Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O termo “perversões” surgiu da sexologia e da psiquiatria, da qual se refere a práticas sexuais que ferem a norma social e moral. Entre diversos conceitos dentro das teorias da psicanálise, a perversão está em primeiro lugar, pois ela gera ambiguidade tanto no campo médico quanto pela moralidade e religiosidade. Um exemplo disto seria a homossexualidade que é tida como um ato de perversão em todos os âmbitos citados. Em 1850, vários manuais identificaram as perversões como sendo: homossexualidade (como já citado), incesto, pederastia, fetichismo, zoofilia, pedofilia, transvestismo, sadomasoquismo, autoerotismo, coprofilia, narcisismo, exibicionismo, necrofilia, mutilações sexuais e voyerismo. A porta de entrada para o campo da psicanálise se deu pela histeria, onde Freud dominou o campo das neuroses. Mas, este conceito trazia consigo o oposto do conceito de perversão, ou seja, “o negativo da perversão”, e entendia que o recalcado no neurótico é acentuado na perversidade. Portanto, Freud conceitua a perversão como um desvio sexual em relação a norma, e funda o trio das estruturas, sendo elas: · Neurose · Psicose · Perversão O conceito de perversão abrange o rastro da pulsão e é definido como a obtenção do prazer na sexualidade, e contra a castração e a lei. A perversão sempre ocupou espaço na sociedade, principalmente nas artes, no Oriente e Ocidente, de acordo com cada época e cultura e eram práticas como tidas “normais”, e ainda hoje, em algumas culturas, a mutilação é aceita e praticada, o genocídio é intenso, a emasculação dos homens etc. A homossexualidade, nos tempos da Grécia Antiga, era comum entre os filósofos. E muito recentemente, alguns países, incluindo o Brasil, incluiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo, garantindo os mesmos direitos de casais heterossexuais. Freud, ao escrever sobre a teoria da sexualidade, começa a ser mal visto pela sociedade da época, principalmente a sexualidade infantil. Em seus escritos, ele conceitua dois tipos de perversões, sejam elas: · Com relação ao objeto da sexualidade, pode ser: Humano incesto, homossexualidade, pedofilia e autoerotismo. Não-humano fetichismo, zoofilia, transvestismo. · Com relação ao objetivo da sexualidade, pode ser: Visual exibicionismo, voyerismo. Sofrimento sadismo, masoquismo. Superestimação exclusiva de uma zona erógena boca ou aparelho genital. Essas perversões não são totalmente perversas. Desde que produza prazer, é uma atitude dentro do polimorfo. Para Freud, o ato seria perverso não pelo que se faz, mas pelo que se deixa fazer, e por este motivo, ele lança uma dúvida de que talvez a heterossexualidade praticada com exclusividade não seria também um modo de perversão. Depois de Freud, alguns discípulos seus continuaram a estudar sobre a perversão, mas não respeitaram os conceitos dele, e partiram para a proibição dos homossexuais e no tratamento com essas pessoas, até porque, neste momento a psiquiatria tratava as perversões com moralismo. A perversão ganha status como a neurose e a psicose e cada uma com a sua versão. A Filosofia de Platão aborda que somente quem era perverso poderia então falar da perversão e que ela é um componente do funcionamento do aparelho psíquico do homem e da mulher e que desafiava a lei. Lacan acreditava que, assim como Freud, a perversão é resultado da inversão do simbólico pelo imaginário, segundo o qual a “neurose é o negativo da perversão”, ou seja, a perversão nada mais é do que um jogo de tapeação. Na perversão, o individuo passa a fingir o simbólico dentro dos códigos de linguagem e introduz um sentido único e seu a fim de se beneficiar em detrimento do outro com ou sem o seu consentimento, e atribui não sendo apenas um ato ou fato sexual, mas algo que vai além, ou seja, da um aspecto de ambiguidade dentro do contexto e significado do termo. Para Lacan, a perversão vem com o intuito de fazer o mal ou um equivalente do bem. Nela o sujeito se transforma em objeto de gozo a ser utilizado com oferta, em contradição com qualquer lei, e deseja se anular ou anular o outro como forma de aniquilação. E a partir disto, perde o sentido do diagnóstico da incurabilidade da perversão e permite que os perversos, e estamos falando dos não necessariamente perversos sexuais, diante do tratamento dentro do campo da psicanálise. Este modelo criado por Freud, com a tríplice estrutura acaba por ser rígido demais para explicar tais perturbações. Segundo McDougall, alguns conceitos precisam ser reformulados dentro do campo da neo-sexualidade e da sexualidade aditiva, onde pessoas que estão diretamente ligadas as drogas e toxicomania, possam encontrar um caminho para serem curadas, ou seja, abre uma oportunidade de cura para a perversão, o que ocorre da mesma forma com a autopunição, predito por Lacan. Os conceitos atuais de psiquiatria consistem em deletar determinados conceitos de perversões e homossexualidade, e a fim de substituí-los, criam-se as parafilias que são: Exibicionismo, Fetichismo, Masoquismo sexual, Sadismo sexual, Fetichismo transvéstico, Pedofilia, Voyerismo, Escatologia telefônica, Parcialismo, Coprofilia, Urofilia, Necrofilia, Clismafilias e Zoofilia. A parafilia pode abranger tão somente o sujeito, quando seu corpo e quanto um animal e/ou objeto. Essa substituição de denominação de perversão para parafilia, elimina a homossexualidade de ser uma situação moral e discriminatória, que perdurou por muito tempo. O avanço da psicanálise trouxe a teoria da perversão e a desvinculou de se tratar de uma patologia mórbida e veio com a possibilidade de cura.
Compartilhar