Apostila Arte VR 2023-067-068

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Figura 15. Candido Portinari. Catequese dos índios. 1941. Têmpora. 494 x 463 cm.
A obra Retirantes (Figura 16) mostra o êxodo 
rural no Sertão nordestino devido à seca e à 
miséria. Portinari escolhe tons azuis e marrons 
para a maior parte da composição: o céu negro 
e a terra seca. As figuras esquálidas, com as 
feições tristes, retratam as marcas da pobreza 
extrema que afetou e afeta boa parte da 
população. Os urubus, ao fundo, aludem às 
mortes e à atmosfera triste que circunda a 
região.
Figura 16. Candido Portinari. Retirantes. 1944. Óleo sobre tela. 190 x 180 cm.
Teatro
Os ares cosmopolitas da cidade de São Paulo 
não impediram atrasos culturais e uma elite 
pouco aberta a novidades, como visto na 
recepção dos críticos à exposição de pinturas 
de Anita Malfatti.
Figura 17. Apresentação de O rei da vela, em 1967.
A história do teatro na capital paulista, nas primeiras 
décadas do século Xx, é pouco relatada. Havia 
manifestações teatrais amadoras, ligadas muitas vezes aos 
movimentos operários ou do circo-teatro. Com o 
enriquecimento da cidade, muitas famílias passaram a 
comprar e construir teatros voltados para o 
entretenimento nos moldes europeus, distante do 
público de origem popular.
Esse quadro começa a se alterar com o 
advento da figura do encenador, aquele que 
supervisiona e dirige a montagem de uma 
peça, como Ziembinski (1908-1978), polonês 
radicado no Brasil. Um marco no processo 
de mudança foi a montagem inédita do 
texto O rei da vela (Figura 17), escrito em 
1933 por Oswald de Andrade, publicado em 
1937 e montado em 1967 por José Celso 
Martinez Corrêa (1937), conhecido como Zé 
Celso. Misturando ópera, circo e teatro de 
revista, o diretor apontava a atualidade do 
texto, com fortes críticas sociais, embora sua 
montagem tenha ocorrido três décadas 
depois de sua escrita.
Teatro Brasileiro de Comédia
O Teatro Brasileiro de Comédia, ou TBC, como era 
conhecido, foi fundado em 1948 pelo empresário italiano 
Franco Zampari (1898-1966), que trouxe diretores e 
técnicos da Itália para sofisticar o teatro no Brasil. Como 
nessa época havia ainda poucas salas disponíveis para as 
peças amadoras que eram apresentadas em São Paulo, 
Zampari cria o grupo e aluga um prédio no bairro da 
Bela Vista. Esse espaço dispunha de toda a estrutura 
necessária para a profissionalização do teatro.
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As primeiras peças encenadas ainda eram amadoras, até 
que, em 1949, com a profissionalização do grupo, é 
produzida Nick Bar... Álcool, Brinquedos, Ambições, do 
estadunidense William Saroyan, sob a direção do também 
italiano Adolfo Celi, responsável pelo desenvolvimento da 
companhia nos anos seguintes. Grandes nomes do teatro 
e da teledramaturgia moderna e contemporânea 
brasileira, como Cacilda Becker, Paulo Autran e Fernanda 
Montenegro, fizeram parte do TBC, que encerrou sua 
atuação em 1964 devido a crises financeiras.
Teatro Oficina
O Teatro Oficina foi fundado em 1958 por estudantes da 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Ao 
contrário da tradicional instituição, o grupo, que sempre 
esteve, e se mantém, à frente do seu tempo, rememora 
as origens dionisíacas da arte e inspira-se em nomes do 
teatro como Bertold Brecht (1889-1956), Antonin 
Artaud (1896-1948) e Oswald de Andrade.
A antropofagia renovava seu espírito transformador e 
uniu-se, na década de 1960, com o Tropicalismo e com o 
Cinema Novo na formação de uma forte cena de 
contracultura que desafiava a Ditadura Militar. A 
publicação do Ato Institucional n. 5, o AI-5 - que cerceava 
direitos e, por meio de uma censura implacável, atentava 
contra a liberdade de expressão -, afetou diretamente a 
companhia com o exílio de Zé Celso, um de seus 
criadores. O período, apesar da forte repressão e das 
tendências tradicionalistas, presenciou uma das 
expressões teatrais mais inovadoras de todos os tempos. 
O Teatro Oficina, de perfil transgressor e 
forte engajamento social, apoia se em outra 
forma de relação com o público, muitas 
vezes com base na interatividade, e percorre 
espaços de atuação mais integrados ao 
espaço real.