveis da atividade leiteira. Isso implica na necessida- de de mensuração e análise dos índices reprodutivos para garantir o sucesso da produção e da implementação de biotécnicas reprodutivas, como a inse- minação artificial, fertilização in vitro e transferência de embriões (SALMAN; PFEIFER, 2020). A diminuição do intervalo entre partos (IEP) de um mesmo animal é um dos principais objetivos do manejo reprodutivo. Um IEP ideal dura 12 meses, o que equivale a uma cria por ano, sendo as raças europeias mais propensas a alcançar o índice ideal (OLIVEIRA et al., 2001). 58 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS O INTERVALO ENTRE PARTOS É UM INDICADOR DE EFICIÊNCIA REPRODUTIVA. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de uma vaca e um bezerro da raça holandesa, descansando deitados lado a lado. O período de 12 meses de IEP considera a soma da duração da gestação (nove meses e 20 dias), o início de uma nova gestação após o parto (70 dias) e o perí- odo de descanso ou período seco (60 dias). O alcance desses intervalos depen- de, além da raça, de um manejo reprodutivo eficiente (OLIVEIRA et al., 2001). Os principais índices relacionados ao manejo reprodutivo são: 1. O intervalo entre partos (IEP) Tempo decorrido entre um determinado parto e o parto subsequente de uma mesma vaca. 2. Intervalo parto-concepção (IPC) Intervalo entre o parto e a detecção de uma nova prenhez. 59 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3. Taxa de serviço (TS) Percentual de vacas inseminadas ou cobertas pelo touro em relação ao total do rebanho, em um período de 21 dias. 4. Taxa de concepção (TC) Número de vacas gestantes em relação ao total de vacas que foram inseminadas ou cobertas. 5. Número de serviços por prenhez Número de inseminações ou coberturas necessárias para que uma vaca fique gestante. 6. Taxa de detecção de cio Porcentagem de cios detectados em relação ao total de animais que estão ciclando. 7. Taxa de abortos A porcentagem aceitável de abortos em relação ao total de gestações é de 3%. 8. Idade ao primeiro parto (IPP) O ideal é que ocorra aos dois anos de idade do animal (SALMAN; PFEIFER, 2020). O cio, ou seja, o período fértil das vacas, é um momento em que o organismo desses animais se prepara para a fecundação, ocorrendo a aceitação da mon- ta pelo touro e a ovulação. As fêmeas bovinas entram no cio a cada 21 dias (SALMAN; PFEIFER, 2020). 60 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS O CIO INDICA QUE O ANIMAL ESTÁ PRÓXIMO DA OVULAÇÃO. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de um óvulo, com espermatozoides nadando para alcançá-lo. Idade, estado nutricional, estado de saúde e genética são fatores a serem considerados ao colocar um animal em reprodução. Animais muito velhos ou muito novos, com baixo ou alto escore de condição corporal, enfermos ou filhos(as) de animais pouco férteis tendem a apresentar problemas reprodu- tivos (ROLIM, 2014). Na monta natural, quando as fêmeas estão em cio, o macho é colocado junto a elas. A quantidade de fêmeas que cada macho tem a capacidade de co- brir é calculada pelo teste de libido. Alguns touros conseguem cobrir até 30 matrizes (ROLIM, 2014). 61 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 NA MONTA NATURAL, O MACHO PODE COBRIR ATÉ 30 FÊMEAS. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de um touro em monta natural com uma vaca. A inseminação artificial é muito disseminada na bovinocultura leiteira devido ao custo-benefício. O touro acaba ficando junto apenas às fêmeas que não emprenharam na inseminação, em um procedimento denominado “repas- se” (ROLIM, 2014). A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL É UMA IMPORTANTE BIOTÉCNICA REPRODUTIVA EM BOVINOS. Fonte: adaptada de Embrapa (2023, [n.p.]). #pratodosverem: imagem de um homem de chapéu realizando a inseminação artificial em uma vaca, com a ajuda de mais dois outros homens. 62 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS A inseminação artificial em bovinos foi o primeiro uso de tipo de biotecno- logia reprodutiva. Isso ocorre porque o congelamento do sêmen bovino ain- da mantém boa viabilidade dos espermatozoides após descongelar (ROLIM, 2014). Um único ejaculado do touro pode gerar muitas doses de sêmen para inseminação. Isso garante um bom rendimento do material genético de ani- mais melhoradores para a raça em questão (ROLIM, 2014). Algumas das vantagens do uso da inseminação em bovinos são: • diminuição do risco de doenças sexualmente transmissíveis entre bovinos, pois os animais são testados e vacinados; • o procedimento pode ser facilmente realizado por uma pessoa treinada; • menor custo para aquisição de material genético de alto valor; • menor risco de consanguinidade (ROLIM, 2014). Para maximizar a eficiência da inseminação artificial em uma fazenda, pode- -se utilizar a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), em que as vacas são submetidas a protocolos hormonais de forma a sincronizar os cios. Assim, é possível saber em qual dia as vacas vão ovular e, portanto, quando é o momen- to certo de realizar a inseminação. Isso facilita o manejo reprodutivo, pois vários animais são inseminados em sequência. Isso também permite prever melhor a quantidade de partos em cada época do ano (SALMAN; PFEIFER, 2020). Na fertilização in vitro (FIV), o material genético de uma fêmea geneticamen- te superior é utilizado em máximo rendimento, pois é induzida, hormonal- mente, a ovulação de vários óvulos concomitantes em um mesmo animal. Esses óvulos são retirados da vaca doadora e é realizada a fertilização com sêmen em laboratório (ROLIM, 2014). 63 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A FERTILIZAÇÃO IN VITRO É UMA BIOTÉCNICA REPRODUTIVA UTILIZADA NA BOVINOCULTURA LEITEIRA. Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: imagem de um embrião em estágio inicial de desenvolvimento. Os óvulos fertilizados são implantados em outras fêmeas geneticamente in- feriores à doadora, as quais são chamadas de receptoras. Uma grande vanta- gem é que fêmeas de alto valor genético, mas que não têm capacidade de suportar uma gestação, podem continuar gerando produtos (ROLIM, 2014). A transferência de embrião se assemelha à FIV no fato de haver uma doadora e várias receptoras. Porém, ao invés de coletar os óvulos, são coletados os em- briões da doadora. Trata-se também de uma técnica de maior custo e com necessidade de mão de obra qualificada (ROLIM, 2014). 64 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS DESVANTAGENS DA FERTILIZAÇÃO IN VITRO (FIV). Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: fluxograma demonstrando as desvantagens da fertilização in vitro. Outra biotécnica reprodutiva utilizada em bovinos é a clonagem, em que um novo animal é gerado sem a necessidade de um espermatozoide e um óvulo. Essa técnica ainda apresenta alto custo, sendo pouco viável na maioria das propriedades leiteiras (ROLIM,2014). 65 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO A produção de leite apresenta muitos desafios devido aos custos fixos de alto valor, exigindo do produtor estratégias que promovam o aumento da produção e produtividade, o que depende da escolha de instalações que se adequem ao manejo preterido, da raça bovina utilizada, das estratégias de melhoramento genético, dos manejos reprodutivo, alimentar e sanitário, da atenção aos índices de desempenho econômico da fazenda e do conheci- mento do mercado. MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais do tema, acesse: 1. OLIVEIRA, T. B. A. et al. Índices técnicos e rentabilidade da pecuária leiteira. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 58, n. 4, 2001. LINK. 2. FERRAZZA, R. de A.; CASTELLANI, E. Análise das transformações da pecuária brasileira: um enfoque na pecuária leiteira. Ciência Animal Brasileira, v. 22, 2021. LINK. 3. MAIA, G. B. S. et al. Produção leiteira no Brasil. Brasília: BNDES, 2013.. LINK. 4. MIRANDA, J. E. C.; FREITAS, A. F. Circular Técnica 98: Raças e tipos de cruzamentos para pro- dução de leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2009. LINK. 5. SALMAN, A. K. D.; PFEIFER, L. F. M. Pecuária leiteira na Amazônia. Brasília: Embrapa, 2020. LINK. https://doi.org/10.1590/S0103-90162001000400006 https://www.scielo.br/j/cab/a/4mK7LBmjZQrr5tCqwXbqHdC/?format=pdf&lang=pt https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1514/1/A%20mar37_09_Produ%c3%a7%c3%a3o%20leiteira%20no%20Brasil_P.pdf https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/65294/1/CT-98-Racas-e-tipos-de-cruzamentos.pdf https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1126135/pecuaria-leiteira-na-amazonia#:~:text=Autoria%3A%20SALMAN%2C%20A.%20K.%20D.%3B%20PFEIFER,de%20ser%20adaptada%20e%20reinventada UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 66 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS > Identificar as principais características da produção de bovinos de corte. > Compreender as medidas de manejo em bovinocultura de corte. 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS 3. BOVINOCULTURA DE CORTE INTRODUÇÃO DA UNIDADE Equivalendo a mais de 175 milhões de cabeças, mais de 80% de todos os bovi- nos criados no país são destinados à pecuária de corte. Embora a maior par- te das propriedades de corte sejam de pequeno ou médio porte, o sistema agroindustrial da pecuária de corte envolve diversos setores, como a indústria de insumos, ração, defensivos agrícolas, fertilizantes, medicamentos veteriná- rios, vacinas, fazendas de criação, abatedouros, distribuidoras e comerciantes, sem contar a logística e procedimentos para exportação. A participação de diversos setores da economia evidencia a grande relevância dessa atividade para o país (LIMA; ANTUNES, 2012; ROSA et al., 2021). O desempenho produtivo do bovino de corte deve garantir a qualidade da carcaça e da carne, a qual tem grande demanda por consumo, tanto interna- mente quanto externamente ao país (KOBLITZ, 2011; LIMA; ANTUNES, 2012). Entretanto, a pecuária de corte brasileira ainda é caracterizada por uma pro- dutividade variável, que muitas vezes é baixa (LIMA; ANTUNES, 2012). Portan- to, trata-se de uma atividade econômica com grande potencial para profis- sionais capacitados da área agronômica, e nesta Unidade serão abordados tópicos essenciais para o entendimento dessa atividade. 3.1 CONCEITOS GERAIS A seguir, serão apresentadas informações sobre a importância da bovinocul- tura de corte e mercado relacionado a essa atividade no país, além dos tipos de sistemas de produção e instalações e a avaliação de carcaças bovinas rea- lizada nos abatedouros. 3.1.1 IMPORTÂNCIA E MERCADO DA BOVINOCULTURA DE CORTE O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo (PAULUS; PARIS, 2016). A cadeia produtiva da pecuária de corte tem muitos elementos, desde insumos e equipamentos até o consumidor final, passando pelo principal elo, que é a fazenda de gado de corte (CEZAR et al., 2005). 68 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O BRASIL É UM GRANDE PRODUTOR DE CARNE BOVINA Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: um corte de carne com um ramo de alecrim ao lado. A produtividade depende de uma integração eficiente dos manejos repro- dutivo, nutricional e sanitário (PAULUS; PARIS, 2016). As fazendas de gado de corte predominam em locais de solo mais pobre, onde a produção de grãos é dificultada (CEZAR et al., 2005). Nos sistemas extensivos, as pastagens são a única fonte de proteína e ener- gia da dieta. Nos semiextensivos, a alimentação a pasto é suplementada com complementos proteicos e energéticos, além de sal mineral. Já no sistema intensivo, é realizado o confinamento para a terminação dos machos, com associação ou não de pastagens cultivadas (CEZAR et al., 2005). Os tipos de atividades econômicas na pecuária de corte são a cria, a recria e a engorda, que podem ser feitas de forma isolada ou de forma complementar uma à outra (CEZAR et al., 2005). 69 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS Cria A obtenção de novos filhotes que são mantidos até a desmama; portanto, é um rebanho composto principalmente de fêmeas em reprodução. As fêmeas que nascem são direcionadas para a reposição do rebanho, enquanto os machos são vendidos logo após a desmama (CEZAR et al., 2005). Cria e recria Semelhante à atividade de cria, porém, com retenção dos machos no rebanho até os 15 a 18 meses, sendo posteriormente vendidos para engorda (CEZAR et al., 2005). Engorda (ou terminação) Ocorre após a fase de recria, em que o “boi magro” é alimentado com dieta com maior valor energético e proteico, seja em pastagens de alta qualidade ou em atividade intensiva com alimentação totalmente no cocho. Assim, obtém-se o chamado “boi gordo”, que é comercializado para os abatedouros (CEZAR et al., 2005). Cria, recria e engorda É o ciclo completo. Uma vantagem é que é possível reduzir a fase de recria, antecipando a engorda, obtendo-se assim animais precoces (que atingem o peso de abate rapidamente), com a carne mais macia, por serem mais jovens (CEZAR et al., 2005). 70 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A CRIA É O SISTEMA QUE MANTÉM O BEZERRO ATÉ A DESMAMA Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: fotografia de um bezerro mamando no úbere de uma vaca. 3.1.2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO E INSTALAÇÕES Na pecuária de corte no Brasil, há predominância de pastagens, mas pode-se dizer que o setor conta com sistemas extensivos e intensivos, sendo os primei- ros baseados em pastagens nativas ou cultivadas, e o segundo em pastagens de alta produtividade, suplementação a pasto e confinamentos (CEZAR et al., 2005). Uma intensificação que leva a uma maior lotação da pastagem sem estar as- sociada à rotação de piquetes aumenta o risco de parasitas, os quais afetam diretamente os índices produtivos (PAULUS; PARIS, 2016). Os sistemas produtivos presentes no país são: 71 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE E EQUÍDEOS Sistema extensivo Os animais se alimentam exclusivamente de pastagem. Sistema extensivo de pecuária de corte Fonte: Pixabay (2023). #pratodosverem: bois soltos no pasto em um sistema extensivo. Sistema semi-intensivo Animais se alimentam da pastagem e recebem suplementação no cocho a pasto. Sistema semi-intensivo de pecuária de corte Fonte: Pixabay
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