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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA Disciplina: Filosofia e Ética Aluno: Erlenya Ferreira de Sousa Rufino Aragão Matrícula: 20213110134 Pólo: Belford Roxo Questões e tema para discurssão. 1. Quais as críticas de Marx à filosofia de Hegel? De acordo com o texto de Ramos (2015) os hegelianos reagiram de maneiras diferentes sobre a frustração de imaginar que a burguesia pudesse liderar na Alemanha uma revolução semelhante à Francesa. Alguns não mais debatiam em público, se isolando em discussões restritamente teóricas, punindo o povo alemão por não se mobilizarem para defender os intelectuais perseguidos e agido como cidadãos; outros, defendiam dos valores republicanos e democráticos, porém caem em desespero, por não encontrar um substituto para depositar as suas esperanças políticas. Os dois grupos acreditavam que a Alemanha necessitava de uma reforma ou uma revolução política; eles tinham como base a filosofia do Estado expressa nos Princípios de Filosofia do Direito (1821), de Hegel. Nela a sociedade civil mostrava um reino das necessidades, dos interesses materiais e egoístas próprios à esfera privada; para resolver e superar os conflitos inevitáveis vindos da competição econômica, a única esfera que poderia realizar princípios éticos seria o Estado racional. Para Hegel, a sociedade civil é um âmbito falso que só encontra a sua verdade na instância superior do Estado moderno. Todos os jovens hegelianos compartilham desta doutrina: a luta anti absolutista na Alemanha exigiria uma transformação no Estado, que deveria passar a existir de acordo com os valores da igualdade e da liberdade. Marx buscou aplicar e expandir o conceito filosófico de alienação para além da esfera da filosofia da religião, partindo para o estudo da filosofia política de Hegel. Ele descobre que todos os jovens hegelianos caem no mesmo equívoco que a teologia e a filosofia hegeliana da religião cometeram, trocando a essência e a aparência. Na sociedade moderna, o homem é alienado às relações que as religiões estabelecem entre ele e Deus e no primado do Estado diante a sociedade civil. Para Marx o Estado não seria uma esfera independente e superior, mas dependente e subordinada com à sociedade civil e das relações sociais capitalistas. Os jovens hegelianos se enganam em apostar que o interesse universal pode ser efetivado no Estado. A filosofia hegeliana do Estado racional não compreende a verdade dos processos sociais UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro da sociedade moderna: são os interesses e os antagonismos de classe que definem, no interior do capitalismo, a natureza do Estado; nenhuma mudança reformista da forma política (absolutismo, monarquia constitucional ou república) pode superar por si só os problemas sociais, apenas a transformação revolucionária do conteúdo social (a abolição da sociedade de classes). Para Marx, o absolutismo alemão só será superado por meio de uma revolução social, não por uma revolução política (muito menos uma mera reforma); em outras palavras: não será o liberalismo o responsável pela abolição desse regime, e sim o socialismo. Marx discorda da defesa dos hegelianos de uma reforma política que instaure o Estado racional como o caminho para a realização da liberdade da humanidade; para ele esse projeto político não passa de uma ideologia, ou seja: transforma o interesse particular da burguesia falsamente em um interesse universal, contribuindo para a continuidade da dominação dessa classe sobre as outras. 2. Quais eram as ideias dos socialistas utópicos? Qual a diferença entre o socialismo utópico e o socialismo proposto por Marx? E a crítica de Marx ao socialismo utópico? Conforme texto de de Ramos (2015) objetivo do socialismo utópico era a criação de uma sociedade ideal, mais justa e igualitária. Um de seus pensadores, o Robert Owen (1771-1858), era um defensor da regulação do mercado de trabalho e dos direitos sociais e trabalhistas. Owen passou grande parte de sua vida incentivando a criação comunidades utópicas, realizando ações filantrópicas com trabalhadores, empresários, ingleses influentes para convencer a todos da necessidade de uma sociedade industrial mais racional e humana. Ele estimulou o principal movimento operário da época, criando sindicatos que articulavam organização de greves por melhores salários e depois constituiu um partido político chamado cartismo, por conta da apresentação de cartas e abaixo-assinados listando a reivindicação da classe operária por direitos políticos, a luta por melhores salários e pela limitação legal da jornada de trabalho. Outro pensador do socialismo utópico foi escritor e político francês Étienne Cabet (1788-1856). Seu livro, Viagem à Icária descreve uma sociedade utópica perfeita. Cabet recrutou artesãos e camponeses para fundar uma comuna igualitária como ele havia idealizado e seus sonho se realiza em 1848, quando seguidores de suas ideias abandonam a França e partem para os EUA. O comunismo defendido por Marx busca se opor às seitas conspiratórias e ditatoriais e às seitas utópicas e pacifistas. Os dois conceitos teóricos e práticos que ele propõe uma superação do falso UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro dilema entre esses dois socialismos são: a luta de classes e a práxis revolucionária. Marx entende que o equívoco dos socialistas blanquistas é a redução da revolução social a uma revolução política (a tomada do Estado), bem como a práxis revolucionária ser rebaixada à ação de uma minoria golpista, que ignora o papel da luta de classes na constituição da classe operária como participante do processo revolucionário. O comunismo de Marx compreende que o uso da violência revolucionária se dá pela maioria da população no interesse dessa própria maioria: na verdadeira práxis é a autoemancipação da classe operária com suas próprias forças e interesses universalistas. Já os socialistas utópicos (Owen, Cabet, Saint-Simon e Charles Fourier) erram ao não reconhecer que a sociedade capitalista é marcada pelo antagonismo violento e opressor entre burguesia e proletariado. Nesse contexto, apostar em um programa político com reformas graduais e pacíficas acaba sendo uma ideologia pois apela ou para a filantropia e a harmonia entre classes irreconciliáveis (dominantes e dominados) ou desiste de disputar a sociedade a partir de dentro para construir comunidades isoladas. Apenas a práxis busca uma transformação total da sociedade, pois, se a exploração se baseia na propriedade privada, apenas uma revolução que libertasse a sociedade de classes poderia almejar o enfrentamento do interesse de uma minoria burguesa e a libertação da maioria operária. 3. O que propunham os anarquistas? O primeiro autor a se declarar anarquista foi o socialista francês Pierre-Joseph Proudhon (1809- 1865). Ele acreditavaque a propriedade privada poderia ser transformada em mera posse, e os trabalhadores deveriam se associar livremente em cooperativas de produção para trocar Mercadorias por preços justos, instaurando relações de igualdade. Essa utopia econômica seria completada na esfera política pela substituição do Estado-nação por uma federação formada pelas comunidades de trabalhadores. Todas essas mudanças se dariam com uma reforma gradual, por meio de cooperativas e reformas monetárias. Marx combate vigorosamente estas ideias nos primeiros congressos da Associação Internacional dos Trabalhadores (A.I.T) pois ele via que a transformação do capitalismo de forma pacífica era impossível e porque os proudhonianos negavam ao movimento operário a luta econômica – todo aumento salarial geraria para eles apenas inflação e nenhuma melhora na vida dos trabalhadores – e a luta política – pois toda disputa pelo Estado centralizado era incompatível UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro com a meta anarquista de uma federação descentralizada. No final da década de 1860, será contra Mikhail Bakunin (1814-1876) que Marx travará o principal confronto de sua vida no interior. Bakunin enxergava o núcleo de toda a exploração na história da humanidade não na economia, mas na política, ou seja, no Estado. Para ele, todo Estado é opressor, independentemente da sua forma política (por mais democrática que seja), já que a existência de uma instância estatal superior à sociedade já significaria a escravidão de uma maioria em proveito de uma minoria. A teoria anarquista do Estado é inaceitável para Marx, porque para ele o fundamento da exploração moderna é de caráter econômico. Todo socialismo que não admitir a mais-valia como a chave para a teoria e a prática do movimento operário não é científico. Como a opressão política é derivada da econômica, o Estado só seria verdadeiramente abolido após o fim da propriedade privada, pois esse é o núcleo da libertação da classe operária. Bakunin também não pode aceitar os termos de Marx, pois o Estado deveria ser destruído imediatamente pela revolução social, já que ele seria sempre sinônimo de ditadura: não haveria liberdade possível enquanto ele existir. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA RAMOS, Flamarion Caldeira et alii. Manual de Filosofia Política. SP: Saraiva, 2015, cap. 7, págs. 173 a 199.
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