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1 Maria Clara Domingos Anestésicos Locais Para que utilizamos a anestesia local? ➔ Para tirar a percepção de dor/nocicepção de determinado local. INTRODUÇÃO É interessante, pois tem como objetivo bloquear apenas a condução da dor. ➢ Por isso, também é conhecida como bloqueio de condução → Através da utilização de uma substância que é capaz de bloquear os impulsos nervosos. Sem influxos impulso nervoso = sem sensação de dor. • Promovem efeito anestésico sem que haja lesões teciduais permanentes; • São reversíveis e controláveis, ou seja, são temporários. CONSIDERAÇÕES GERAIS Tudo começou com a planta que originou a cocaína (cocaína = ausência de dor), tinha como objetivo remover a dor. ➔ A cocaína foi o primeiro anestésico local utilizado em 1860, mas não foi tão benéfica pois poderia causar dependência e alterações cardiovasculares (como arritmia). ➔ A cocaína também foi utilizada como anestésico oftalmológico tópico. Ou seja, se utilizada de forma correra = obtém o efeito anestésico desejado sem maiores riscos. A primeira molécula isolada a ser utilizada como anestésico local foi em 1905 → PROCAINA (NOVACAINA). ➢ NOVACAÍNA : Primeiro anestésico que não tinha todos os efeitos maléficos da cocaína, mas tinha ação rápida (de 5 a 10 minutos). ➢ TETRACAÍNA: maior tempo de ação, mas era tóxica. ➢ LIDOCAÍNA: bom tempo de duração, mais estável e sem tantas reações indesejáveis. ➢ BUPVACAÍNA: produzida em 1963. Do ponto de vista molecular, os anestésicos locais tem uma estrutura semelhante/fundamental: • Grupamento aromático = mais lipofílico. • Ligação amida ou éster, ligando as duas partes → a depender dessa ligação o poder do anestésico será maior ou menor. • Amina terciária = hidrofílico. 2 Maria Clara Domingos NOCICEPÇÃO E DOR Como sentimos a dor? • Vamos ter nervos sensoriais específicos que ao perceberem a liberações de neurotransmissores, informando ao SNC = sensação de dor. OBS: o processo inflamatório tende a potencializar esse efeito. • Os neurotransmissores se ligam nas terminações nervosas, causando a sensação de dor. • A ideia é impedir a chegada dessa informação dessas informações nas terminações nervosas. Quando se tem a sensação de dor, os mediadores/neurotransmissores abrem os canais de SÓDIO (Na+), e a entrada do sódio para dentro da célula causa uma DESPOLARIZAÇÃO. Passando essa informação, temos a abertura do canal de POTÁSSIO, que sai de dentro da célula reequilibra o potencial de ação. ➔ Comporta de ativação e de inativação: ➔ Quando se está em repouso, o canal de SÓDIO está fechado. Quando chega o PA (potencial de ação), abre-se esse canal e entra o sódio para célula = despolarização. • Comporta de inativação = existe para que dê tempo da célula se recuperar e se preparar para a transmissão de uma nova informação. MECANISMO DE AÇÃO DOS A. LOCAIS Os anestésicos locais se ligam aos canais de SÓDIO, impedindo a sua abertura. Ou seja, eles realizam o bloqueio temporário desses canais. Com isso, não se tem a condução dos impulsos nervosos, não ocorre a despolarização, nem a entrada de sódio na célula → Logo, não haverá a sensação de dor ou a mesma será diminuída. ASPECTOS FARMACOCINÉTICOS • INÍCIO E DURAÇÃO DA AÇÃO Anestésicos locais hidrofóbicos x hidrofílicos: - HIDROFÓBICO = anestésico passa pela bicamada da célula e logo chega ao receptor. - HIDROFÍLICO (solúvel em água) 3 Maria Clara Domingos - PH: na maioria das vezes os anestésicos locais são bases fracas → essas bases fracas se dissociam (se separam) em meio ácido. → Em quais condições se tem o meio ácido? • Alterações do PH do meio devido a: inflamação e infecção → criam ambientes ácidos. Quando se tem uma dissociação, o anestésico fica ionizado → não consegue entrar na célula, pois está ionizado = não consegue bloquear o receptor para que ocorra o efeito farmacológico. OBS: por isso, quando se chega um paciente com o dente ou gengiva inflamados, o paciente precisa tomar anti- inflamatório. Pois, se precisar utilizar anestesia, a anestesia não faria efeito. • DISTRIBUIÇÃO: O anestésico local é colocado exatamente onde será realizado o procedimento. OBS: quando está em meio a um processo infecioso/inflamatório, os vasos se dilatam → o anestésico será disseminado mais rápido, fazendo com que seu efeito passe logo. ➔ Alguns anestésicos por si só causam a vasodilatação, fazendo com que sua duração seja diminuída quando administrados sozinhos Para aumentar a duração, aplicamos juntamente ao anestésico um VASOCONSTRITOR → o mais utilizado é a EPINEFRINA. ➢ EPINEFRINA: vasoconstritor que minimiza a toxicidade sistêmica e aumenta a duração de ação. OBS: a anestesia deve ser aplicada no tecido e não no vaso, para que não haja efeito sistêmico e nem seja disseminada rapidamente, tendo um curto efeito. • BIOTRANSFORMAÇÃO Temos dois tipos de anestésicos: com o tipo de ligação éster ou amida. ➔ As pseudocolinesterases tem a habilidade de degradar os anestésicos locais do tipo ÉSTER → Por isso os primeiros anestésicos como a procaína tem uma ação tão curta, pois assim que era administrada, rapidamente as pseudocolinesterases degradavam essa estrutura. ➔ A troca das ligações, colocando uma AMIDA faz com que o anestésico tem uma ação mais longa e duradoura, pois o mesmo passa pela biotransformação no fígado. CASOS ESPECÍFICOS: PRILOCAÍNA: é um anestésico do tipo amida, que é biotransformado no fígado, plasma e rins. Um dos seus metabólitos pode causar metemoglobinemia → Uma alteração no sangue. Alguns pacientes podem ter uma má formação genética, fazendo com que o indivíduo não possua a pseudocolinesterase e os anestésicos do tipo ÉSTER tenham uma ação mais duradoura em seu organismo. Alguns pacientes com problemas hepáticos → podem ter dificuldade de degradar anestésicos, como é o caso da lidocaína, podendo duplicar o tempo para que ocorra a degradação desse anestésico. 4 Maria Clara Domingos • ELIMINAÇÃO: Na maioria das vezes os anestésicos são eliminados pela urina. Como, na odontologia, a dose anestésica utilizada é pequena não correm riscos de alterações na urina. Já em uma situação em que foi utilizada muito anestésico, pode ocorrer uma acidificação da urina → para que esse anestésicos seja eliminado em caso de intoxicação. REAÇÕES ALÉRGICAS Não são tão comuns, mas a maioria das alergias está referente a epinefrina → alergias a anestésicos do tipo amida são raras, já a procaína (éster) é mais alergênica. ➔ Em situações de alergias, podemos recorrer a um corticoide. A alergia a um éster exclui o uso de outro, devido a todos os ésteres conterem o metabólito ácido paraminobenzeoico. Já nas amidas não ocorre exclusão. TOXICIDADE SISTÊMICA Só ocorre diante de altas doses de anestésicos, seus sinais, sintomas e o tempo da toxicidade são imprevisíveis. → todos esses pontos dependem de organismo para organismo. ➔ No nosso coração também temos canais de sódio, esses canais podem ser bloqueados pela lidocaína → Quando utilizamos uma quantidade muito grande de lidocaína, podemos alterar um pouco essa corrente elétrica do coração, fazendo com que ocorra alterações no eletrocardiograma, podendo provocar até uma parada cardiorrespiratória. É importante a manutenção da via aérea, o apoio a respiração e a circulação, o controle de convulsões e, se necessário, a ressuscitação cardiopulmonar. TIPOS DE ANESTESIAS LOCAIS As anestesias locais podem ser utilizadas em diversas partes do corpo e obterem efeitos satisfatórios. A forma farmacêutica depende do local aser anestesiado (pomada, gel, injetável). ➢ ANESTESIA DE SUPERFÍCIE: Tem o objetivo de retirar a nocicepção da dor → utilizados no nariz, boca, árvore brônquica, córnea, trato urinário, útero. → na forma de spray, pastilhas, gotas, etc. • Não é interessante para ser utilizada na pele • Ocorre o risco de toxicidade sistêmica se utilizada em grandes quantidades e em áreas extensas. • Ex: Lidocaína, tetracaína, dibucaína e benzocaína. ➢ ANESTESIA INFILTRATIVA: tem como objetivo injetar o anestésico exatamente na região em que o procedimento será realizado → p/ atingir ramos e terminais nervosos. • Usada em pequenas cirurgias. • Utiliza-se epinefrina ou felipressina como vasoconstritores → Não é recomendado nas mãos, nos pés, na ponta do nariz e na região peniana, pois vasoconstritores nesses tecidos pode causar necrose. • Não é apropriada em grandes áreas devido ao risco de toxicidade sistêmica. 5 Maria Clara Domingos ➢ ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA: Quando ocorre a diminuição do fluxo sanguíneo em determinado membro com o uso do garrote, aplica-se a anestesia e ela mantém até que a circulação seja restaurada. • Para passar o efeito, desamarra o garrote/manguito aos poucos, liberando o fluxo sanguíneo para a região → se liberado prematuramente pode causar toxicidade sistêmica. • Usada em cirurgias de membros. ➢ ANESTESIA POR BLOQUEIO DE NERVO: É injetada próxima aos troncos nervosos para produzir a perda da sensibilidade periférica. • É necessária uma pequena quantidade de anestésicos. • A posição da agulha é importante e a duração da anestesia pode ser aumentada por adição do vasoconstritor. ➢ ANESTESIA ESPINAL: É aplicada no espaço subaracnoide ou intratecal, atua nas raízes dos nervos espinais e na medula. • Anestesia controlada com os pacientes inclinados. • Utilizada em cirurgia no abdome, pelve ou membros inferiores. ➢ ANESTESIA EPIDURAL: Injetada no espaço epidural, bloqueando raízes espinais. • Analgesia obstétrica, principalmente com lidocaína e bupivacaína. TETRODOTOXINA Baiacu tem uma substância com função de anestésico local → Tetrodotoxina. CASO CLÍNICO Você é um cirurgião-dentista e foi procurado em seu consultório por uma paciente gestante, que está na décima semana de gestação (primeiro trimestre). Essa paciente está com dor causada por uma pulpite irreversível. Qual solução anestésica com ou sem vasoconstritor você utilizaria nessa paciente? Justifique sua resposta. ➔ Com vasoconstritor para que a anestesia não seja disseminada pela corrente sanguínea e não chegue até o bebê. Caso esteja inflamado, paciente deve fazer uso de anti-inflamatório e depois voltar para realizar o procedimento. Caso esteja infeccionado, paciente deve fazer uso de antibiótico primeiro.
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