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PLANO DE AULA 3 Entender a Sífilis, as manifestações da doença em cada fase, o diagnóstico e as complicações advindas da doença. SÍFILIS Infecção sistêmica, de evolução crônica, causada pela bactéria Treponema pallidum, com transmissão principalmente por via sexual, que se manifesta com surtos de agudização e latência - com sinais/sintomas variando conforme o estadio da doença. Treponema pallidum: subespécie pallidum, família Spriochaetaceae. o Bactéria espiroqueta, anaeróbia facultativa, em forma de espiral (cerca de 12 espirais) - o que lhe dá movimento de rotação, flexão e translação. Seu tamanho é de aproximadamente 5x15x0,2nm A principal forma é por via sexual (oral, vaginal, anal), seguida da transmissão vertical (via transplacentária) e por transfusão de sangue. É uma doença que acomete apenas Seres Humanos O período de incubação (tempo entre o contato e o desenvolvimento clínico da patologia) é de cerca de 3 semanas A fonte de infecção é exclusivamente humana, sendo que a bactéria é capaz de penetrar através da pele e mucosas íntegras, apesar de que sua penetração é facilitada quando existe soluções de continuidade. Uma vez dentro do corpo, multiplica-se de forma rápida no epitélio acometido, disseminando-se na sequência por via linfática, onde em gânglios regionais se multiplica da mesma forma. Além disso, também se dissemina através da corrente sanguínea Assim, o Treponema pallidum invade todo o organismo em poucas horas, mesmo quando a sintomatologia é apenas local. SINAIS/SINTOMAS - CLASSIFICAÇÃO - EVOLUÇÃO Clinicamente a Sífilis é classificada em Primária, Secundária ou Terciária - conforme seu momento de apresentação; podendo permanecer eventualmente na forma de Latência, que corresponde a intervalos sem manifestações clínicas. Sífilis Precoce corresponde ao quadro que ocorre em até 12 meses, Sífilis Tardia após esse período. Observe o quadro para o entendimento visual da condição. 1. SÍFILIS PRIMÁRIA: Ocorre cerca de 21 dias após o contato sexual. Clinicamente corresponde à formação de uma úlcera ("Cancro Duro"), embora cerca de 50% dos pacientes possam se apresentar assintomáticos nessa fase. Inicialmente aparece uma lesão ulcerada geralmente única, na forma de cancro duro, com bordos endurecidos, superfície lisa e indolor, de 1 a 2 cm de diâmetro e com pouca secreção serosa. A localização mais comum é na cérvice, fúrcula ou vestíbulo vaginal, pequenos lábios, colo do útero, ou no homem na glande do pênis. A lesão também pode aparecer na mucosa orofaríngea e a região perianal. Essas lesões desaparecem espontaneamente entre 3 a 12 semanas, mesmo sem tratamento. o Ocorre também linfodenopatia múltipla regional, geralmente bilateral, sem sinais flogísticos. PLANO DE AULA 3 🔑KEY POINTS🔑 A Úlcera dói? A lesão é indolor A Úlcera é profunda? Sim, a lesão tem profundidade moderada Há adenopatia? Sim. Geralmente bilateral Adenopatia Fistuliza?: Não. Número de Úlceras?: Única 2. SÍFILIS SECUNDÁRIA: As manifestações ocorrem de 4 a 8 semanas após a regressão do cancro duro da sífilis primária. Aparecem então lesões cutâneo-mucosas na forma de roséolas e exantemas morbiliformes ulcerados e difusos, que regridem entre 2 a 6 semanas, geralmente sem deixar cicatrizes. Nesta fase pode ocorrer ainda linfadenopatia generalizada e outros sintomas como artralgia, cefaléia, febrícula e adinamia. Mais raramente podem também ocorrer: lesões papulo-erosivas pustulosas e hipertróficas em cavidade oral, na área genital e nas regiões palmar e plantar. Em alguns pacientes podem ser observadas alopécia localizada e irregular, placas mucosas em lábios e gengivas, condiloma plano e madarose (na parte distal das sombrancelhas). SÍFILIS LATENTE: após o desaparecimento das lesões cutâneo-mucosas e das outras lesões da fase secundária, a doença entra em fase latente, sem sinais e sintomas, mas sendo detectada pelos exames de sorologia. A duração deste período é de 3 a 20 anos. 3. SÍFILIS TERCIÁRIA: os sintomas podem aparecer entre 3 a 20 anos da infecção. As principais formas de apresentação são: Neurossífilis (tabes dorsales), mielite transversa e demência; Lesões cutaneo-mucosas; Lesões cardiovasculares, as principais manifestações são: aneurisma aórtico, estenose de coronárias, insuficiência aórtica e lesões articulares (como Artropatia de Charcot). NEUROSSÍFILIS A Neurossífilis constitui o acometimento do Sistema Nervoso Central pelo Treponema pallidum; não devendo ser confundida com a Sífilis Terciária, uma vez que o acometimento do Sistema Nervoso pode ocorrer em qualquer fase: Precoce: quadro que ocorre de semanas a meses do acometimento da doença; é caracterizada pelo comprometimento de líquor, meninge, vasos cerebrais e medulas, sob duas formas principais: o Sífilis Meningovascular: endarterite infecciosa de vasos do Sistema Nervoso Central (com destaque para ramos da artéria cerebral média), culminando com trombose e isquemia - refletindo-se em Acidente Vascular Cerebral Isquêmico e/ou Hemorrágico o Meningite: inflamação de forma difusa das meninges, podendo ser acompanhada de meningomielite e polirradiculopatia Tardia: quadro bastante raro após o advento da antibioticoterapia - é caracterizado pelo acomtimento de cérebro, medula e meninge. o Tabes Dorsalis: degeneração de neurônios sensitivos - com dor e parestesias de distribuição radicular o Demência Paralítica: quadro demencial de evolução progressiva ou crônica - geralmente mimetiza condições psiquiátricas A Neurossífilis sempre deve ser investigada (através da punção lombar e análise liquórica) em pacientes com Sífilis e manifestações neurológicas, ocular ou otológica. Outras indicações são: portadores de HIV com Sífilis latente tardia ou indeterminada; evidência de Sífilis terciária ativa; falência terapêutica - ausência de queda de VDRL para 1/4 em 6 meses após tratamento de quadro recente; tratamento não penicilíco em quadro de Sífilis Tardia PLANO DE AULA 3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico deve ser sempre suspeitado a partir da anamnese, pela história de relação sexual desprotegida (ou fator de risco) e no exame físico pela presença dos sinais e sintomas característicos de cada fase. Basicamente, o diagnóstico pode ser feito através da pesquisa direta ou através de sorologia: A) Pesquisa Direta: como o nome sugere, é a identificação direta da bactéria. O material é colhido por meio de raspagem da lesão ou punção linfonodal na Sífilis Primária; nas demais pode ser feita através da raspagem das placas mucosas e condiloma plano; identificando-se principalmente através de: Campo Escuro: identifica o T.pallidum; sendo o padrão ouro para Sífilis Primária. B) Sorologia: São exames sanguíneos, sendo dois os principais na prática: 1). VDRL: do inglês "Veneral Disease Research Laboratory - é considerado um Teste Não Treponêmico, uma vez que se baseia na identificação de anticorpos inespecíficos contra componentes cardiolipínicos da bactéria, que também podem estar presentes em situações de dano celular (uma vez que a cardiolipina está presente em células normais); assim, pode ser positivo em diversas condições que incluem: Lúpus, Tuberculose, Malária etc. Dessa forma é um exame bastante sensível e pouco específico. Positiva-se para Sífilis cerca de 2-3 semanas após a úlcera primária ou 3-6 semanas após a infecção (sendo, portanto, ruim para diagnóstico de Sífilis Primária). Na prática, sugere fortemente Sífilis quando: o Os títulos são maiores que 1:4 (isso é 1:8; 1:16 etc) o Ocorrem aumentos de 4 vezes em sorologias sequenciais (p.ex 1:4 -> 1:16). o Quando há positivação em sorologias sequenciais Pontos importantes: 1). O VDRL tende a reduzir os títulos, mesmo nos casos não tratados; ou seja, pode negativar. 2). Existe um fenômeno chamado de "PROZONA", em que o teste pode dar negativo quando existe muita bactéria - isso ocorre porque o testelaboratorial identifica o anticorpo através de reações, no entanto, se houver muito antígeno bacteriano, todos os anticorpos estarão ligados a esses antígenos - não reagindo o teste; para se evitar isso, deve-se sempre diluir bastante o soro. 2). FTA-Abs: é um exame específico para a bactéria, detectando anticorpo. Positivam entre 7-15 dias de infecção. De forma geral, após a sua positividade, continuam positivos indefinidamente - mesmo com o tratamento efetivo. Atualmente, em alguns lugares há disponível a avaliação do FTA-Abs IgM, o que permite avaliar a atividade da doença. Em resumo, observe a tabela a seguir com a avaliação de ambos exames: Importante ressaltar que existem outros testes: treponêmicos (p.ex ELISA, EQL,TPHA, MHA-TP, TPI) e não-treponêmicos (p.ex RPR, TRUST) e segundo o Ministério da Saúde para o diagnóstico da Sífilis tem que existir um teste treponêmico mais um teste não- treponêmico positivo - estando a ordem da solicitação à critério do serviço de saúde. Se houver suspeita de Sífilis Primária (lesão genital), faz- se a raspagem e procede-se à pesquisa Direta em campo escuro. Por outro lado, se houver suspeita das demais, prioritariamente solicita-se: VDRL (exame mais barato) o a) se o VDRL vier 1:8 ou mais, feito diagnóstico de Sífilis, inicia tratamento o b) se o VDRL vier 1:4 ou menos, solicita-se FTA-Abs: b1). positivo - feito diagnóstico, inicia tratamento para Sífilis b2). negativo - praticamente exclui diagnóstico b3). não tem exame disponível - inicia tratamento para Sífilis PLANO DE AULA 3 COMPLICAÇÕES Facilidade para aquisição de outras DST- Doenças Sexualmente Transmissíveis Aneurisma de Aorta e lesões cardiovasculares Acidente Vascular Encefálico Tabes Dorsalis Meningite Demência Má formação congênita/ parto prematuro Compreender as alterações renais associadas a sífilis. Compreender os sinais e sintomas das doenças renais. SÍNDROME NEFRÍTICA SÍNDROME NEFRÓTICA Pode ser: Doença de Berger (nefropatia por IgA); Glomerulonefrite pós estreptocócica. Pode ser: Doença por lesão mínima; Glomeruloesclerose focal e segmentar; Glomerulonefrite membranoproliferativa; Nefropatia membranosa. - HAS - Proteinúria ( > 3,5g/24h) - Oligúria - Hipoproteínemia - Edema - Edema (começa periorbital, similar a alergia) - Aumento de Ureia e Creatinina - Hiperlipidemia - Hematúria Macroscópica Recorrente - Lipidúria - Hematúria Microscópica Persistente - Ureia e Creatinina tendem a estar normais Entender as possíveis alterações laboratoriais das doenças renais e o cálculo da filtração glomerular (clearance creatinina – quadro 1). Parâmetro Berger GNPE Lesão Mínima GEFS GNMP Nef. Mem Hemograma Normal Anemia Normo Hemocon- centração Hemocon- centração Hemocon- Centração Hemocon- Centração Ureia = ↑↑↑ = ou ↑ = ou ↑ = ou ↑ = ou ↑ Creatinina = ↑↑↑ = ou ↑ = ou ↑ = ou ↑ = ou ↑ = TGO = TGO ↓ Albumina ↓ Albumina ↓ Albumina ↓ Albumina = TGP = TGP ↑ Colesterol ↑ Colesterol ↑ Colesterol ↑ Colesterol = GGT = GGT ↑ Triglicerídeos ↑ Triglicerídeos ↑ Triglicerídeos ↑ Triglicerídeos = C3 e C4 ↓ C3 e = ou ↓ C4 = C3 e C4 = C3 e C4 ↓ C3 e C4 = C3 e C4 Urina I Hematúria dismórfica Cilindros hemáticos Hematúria dismórfica Cilindros hemáticos Proteinúria Hematúria Com ou Sem lipidúria Proteinúria Hematúria Com ou Sem lipidúria Proteinúria Hemat Dism Com ou Sem lipidúria Proteinúria Hematúria Com ou Sem lipidúria Reconhecer pacientes com Transtorno de Ansiedade Generalizada. A principal característica do Transtorno de Ansiedade Generalizada é a preocupação excessiva e persistente, no entanto, não é a única clínica que o paciente apresenta. Os achados comuns podem ser divididos em dois grandes grupos: Psíquicos: Ansiedade extrema, impaciência, insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade, lapsos de memória PLANO DE AULA 3 Físicos: tremores, fadiga, dores, palpitação, asfixia, sudoreses, mãos frias, amortecimentos de mãos, sensação de nó na garganta, diarreia, enjoos, boca seca DIAGNÓSTICO O diagnóstico é evidentemente clínico. Deve-se observar o paciente, conversar e analisar. Para se manter um padrão diagnóstico, utiliza-se o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), em que todos os seguintes critérios devem ser preenchidos: A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos 6 meses). Nota: Apenas um item é exigido para crianças. (1) inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele; (2) fatigabilidade; (3) dificuldade em concentrar-se ou sensações de "branco" na mente; (4) irritabilidade; (5) tensão muscular; (6) perturbação do sono - dificuldades em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto. D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preo- cupação quanto a ter ataques de pânico no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social, contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós- traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes na esquizofrenia ou transtorno delirante).
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