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Radiações ionizantes ● Radiações ionizantes: são radiações capazes de causar ionizações nos átomos que constituem a matéria viva (hidrogênio, carbono..) ● Tipos de radiações ionizantes: - Corpusculares: partículas alfa, beta; elétrons de conversão interna, elétrons Auger, elétrons Coster-Kronig, nêutrons, íons pesados - Eletromagnéticas: radiação gama, radiação X ● Interação da radiação ionizante com a matéria viva: - As corpusculares interagem por colisão ou frenagem - As eletromagnéticas por formação de pares.. - Pode levar a efeitos desejados: radioterapia, imagem e a efeitos indesejados: determinísticos, estocásticos ● Efeitos indiretos e diretos das radiações ionizantes - Efeitos indiretos: ocorrem quando a energia da radiação é transferida com moléculas do meio, mais precisamente as biomoléculas Ex: interage com a água e gera radicais livres os quais reagem com as biomoléculas e gera efeito biológico Ou seja, no efeito indireto a energia da radiação não é transferida diretamente para as biomoléculas importantes, mas sim para outras, como a água Radical livre: espécie química eletricamente neutra que possui um elétron não pareado, altamente reativo. É agente oxidante Radiólise da água: quebra de moléculas de água por radiação - Efeitos diretos: interação com macromoléculas biologicamente importantes, a energia da radiação é transferida diretamente para a matéria viva, gerando um efeito biológico ● Consequências em biomoléculas - Lesões no DNA: bloqueio da duplicação do DNA, impedimento da transcrição (bloqueando a síntese proteica) - Alterações em macromoléculas importantes: Estrutura primária: lesões em nucleotídeos e aminoácidos Estrutura secundária e terciária: rupturas de pontes de H, ligações dissulfeto Radiólise Formação de sítios reativos: ligações intramoleculares ● Lesões induzidas em ácidos nucleicos - Fatores que interferem na geração dos radioprodutos: tipo de radiação (transferência linear de energia (TLE) - quanto maior for a TLE maior será a interação da radiação com a matéria) e condições de irradiação (pH, temperatura, O2, presença de aceptores de radicais livres, presença de radiossensibilizantes, DNA de �ta simples ou dupla, composição de bases nitrogenadas, associação dos ácidos nucleicos com proteínas, mecanismos de reparo de danos ● Radioprodutos em ácidos nucleicos - Geração de sítios apirimidínicos e apurínicos - Alterações estruturais nas bases nitrogenadas ou desoxirribose - Quebras de pontes de H - Rupturas de cadeias polinucleotídicas (simples, duplas) - Agregados moleculares: ligações intramoleculares e intermoleculares (DNA-DNA, DNA-proteína) ● Radioprodutos em proteínas - Pode levar a alterações estruturais e funcionais, inativando a proteína - Pode ocorrer de forma direta ou indireta - Alterações radioinduzidas em aminoácidos: desaminação, adição de radicais OH, perda de grupamento sul�dril Efeitos moleculares e celulares das radiações ionizantes → Interação da radiação em nível celular e tecidual ● Quando ocorre alteração de grande número de moléculas terá um efeito biológico signi�cativo ● Exceto quando ocorre no DNA, que se for modi�cado podemos ter um efeito signi�cativo ● Curva de sobrevivência celular: células em meio de cultura para ocorrer a multiplicação celular, quando um agente químico ou físico é introduzido nessa cultura, pode levar a alteração ou não de processos celulares (síntese proteica, duplicação do DNA). Esses processos necessitam de técnicas para serem observados, então a morte celular foi usada como marcador (se a célula não se duplicar, então signi�ca que a célula morreu) - Fração de sobrevivência: número de células viáveis após a dose D dividido pelo número de células viáveis antes da dose D ● A curva de sobrevivência: vai submetendo as células a doses crescentes de radiação e calcula o número de células viáveis - Quanto maior a dose de radiação que a célula é exposta, maior será a chance dela ser inativada - Morte celular = incapacidade de divisão celular e formação de colônias (bactérias) → Radiossensibilidade: é a sensibilidade a radiação ionizante ● Células que se dividem mais e são menos diferenciadas sofrem maior radiossensibilidade (Lei de Bergonie e Tribondeau) - Células musculares < neurônios < células do tecido ósseo < células do tecido conectivo < células epiteliais < eritrócitos, granulócitos < linfócitos - O lado bom disso é que as células tumorais são mais radiossensíveis, mas o lado ruim é que tecidos normais, como medula óssea são radiossensíveis e se �zesse radiação nelas, iria eliminar as células tumorais e as células saudáveis Fatores que alteram a resposta celular às radiações → Oxigênio (in�uência direta): a presença do oxigênio leva a formação de radicais livres de maior tempo de existência, ou seja, mais tempo para interagir com as biomoléculas ● TAO (taxa de aumento de oxigênio): dose necessária na ausência de O2/taxa necessária na presença de O2 - Inativar células na ausência e na presença de oxigênio - Na presença de O2 = menor sobrevivência celular - Isso explica porque tumores mais perfundidos (maior suprimento sanguíneo) são mais radiossensíveis - Isso é importante para determinar a dose de radiação nos tumores → Transferência linear de energia (TLE): medida da densidade de eventos de ionização no meio ● Radiações de alta TLE: - Partículas alfa: encurtam a largura do shoulder - Elétrons auger: range da ordem da largura da �ta de DNA - Elétrons de conversão interna - Nêutrons - Íons pesados: produzem maior número de lesões - Mostrando que menores doses são capazes de inativar células mais intensamente → Fracionamento da dose: permite que as células sadias ao redor do tumor possam se recuperar da radiação ionizante ● A dose única é mais efetiva para destruir as células tumorais, porém causam mais danos ao tecido saudável ● Taxa de alta dose e dose única levam a um maior efeito biológico porém causam maior número de lesões e excedem a capacidade de recuperação do tecido ● O fracionamento da dose é importante para gerar menor efeito letal, permitir recuperação do tecido e é importante na radioterapia ● Dose elevada: fração de sobrevivência é menor → Ciclo celular ● Fase G2 e mitose: maior radiossensibilidade ● Fase S: menor radiossensibilidade → Radioprotetores e radiossensibilizadores: agentes químicos que podem alterar os efeitos indiretos das radiações ● Radioprotetores: diminuem a sensibilidade a radiações - Radioterapia: proteção dos tecidos normais em pacientes submetidos a radioterapia - Uso espacial em astronautas para proteção - Uso militar em campos de batalha com radiação para proteger os militares - Mecanismo de ação: ↳ São substâncias que se ligam em radicais livres para diminuir a disponibilidade desses radicais no meio: compostos com radical sul�dril (cisteína, cisteamina) ↳ Promover hipóxia local: epinefrina, CO ↳ Ligação em sítios sensíveis aos radicais livres ↳ Bloqueio do ciclo celular na fase G1: permitem a ação das enzimas de reparo ↳ E�ciência: fator modi�cador de dose (FMD) - dose para produzir efeito com radioprotetor/ dose sem radioprotetor. Depende do tipo celular, do estágio do ciclo celular, da TLE de radiação ● Radiossensibilizadores: aumentam a sensibilidade a radiações - Tornam as células tumorais mais sensíveis a radiação - Isso é importante pois pode ser utilizada uma dose menor de radiação e assim diminuir os danos aos tecidos saudáveis - Aparentes: agentes tóxicos efetivos quando a radiação é pouca efetiva. Ex: metotrexato - Verdadeiros: inibem mecanismos de reparo. Ex: análogos de pirimidinas e purinas → Estudos em animais ● Efeitos somáticos: - Dose letal depende da espécie animal e das condições de irradiação - DL50/30: dose letal para 50% dos indivíduos em 30 dias ● Causa de morte: depressão do sistema hematopoiético (células muito radiossensíveis pois se multiplicam muito) - Redução de leucócitos: infecções - Redução de plaquetas: hemorragias - Redução de hemácias: anemia ● Porte do animal: - Grande: maior radiossensibilidadedevido a menor relação tecido hematopoiético/g - Pequeno: menor radiossensibilidade devido a maior relação tecido hematopoiético/g ● Efeitos genéticos: - Mutações genéticas em células germinativas Efeitos das radiações ionizantes em seres humanos e no meio ambiente Efeitos das radiações ionizantes em seres humanos → Efeitos estocásticos: são probabilísticos, podem ou não ocorrer ● Não possuem limiar de dose ● Efeitos hereditários: - Desordens hereditárias, doenças hereditárias → Efeitos determinísticos: vão ocorrer ● Possuem limiar de dose ● Efeitos somáticos: - Efeitos agudos: epilação, esterilidade, radiodermite, SAR (síndrome aguda da radiação) - Efeitos tardios: catarata, câncer → Efeitos estocásticos (probabilísticos) ● A probabilidade de ocorrência aumenta com a dose (quanto maior a dose, mais provável de ocorrer) ● A gravidade do efeito não depende da dose ● Ausência de limiar de dose (qualquer dose, em teoria, pode causar efeitos) ● Tipos: carcinogênese, teratogênese, mutagênese ● Os efeitos são tardios: após anos de exposição ● Em geral, com as doses fracionadas tem efeito biológico menor ● Quanto maior a dose maior a frequência de ocorrência → Efeitos determinísticos: ● A gravidade aumenta com a dose ● Efeitos imediatos: minutos a semanas após exposição (exceto catarata) ● Apresenta limiar de dose ● Associados a doses superiores às utilizadas em radiologia ou medicina nuclear ● Agudos: esterilidade, síndrome aguda da radiação e radiodermite ● Tardios: catarata, esterilidade ● Caracterização: dose absorvida, tempo para manifestação e intensidade → Efeitos sobre o embrião e o feto: ● Letalidade ● Anormalidades (teratogênese) ● Efeitos tardios ● Efeitos dependem do estágio da gestação → Efeitos genéticos e hereditários ● Genéticos: baseados em dados de aberrações cromossômicas em humanos e animais ● Hereditários: - Ocorrem em células germinativas (importante o pro�ssional usar protetor de gônadas) - Efeito probabilístico - Manifestação nos descendentes - Causas: mutações, deleções cromossomiais Radiações ambientais → É a radiação presente no ambiente, pode ser de origem natural ou arti�cial → Radiação de background: radiação presente no ambiente (fontes naturais e fontes arti�ciais) → Fontes naturais de radiação: ● Raios cósmicos ● In�uência da latitude e altitude ● Radiação terrestre: emitida por radionuclídeos presentes naturalmente no solo - U238, U235, T232 ● Radiação interna (dentro do organismo) - Produtos do decaimento do Rn222: Po218 e Po214 (emissores de partículas alfa) e Pb214 e Bi214 (emissores de partículas beta e radiação gama - Aumento de 2% de risco de câncer de pulmão para cada ano de exposição → Fontes arti�ciais de radiação: ● Radiologia diagnóstica ● Medicina nuclear ● Radioterapia: não é levada em consideração ● Produtos de consumo ● Outros: ciclo do combustível nuclear, exposição ocupacional, testes nucleares → Populações expostas a níveis não usuais de radiação ionizante: ● Sobreviventes das bombas atômicas: hiroshima e nagasaki ● Radiologistas, enfermeiras e tecnologistas do início do século XX: equipamentos e pro�ssionais sem proteção de chumbo - As normas de proteção foram após a II guerra mundial - Maior incidência de leucemia ● Mineradores: inalação de partículas com material radioativo ● Trabalhadores da indústria de tinta contendo Ra226 ● Pacientes em radioterapia ● Pacientes em radiologia diagnóstica ● Testes nucleares ● População residente em áreas com alta radiação de background: Guangdong (China), Kerala (Índia) ● Viagens aéreas e espaciais: raios cósmicos ● Acidentes nucleares Proteção radiológica → Grandezas e unidades em proteção radiológica ● Dois tipos: atividade e dose ● Atividade: relacionada com a quantidade de material radioativo em uma amostra - Unidade o�cial: Bq (becquerel) - Unidade usual: Curie (Ci) ● Dose: pode ser avaliada através das grandezas (exposição, dose absorvida, dose equivalente, dose equivalente efetiva) ● Exposição: capacidade da radiação X ou gama de produzir ionizações no ar - Unidade o�cial: Coulomb/kg (C/kg) - Unidade usual: roentgen (R) ● Dose absorvida: válida para todos os tipos de radiação ionizante e meio material absorvedor - O�cial: gray (Gy) - Usual: rad ● Dose equivalente: grandeza que considera fatores como tipo de radiação, energia e distribuição de energia no tecido, para avaliação de possíveis danos biológicos - O�cial: sievert (sv) - Usual: rem ● Dose equivalente efetiva: grandeza introduzida para redução de riscos de efeitos estocásticos - Risco da irradiação de corpo inteiro = risco da irradiação localizada (órgão) → Princípios da proteção radiológica ● Objetivos: proteção do indivíduo, dos seus descendentes e da humanidade ● Princípios básicos: otimização, justi�cação e a minimização ● Justi�cação: se os efeitos desejáveis forem maiores que os riscos é uma justi�cativa para uso ● Minimização: limites de dose - LAMA (limites de dose anuais máximos admissíveis): dose < LAMA = riscos aceitáveis - Em situações normais: exposição ocupacional, exposição do público, em situações acidentais - Limites primários - Limites secundários: quando a veri�cação direta dos limites primários não é praticável ↪ Dose equivalente profunda, super�cial e limite de incorporação anual - Limites derivados: ↪ Para irradiação externa: Função do tempo gasto anualmente para realização de tarefas ↪ Para contaminação de superfície: estabelecido em termos de quantidade de material radioativo permitido em superfícies, roupas e pele ↪ Para contaminação do ar: concentração no ar derivada (concentração no ar inalada que resultará no limite de inalação anual) ↪ Mulheres com capacidade de procriação, mulheres grávidas, estudantes, estagiários e visitantes - Otimização: princípio ALARA ↪ Utilizar da melhor forma possível aquela amostra radioativa ↪ A dose de radiação deve permitir alcançar o objetivo → Modos de exposição às radiações ionizantes: ● Riscos: propriedades físicas da fonte, tempo de exposição, distância fonte-indivíduo, blindagem ● Tipos de fontes: equipamentos emissores de raios X, aceleradores de partículas, reatores nucleares, amostras radioativas (seladas, abertas) ● Exposição externa: muito signi�cativa para radiação X, gama, elétrons, nêutrons, prótons e íons ● Exposição interna: fatores que determinam a dose (tipo radionuclídeo, atividade, via de contaminação, forma química, idade) → Medidas para proteção radiológica: depende do tipo de fonte (selada, aberta), atividade, energia da radiação, modos de exposição ● Proteção contra irradiação externa: redução da dose equivalente, tempo de irradiação, taxa de dose (atividade da fonte, distância, blindagem) ● Blindagem: - Óculos plumbífero, avental cirúrgico, protetor de tireóide, avental padrão, protetor de gônadas, avental com proteção nas costas, luvas plumbíferas - Porta plumbífera, visor plumbífero, biombo plumbífero ● Proteção contra contaminação: - Con�namento do material radioativo - Isolamento e proteção do indivíduo (equipamentos de proteção individual) - Controle de acesso ● Proteção contra inalação: - Capelas, caixas com luvas, máscaras ● Proteção contra absorção: - Aventais, macacões, luvas, botas ● Proteção contra ingestão: - Não fumar, beber, comer nos locais onde se encontra o material radioativo - Lavar as mãos após procedimentos que envolvam radionuclídeo → Controle de acesso a áreas restritas ● Reduzir acesso a áreas onde se armazena e utiliza material radioativo ● Acesso deve ser feito através de vestiários com pias, recipientes para coleta de roupas de proteção, instruções para operação, monitores → Detecção e medida de radiações ionizantes ● Detectores gasosos - Câmaras de ionização, contadores proporcionais, tubos Geiger-Mu�er ● Detectores sólidos: cintiladores - Cristal NaI(TI), semicondutores ● Detectores líquidos: soluções cintiladoras ● Dosímetros - Filme dosimétrico, dosímetro termoluminescente (mais usado), dosímetro fotoluminescente, câmara de ionização de bolso (caneta dosimétrica) → Programase procedimentos de monitoração ● Programa de monitoração: obtenção de medidas, interpretação das medidas, registro dos dados, providências ● Individual - Externa: dosímetros individuais (�lmes dosimétricos, dosímetros termoluminescentes) - Interna: in vitro (urinas, fezes, secreções nasais); in vivo (contador de corpo inteiro) ● Ambiental: - Nível de radiação: câmaras de ionização, Geiger-Mu�er - Monitoração do ar: poeira, aerossóis, fases, contaminação de superfícies, tubos Geiger-Mu�er ● Sinais e avisos de radiação: devem ser �xados em áreas, recintos, equipamentos - Áreas perigosas: isolamento, sinalização, monitoração ● Classi�cação das áreas de trabalho: - Áreas livres: isentas de regras especiais - Áreas restritas: controladas, supervisionadas (de acordo com a dose limite) → Procedimentos de descontaminação radioativa ● Contaminação radioativa: presença de material radioativo indesejável em um meio ou superfície ● Riscos dependem: tipo, quantidade, facilidade de transferência (contato, ar) ● Para minimizar os riscos: planejamento das atividades ● Prevenção e controle - Prevenção: planejamento de todas as atividades, con�namento das áreas sujeitas a contaminação, controle de acesso, programa de monitoração da contaminação - Controle: avaliação direta (instrumentos de detecção da radiação), avaliação indireta (amostragem - esfregaço) → Gerência de rejeitos radioativos: ● Rejeito radioativo é o material gerado no uso de radionuclídeos que não podem ser reaproveitados e que contêm substâncias radioativas em quantidades que não podem ser tratadas como lixo comum ● Origem dos rejeitos: - Institucionais: sólidos, líquidos - Do ciclo do combustível: provenientes do ciclo do urânio, maior atividade que os institucionais, maior variedade - Do desmonte de instalações nucleares: material de construção contaminado, constituintes do reator ● Gerência dos rejeitos radioativos: segregação - coleta - transporte - caracterização - dispersão/ tratamento - armazenamento - con�namento ● Tratamento dos rejeitos radioativos: - Transformações físicas e químicas: aumento da segurança, redução de custos de transporte e disposição �nal - Rejeitos sólidos: compactação, incineração - Rejeitos líquidos: neutralização, precipitação, evaporação, toca iônica, imobilização ou solidi�cação - Rejeitos gasosos: �ltração, lavagem de gases ● Con�namento: rejeitos inaproveitáveis - con�namento em repositórios - Repositórios: para armazenamento de radionuclídeos, metros de profundidade - Localização: afastados, sem abalos sísmicos, distantes de rios e lagos - Garantia de segurança: barreiras, supervisão periódica Efeitos das radiações não ionizantes Efeitos moleculares e celulares → Espectro da radiação solar ● O sol emite radiações que vão da faixa ultravioleta a faixa infravermelha ● Parte dessas radiações são absorvidas pela atmosfera, principalmente a do tipo C → Absorção de radiações não ionizantes pela matéria viva ● A radiação pode gerar alterações moleculares que podem: - Ser reparadas por mecanismos de reparo - Ter reparo incorreto podendo causar mutação, transformação e carcinogênese - Não ser reparadas: morte celular → Absorção da energia da radiação ultravioleta pela matéria viva ● Temos 3 tipos de radiação ultravioleta: A, B e C ● Comprimentos de onda absorvidos: - Ácidos nucleicos: 260 nm - Proteínas: 280 nm → Efeitos diretos e indiretos das radiações não ionizantes: → Efeitos diretos: a energia da radiação é absorvida por biomoléculas (ácidos nucleicos, proteínas, lipídios) ● Cromóforo: molécula capaz de absorver a energia de uma radiação de comprimento de onda especí�co. Ex: DNA, RNA ● Danos causados no DNA pela absorção da radiação ultravioleta: - Alteram estrutura primária: desoxirribose, fosfato, bases nitrogenadas (principal componente que absorve a energia da radiação ultravioleta) - Estruturas secundárias e terciárias: distorções na dupla hélice (quebras de pontes de H e quebras das �tas) - Alterações na estrutura primária ⇄ alterações nas estruturas secundárias e terciárias ● Alterações: - Dímeros de pirimidinas (uracil, citosina, timina): pode levar a alterações no processo de duplicação, transcrição ↳ Mecanismo: fotossensibilização molecular - Absorção da radiação UV pela base nitrogenada que será ativada (estado triplete) e pode reagir com base adjacente e formar dímero ↳ Pode levar a inativação celular, mutagênese e transformação neoplásica - Fotoprodutos de hidratação de pirimidinas, causando mutagênese - Ligações entre aminoácidos e bases nitrogenadas: em doses elevadas ou baixas (ligações fotoinduzidas) - Fotoadição de bases nitrogenadas (adutos): entre bases adjacentes (mais frequente em hotspots - mutagênese) - Roturas de cadeias polinucleotídicas: pouco frequentes e podem causar lesão no DNA (quebra simples ou dupla levando a fragmentação da molécula) → Efeitos indiretos: produto da ação de radicais livres ● Energia da radiação é absorvida pela água ● Danos no RNA causados pela radiação UV - Semelhantes as induzidas no DNA - Hidratos de uracil - Ligação covalente entre citosina e tiouracil ● Danos em proteínas: - Cromóforos para radiação UV: aminoácidos aromáticos, ligações peptídicas, pontes dissulfeto - Alvos mais frequentes: cistina, triptofano, fenilalanina, tirosina - Fotoprodutos: transformação ↳ Cistina -> alanina ou cisteína ↳ Triptofano -> ácido aspártico ↳ Histidina -> histamina (eritema induzido pelo UV) - Efeitos das radiações não ionizantes em proteínas: alterações da massa molecular, alteração da solubilidade, aumento da sensibilidade à desnaturação térmica, alterações nas propriedades ópticas, alteração da viscosidade, alteração de propriedades antígenos, inativação enzimática Radiações não ionizante efeitos sistêmicos → Exemplos de efeitos somáticos das radiações não ionizantes ● Radiofrequência: aquecimento (terapia), absorção de fármacos (eletroporação) ● Microondas: aquecimento de tecidos profundos (terapia) ● Infravermelho: aquecimento de tecidos super�ciais (terapia) ● Visível: aquecimento de tecidos super�ciais (terapia) e ação através de fotossensibilizadores → A pele como alvo da radiação ultravioleta ● Penetração da radiação não ionizante na pele: - UV: penetra na camada epiderme - Luz visível: até o começo da derme - IR (infravermelho): de menor comprimento vai até a hipoderme. A de maior só vai até a derme porque interage com as moléculas de água - A absorção da radiação não ionizante ocorre devido a presença de cromóforos especí�cos → Espectro ultravioleta: é uma parte do espectro eletromagnético ● Classi�cação I: UV longo (290-400 nm); UV curto (200-290 nm) ● Classi�cação II: - UV A: 320-400 nm (envelhecimento prematuro da pele) - UV B: 290-320 nm (câncer de pele) - UV C: 200-290 nm (não passa a camada de ozônio, então as que utilizamos são arti�ciais) → Respostas do organismo à radiação ultravioleta: ● Eritema - Imediato: resulta da liberação de substâncias (histamina, serotonina) - vermelhidão da pele - Tardio: início 12-24 h ↳ Término: dias ↳ Formação de eritema ↳ Substâncias (histamina, PGs, bradicinina) ↳ Peroxidação de lipídios ↳ Liberação de conteúdo lisossômico - Presença de fotossensibilizadores (furocumarina) - Redução de eritema: inibidores de síntese de PGs, antihistamínicos, corticóides, antioxidantes (vit. C e E), analgésicos locais, hidratantes ● Pigmentação: - Pigmentos: carotenóides (camada córnea); melanina (melanócitos) - Síntese de melanina: produzida pelos melanócitos ↳ Sintetizada a partir da tirosina que é convertida em DOPA - quinonas - melanina - Indução de síntese de melanina pela radiação UV ↳ Imediata: ação do UV em precursores ↳ Aceleração da transferência de melanina para queratinócitos ↳ Tardia: após 48-72 h - Melanina: alta e�ciência para absorção de radiação UV, captura de radicais livres ● Filtros solares: - Fator de proteção: em relação as doses limiares eritematógenas - Exemplos: cinamato, cânfora, salicilatos - Substâncias opacas para UV: óxido de ferro, óxido de zinco ↳ Importantespara quem tem lupus eritematoso e por�rias ● Pigmentação induzida - Compostos semelhantes a furocumarina - Quinonas, aldeído mucônico - Urucum, jenipapo ● Espessamento da pele: aumento do número de queratinócitos da camada basal ● Formação fotoinduzida de vitamina D - Vitamina D: metabolismo do cálcio e fosfato - De�ciência de vitamina D em crianças pode causar raquitismo e em adultos osteomalácia - UV-B ● Envelhecimento precoce - A radiação leva a alterações morfofuncionais da pele ↳ Na epiderme: rugas, zonas de atro�a, hipo e hiperpigmentação ↳ Na derme: hipertro�a vascular, acúmulo de polissacarídeos, elastose actínica ● Fotocarcinogênese - Maior e�ciência para UV-B - Trabalhadores rurais, marinheiros, pescadores - Maior para maiores doses ou doses únicas - Participação de fator genético - Presença de substâncias (furocumarinas, derivados do alcatrão) - Mecanismos ↳ Lesões no DNA (alteração no código genético) ↳ Enzimas de reparação do DNA: alterações fenotípicas - Câncer de pele fotoinduzido ↳ Queratinócitos: carcinoma de células basais e de células escamosas ↳ Melanócitos: melanomas → Índice UV: medida cientí�ca internacional do nível de radiação UV emitida pelo sol ● Quanto maior o índice maior o risco de câncer de pele ● Modi�cações da resposta imune - Capacidade antígena do DNA com fotoprodutos - Alterações da atividade de anticorpos - Diminuição da viabilidade de anticorpos - Maior incidência de tumores fotoinduzidos em indivíduos imunodeprimidos ● Reações fotossensibilizadas - Fototoxicidade: furocumarinas, por�rinas (citocromo C, cloro�la…) - Fotoalergia: sulfas, fungicidas, ciclamatos, diuréticos ● Efeitos sobre o globo ocular: dor, fotofobia, hemorragia, catarata → Fototerapia e terapia fotodinâmica ● Fototerapia clássica - Infravermelho: artralgias, mialgias - UV: raquitismo - Visível (azul): icterícia neonatal → Fototerapia com lasers e LEDs de baixa potência ● Fototerapia: o agente terapêutico é uma radiação não ionizante ● Fontes utilizadas: policromáticas (lâmpadas), quase-monocromáticas (LEDs), monocromáticas (lasers) ● Fototerapia com fontes de baixa potência - Fotobioestimulação - Componentes: radiação não ionizante e fotoaceptor (possui absorção especí�ca) - Mecanismo: fóton -> molécula alvo (fotoaceptor) -> molécula alvo ativada - Exs: laser terapêutico, cluster de LEDs terapêuticos → Fotobiomodulação ● Ação da radiação na cadeia respiratória ● Mecanismo: o fotoaceptor estaria dentro da mitocôndria e absorve a radiação o que potencializa processos oxidativos na mitocôndria (aumenta ATP e radicais livres) - Esses processos passariam por vias de transdução de sinal o que gera alterações moleculares e outros processos responsáveis pela resposta celular a essa radiação → Efeitos biológicos da fotobiomodulação ● Moleculares: aumento da síntese de ATP, DNA, RNA e proteínas; alteração do potencial de membrana mitocondrial ● Celulares: prevenção da apoptose, proliferação celular, migração celular, aderência celular ● Sistêmicos: alívio da dor, efeito anti-in�amatório, tratamento de feridas → Terapia fotodinâmica: o efeito desejado é morte celular ● Terapia antimicrobiana - azul de metileno ● Terapia antineoplásica - protopor�rina ● Mecanismo: fóton -> molécula alvo (fotossensibilizador) -> molécula alvo ativada OBS: na fototerapia a intenção é regeneração celular e na fotodinâmica é morte celular
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