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GESTÃO DE CUSTOS Armindo Evangelista 1ª Edição, 2021 Fundado em 1915 — www.unasp.br Missão Educar no contexto dos valores bíblicos para um viver pleno e para a excelência no serviço a Deus e à humanidade. Visão Ser uma instituição educacional reconhecida pela excelência nos serviços prestados, pelos seus elevados padrões éticos e pela qualidade pessoal e profissional de seus egressos. Administração da Entidade Mantenedora (IAE) Diretor-Presidente: Maurício Lima Diretor Administrativo: Edson Medeiros Diretor-Secretário: Emmanuel Oliveira Guimarães Diretor Depto. de Educação: Ivan Góes Administração Geral do Unasp Reitor: Martin Kuhn Vice-Reitor Executivo Campus EC: Antônio Marcos da Silva Alves Vice-Reitor Executivo Campus HT: Afonso Ligório Cardoso Vice-Reitor Executivo Campus SP: Douglas Jeferson Menslin Pró-Reitor Administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-Reitor Acadêmico: Afonso Ligório Cardoso Pró-Reitor de Educação à Distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-Reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual, Comunitário e Estudantil: Martin Kuhn Secretário-Geral: Marcelo Franca Alves Faculdade Adventista de Teologia Diretor: Reinaldo Wenceslau Siqueira Coordenador de Pós-Graduação: Vanderlei Dorneles da Silva Coordenador de Graduação: Adriani Milli Rodrigues Órgãos Executivos Campus Engenheiro Coelho Pró-Reitor Administrativo Associado: Murilo Marques Bezerra Pró-Reitor Acadêmico Associado: Everson Muckenberger Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Bruno de Moura Fortes Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Ebenézer do Vale Oliveira Órgãos Executivos Campus Hortolândia Pró-Reitor Administrativo Associado: Claudio Valdir Knoener Pró-Reitora Acadêmica Associada: Suzete Araújo Águas Maia Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Daniel Fioramonte Costa Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Wanderson Paiva Órgãos Executivos Campus São Paulo Pró-Reitor Administrativo Associado: Flavio Knöner Pró-Reitora Acadêmica Associada: Silvia Cristina de Oliveira Quadros Pró-Reitor de Desenvolvimento Estudantil Associado: Ricardo Bertazzo Pró-Reitor de Desenvolvimento Espiritual e Comunitário Associado: Robson Aleixo de Souza Editor-chefe Rodrigo Follis Gerente de projetos Bruno Sales Ferreira Editor associado Alysson Huf Supervisor administrativo Werter Gouveia Gerente de vendas Francileide Santos Editores Adriane Ferrari, Gabriel Pilon Galvani, Jônathas Sant’Ana e Thamires Mattos Designers gráficos Felipe Rocha e Kenny Zukowski Imprensa Universitária Adventista 1ª Edição, 2021 GESTÃO DE CUSTOS Imprensa Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Armindo Evangelista Mestre em Controladoria e Contabilidade Estratégica pela UNIFECAP Campagnoni, Mariana / dos Santos, Diego Henrique Moreira Formação da identidade profissional do contador [livro eletrônico] / Mariana Campagnoni. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2020. 1 Mb ; PDF ISBN 978-85-8463-172-8 1. Carreira profissional 2. Contabilidade 3. Contabilidade como profissão 4. Contabilidade como profissão - Leis e legislação 5. Formação profissional 6. Negócios I. Título. 20-33026 CDD-370.113 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Contabilidade : Educação profissional 370.113 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Gestão de custos 1ª edição – 2021 e-book (pdf) OP 00123_064 Editoração: Gabriel Pilon Preparação: Matheus Cardoso Revisão: Rochelle Lassarot, Júlia Galvani Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Willian Nunes Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Imprensa Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Marta Aparecida Martins Xavier Mestra em Ciências Contábeis pela FECAP Conselho editorial e artístico: Dr. Martin Kuhn, Esp. Telson Vargas, Me. Antônio Marcos, Dr. Afonso Cardoso, Dr. Douglas Menslin, Dr. Rodrigo Follis, Dr. Lélio Lellis, Dr. Allan Novaes, Esp. Jael Enéas, Esp. José Júnior, Dr. Reinaldo Siqueira, Dr. Fábio Alfieri, Dra. Gildene Lopes, Me. Edilson Valiante, Me. Diogo Cavalcante, Dr. Adolfo Suárez Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Imprensa Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO FUNDAMENTAÇÃO E TERMINOLOGIA DE CUSTOS ................................... 13 Introdução ........................................................................................14 Fundamentação e terminologia de custos ....................................................................16 Classificações básicas de custo ...............................................20 Quanto à incidência, os custos podem ser direto ou indireto: .................................................24 Materiais e estoques ........................................................................27 Materiais ..................................................................................27 Classificação dos materiais .....................................................29 Estoques ..................................................................................31 Tipos de estoques ....................................................................32 Representação dos estoques ..................................................34 Avaliação dos estoques ..........................................................35 Mão de obra .....................................................................................39 Classificação da mão de obra .................................................40 Custos indiretos de fabricação e os critérios de rateio .....................42 Classificação dos custos indiretos de fabricação ....................43 Critérios de rateio dos custos indiretos de fabricação ............44 Custeio departamental ....................................................................48 Considerações finais ........................................................................59 Referências .......................................................................................60 SISTEMAS DE CUSTEIO .......................................... 61 Introdução ........................................................................................62 Sistemas de custeio .........................................................................64 Custeio por absorção ...............................................................65 Custeio variável .......................................................................71 Custo-padrão ..........................................................................83 Sistema de acumulação de custos por ordem ......................104 Sistema de acumulação de custos por processo ...................109 Considerações finais........................................................................119 Referências ......................................................................................120 ANÁLISE CVL: CUSTO - VOLUME - LUCRO ............. 121 Introdução .......................................................................................122 Análise de custo-volume-lucro ......................................................124 A análise CVL – Custo-Volume-Lucro ...................................126 Pressupostos da análise Custo-Volume-Lucro ......................129 Aplicabilidade da análise CVL ................................................132 Margem de Contribuição ................................................................135Aplicabilidade da margem de contribuição ..........................139 Margem de contribuição e os gastos fixos identificados ...............141 Aplicabilidade da margem de contribuição com gastos fixos identificados ...............................................143 Ponto de Equilíbrio (break-even point) ..........................................148 Ponto de Equilíbrio e Gestão de Curto Prazo .........................149 Margem de Segurança ...................................................................165 Aplicabilidade da margem de segurança operacional .........168 Alavancagem Operacional ..............................................................171 Aplicabilidade do Grau de Alavancagem Operacional - GAO ..........................................173 Considerações finais........................................................................177 Referências ......................................................................................179 ANÁLISES E PREÇO DE VENDA .............................. 181 Introdução .......................................................................................182 Análises e preço de venda ..............................................................183 Custos conjuntos ....................................................................184 Decisão entre produzir ou comprar .......................................194 Decisão de precificação ..........................................................200 Políticas de precificação .........................................................204 Markup ...................................................................................209 Preço de venda .......................................................................216 Considerações finais .......................................................................229 Referências ......................................................................................233 VO CÊ ES TÁ A QU I EMENTA Compreensão adequada e correta dos conceitos relacionados aos custos. Funcionamento dos sistemas de acumulação de custos. Análise das relações custo‐volume‐lucro. A formação do preço de venda e a geração de informações para a tomada de decisões gerenciais. CONHEÇA O CONTEÚDO O conteúdo aqui apresentado constitui uma contribuição relevante para os estudos na área de gestão de custos. Os alunos que atuam e também aqueles que pretendem atuar na área de gestão de custos terão uma grande oportunidade de crescimento pro- fissional, pois estão diante de um conteúdo riquíssimo em detalhes que faz a diferença no dia a dia das empresas, e fazer parte da resolução dos problemas delas pode ser algo muito gratificante de várias maneiras. Com o objetivo de proporcionar conheci- mentos das terminologias de custo, apresen- tando os sistemas de custeio mais utilizados nas empresas, abordando as análises de precificação, o markup, a formação de preço, a margem de contribuição, o ponto de equi- líbrio, entre outros assuntos relevantes ao longo das páginas deste livro, você (aluno) encontrará definições e técnicas trabalhadas de forma simples e assertiva, deixando seus estudos muito mais atraentes. O conteúdo traz ainda, de maneira explica- tiva, como deve ser a aplicabilidade de cada item trabalhado, mostrando a preocupação em fazer do processo ensino-aprendizagem uma metodologia de grande alcance. Desejamos que ao final de todo o conteúdo você tenha o domínio sobre esses assuntos abordados e procure dar sequência e apli- cabilidade aos conhecimentos adquiridos, decidindo de maneira racional e lógica com base nos contextos e premissas da gestão de custos. Portanto você tem uma grande opor- tunidade neste momento; faça bom uso dela e tenha um ótimo estudo. - Compreender o conceito, nomenclaturas e classificação da área de custos e principais sistemas de custeio; - Demonstrar como é feita a formação do preço de venda; - Ser um profissional atento, ágil e dinâmico na definição do sistema de custeio a ser adotado dentro da atividade empresarial; - Aplicar adequadamente a técnica para formação de preço de venda. OB JE TI VO S ANÁLISES E PREÇO DE VENDA UNIDADE 4 182 GESTÃO DE CUSTOS INTRODUÇÃO Esta unidade tem a premissa de permitir que você consiga tomar algumas decisões relevantes no processo produtivo, como apropriar os respectivos custos aos produtos que demandam uma única fonte de matéria-prima; decidir se um produto ou um componente do produto pode ser produzido internamente ou se é melhor que sua aquisição venha de terceiros; saber decidir sobre uma precificação diferenciada considerando as opções que surgem no mercado; montar e utilizar o markup com todos os itens pertinentes ao seu cálculo; e, por fim, valorar seu preço de venda com total habilidade necessária. Entre os diversos processos de gestão de uma empresa, a gestão de custos é aquela tratada como uma área estratégica que zela pelo planejamento, execução, controle e avaliação dos gastos. Nesse sentido, é importante que você saiba que, em uma empresa, os processos produtivos e as tomadas de decisão caminham juntos, e é preciso haver assertividade e tempestividade nas análises. Assim, para complementar o estudo sobre esse assunto, os conteúdos abordados nesta unidade são: custos conjuntos; decisão entre produzir ou comprar; decisão de precificação; markup; preço de venda. Espera-se, portanto, que ao final desta unidade você: 183 ANáLISES E PREçO DE VENDA • conheça as ferramentas de análise de custos e formação de preço; • se aproprie dos conceitos e técnicas de aplicabilidade das ferramentas aqui estudadas; • entenda a importância de analisar situações que fogem do chamado “normal” dentro das empresas com o intuito de tomar a melhor decisão; • monte o markup, bem como forme o preço de venda ideal para sua empresa; • saiba analisar os resultados usando as ferramentas de gestão de custos. ANÁLISES E PREÇO DE VENDA Neste tópico serão abordados temas sobre as análises específicas que precisam ser feitas para uma tomada de decisão assertiva. Por exemplo, temos as decisões sobre os custos conjuntos que precisam ser criteriosos em sua identificação, pois um único insumo se transforma em dois ou mais produtos que têm seus valores agregados de maneiras particulares, e a gestão de custos deve fomentar a empresa de tais informações. 184 GESTÃO DE CUSTOS Outro assunto é a questão de produzir ou comprar determinado produto, componente do processo produtivo; aqui a gestão de custos precisa se atentar às limitações e vantagens propostas para a empresa a fim de ser tomada a melhor decisão. Outra situação a ser analisada diz respeito à política de precificação, pois no dia a dia da empresa podem surgir algumas oportunidades que não estejam alinhadas aos padrões estabelecidos por ela, mas a gestão de custos precisa debruçar- se sobre a situação e analisar o ganho efetivo da proposta. Ao tratar do assunto markup, este tópico traz os formatos necessários para seu cálculo, levando em consideração os custos, os fatores inerentes ao produto e às expectativas de ganho da empresa; por fim, o último assunto abordado será a formação do preço de venda. CUSTOS CONJUNTOS Segundo Horngren et al. (2004, p. 70), “custos conjuntos são os custos de um processo que resultam na produção simultânea de múltiplos produtos”. Vale dizer que a empresa pode, a partir de um produto original, industrializar outros produtos que serão comercializados individualmente no mercado, e 185 ANáLISES E PREçO DE VENDA esses produtos podem ser considerados matérias-primas e/ou produtos acabados para quem os compra, pois isso dependerá exclusivamente da necessidade dos clientes. A Figura 73 demonstra o exemplo de um insumo que pode ser considerado um produto pronto para ser consumido, mas que, após ser transformado ou industrializado, multiplica- se em vários outros produtos. A matéria-prima, ou produto, milhoé um bom exemplo de insumo que, quando processado, transforma-se em múltiplos produtos. Figura 73 – O produto milho e os seus derivados Fonte: Schneider (2020) Como visto na Figura 73, a partir do milho como produto original derivaram-se outros produtos, como a pamonha, o bolo de milho, o suco de milho, o curau; com certeza outros pratos 186 GESTÃO DE CUSTOS como bolos e sobremesas poderiam ser industrializados com a utilização do milho como insumo principal. Para a gestão de custos, cabe atentar-se a qual momento do processo produtivo ocorre a separação do insumo para, então, transformar-se em outro produto. Esse instante é chamado de ponto de separação, que é a junção do processamento de produção conjunta, e cada um dos novos produtos se tornam devidamente identificados, e a apuração dos custos de operação, marketing, logística e todos os outros inerentes ao processo são apurados. ABORDAGENS PARA APROPRIAR OS CUSTOS CONJUNTOS Para apropriar os custos conjuntos aos produtos individualmente, temos as seguintes abordagens a serem consideradas: • valor da venda no ponto de separação; • valor realizável líquido (VRL); • valor considerando a medida física. Antes de iniciar os comentários sobre as abordagens, vamos criar um cenário de custos conjuntos para um melhor entendimento delas: a Cooperativa SPBR compra milho de algumas fazendas do interior de São Paulo e os manufatura 187 ANáLISES E PREçO DE VENDA para vendê-los como farinha, canjica e farelo. Os três produtos são vendidos para atacadistas da capital. Sabe-se que os 500 mil quilos de milho comprados custaram para a cooperativa R$225 mil e serão transformados em 150 mil quilos de farinha, 250 mil quilos de canjica e 100 mil quilos de farelo. Outra informação que dispomos diz respeito ao preço de venda praticado pela cooperativa por cada quilo dos produtos vendidos, ou seja, a farinha tem o preço de venda igual a R$0,95/kg, a canjica tem o preço de venda igual a R$1,25/kg, e o farelo tem o preço de R$0,75/kg. O valor de venda no ponto de separação apropria os custos conjuntos aos produtos usando como base o total relativo do valor de venda no ponto de separação da produção total desses produtos. Veja a Figura 74: Figura 74 – Cálculo do custo conjunto com base no valor de venda ITEM FARINHA CANJICA FARELO TOTAL Receita R$ 142,5 mil R$ 312,5 mil R$ 75 mil R$ 530 mil Representação % da receita 26,89% 58,96% 14,15% 100% Custos conjuntos apropriados R$ 60.502,50 R$ 132.660 R$ 31.837,50 R$ 225 mil Custo por quilo R$ 0,4034 R$ 0,5306 R$ 0,3184 - Fonte: elaborado pelo autor 188 GESTÃO DE CUSTOS Na Figura 54, a receita foi calculada considerando a quantidade vendida multiplicada pelo preço de venda unitária, em que a farinha teve (150 mil × R$0,95) = R$142,5 mil; a canjica teve (250 mil × R$1,25) = R$132,5 mil, e o farelo teve (100 mil × R$0,75) = R$75 mil. A representação percentual diz respeito a quanto cada um dos produtos participa no todo de receita, ou seja, a farinha teve (R$142,5 mil ÷ R$530 mil) = 0,2689; a canjica teve (R$312,5 mil ÷ R$530 mil) = 0,5896, e o farelo teve (R$75 mil ÷ R$530 mil) = 0,1415. Os custos conjuntos calculados tiveram a representação percentual de cada produto aplicado sobre o custo total de aquisição, onde a farinha teve (R$225 mil × ,02689) = R$60.502,50; a canjica teve (R$225 mil × 0,5896) = R$132.660, e o farelo teve (R$225 mil × 0,145) = R$31.837,50. Por fim, conforme demonstrados na Figura 54, com base no valor de venda no ponto de separação, o custo unitário da farinha de milho foi de R$0,40. O custo unitário da canjica foi de R$0,53 e o custo unitário do farelo de milho foi de R$0,31. No caso do valor realizável líquido (VRL), apropria os custos conjuntos considerando que além dos custos de aquisição são 189 ANáLISES E PREçO DE VENDA necessários outros custos de comercialização que devem ser levados em conta. Veja uma situação em que o mercado exige uma propaganda mais arrojada, e assim os produtos farinha, canjica e farelo tiveram um gasto incremental de R$,015, R$0,25 e R$0,20 por unidade comercializada, respectivamente. Veja na Figura 75 o cálculo dos custos conjuntos: Figura 75 - Cálculo do custo conjunto com base no valor realizável líquido (VRL) ITEM FARINHA CANJICA FARELO TOTAL Receita R$ 142,5 mil R$ 312,5 mil R$ 75 mil R$ 530 mil (-) Gastos incrementais (R$ 22,5 mil) (R$ 62,5 mil) (R$ 20 mil) (R$ 105 mil) = VRL R$ 120 mil R$ 250 mil R$ 55 mil R$ 425 mil Representação % do VRL 28,24% 58,82% 12,94% 100% Custos conjuntos apropriados R$ 63.540 R$ 132.345 R$ 29.115 R$ 225 mil Custo por quilo R$ 0,4236 R$ 0,5294 R$ 0,2915 - Fonte: elaborado pelo autor Na Figura 75, seguem-se os mesmos tipos de cálculos existentes, Figura 74, inserindo aqui apenas os gastos incrementais com propaganda para chegar ao valor realizável líquido (VRL), que é usado como base de cálculo para a apropriação dos custos conjuntos para cada um dos produtos. 190 GESTÃO DE CUSTOS Já o método da medida física apropria os custos conjuntos aos produtos com base em seu volume quantitativo, peso relativo ou outra medida física existente. Considerando as informações do enunciado, veja a Figura 76: Figura 76 – Cálculo do custo conjunto com base na medida física ITEM FARINHA CANJICA FARELO TOTAL Quantidade 150 mil 250 mil 100 mil 500 mil Representação % da quantidade 0,30 ou 30% 0,50 ou 50% 0,20 ou 20% 100% Custos conjuntos apropriados R$ 67,5 mil R$ 112,5 mil R$ 45 mil R$ 225 mil Custo por quilo R$ 0,45 R$ 0,45 R$ 0,45 - Fonte: elaborado pelo autor A Figura 76, usando o método medida física, traz um resultado linear no aspecto de custo unitário dos produtos, mas é uma condição a ser considerada na teoria e na prática da gestão de custos quando se trata de custos conjuntos. ANALISANDO A MARGEM BRUTA DOS PRODUTOS Considerando os resultados calculados nas três formas de abordagens sobre os custos conjuntos, agora avaliaremos os desempenhos de cada produto (veja a Figura 77). 191 ANáLISES E PREçO DE VENDA Figura 77 – Análise da margem bruta: produto farinha PRODUTO FARINHA VALOR DE VENDA VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO MEDIDA FÍSICA Receita R$ 142,5 mil R$ 142,5 mil R$ 142,5 mil (-) Custos incrementais - (R$ 22,5 mil) - (-) Custos conjuntos (R$ 60.502,50) (R$ 63.540) (R$ 67,5 mil) = Margem bruta R$ 81.997,50 R$ 56.460 R$ 75 mil % da margem bruta 57,55% 39,62% 52,63% Fonte: elaborado pelo autor Considerando somente o aspecto da margem bruta calculada para o produto farinha de milho, o melhor resultado apresentado está na apropriação dos custos conjuntos por meio da abordagem valor da venda, seguido da abordagem valor realizável líquido (VRL) e, por último, a abordagem medida física. Veja agora o produto canjica e seus resultados (Figura 78): Figura 78 – Análise da margem bruta: produto canjica PRODUTO CANJICA VALOR DE VENDA VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO MEDIDA FÍSICA Receita R$ 312,5 mil R$ 312,5 mil R$ 312,5 mil (-) Custos incrementais - (R$ 62,5 mil) - (-) Custos conjuntos (R$ 132.660) (R$ 132.345) (R$ 112,5 mil) = Margem bruta R$ 179.840 R$ 117.655 R$ 200 mil 192 GESTÃO DE CUSTOS PRODUTO CANJICA VALOR DE VENDA VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO MEDIDA FÍSICA % da margem bruta 57,55% 37,65% 64% Fonte: elaborado pelo autor Considerando somente o aspecto da margem bruta calculada para o produto canjica, o melhor resultado apresentado está na apropriação dos custos conjuntos por meio da abordagem medida física, seguido da abordagem valor realizável líquido (VRL) e, por último, a abordagem do valor da venda. Veja agora o produto farelo e seus resultados (Figura 79): Figura 79 – Análise da margem bruta: produto farelo PRODUTO FARELO VALOR DE VENDA VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO MEDIDA FÍSICA Receita R$ 75 mil R$ 75 mil R$ 75 mil (-) Custos incrementais - (R$ 20 mil) - (-) Custos conjuntos (R$ 31.837,50) (R$ 29.115) (R$ 45 mil) = Margem bruta R$ 43.162,50 R$ 25.885 R$ 30 mil % da margem bruta57,55% 34,51% 40% Fonte: elaborado pelo autor Considerando somente o aspecto da margem bruta calculada para o produto farelo, o melhor resultado 193 ANáLISES E PREçO DE VENDA apresentado está na apropriação dos custos conjuntos por maio da abordagem valor da venda, seguido da abordagem medida física e, por último, a abordagem valor realizável líquido (VRL). Consolidando as margens brutas, temos a seguinte visualização (veja Figura 80): Figura 80 – Consolidação das margens brutas por abordagem PRODUTO VALOR DE VENDA VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO MEDIDA FÍSICA Produto farinha 57,55% 39,62% 52,63% Produto canjica 57,55% 37,65% 64% Produto farelo 57,55% 34,51% 40% Fonte: elaborado pelo autor A consolidação das margens brutas aponta que, para os produtos farinha e farelo, a melhor abordagem de apropriação dos custos conjuntos é o valor de venda no ponto de separação, já para o produto canjica, a melhor abordagem de apropriação dos custos conjuntos é a medida física. A abordagem valor realizável líquido (VRL), por deduzir os valores de custos incrementais com propaganda, demonstraram as piores margens brutas, mas não se pode descartar, pois os valores gastos individualmente não foram os mesmos e, para análises, trouxeram resultados que se mostraram próximos. 194 GESTÃO DE CUSTOS AGORA É COM VOCÊ Apresente aos seus gestores as opções aqui estudadas e torne-se um profissional altamente assertivo nas tomadas de decisões. Portanto a gestão de custos tem a incumbência de apresentar os resultados aos gestores da empresa para que seja tomada a melhor decisão estratégica para seguir com os trabalhos. DECISÃO ENTRE PRODUZIR OU COMPRAR Neste tópico trataremos da decisão entre produzir ou comprar um produto ou componente de um produto. Horngren et al. (2004, p. 352) comentam que “as decisões se dão por meio de um modelo que é um método formal de escolha, que frequentemente envolve análises quantitativas e qualitativas”. Em alguns casos, as empresas fazem as suas escolhas entre produzir ou comprar um produto ou componente de produto usando aspectos qualitativos para sua decisão, mas vale a pena mencionar que considerar os aspectos de qualidade e confiabilidade dos fornecedores fazem a empresa ser mais assertiva. 195 ANáLISES E PREçO DE VENDA Sobre a decisão entre produzir ou comprar, ela representa uma parte da estratégia empresarial na qual a empresa pode tomar a decisão de reter para si todos os passos do processo produtivo, de maneira vertical e integral, ou seja, fazer tudo de A a Z com o objetivo de ter o controle total do processo. Essa decisão faz recair sobre ela todo o ônus e o bônus do processo produtivo e possivelmente não terá tempo e espaço para novas investidas. Em contrapartida, a estratégia pode ser aquela de adquirir alguns insumos de terceiros (externamente) e tornar-se especialista em apenas algumas etapas do processo produtivo, assim poderá aplicar novos métodos de trabalho, ampliação de produtos, manutenção dos clientes, inovação de processos, ou seja, a empresa terá um caminho a ser percorrido com mais espaço e tempo para sua dedicação. A tomada de decisão entre produzir ou comprar um produto ou componente de um produto requer, além dos fatores estratégicos da empresa, ter garantido os fatores de qualidade e confiabilidade. Fonte: Shutterstock (http://shutr.bz/38eTezB) 196 GESTÃO DE CUSTOS Vamos agora, a partir de um exemplo, praticar a tomada de decisão entre comprar ou produzir determinado produto. Veja a estrutura e informações na Figura 81: Figura 81 - Estrutura de custos do produto Exemplo da Empresa Certa ITEM CUSTOS PARA PRODUÇÃO DE 20 MIL UNIDADES CUSTO UNITÁRIO Materiais diretos R$ 190 mil R$ 9,50 Mão de obra direta R$ 96 mil R$ 4,80 Custos indiretos variáveis R$ 46 mil R$ 2,30 Custos indiretos fixos R$ 34 mil R$ 1,70 Outros custos de manuseio R$ 70 mil R$ 3,50 Custos totais R$ 436 mil R$ 21,80 Fonte: elaborado pelo autor Com base nas informações da Figura 61, sabe-se que para a Empresa Certa produzir 20 mil unidades do produto Exemplo terá um custo total de R$436 mil no período, com um custo unitário de R$21,80. A área de compras fez uma pesquisa entre os possíveis fornecedores a fim de criar uma terceirização e obteve duas propostas que podem ser analisadas e consideradas para tomada de decisão. Vejamos: 1. a primeira proposta traz um valor unitá- rio de compra de R$20,50 (já deduzidos os 197 ANáLISES E PREçO DE VENDA tributos). Nessa proposta precisa-se conside- rar que a Empresa Certa consegue eliminar todos os custos de materiais diretos, mão de obra direta e os custos indiretos variáveis; sobre os custos de manuseio conseguirá reduzir em 85%, e os custos indiretos fixos reduzirão em 90%; 2. a segunda proposta traz um valor unitá- rio de compra de R$18,90 (já deduzidos os tributos). Nessa proposta a Empresa Certa também consegue eliminar todos os custos de materiais diretos, mão de obra direta e os custos indiretos variáveis; sobre os custos de manuseio conseguirá reduzir em 50%, e os custos indiretos fixos reduzirão em 45%, po- rém esse fornecedor cobrará R$315 de frete para cada 1 mil unidades entregues. O que está previamente combinado entre as empresas diz respeito à logística de entrega dos produtos (dias e horários) e o compromisso de qualidade dos produtos. Diante das três opções (uma de produzir e duas de comprar externamente), vamos calcular e tomar a decisão com base naquela que apresentar um menor valor financeiro (veja a Figura 82). 198 GESTÃO DE CUSTOS Figura 82 – Analisando as propostas para 20 mil unidades ITEM PRODUZIR PROPOSTA DE COMPRA 1 PROPOSTA DE COMPRA 2 Compra externa - R$ 410 mil R$ 378 mil Materiais diretos R$ 190 mil - - Mão de obra direta R$ 96 mil - - Custos indiretos variáveis R$ 46 mil - - Custos indiretos fixos R$ 34 mil R$ 3,4 mil R$ 18,7 mil Outros custos de manuseio R$ 70 mil R$ 10,5 mil R$ 35 mil Gasto com frete - - R$ 6,3 mil Custos totais R$ 436 mil R$ 423,9 mil R$ 438 mil Custo unitário R$ 21,80 R$ 21,20 R$ 21,90 Fonte: elaborado pelo autor Conforme demonstra a Figura 82, a primeira proposta de comprar o produto externamente foi aquela que ficou com o menor custo entre as três opções comparadas. Portanto, levando-se em consideração o menor custo, a primeira proposta deverá ser a opção escolhida pela Empresa Certa. Esse processo de tomada de decisão obviamente resulta na escolha de uma entre várias outras opções, e ao escolher uma alternativa em detrimento das demais deve-se utilizar a análise incremental, ou seja, avaliar os custos incrementais e as receitas incrementais. Segundo Horngren et al. (2004, p. 353), “o custo 199 ANáLISES E PREçO DE VENDA incremental é o custo adicional incorrido para uma atividade e receita incremental é a receita total adicional de uma atividade”. Como visto, ao escolher a primeira opção e compará- -la àquela situação de produzir internamente, considera-se que o custo incremental de produzir seria de R$436 mil, e o custo incremental, adquirindo o produto externamente na primeira proposta, seria de R$423,9 mil. Assim o valor apurado de diferença é de R$12,1 mil, que será considerado como custo diferencial. Nesse caso, a Empresa Certa obteve um ganho com a tomada de decisão. Portanto vale dizer que a empresa, ao comprar o produto externamente, deixará sua mão de obra direta e partirá de seu parque fabril ocioso, e ela poderá utilizar esses recursos para outra finalidade que possivelmente trará novas receitas e que será reconhecida como receita incremental. E na medida em que as decisões tomadas pela empresa geram outras receitas incrementais e/ou utilizarem menos custos incrementais, justifica-se mais ainda a escolha dessa alternativa. Como já é conhecido, a decisão de depender das fontes externas para o fornecimento de um produto ou de alguns componentes de produto, além do aspecto financeiro, envolve 200 GESTÃODE CUSTOS também outros fatores que não são simples de quantificar como qualidade e confiabilidade do fornecedor. A isso chamamos de terceirização que não é isenta de riscos, e por isso a gestão da empresa precisa estar atenta às cláusulas contratuais e aos negócios fechados. DECISÃO DE PRECIFICAÇÃO A decisão de precificação durante muito tempo partiu exclusivamente da análise dos custos para chegar ao preço. A lógica estabelecida era que, uma vez definido qual era o custo, bastava agregar a margem de lucro desejada para chegar ao preço do produto e/ou serviço. Atualmente é cada vez mais comum o estabelecimento do preço pelo mercado, quase que obrigando as empresas a inverterem a ordem do processo de definição da sua precificação, ou seja, a partir da análise O preço de venda pode ser formado a partir do mercado e/ou dos custos da empresa. Fonte: Shutterstock 201 ANáLISES E PREçO DE VENDA do preço que o mercado está disposto a pagar pelo produto e/ou serviço, a empresa começa a analisar o custo necessário para a sua consequente obtenção de lucro. Nesse contexto, é razoável afirmar que os cuidados da empresa com a questão da definição dos preços deveriam se resumir a acompanhar os preços praticados pelo mercado e torcer para que esse preço permita suprir todos os custos e despesas e ainda trazer um determinado valor de lucro. Entretanto o conhecimento das questões que influenciam os custos, despesas e, consequentemente, os preços, oriundas do ambiente externo ou interno da empresa, é de fundamental importância para a adequada gestão da precificação. ALGUNS CONCEITOS ECONÔMICOS QUE INFLUENCIAM A PRECIFICAÇÃO A precificação reflete a estratégia global da empresa, e seus objetivos funcionais são: • proporcionar, a longo prazo, o maior lucro possível, por meio da maximização lucrativa da participação de mercado, com a finalidade de perpetuar o negócio; 202 GESTÃO DE CUSTOS • maximizar a capacidade produtiva, evitando ociosidade e desperdícios operacionais e maximizando o capital empregado. Contudo, não é possível desprezar a existência de alguns conceitos econômicos que provocam impactos objetivos na estratégia de precificação. Em um desses conceitos, Padoveze (2003, p. 382) comenta que: [...]a teoria econômica indica que quem faz o preço de venda dos produtos é o mercado, basicamente através da oferta e procura, fazendo as devidas considerações para as situações de concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística e oligopólio. A concorrência perfeita traz um mercado com muitos compradores e vendedores com produtos homogêneos, e nesse mercado as empresas não podem OLIGOPÓLIO De acordo com o site Dicio, é a “circunstância econômica em que um número reduzido de empresas domina a maior parte do mercado, através do controle da oferta de produtos”. Fonte: <http://bit.ly/37AldLb>. Acesso em: 18 dez. 2020. 203 ANáLISES E PREçO DE VENDA cobrar um preço mais alto do que o preço de mercado, pois ninguém compraria seus produtos, e também não vendem a um preço mais baixo, pois podem vender tudo o que produzem pelo preço de mercado. No monopólio, em que as barreiras de entrada são imensas, há apenas uma empresa no mercado, com produto único. As empresas monopolistas determinam os preços. Alguns monopólios são decorrentes de barreiras legais, já outros são decorrentes de proteção de patentes, de conhecimento especializado ou de equipamento de produção de custo excepcionalmente alto. A concorrência monopolista tem características da concorrência perfeita e do monopólio, sendo mais parecida com a situação competitiva. Basicamente existem muitos compradores e vendedores, mas os produtos são diferenciados. Os restaurantes são bons exemplos de competidores monopolísticos, pois cada restaurante serve suas refeições, porém procura diferenciar-se de alguma forma (no estilo, no ambiente mais sofisticado, localização, entre outras coisas) com o intuito de aumentar o resultado, praticando os preços acima daquele preço perfeitamente competitivo, à medida que os consumidores concordarem em pagar um pouco a mais pela característica única que os atrai. 204 GESTÃO DE CUSTOS Já o oligopólio é caracterizado por poucos vendedores, as barreiras de entrada são altas e geralmente relacionadas ao custo. O oligopolista tem certo poder de mercado para definir o preço, mas precisa estar constantemente ciente das ações de seus competidores. POLÍTICAS DE PRECIFICAÇÃO Nas empresas, os conceitos econômicos afetam a precificação e ajudam a determinar as políticas estratégicas para indicar o preço de seus produtos e/ou serviços. Os custos são determinantes, além de serem conhecidos no processo produtivo. Em razão disso, muitas empresas baseiam os seus preços nos custos. PRECIFICAÇÃO BASEADA EM CUSTOS Essa metodologia tem como base aceitar que o mercado consumidor estaria disposto a absorver um preço de venda determinado pela empresa, que, por sua vez, o calculou com base em seus custos e investimentos. Como o conhecimento sobre os custos e investimentos não são os únicos itens que devem ser observados pela empresa na precificação, outras situações exigem atenção 205 ANáLISES E PREçO DE VENDA e precisam ser notadas, como: novas oportunidades de mercado; negócios ou pedidos especiais; faturamento de produtos por encomenda; análise de preços de produtos da concorrência; e acompanhamento dos preços e custos dos produtos. Ou seja, a empresa precisa estar sempre atenta a tudo que acontece em sua estrutura interna e jamais perder o foco daquilo que o mercado vem oferecendo de oportunidades, seja em expansão, seja em criação ou inovação. PRECIFICAÇÃO BASEADA EM CUSTEIO-META A determinação da precificação com base no mercado envolve o estabelecimento de metas. Um preço- -meta é o estimado para um produto ou serviço que clientes em potencial poderão pagar. Essa estimativa é baseada na aceitação, por parte do cliente, do valor de um produto e em como os concorrentes precificarão os seus produtos e serviços. A empresa precisa estar atenta a tudo o que acontece em sua estrutura interna e sempre buscar novas oportunidades. 206 GESTÃO DE CUSTOS As empresas normalmente conduzem as pesquisas daquilo que os clientes desejam e os preços que eles estariam dispostos a pagar, e isso ocorre porque as empresas descobriram que aprender o que os clientes valorizam pode ser um aspecto- -chave na relação empresa-cliente. A partir da definição das características e dos preços aceitáveis para um produto, segundo pesquisas efetuadas com os consumidores, a empresa começa a projetar e a desenvolver o produto de maneira que o custo e o lucro possam ser cobertos por aquele preço. O custeio-meta é um processo interativo em que a empresa deve revisar os componentes de custo objetivando identificar as reduções possíveis. Essa revisão deve ser efetuada em ciclos, até que atinja o custo-meta ou determine que não é possível fazê-lo. Assim o custeio-meta permite uma chance de desenvolver um mercado lucrativo; chance que poderia não existir caso se definisse o preço com base no custo inicial. PRECIFICAÇÃO BASEADA NO VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE A precificação baseada no valor percebido pelo cliente tem como finalidade identificar e antecipar o grau de utilização e o valor que um produto e/ou serviço poderá trazer à mente 207 ANáLISES E PREçO DE VENDA do cliente. Essa utilização deve ser suficiente para deixá-lo tranquilo no ato da compra. Casos muito típicos dessa situação podem acontecer nos grandes espetáculos, na praia em um dia ensolarado, na saída do metrô em dias de chuva e em outras situações em que o cliente precisa de um produto e o fornecedor está ali, prontamente para atendê-lo, e isso traz um valor percebido pelo cliente de maneira diferente. No caso dos grandes espetáculos, o cliente às vezes é proibido de levar uma garrafa de água, poréma sede é uma necessidade básica. Quando ela surge, temos os vendedores ambulantes autorizados pelo evento que normalmente cobram preços bem maiores do que aqueles praticados pelos supermercados; o cliente indaga que está sendo lesado, mas compreende que o local e momento justificam o alto valor do produto. Similarmente a essa situação, ocorre também nas praias com o refrigerante, o protetor solar, a esteira de praia e até mesmo com os alimentos. No caso da saída do metrô em dias de chuva, você está sem o guarda-chuva e eis que surge aquela vendedora ambulante com um maravilhoso produto que você tem a plena convicção que custa x reais, mas a vendedora pede 3x reais, e você olha para o céu, não 208 GESTÃO DE CUSTOS vislumbra nenhuma possibilidade de a chuva passar e então toma a decisão de comprar o produto. Essas são algumas situações em que o valor percebido pelo cliente ocorre e que as empresas estão cientes dessas necessidades e procuram se antecipar para, no momento adequado, obter a venda e alcançar o respectivo resultado esperado. OUTRAS POLÍTICAS DE PRECIFICAÇÃO Segundo Berto (2012, p. 27), existem outras políticas de precificação, como a política de desnatamento de mercado e a política de penetração. A política de desnatamento consiste em cobrar um preço mais alto quando da introdução de um produto ou serviço. Sendo usada quando o produto é novo com caráter inovador – o qual se pode relacionar a novidade em si à evolução tecnológica, ao status, à exclusividade. Um pequeno grupo de consumidores o valoriza e a empresa desfruta de uma vantagem monopolística. Já a política de penetração procura basicamente conquistar uma grande participação no mercado, antes de ingresso dos concorrentes, por meio da prática de preços baixos. Vale dizer que bem próximo à política de preço por desnatamento está o preço abusivo, e considera-se que o 209 ANáLISES E PREçO DE VENDA preço é abusivo quando as empresas com poder de mercado precificam seus produtos com valor muito elevado bem superior ao custo. MARKUP O markup é um fator aplicado sobre o custo unitário de um produto e/ou serviço. E seu cálculo podem ser inseridos todos os fatores que se desejam cobrar no respectivo preço de venda, exceto o próprio custo unitário do produto que será o objeto integrante do cálculo do markup. Na montagem do markup todos os itens são representados percentualmente. As empresas podem inserir nele as despesas com os tributos sobre as vendas, as comissões pagas aos seus vendedores e representantes, a taxa de franquia cobrada pela franqueadora, as taxas cobradas O markup é uma ferramen- ta de apoio à formação de preços muito utilizada em todas as empresas. Fonte: Shutterstock 210 GESTÃO DE CUSTOS pelas financiadoras de cartão de débito e de crédito, as despesas bancárias sobre movimentação financeira, enfim todas as despesas inerentes ao seu processo de negócios — e também a margem de lucro tão desejada pelas empresas. É importante lembrar que o custo unitário total de cada produto e/ou serviço já traz em sua formação os custos variáveis e os custos fixos, portanto, nenhum deles deverá ser inserido percentualmente no cálculo do markup. Sobre qual será a margem de lucro desejada, Wernke (2005) comenta que sua determinação ainda é um dos pontos mais polêmicos e debatidos no dia a dia das empresas, pois depende de inúmeros fatores e também difere de empresa para empresa, mesmo que elas atuem no mesmo segmento de mercado. Vejamos o que ele comenta sobre os quesitos a serem observados: a. A estratégia de competição a ser adotada: quando as empresas optam por competir com produtos diferenciados, geralmente as margens de lucro são maiores. Ao contrário, se optarem por concorrer com a estratégia de preços baixos, obrigatoriamente deverão praticar margens de lucro menores; b. Existência de produtos similares: a facilidade de importações e a existência de diversos concorrentes em determinado 211 ANáLISES E PREçO DE VENDA segmento permitem que os consumidores tenham uma maior oferta de produtos, podendo escolher entre inúmeros artigos semelhantes. Com isso, as margens de lucro devem ser ajustadas à maior ou menor concorrência existente; c. O volume previsto de vendas: quanto maior o volume previsto de vendas para determinado produto, menor pode ser a margem de lucro a ser repassada ao preço de venda. Isso implica considerar um antigo axioma comercial que defende “que é preferível ganhar pouco por unidade vendendo grande quantidade, do que ganhar por peça e vender pouco”; d. Os segmentos de mercado a serem atingidos: o mesmo produto pode ser comercializado em mais de um segmento de mercado e podem ser praticadas margens de lucro específicas para cada um destes, conforme a conveniência comercial e a necessidade de expandir territórios de venda; e. As políticas de preços de atração: no comércio, principalmente, é comum a utilização de margens de lucro baixas em determinados produtos que servem como atração dos consumidores. Os supermercados, por exemplo, anunciam determinado produto por um preço baixo com a intenção de que os clientes venham comprar o produto e levem outras mercadorias comercializadas com margens de lucro maiores. Assim, compensam a pequena margem de uma mercadoria e/ou produto com margens maiores em outras (WERNKE, 2005, p. 152). 212 GESTÃO DE CUSTOS Portanto, levando-se em consideração todos os quesitos mencionados, o cálculo do markup trará a margem de lucro que representa aquela necessidade e desejo esperado pela empresa. MARKUP POR PRODUTO E MARKUP GENÉRICO A empresa tem o livre-arbítrio em montar um markup básico por produto. Para isso é necessário que o custo unitário não seja o único elemento diferenciador, como também as despesas operacionais, em sua totalidade ou parcialidade, e ainda os custos financeiros e a margem de lucro esperada também sejam diferenciadas para cada um dos produtos. Por outro lado, a empresa também pode montar um markup genérico nesse caso, o custo unitário pode ser o elemento diferenciador para a formação do preço de venda, mas as demais despesas operacionais e de comercialização serão semelhantes e com os mesmos percentuais, como também os custos financeiros e as margens de lucro. Vale dizer que na montagem do markup genérico alguns produtos podem ter a sua tributação diferenciada, pois um produto pode ser exportado e comercializado internamente no país. Assim é prudente que a empresa crie dois markups genéricos: um calculado com os respectivos tributos inclusos, e outro calculado sem considerar os respectivos tributos. 213 ANáLISES E PREçO DE VENDA MARKUP MULTIPLICADOR (MM) O markup multiplicador trata-se de um fator (que considera: despesas operacionais + despesas financeiras + despesas comerciais + margem de lucro) percentual que é multiplicado pelo custo unitário do produto e/ou serviço para chegar ao preço de venda. Para calcular o markup multiplicador deve-se seguir os respectivos passos: 1. Listar todos os itens relativos e incidentes (em percentuais) sobre o preço de venda, por exemplo: a. imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços = 18%; b. programa de Integração Social = 1,65%; c. contribuição para Financiamento da Seguridade Social = 3%; d. comissões sobre as vendas = 5%; e. custos financeiros sobre as vendas = 3,5%; f. lucro esperado pela empresa = 28%. 214 GESTÃO DE CUSTOS 2. Somar todos os percentuais relativos e inci- dentes sobre o preço de venda: (18% + 1,65% + 3% + 5% + 3,5% + 28% = 59,15%); 3. Partindo de 100%, subtraia o percentual dos itens relativos ao preço de venda: [100% (-) 59,15%] = 40,85%; 4. O resultado do markup multiplicador será 100% dividido pelo resultado calculado no item III: (100% / 40,85%) = 2,447980 ou ainda (1 / 0,4085) = 2,447980. Por fim, como exemplo, considere que o produto XPTO teve seu custo unitário calculado em R$115, portanto, ao aplicar o MM(markup multiplicador), temos o preço de venda de R$281,52 que é igual a R$115 × 2,447980. MARKUP DIVISOR (MD) O markup divisor trata-se de um fator (que considera: despesas operacionais + despesas financeiras + despesas comerciais + margem de lucro) percentual que é dividido pelo custo unitário do produto para chegar ao preço de venda. Certos passos são similares ao cálculo do markup multiplicador. 215 ANáLISES E PREçO DE VENDA Para calcular o markup divisor, deve-se seguir os respectivos passos: 1. Listar todos os itens em percentuais rela- tivos e incidentes sobre o preço de venda, por exemplo: a. imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços = 18%; b. programa de Integração Social = 1,65%; c. contribuição para Financiamento da Seguridade Social = 3%; d. comissões sobre as vendas = 5%; e. custos financeiros sobre as vendas = 3,5%; f. lucro esperado pela empresa = 28%. 2. Somar todos os percentuais relativos e inci- dentes sobre o preço de venda: (18% + 1,65% + 3% + 5% + 3,5% + 28% = 59,15%); 216 GESTÃO DE CUSTOS 3. O percentual dos itens relativos ao preço de venda deve ser dividido por 100%: [59,15% / 100%] = 0,5915%; 4. O resultado do markup divisor será 1 sub- traindo o resultado calculado no item III: [1 (-) 0,5915] = 0,4085. Por fim, como exemplo, considere que o produto XPTO teve seu custo unitário calculado em R$115, portanto, ao aplicar o MD (markup divisor), temos o preço de venda de R$281,52, que é igual a R$115 ÷ 0,4085. PREÇO DE VENDA Iniciamos esta unidade considerando duas situações que parecem ser a mesma coisa: preço e valor. Segundo Houaiss (2001, p. 2281), preço é “a quantidade equivalente a uma mercadoria, determinada em função de sua capacidade de ser negociada no mercado — arbitrado pelo vendedor e não pela lei da oferta e procura — que pode, em alguns casos, ser controlado pelo Governo”. No que diz respeito ao significado de valor, Houaiss (2001, p. 2825) relata que é “a qualidade que confere a um objeto material a natureza 217 ANáLISES E PREçO DE VENDA de bem econômico, em decorrência de satisfazer necessidades humanas e ser trocável por outros bens”. Segundo Dubois et al. (2019), “o valor de um bem é muito subjetivo e dependerá do grau da utilidade que este bem trará para as pessoas que o consomem. Um certo produto poderá ser de grande utilidade para algumas pessoas enquanto para outras não terá serventia alguma”. Já a fixação de preço precisa ser bem fundamentada porque dela depende a rentabilidade da empresa. Algo relevante e importante de mencionar é que o preço não deve refletir os custos do produto, mas o valor econômico que o cliente percebe nele. A formação de preço depende de inúmeras questões que precisam ser analisadas, e Padoveze (2003) comenta algumas delas: • lançamento de um novo produto; O valor de um bem dependerá do grau da utilidade que ele trará para as pessoas que o consomem. Fonte: Shutterstock 218 GESTÃO DE CUSTOS • introdução de produtos regulares em novos canais de distribuição ou em novos segmentos de mercado; • conhecimento de alteração e preços dos concorrentes; • variações significativas da demanda dos produtos para mais ou para menos; • alterações significativas na estrutura de custos da empresa e dos produtos, bem como dos investimentos; • mudança dos objetivos de rentabilidade da empresa; • adaptação às novas estratégias de atuação no mercado; • alteração na legislação vigente; • adaptação às novas tecnologias. Segundo Veiga (2016, p. 91), complementando essas questões a serem analisadas temos a “apuração dos custos, o preço da concorrência, o volume de vendas, o ciclo de vida dos produtos e o prazo de recebimento das vendas”. 219 ANáLISES E PREçO DE VENDA AGORA É COM VOCÊ Leia os conteúdos a seguir, que tratam de formação de preço, e procure colocá-los em prática em seu dia a dia na empresa. FORMAÇÃO DE PREÇO BASEADO NO MARKUP GENÉRICO Formar o preço de venda partindo do markup genérico quer dizer que o custo unitário do produto e/ou serviço será acrescido de um percentual previamente calculado. Esse percentual deve corresponder às despesas fixas e variáveis que estão interligadas ao processo e à operação da empresa, bem como a respectiva margem de lucro esperada pela empresa. Tanto as despesas fixas e variáveis como a margem de lucro devem ser representadas percentualmente em relação ao preço de venda. Veja um exemplo de aplicabilidade: suponha que um produto XYZ teve seu custo unitário total calculado em R$748,50; sabe-se que as despesas com comissões perfazem 4%, as despesas com tributos sobre as vendas totalizam 23%, existem ainda as despesas com administradora de cartão de crédito de 3%, as despesas administrativas de 2,5%, e a margem de lucro esperada pela empresa é de 35%. 220 GESTÃO DE CUSTOS Considerando a montagem do markup genérico, vamos somar as respectivas porcentagens de despesas e margem de lucro, portanto: (4% + 23% + 3% + 2,5% + 35%) = 67,5% Pelo cálculo do markup multiplicador, teremos: MM = [100% (-) 67,5%] = 32,5% MM = [100% / 32,5%] = 3,076923 Logo o preço de venda à vista será: R$ 748,50 x 3,076923 = R$2.303,08 Pelo cálculo do markup divisor, teremos: MD = [67,5% / 100%] = 0,675 MD = [1 (-) 0,675] = 0,325 Logo o preço de venda à vista será: R$ 748,50 / 0,325 = R$2.303,08 221 ANáLISES E PREçO DE VENDA Agora iremos comprovar os cálculos do markup genérico realizado (Figura 83): Figura 83 – Comprovação do markup ITEM EM % EM REAIS Preço unitário de venda 100 R$2.303,08 (-) Despesas com comissões 4 (R$92,12) (-) Despesas com tributos 23 (R$529,71) (-) Despesas cartão de crédito 3 (R$69,09) (-) Despesas administrativas 2,5 (R$57,58) (-) Margem de lucro 35 (R$806,08) = Custo unitário do produto - R$748,50 Fonte: elaborado pelo autor A Figura 63 revela os valores de cada item que compõe o cálculo do markup genérico, independentemente de termos feito pelo markup multiplicador ou pelo markup divisor; assim temos a assertividade no cálculo do preço de venda do produto e a certeza de que ele será capaz de cobrir todos os custos e despesas e ainda gerar o lucro esperado pela empresa. 222 GESTÃO DE CUSTOS FORMAÇÃO DE PREÇO BASEADO NO INVESTIMENTO Para formar o preço de venda levando em consideração o valor de investimento como referencial é preciso conhecer a pretensão percentual de retorno que a empresa quer obter sobre esse investimento. Ao calcular esse valor de retorno, você deve juntá-lo aos gastos totais efetuados pela empresa naquele período, e o novo valor total (retorno + gastos totais) deverá ser dividido pela quantidade total produzida. Vejamos então: A Cia. de Sucesso, nesse exercício, teve os investimentos totalizando R$300 milhões e deseja obter uma margem de lucro na ordem de 13% sobre esse montante; sabe-se que a Cia. de Sucesso teve a produção e as vendas estimadas em 500 mil unidades do seu produto. Para essa produção foram gastos R$45 milhões de custos fixos e variáveis além de R$1,350 milhão de despesas variáveis. Assim o cálculo do preço de venda unitária será: • investimento de R$300 milhões × 0,13 = R$39 milhões de retorno; • + custos fixos e variáveis = R$45 milhões; • + despesas variáveis = R$1,350 milhão; 223 ANáLISES E PREçO DE VENDA • margem de lucro (retorno) + gastos = R$85,350 milhões. Logo o preço de venda unitário baseado no investimento será: R$85,350 milhões / 500 mil = R$170,70. FORMAÇÃO DE PREÇO BASEADO NO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Formar o preço de venda a partir do ciclo de vida do produto é muito bem recebido na gestão dos negócios. Essa metodologia apresenta uma riqueza de detalhes embasados em pesquisas de mercado que previamente projetam a demanda e também a aceitação do produto pelo consumidor em sua funcionalidade, preço e qualidade esperados. Vejamos uma simulação de um produto inovador com pesquisa de mercado que considerou um ciclo de cinco anos linearmente (Figura84). Para formar o preço de venda é preciso conhecer a pretensão percentual de retorno que a empresa quer obter. 224 GESTÃO DE CUSTOS Figura 84 – Preço de venda baseado no ciclo de vida do produto ITEM GASTOS PRÉ- -OPERACIONAIS ANO 2021 ANO 2022 ANO 2023 ANO 2024 ANO 2025 TOTAIS Quantidade - 5 mil 5 mil 5 mil 5 mil 5 mil 25 mil Materiais diretos - R$740 mil R$740 mil R$740 mil R$740 mil R$740 mil R$3,7 milhões MOD - R$145 mil R$145 mil R$145 mil R$145 mil R$145 mil R$725 mil Desenvolvimento R$420 mil R$42 mil R$42 mil R$42 mil R$42 mil R$42 mil R$630 mil Engenharia de produção R$180 mil R$23 mil R$23 mil R$23 mil R$23 mil R$23 mil R$295 mil Pesquisa de mercado R$415 mil - - - - - R$415 mil Propaganda / promoção - R$90 mil R$90 mil R$90 mil R$90 mil R$90 mil R$450 mil Investimento inicial R$1 milhão - - - - - R$1 milhão Retorno esperado - R$120 mil R$120 mil R$120 mil R$120 mil R$120 mil R$600 mil Totais R$2,015 milhões R$1,160 milhão R$1,160 milhão R$1,160 milhão R$1,160 milhão R$1,160 milhão R$7,815 milhões Custo médio unitário R$312,60 Despesas administrativas + despesas comerciais 23,5% Markup divisor = (23,5% / 100%) = 0,235. Logo MD é [1 (-) 0,235] = 0,765 Preço de venda = R$312,60 / 0,765 R$408,63 Fonte: adaptado de Padoveze (2003) A Figura 84 mostra que a empresa resolveu investir em um novo produto a quantia de R$1 milhão; espera-se 225 ANáLISES E PREçO DE VENDA obter um retorno na ordem de 12% ao ano. Segundo a pesquisa de mercado, a empresa venderá 5 mil unidades do seu produto por ano (durante cinco anos); terá um custo com os materiais diretos no valor de R$740 mil por ano; os custos com a mão de obra direta vão perfazer R$145 mil por ano; o setor de desenvolvimento terá um gasto inicial de R$420 mil e mais cinco parcelas anuais de R$42 mil; a engenharia de produção terá um gasto inicial de R$180 mil e mais cinco parcelas anuais de R$23 mil; a pesquisa de mercado, que foi paga bem no início, antes do produto entrar em processo, custou R$415 mil; a empresa gastar à R$90 mil anuais com as despesas de propaganda e promoção da marca. O total previamente calculado somou R$7,815 milhões, que divididos por 25 mil unidades produzidas/ vendidas em cinco anos perfaz em um custo unitário de R$312,60. A empresa ainda tem as despesas administrativas e Formar o preço de venda a partir do ciclo de vida do produto é muito bem recebido na gestão dos negócios. Fonte: Shutterstock 226 GESTÃO DE CUSTOS comerciais que somam 23,5%. Usando a metodologia de markup divisor que foi calculado (MD = [1 (-) 0,235] = 0,765) e aplicando sua respectiva fórmula, (R$312,60 / 0,765), chega-se ao preço de venda de R$408,63. PREÇO DE VENDA A PRAZO Nas relações que envolvem compras e vendas, é normal e natural que os respectivos pagamentos e recebimentos sejam feitos em momentos divergentes daqueles em que o produto e/ou serviço é, de fato, entregue. Assim as empresas vendedoras têm a prerrogativa de inserir em seu preço de venda um valor adicional, e que este seja satisfatório para corresponder à manutenção do poder aquisitivo da moeda. Antes de prosseguir, vamos montar um preço de venda na condição à vista com o uso da metodologia markup, que já é de nosso conhecimento: PRERROGATIVA O site Aulete descreve a palavra como “direito especial, próprio de um cargo, posição etc. Vanta- gem exclusiva dos indivíduos de determinado grupo”. Fonte: <http://bit.ly/3oZ48jy>. Acesso em: 18 dez. 2020. 227 ANáLISES E PREçO DE VENDA • custo unitário do produto é de R$4,950 mil; • despesas com tributos somam 25%; • despesas com comissões sobre as vendas perfazem 5%; • lucro esperado totaliza 30%. Com a utilização do markup multiplicador (MM) temos: MM = (25% + 5% + 30%) = 60% MM = [100% (-) 60%] = 40% MM = (100% / 40%) = 2,5 Logo o preço de venda à vista será: R$4,950 mil x 2,5 = R$12.375 Portanto o preço de venda à vista sofrerá um acréscimo quando a empresa vender a prazo; esse aumento é chamado de “acréscimo financeiro relativo ao preço de venda a prazo”. Ele possui algumas modalidades de cálculo, como o acréscimo por 228 GESTÃO DE CUSTOS fora do preço e o acréscimo por dentro do markup, que veremos a seguir, mas antes saiba que, no exemplo apresentado, a empresa cobra 7% de juros ao mês e receberá suas vendas no prazo de 60 dias: 1. Acréscimo financeiro por fora do preço de venda à vista: Nesse caso, precisa-se usar a matemática financeira e calcular o montante de juros acumulados nos 60 dias ou 2 meses, portanto faremos: VF = R$12,375 mil x [(1,07)²] VF = R$12,375 mil x [1,1449] VF = R$14.168,14 Resumindo, o preço de venda a prazo calculado será de R$14.168,14. 2. Acréscimo financeiro por dentro do markup: Nesse caso, o acréscimo financeiro deve ser calculado inserindo no próprio markup a taxa de juros cobrada na negociação, ou seja, além 229 ANáLISES E PREçO DE VENDA dos 60% conhecidos (tributos, comissões e lucro esperado) deve-se inserir os 14,49% já calculados na opção (a). Vejamos como fica: MM = (25% + 5% + 30% + 14,49%) = 74,49% MM = [100% (-) 74,49%] = 25,51% MM = [100% / 25,51%] = 3,920031 Logo o preço de venda a prazo, considerando essa modalidade, será: R$4,950 mil × 3,920031 = R$19.404,15. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, consideramos que as análises dos custos conjuntos, que são muito úteis para aquelas empresas que necessitam dessa informação, juntamente às tomadas de decisão entre produzir ou comprar um produto, são de grande valia para o profissional da gestão de custos, pois contribuem com o seu crescimento profissional. Os aspectos de precificação, markup e formação de preço ajudam a melhorar a gestão de custos contribuindo com a empresa no sentido de saber quanto cobrar por cada item produzido. São decisões tomadas que, quando embasadas em técnicas e critérios específicos, proporcionam tranquilidade e assertividade. 230 GESTÃO DE CUSTOS RESUMO: Nesta unidade estudamos assuntos relevantes para entender as análises e o preço de venda. Vimos que: • os custos conjuntos são aqueles produtos que provêm da mesma natureza da matéria-prima e são comercializados independentemente; • no processo produtivo, o momento em que ocorre a separação do insumo é chamado de ponto de separação; • para apropriar os custos conjuntos aos produtos individualmente é preciso considerar as abordagens: valor da venda no ponto de separação; valor realizável líquido; valor considerando a medida física; • a gestão de custos tem a incumbência de apresentar os resultados aos gestores da empresa para que seja tomada a melhor decisão estratégica para seguir com os trabalhos; • no monopólio, as barreiras de entrada são imensas e há apenas uma empresa no mercado com produto único, e são as empresas monopolistas que determinam os preços do mercado; 231 ANáLISES E PREçO DE VENDA • o oligopólio é caracterizado por poucos vendedores, e as barreiras de entrada são altas e geralmente relacionadas ao custo. O oligopolista tem certo poder de mercado para definir o preço, mas precisa estar constantemente ciente das ações de seus competidores; • um preço-meta é o estimado para um produto ou serviço que clientes em potencial poderão pagar. Essa estimativa é baseada na aceitação, por parte do cliente, do valor de um produto e em como os concorrentes precificarão os seus produtos e serviços; • a precificação baseada no valor percebido pelo cliente tem como finalidade identificar e antecipar o grau de utilização e o valor que um produto e/ ou serviço poderá trazer à mente do cliente; • a decisão entre produzir ou comprar aborda situações em que a empresa pode adquirir um produto, componente do produto ou algum insumo necessário no processo produtivo, comprando de um fornecedor externo que poderá ser uma opção viável e mais rentável se comparada a ter de produzir internamente, e requeranálise pontual, considerando todos os itens envolvidos na transação para decidir sobre a mais vantajosa para a empresa; 232 GESTÃO DE CUSTOS • o custo incremental é o custo adicional incorrido para uma atividade, e receita incremental é a receita total adicional de uma atividade (HORNGREN et al., 2004, p. 353); • a decisão de precificação às vezes fugirá das condições habituais da empresa, pois nela existem regras e padrões preestabelecidos nas áreas comerciais que precisam ser dribladas, com o objetivo de obter uma negociação diferenciada e utilizar ao máximo o processo produtivo existente em prol de um maior volume de vendas e consequentemente um maior volume de receitas e melhores resultados; • o markup é um indicador que, aplicado sobre os custos previamente conhecidos, tem como propósito chegar ao preço de venda do produto ou serviço, e leva em consideração todos os tributos inerentes à sua existência, às despesas necessárias e à margem de lucro esperada; • o markup multiplicador trata-se de um fator percentual que considera: despesas operacionais + despesas financeiras + despesas comerciais + margem de lucro, que multiplicado pelo custo unitário do produto e/ou serviço chega ao preço de venda; 233 ANáLISES E PREçO DE VENDA • o markup divisor trata-se de um fator percentual que considera: despesas operacionais + despesas financeiras + despesas comerciais + margem de lucro, que dividido pelo custo unitário do produto chega ao preço de venda; • o preço de venda é a representação financeira do produto ou serviço, aquilo que é cobrado do cliente por sua entrega e o valor ao qual é feita a negociação entre o vendedor e o comprador. REFERÊNCIAS BERTO, D. J. Precificação: sinergia do marketing mais finanças. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. DUBOIS, A.; KULPA, L.; SOUZA, L. E. Gestão de custos e formação de preços: conceitos, modelos e instrumentos: abordagem do capital de giro e da margem de lucratividade. 3. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2019. HORNGREN, C. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos: uma abordagem gerencial. 11. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. v. 1. 234 GESTÃO DE CUSTOS HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional: conceitos; estrutura; aplicação. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003. SCHNEIDER, D. Receitas que contém milho; doce e salgada. 13 jun. 2020. Disponível em: <http://bit.ly/2LLH21M>. Acesso em: 05 nov. 2020. VEIGA, W. E. Contabilidade de custos: gestão em comércio, serviço e indústria. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2016. WERNKE, R. 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