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Objetivos do pro�ssional de gestão esportiva Prof.ª Alicia Klein Descrição O escopo da atividade profissional em gestão esportiva. Propósito Conhecer as ferramentas e as habilidades profissionais, além das características do mercado em que atuará, é importante para a capacitação do gestor esportivo. Objetivos Módulo 1 Habilidades do gestor e ferramentas de gestão no esporte Identificar elementos fundamentais para atuação do profissional de gestão esportiva. Módulo 2 Equilíbrio da competitividade e relações pro�ssionais Analisar a competitividade e o equilíbrio esportivo na gestão esportiva. Introdução Pense no futebol brasileiro de pouco tempo atrás. Seu time venceu um clássico, e os jogadores serão premiados. Como isso funcionava? Um dirigente amador do clube chegava ao vestiário com um saco de dinheiro e dava uma premiação individual aos jogadores. Essa ação ocorria em vários dos principais clubes do futebol brasileiro até pelo menos o início dos anos 2000, no país pentacampeão de futebol. Esse dirigente amador, que busca atingir a vitória apenas com um incentivo financeiro imediato, está sendo substituído por profissionais de gestão esportiva, o que ajuda os clubes a se desenvolverem e a explorarem melhor o mercado esportivo. Vamos aprender um pouco sobre esse profissional. 1 - Habilidades do gestor e ferramentas de gestão no esporte Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car elementos fundamentais para atuação do pro�ssional de gestão esportiva. Habilidades do gestor esportivo A paixão pelo esporte acontece desde cedo em muitas pessoas em todo o mundo. Práticas esportivas que se iniciam na escola, muitas vezes, tornam-se a paixão do jovem, que se identifica com uma modalidade específica e começa a acompanhar mais a fundo a realidade de cada um desses cenários. O profissional de gestão esportiva também acompanha esses cenários; em sua prática, abraçar desafios e correr riscos buscando o crescimento é a combinação perfeita para uma carreira de sucesso. Esse ramo engloba todo o aspecto empresarial de esportes e recreação, com um campo vasto, de modo que quem trabalha na área pode atuar em equipes profissionais, ligas nacionais e internacionais, departamentos de eventos e empresas de marketing esportivo. Com esse cargo, muitas responsabilidades pairam em cima dos especialistas do setor, sendo a maior delas a criatividade, a inovação e o pulso firme. A capacidade de pensamento analítico e as habilidades em comunicação e conhecimento de negócios são alguns dos pontos mais fortes desse profissional que apostou em uma indústria que vem crescendo a cada ano. O Bureau of Labor Statistics (2022) dos Estados Unidos prevê um aumento de cerca de 95 mil empregos para todas as carreiras de entretenimento e esportes entre 2021 e 2031, o que representa um crescimento de 22% pelo constante interesse em esportes. E essa expansão pode significar oportunidades para profissionais bem treinados e voltados para os negócios em todos os níveis. Comentário O profissional que deseja trabalhar na área de gestão esportiva precisa estar atento às ferramentas de análise de performance que podem auxiliar a organização a crescer. A gestão de desempenho é um ponto essencial para as empresas usarem quando se trata de medir o sucesso e o crescimento real. Esse gerenciamento pode ser feito de várias maneiras, incluindo desde o acompanhamento individual até a avaliação da eficácia das estratégias para atingir as metas. Antes das ferramentas, é importante, primeiramente, saber onde está sendo investido o tempo para conseguir mensurar de forma real todas as ações. Nas redes sociais, o crescimento das impressões é fundamental para que a marca impacte cada vez mais pessoas, valorize- se e aumente a base de potenciais torcedores. Com um perfil comercial no Instagram, por exemplo, é possível rastrear dados para entender a assertividade do conteúdo e, consequentemente, ter um melhor desempenho. Gestão de vitrine e gestão interna Uma análise da Kepios (WE ARE SOCIAL, 2022), empresa consultora de marketing, evidenciou que um número superior a 200 milhões de pessoas começaram a usar as redes sociais em 2021. Isso representa um aumento de 4%, se compararmos com 2020. A pesquisa mostra, ainda, que 63% da população mundial tem acesso à internet. Portanto, é fundamental utilizá-la de uma forma constante, sendo papel do gestor esportivo ter essa visão dentro de sua alçada, entendendo que essa é, atualmente, a melhor vitrine que a organização pode ter. Essa vitrine não pode somente focar nas vendas, o que é um erro comum em muitas organizações esportivas, que buscam apenas “empurrar produtos” aos torcedores, sem buscar criar um vínculo maior, baseando-se apenas no fanatismo deles. Os perfis precisam socializar e interagir de uma forma original. Empresas fora do nicho esportivo, como a Netflix, reagem a respostas autênticas do público e, de fato, conversam e buscam se interessar de verdade por eles. Comentário Nos esportes americanos, é comum ver os perfis das ligas, como National Football League (NFL), National Basketball Association (NBA) e Major League Baseball (MLB), utilizando-se dessa estratégia. Entram em trends do momento, comentam e interagem com publicações que podem ter algum vínculo e, a partir disso, passam uma imagem excelente tanto para quem já as conhece quanto para quem ainda vai se interessar por, ao menos, visitar o perfil. Deixar o público falando sozinho no primeiro contato que tem com você é um erro que pode ser evitado e que, se corrigido, deve aumentar o engajamento dessa parcela do público com a sua marca. As pessoas estão nas plataformas para ver amigos, conteúdos engraçados e ficar por dentro do que está acontecendo. Vale lembrar que a sua organização não precisa ser onipresente, estando em todas as redes sociais existentes. A não ser que sua equipe de produção de conteúdo seja grande, com, ao menos, 10 pessoas, é importante evitar abraçar tudo. O ideal, nesses casos, é estar em três canais com publicações de qualidade. Voltando às ferramentas, as métricas precisam fazer parte do dia a dia da organização. As grandes ligas norte-americanas aprenderam isso desde cedo. Não apenas curtidas ou comentários, que são as mais rasas, mas sim, observar a quantidade de pessoas que entram no perfil, quantas clicam no CTA de conversão, e se o nicho está sendo atacado da forma desejada. A base de torcedores e potenciais novos fãs da liga, time ou evento esportivos precisa estar sempre sendo aquecida. Com isso, o engajamento conquistado pode converter e gerar receita. Durante a pandemia da covid-19, em 2021, as organizações viram o e-commerce crescer a uma projeção que estava estipulada para os próximos 10 anos, segundo levantamento da McKinsey & Company (2021). CTA Chamada para o público tomar alguma ação. Recurso comum em sites, e- mails e anúncios, que indica o que o usuário deve fazer. Saiba mais No Twitter, publicações com links para conversão têm surtido efeito para as empresas. No Tiktok, a presença de marcas tem-se tornado cada vez mais importante, e o público tem-se aproximado das grandes ligas norte-americanas pelo conteúdo descontraído. No geral, compras realizadas em redes sociais são mais frequentes entre a audiência brasileira, em que 47% dos clientes utilizam as plataformas, enquanto, no resto do mundo, o número se mantém em apenas 43% (IPSOS, 2021). Segundo o blog Compre & Confie (2021), O comércio eletrônico, no geral, foi ampliado para 56,8% em 2020. Ainda, quando comparado com a América Latina, o nosso país teve um salto de 36,7%, pegando como média as vendas de 2021. Enquanto a gestão da vitrine exibida para o público é fundamental, a gestão de desempenho interno da organização também é fator importante. Vale lembrar que um dos objetivos da gestão esportiva é conseguir ter um time interno engajado, comprometido e alinhado com os objetivos comuns do planejamentoanual. Atenção! Feedbacks e alinhamento de expectativas são maneiras de funcionários e gestores crescerem ao longo da trajetória dentro da organização. Além disso, uma das melhores ferramentas de gerenciamento de desempenho são as metas. Ter um programa que as define pode aumentar a produtividade do coletivo e analisar o desempenho da companhia, além de saber exatamente como cada elemento do time está contribuindo para os resultados. Manter esse controle é parte integrante da gestão esportiva, cujo objetivo não é apontar falhas, mas sim melhorar as fraquezas e desenvolver os pontos fortes. Portanto, saber como gerir pessoas é um desafio constante que precisa ser trabalhado todos os dias para se chegar ao objetivo desejado e ter a confiança de todo um time. Muitas das organizações esportivas, no mundo, que acertam no gerenciamento e desempenho de pessoas aumentam a competitividade no mercado. Mas esse é um processo lento. Por isso, é importante que gestores sigam monitorando métricas e se envolvam regularmente com suas equipes para discutir o progresso das metas. Outro erro interno de algumas organizações que deve ser evitado por um gestor esportivo é a falta de transparência. Os funcionários precisam acreditar que as metas os incentivam a atingir um objetivo profissional dentro da empresa. Por isso, criar essa confiança entre gestor e funcionário é um trabalho constante, visto que a ligação entre o esforço individual e os objetivos da empresa pode ser obscura ou se diluir à medida que as métricas e metas se tornam distantes. Fidelização Para conseguir fidelizar os torcedores e fazer com que eles se sintam ainda mais interessados por sua organização, é preciso conectar-se constantemente com o seu público. Compreendê-los pode ajudar, inclusive, a entender melhor quais são as principais queixas no fluxo da empresa e, com isso, melhorar o funil de conversão de saída de produtos, ingressos e outros ativos. Entidades como a NFL e NBA estão, frequentemente, realizando esse trabalho de conexão. São constantes ativações com o público, comerciais em televisão aberta, vídeos que emocionam os torcedores, além de uma constância de publicações acima da média em redes sociais no geral (incluindo Youtube, que conta com programas exclusivos). Para essas organizações, quanto mais o público estiver imerso em seu conteúdo, melhor. Comentário Tudo isso é feito de uma forma brilhante pelas ligas dos Estados Unidos, porque eles entenderam, exatamente, quem é o público que consome as modalidades. Um ponto válido para eventos esportivos é buscar pesquisar e compreender quem é, de fato, o nicho. Sabendo disso, a possibilidade de alcance e conversão se torna muito maior. Se você não entender seu público-alvo, não saberá qual a melhor mídia para alcançá- lo. Além disso, você não pode personalizar suas mensagens e conteúdo para se conectar com eles de forma eficaz. Vender para todos equivale a vender para ninguém. À medida que você entende seu público, o nicho vai-se moldando de uma forma mais clara para as organizações. Nesse contexto, o que tem início como um mercado mais amplo muda para um segmento de público mais interessado pelo que você tem a oferecer. Tudo isso sem deixar de atingir novos públicos para que a base não só da sua empresa esportiva mas também a da modalidade siga crescendo. Por um lado, entender seu público permite segmentá-lo e otimizar o tempo investido; por outro, encontrar seu nicho permite que você aproveite esse tempo e descubra novas oportunidades no mercado escolhido. Para desenvolver ainda mais, pesquisas de satisfação com o público podem fornecer informações adicionais valiosas, mostrando o que vem dando certo e o que realmente não tem sido efetivo no seu negócio. Saber como atacar a base de torcedores de uma forma que eles sejam constantemente engajados e fiéis à marca leva um tempo e pesquisa. Mas isso deve auxiliar sua organização esportiva a traçar uma melhor estratégia de SEO, vendas e marketing. Inovação como ferramenta de gestão As estratégias das organizações esportivas precisam sempre mirar, também, nas inovações e tendências. E essas novidades não precisam ser, basicamente, “reinventar a roda”. Mas introduzir novos processos, serviços ou produtos que afetem de uma maneira positiva o negócio esportivo. Isso pode incluir melhorar os métodos ou práticas existentes ou, até mesmo, começar do zero. É preciso ter como um dos objetivos revigorar um negócio, criando novo valor e impulsionando o crescimento e a produtividade. A inovação na organização esportiva é importante para aumentar o valor. Ao buscar que o seu negócio prospere, é crucial estar continuamente inovando e melhorando. Com esse ponto bem-sucedido, é possível, até mesmo, encontrar novas oportunidades de receita, otimizar os canais existentes e gerar maiores lucros, o que, no setor esportivo, dá também uma maior notoriedade em cima dos adversários. Toda a nova tecnologia continua a impulsionar a inovação no setor esportivo. Seja buscando oferecer experiências aprimoradas para seus fãs, ou aproveitando essas novidades para obter vantagem em cima da concorrência. Mas uma coisa é certa, a inovação está-se tornando comum na indústria do esporte. Durante a pandemia da covid-19, a NBA buscou inovar para que não ficasse parada e, consequentemente, perdesse dinheiro de anunciantes e transmissões. Eles reiniciaram a temporada no Entertainment and Sports Programming Network (ESPN) Wide World of Sports Complex, perto de Orlando, e a Women's National Basketball Association (WNBA) deu início à temporada de 2020 na IMG Academy, em Bradenton, Flórida. Eles foram a primeira grande liga esportiva dos Estados Unidos a ter coragem de buscar uma alternativa para voltar à atividade, e isso fez com que a atenção fosse totalmente para o principal torneio de basquete do mundo. Para isso, a liga trabalhou para criar uma experiência imersiva aos torcedores, com telões nos ginásios vazios, ao redor da quadra onde os jogos eram disputados, em que mais de 300 torcedores em tempo real poderiam aparecer ao vivo enquanto a partida estava acontecendo, aparecendo, no caso, para quem de fato estava no ginásio da NBA. Isso permitia que eles acompanhassem o jogo por mais de 30 câmeras diferentes, causando impacto visual nas transmissões das partidas e, claro, torcendo muito e mandando energia positiva aos jogadores, mesmo de longe. Saiba mais Também foram criadas opções de visualização personalizadas no “NBA League Pass” e “NBA TV”, incluindo feeds alternativos, em diferentes idiomas, com gráficos aprimorados, opções de jogos e influenciadores comentando o jogo. Ainda na NBA, o Golden State Warriors também buscou inovar. No caso da franquia da Califórnia, foi com realidade virtual. Foram eles que se envolveram no primeiro jogo da liga com transmissão ao vivo em VR. Eles também foram uma das primeiras equipes a experimentar o Google Glass, ferramenta que, embora não tenha durado, permitia que os fãs vissem as estatísticas dos jogadores por meio dos óculos do Google, dentro de casa ou ao vivo nos ginásios. O Sacramento Kings, também equipe da NBA, trouxe, como novidade à liga, ingressos que pudessem ser comprados por bitcoin. Saindo do basquete e indo ao futebol internacional, o Bayern de Munique trouxe, em 2017, totens em tamanho real nos quais os torcedores poderiam tirar fotos com seus ídolos no futebol. A prática foi replicada por diversos times da NFL, dentro dos estádios, prática que se tornou uma febre e é amplamente utilizada até hoje. No Levi’s Stadium do San Francisco 49ers, a equipe californiana espalhou diversos localizadores dentro da arena para que os torcedores pudessem localizar amigos, identificar as saídas de estacionamento mais próximas ao sair do estádio e, até mesmo, receber cachorros- quentes em seus próprios assentos. Tudo isso para enriquecer a experiência do cliente. O Philadelphia 76ers criou um laboratório deinovação, implementado na equipe de forma pioneira nos Estados Unidos, em 2016. O laboratório administra uma incubadora que busca startups na interseção de produtos de consumo e esportes. As startups selecionadas passam por um programa de seis meses com o vencedor do projeto, recebendo patrocínio do time, incluindo uma consultoria contínua. A franquia passou, ainda, a investir em eSports, sendo os primeiros a adquirir franquias de esportes eletrônicos (Dignitas e Team Apex). A equipe também formou uma parceria com Amazon Prime Now, vigente nos Estados Unidos, que permite que os seus torcedores recebam tudo o que for necessário durante o dia do jogo, dentro de uma hora, entregue diretamente no local desejado. Seja na casa do fã ou, até mesmo, na porta do estádio. Comentário O Atlanta Hawks foi além e investiu diretamente na nova geração de torcedores, fazendo parceria com o aplicativo de namoro Tinder em determinadas datas de partidas – uma alternativa de tentar atrair mais jovens às arenas, criando uma proximidade maior com o time. Isso sem falar que a franquia também trabalhou junto à Emory Healthcare para desenvolver uma instalação com um centro de medicina esportiva, combinando tecnologia para melhor tratar os jogadores, incluindo o uso da tecnologia de captura de movimento 3D. Todas essas ações das franquias norte-americanas mostram o quão constante é a preocupação das equipes em buscar não apenas despontar na frente dos concorrentes e adversários. Mas, também, em melhorar a experiência dos torcedores com as organizações, aproximando ambas as partes. Há mais de uma maneira de inovar, e organizações de diferentes tamanhos devem traçar objetivos para embarcar nesse processo, podendo começar em uma reavaliação de maneiras pelas quais a organização gera receita, por exemplo. Caso o aumento dos lucros seja o principal impulsionador da inovação, a reavaliação de produtos e serviços oferecidos também pode entrar na mira para tentar maximizar os lucros. A inovação não precisa ser radical, mas deve ser um processo constante. É importante não ter medo de arriscar em ações que possam contribuir para, quem sabe, desenvolver ainda mais o seu negócio. Mas o fundamental é estar sempre analisando as métricas para que as decisões sejam ainda mais assertivas e baseadas em dados. Atualmente, existem até mesmo empresas que vendem serviços de análises de dados, com a intenção de aumentar a assertividade das organizações. Mostram insights em tempo real e dicas de em qual direção remar para que a equipe interna tenha, também, seu tempo otimizado. E isso leva ao benefício de estar à frente dos concorrentes em alguns momentos. Essa concorrência de forma saudável é fundamental para o avanço da sua empresa, sendo papel do gestor esportivo conseguir criar alternativas para se destacar no mercado em que está inserido, além de monitorar, constantemente, os movimentos dos adversários para que a própria organização não pare no tempo. Gestão estratégica da concorrência Uma empresa esportiva, para ter sucesso, precisa encontrar maneiras de ficar um passo à frente da concorrência, e não há uma resposta simples para conseguir atingir esse objetivo. Essa disputa existe em todos os setores, e franquias mais inteligentes conseguem anular o efeito dos concorrentes para aumentar a participação de mercado. Outras acham que os adversários não estão próximos ao seu próprio patamar e, muitas vezes, desconsideram alguns concorrentes que estão até no mesmo nicho, o que é um erro. Para conseguir manter-se em constante evolução, o gestor esportivo precisa encontrar e resolver os pontos mais problemáticos da base de fãs. Isso porque uma maneira possível de vencer a concorrência, no âmbito do mercado, é atender às necessidades do público-alvo melhor do que os demais. Busque fazer perguntas abertas para descobrir exatamente o que seus fãs desejam ao usar seus produtos ou serviços. Isso vale muito para administradores de ligas e eventos esportivos. Comentário Muitas vezes, um gestor pode acreditar que uma competição que não é da própria modalidade não é seu concorrente direto, mas ela também é. Um torneio de vôlei, mesmo que indiretamente, é concorrente de uma liga de basquete. No Brasil, o consumidor escolhe muito minuciosamente investir o próprio dinheiro em um produto ou comparecimento às partidas. As modalidades esportivas também enfrentam uma disputa por patrocinadores e pela atenção do fã. Você não compete somente dentro da própria modalidade. Ainda mais quando não estamos falando de futebol comum. Aí sim a atenção do público é disputada, para que este acompanhe uma segunda modalidade. Algumas perguntas ajudam a identificar pontos problemáticos que podem ser eficazes para fazer com que a experiência do público seja ainda melhor e mais imersiva. Dentre elas, podem estar questionamentos sobre qual é o maior obstáculo no crescimento da organização, qual o maior desafio pessoal do próprio gestor ou gestora, quais as principais metas quanto ao crescimento da instituição, no que o tempo está sendo mais gasto e quais seriam os motivos de a franquia não vender ainda mais. Esses questionamentos podem ser realizados internamente e podem colocar uma lupa nos principais problemas que atrapalham o crescimento exponencial do time ou liga. O domínio em campo pelos New York Yankees, no beisebol, durante a década de 1920, levou a problemas de público em diversos times da Major League Baseball (MLB). Os fãs se cansaram de partidas desequilibradas e quase predeterminadas, nas quais o vencedor já era quase certo. O público já previa os resultados vitoriosos para o time de Nova York, com grande desequilíbrio. Em 1964, o economista Walter Neale entendeu a importância da competitividade esportiva fora dos campos ou quadras ao notar a economia do esporte profissional. O trabalho de Neale apontou que, enquanto outras empresas podem buscar menos concorrência nos setores em que operam, como a Coca-Cola, desejando que a Pepsi desapareça, no beisebol e nas ligas norte-americanas no geral, os times se beneficiam quando os concorrentes são mais ativos. Por exemplo, uma franquia X se beneficia financeiramente quando a Y tem uma alta qualidade e tem um trabalho ativo e constante para cativar torcedores fora dos gramados. Assim, a natureza da competição foi infundida com a necessidade de cooperação, o que tem sido o núcleo do argumento de que as equipes da MLB constituem uma joint venture ou talvez até uma única entidade econômica. Comentário É fundamental, para um torneio, que a competitividade seja amplamente estimulada fora dos campos entre as franquias. Isso auxilia no valor de marca de maneira significativa. Os fãs de futebol americano podem preferir ter os melhores atletas concentrados em uma única competição, em vez de espalhados por várias ligas concorrentes, por exemplo. Além disso, os custos de uma dissipação entre outros pontos de atenção, caso fossem paralelos à NFL, seriam maiores para o torcedor, no fim das contas. A experiência comum une os torcedores do mesmo time, barateando os custos e aumentando a visibilidade em cada uma das franquias. Tamanha competitividade fora dos campos é vista constantemente na National Football League. Nas redes sociais, os times se provocam de forma saudável. Para anunciar o calendário de jogos, por exemplo, cada time divulga o seu próprio de uma forma criativa – o que já virou tradição na NFL –, e as franquias buscam maneiras inteligentes de alfinetar as demais equipes. Em 2022, o Los Angeles Chargers deu aula nesse quesito. Divulgaram uma animação, no estilo desenho japonês, em que anunciavam cada um dos 17 jogos da temporada regular. Nele, era possível ver críticas mais leves e, até mesmo, algumas mais duras, contra os adversários. Todas pensando em fazer o próprio torcedor se divertir e, claro, estimular a competitividade. Comentário Quando anunciaram a partida contra o Jacksonville Jaguars,a animação mostrava, de forma rápida e sutil, o ex-head coach da equipe sentado em uma boate, tomando uma bebida ao lado de uma mulher: uma alusão ao caso ocorrido na temporada de 2021, em que o treinador foi visto, após uma derrota da franquia, “curtindo” em um clube noturno da cidade, com uma mulher apoiada em sua perna direita. O fato teve repercussão nacional nos Estados Unidos não apenas pelo fato de ser após uma dura derrota, mas também porque ele era casado. Mais um exemplo ocorreu quando, ao mostrarem o duelo contra o Cleveland Browns, colocaram uma imagem de um arco-íris, com um cenário de uma paisagem, e os dizeres “redigido a conselho dos nossos advogados”. O motivo? A contratação recente do time de Ohio, o Quarterback DeShaun Watson, que voltou à NFL após um ano, logo depois de ter sido acusado por 22 mulheres de assédio sexual. Os chargers conseguiram fazer piada até mesmo disso, de forma cautelosa e sutil, o que estimulou ainda mais a concorrência fora dos gramados – e levou a internet à loucura. As equipes, antes dos jogos, estão sempre realizando montagens com os animais que representam a cultura do adversário ou, até mesmo, os mascotes. E caso este time que provocou perca, acaba recebendo uma resposta tão “arisca” quanto a provocação que realizou. Essa cultura competitiva é levada de maneira leve tanto pelos clubes quanto pelos torcedores, que assistem aos jogos sem divisão nos estádios, sentando adversários lado a lado. Além disso, pode-se argumentar que, sobre instituições como a NFL, à medida que o tamanho da base de fãs cresce, há mais oportunidades para conversas baseadas em esportes, e o aumento da participação, geralmente, aumenta a emoção de determinado jogo. Esses fatores ajudam a explicar porque existe uma única liga de futebol profissional nos Estados Unidos e porque os rivais não tiveram nenhum sucesso ao buscar derrubar a National Football League de sua posição de domínio. De fato, o rápido declínio nas classificações televisivas do rival mais recente da principal disputa de futebol americano do mundo, a XFL, pode mostrar o quão difícil pode ser para uma segunda organização tornar-se popular nesse ou em outro grande esporte, mesmo com o apoio de uma grande rede de televisão. As competições esportivas também produzem um produto de custo fixo muito alto e baixa entrada de capital no início, quase que atuando de maneira independente, mesmo que com alguns patrocinadores. Isso pode aumentar a tendência para uma marca do esporte em particular. Por exemplo, há um grande torneio profissional de beisebol, a MLB. Não mais de um. Uma vez que uma liga é criada e uma temporada de jogos competitivos está em andamento, o custo de vender um assento extra ou de ter mais um torcedor como espectador é barato. Na medida em que a NFL e outras competições esportivas têm uma vantagem de pioneirismo impulsionada pelos fãs, os consumidores podem ficar propensos a exigir apenas uma liga, a não ser que a novidade venha com mais vantagens e despertando ainda mais o fator de interesse do público. Isto é, pegando o modelo de negócio que já existe e funciona, adaptando-o para a sua organização de forma melhorada e mostrando isso para o público não ter dúvidas de quem escolher, com o tempo. Competências essenciais para um gestor esportivo Confira agora alguns aspectos sobre este assunto. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Considerando as habilidades dos gestores esportivos, analise as afirmativas seguintes. I – A capacidade de pensamento analítico e as habilidades em comunicação e conhecimento de negócios são alguns dos pontos mais fortes do gestor esportivo. II – A demanda por pensamento analítico, habilidades em comunicação e conhecimento de negócios dos gestores esportivos é gerada pela crise na indústria esportiva. Agora, marque a opção correta. Parabéns! A alternativa A está correta. Pensamento analítico, habilidades em comunicação e conhecimento de negócios realmente representam pontos bastante fortes dos gestores esportivos. Mas não é verdadeiro que tais A Afirmativa I é verdadeira; II é falsa. B Afirmativa II é verdadeira; I é falsa. C Afirmativas I e II são falsas. D Afirmativas I e II são verdadeiras, e a II não é justificativa da I. E Afirmativas I e II são verdadeiras, e a II é justificativa da I. habilidades são necessárias, porque há crise na indústria esportiva. Na verdade, a indústria esportiva está em expansão. Questão 2 A inovação é uma importante ferramenta para a gestão esportiva. Considerando o uso das novas tecnologias para a inovação no setor esportivo, assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa E está correta. O setor esportivo apresenta práticas de gestão bastante maduras e consegue utilizar as novas tecnologias para impulsionar suas práticas de inovação, que está se tornando comum na indústria do esporte. A As novas tecnologias não estão conseguindo impulsionar o setor esportivo, porque a inovação tem-se tornado comum na indústria do esporte. B O setor esportivo não tem capacidade de absorver as novas tecnologias. C Embora o setor esportivo consiga absorver as novas tecnologias, elas não impulsionam a inovação no setor. D O setor esportivo consegue absorver todas as novas tecnologias, mas, mesmo assim, há muitas que não impulsionam a inovação no setor esportivo. E A inovação é uma prática recente no setor esportivo, por isso sempre é alavancada pelas novas tecnologias. 2 - Equilíbrio da competitividade e relações pro�ssionais Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a competitividade e o equilíbrio esportivo na gestão esportiva. Equilíbrio competitivo Dentro das ligas norte-americanas, a competitividade é quase uma lei. Todas elas desenvolveram inúmeras regras para aumentar o equilíbrio competitivo, por exemplo, tetos salariais para os jogadores (cada equipe tem um valor máximo de gasto de salário, que deve ser dividido entre os atletas, da forma como bem entenderem, mas nunca ultrapassando o valor total), compartilhamento de receita, escolha de jogadores que chegam das universidades, transferências sem dinheiro e utilizando escolhas de Draft, cláusulas de reserva e free agency (quando um atleta tem seu contrato expirado e pode assinar com qualquer time, sem custo algum). As ligas norte-americanas entenderam, com base em experiências que tiveram, que de nada adianta você ter um time feroz e totalmente avassalador se os seus adversários não acompanham. Placares elásticos e que não demonstram competitividade, como acontece em algumas modalidades no Brasil (vide futebol americano nacional), acabam deixando a base de fãs desanimada em alguns casos e sem interesse pelo produto final, o que é péssimo não só para o time mas também para os investidores. Os patrocinadores querem números finais de impacto, como de audiência, e, se não tiver um setor competitivo, eles podem entrar em declínio rapidamente. Exemplo Na NFL os salários dos jogadores representam mais de 50% dos custos operacionais totais de uma franquia. Esse teto salarial é reajustado a cada temporada, em função da receita média esperada da liga para o próximo ano. As regras desse limite tentam impor uma restrição aos salários totais dos jogadores de cada equipe a, aproximadamente, 63% da receita bruta definida, mas não podem ficar abaixo de 50%. Tal limite salarial é, geralmente, considerado o método mais eficaz para manter ou melhorar o equilíbrio competitivo, porque força as equipes a gastarem quantias semelhantes nas folhas de pagamento dos jogadores. Com isso, fica estabelecido um salário médio para os jogadores, o que não acontece no futebol, por exemplo, em que é mais possível ver a ausência de fair play financeiro, ou seja, de times com orçamentos de magnitude semelhante. Isso sem falar na participação dos lucros. Em 1962, quando o primeiro contrato de televisão da NFL foi negociado, a divisãode receita foi promulgada. Embora o compartilhamento dessa informação impeça que as equipes que geram uma receita menor se tornem insolventes, também pode causar um problema, pois uma instituição pode aumentar os lucros ao colocar em campo jogadores relativamente menos talentosos para manter os custos baixos, enquanto obtém grandes lucros ao compartilhar receitas com o restante do staff. Muito do valor de uma organização esportiva vem de ser um membro da liga, não apenas de uma parte competitiva, e de prezar pela organização, que é soberana quanto às maiores decisões. Essa participação dos lucros pode, em primeiro lugar, impactar no compartilhamento de receita, diminuindo o salário pago aos jogadores, caso reduzam o incentivo para dar contratos muito valiosos a jogadores mais talentosos, uma vez que parte do retorno financeiro desse jogador será compartilhado com a liga. Além disso, o efeito que a partilha de receitas tem no equilíbrio competitivo segue em constante debate. A noção popular é que equipes de pequeno mercado usarão o excesso de receita líquida que recebem de times de grande mercado, por meio da mídia nacional e contratos de licenciamento, agregados ao compartilhamento de presença de público, para melhorar a qualidade de sua companhia, aumentando o equilíbrio competitivo. No Chicago Bulls, a justificativa da NBA para a restrição das transmissões foi a necessidade de manter o equilíbrio competitivo, visto que a franquia estava explodindo na base de fãs, nos anos 1990, devido à época histórica com Michael Jordan, que impacta na venda de camisas mundialmente até hoje. Observações recentes do ex-senador George Mitchell e George Will, parte da assessoria de economia contratada pela MLB para investigar soluções para problemas de negócios no beisebol, apontaram que times das ligas menores da modalidade podem estar trazendo sua divisão de receita para o resultado final, em vez de gastá-la na melhoria dos talentos da equipe, visando, principalmente, aumentar o investimento em geral e ajudando a ter uma competitividade interessante para aumentar o acompanhamento pelo público. Comentário Os lucros podem aumentar com o compartilhamento de receita se houver um declínio nos custos do que é pago aos jogadores. Esse investimento no produto em si, em vez de gastar toneladas de dólares com os atletas, é vista com bons olhos nas principais competições dos Estados Unidos, por mais que ainda sejam investidos milhões nos contratos dos principais atletas profissionais. Possibilidades de captação de receita Além disso, as regras de divisão de receita e teto salarial criam incentivos para os gestores gerarem receita de outras fontes, como entrada de capital devido a estádios lotados, redes sociais, merchandising diferenciado, ações com os torcedores, NFTs (token não fungível), e outros quesitos que podem contribuir na experiência final dos fãs. Com isso, pode-se investir, inclusive, em melhorias no estádio porque se consegue prever o retorno desse investimento. Uma das maneiras mais inteligentes de vencer a concorrência é oferecer preços mais acessíveis. Para determinar o valor ideal, você precisa de uma imagem clara da quantia a ser paga pelos produtos ou serviços de sua concorrência. Pesquisar os valores dos adversários determina se o que você está oferecendo agrega mais para a mesa e, portanto, deve ter uma cifra mais alta. No caso das ligas norte-americanas, muitos produtos de merchandising têm quantias tabeladas. Mas para outros, como experiências, por exemplo, é possível que as franquias determinem o que de fato é o melhor para a organização e para os fãs. Atenção! A melhor estratégia de preços, contudo, nem sempre é reduzi-los. Como o mercado é segmentado por torcedores de nível econômico inferior, médio e superior, você precisa descobrir qual é o grupo majoritário do seu público e entender a melhor maneira de impactá-lo. Programas esportivos custam dinheiro para manter a operação. Entre os custos de viajar para torneios e compra de uniformes e equipamentos, as despesas podem aumentar muito rapidamente. Um dos objetivos do gestor esportivo é conseguir manter a saúde financeira da organização, mesmo que o orçamento esteja apertado. Ou, então, buscar reestruturar legados ruins deixados por gestões anteriores; é exatamente nesse ponto que entra a captação de recursos. Buscar alternativas nessa captação eficaz é uma habilidade inestimável que pode realmente ajudar a organização esportiva a saltar para outro patamar. É importante para a instituição começar pelas empresas locais que podem auxiliar de alguma forma. Esse auxílio não precisa ser somente dinheiro. Bons gestores esportivos, estando ou não em grandes organizações, devem saber tirar proveito de cada boa oportunidade. E no caso de apoios de empresas locais, o dinheiro não é a única forma. É possível trabalhar com o modelo de permutas, cada vez mais usual, mas de uma forma que realmente faça sentido para a marca apoiadora. Não basta apenas colocar o logo da empresa em redes sociais, estampas de uniformes ou banners. Essa forma de presença de marca é importante, mas não para marcas menores que, assim como sua organização, buscam notoriedade – e às vezes o mercado delas acaba sendo ainda mais difícil e competitivo. Mas sim, é importante ajudar esse apoiador a gerar leads que possam ser transformados em conversões. A promoção de eventos esportivos com a presença desses parceiros é uma boa alternativa para que o próprio público interaja com as marcas e disponibilize seus dados (até porque a transferência deles acaba conflitando com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD), e, assim, por conta própria, sintam-se fazendo cada vez mais parte tanto da sua organização quanto, consequentemente, das marcas. Além disso, promoções, sorteios e, até mesmo, branded content (cada vez mais em alta) são opções de inserir os patrocinadores de uma forma que o retorno seja maior. Um retorno mais eficaz, com as entregas cumpridas no prazo, permite que os apoiadores entendam o quão vantajoso é estar ao lado do seu negócio, investindo cada vez mais. Branded content Criação de conteúdo que está diretamente relacionado ao universo de uma marca. Comentário Isso sem falar na possibilidade de captação de receita por meio de experiências com os torcedores. Nas ligas norte-americanas, é comum ver diversos “camps” em que crianças e adolescentes pagam um valor para ter aulas ou um dia de treinamento diretamente com os jogadores profissionais. Além disso, muitas franquias da NFL fecham anunciantes para eventos esporádicos, como meet & greet com atletas e dias de atividades dentro dos estádios, sem falar nos tours que seguem, constantemente, gerando receitas para as equipes. Meet & greet Evento em que uma pessoa famosa (o atleta) conhece e tira fotos com seus fãs. Esse crescimento financeiro das ligas norte-americanas são exemplos no mundo inteiro, e as ações de captação são replicadas pelas principais equipes das mais diversas modalidades no planeta. O valor médio de um time da NFL subiu para 4,47 bilhões de dólares em 2022, um aumento de 28% em relação a 2021, sendo o maior deles, o Dallas Cowboys, avaliado em 8 bilhões, o time mais valioso do mundo. Ou seja, quem não quer utilizar as franquias esportivas dos Estados Unidos como exemplo? É o melhor guia a ser seguido. Relações pro�ssionais na gestão esportiva Embora a NFL seja o torneio de maior bilheteria do mundo, a organização, continuamente, faz movimentos para angariar outros tipos de receita e atingir a meta ambiciosa do comissário Roger Goodell, de 25 bilhões de dólares em faturamento até 2027. Isso é possível com cada vez mais empresários interessados em investir na liga que só cresce a cada ano, tanto nos Estados Unidos, quanto fora do país. Tal relacionamento com o empresariado é essencial para conseguir não apenas mais patrocínios, mas também para ampliar os horizontes do negócio.Muitas dessas relações auxiliam gestores esportivos em todo o mundo no que diz respeito à visão de negócio, tendo, até mesmo, alguns que auxiliam como mentores, o que é algo essencial na indústria. Ninguém faz nada sozinho. Realizar networking é um profundo conjunto de experiência e conhecimento. Um bom gestor esportivo busca se conectar com pessoas de diferentes áreas, pelo fato de poder aprender ainda mais. O aprendizado constante só agrega, tanto para o profissional quanto para a organização. Pessoas conhecidas por meio de networking podem aumentar as perspectivas sobre os projetos, dar conselhos quando você estiver em momentos de baixa ou, até mesmo, orientá-lo de uma forma mais eficaz. Embora a discussão direta de projetos faça parte da equipe interna, é interessante compartilhar práticas ou desafios, pois o profissional ao lado pode contribuir com a própria experiência ou, até mesmo, com soluções mais diretas. Participar de eventos ajuda a construir uma posição no campo de trabalho. Mesmo que se expor possa ser assustador no começo, compartilhar sua própria experiência e conhecimento, bem como desenvolver opiniões e conhecer mais pessoas, vai se tornando mais natural à medida que você pratica. Isso não apenas construirá sua marca profissional como gestor, mas também o tornará mais autoconfiante na organização. Falar, compartilhar conhecimento e orientar as pessoas com confiança são habilidades necessárias para posições de liderança de equipe, constituindo uma vantagem se você quiser evoluir sua carreira. Conseguir captar parcerias por meio de um trabalho constante de networking é essencial para o desenvolvimento da organização. Comentário Além disso, existem os profissionais que ainda buscam oportunidades. Empregos no setor esportivo estão em grande demanda, e você terá que competir com outros candidatos com um perfil semelhante ao seu. Especialmente para marcas bem estabelecidas, como Adidas, Nike e Vans, pode haver centenas de outras pessoas que se candidatam a uma posição. Assim, mesmo que você seja o melhor candidato, nos poucos minutos que um gerente tem para avaliar seu currículo, sua inscrição pode ser ignorada. Nesse contexto, uma rede bem construída pode fornecer uma segunda olhada e um momento mais longo de consideração por meio de recomendação. Além de encontrar conexões em seu ambiente pessoal, a internet não para de criar formas de nos conectar com as pessoas. Especialmente para a rede profissional, plataformas sociais como o LinkedIn têm como principal objetivo conectar profissionais. Pode parecer um pouco estranho usar as mídias sociais para entrar em contato com pessoas que você não conhece, mas isso tem-se tornado cada vez mais usual. Dica Uma abundância de conferências a cada ano também são uma oportunidade de conhecer as pessoas que têm o poder de tomar decisões. Porém, ao buscar fazer networking nesses eventos, é importante entender as empresas com as quais você vai conversar e se mostrar interessante a ponto de a outra parte conseguir ver o quanto a sua organização pode contribuir e ser útil a ela também. Por isso, mais do que criar conexões, é importante entender quem são os parceiros ideais para a sua organização. Um bom gestor esportivo cria um dashboard com uma gama de empresas que deseja ter como parceiras. O trabalho operacional de conversar com cada uma delas é algo que precisa de disciplina, mas traz resultados eficazes para cada um dos profissionais que se atentam à busca de novos horizontes para a empresa esportiva. Esses novos horizontes da organização esportiva caminham juntos com a expansão de toda uma modalidade, até porque, quanto mais a base de fãs cresce, maior é o potencial de receita. Um exemplo disso é a NFL, que foi criada para oferecer uma saída profissional para jogadores universitários que eram excepcionais em sua posição. Dentro de algumas décadas, a liga ganhou um irmão internacional com a introdução da Canadian Football League, a CFL, em 1958. As duas competições se diferem quanto às regras e ao layout do jogo, já que o campo regulamentar da modalidade dos Estados Unidos é de 100 jardas, com marcadores de cinco jardas e um marcador de 50 jardas para dividir o campo ao meio; os postes do field goal são colocados na parte de trás da endzone, as duas extremidades do campo com 10 jardas de largura cada. Cashboard Um painel visual que apresenta, de maneira resumida, um conjunto de informações: indicadores e suas métricas. Comentário Na CFL, por sua vez, o campo tem 110 jardas de largura, excluindo as endzones, com dois marcadores de 50 jardas, uma linha de 55 jardas dividindo o campo ao meio e outros detalhes que buscam diferenciar a mesma modalidade. Essa expansão norte-americana tem, ainda como dominante, a National Football League. A NFL, sabendo de sua influência não apenas nos Estados Unidos, mas globalmente, entendeu que a expansão era o melhor caminho para aumentar a base de torcedores e, consequentemente, a receita total da liga. O basquete foi outro esporte que começou com raízes americanas e, rapidamente, expandiu-se pelo mundo. Semelhante à maioria dos esportes, teve um começo instável e levou décadas para se desenvolver antes de se tornar uma competição de âmbito nacional. Assim como outras modalidades, não demorou muito para que alcançasse um nível de reconhecimento internacional. Em 1932, a Federação Internacional de Basquete (Fiba) foi fundada por oito países, todos da Europa. Em 1936, James Naismith, o homem creditado com a invenção do jogo, foi nomeado seu presidente honorário. Além disso, iniciaram um torneio masculino em 1950 e um torneio feminino três anos depois, o que também contribuiu diretamente para a expansão global. Giannis Antetokounmpo, jogador da NBA. Os esportes americanos conquistaram o cenário global e muitos dos melhores momentos das modalidades têm jogadores imigrantes como protagonistas. Nesse contexto de internacionalização, a MLB tem vários atletas internacionais, bem como a NFL, com diversos jogadores de origem africana, mexicana e até mesmo japonesa. Na NBA, que também apresenta muitos casos da força estrangeira escrevendo a história da modalidade, o grego Giannis Antetokounmpo venceu o prêmio de melhor jogador da liga por dois anos consecutivos (2018-2019, 2019- 2020), além do sérvio Nikola Jokić, que também conquistou dois MVPs seguidos (2020-2021, 2021-2022). De acordo com Anderson (2018), 27% dos jogadores da MLB não nasceram nos Estados Unidos, e a maioria precisa entrar no país com um green card. É possível ver que, enquanto milhões de pessoas imigraram para os Estados Unidos, os esportes criados pelos norte- americanos realizam um caminho oposto e podem ser apreciados por gerações de pessoas em todo o mundo. Com toda essa expansão e visibilidade, a imprensa passa a voltar os holofotes para a marca, no caso, a organização esportiva. É papel fundamental de um gestor dessa indústria liderar as relações públicas entre atletas, treinadores e outros profissionais do setor com a mídia. Instruir a equipe sobre métodos para interação correta com quem cobre o dia a dia da modalidade é fundamental. Uma boa relação com a mídia, mesmo em épocas de crise, faz com que o time esteja sempre comprometido com a transparência e possibilita que a credibilidade siga aumentando. Os gerentes esportivos têm muitas responsabilidades dentro de uma organização. Afinal, o negócio da gestão esportiva é apenas isto: negócios. Os deveres específicos podem variar dependendo do trabalho, embora ele seja, geralmente, responsável por todos os aspectos comerciais e de gerenciamento de uma equipe. Podem ser contratados por organizações comunitárias, instituições educacionais, grupos privados ou equipes profissionais, para que possam ter uma ampla variedade de responsabilidades, desde a parte organizacional de competições até a tomadas de decisões mais fundamentais para o seguimento das modalidades. É fundamentalque estejam sempre se atualizando de tendências e possibilidades para direcionar o negócio para rumos cada vez mais modernos e eficazes. A relação entre a competitividade e o retorno �nanceiro no setor esportivo Confira agora alguns aspectos sobre este assunto. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Considerando o conceito de equilíbrio competitivo, assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa A está correta. Manter o equilíbrio competitivo significa zelar para que os times tenham igualdade de capacidade de competir entre si. Um time que ganhe vantagem costumaz sobre outro produz campeonatos previsíveis e desinteressantes. Por esse motivo, as ligas norte- americanas desenvolveram inúmeras regras para garantir o A As ligas norte-americanas desenvolveram inúmeras regras para aumentar o equilíbrio competitivo, por exemplo, tetos salariais para os jogadores. B As ligas norte-americanas entendem a importância do equilíbrio competitivo, mas ainda não estabeleceram regras específicas para esse objetivo. C As regras para aumentar o equilíbrio competitivo não podem interferir em limites salariais. D As ligas norte-americanas desenvolveram inúmeras regras para eliminar o espírito competitivo. E As ligas norte-americanas desenvolveram inúmeras regras para aumentar o equilíbrio competitivo, por exemplo, que todos os jogadores recebam o mesmo salário. equilíbrio competitivo. Praticar tetos salariais aos jogadores contribui para o equilíbrio competitivo. Questão 2 Sobre o relacionamento entre o empresariado e os gestores esportivos assinale a alternativa correta. Parabéns! A alternativa C está correta. É por meio do relacionamento entre os gestores esportivos e o empresariado que os patrocínios são negociados. Além disso, o intenso contato entre eles contribui para ampliar os horizontes de negócios para os times. A O relacionamento com o empresariado, na gestão esportiva, pela especificidade do segmento, restringe-se a empresas da mesma área. B O networking é prejudicial aos gestores esportivos, que devem trabalhar internamente para garantir soluções totalmente originais. C O relacionamento com o empresariado é essencial para conseguir não apenas mais patrocínios, mas também para ampliar os horizontes do negócio. D A gestão esportiva é relativamente autossuficiente, e o relacionamento com o empresariado não é muito importante nessa indústria. E O relacionamento com o empresariado não deve extrapolar o âmbito do patrocínio. Considerações �nais O gestor esportivo assemelha-se ao gestor de qualquer organização, sendo o esporte configurado como seu negócio. Como os demais profissionais de gestão, entre suas habilidades, ele precisa ter a capacidade de estar atento tanto às oportunidades para sua organização quanto à sua performance, além de ter habilidade de comunicação e ser estratégico em suas relações profissionais. O mercado em que está inserido guarda similaridade com os outros, como a necessidade de inovar. Contudo, há uma particularidade quanto à competitividade: no esporte, é importante que haja concorrentes com performance próxima, sendo prejudicial uma grande diferença de desempenho. Isso prejudica o interesse do público e, consequentemente, o mercado. Dessa forma, com suas características profissionais, o gestor esportivo contribui para a atividade esportiva e o desenvolvimento do mercado. Podcast Para encerrar, ouça sobre as competências necessárias ao gestor esportivo e o papel desses profissionais para a lucratividade da indústria esportiva. Explore + Para saber mais sobre o profissionalismo no esporte, leia o artigo Professionalism in Management and Performance in Sports Organizations, de Joanna Schmidt, publicado em 2017 na Revista Education of Economists and Managers. Referências ANDERSON, S. 27% Of Major League Baseball Players Are Foreign- Born. Forbes, 2018. Consultado na internet em: 22 nov. 2022. BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. 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