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GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Prof. Felipe Delapria Dias dos Santos GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO Marília/SP 2023 “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 08 15 23 30 37 45 49 57 68 78 87 SERVIÇO EM ELETRICIDADE (NR-10) SEGURANÇA EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO ORGANIZAÇÕES DE PREVENÇÃO AO ACIDENTE SEGURANÇA DO TRABALHO EM ALTURA – NR 35 TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO (NR 33) E TRABALHO A CÉU ABERTO (NR 21) SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA RISCOS INERENTES AO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PARTE I SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PARTE II GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 SUMÁRIO CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 96 106 114 123 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO ERGONOMIA NR-26: SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE RISCOS GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 INTRODUÇÃO Este livro, que aborda a gestão de saúde e segurança do trabalho, está dividido em quinze capítulos com informações iniciais relevantes sobre o tema. Tendo em vista a crescente preocupação com a segurança dos trabalhadores em geral, essa obra se justifica, pois, de forma introdutória e simplificada, fornece aos leitores conhecimento sobre as normas regulamentadoras. Assim, essa obra é dedicada a todos que, reconhecendo a importância da segurança do trabalho, desejam aprofundar seu conhecimento sobre esse tema. A abordagem aqui adotada, com apresentação das normas de uma forma geral, é um excelente início a estudos mais aprofundados. Isso porque, muitas vezes, estes não são entendidos justamente pela falta de base introdutória, que é o enfoque desta obra. Durante esta obra iremos discutir assuntos relacionados a serviços em eletricidade, onde apresentaremos pontos importantes da NR-10, tais como: equipamentos de proteção em trabalhos envolver energia elétrica, trabalhos em altura envolvendo energização e equipamentos de proteção a serem utilizados. Estudaremos ainda outras normas como a NR-12 (segurança em máquina e equipamentos), NR-35 (Segurança do trabalho em altura), NR-33 (Trabalho em espaço confinado), NR-21 (trabalho em céu aberto), NR-31 (segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura), NR-37 (segurança e saúde em plataformas de petróleo) e NR-17 (ergonomia), NR-26 (tipos de sinalização de segurança). Estudaremos ainda técnicas de investigação de acidentes. De forma geral, para cada tema apresentado, iremos discutir os principais pontos da norma, metodologias de aplicação, utilização e EPIs recomendados. Esta obra não tem o intuito de encerrar os assuntos discutidos; em verdade, objetiva despertar a curiosidade do leitor para a busca de mais conhecimentos sobre a higiene e a segurança do trabalho. Boa leitura! GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 CAPÍTULO 1 SERVIÇO EM ELETRICIDADE (NR-10) 1.1 INTRODUÇÃO A NR-10, como já dito, possui como objetivo estabelecer os requisitos mínimos de operação de trabalho, visando a implantação controles e sistemas preventivos visando a máxima segurança e saúde dos trabalhadores envolvidos com eletricidade (SESI, 2008). Sendo uma normativa que deve ser aplicado a todo o processo, iniciando na geração de energia, transmissão, distribuição e finalizando no consumo de energia. Além disso, etapas intermediárias também devem levar em conta os conceitos apresentados na NR-10. Podemos citar como processos intermediários, por exemplo, as diversas etapas de criação e desenvolvimento de um projeto. As etapas irão envolver fases de construção, montagens, operação e manutenção, que são processos que ocorrem próximos à serviços envolvendo eletricidade (SESI, 2008). 1.2 MEDIDAS DE CONTROLE PRIORITARIAS E COLETIVO De forma prioritária, as medidas de proteção coletiva compreendem, dentre diversas medidas disponíveis no item 10.2.8.2 da NR10: “isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático.” (Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10, 2019, P. 2). Além das medidas de proteção coletiva já citadas, temos ainda outras medidas que devem ser tomadas como o aterramento, isolamento de partes vivas, criação de obstáculos/barreiras, implantação de sinalizações e sistema de seccionamento automático das instalações elétricas que deve ser realizado de acordo normas e regulamentos estabelecidos por órgãos competentes e na ausência do mesmo, deve ser seguido as normas internacionais (BARROS et al 2017, BOTELHOE e FIGUEIREDO, 2017). O princípio de tudo é realizar a desenergização dos circuitos. Caso não seja possível aplicar este procedimento, outros procedimentos podem substituir esta ação, como GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 empregar a “tensão de segurança”. Neste caso, o sistema deverá ser reprogramado para atuar com tensões consideradas extrabaixas, ou seja, abaixo de 50 V. ANOTE ISSO Obstáculos e barreiras devem ser utilizados para impedir ou dificultar o acesso a zona de perigo, pode-se utilizar cercas de madeira, plásticos, cavaletes, faixas de atenção, sinalização reflexiva, entre outros. O seccionamento automático da alimentação do sistema é um procedimento que basicamente não existe em instalações mais antigas, contudo, este processo é realizado para permitir a manobra de forma remota de dispositivos de seccionamento, como disjuntores e chaves seccionadoras, realizando o “desarme” automático por meio de relês, aumentando a proteção tanto dos equipamentos quanto para o técnico operante. 1.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Em serviços e trabalhos envolvendo instalações elétricas, cuja proteção coletiva seja inviável ou insuficiente para conter todos os riscos envolvidos, faz-se necessário ainda a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) já estudado e disponíveis na NR 6. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas (botas de plástico, luvas e óculos de proteção, entre outros), é necessário que os EPIs contemplem a condutibilidade elétrica, a inflamabilidade e a influência eletromagnética, sendo proibido o uso de adornos pessoais (pulseiras, anéis, brincos, correntes e semelhantes) nas proximidades e execução do trabalho (BRASIL, 2016). 1.4 EPIS OBRIGATÓRIOSDA NR 10 Entre os equipamentos de proteção individual previstos para assegurar a integridade física do trabalhador que executa serviços elétricos, temos: óculos com proteção contra a radiação de Raios Ultravioleta A (UVA), óculos com proteção contra a radiação de Raios Ultravioleta B (UVB), capacete classe B, calçados de segurança com solado de borracha isolante, luvas e mangas isolantes de borracha, vestimenta condutiva de segurança (para trabalhos em linha viva) além de vestimenta resistente ao arco elétrico. Há ainda outros equipamentos que podem ser aplicados dependendo do GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 serviço a ser executado, podemos citar: luvas de cobertura (usados acima da luva de borracha), máscaras respiradoras, cinto de segurança entre outros (SESI, 2008). Os calçados de segurança indicados para uso em serviços com eletricidade têm seu certificado de aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho, sendo essa a forma de caracterizar o equipamento de forma correta. Existem calçados que atendem apenas a norma de segurança para eletricidade, existem calçados que atendem apenas a norma de segurança para trabalhos mecânicos (com bico de metal) e existem calçados que atendem as duas normas ao mesmo tempo, ou seja, possuem a biqueira (de aço) e mesmo assim são resistentes a eletricidade. Em caso de dúvida, é recomendado o contato com o fabricante ou com o laboratório credenciado que realizou o ensaio de proteção (SESI, 2018). ANOTE ISSO Para que os funcionários de uma empresa possam realizar seus trabalhos da forma mais segura possível, cabe ao EMPREGADOR: • Fornecer o EPI adequado para seu colaborador, de acordo com o risco presente no local; • Exigir o uso do EPI; • Comprar e disponibilizar itens de segurança apenas os que foram aprovados pelo órgão nacional responsável por esta fiscalização; • Orientar e fornecer treinamento para a correta forma de utilização do equipamento; • Substituir o equipamento danificado ou em condições de não uso; • Responsabilizar pela manutenção periódica do equipamento; • Emitir comunicado ao MTE (Ministério do Trabalho) quando encontrar situações de irregularidade. Cabe ao EMPREGADO: • Usar o EPI apenas para a finalidade a qual se destina; • Responsabilizar-se pela guarda e conservação; • Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; • Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Não deve ser permitido a utilização de vestimentas que possam, de alguma forma, induzir a riscos devido a condutibilidade elétrica do próprio tecido, sendo, portanto, dever da empresa fornece o uniforme correto que não apresentam peças metálicas que possam GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 se tornar um risco como fechos, tachas e outros. Além disso, não pode ser um material de fácil condução de fogo (material inflamável), como o caso de materiais sintéticos. Adornos pessoais como anéis, colares, relógios e pulseiras devem ser evitados devido a fácil condução elétrica. Quanto aos EPI’s que devem ser utilizados, temos: • Cinto de segurança para eletricista, com talabarte; • Capacete classe “b”, com aba total para proteção contra tensão de até 30.000 V; • Botas para proteção contrachoques elétricos que não apresentem bicos metálicos; • Óculos de proteção e Protetor fácil para assegurar a proteção contra partículas volantes, raios luminosos e poeiras. • Braçadeiras/mangas para garantir a segurança dos braços e antebraços contrachoques elétricos; • Bolsa/mochila/cinto de ferramenta para içamento dos acessórios. • Luvas de borrachas adequadas de acordo com a tensão que será trabalhada, conforma apresenta a Tabela 1 a baixo. Classe Tensão de trabalho (V) 0 1.000 1 7.500 2 17.500 3 26.500 4 36.500 Tabela 1 – Relação entre classe de perigo e tensão de trabalho. Fonte: CCSC-USP, 2006, p. 16 A Figura 1 a seguir ilustra alguns dos equipamentos de proteção citados que são utilizados em serviços de eletricidade. Figura 1 – Equipamentos de Proteção Individual para serviços em eletricidade. Fonte: Instituto SC, 2019. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 1.5 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS Até o momento foi apresentado diversos procedimentos que devem ser executados em instalações desernegizadas, contudo, existem procedimentos padrões para trabalhos em instalações elétricas energizadas. Os serviços a serem realizados em ambientes com instalações energizadas devem obrigatoriamente ser suspensos em caso situações que possam colocar os trabalhadores em perigo. Será considerado situações elétricas energizada aquelas em que a tensão é superior à tensão de segurança de 50 V para corrente alternada e 120 V para corrente continua e só poderá ser executado por profissionais treinados e autorizados. Para a atuação do funcionário neste ambiente de risco, procedimentos padrões de risco devem ser observados, partes energizadas devem ser isoladas e barreiras devem ser dispostas. Além disso, é necessário também realizar uma identificação prévia dos riscos presentes para que se possa trabalhar com os equipamentos mais adequados possíveis 1.6 TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO Os serviços realizados em instalações elétricas energizadas não podem ser executados de forma individual. Além do mais, este tipo de serviço só poderá ser realizado em situações bastante especificas, com alto detalhamento e assinado por um profissional autorizado. Para que este serviço seja realizado, deve-se primeiro realizar a desativação de itens que religam de forma automática o circuito, sistema e/ou equipamento. Após o desativamento, estes equipamentos necessitam de um aviso/sinalização, indicando o desativamento. Os equipamentos e ferramentas utilizados em trabalhos envolvendo alta tensão devem passar por uma vistoria periódica para garantir o isolamento elétrico do equipamento 1.7 PROFISSIONAIS QUALIFICADOS PARA TRABALHAR COM A NR-10 A exigência da qualificação dos funcionários para executar trabalhos que envolvam a eletricidade encontra-se amparada na própria CLT, em seu artigo 180 (Decreto - Lei n o 5.452 de 01/05/1943) que diz: “Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas”. (BRASIL, 2016) GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 A qualificação deve acontecer por meio de cursos reguladores, autorizados e reconhecimentos pelo MEC (Ministérios da Educação e Cultura) com carga horaria aprovada e mediante comprovação de exames avaliativos, estabelecidos pelo Sistema Oficial de Ensino (SESI, 2008). Toda a exigência e cuidado mencionados nos parágrafos anteriores se deve ao fato das atividades exercidas em instalações elétricas envolverem a exposição ao risco e a cargas elétricas, podendo causar acidentes graves. Desta forma, o profissional que completar com êxito o curso de formação na área elétrica, estará QUALIFICADO para executar o serviço. Desta forma, o profissional qualificado será HABILITADO assim que realizar sua inscrição no Conselho de Classe, normalmente o CFT – Conselho Federal dos Técnicos Industriais. Já um trabalhador no estado de CAPACITADO é aquele que foi trinado por um profissional, trabalha no ramo sob a supervisão de um profissional habilitado e autorizado. Contudo, está capacitação não apresenta grande valia para alguns serviços que exigem o curso técnico concluído. 1.8 SITUAÇÕES DE EMERGENCIA A série de ações de emergência que envolvem as instalações elétricos ou serviços envolvendo eletricidade devem, necessariamente, estar presente no plano de emergência da empresa. Os trabalhadores que irão atuar em casos de emergência deverão ser treinados e estaremaptos a realizar os primeiros socorros em caso de acidente, incluindo a reanimação cardiorrespiratória. Cabe a empresa padronizar métodos e procedimentos de resgato, de acordo com o ambiente e os equipamentos disponíveis. Por exemplo, os colaboradores autorizados a atuar em situações de emergência deverão conhecer a localização dos extintores de incêndio disponibilizado pelo ambiente além de serem capazes de operar tais equipamentos. O plano de emergência, é, portanto, uma ferramenta que deverá atuar de forma preventiva que irá permitir uma série de ações rápidas e eficazes que buscam reduzir eventos de risco, preservando a saúde e a vida das pessoas envolvidas. Para que o plano de emergência seja completo, deverá levar em conta as diferentes catástrofes que um acidente envolvendo eletricidade pode apresentar como: incêndios, queimaduras, paradas respiratórias, regaste em altura, e outros. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 1.9 DISPOSIÇÕES FINAIS Os trabalhadores podem e devem parar suas atividades profissionais e exercer o “Direito de Recusa” sempre que encontrarem a evidência de um possível risco, além disso, devem se equipar de forma correta e avisar o superior de forma imediata, sempre priorizando a vida. Além disso, é papel da empresa promover ações, como treinamentos e divulgação de situações envolvendo riscos para que as pessoas entendam o quão perigoso é. Aquele funcionário que não utilizar os EPIS fornecidos de forma corretam podem ser demitidos por justa causa. Para finalizar nosso conteúdo do tópico 1, observe a Figura 2 a seguir. Figura 2 – Trabalho envolvendo eletricidade. Fonte: Freepik, 2021. Observe que os colabores trabalham em um poste energizado. Este trabalho envolve vários pontos abordados ao longo do nosso capítulo. A começar pelos EPIs. Observe que estão utilizando uma roupa especial, capacetes, luvas, botas especiais, além de equipamentos para segurança em altura que ainda abordaremos no decorrer da apostila. Em caso de acidente, se você não for tecnicamente instruído com informações de primeiros socorros, então mantenha-se afastado e chame os órgãos responsáveis como o corpo de Bombeiros ou ambulância. O ambiente apresenta diversos riscos, o risco de queda em altura e o de choque são os mais visíveis e com maior possibilidade de acontecer, devido a isso, uma atenção especial deve ser imposta. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 CAPÍTULO 2 SEGURANÇA EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 2.1 Introdução A Norma Regulamentadora 12, intitulada “Máquinas e Equipamentos”, estabelece as regulamentações de segurança e higiene do trabalho a serem seguidas pelas empresas em instalações, operações e manutenção de máquinas e equipamentos com o objetivo de evitar acidentes no trabalho. A NR 12 é uma norma assegurada pelos artigos 184 a 186 da CLT (ARAÚJO, 2012). A norma estabelece parâmetros para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho a partir de máquinas e equipamentos de todos os tipos. 2.2 Cuidados especiais com as máquinas e os equipamentos com dispositivos de acionamento e parada É importante elencar alguns itens importantes relacionados aos cuidados especiais com máquinas e equipamentos com dispositivos de acionamento e parada: “a) não se localizem em suas zonas perigosas; b) possam ser acionados ou desligados em caso de emergência por outra pessoa que não seja o operador; c) impeçam acionamento ou desligamento involuntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental; d) não acarretem riscos adicionais.” (Ministério do Trabalho e Emprego. NR 12 – Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos, 2019. P. 07) 2.3 Cuidados especiais com as máquinas e equipamentos com acionamento repetitivo A NR12 estabelece que máquinas e equipamentos com acionamento repetitivo e que não possuem proteção adequada, oferecem risco ao operado a pessoas que possam estar próximos da máquina. O dispositivo de segurança deve evitar o acionamento GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 e não efetivamente o contato com as partes perigosas como contato com prensas, cortadores, rolamentos entre outros (SCHNEIDER, 2011). 2.4 Mecanismos de segurança que podem existir nas máquinas e equipamentos João Neto e Almeida (2018) exemplificam alguns possíveis mecanismos de segurança que podem existir nas máquinas e equipamentos de segurança, vejamos alguns: ANOTE ISSO • No comando bimanual o acionamento deve, necessariamente, ser realizado com ambas as mãos. • No acionamento por feixes de luz, como é o caso de dispositivos acionados por células fotoelétricas, temos que se algum membro do corpo ultrapassar o feixe de luz, então a máquina irá parar de funcionar imediatamente. • No enclausuramente realizado por barreiras, a proteção deverá ser ao trabalhador devido ao tamanho e posição de abertura da parte de alimentação da máquinas. • Quando tratamentos de zona de perigo, a máquina deverá parar automaticamente se alguém invadir o ambiente. • Dispositivo para afastar as mãos também é um item importante. Este acessório deve ser operado por um cabo de aço e é preso no braço ou no pulso do funcionário. O dispositivo serve para afastar as mãos em situações de risco. Pimental (2009) lembra que reparos, limpezas, setup, ajustes, inspeção ou qualquer outra atividade semelhante, só poderá ser realizada em máquinas e equipamentos com elementos rotativos e sistemas de transmissão se a mesma estiver parada, salvo em casos cujo movimento seja indispensável para sua realização. 2.5 Cuidados especiais no uso de ferramentas e equipamentos manuais Muitos acidentes que acontecem na empresa são devido ao uso incorreto ou inadequado de ferramentas e equipamentos, como por exemplo: a troca da chave de boca ajustável pela chave de porca fixa, Sesi (2008) cita alguns cuidados especiais que podem evitar acidentes: • Ferramentas de impacto (martelos, talhadeiras e marretas): Devem possuir como material em sua cabeça o aço ou algum outro tipo material metálico. Há casos em que são elaborados com bronze ou outro material antifaiscante para GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 a utilização em ambiente com risco de explosão. Além disso, as cabeças de martelos devem estar bem fixadas para que não se soltem, causando lesões ou acidentes. • Ferramentas com pontas afiadas, como é o caso de facões, facas, machados, ferramentas de usinagem, serras e serrotes, devem ser mantidas afiadas. A lesão causada por uma ferramenta de ponta afiada, usualmente é pior, quando o equipamento contém a ponta cega. O transporte deve ser realizado em cinturões de couro; • Ferramentas elétricas: Nunca se deve remover as proteções coletivas usadas nas lâminas dos serrotes, lixadeiras, esmerilhadeiras e amoladores pois as ferramentas elétricas implicam em maiores riscos que as ferramentas manuais. ANOTE ISSO Teixeira (2017) descreve alguns cuidados básicos, porém essenciais a serem tomados no local de trabalho e nos equipamentos durante o serviço de manutenção como a utilização correta de sinalização de advertência em botões de acionamento e placas sinalizando trabalho em andamento ou máquinas com problemas. 2.6 Medidas para evitar acidentes durante os trabalhos de manutenção de máquinas e equipamentos O trabalho de manutenção de máquinas e equipamentos é essencial pois o mesmo pode prever e corrigir falhas melhorando o desempenho da máquina, no entanto o trabalho de manutenção pode apresentar riscos. Por exemplo, ao colocar placas de cuidado próximas ao ambiente de manutenção, elas podem cair ou alguém pode retirar por engano, por isso, é recomendado que o interruptor seja travado, para que desta forma, não haja a chance realde ligar o sistema/máquina com a mesma em manutenção (ARAÚJO, 2014). 2.7 Medidas de proteção do trabalhador Como já apresentado, as diferentes máquinas e equipamentos necessitam apresentar conexões com dispositivos de segurança, devido a alta eficiência uma vez que instalado e manuseado de forma correta, contudo, dispositivos de segurança, na maioria das GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 vezes, não são capazes de extinguir o risco, e devido a isso, outras ações devem ser realizadas simultaneamente para garantir a eficiência dos dispositivos citados. Com base no que foi apresentado, existem três pilares básicos da segurança: • Proteção adequada • Procedimento • Capacitação Para ampliar ainda mais a margem de “não acidente”, algumas medidas de proteção necessitam serem adotas, para isso, podemos seguir a seguinte ordem prioritária de medidas: 1. Medidas de proteção coletiva: são medidas que, como o próprio nome já sugere, são de cunho coletivo, ou seja, protegem um grupo de pessoas de uma única vez, são exemplos deste tipo de medida as ventilações, proteção de partes móveis de máquinas, chuveiros para radiação, chuveiros para lava olho, entre outros. 2. Medidas de proteção administrativas: essas medidas apresentam um caráter administrativo e pode-se citar como exemplo a redução de exposição do trabalhador, a substituição de produtos tóxicos por outros que não causam tantos dados, as mudanças de turnos e horários de trabalhos e assim por diante. 3. Medidas de proteção individual: esta última categoria é referente àquelas medidas individuais que só devem serem abordadas quando não for mais possível assumir medidas para eliminar ou reduzir os riscos no ambiente. Essas medidas abrangem: capacetes, botinas, protetores auriculares, entre outros. Além das categorias de medidas apresentadas, temos também as medidas de proteção de máquinas que são estabelecidas pela normativa. Assim como já discutido, é necessário que as zonas de perigo apresentem suas partes protegidas por dispositivos de segurança. Tais dispositivos podem ser classificados em: • Proteções fixas • Proteções móveis • Dispositivos de segurança interligados Tudo isso para amplificar a capacidade de preservação da saúde e da integridade física dos colaboradores daquele ambiente. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 As proteções fixas são proteções permanentes que atuam por elementos de fixação e que só permitem sua manutenção, abertura ou remoção por meio de ferramentas especificas. Já as proteções móveis apresentam maior mobilidade e estas podem ser abertas com maior facilidade sem a necessidade de uma ferramenta. Contudo, este tipo de proteção deve estar sempre acompanhado de outros tipos de dispositivos de proteção, como os Inter travamento. Por fim, os dispositivos de segurança podem atuar sozinhos ou acompanhados de outros elementos e que reduzem os riscos de acidentes. 2.8 Gestão de risco no ambiente de trabalho Como já sabemos, o dia a dia industrial pode ser bastante severo, tanto que, os riscos passam a estar presentes em ambientes que vão além das máquinas e equipamentos, devido a isso, todo o ambiente de trabalho deve ser tratado com a NR-12. Para que possamos trabalhar em cima da aplicação da NR-12 no ambiente de trabalho, devemos considerar sua extensão ao arranjo físico, também conhecido como layout, que pode ser entendido como o posicionamento físico dos elementos disponíveis no chão de fábrica e que, de alguma forma, interfere no trabalho a ser realizado. Conforme apresentado pelas NR-12, um ambiente com layout adequado deve possuir: • Ambientes que possuam máquinas e equipamentos, necessitam contém área de circulação e movimentação de pessoas demarcado; • Vias de circulação devidamente produzidas com base em normas térmicas; • Manter a área de movimentação e circulação sempre livre; • Indicar, por meio de diferentes colorações, o caminho que determinado material deverá seguir para facilitar o fluxo. • Delimitar máquinas garantindo uma distância mínima entre máquina e funcionário. • Manter sempre limpo e organizado tanto as ferramentas como o seu local de armazenamento. 2.9 Requisitos mínimos para medidas de proteção De acordo com a NR-12, máquinas e equipamentos devem apresentar os seguintes requisitos mínimos de segurança: • Cumprimento de suas funções durante a vida útil da máquina; • Constituídas de materiais resistentes – robustas; • Fixação firme; • Não criar pontos de esmagamento ou agarramento; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 • Não possuir extremidades e arestas cortantes; • Resistir às condições ambientais do local; • Impedir que possam ser burladas; • Proporcionar condições de higiene e limpeza; • Impedir o acesso à zona de perigo; • Ter seus dispositivos de intertravamento protegidos contra sujeira e corrosão, se necessário; • Ter eficácia positiva; • Não acarretar riscos adicionais. Vale ressaltar que os itens apresentados acima não são dispositivos opcionais de segurança, mas sim componentes que devem, obrigatoriamente, estarem presentes em máquinas e equipamentos. Por exemplo, situações de perigo devem ser evitadas utilizando um dispositivo específico para de emergência, normalmente sendo apresentado como um botão em formato de cogumelo da cor vermelha. É necessário que os colaboradores presentes no momento possuam visão ampla e clara do dispositivo de para de emergência de forma prática e também de forma rápida, além de que, o seu entendo deve estar sempre desobstruído, como ilustra a imagem 3. Figura 3 – Botão de emergência com facilidade de acesso. Fonte: Pixabay, 2017. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 2.10 Capacitação Para que os funcionários de uma determinada empresa sejam capacitados a atuarem de acordo com as regras da NR-12, um treinamento deve ser fornecido. Todas as atividades que envolvem manutenção, inspiração ou qualquer tipo de intervenção em máquinas e equipamentos, só podem ser realizadas por colaboradores devidamente habilitados e autorizados. Para a execução do trabalho, a capacitação deve ocorrer obrigatoriamente antes do funcionário exercer a função, deve também estar contida nas 8horas diárias de trabalho e ser realizada no turno de trabalho. Além do mais, é necessário que a capacitação seja ministrada por profissionais que possuam experiência na atuação, para garantir o ensinamento correto. Para finalizar, como existe uma grande variedade de máquinas e equipamentos, é necessário que a capacitação seja voltada para a área de atuação dos colaboradores, não fazendo sentido, por exemplo, a capacitação em NR-12 abordar injetoras plásticas se o funcionário trabalha em uma indústria de fundição (FIBRA, 2015). Para finalizar nosso conteúdo deste segundo capítulo, observe a Figura 4 a seguir. Figura 4 – Situações de risco com máquinas em funcionamento. Fonte: Freepik, 2021. Observe que em ambas as situações apresentadas é necessário do manuseio e controle humano para o funcionamento da máquina. Na primeira imagem (Figura 3-a) é possível observar uma caixa de energia logo na lateral da máquina, onde se localizada botão emergência por exemplo, sendo, portanto, de fácil acesso ao operador. Observe também a utilização do EPI correto (luvas) devido a proximidade da mão com a ferramenta. Agora, observa na Figura 3-b, uma máquina ferramenta pintada de laranja, indicando que é uma máquina de corte. É possível observar um botão de GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 emergência de fácil acesso logo acima das mãos do operador que está munido de EPIs como óculos de proteção e protetorauricular. Em caso de emergência, o botão de emergência deve ser acionado imediatamente, que irá parar o funcionamento da máquina e acionar um chamado de ajuda. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 CAPÍTULO 3 A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO 3.1 INTRODUÇÃO Segundo o site do INSS (2019), a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para o reconhecimento de acidentes de trabalho ou até mesmo de doenças ocupacionais. Ainda de acordo INSS (2019), acidentes de trabalho ou acidentes de trajeto é o acidente que ocorre durante o exercício da atividade profissional, podendo este ser a serviço da empresa ou até mesmo durante o deslocamento no trajeto casa-trabalho ou trabalho-casa, causando lesões corporais, lesões funcionais ou provocando a perda ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para executar o trabalho ou em casos mais extremos, causando a morte. Enquanto que doenças ocupacionais é a doença que surgiu ou foi desencadeada devido ao exercício de determinada função de forma constante O documento apresentado acima é bastante conhecido entre profissionais de industriais, contudo, pouco sabem de onde vem todo o embasamento teórico desta normatiza, tão pouco sabem em qual lei encontrar. Para começarmos nossa discussão, utilizaremos a instrução Normativa n° 45 de 2010 que aborda o CAT a partir do artigo 355 e até o artigo 360. Além disso, o decreto número 3.048 de 1999 também aborda o CAT no artigo 336, fazendo algumas determinações. Já a lei 8.213 de 1991 também aborda CAT, desta vez do artigo 22 ao 23. Como podemos observar, a Comunicação em caso de Acidente de Trabalho é abordada e discutida por diversas legislações previdenciárias, inclusive, no próprio site da previdência social, que iremos abordar logo mais. 3.2 QUANDO REALIZAR O CAT? Segundo o artigo 22 da lei 8.213/91, já apresentada, é obrigação da empresa informar à Previdência Social todo e qualquer tipo de acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados em suas dependências, mesmo que o acidente ocorrido não provoque afastamento das atividades. O aviso deve acontecer até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e em caso de morte, a comunicação deve acontecer de forma imediata (OLIVEIRA, 2018). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 A empresa que não informar à Previdência Social o acidente de trabalho dentro do prazo legal, estará sujeita a aplicação da multa prevista pelos artigos 286 e 336 do Decreto nº 3.048/1999 (INSS, 2019). Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro deste instrumento junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa (Governo Federal, 2021, p. 1). No Brasil, há um costume/cultura que leva as empresas a emitirem o CAT apenas em caso em que é necessário o afastamento por 15 dias ou mais, uma vez que nestes casos o trabalhador deverá dar entrada no INSS para que o órgão seja o responsável por financiar seus pagamentos, sendo, desta forma, inevitável, que o órgão não tome conhecimento do fato. Para o sistema, esta prática é bastante prejudicial uma vez que está acobertando a real situação de acidentes que o ambiente industrial brasileiro se encontra. 3.3 REGISTRO DA CAT ON-LINE Corrêa (2018) explica que o registro do CAT pode ser realizado de forma on-line desde que seja preenchido obrigatoriamente todos os campos requisitados, outra opção é gerar o formulário em branco e preencher manualmente. Há, contudo, diversas dúvidas em relação a emissão do CAT. Uma delas é que muitos imaginam que apenas a empresa responsável pode emitir o CAT, entretanto, é um pensamento equivocado, pois, o artigo 358 da Instrução Normativa (IN) 45 apresenta outras possibilidades, são elas: • O próprio acidento ou seus dependentes; • O sindicato da função exercida; • O médico que assistiu ao funcionário; • Autoridades públicas envolvidas. Há, entretanto, outra categoria de acidentes que é a categoria do acidente que aconteceu em um trabalhador avulso, neste caso, o CAT poderá ser emitido por: • Empresa responsável pelo serviço; • Sindicato da categoria; • Gestor da mão de obra responsável. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 ISTO ESTÁ NA REDE Para realizar um CAT online basta seguir o passa a passo: 1. Acessar o link de cadastro online: https://cadastro-cat.inss.gov.br/ CATInternet/faces/pages/cadastramento/cadastramentoCat.xhtml 2. Uma página semelhante a Imagem 5 deverá aparecer 3. Será necessário entrar com a seguinte informação: tipo de CAT (abertura, reabertura ou comunicação de óbito). 4. Em seguida, será necessário inserir o tipo de empregador, o número de CNJP da empresa, o PASEP do trabalhador, a data do acidente e último dia de trabalho. Imagem 5 – Cadastro do CAT online Fonte: O autor, 2021. ANOTE ISSO Um ponto de atenção é que o CAT deve ser aberto em qualquer acidente que aconteça durante o período de trabalho, inclusive, tanto o percurso de ida quanto o percurso de volta do trabalho estão inclusos. Esse ponto é bastante importante pois comumente gera uma dúvida bastante especifica. Digamos que um funcionário que trabalha em duas empresas distintas sofre um acidente no percurso de um trabalho ao outro, quem deverá acionar o CAT? Neste caso, segundo o parágrafo 1 do artigo 258 da IN 45, as duas empresas deverão abrir um chamado. 3.4 TIPOS DE CAT Para facilitar a administração e o controle dos chamados, o CAT se divide em três grandes grupos: CAT inicial, CAT de reabertura e CAT de óbito. Vejamos a seguir cada um deles: https://cadastro-cat.inss.gov.br/CATInternet/faces/pages/cadastramento/cadastramentoCat.xhtml https://cadastro-cat.inss.gov.br/CATInternet/faces/pages/cadastramento/cadastramentoCat.xhtml GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 O CAT inicial deve ser aberto para a realização de um acidente de trabalho que envolta trajeto, doença profissional ou mesmo um óbito imediato. Já o CAT de reabertura deverá ser aberto quando ocorrer um agravamento ou uma sequela de uma determinada lesão proveniente de um acidente de trabalho que já aconteceu e que já foi notificado lá no CAT inicial. Neste CAT de reabertura, deverá constar todas as informações já apresentadas anteriormente no CAT inicial exceto as seguintes informações: quantidade de tempo de afastamento, data do último dia trabalhado, anexo do atestado médico e também a data de emissão uma vez que essas informações serão referentes a nova data de reabertura. O texto da instrução normativa determina que não serão considerados CAT de reabertura quando o procedimento for uma simples consulta médica nem quando exigir afastamento do profissional em menos de 15 dias seguidos. Por fim, o CAT de óbito ou CAT de comunicação de óbito é um chamado que deverá ser aberto em caso de falecimento do colaborador por causas que decorreram de um acidente que já aconteceu e que já foi realizado o CAT inicial. Lembrando que, enquanto que no CAT inicial é registrado a morte IMEDIATA, aqui no CAT de óbito é registrado a morte que aconteceu em detrimento a algum evento que já aconteceu. Por exemplo, um trabalhador se acidentou, bateu a cabeça e ficou em coma. Neste caso, deve ser aberto um CAT inicial informando o acidente. Alguns dias após o acidente, o estado do funcionário acidentadopiora e o óbito acaba acontecendo, neste momento, deverá ser iniciado um CAT de comunicação de óbito. Outra dúvida bastante recorrendo é na abertura de CAT envolvendo doenças. Realizar a abertura de um CAT envolvendo acidentes é mais fácil do que realizar a abertura de um CAT envolvendo doenças, isso se deve a alguns fatores bastantes simples: marcação temporal. Vamos entender? Um acidente, quando ocorre, apresenta um horário de ocorrência e uma data, ou seja, tem como realizar a localização no tempo. Já uma doença é um pouco mais complicada pois como determinar a data e o horário que ela surgiu, por exemplo? Como realizar o preenchimento do campo “data”? Para esclarecer este ponto, devemos buscar a resposta no artigo 23 da lei 8.213 de 1991. Para responder à questão apresentada, deverá ser considerado a data que se deu início a incapacidade de exercer a atividade profissional ou mesmo o dia que foi obtido o diagnóstico. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 3.5 PROCURE UMA AGÊNCIA DO INSS No site da Justiça do trabalho encontra-se as orientações para caso não seja possível a realização do informativo CAT de forma on-line, desta forma, a empresa não estará sujeita a aplicação de multa por descumprimento do prazo estabelecido pela legislação. O registro do CAT pode ser realizado em agências do INSS, para que seja validado, o registro deve estar devidamente preenchido e assinado (JUTIÇA DO TRABALHO, 2018). De acordo informações retiradas do site do INSS, para que o atendimento presencial ocorra, será necessário apresentação de documento com foto e o número do CPF. 3.6 INFORMAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DO CAT Em caso da empresa se recusar a emitir o CAT então poderá haver a atuação dos órgãos responsável podendo haver a aplicação de multas uma vez que a omissão do acidente de trabalho é considerada crime de acordo o artigo 269 do código penal juntamente com o artigo 169 das Leis Trabalhistas. Empresas que se recusarem a emitir o CAT poderá receber multas com valores variando de 545 reais até 3.689,66 reais sendo que este valor pode ser ainda maior se a previdência averiguar apresenta reincidência em omissão de emissão do CAT. Além de tudo que já foi apresentado aqui, a emissão do CAT apresenta ainda mais vantagens. Sabemos que o mesmo apresenta o papel de registro de doenças e acidentes que ocorrem em decorrência das funções e atividades exercidas na/para empresas. Contudo, uma informação bastante interessante é que, quando o funcionário ultrapassar o período de quinze dias de licença comprovada do acidente de trabalho ocorrido ou mesmo da doença de trabalho, então o trabalhador terá direito a receber um auxilio doença acidentário, diferente do auxílio doença comum, sendo que o primeiro apresenta algumas vantagens, como: • Depósito do FGTS durante o período de afastamento; • O período de afastamento será contabilizado para o tempo de aposentadoria; • Estabilidade de um ano no emprego após o retorno das atividades; • Dependendo da gravidade do acidente/doença, haverá a possibilidade de receber um auxilio indenizatório em caso de sequelas ou lesões que impliquem na redução de sua capacidade de trabalho. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 3.7 ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL Os acidentes de trabalho que ocorrem no brasil resultam em um grande prejuízo aos cofres públicos uma vez que os gastos com pensões, aposentadores e auxílios para as vítimas são bastante altos. Para nos ajudar a entender melhor e a quantificar alguns dados, o Ministério da Previdência e Assistencial Social divulga quase que anualmente os dados obtidos a respeito dos acidentes trabalhistas Para entendermos melhor os dados disponíveis, observe a Tabela 2 a seguir. M ES ES QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO TOTAL COM CAT REGISTRADO SEM O CAT REGISTRADOTOTAL MOTIVO TÍPICO TRAJETO DOENÇAS DO TRABALHO 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 622.379 585.626 549.405 507.753 478.039 450.614 385.646 355.560 340.229 106.721 108.552 100.685 15.386 13.927 9.700 114.626 107.587 98.791 Tabela 2 - Quantidade mensal de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo. Fonte: Adaptado de Ministério da Fazenda, 2017, p. 68. O gráfico retirado do site da Previdência Social nos informa o número total de acidentes para os anos de 2015, 2016 e 2017, além de apresentar também os valores para os acidentes que não acionaram o CAT. Podemos ver, por exemplo, que para todos os anos, o número de acidentes que ocorreu sem o registo de CAT se aproxima ou passa dos 100 mil acidentes. Parra facilitar nossa análise, observe a Tabela 3 onde a tabela foi montada apenas com os dados mais recentes do ano de 2017. MESES QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO TOTAL COM CAT REGISTRADO SEM O CAT REGISTRADOTOTAL TIPICO TRAJETO DOENÇAS DO TRABALHO 549.405 450.614 340.229 100.685 9.700 98.791 Tabela 3 - Quantidade total de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo. Fonte: Adaptado de Ministério da Fazenda, 2017, p. 68. Pela tabela apresentada acima, observamos que dos quase 550 mil casos que aconteceram, praticamente 100 mil não apresentaram o CAT registrado. Além disso, aproximadamente 340 mil casos registrados foram acidentes que aconteceram na GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 fábrica/local de trabalho, aproximadamente 100 mil acidentes aconteceram no trajeto (ida/volta) e aproximadamente 10 mil casos foram registrados como doença. Para melhor visualização do que foi informado observe a Figura 6 a seguir. Figura 6 - Distribuição de acidentes do trabalho, por motivo, no Brasil. Fonte: Adaptado de Ministério da Fazenda, 2017, p. 68. Quase 20% dos acidentes que ocorreram no Brasil no ano de 2017 não foram informados. Da porcentagem de acidentes informados ao CAT, a grande parte (aproximadamente 75%) foi referente a acidentes que aconteceram no ambiente de trabalho. Com essas informações fica claro que o número de omissões ou de não registro ainda é bem alto e esta é uma realidade que precisa ser alterada. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 CAPÍTULO 4 ORGANIZAÇÕES DE PREVENÇÃO AO ACIDENTE 4.1 INTRODUÇÃO Neste tópico apresentaremos e discutiremos dois conceitos muito importantes no dia a dia industrial. O primeiro conceito será a respeito da CIPA, este termo será o objeto de trabalho principal do nosso capítulo, entenderemos como funciona, qual seu objetivo e quem pode participar desta organização que se destina a proteção e preservação da vida. Em um segundo momento, abordaremos de forma mais superficial o conceito de SESMT, desta vez, será apresentado o que é esta organização e quem poderá participar. A Figura 7 a seguir ilustra como ambas as organizações devem ser representadas dentro da empresa. Figura 7 – Símbolo da CIPA e do SESMT Fonte: adaptado de Saudeevida e Segurancadotrabalho, 2020. De forma geral, a simbologia é a mesma e quase sempre ocupam o mesmo ambiente de trabalho devido a similaridade entre as funções. No decorrer desta unidade veremos suas particularidades. Vamos embarcar nesta aventura juntos? 4.2 INTRODUÇÃO À CIPA A CIPA, abreviação para “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes” é um grupo composto por funcionários de uma empresa para representar os funcionários de um GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 modo geral e o empregador em assuntos relacionados a colaboração à prevenção de acidentes. A CIPA tem como filosofia que o acidente de trabalho é sempre fruto de causas que podem ser evitadas, amenizadas ou eliminadas, (BRASIL, 2019). De acordo Ferreirae Peixoto (2012), em 1940 o Governo Federal criou a CIPA com o intuito de minimizar a grande quantidade de acidentes de trabalho que havia acontecendo em empresas, os autores afirmam que o objetivo era encontrar soluções que fossem capazes de proporcionar maior segurança ao trabalhador e ao local de trabalho. 4.3 QUEM DEVE POSSUIR A CIPA? A CIPA deve estar presentem em forma de estabelecimento e deve estar devidamente regulamentada e funcionando em: empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas entre outros tipos de instituições que admitam trabalhadores como empregados (CIPA, 2013). 4.4 OBJETIVOS DA CIPA A CIPA tem como objetivo garantir e representar os interesses dos trabalhadores quando relacionados a assuntos de melhoria da segurança do ambiente de trabalho e de saúde ocupacional. É também objetivo da CIPA observar e levantar os possíveis riscos presentes no ambiente de trabalho bem como exigir medidas a fim de minimizar riscos ou até mesmo elimina-los, discutindo e orientando os trabalhadores em relação a preservação a vida (LAGOA SECA, 2019). ANOTE ISSO O item 5.16 da NR-5 dispõe as diversas atribuições de atividades que cabem a CIPA executar: • Elaboração de mapa de risco; • Elaboração de um plano de trabalho sendo este, um documento que deverá conter o passo a passo do trabalho; • Ajudar a equipe de segurança a definir processos de melhoria continua no que se refere a preservação de vida; • Realizar um checklist de segurança do ambiente de trabalho. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 4.5 A REPRESENTAÇÃO NA CIPA A CIPA deve ser composta por representantes de ambas as partes (empregado e empregador). O representante da parte do empregador é indicado pelo mesmo, enquanto que o representante da parte dos empregados deve ser eleito via voto popular entre os empregadores presentes na fábrica. O número de pessoas que irão compor a CIPA irá variar de acordo o número de funcionários que a empresa possui e essa relação está presente no Quadro 1 na NR 5 disposta no site do Ministério do Trabalho. Além disso, a CIPA deve ser comportas por membros de diferentes setores da empresa, não podendo voltar membros do setor que mais ocorre acidentes dentro da empresa (CIPA – USP, 2020). 4.6 EMPRESAS QUE NECESSITAM E NÃO NECESSITAM DA CIPA O item 5.2 da Norma regulamentadora número 5 nos informa que a CIPA deve estar presente nas empresas no formato de estabelecimento, devendo estar presente em empresas de todos os âmbitos: privadas, públicas, sociedade de econômica mista, nos poderes legislativos, instituições beneficentes, cooperativas e todas as outras modalidades de empresas. Em resumo, toda empresa que possui pessoas trabalhando na condição de “empregado”, mesmo que voluntário, deverá apresentar a CIPA, sendo raro os casos de empresas que não apresentarão a CIPA. Inclusive, se a sua empresa apresenta menos de 20 empregados, o número mínimo de membros da CIPA será “um” e está única pessoa já será considera a CIPA. A diretoria da empresa deverá indicar um responsável para deixa-lo encarregado do cumprimento das atribuições dispostas na NR 5, devendo o mesmo promover treinamentos para os outros membros da CIPA (SESI, 2008). 4.7 ELEIÇÃO E MEMBROS ELEITOS A eleição é um processo que deverá ser realizado durante o expediente normal da empresa e deverá também respeitar os turnos e deverá obrigatoriamente ter a presença de mais da metade do número de empregados de cada setor (SESI, 2008). Membros eleitos possuem algumas vantagens profissionais em relação a outros funcionários. https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 O item 5.8 da NR 5 estabelece que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Os motivos da dispensa arbitrária, apresentados anteriormente, estão em conformidade com o Art. 477 da CLT, que prevê o rompimento do contrato de trabalho com “demissão por justa causa”. O parágrafo único do Art. 165 (CLT) determina que caberá à empresa comprovar, em caso de reclamação trabalhista, os motivos que levaram à demissão do empregado eleito para a CIPA no período da estabilidade (ARAÚJO, p 178, 2014) O processo de eleição deve ser realizado há um prazo de no mínimo quinze dias antes do fim do mandado atual dos membros da CIPA. Contudo, se esse procedimento é novo em sua empresa e a CIIPA ainda não existe, então algumas etapas deverão ser realizadas: • Etapa 1: divulgação das vagas abertas possibilitando a candidatura dos funcionários da instituição, a divulgação deverá contar com um edital presente com as instruções prazos e formas de realização do processo; • Etapa 2: Divulgação do número de inscritos/nome dos inscritos; • Etapa 3: Ato de acontecimentos da eleição; • Etapa 4: Ata de eleição: presença dos dados do presidente, vice-presidente e secretário escolhidos via votação popular; • Etapa 5: Ata de posse dos funcionários da CIPA; • Etapa 6: Elaboração do calendário de reuniões mensais onde deverá ser decidido a sazonalidade (semanal, quinzenal, mensal, etc); • Etapa 7: Fornecimento de treinamento, por parte do empregador, para os membros da CIPA. Além do mais, em caso de você assumir a presidência, será sua função: 1. Realizar a convocação dos membros da CIPA para reuniões semanais/mensais. 2. Realizar a coordenação das reuniões, conduzindo com eficiência e convocando o empregador e o SESMT quando necessário. 3. Realizar relatórios e atas da reunião para manter o empregador informado a respeito do assunto. 4. Realizar atividades de supervisão dos planejamentos já implantados. 5. Delegar funções aos membros. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 Em suma, qualquer funcionário poderá fazer parte da comissão da CIPA. Ao contrário do SESMT, que veremos ao final deste capítulo, a CIPA deve ser constituída por profissionais de todos os setores, não sendo necessário haver formação técnica no assunto. 4.8 DIMENSIONAMENTO DA CIPA Com base na norma (NR-5) podemos realizar a determinação do número de colaboradores que irá compor o quadro de funcionários da CIPA, garantindo um número mínimo de funcionários efetivos e suplentes para constituir a comissão e seguir o trabalho. Para o dimensionamento correto, é necessário levar em conta três fatores. O primeiro fator está relacionado a atividade que a empresa exerce relacionando o risco que a empresa apresenta, já o segundo fator diz respeito ao setor econômico da empresa enquanto que o terceiro fator está ligado ao número de funcionários que a empresa apresenta Com base no que foi apresenta, três passos podem ser apresentados que irão auxiliar no dimensionamento da CIPA: Passo 1: a primeira decisão a ser tomada apresenta relação com a determinação da atividade que a empresa realiza (o que ela faz, o que produz, qual serviço ela presta, e assim por diante). Passo 2: com a determinação da atividade desenvolvida, então o quadro III da NR-5 deverá ser consultado para se obter um código único referente a atividade/setor de atuação da empresa. Passo 3: com a atividade identificada e o código obtido, agora é o momento de realizar a identificação do setor econômica. Para isso, o quadro de número II disposto na NR-5 deverá ser consultado Neste quadro será possível identificar o grupo que a empresa se encontra na classificação com base na Classificação Nacional de Atividade Econômicas. Passo 4: agora é o momentode determinar o número de colaboradores efetivos e suplentes que sua instituição CIPA deverá possuir, para isso, será necessário consultar o quadro I presente na NR-5. Este quadro irá relacionar o número de funcionários com o setor de atuação e o setor econômica, fornecendo o número de funcionários necessários. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 Em suma, três quadros deverão ser consultados para realizar o dimensionamento correto da CIPA. Os quadros são: 1. Número de empregados do estabelecimento – Quadro I da NR 5 2. Setor econômico da empresa – Quadro II da NR 5 3. Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) da empresa – Quadro III da NR 5. 4.9 REUNIÕES DA CIPA A CIPA deverá se reunir com todos os seus membros, pelo menos uma vez por mês, durante o expediente normal de seus funcionários e em local apropriado (PIMENTEL, 2009). Existem um modelo de reunião conhecido como “reunião extraordinária”. A reunião extraordinária da CIPA deverá ocorrer sempre que houver acidentes de trabalho. O acidente pode acontecer com ou sem vítima e caberá ao responsável da CIPA, dependendo da gravidade do problema, convocar a reunião com urgência ou agendá- la para um dia próximo (CIPA – USP, 2020). O responsável pelo CIPA deverá encaminhar o relatório/ata realizado durante a reunião extraordinária para o SESMT e ao empregador para que as soluções discutidas sejam providenciadas (SESI, 2008). O empregador, após receber o relatório/ata com as solicitações de melhoria terá um prazo de até 08 (oito) dias para responder à CIPA com as medidas adotadas para o problema apresentado (BRASIL, 2019). 4.10 CURSO BÁSICO DE CIPEIRO Cabe à empresa disponibilizar recursos e promover a todos os membros formadores da CIPA, inclusive secretários substitutos, cursos relacionados a prevenção de acidentes do trabalho sendo que o mesmo deve possuir uma carga horária mínima de 18 horas e obedecer a ementas pré-estabelecidas. O curso deve ocorrer em horário de expediente norma da empresa (BRASIL, 2019). O curso deverá ser realizado de preferência pelos SESMT da empresa e, na impossibilidade, por entidades especializadas em segurança do trabalho, entidades sindicais para a categoria profissional correspondente ou ainda por centros e empresas de treinamento, todos credenciados, para esse fim, na DRT, órgão regional do MTE. (PIMENTEL, p. 59, 2009). https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 4.11 EXIGENCIAS LEGAIS - CIPA Após a efetivação da CIPA dentro da empresa, a mesma não poderá reduzir seu número de funcionários, exceto se houver uma redução no quadro de funcionários da empresa. Além disso as atividades da CIPA não poderão jamais ser encerradas, a menos que a empresa venha a fechar (SESI, 2008). 4.12 O QUE É SESMT? A sigla “SESMT” significa “Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho”. Esta instituição, assim como a CIPA, busca garantir um ambiente saudável e seguro para que os funcionários possam executar suas funções da melhor forma possível. O SESMT foi criado no ano de 1967 para suprir a necessidade de uma organização que se responsabilizasse pelas doenças ocupacionais uma vez que, leis trabalhistas relacionadas a segurança do trabalho existem desde 1919, contudo não abrangendo as doenças. Logo, até a data citada (1967), pessoas que, porventura, adquirissem algum tipo de enfermidade no ambiente de trabalho, acabariam sendo prejudicadas uma vez que não iria receber nem possuir nenhum tipo de assistência bem por parte do governo nem por parte da empresa. O SESMT é abordado e definido pela NR-4 onde é possível obter, de forma gratuita pelo site do governo federal, informações como: dimensionamento de um SESMT, funções, punições e muito mais. 4.13 QUEM PODE PARTICIPAR DO SESMT? No item anterior apresentamos o conceito de SESMT, agora iremos apresentar de forma bastante objetiva quem pode fazer parte desta instituição. Poderão constituir o corpo de funcionários do SESMT: médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico em segurança do trabalho com registro no ministério do trabalho e auxiliar de enfermagem. Para o dimensionamento do corpo de funcionários deverá ser levado em conta informações como número total de funcionários da empresa bem como o nível de risco que a empresa possui. Esta última informação pode ser obtida por tabelas dispostas na NR-4, assim como o passo a passo para o dimensionamento correto. https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 CAPÍTULO 5 SEGURANÇA DO TRABALHO EM ALTURA – NR 35 5.1 INTRODUÇÃO Como já adiantado pelo título, a Norma Regulamentadora número 35 é referente a segurança e saúde do trabalhador tratando de serviço em altura. A norma estabelece requisitos mínimos para garantir a proteção dos trabalhadores em diferentes níveis e é assegurada pela lei 6.514, portaria MTE 593/2014. A normativa abrange diversas atividades realizadas em altura, como por exemplo: limpeza de fachadas e janelas, limpeza de caixa d’água, construção, reparos, pinturas, instalações em postes e diversos outros, como apresentado na Figura 8. Figura 8 – Exemplos de trabalhos em altura. Fonte: Adaptado de Freepik, 2021. Para que a normativa seja válida, a norma considera que trabalho em altura e todo trabalho realizado acima de 2 metros em relação ao chão pois acima desta altura já começam a oferecer perigo na queda. |5.2 RESPONSABILIDADES EMPREGADO/EMPREGADOR Para começarmos nossa discussão, apresentaremos quais são os direitos e deveres do empregado e do empregador quando tratamentos de NR-35. É obrigação do empregado: 1- Cumprir toda o texto disposto de forma legal pela NR-35; 2- Cumprir os procedimentos expedidos pela empresa contratante desde que obedeça às normas; 3- Colaborar com a empresa na implementação e disseminação da NR-35; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 4- Exercer o direito de recusa de execução de atividade sempre que houver a constatação de que a atividade apresenta riscos para sua segurança e saúde ou mesmo para a segurança e saúde de outras pessoas; 5- Zelar pela segurança dos colegas de trabalho e das pessoas que possam estar presentes no local de trabalho. É obrigação do empregador: 1- Executar a implantação das medidas de proteção de serviço em altura dispostos na NR-35; 2- Garantir aplicação de ferramentas como a Análise de Riscos para assegurar o levantamento de todos os riscos presentes no local; 3- Buscar pelo desenvolvimento operacional de atividades rotineiras que possam auxiliar a garantir a segurança; 4- Assegurar avaliações prévias do local de trabalho pois possibilitam melhor planejamento dos itens de segurança; 5- Adotar medidas necessárias para alcançar a implantação de todos os itens da NR-35 dentro dos limites do serviço a ser executado; 6- Manter os funcionários sempre atualizados contra a situações do ambiente de trabalho que poderão auxiliar nas tomadas de decisões. 7- Garantir que todo e qualquer trabalho envolvendo altura só se inicie após a garantia que todas as medidas necessárias foram previamente adotadas. 8- Suspender trabalhos em altura quando perceber possíveis riscos que fogem do planejado; 9- Garantir a supervisão dos funcionários na realização de todos os trabalhos em altura; 5.3 COMO MINIMIZAR DADOS EM CASO DE ACIDENTE Eliminar ou, ao menos, minimizar riscos deve ser sempre o foco do líder responsável para garantir a total integridade física e mental do seu colaborador, contudo, sabemos que situaçõesinesperadas podem acontecer a qualquer momento e devido a isso, é necessário estarmos preparados também. É necessário analisar cenários em que, caso um acidente aconteça, o que fazer para reduzir o impacto do trabalhador? Para isso, existem equipamentos absorvedores de choque. O impacto final do funcionário em uma queda será resultado de alguns pontos de influência, como: dispositivo trava-quedas, o peso do funcionário, fator de queda. Para entendermos melhor este último termo, fator de queda, podemos imaginar a relação entre a altura da queda e do comprimento da corda que o trabalhador está pendurado, chamado de talabarte, disponível na Figura 9. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Figura 9– Talabarte em uso em um serviço envolvendo altura. Fonte: Adaptado de Freepik, 2021. Podemos, portanto, definir “fator de queda” como sendo a razão entre a altura da queda e o comprimento do talabarte que absorve a queda. Para justificarmos melhor este exemplo, considere um trabalhador executando trabalho em altura que apresenta risco de queda. O trabalhador está utilizando os devidos EPIS (que falaremos mais a frente nesta unidade) e seu talabarte apresenta cerca de 1 metro de comprimento. Com base nestas informações, podemos ter diferentes cenários de quedas, como demonstrado na Figura 10. Figura 10 – Demonstração de diferentes fatores de queda. Fonte: TESSEG, 2019, p. 14. O ideal, para maior segurança do funcionário, é que o fator de queda seja menor que 1, ou seja, a razão entre a altura da queda e o comprimento do talabarte será menor que 1. Para valores de fatores de queda igual ou maior que 1 já são situações de maior risco, devendo, portanto, haver maior supervisão e maiores cuidados. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 5.4 SINDROME DA SUSPENSÃO INERTE Um dos grandes perigos da queda é a Síndrome de Arnês ou, como é popularmente conhecida, Síndrome da Suspensão Inerte. Para que esta doença aconteça, são necessários dois fatores: suspensão e imobilidade. Neste caso, em caso de acidente, os membros inferiores do corpo do trabalhador que ficam suspensos, acabam sofrendo de represamento sanguíneo uma vez que o próprio cinto que prende a pessoa no ar acabará prendendo e interrompendo a circulação do sangue pelas artérias e veias, provocando um colapso no sistema circulatório. O colapso pode estar ligado a falta de oxigenação dos membros inferiores e também a deficiência de oxigenação ao cérebro, entre outros fatores como arritmia, pressão etc. Para entender melhor este acidente, observe a Figura 11 abaixo. Figura 11 – Síndrome da suspensão inerte. Fonte: TESSEG, 2019, p. 15. Como consequência desta doença, temos de problemas considerados mais leves como formigamento, amortecimento, tonturas e náuseas até problemas mais graves como hipertermia, inconsciência, choques circulatórios, traumas irreversíveis, reações fisiológicas adversas e até mesmo óbito. 5.5 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA O procedimento padrão inicial para começar a realizar um trabalho em altura é realizar a ação de inspeção para assegurar que todos os equipamentos estão de acordo com os conformes. A inspeção é um procedimento padrão tão importante que deve ser realizado no momento de compra do equipamento e também de forma periódica e rotineira, de GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 acordo as atividades de uso. A ação pode assumir um caráter preventivo e corretivo uma vez que previne acidentes e pode eliminar erros assim que detectados. ANOTE ISSO A inspeção é um procedimento que pode se estender a todos os equipamentos, sejam eles de proteção individual ou de proteção coletiva. Os EPI – Equipamento de Proteção Individual mais populares são: sistema de ancoragem, elementos de ligação e equipamentos, cordas, capacetes e outros, como ilustra na Figura 12. Figura 12 – Equipamentos de proteção individual para trabalho em altura. Fonte: Adaptado de Freepik, 2021. Nem toda atividade irá exigir o uso de todos os equipamentos, sendo que caberá ao responsável do trabalho determinar o equipamento correto e adequado para o serviço que será utilizado. Além dos EPIs temos também os EPC – Equipamento de Proteção Coletiva que protegem um grupo de pessoas simultaneamente e são utilizados para neutralizar ações dos agentes ambientes, reduzindo a possibilidade de um acidente. Para representar esta categoria, temos os equipamentos demonstrados na Figura 13 a seguir. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 Figura 13- Equipamentos de proteção coletiva envolvendo trabalhos em altura. Fonte: Adaptado de TESSEG, 2019, p. 19. O isolamento da área de trabalho deve ser sempre realizado utilizando a sinalização correta para evitar que pessoas que transitam pelo local se acidentem. 5.6 PONTO DE ANCORAGEM Os dispositivos de ancoragens são aqueles elementos definitivos ou mesmo temporários que são utilizados para suportar o impacto da quadra, este elemento é utilizado pelos funcionários para que os mesmos possam conectar seus equipamentos de proteção individual de forma que, em caso de uma queda, ficarão presos a esses pontos de ancoragem. Os pontos de ancoragem devem ser projetados por profissionais capacidades e habilitados. Um exemplo de ponto de ancoragem conectado a um cabo de aço está apresentado na Figura 14 a seguir. Figura 14 – Ponto de ancoragem com cabo de aço conectado. Fonte: Esperadeamcoragem, 2020 GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 Além dos pontos de ancoragem, devemos ter também os acessórios para ancoragem, o mais comum são as cintas de poliéster (Figura 15) que apresentam fácil transporte e suportam cargas de rupturas podendo varias de 18 kN até 35 kN. Figura 15 – Variedades e aplicações dos cintos de segurança. Fonte: TESSEG, 2019, p. 21. Além das cintas, temos as travas quedas deslizantes que são utilizados em sistemas de linhas de vida e impedem a queda pois possui um dispositivo de travamento automático em caso de impacto. Podemos citar ainda as travas quedas retrátil, as cordas, mosquetões e os talabartes. 5.7 TIPOS DE NÓS Os nós são técnicas importantes utilizadas por funcionários que trabalham neste ramo de serviços em alturas pois auxiliam no transporte de pessoas, pessoas e movimentação. Diferentes nós são utilizados em diferentes finalidades. Na imagem da Figura 16 observaremos alguns nós bastante populares e na sequência iremos comentar cada um deles. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 Figura 16 – Diferentes técnicas para nós. Fonte: Adaptado de TESSEG, 2019, p. 31. ANOTE ISSO A seguir destacaremos cinco nós para vocês: • Oito duplo: nó utilizado para encordoamento, mais resistente que a volta do fiel. • Orelha de coelho: nó que é executado no meio de uma corda. Esta alça que se forma é utilizada como ponto de ancoragem para outros elementos. • Borboleta: apresenta a mesma função do nó orelha de coelha além de também ser criado no meio da corda, sua utilidade está relacionada a ancoragem. • Prussik: este nó, quando submetido a determinada tensão, ele trava, podendo ser utilizado para reduzir a tensão de queda. • Volta do fiel: é um nó de ancoragem que se ajuda à medida que é submetido a tração. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 CAPÍTULO 6 TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO (NR 33) E TRABALHO A CÉU ABERTO (NR 21) 6.1 INTRODUÇÃO DA NR 33 TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO A NR-33 possui como objetivo principal a garantia à vida e a segurançados trabalhadores na execução de serviços em espaço confinado. A Norma Regulamentadora disposta, foi uma conquista alcançada no ano de 2006, dos trabalhadores que atuam em situações de perigo e confinamento. A elaboração da norma aconteceu a partir de ocorrência de acidentes em espaços confinados e que para alguns especialistas em segurança do trabalho o local era caracterizado como confinado já para outros especialistas, o local não era caracterizado como local com trabalho confinado (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). 6.2 PARTICULARIDADES DA NR-33 Para que o espaço de trabalho seja caracterizado como espaço confinado, ele deve apresentar três características fundamentais: ANOTE ISSO • Possibilidade de haver contaminantes; • Ambiente não projeto para humanos; • Dificuldade de acesso (entrada/saída). Segundo ANAMT (2015), a principal característica do espaço confinado é a atmosfera perigosa que o ambiente apresenta. Por atmosfera perigosa entende-se a deficiência de oxigênio, presença de toxidade ou gases prejudiciais à saúde ou mesmo inflamável/ explosivo. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 O trabalho em espaço confinado pode acontecer em diferentes setores como na indústria alimentícia, indústria de borracha, indústria naval, indústria de papel e celulose, entre diversas outras. Mas afinal, qual tipo de serviço pode acontecer nesses ambientes? Veja bem caro (a) aluno (a), serviços de construção civil é uma grande porta de entrada para trabalhos em espaços confinados, além disso, operações de salvamento e resgate também são bastante comuns. Outro serviço que pode ocorrer é o trabalho de manutenção, reparos, limpeza, inspeção de equipamentos e/ou reservatórios, entre diversos outros. Deve-se haver bastante atenção quanto aos riscos presente no ambiente como quedas, afogamentos, choques elétricos, infecções por agentes biológicos como picadas de aranhas, escorpiões ou morcegos, cuidados com riscos químicos, e outros. 6.3. EVITAR ACIDENTES EM ESPAÇOS CONFINADOS Uma forma segura de garantir a preservação à vida é certificar que a NBR 14.787 está sendo seguida e atendida pela empresa. A NBR citada recebe o título de “Espaços Confinados: Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção”. Além, é claro, da própria Norma Regulamentadora número 33. Além disso, outra norma brasileira importante a ser seguida pelas empresas é a NBR. Se você é um funcionário prestes a executar algum serviço em espaço confinado, alguns pontos de atenção são necessários. O trabalho em espaço confinado só poderá ser realizado quando a empresa fornece autorização na permissão de entrada e trabalho (PET). O “PET” é um termo exigido por lei e que deve ser executado pelo supervisor de entrada, além disso, o serviço deve ser sempre executado com um vigia acompanhando o trabalho (CRPM, 2017) 6.4. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA Além dos fatores apresentados, é obrigação da empresa fornece treinamento a todos os trabalhadores devido aos riscos presentes, proporcionando conhecimento para determinar medidas de controle. Outro ponto que cabe a empresa providenciar é a inspeção prévia do local e também a realização de uma APR (Análise Preliminar de Riscos). Cabe ainda a empresa providenciar exames médicos, providenciar o PET, sinalizar e isolar a área, supervisionar a entrada e garantir a presença de um vigia, garantir a presença de equipamentos para realizar a medição de oxigênio, gases tóxicos ou GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 mesmos inflamáveis, garantir a presença de equipamentos de ventilação, providenciar EPIs (Equipamento de Proteção Individual), equipamentos de comunicação como walk talk e também equipamentos de iluminação bem como equipamentos de resgate (RAMOS, 2019) 6.5. OBRIGAÇÃO DO FUNCIONÁRIO O funcionário só deverá executar o serviço em espaço confinado após a supervisão do responsável de entrada, garantindo a segurança por meio de testes e adotando as devidas medidas. O item 33.5.1 da NR-33 nos informa que é o empregador tem o direito de interromper suas atividades e abandonar o local de trabalho se perceber a presença de algum perigo ou risco (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). É direito do trabalhador receber o devido treinamento para conhecer os riscos que ele irá enfrentar, conhecer o trabalho que irá executar, conhecer os procedimentos em caso de emergência e também conhecer a forma correta de utilização dos equipamentos (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). Além do mais, cabe ao trabalhador a comunicação de possíveis riscos não identificados em outras etapas, a utilização correta dos EPIs fornecidos, participar atentamente dos treinamentos e comparecer aos exames marcados para garantir condições físicas e mentais de execução do serviço (NETO E POSSEBON, 2007). 6.6. INTRODUÇÃO A NR-21: TRABALHO A CÉU ABERTO A NR-21 apresenta diretrizes que devem ser seguidas por todo tipo de trabalho realizado a céu aberto, como é o caso de canteiros de obras. Essa normativa é interessante pois, geralmente, quando utilizamos o termo “céu aberto”, o nosso primeiro pensamento é em um campo aberto, ventilado. Mas nem sempre esta é a realidade. A normativa apresenta itens a serem seguidos em diferentes ambientes como por exemplo, situações de temperaturas extremas como frio e calor, sol forte, chuva, vento, exposição a poeiras, e outros (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). O ambiente que será executado o serviço deverá garantir a segurança do trabalhador. Se imaginarmos um canteiro de obra de funcionários da construção civil, devem estar presentes todos os equipamentos e itens de segurança que irão garantir a integridade física dos mesmos. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 6.7 PONTOS DE DESTAQUE DA NR-21 O primeiro ponto que destacaremos é que, caso o serviço exija a permanência dos funcionários no local de trabalho para pouso, ou seja, exija que os funcionários durmam no local, como trabalhos executados em alto mar ou no meio do deserto, então os mesmos não poderão dormir a céu aberto e cabe a empresa garantir o alojamento correto para os mesmos. O objetivo é garantir um local fechado em condições favoráveis e humanas de descanso. Este alojamento, de acordo a NR tratada, pode ser em forma de tenda, cabine, abrigo, entre outros Outro ponto importante a ser destacado é a proteção contra clima intenso. A NR 21 no item 21.2 informa que “Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes.”. Vamos imaginar a seguinte situação: a empresa responsável pela execução do serviço proporciona uma barra para seus funcionários dormirem no meio da neve. Contudo, uma barraca é suficiente para garantir que os colaboradores não irão passar frio? Óbvio que não... a empresa deverá fornecer outros equipamentos como luvas, toucas, roupas térmicas etc. (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). Por fim, nosso último ponto de destaque são as condições do alojamento. Regras de higiene devem ser atendidas para garantir o mínimo de conforto. As casas sanitárias necessitam serem construídas em locais arejados, em lugares que não exista vegetação e no mínimo 50 metros afastado de depósitos de esterco, estábulos feno e outros. Outro ponto de importância é a presença de dispositivos de travamento em portas e janelas, além de haver dispositivo contra contaminação no poço de água. É necessário que o teto seja de madeira impermeável para que não apodreça e não seja inflamável. A fossa negra deve possuir, no mínimo, quinze metros de poço e serem construídas em lugares livres de enchentes. Os locais destinados às privadas (sanitários) deverão ser obrigatoriamente arejados, com ventilação excessiva, limpo e em condições adequadas de uso, devidamente
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