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Unidade 1 patologia clinica veterinária

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Unidade 1 - Patologia Clínica Veterinária 
Introdução à patologia clínica 
Na Patologia Clínica Veterinária, estudam-se a execução e interpretação de exames laboratoriais. 
Esses exames auxiliam no diagnóstico e monitoramento de diversas doenças, bem como no 
direcionamento do tratamento ou na conduta clínica (LOPES, BIONDO e SANTOS, 2007). 
Com os exames realizados em um laboratório de patologia clínica, podemos analisar diversas 
funções do organismo, e as principais amostras utilizadas, geralmente, são as de sangue. Porém, 
também é comum analisar urina, medula óssea, líquido cefalorraquidiano, líquido ruminal, derrames 
cavitários (abdominais ou torácicos) ou outras amostras. 
Dessa forma, as principais análises realizadas na patologia clínica são: 
• Hemograma; 
• Bioquímica clínica; 
Provas de função renal; 
Provas de função hepática; 
Outras provas. 
• Urinálise; 
• Citologia. 
O hemograma e a bioquímica clínica são realizados com a análise do sangue. A hematologia 
analisa a porção celular do sangue (eritrócitos, leucócitos e plaquetas). Já na bioquímica clínica, o 
soro é analisado para dosagem de diferentes substâncias que podem indicar o estado de diversos 
órgãos, como apontam Feldman, Zinkl e Jain (2000). 
A utilização de exames laboratoriais será sempre definida pelo clínico veterinário conforme a 
suspeita clínica, ao passo que os resultados serão interpretados conforme os valores de referência 
definidos para cada espécie. A interpretação desses resultados deve sempre ser feita em 
associação ao histórico clínico do animal. 
Os valores de referência podem ser encontrados em diversas literaturas, podendo variar de acordo 
com a espécie, a idade e o sexo. Esses valores são obtidos a partir de estudos que utilizam grandes 
números de animais saudáveis, ou seja, busca-se obter uma média dos valores obtidos em cada 
parâmetro. 
A Tabela 1 apresenta valores de referência para hematologia em diferentes espécies 
 
Já a Tabela 2 mostra valores de referência para bioquímica clínica em diferentes espécies. 
 
De acordo com Kerr (2002), a urinálise é a análise das características físicas e bioquímicas da 
urina, além da análise do sedimento urinário, que é capaz de detectar cristais e outras substâncias. 
Considerando Lopes, Biondo e Santos (2007), a citologia é a análise de qualquer líquido corpóreo 
que não seja sangue ou urina. No caso de derrames cavitários (abdominais ou torácicos), eles 
podem ser classificados como: transudatos, transudatos puros ou exsudatos, dependendo de sua 
origem. Com o exame desses líquidos, podemos detectar diversos problemas, desde hiper ou 
hipoproteinemia até infecções generalizadas. 
O LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA 
Em um laboratório de patologia clínica, existem diversos equipamentos e insumos utilizados para 
a realização dos exames. Conhecer cada um deles é fundamental. 
Homogeneizador: Trata-se de um equipamento utilizado para homogeneizar as amostras de 
sangue, como mostrado na Figura 1. É útil quando há uma grande quantidade de amostras a serem 
analisadas ao mesmo tempo. 
Centrífuga: Essa máquina é utilizada para centrifugação dos tubos de amostras, para separação 
das partes líquida e celular do sangue ou para separação do sedimento urinário, por exemplo 
Microcentrífuga: Trata-se de uma centrífuga especial para microtubos, utilizados na determinação 
do hematócrito (ou volume globular), uma etapa importante do hemograma. Tanto as centrífugas 
quanto as microcentrífugas nunca devem ser utilizadas de forma desequilibrada. No caso de um 
número ímpar de amostras, deve-se completar a centrífuga com tubos extras para que a 
centrifugação ocorra de maneira correta. 
Refratômetro: Aparelho utilizado para a dosagem ou determinação da densidade de diversas 
substâncias. Para a medição, o aparelho utiliza o nível de refração da luz causado pela substância. 
 
Analisador automático: Trata-se de uma máquina que realiza todas as análises do hemograma 
de forma automática. Aparelhos de uso humano utilizados na veterinária podem dar resultados 
inconsistentes. Portanto, recomenda-se que seja feita a conferência de algumas das análises, 
especialmente a contagem diferencial de leucócitos. Já existem equipamentos desse tipo 
específicos para uso veterinário. 
Microscópio: Um dos equipamentos mais utilizados, não só na hematologia, mas na urinálise e 
nos diversos exames citológicos. 
 
Micropipetas automáticas: Utilizadas para medição, mistura ou separação de líquidos em 
diversos momentos em um laboratório. Possuem ajuste de volume e são bastante precisas. 
Analisador bioquímico: Trata-se de um equipamento automático, utilizado para análises 
bioquímicas do soro. Existem diversas marcas e modelos. 
Entre os insumos utilizados em um laboratório, os principais são: 
Tubos de ensaio: Utilizados para diversas finalidades, como coleta de amostras, separação de 
componentes das amostras, etc.. 
Lâminas e lamínulas: Utilizadas para exames que precisam de visualização de células ao 
microscópio. 
Reagentes: Existem muitos corantes e reagentes que são utilizados na rotina do laboratório. 
Microtubos: Pequenos tubos de vidro, utilizados para a realização da etapa do hematócrito do 
hemograma. 
Ponteiras: São ponteiras de plástico descartáveis, utilizadas nas micropipetas. 
Tubos tipo 𝘌𝘱𝘱𝘦𝘯𝘥𝘰𝘳f: São pequenos tubos plásticos com tampa utilizados para separação e 
análise bioquímica do soro sanguíneo. 
 
Um laboratório de Patologia Clínica Veterinária, assim como todo tipo de laboratório, deve ter 
normas e procedimentos padronizados, de modo que a qualidade e confiabilidade das análises 
sejam sempre mantidas. 
Também é preciso se atentar a questões de segurança, como o uso de equipamentos de proteção 
individual (EPIs), como aventais, luvas, óculos de proteção, etc. 
TERMOS IMPORTANTES 
Albuminúria: Presença de albumina na urina. 
Anemia: Diminuição na quantidade de hemácias. 
Anticoagulante: Substância capaz de impedir a coagulação. 
Anúria: Supressão total da secreção urinária. 
Ascite: Edema com acúmulo de líquido, localizado na cavidade peritoneal. 
Azotemia: Aumento de compostos nitrogenados no sangue. 
Bacteremia: Presença de bactérias patogênicas no sangue. 
Bacteriúria: Presença de bactérias na urina. 
Bilirrubinemia: Presença de bilirrubina no sangue. 
Bilirrubinúria: Presença de bilirrubina na urina. 
Biópsia: Retirada de um fragmento de órgão ou tecido para análise laboratorial. 
Blenúria: Presença de muco na urina. 
Cetonúria: Presença de corpos cetônicos na urina. 
Cianose: Coloração azulada das extremidades causada por falta de oxigênio 
Cistite: Inflamação da bexiga. 
Coagulação: Aglutinação de um líquido com formação de coágulo. 
Desidratação: perda de líquidos e eletrólitos pelo organismo. 
Disúria: Micção difícil e dolorosa. Em termos simples, dor ao urinar. 
Edema: inchaço; acúmulo anormal de água em certa parte do corpo. 
Esfregaço: Material espalhado em uma lâmina de vidro para exame por microscópio. 
Espermatúria: Presença de esperma na urina. 
Estafilococemia: Presença de estafilococos no sangue. 
Estrangúria: Micção dolorosa. 
Exsudato: Substância liquida eliminada patologicamente. 
Garrote: torniquete; aperto de um membro com tira, faixa ou elástico para diminuir ou interromper 
a circulação sanguínea. 
Glicemia: Quantidade ou nível de glicose no sangue. 
Glicosúria: Presença de glicose na urina. 
Hematoma: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia. 
Hematúria: Presença de sangue na urina. 
Hemocultura: Cultura de sangue através de técnicas laboratoriais. 
Hemoglobina: Pigmento dos glóbulos vermelhos, destinados ao transporte de oxigênio. 
Hemólise: Destruição dos glóbulos vermelhos do sangue. 
Hemostasia: Processo de equilíbrio no qual o sangue circula sem coagular. 
Hidremia: Excesso de água no sangue. 
Hidruxia: Urina excessiva e em grande quantidade. 
Hiperglicemia: Excesso de glicose nosangue. 
Hipoglicemia:Diminuição do nível de glicose no sangue. 
Hipóxia:Falta de oxigênio. 
Intravenoso: Associação ao interior de uma veia; dentro da veia. 
Isquemia: Insuficiência local de sangue. 
Lipidemia: Concentração de lipídios no sangue. 
Melanúria: Eliminação de urina escura. 
Mucopurulento: Que contém muco e pus. 
Necrose: Morte de um grupo de células, tecido ou órgão, geralmente devido à ausência de 
suprimento sanguíneo. 
Oligúria: Diminuição da frequência e volume urinários. 
Polaciúria: Eliminação urinária frequente com pequeno volume de micção. 
Polidipsia: Sede excessiva. 
Policitemia: Aumento no número total de células sanguíneas. 
Poliúria: Excessiva eliminação urinária. 
Proteinemia: Presença de proteínas no sangue. 
Proteinúria: Presença de proteínas na urina. 
Trombolítico: Que destrói ou dissolve coágulo intravascular; trombo. 
Trombose: Coagulação do sangue nos vasos sanguíneos do indivíduo vivo. 
Uricemia:Quantidade de ácido úrico ou uratos no sangue. 
Vasoconstrição: Contração dos vasos com estreitamento do seu canal ou luz. 
Vasodilatação: Dilatação dos vasos sanguíneos. 
Coleta e preparação de amostras 
Qualquer exame laboratorial começa pela coleta da amostra. Uma coleta feita de forma inadequada 
pode inviabilizar a sua análise. 
O ideal é que a amostra seja coletada no mesmo local onde será feito o exame. Entretanto, muitas 
vezes a realidade não permite isso. Portanto, é preciso saber como fazer a coleta da melhor forma 
possível e como armazenar a amostra para que se possa examiná-la em um segundo momento. 
Independentemente da amostra a ser coletada ou da análise a ser realizada, alguns detalhes 
devem ser observados. O mais importante deles é a identificação da amostra. É preciso que todo 
frasco de amostras seja identificado com nome ou número de identificação do animal (a mesma 
identificação também deve estar na requisição do exame). A escrita deve ser clara e tal que não 
apague durante o acondicionamento da amostra, especialmente se ela for refrigerada. 
SANGUE 
Na rotina da Patologia Clínica Veterinária, o sangue é o principal tipo de amostra utilizada e pode 
ser preparado para uma grande variedade de exames. 
De acordo com Lopes, Biondo e Santos (2007), o sangue é um tipo especializado de tecido 
conjuntivo, composto por uma parte celular e uma parte líquida. A parte celular é composta pelos 
eritrócitos, leucócitos e plaquetas. A parte líquida do sangue é chamada de plasma. Cerca de 92% 
do plasma é composto por água. Nos outros 8% estão eletrólitos, proteínas, glicose, enzimas, 
colesterol e hormônios. 
Ainda segundo os autores mencionados anteriormente, o volume de sangue no organismo varia 
em torno de 6% a 10% do peso corporal. É indicado que o volume coletado não ultrapasse 1% do 
volume total de sangue. Para animais de grande porte, isso não é um problema, mas se pensarmos 
em uma coleta de sangue em um canário de 20 g, por exemplo, pode haver uma limitação no 
número e tipos de análises que poderão ser realizadas de acordo com o volume de sangue 
coletado. 
A alimentação pode influenciar o aspecto e a composição do plasma sanguíneo, podendo causar 
alterações nas dosagens de algumas substâncias. Por isso, recomenda-se que seja realizado um 
jejum de 8 horas para a maioria dos exames (esse tempo de jejum pode ser maior dependendo da 
análise a ser realizada). 
Os locais de coleta sanguínea variam de acordo com a espécie. De forma geral, a veia jugular pode 
ser utilizada na maioria dos casos. A Tabela 3 mostra locais de coleta, levando em consideração a 
espécie. 
 
Durante a coleta, é preciso evitar ao máximo o estresse do animal causado pela contenção. O 
estresse agudo pode alterar alguns parâmetros sanguíneos. 
A antissepsia com álcool ou álcool iodado no local de coleta antes que a agulha seja introduzida é 
muito importante. Afinal, a presença de sujidades na agulha pode estimular a coagulação 
sanguínea. O ideal é que a área da coleta seja depilada, mas isso nem sempre é realizado na rotina 
clínica. 
Faz-se então o garrote (compressão do vaso a ser puncionado), que resulta em um aumento no 
volume de sangue presente na veia, facilitando a coleta. Após a coleta, mas antes de se retirar a 
agulha do vaso, o garrote deve ser solto. Caso contrário, podem ocorrer hematomas ou 
hemorragias no local. 
Existem vários tamanhos de agulhas que podem ser utilizadas para coleta de sangue, como mostra 
a Figura 12. 
 
Também é importante escolher uma agulha de calibre adequado, levando em consideração a 
espécie e calibre do vaso, como mostra a Tabela 4. 
 
Ao transferir o sangue da seringa para o tubo após a coleta, é preciso retirar a agulha e realizar a 
transferência de forma lenta, de modo a evitar a hemólise (rompimento das células sanguíneas). 
Existem basicamente três tipos de amostras que podemos obter a partir de uma coleta sanguínea. 
Sangue total: Utiliza-se este tipo para a realização do hemograma. Como fora do organismo o 
sangue sofre coagulação em poucos minutos, é preciso utilizar anticoagulantes para se obter uma 
amostra de sangue total. 
Plasma: Ao utilizar um anticoagulante em uma amostra, obtém-se o plasma sanguíneo. Com o 
plasma, é possível realizar diversas análises, sendo a principal a medição das Proteínas 
Plasmáticas Totais (PPT). Para utilizar o plasma em um exame é preciso separar a parte celular do 
sangue da parte líquida. Para isso, faz-se a centrifugação, que promove a sedimentação das 
células sanguíneas e a separação do plasma. Os principais tipos de anticoagulante utilizados para 
obter amostras de sangue total e de plasma são: o EDTA (Etileno Diamino Tetra Acetato de sódio 
ou de potássio); o Fluoreto de Sódio; a Heparina e o Citrato de Sódio. Para diferenciar o tipo de 
tubo de coleta com cada tipo de anticoagulante, utilizam-se diferentes cores nas tampas dos tubos, 
como se pode ver na Figura 13; 
1. EDTA: o mais utilizado na rotina, principalmente em mamíferos, pois não causa alterações 
na morfologia celular. A diluição é realizada a 10% e deve ser utilizado 0,1 mL de EDTA para 
5 mL de sangue, de acordo com Lopes, Biondo e Santos (2007). Tubos com EDTA têm 
tampas da cor lilás; 
2. Fluoreto de sódio: utilizado especificamente para a dosagem da glicose sanguínea no 
plasma pois impede que ocorra a glicólise nos eritrócitos. De acordo com Lopes, Biondo e 
Santos (2007), utiliza-se 1 gota de Fluoreto de sódio para cada 3 mL de sangue. O tubo tem 
tampa na cor cinza; 
3. Heparina: mais utilizada para coleta em aves e répteis. Lopes, Biondo e Santos (2007) 
apontam que a diluição é de 0,1 mL de solução a 1% para 5 mL de sangue. O tubo de 
heparina tem tampa na cor verde; e 
4. Citrato de sódio: utilizado principalmente em provas de coagulação (tempo de protrombina, 
tempo de tromboplastina parcial ativada). A utilização é de 0,5 mL para 4,5 mL de sangue, 
conforme Lopes, Biondo e Santos (2007). O tubo tem tampa na cor azul. 
Soro: Para obter o soro, a coleta é feita em tubos sem anticoagulante. Nesse caso, o sangue irá 
coagular e a parte líquida será o soro, que será utilizado para análises bioquímicas. Os tubos para 
coleta de soro podem ser totalmente vazios com tampas na cor vermelha (em que o sangue irá 
coagular e o soro poderá ser separado após a coagulação) ou podem conter um gel separador 
(nesse caso, após a coagulação, o tubo deverá ser centrifugado e o gel ficará entre a parte celular 
e o soro, facilitando a separação). 
Há uma diferença entre o plasma e o soro: no caso do plasma, como não ocorre a coagulação (pois 
há o anticoagulante), ainda estão presentes o fibrinogênio e os fatores de coagulação. No soro, 
tanto o fibrinogênio quanto os fatores de coagulação são consumidos quando o sangue coagula. 
Muitas análises bioquímicas podem ser feitas com a utilização do plasma, mas, por uma questão 
de praticidade, a maioria dos laboratórios utiliza o soro para essas análises.Veja um resumo das amostras obtidas através do sangue na Figura 14. 
 
As amostras precisam ser devidamente acondicionadas até que possam ser analisadas. Amostras 
de sangue total devem ser analisadas em até uma hora. Caso não haja essa possibilidade, o tubo 
deve ser refrigerado por até 24 horas. Amostras de sangue total não devem ser congeladas pois o 
congelamento causa lise celular. 
Já as amostras de plasma e de soro a serem utilizadas para análises bioquímicas devem ser 
centrifugadas e separadas o quanto antes, para que não ocorra consumo de substâncias presentes 
no sangue pelas células sanguíneas, o que ocorre especialmente com a gligose. Após a separação, 
o soro é transferido para tubos do tipo Eppendorf para, então, ser analisado. Essa análise deve 
ocorrer rapidamente. Caso contrário, o soro deve ser refrigerado de 24 a 48 horas. O soro pode ser 
congelado caso a análise não possa ser feita dentro de 48 horas, podendo ser armazenado a -70° 
C caso haja a necessidade de um armazenamento a longo prazo (o que ocorre muito em casos de 
pesquisas científicas). 
Antes de realizar qualquer análise, é preciso homogeneizar o tubo, especialmente tubos de sangue 
total. Porém, caso o tubo tenha sido refrigerado, é necessário aguardar que ele chegue à 
temperatura ambiente antes de realizar a homogeneização. Caso contrário, poderá ocorrer a 
hemólise. Faz-se a homogeneização do tubo com movimentos suaves (para evitar a hemólise) até 
que as partes líquida e celular do sangue se misturem. 
Para realizar o Hemograma, além da amostra coletada em tubo com anticoagulante, é essencial 
que se faça um esfregaço sanguíneo em lâmina para a contagem diferencial de leucócitos e 
observação da morfologia das células em microscópio. O ideal é realizar o esfregaço sanguíneo no 
momento da coleta, com a amostra retirada diretamente da seringa, sem o anticoagulante, uma vez 
que ele pode alterar a morfologia ou coloração das células. 
Após a secagem do sangue sobre a lâmina, é feita a fixação e coloração do esfregaço. Para isso, 
na rotina, utiliza-se o sistema chamado Panótico Rápido, um kit de três líquidos: o primeiro é um 
fixador; o segundo é um corante ácido (cora de rosa os componentes básicos das células); e o 
terceiro é um corante básico (cora de roxo os componentes ácidos das células). Também podem 
ser utilizadas outras técnicas de coloração, como May-Grunwald-Giemsa ou Wright. 
Para realizar a pesquisa de hemoparasitas, deve-se fazer um pequeno corte na ponta da orelha e, 
com a gota formada, realizar um esfregaço sanguíneo. Isso é feito para analisar o sangue periférico, 
onde é mais provável a visualização dos hemoparasitas. 
URINA 
Assim como as análises de hemograma e bioquímica sanguínea, a urinálise é um dos exames 
laboratoriais mais frequentes na rotina clínica, e pode fornecer informações importantes sobre o 
estado geral e metabolismo do animal. 
A coleta da urina pode ser feita por: micção natural, cateterismo vesical ou cistocentese. 
Recomenda-se a coleta da primeira urina da manhã, pois a ingestão de água durante o dia pode 
diluir algumas substâncias a serem analisadas. A coleta por micção natural se dá colocando a urina 
em um coletor universal estéril no momento da micção. Esse método de coleta é utilizado 
principalmente em grandes animais, sendo possível estimular a micção através de uma leve 
massagem na região perigenital. É importante higienizar a região antes da coleta. A porção inicial 
da urina deve ser desprezada pois pode conter bactérias e restos celulares que podem interferir na 
análise. 
De acordo com Lopes, Biondo e Santos (2007), a coleta por meio de cateterismo vesical é realizada 
através de sondas, que devem ser adequadas para a espécie, sexo e tamanho do animal. Esse 
tipo de coleta é bastante útil quando há a necessidade de uma coleta rápida, por exemplo. Porém, 
é preciso evitar a contaminação da amostra e o trauma da uretra. 
A coleta por cateterismo vesical é bastante utilizada em animais de pequeno porte, mas também 
pode ser realizada em fêmeas de espécies de grande porte. 
A cistocentese é a forma de coleta mais indicada para animais de pequeno porte, principalmente 
quando há a necessidade de cultura bacteriana da urina. Porém, tal método só é possível quando 
há volume suficiente de urina na bexiga. Deve-se realizar a punção da bexiga com uma agulha de 
calibre 25x7 ou 30x8 e, preferencialmente, utilizar ultrassom para identificar o local correto da 
punção. Sempre deve-se especificar o método de coleta na guia de requisição do exame. 
O volume de urina a ser coletado em todos os casos é de, pelo menos, 10 mL. Caso não se analise 
a amostra logo após a coleta, ela deve ser mantida sob refrigeração por até 12 horas. Em 
temperatura ambiente, podem ocorrer alterações nas substâncias presentes na urina depois de 2 
horas. Caso seja refrigerada, é preciso aguardar que a amostra atinja a temperatura ambiente antes 
da análise. 
OUTROS MATERIAIS 
Além das análises sanguíneas e de urina, a Patologia Clínica Veterinária também abrange exames 
de citologia (qualquer exame realizado para detecção ou identificação de células em uma amostra), 
como: análise de derrames cavitários; líquido cefalorraquidiano; líquido ruminal; medula óssea; etc. 
Um dos principais exames realizados na citologia é a análise de derrames cavitários, que podem 
ser torácicos ou abdominais. Esses derrames não são normais e podem ocorrer por diversos fatores 
patológicos. 
Coleta-se líquidos provenientes de derrames cavitários através da abdominocentese ou 
toracocentese (dependendo do local em que o líquido está acumulado). Com esses métodos, é 
possível diagnosticar vários tipos de alterações de líquidos cavitários, que podem ter origem 
traumática, infecciosa, inflamatória, etc. 
Para a abdominocentese em pequenos animais, o local de coleta é de 2 cm a 3 cm caudalmente 
ao umbigo; porém, só é possível realizar a coleta facilmente quando há quantidades maiores de 
líquido no abdome (a partir de 5 mL). Com o animal em decúbito dorsal, utiliza-se anestesia local 
para realizar uma pequena incisão e introduzir um cateter especial (introduzido em direção caudal), 
acoplado a uma seringa de 20 ml. Caso não se obtenha nenhum líquido, é possível realizar uma 
lavagem abdominal, introduzindo 22 ml/kg de solução fisiológica estéril no abdome. O animal pode 
ser movimentado para os lados, para que ocorra a dispersão do líquido e, em seguida, o líquido é 
coletado (não é necessário coletar todo o líquido infundido). 
Em bovinos, a abdominocentese dificilmente trará algum líquido inflamatório pois, no caso desses 
animais, casos de peritonite costumam ser localizados. Já em equinos, casos de peritonite tendem 
a ser difusos; porém, a presença de fibrina pode dificultar a coleta de grandes volumes de líquido. 
O local de coleta nesses animais deve ser definido de acordo com o exame clínico. 
A toracocentese segue os mesmos princípios. O local de coleta pode ser determinado por 
radiografia, ultrassonografia ou por percussão, para que se determine onde há mais presença de 
líquido. Normalmente, é realizado no nível das articulações condrocostais, na região do sétimo ao 
nono espaço intercostal. 
 É interessante que o líquido coletado seja acondicionado em tubos com anticoagulante (EDTA), 
no caso da análise citológica, e sem anticoagulante, para a avaliação das características físicas e 
químicas e da coagulabilidade da amostra. Também é possível realizar culturas bacterianas e 
antibiograma. Por isso, todos os materiais utilizados durante a coleta devem ser estéreis. Caso o 
aspecto do líquido coletado seja turvo, também se indica um esfregaço no momento da coleta. 
Indica-se a análise do líquido cefalorraquidiano quando se suspeita de problemas relacionados ao 
Sistema Nervoso Central (SNC). Para coleta, é necessário que o animal esteja anestesiado. As 
regiões de coleta podem ser a região suboccipital(cisterna magna) ou a região lombossacra (entre 
L5 e L6 ou entre L6 e L7). A punção é feita no espaço intervertebral, sendo que a agulha atinge o 
espaço dural, e o líquido flui pela agulha e deve ser acondicionado em 3 frascos diferentes 
(preferencialmente, um deles deve ser sem anticoagulante), para se evitar a contaminação com 
sangue. O volume de líquido coletado deve ser de cerca de 1 ml para cada 5 kg e a amostra deve 
ser analisada em, no máximo, 30 minutos após a coleta. A coleta de líquido cefalorraquidiano 
envolve muitos riscos e, por isso, deve ser realizada somente por profissionais treinados. 
A coleta do líquido ruminal é feita através da sonda esofágica de 2 a 3 metros, utilizando uma 
bomba de via dupla. O volume a ser coletado é de até 500 ml. O líquido deve ser analisado em até 
8 horas depois da coleta. Caso não seja possível, a amostra pode ser refrigerada por até 24 horas. 
Como a alimentação pode ter influência direta sobre os parâmetros analisados, o ideal é que a 
coleta seja feita de 3 a 5 horas após a alimentação. 
O exame da medula óssea é importante em casos de suspeita de problemas na hematopoiese, que 
podem ser causados por diversos fatores. Em animais adultos, a medula óssea vermelha (aquela 
que é ativa na produção de células sanguíneas) está presente nos ossos chatos (costelas, ossos 
da pelve e ossos da cabeça), em ossos menores (como nas vértebras) e nas extremidades dos 
ossos longos. A crista ilíaca é o local de coleta mais utilizado, tanto em pequenos como em grandes 
animais. Introduz-se uma agulha especialmente desenvolvida para esse fim, acoplada a uma 
seringa de 20 ml com EDTA a 3%. Faz-se então a aspiração de 0,5 mL a 1 mL de medula óssea, o 
que já é suficiente para as análises necessárias. Após a coleta, o indicado é realizar cinco lâminas 
de esfregaço imediatamente.

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