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CORREÇÃO MONETÁRIA DE DÉBITOS JUDICIAIS REFERENTES À 
REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS 
JOSÉ LUIs WAGNER) 
RUDI MEIRA CASSEL2 
A necessidade de recomposição do poder aquisitivo da moeda, no que tange 
aos débitos judiciais, é ponto pacífico na legislação e jurisprudência nacionais, 
particularmente após o advento da Lei 6.899/81, que dispôs de forma expressa a 
respeito; hoje, o debate se concentra em tomo do indexador mais correto e do 
momento em que passa a ser devida a correção, segundo os princípios jurídicos e 
econômicos pertinentes. 
O atual arcabouço legislativo acerca da atualização monetária (distante do puro 
nominalismo) é, antes de tudo, o produto de um processo evolutivo onde conjuga-
ram-se fatores normativos, doutrinários e, principalmente, jurisprudenciais, no qual 
o Supremo Tribunal Federal desempenhou papel fundamental. 
Nesses termos, a inflação, um dos principais legados da Era Industrial, foi o 
fator que motivou a alteração do pensamento nominalista, fazendo com que o Direito 
tivesse de se adaptar à realidade que o cercava. Ao longo desse percurso, algumas 
técnicas foram implementadas, a exemplo da teoria da imprevisão e das cláusulas 
de escala móvel, mas ambas se revelaram insuficientes para debelar o mal causado 
pela corrosão inflacionária; o ajuste, então, foi o meio que se afigurou como o mais 
indicado para a manutenção do valor real da moeda. 
Ensina Humberto Theodoro Júnior: 
( ... ) 
A correção monetária, como o mais atualizado sistema de contornar a influência 
deletéria da desvalorização do poder aquisitivo da moeda, consiste num sistema 
prático de apurar, ao longo do tempo, o índice de depreciação do meio circulante 
para atualizar o valor de uma obrigação. ( ... ) Com ela, faz-se o devido corretivo 
) Advogado em Santa Maria e Pono Alegre, RS, e em Curitiba, PR; assessor jurídico da ASSUFSM, 
APUSM, SINASEFE/UFSM, SESERV. SINDlSERF/RS. SINDlTEST/PR, SINDFSN/PR e 
SINDlFAZJPR -Se. 
2 Acadêmico do 8~ semestre do Curso de Direito da UFSM. estagiário. 
R. Dir. Adm., Rio de Janeiro, 215: 61-70, jan.lmar. 1999 
que mantém atualizado, no tempo, o valor da moeda como padrão de poder aqui-
sitivo. 
( ... ) 
Por outro lado, à medida que a legislação ampliava cada vez mais os casos de 
expressa previsão de atualização do valor das prestações, contratuais ou não, a 
jurisprudência ia forjando a teoria das dívidas de valor, isto é, de obrigações cujo 
valor deveria permanecer, por sua própria natureza, imune à corrosão inflacionária. 
Foi a Lei nº 4.357, de 1964, que iniciou a escalada da legislação corretiva da 
economia nacional, criando as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional e 
impondo a correção monetária real e permanente das dívidas fiscais e previdenciá-
rias. Em pouco tempo, o mesmo regime seria aplicado aos contratos de locação, de 
incorporação, do Sistema Nacional de Habitação, às desapropriações, às indeniza-
ções de seguro etc. 3 
O Supremo Tribunal Federal modificou gradualmente sua posição diante do 
tema, tratando da matéria conforme a natureza da dívida sobre a qual incidiria a 
correção monetária, que culminou na admissão das denominadas dívidas de valor, 
ao lado das dívidas de dinheir04• 
O entendimento sobre as dívidas de valor reconhecia que as obrigações que se 
enquadrassem nessa classificação deveriam sofrer reajuste periódico automático, 
independentemente da obediência ao princípio da reserva legal, ou seja, sem a 
necessidade de prévia lei que regulasse a correção a ser efetivada ou até de pedido 
da parte interessadas. Posteriormente, a exegese foi ampliada para envolver também 
as dívidas de dinheiro6• 
Apesar da notável evolução que representaram tais interpretações, o assunto 
encontrou sua melhor expressão na Lei n2 6.899/81 que, sem discutir o que seria 
dívida de valor ou dívida pecuniária, estendeu a atualização monetária a quaisquer 
débitos derivados de decisão judicial (art. 12), além do que, segundo a melhor 
doutrina, o disposto em tal diploma teria aplicação tanto aos processos de conheci-
mento quanto aos de execução forçada7• 
Quanto à incidência da correção monetária e à forma como deveria ser feita 
quando se tratasse de questões envolvendo vencimentos de servidores públicos, a 
jurisprudência foi direcionada no sentido da natureza alimentar desses. justificando-
se a preponderância do melhor índice correcional, incidente desde o momento em 
que se verificasse o prejuízo; nesse sentido têm sido as manifestações do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais, 
as quais serão analisadas a seguir. 
3 THEODORO JÚNIOR, Humberto. A Correção Monetária Segundo a Lei n!! 6.899. de 08.04.8/. n2 
3, Prático Jurídico - Doutrinas. 1998. 
4 Idem, n2 4. 
5 Vide RE n2 79.663 (RTJ: 79/515). Para uma melhor compreensão da transição da exegese do STF 
sobre a correção monetária em geral, deve-se atentar também para as Súmulas n2 314 e n2 490. 
6 W ALO, Arnold. A Correção Monetária na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, Prático 
Jurídico - Doutrinas, 1998. 
7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. A Correção Monetária Segundo a Lei n!! 6.899, de 08.04.8/, n2 
7, Prático Jurídico - Doutrinas, 1998. 
62 
A evolução legislativa, jurisprudencial e doutrinária está consolidada, no âmbito 
da Justiça Federal, no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos 
na Justiça Federal (Conselho da Justiça Federal, junho/97, p. 60), no qual há uma 
extensa listagem de leis e indexadores a serem usados na atualização da moeda em 
liquidação de sentença, que unida a outros dados (inclusive outros diplomas legais, 
que a jurisprudência consolidou como aplicáveis), proporciona a seguinte síntese da 
legislação aplicável, entre parênteses as observações que importam ao presente 
artigo: Lei nQ 4.357/64 (ORTN, art. 12); Decreto nQ 54.252/64 (ORTN, arts. 22 e 72, 
item 1); Lei nQ 6.899/81 (correção monetária dos débitos judiciais, art. 12 ); Decreto 
nQ 86.649/81 (ORTN); Decreto-Lei nQ 2.284/86 (OTN, art. 62, e IPC-IBGE, arts. 52 
e 40); Portaria SEPLAN nQ 64/86 (IPC-IBGE); Decreto-lei n2 2.290/86 (OTN, art. 
62); Lei nQ 7.730/89 (OTN, art. 15); Lei nQ 7.738/89 (complementação da Lei n2 
7.730/89); Lei nQ 7.777/89 (BTN, art. 52, e IPC-IBGE, art. 52, § 22); Lei nQ 7.799/89 
(BTN Fiscal); Lei nQ 7.801/89 (BTN); Lei nQ 8.177/91 (TR, INPC-IBGE); e Lei nQ 
8.383/9 1 (UFIR, art. 12). 
Para se compreender a maior parte das controvérsias açerca dos índices a serem 
utilizados para a correção monetária dos débitos judiciais, deve-se entender a fina-
lidade dos mesmos, qual seja a recomposição integral do poder de compra da moeda. 
Assim, particularmente no caso da remuneração dos servidores públicos federais, 
que tem natureza eminentemente alimentar, é sempre possível pleitear a aplicação 
do índice que melhor estabeleça a dita recomposição, mesmo que para isso seja 
necessário discutir o texto legal vigente para o período considerado. 
Tal é o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
RECURSO - PREQUEST10NAMENTO. ( ... ) 
INDENIZAÇÃO - CORREÇÃO MONETÁRIA - Longe fica de vulnerar pre-
ceito da Carta Política da República provimento judicial que, à mercê da interpre-
tação dos diplomas legais pertinentes à hipótese, implica conclusão sobre a inci-
dência do índice relativo à perda do poder aquisitivo da moeda. (STF, Agravo 
Regimental em Agravo de Instrumento nQ 168.609-J/RJ, rei. Min. Marco Aurélio, 
2Cl Turma, DJ: 02/02/1996)8. 
Esse entendimento tem diversas conseqüências práticas, como será demonstrado 
a seguir. 
Inicialmente, impõe-se desconsiderar o BTN (criado pela Lei n2 7.777/89, art. 
52) quando cabível o IPC-IBGE integral (instituído pelo Decreto n2 2.284/86, arts. 
52 e 40, e regulamentado pela Portaria SEPLAN n2 64/86). É o que propõe a 
Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que segue: 
PROCESSO CIVIL. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. VENCIMENTOS E VAN-
TAGENS DO SERVIDOR PÚBLICO. CORREÇÃO MONETÁRIA. PERÍODO EN-
TRE MARÇO DE 1990 E JANEIRO DE 1991. VINCULAÇÃOAO IPC DO IBGE. 
É ressabido que o reajuste monetário visa exclusivamente a manter no tempo 
o valor real da dívida, mediante a alteração de sua expressão nominal, não gera 
acréscimo ao valor nem traduz sanção punitiva. Decorre do simples transcurso do 
8 LEX:2121112. 
63 
tempo. sob regime de desvalorização da moeda. Por isso. impõe-se a aplicação de 
índices que efetivamente afirmem a realidade inflacionária do período. desconside-
rando o controle anificial praticado por meio de reiterados expurgos nas taxas 
apuradas mensalmente. Tal disciplina aplica-se a todos os ramos do direito. alcan-
çando. inclusive. os débitos judiciais oriundos de demandas acerca de vencimentos 
e vantagens de servidores públicos. máxime por tratar-se de verbas de natureza 
alimentar. O IPC do IBGE é o índice que melhor retrata a corrosão inflacionária 
ocorrida no período entre março de 1990 e janeiro de 1991. Precedentes. Embargos 
acolhidos. por unanimidade. (STJ. REsp nº40533/SP. rel. Min. Demócrito Reinaldo. 
Corte Especial. DJ: 06/03/95)9 
Consoante esse entendimento, foi consolidada a jurisprudência no sentido de 
serem devidos os mencionados "expurgos inflacionários" relativos ao período, os 
quais estão especificados na decisão a seguir transcrita: 
EXECUÇÃO POR TITULO JUDICIAL CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. 
CORREÇÃO MONETÁRIA. NATUREZA JURíDICA. íNDICES APLICÁVEIS: 
ORTN. OTN. IPC-INPC/IBGE. UFIR. 
I - A correção monetária não se constitui em acréscimo ou sanção punitiva, 
mas permite tão-somente a preservação do valor real da moeda para se evitar o 
enriquecimento se causa do devedor. 
11 - Ao Judiciário cumpre zelar pela máxima efetividade de suas decisões que 
deverão proporcionar o maior grau possível de reparação do dano patrimonial 
sofrido pela parte. independentemente do ramo jurídico em que se enquadre o direito 
postulado. 
111 - A atualização monetária deve ser calculada de acordo com os seguintes 
parâmetros: até fevereiro de 1986. pela variação do valor nominal da ORTN. em 
março de 1986. pela OTN; de abril de 1986 a fevereiro de 1987. pela OTN "pro 
rata"; de março de 1987 a dezembro de 1988. pela OTN; de janeiro de 1989 a 
fevereiro de 1991. pelo IPC/IBGE. devendo ser adotados os percentuais de 42.72%. 
/0.14%. 84.32%. 44.80%. 7.87% e 21.87% para os meses de janeiro e fevereiro de 
1989. março. abril e maio de 1990 e fevereiro de 1991. respectivamente; de março 
de 1991 a dezembro de 199/. pelo INPC/IBGE; a partir de janeiro de 1992. pela 
UFIR. 
IV - Apelação e remessa oficial às quais se nega provimento. (TRF 3u Região. 
AC nº 391.832/SP. rei. Juiz Manoel Álvares. 4« Turma)1O 
No Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a matéria chegou a ser sumulada: 
SÚMULA Nº 32 
No cálculo de liquidação de débito judicial, inclui-se o índice de 42,72% relativo 
à correção monetária de janeiro de 1989 (Dl: 19.06.95)11. 
9 Vide também. do STJ: REsp nl! 51057/SP, reI. Min. Peçanha Martins. Corte Especial, DJ: 12/05/97; 
REsp nl! 54754/SP, reI. Min. Jesus Costa Lima. Corte Especial, DJ: 12102196; REsp nl! 5 I 446/SP. reI. 
Min. Pedro Acioli. 6il Tunna, DJ: 07/11/94). 
10 LEX: 105/491. 
11 RTRF-4il: 26/97119. 
64 
SÚMULA Nº37 
Na liquidação de débito resultante de decisão judicial, incluem-se os índices 
relativos ao IPC de março, abril e maio de 1990efevereiro de 1991 (DJ: 15.07.96)12. 
Assim, pode-se afirmar in abstrato que, em havendo expurgo inflacionário, é 
perfeitamente aplicável a correção monetária pelo IPC-IBGE (devido a sua fidelidade 
à realidade inflacionária) no lapso temporal que vai de março de 1986 a fevereiro 
de 1991. 
De fevereiro de 1991 em diante, evidenciou-se o INPC (Lei nQ 8.177/91, art. 
4Q) que, nos mesmos termos do IPC (então extinto), revelou-se mais apto às neces-
sidades de atualização da moeda, contrapondo-se à UFIR e à Taxa Referencial - TR, 
a qual, inclusive, foi declarada inconstitucional pelo STF, quando usada como 
indexador de correção, verbis: 
- Ação direta de inconstitucionalidade 
( ... ) 
- Ocorrência, no caso, de violação de direito adquirido. A Taxa Referencial 
(TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do custo 
primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a 
variação do poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade de se examinar 
a questão de saber se as normas que alteram índice de correção monetária se 
aplicam imediatamente, alcançando, pois, as prestações futuras de contratos cele-
brados no passado, sem violarem o disposto no artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna. 
( ... ) 
Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar a in-
constitucionalidade dos artigos 18, 'caput' e parágrafos Iº e 411.; 20; 21 e parágrafo 
único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei nº 8.177, de 1º de março 
de 1991. (STF, ADIN nQ 493-0 - DF, reI. Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, DJ: 
04/09/1992) 13. 
Na esteira desse entendimento, consolidou-se a jurisprudência do Superior Tri-
bunal de Justiça: 
CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS. PAGAMENTO COM ATRA-
SO. CORREÇÃO MONETÁRIA. LEI 6.899/81. INDICE. TAXA REFERENCIAL. 
INAPLlCABILlDADE. JUROS MORATÓRIOS. ÉPOCA DE FLUÊNCIA. 
- Em tema de cobrança judicial de vencimentos de servidores públicos, a egrégia 
Terceira Seção consolidou o entendimento jurisprudencial de que a correção mo-
netária das parcelas pagas com atraso incide na forma prevista na Lei 6.899/81 e 
deve ser aplicada a partir do momento em que eram devidas. 
- Os referidos débitos, por consubstanciarem dívidas de valor, por sua natureza 
alimentar, devem ter preservado o seu valor real no momento do pagamento, 
devendo ser corrigidos pelo índice que efetivamente reflita a medida da inflação. 
- O STF, quando do julgamento da ADIN 483/DF, proclamou que a taxa 
referencial - TR - não pode ser adotada como índice de correção monetária, pois 
12 Idem. 
13 LEX: 168no. 
65 
não reflete a variação do poder aquisitivo da moeda. prestando-se tão-somente para 
medir as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo. (STl. 
REsp n2 12 J0871MG. reI. Min. Vicente Leal, 6ª Turma, Dl: 04/08/1 997) 
Problema maior continua sendo a determinação do indexador a ser usado após 
janeiro de 1992, precipuamente por haver uma parcela expressiva da jurisprudência 
que passou a utilizar a UFIR daí em diante. 
Em face dos mesmos argumentos expendidos. que resultaram na consolidação 
do IPC no lugar do BTN e INPC no lugar da TR, a UFIR emergiu. pela finalidade 
com que foi instituída, como inadequada para a corrreção monetária dos débitos 
judiciais referentes à remuneração dos servidores públicos federais, que possui 
natureza alimentar, diversa da tributária, para a qual foi criada a Unidade Fiscal em 
questão. 
Nesse sentido, o teor do art. I º, da Lei n2 8.383/91, que implementou a UFIR: 
Art. lI!. Fica instituída a Unidade Fiscal de Referência - UFIR, como medida 
de valor e parâmetro de atualização monetária de tributos e de valores expressos 
em cruzeiros na legislação tributária federal, bem como os relativos a multas e 
penalidades de qualquer natureza. 
Portanto, no tocante à correção monetária, está explícita a vinculação tributária 
da UFIR, elemento imprescindível à impugnação desta quando não representar a real 
variação do custo de vida nos períodos posteriores a dezembro de 1991, posto que, 
em matéria de manutenção do valor não apenas nominal da moeda, os índices 
prejudiciais (causadores de expurgos) são inaplicáveis ou de aplicação restritiva, 
mormente no caso de débitos cujo suporte básico tem natureza jurídica alimentar, a 
exemplo dos vencimentos aqui tratados. 
Esclarecedora é a seguinte ementa, embora relacionada a débito previdenciário 
(grifamos): 
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. 
EQUIVALÊNCIA SALARIAL. SÚMULA 260 TFR. SALÁRIO MÍNIMO DE REFE-
RÊNCIA. SÚMULA 15 TRF. APLICAÇÃO DE ÍNDICES DE CORREÇÃO. SÚMULA 
32 TRF. 
(. .. ) 
111. "No cálculo de liquidação de débito judicial, inclui-seo índice de 42,72% 
relativo à correção monetária de janeiro de 1989." (Súmula 32 do TRF). 
IV. A UFIR restringe-se à atualização de dívidas de natureza fiscal, impondo-se 
o uso do INPC em lides como a da espécie. (TRF 4íl Região, AC 93.04.28831-2/PR, 
reI. juiz Manoel Munhoz, 3ª T., unânime, Dl: 06/12/95) 
Por outro lado, é imperioso observar se a correção que se deseja, após dezembro 
de 1991, com base no INPC, situação que deverá ser verificada no caso concreto, 
não conduz a resultado inferior ou idêntico ao da aplicação da UFIR. o que tornaria 
inócuo eventual questionamento acerca deste indexador, pois o objetivo de recom-
posição do poder aquisitivo da moeda teria sido atingido, nos termos da ementa 
abaixo transcrita: 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTA DE ATUALI-
ZAÇÃO DE DÉBITO JUDICIAL. IMPUGNAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. 
66 
ACERTO DOS CÁLCULOS REALIZADOS. DECISÃO MANTIDA. RECURSO IM-
PROVIDO. 
I. É de ser mantida a decisão que homologa conta de atualização de débito 
judicial realizada com observância do contido no título executivo, aplicando-se 
índices de correção monetária aceitáveis e que refletem a desvalorização da moeda. 
2. Embora seja o INPC o substituto do BTN, como íl/dice de correção monetária 
dos débitos judiciais. é de ser mantida a utilização da UFIR a partir de janeiro/92, 
porque equivalente ao INPC. 
3. Incide o IPC como fator de correção dos débitos judiciais no mês de feve-
reiro/91. 
4. Agravo improvido. Decisão mantida. (TRF 4.íl Região, AG nº 95.04.06374-
8/PR, reI. juiz Edgard Lippmann, 411 Turma) 
Não obstante a discussão sobre o índice que se pretenda adotar, a jurisprudência 
tornou pacífico o entendimento de que a correção monetária dos débitos relativos à 
remuneração dos servidores públicos deve incidir desde o momento em que a 
diferença pleiteada deveria ter sido paga ao servidor, e não somente a partir do 
ajuizamento da ação. 
Esse o entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça (grifamos): 
ADMINISTRATIVO - FERROVIÁRIOS - COMPLEMENTAÇÃO DE PRO-
VENTOS CORRESPONDENTES AOS VENCIMENTOS DOS EMPREGADOS EM 
ATIVIDADE - PRESCRIÇÃO - CORREÇÃO MONETÁRIA - DECRETO 
20.9/0/32 E LEI 6.899/81. 
1. Em tema de obrigação de trato sucessivo, o direito de ação e fluxo prescri-
cional nascem no momento em que o devedor entrou em mora, deixando de efetuar 
o pagamento ou o fazel/do de modo insatisfatório. Assim, a prescrição atinge apenas 
as parcelas não reivindicadas no qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da ação. 
2. A atualização mOI/etária de débito de I/atureza alimentar incide a partir do 
vencimento de cada prestação. 
3. Recurso desprovido. (STJ, REsp nº 974/SP, reI. Min. Humberto Gomes de 
Barros, l.íl Turma, DJ: 07/02/94)14 
Cabe também destacar, complementando o tema central deste estudo, que, 
quando se tratar de débidos que tenham origem nas remunerações dos servidores 
públicos federais, mas que possuam natureza tributária (é o caso, por exemplo, dos 
valores que venham a ser restituídos por conta das contribuições sociais descontadas 
indevidamente dos servidores ativos e inativos), aplicar-se-á, ao valor a ser compen-
sado ou restituído, a partir de 1 º de janeiro de 1996 e a título de correção monetária 
e juros, a taxa referencial do SELIC, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.0250/95 
(grifamos): 
Art. 39. A compensação de que trata o artigo 66 da Lei nº 8.383, de 30 de 
dezembro de 1991. com a redação dada pelo artigo 58 da Lei nCl 9.069. de 29 de 
junho 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância cor-
14 Também do ST1: REsp nº 35024/SP, reI. Min. loséDantas, 5~Turma. Dl: 02108/93; REsp nº 32737/SP. 
reI. Min. Adhemar Maciel, 611 Turma, Dl: 29/05/95. 
67 
respondente a imposto. taxa. contribuição federal ou receitas federais de mesma 
espécie e destinação constitucional. apurado em períodos subseqüentes. 
( ... ) 
§ 4l!. A partir de Il!. de janeiro de 1996. a compensação ou restituição será 
acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liqui-
dação e Custódia - SELlC para títulos federais. acumulada mensalmente. cal-
culados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao 
da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo 
efetuada. 
Aliás. através da investigação da jurisprudência, pode-se constatar que, até 
dezembro de 1991, aplicam-se aos débitos tributários, para fins de correção mone-
tária, os mesmos indexadores aplicáveis à remuneração dos servidores públicos 
federais, quais sejam: até fevereiro de 1986, pela ORTN; de março de 1986 até 
janeiro de 1989, pela OTN, de fevereiro de 1989 até fevereiro de 1991, pelo IPC; 
de março de 1991 até dezembro de 1991, pelo INPC, em todos os casos devendo 
ser considerados os expurgos inflacionários já referidos. 
A partir de IQ de janeiro de 1992 e até dezembro de 1995 deverá incidir, por 
força da Lei nQ 8.383/91, a UFIR; de Il!. de janeiro de 1996 em diante. deverá incidir 
a taxa SELlC. 
No caso de tais débitos tributários, deve-se atentar para o fato de que os juros 
de mora. até dezembro de 1995. são de 1% ao mês desde o trânsito em julgado da 
decisão condenatória. conforme o art. 167 do Código Tributário Nacional; a partir 
de li!. de janeiro de 1996. eles estão compreendidos pela taxa SELlC. 
Finalizando, é de ser destacada a consolidação jurisprudencial, no Tribunal 
Regional Federal da 411 Região, no sentido de que, mesmo quando do pagamento 
administrativo de diferenças remuneratórias, deverá incidir a correção monetária: 
SÚMULA Nl!.9 
Incide correção monetária sobre os valores pagos com atraso. na via adminis-
trativa, a título de vencimento, remuneração, provento, soldo, pensão ou benefício 
previdenciário, face à sua natureza alimentar (Dl: 06.11.92)15. 
Em face do que foi exposto, é possível chegar-se às seguintes conclusões: 
I) A correção monetária não é opção, mas necessidade em face da depreciação 
do valor real da moeda, ocorrência comum em uma realidade inflacionária. 
2) Sendo necessário tal reajuste, a utilização de um índice de atualização que 
não reflita a verdadeira variação do poder de compra constitui-se, efetivamente, na 
criação de uma ficção sem amparo legal e econômico, causando o empobrecimento 
indevido do credor e o enriquecimento ilícito do devedor, o que, em última análise, 
caracteriza o confisco de valores que integram o patrimônio do titular do crédito. 
3) Nas dívidas judiciais de origem alimentar (é o caso das oriundas dos litígios 
que versem sobre a remuneração do servidor público federal). a atualização mone-
tária assume papel fundamental, devendo ser feita sempre pelo índice legalmente 
15 RTRF-4i1 26/97/16. 
68 
instituído que verdadeiramente traduza a elevação do custo de vida causado pela 
inflação. 
4) No caso concreto, os momentos de maior atenção para fins de aferição do 
verdadeiro índice de atualização devem ser aqueles em que entraram em vigor os 
denominados planos econômicos, dos quais resultaram os expurgos inflacionários. 
5) Pode-se afirmar, com certeza, que a atualização monetária dos débitos judi-
ciais relativos à remuneração dos servidores públicos federais deve ser calculada de 
acordo com os seguintes parâmetros: até fevereiro de 1986. pela ORTN; de março 
de 1986 até janeiro de 1989, pela OTN; de fevereiro de 1989 até fevereiro de 1991, 
pelo /PC; de março de 1991 até dezembro de 1991, pelo /NPC; e dejaneiro de 1992 
em diante. pela UF/R ou /NPC (considerado mês a mês o que melhor refletir a 
inflação). 
6) É pacífica também a necessidade de recomposição dos seguintes expurgos 
inflacionários: 42,72% em janeiro de 1989 (/PC), 10,14% em fevereiro de 1989 
(/PC). 84.32%. em março de 1990 (/PC). 44.80% em abril de 1990 (/PC), 7.87% 
em maio de 1990 (/PC) e 21.87% em fevereiro de 1991 (/PC). 
7) A correção monetária dos débitos judiciais oriundos de diferenças remune-
ratórias de servidores públicos federais deverá incidir desde as datas em que as 
parcelas atrasadasdeveriam ter sido pagas, em face da natureza alimentar dos 
mesmos. 
8) Tratando-se de débitos tributários que tenham origem em descontos indevidos 
efetuados nas remunerações dos servidores públicos federais, deve-se usar os se-
guintes parâmetros de correção monetária: até fevereiro de 1986, pela ORTN; de 
março de 1986 até janeiro de 1989. pela OTN. de fevereiro de 1989 até fevereiro 
de 1991. pelo IPC; de março de 1991 até dezembro de 1991, pelo INPC. em 
todos os casos devendo ser considerados os expurgos inflacionários já referidos; 
a partir de lI!. de janeiro de 1992 e até dezembro de 1995 pela UFIR; de lI!. de 
janeiro de 1996 em diante. pela taxa SEUC; até dezembro de 1995 deverão 
incidir juros de mora de 1% ao mês desde o trânsito em julgado da decisão 
condenatória. os quais. a partir de lo de janeiro de 1996, estarão compreendidos 
pela taxa SEUC. 
9) As parcelas que forem pagas em atraso, administrativamente, deverão ser 
corrigidas pelos mesmos indexadores supramencionados; se não o forem, caberá 
ação judicial para pleitear a correção monetária devida. 
Bibliografia Consultada 
I. Prático Jurídico - Doutrinas. Edições Informatizadas. Caxias do Sul: Ple-
num, 1998. 
2. Acervo Jurídico para Informa 4 for Windows - Jurisprudência e Legislação. 
CD I. 14ª ed .. Cuiabá: Prolink Publicações, março de 1998. 
3. Revista do Tribunal Regional Federal da 4" Região. Porto Alegre: O Tribunal, 
1990 -. 
69 
4. Legislação Federal e Jurisprudência. São Paulo: LEX, janeiro de 1964 a 
setembro de 1998. 
5. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. São Paulo: LEX, janeiro de 
1979 a agosto de 1998. 
6. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais Regionais 
Federais. São Paulo: LEX, janeiro de 1987 a agosto de 1998. 
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