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GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Prof. Felipe Delapria Dias dos Santos GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO Marília/SP 2023 “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 08 15 23 30 37 45 49 57 68 78 87 SERVIÇO EM ELETRICIDADE (NR-10) SEGURANÇA EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO ORGANIZAÇÕES DE PREVENÇÃO AO ACIDENTE SEGURANÇA DO TRABALHO EM ALTURA – NR 35 TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO (NR 33) E TRABALHO A CÉU ABERTO (NR 21) SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA RISCOS INERENTES AO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PARTE I SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PARTE II GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 SUMÁRIO CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 96 106 114 123 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO ERGONOMIA NR-26: SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE RISCOS GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 INTRODUÇÃO Este livro, que aborda a gestão de saúde e segurança do trabalho, está dividido em quinze capítulos com informações iniciais relevantes sobre o tema. Tendo em vista a crescente preocupação com a segurança dos trabalhadores em geral, essa obra se justifica, pois, de forma introdutória e simplificada, fornece aos leitores conhecimento sobre as normas regulamentadoras. Assim, essa obra é dedicada a todos que, reconhecendo a importância da segurança do trabalho, desejam aprofundar seu conhecimento sobre esse tema. A abordagem aqui adotada, com apresentação das normas de uma forma geral, é um excelente início a estudos mais aprofundados. Isso porque, muitas vezes, estes não são entendidos justamente pela falta de base introdutória, que é o enfoque desta obra. Durante esta obra iremos discutir assuntos relacionados a serviços em eletricidade, onde apresentaremos pontos importantes da NR-10, tais como: equipamentos de proteção em trabalhos envolver energia elétrica, trabalhos em altura envolvendo energização e equipamentos de proteção a serem utilizados. Estudaremos ainda outras normas como a NR-12 (segurança em máquina e equipamentos), NR-35 (Segurança do trabalho em altura), NR-33 (Trabalho em espaço confinado), NR-21 (trabalho em céu aberto), NR-31 (segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura), NR-37 (segurança e saúde em plataformas de petróleo) e NR-17 (ergonomia), NR-26 (tipos de sinalização de segurança). Estudaremos ainda técnicas de investigação de acidentes. De forma geral, para cada tema apresentado, iremos discutir os principais pontos da norma, metodologias de aplicação, utilização e EPIs recomendados. Esta obra não tem o intuito de encerrar os assuntos discutidos; em verdade, objetiva despertar a curiosidade do leitor para a busca de mais conhecimentos sobre a higiene e a segurança do trabalho. Boa leitura! GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 CAPÍTULO 1 SERVIÇO EM ELETRICIDADE (NR-10) 1.1 INTRODUÇÃO A NR-10, como já dito, possui como objetivo estabelecer os requisitos mínimos de operação de trabalho, visando a implantação controles e sistemas preventivos visando a máxima segurança e saúde dos trabalhadores envolvidos com eletricidade (SESI, 2008). Sendo uma normativa que deve ser aplicado a todo o processo, iniciando na geração de energia, transmissão, distribuição e finalizando no consumo de energia. Além disso, etapas intermediárias também devem levar em conta os conceitos apresentados na NR-10. Podemos citar como processos intermediários, por exemplo, as diversas etapas de criação e desenvolvimento de um projeto. As etapas irão envolver fases de construção, montagens, operação e manutenção, que são processos que ocorrem próximos à serviços envolvendo eletricidade (SESI, 2008). 1.2 MEDIDAS DE CONTROLE PRIORITARIAS E COLETIVO De forma prioritária, as medidas de proteção coletiva compreendem, dentre diversas medidas disponíveis no item 10.2.8.2 da NR10: “isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático.” (Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10, 2019, P. 2). Além das medidas de proteção coletiva já citadas, temos ainda outras medidas que devem ser tomadas como o aterramento, isolamento de partes vivas, criação de obstáculos/barreiras, implantação de sinalizações e sistema de seccionamento automático das instalações elétricas que deve ser realizado de acordo normas e regulamentos estabelecidos por órgãos competentes e na ausência do mesmo, deve ser seguido as normas internacionais (BARROS et al 2017, BOTELHOE e FIGUEIREDO, 2017). O princípio de tudo é realizar a desenergização dos circuitos. Caso não seja possível aplicar este procedimento, outros procedimentos podem substituir esta ação, como GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 empregar a “tensão de segurança”. Neste caso, o sistema deverá ser reprogramado para atuar com tensões consideradas extrabaixas, ou seja, abaixo de 50 V. ANOTE ISSO Obstáculos e barreiras devem ser utilizados para impedir ou dificultar o acesso a zona de perigo, pode-se utilizar cercas de madeira, plásticos, cavaletes, faixas de atenção, sinalização reflexiva, entre outros. O seccionamento automático da alimentação do sistema é um procedimento que basicamente não existe em instalações mais antigas, contudo, este processo é realizado para permitir a manobra de forma remota de dispositivos de seccionamento, como disjuntores e chaves seccionadoras, realizando o “desarme” automático por meio de relês, aumentando a proteção tanto dos equipamentos quanto para o técnico operante. 1.3 MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Em serviços e trabalhos envolvendo instalações elétricas, cuja proteção coletiva seja inviável ou insuficiente para conter todos os riscos envolvidos, faz-se necessário ainda a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) já estudado e disponíveis na NR 6. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas (botas de plástico, luvas e óculos de proteção, entre outros), é necessário que os EPIs contemplem a condutibilidade elétrica, a inflamabilidade e a influência eletromagnética, sendo proibido o uso de adornos pessoais (pulseiras, anéis, brincos, correntes e semelhantes) nas proximidades e execução do trabalho (BRASIL, 2016). 1.4 EPIS OBRIGATÓRIOSDA NR 10 Entre os equipamentos de proteção individual previstos para assegurar a integridade física do trabalhador que executa serviços elétricos, temos: óculos com proteção contra a radiação de Raios Ultravioleta A (UVA), óculos com proteção contra a radiação de Raios Ultravioleta B (UVB), capacete classe B, calçados de segurança com solado de borracha isolante, luvas e mangas isolantes de borracha, vestimenta condutiva de segurança (para trabalhos em linha viva) além de vestimenta resistente ao arco elétrico. Há ainda outros equipamentos que podem ser aplicados dependendo do GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 serviço a ser executado, podemos citar: luvas de cobertura (usados acima da luva de borracha), máscaras respiradoras, cinto de segurança entre outros (SESI, 2008). Os calçados de segurança indicados para uso em serviços com eletricidade têm seu certificado de aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho, sendo essa a forma de caracterizar o equipamento de forma correta. Existem calçados que atendem apenas a norma de segurança para eletricidade, existem calçados que atendem apenas a norma de segurança para trabalhos mecânicos (com bico de metal) e existem calçados que atendem as duas normas ao mesmo tempo, ou seja, possuem a biqueira (de aço) e mesmo assim são resistentes a eletricidade. Em caso de dúvida, é recomendado o contato com o fabricante ou com o laboratório credenciado que realizou o ensaio de proteção (SESI, 2018). ANOTE ISSO Para que os funcionários de uma empresa possam realizar seus trabalhos da forma mais segura possível, cabe ao EMPREGADOR: • Fornecer o EPI adequado para seu colaborador, de acordo com o risco presente no local; • Exigir o uso do EPI; • Comprar e disponibilizar itens de segurança apenas os que foram aprovados pelo órgão nacional responsável por esta fiscalização; • Orientar e fornecer treinamento para a correta forma de utilização do equipamento; • Substituir o equipamento danificado ou em condições de não uso; • Responsabilizar pela manutenção periódica do equipamento; • Emitir comunicado ao MTE (Ministério do Trabalho) quando encontrar situações de irregularidade. Cabe ao EMPREGADO: • Usar o EPI apenas para a finalidade a qual se destina; • Responsabilizar-se pela guarda e conservação; • Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; • Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Não deve ser permitido a utilização de vestimentas que possam, de alguma forma, induzir a riscos devido a condutibilidade elétrica do próprio tecido, sendo, portanto, dever da empresa fornece o uniforme correto que não apresentam peças metálicas que possam GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 se tornar um risco como fechos, tachas e outros. Além disso, não pode ser um material de fácil condução de fogo (material inflamável), como o caso de materiais sintéticos. Adornos pessoais como anéis, colares, relógios e pulseiras devem ser evitados devido a fácil condução elétrica. Quanto aos EPI’s que devem ser utilizados, temos: • Cinto de segurança para eletricista, com talabarte; • Capacete classe “b”, com aba total para proteção contra tensão de até 30.000 V; • Botas para proteção contrachoques elétricos que não apresentem bicos metálicos; • Óculos de proteção e Protetor fácil para assegurar a proteção contra partículas volantes, raios luminosos e poeiras. • Braçadeiras/mangas para garantir a segurança dos braços e antebraços contrachoques elétricos; • Bolsa/mochila/cinto de ferramenta para içamento dos acessórios. • Luvas de borrachas adequadas de acordo com a tensão que será trabalhada, conforma apresenta a Tabela 1 a baixo. Classe Tensão de trabalho (V) 0 1.000 1 7.500 2 17.500 3 26.500 4 36.500 Tabela 1 – Relação entre classe de perigo e tensão de trabalho. Fonte: CCSC-USP, 2006, p. 16 A Figura 1 a seguir ilustra alguns dos equipamentos de proteção citados que são utilizados em serviços de eletricidade. Figura 1 – Equipamentos de Proteção Individual para serviços em eletricidade. Fonte: Instituto SC, 2019. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 1.5 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS Até o momento foi apresentado diversos procedimentos que devem ser executados em instalações desernegizadas, contudo, existem procedimentos padrões para trabalhos em instalações elétricas energizadas. Os serviços a serem realizados em ambientes com instalações energizadas devem obrigatoriamente ser suspensos em caso situações que possam colocar os trabalhadores em perigo. Será considerado situações elétricas energizada aquelas em que a tensão é superior à tensão de segurança de 50 V para corrente alternada e 120 V para corrente continua e só poderá ser executado por profissionais treinados e autorizados. Para a atuação do funcionário neste ambiente de risco, procedimentos padrões de risco devem ser observados, partes energizadas devem ser isoladas e barreiras devem ser dispostas. Além disso, é necessário também realizar uma identificação prévia dos riscos presentes para que se possa trabalhar com os equipamentos mais adequados possíveis 1.6 TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO Os serviços realizados em instalações elétricas energizadas não podem ser executados de forma individual. Além do mais, este tipo de serviço só poderá ser realizado em situações bastante especificas, com alto detalhamento e assinado por um profissional autorizado. Para que este serviço seja realizado, deve-se primeiro realizar a desativação de itens que religam de forma automática o circuito, sistema e/ou equipamento. Após o desativamento, estes equipamentos necessitam de um aviso/sinalização, indicando o desativamento. Os equipamentos e ferramentas utilizados em trabalhos envolvendo alta tensão devem passar por uma vistoria periódica para garantir o isolamento elétrico do equipamento 1.7 PROFISSIONAIS QUALIFICADOS PARA TRABALHAR COM A NR-10 A exigência da qualificação dos funcionários para executar trabalhos que envolvam a eletricidade encontra-se amparada na própria CLT, em seu artigo 180 (Decreto - Lei n o 5.452 de 01/05/1943) que diz: “Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas”. (BRASIL, 2016) GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 A qualificação deve acontecer por meio de cursos reguladores, autorizados e reconhecimentos pelo MEC (Ministérios da Educação e Cultura) com carga horaria aprovada e mediante comprovação de exames avaliativos, estabelecidos pelo Sistema Oficial de Ensino (SESI, 2008). Toda a exigência e cuidado mencionados nos parágrafos anteriores se deve ao fato das atividades exercidas em instalações elétricas envolverem a exposição ao risco e a cargas elétricas, podendo causar acidentes graves. Desta forma, o profissional que completar com êxito o curso de formação na área elétrica, estará QUALIFICADO para executar o serviço. Desta forma, o profissional qualificado será HABILITADO assim que realizar sua inscrição no Conselho de Classe, normalmente o CFT – Conselho Federal dos Técnicos Industriais. Já um trabalhador no estado de CAPACITADO é aquele que foi trinado por um profissional, trabalha no ramo sob a supervisão de um profissional habilitado e autorizado. Contudo, está capacitação não apresenta grande valia para alguns serviços que exigem o curso técnico concluído. 1.8 SITUAÇÕES DE EMERGENCIA A série de ações de emergência que envolvem as instalações elétricos ou serviços envolvendo eletricidade devem, necessariamente, estar presente no plano de emergência da empresa. Os trabalhadores que irão atuar em casos de emergência deverão ser treinados e estaremaptos a realizar os primeiros socorros em caso de acidente, incluindo a reanimação cardiorrespiratória. Cabe a empresa padronizar métodos e procedimentos de resgato, de acordo com o ambiente e os equipamentos disponíveis. Por exemplo, os colaboradores autorizados a atuar em situações de emergência deverão conhecer a localização dos extintores de incêndio disponibilizado pelo ambiente além de serem capazes de operar tais equipamentos. O plano de emergência, é, portanto, uma ferramenta que deverá atuar de forma preventiva que irá permitir uma série de ações rápidas e eficazes que buscam reduzir eventos de risco, preservando a saúde e a vida das pessoas envolvidas. Para que o plano de emergência seja completo, deverá levar em conta as diferentes catástrofes que um acidente envolvendo eletricidade pode apresentar como: incêndios, queimaduras, paradas respiratórias, regaste em altura, e outros. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 1.9 DISPOSIÇÕES FINAIS Os trabalhadores podem e devem parar suas atividades profissionais e exercer o “Direito de Recusa” sempre que encontrarem a evidência de um possível risco, além disso, devem se equipar de forma correta e avisar o superior de forma imediata, sempre priorizando a vida. Além disso, é papel da empresa promover ações, como treinamentos e divulgação de situações envolvendo riscos para que as pessoas entendam o quão perigoso é. Aquele funcionário que não utilizar os EPIS fornecidos de forma corretam podem ser demitidos por justa causa. Para finalizar nosso conteúdo do tópico 1, observe a Figura 2 a seguir. Figura 2 – Trabalho envolvendo eletricidade. Fonte: Freepik, 2021. Observe que os colabores trabalham em um poste energizado. Este trabalho envolve vários pontos abordados ao longo do nosso capítulo. A começar pelos EPIs. Observe que estão utilizando uma roupa especial, capacetes, luvas, botas especiais, além de equipamentos para segurança em altura que ainda abordaremos no decorrer da apostila. Em caso de acidente, se você não for tecnicamente instruído com informações de primeiros socorros, então mantenha-se afastado e chame os órgãos responsáveis como o corpo de Bombeiros ou ambulância. O ambiente apresenta diversos riscos, o risco de queda em altura e o de choque são os mais visíveis e com maior possibilidade de acontecer, devido a isso, uma atenção especial deve ser imposta. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 CAPÍTULO 2 SEGURANÇA EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 2.1 Introdução A Norma Regulamentadora 12, intitulada “Máquinas e Equipamentos”, estabelece as regulamentações de segurança e higiene do trabalho a serem seguidas pelas empresas em instalações, operações e manutenção de máquinas e equipamentos com o objetivo de evitar acidentes no trabalho. A NR 12 é uma norma assegurada pelos artigos 184 a 186 da CLT (ARAÚJO, 2012). A norma estabelece parâmetros para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho a partir de máquinas e equipamentos de todos os tipos. 2.2 Cuidados especiais com as máquinas e os equipamentos com dispositivos de acionamento e parada É importante elencar alguns itens importantes relacionados aos cuidados especiais com máquinas e equipamentos com dispositivos de acionamento e parada: “a) não se localizem em suas zonas perigosas; b) possam ser acionados ou desligados em caso de emergência por outra pessoa que não seja o operador; c) impeçam acionamento ou desligamento involuntário pelo operador ou por qualquer outra forma acidental; d) não acarretem riscos adicionais.” (Ministério do Trabalho e Emprego. NR 12 – Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos, 2019. P. 07) 2.3 Cuidados especiais com as máquinas e equipamentos com acionamento repetitivo A NR12 estabelece que máquinas e equipamentos com acionamento repetitivo e que não possuem proteção adequada, oferecem risco ao operado a pessoas que possam estar próximos da máquina. O dispositivo de segurança deve evitar o acionamento GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 e não efetivamente o contato com as partes perigosas como contato com prensas, cortadores, rolamentos entre outros (SCHNEIDER, 2011). 2.4 Mecanismos de segurança que podem existir nas máquinas e equipamentos João Neto e Almeida (2018) exemplificam alguns possíveis mecanismos de segurança que podem existir nas máquinas e equipamentos de segurança, vejamos alguns: ANOTE ISSO • No comando bimanual o acionamento deve, necessariamente, ser realizado com ambas as mãos. • No acionamento por feixes de luz, como é o caso de dispositivos acionados por células fotoelétricas, temos que se algum membro do corpo ultrapassar o feixe de luz, então a máquina irá parar de funcionar imediatamente. • No enclausuramente realizado por barreiras, a proteção deverá ser ao trabalhador devido ao tamanho e posição de abertura da parte de alimentação da máquinas. • Quando tratamentos de zona de perigo, a máquina deverá parar automaticamente se alguém invadir o ambiente. • Dispositivo para afastar as mãos também é um item importante. Este acessório deve ser operado por um cabo de aço e é preso no braço ou no pulso do funcionário. O dispositivo serve para afastar as mãos em situações de risco. Pimental (2009) lembra que reparos, limpezas, setup, ajustes, inspeção ou qualquer outra atividade semelhante, só poderá ser realizada em máquinas e equipamentos com elementos rotativos e sistemas de transmissão se a mesma estiver parada, salvo em casos cujo movimento seja indispensável para sua realização. 2.5 Cuidados especiais no uso de ferramentas e equipamentos manuais Muitos acidentes que acontecem na empresa são devido ao uso incorreto ou inadequado de ferramentas e equipamentos, como por exemplo: a troca da chave de boca ajustável pela chave de porca fixa, Sesi (2008) cita alguns cuidados especiais que podem evitar acidentes: • Ferramentas de impacto (martelos, talhadeiras e marretas): Devem possuir como material em sua cabeça o aço ou algum outro tipo material metálico. Há casos em que são elaborados com bronze ou outro material antifaiscante para GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 a utilização em ambiente com risco de explosão. Além disso, as cabeças de martelos devem estar bem fixadas para que não se soltem, causando lesões ou acidentes. • Ferramentas com pontas afiadas, como é o caso de facões, facas, machados, ferramentas de usinagem, serras e serrotes, devem ser mantidas afiadas. A lesão causada por uma ferramenta de ponta afiada, usualmente é pior, quando o equipamento contém a ponta cega. O transporte deve ser realizado em cinturões de couro; • Ferramentas elétricas: Nunca se deve remover as proteções coletivas usadas nas lâminas dos serrotes, lixadeiras, esmerilhadeiras e amoladores pois as ferramentas elétricas implicam em maiores riscos que as ferramentas manuais. ANOTE ISSO Teixeira (2017) descreve alguns cuidados básicos, porém essenciais a serem tomados no local de trabalho e nos equipamentos durante o serviço de manutenção como a utilização correta de sinalização de advertência em botões de acionamento e placas sinalizando trabalho em andamento ou máquinas com problemas. 2.6 Medidas para evitar acidentes durante os trabalhos de manutenção de máquinas e equipamentos O trabalho de manutenção de máquinas e equipamentos é essencial pois o mesmo pode prever e corrigir falhas melhorando o desempenho da máquina, no entanto o trabalho de manutenção pode apresentar riscos. Por exemplo, ao colocar placas de cuidado próximas ao ambiente de manutenção, elas podem cair ou alguém pode retirar por engano, por isso, é recomendado que o interruptor seja travado, para que desta forma, não haja a chance realde ligar o sistema/máquina com a mesma em manutenção (ARAÚJO, 2014). 2.7 Medidas de proteção do trabalhador Como já apresentado, as diferentes máquinas e equipamentos necessitam apresentar conexões com dispositivos de segurança, devido a alta eficiência uma vez que instalado e manuseado de forma correta, contudo, dispositivos de segurança, na maioria das GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 vezes, não são capazes de extinguir o risco, e devido a isso, outras ações devem ser realizadas simultaneamente para garantir a eficiência dos dispositivos citados. Com base no que foi apresentado, existem três pilares básicos da segurança: • Proteção adequada • Procedimento • Capacitação Para ampliar ainda mais a margem de “não acidente”, algumas medidas de proteção necessitam serem adotas, para isso, podemos seguir a seguinte ordem prioritária de medidas: 1. Medidas de proteção coletiva: são medidas que, como o próprio nome já sugere, são de cunho coletivo, ou seja, protegem um grupo de pessoas de uma única vez, são exemplos deste tipo de medida as ventilações, proteção de partes móveis de máquinas, chuveiros para radiação, chuveiros para lava olho, entre outros. 2. Medidas de proteção administrativas: essas medidas apresentam um caráter administrativo e pode-se citar como exemplo a redução de exposição do trabalhador, a substituição de produtos tóxicos por outros que não causam tantos dados, as mudanças de turnos e horários de trabalhos e assim por diante. 3. Medidas de proteção individual: esta última categoria é referente àquelas medidas individuais que só devem serem abordadas quando não for mais possível assumir medidas para eliminar ou reduzir os riscos no ambiente. Essas medidas abrangem: capacetes, botinas, protetores auriculares, entre outros. Além das categorias de medidas apresentadas, temos também as medidas de proteção de máquinas que são estabelecidas pela normativa. Assim como já discutido, é necessário que as zonas de perigo apresentem suas partes protegidas por dispositivos de segurança. Tais dispositivos podem ser classificados em: • Proteções fixas • Proteções móveis • Dispositivos de segurança interligados Tudo isso para amplificar a capacidade de preservação da saúde e da integridade física dos colaboradores daquele ambiente. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 As proteções fixas são proteções permanentes que atuam por elementos de fixação e que só permitem sua manutenção, abertura ou remoção por meio de ferramentas especificas. Já as proteções móveis apresentam maior mobilidade e estas podem ser abertas com maior facilidade sem a necessidade de uma ferramenta. Contudo, este tipo de proteção deve estar sempre acompanhado de outros tipos de dispositivos de proteção, como os Inter travamento. Por fim, os dispositivos de segurança podem atuar sozinhos ou acompanhados de outros elementos e que reduzem os riscos de acidentes. 2.8 Gestão de risco no ambiente de trabalho Como já sabemos, o dia a dia industrial pode ser bastante severo, tanto que, os riscos passam a estar presentes em ambientes que vão além das máquinas e equipamentos, devido a isso, todo o ambiente de trabalho deve ser tratado com a NR-12. Para que possamos trabalhar em cima da aplicação da NR-12 no ambiente de trabalho, devemos considerar sua extensão ao arranjo físico, também conhecido como layout, que pode ser entendido como o posicionamento físico dos elementos disponíveis no chão de fábrica e que, de alguma forma, interfere no trabalho a ser realizado. Conforme apresentado pelas NR-12, um ambiente com layout adequado deve possuir: • Ambientes que possuam máquinas e equipamentos, necessitam contém área de circulação e movimentação de pessoas demarcado; • Vias de circulação devidamente produzidas com base em normas térmicas; • Manter a área de movimentação e circulação sempre livre; • Indicar, por meio de diferentes colorações, o caminho que determinado material deverá seguir para facilitar o fluxo. • Delimitar máquinas garantindo uma distância mínima entre máquina e funcionário. • Manter sempre limpo e organizado tanto as ferramentas como o seu local de armazenamento. 2.9 Requisitos mínimos para medidas de proteção De acordo com a NR-12, máquinas e equipamentos devem apresentar os seguintes requisitos mínimos de segurança: • Cumprimento de suas funções durante a vida útil da máquina; • Constituídas de materiais resistentes – robustas; • Fixação firme; • Não criar pontos de esmagamento ou agarramento; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 • Não possuir extremidades e arestas cortantes; • Resistir às condições ambientais do local; • Impedir que possam ser burladas; • Proporcionar condições de higiene e limpeza; • Impedir o acesso à zona de perigo; • Ter seus dispositivos de intertravamento protegidos contra sujeira e corrosão, se necessário; • Ter eficácia positiva; • Não acarretar riscos adicionais. Vale ressaltar que os itens apresentados acima não são dispositivos opcionais de segurança, mas sim componentes que devem, obrigatoriamente, estarem presentes em máquinas e equipamentos. Por exemplo, situações de perigo devem ser evitadas utilizando um dispositivo específico para de emergência, normalmente sendo apresentado como um botão em formato de cogumelo da cor vermelha. É necessário que os colaboradores presentes no momento possuam visão ampla e clara do dispositivo de para de emergência de forma prática e também de forma rápida, além de que, o seu entendo deve estar sempre desobstruído, como ilustra a imagem 3. Figura 3 – Botão de emergência com facilidade de acesso. Fonte: Pixabay, 2017. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 2.10 Capacitação Para que os funcionários de uma determinada empresa sejam capacitados a atuarem de acordo com as regras da NR-12, um treinamento deve ser fornecido. Todas as atividades que envolvem manutenção, inspiração ou qualquer tipo de intervenção em máquinas e equipamentos, só podem ser realizadas por colaboradores devidamente habilitados e autorizados. Para a execução do trabalho, a capacitação deve ocorrer obrigatoriamente antes do funcionário exercer a função, deve também estar contida nas 8horas diárias de trabalho e ser realizada no turno de trabalho. Além do mais, é necessário que a capacitação seja ministrada por profissionais que possuam experiência na atuação, para garantir o ensinamento correto. Para finalizar, como existe uma grande variedade de máquinas e equipamentos, é necessário que a capacitação seja voltada para a área de atuação dos colaboradores, não fazendo sentido, por exemplo, a capacitação em NR-12 abordar injetoras plásticas se o funcionário trabalha em uma indústria de fundição (FIBRA, 2015). Para finalizar nosso conteúdo deste segundo capítulo, observe a Figura 4 a seguir. Figura 4 – Situações de risco com máquinas em funcionamento. Fonte: Freepik, 2021. Observe que em ambas as situações apresentadas é necessário do manuseio e controle humano para o funcionamento da máquina. Na primeira imagem (Figura 3-a) é possível observar uma caixa de energia logo na lateral da máquina, onde se localizada botão emergência por exemplo, sendo, portanto, de fácil acesso ao operador. Observe também a utilização do EPI correto (luvas) devido a proximidade da mão com a ferramenta. Agora, observa na Figura 3-b, uma máquina ferramenta pintada de laranja, indicando que é uma máquina de corte. É possível observar um botão de GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 emergência de fácil acesso logo acima das mãos do operador que está munido de EPIs como óculos de proteção e protetorauricular. Em caso de emergência, o botão de emergência deve ser acionado imediatamente, que irá parar o funcionamento da máquina e acionar um chamado de ajuda. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 CAPÍTULO 3 A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO 3.1 INTRODUÇÃO Segundo o site do INSS (2019), a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para o reconhecimento de acidentes de trabalho ou até mesmo de doenças ocupacionais. Ainda de acordo INSS (2019), acidentes de trabalho ou acidentes de trajeto é o acidente que ocorre durante o exercício da atividade profissional, podendo este ser a serviço da empresa ou até mesmo durante o deslocamento no trajeto casa-trabalho ou trabalho-casa, causando lesões corporais, lesões funcionais ou provocando a perda ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para executar o trabalho ou em casos mais extremos, causando a morte. Enquanto que doenças ocupacionais é a doença que surgiu ou foi desencadeada devido ao exercício de determinada função de forma constante O documento apresentado acima é bastante conhecido entre profissionais de industriais, contudo, pouco sabem de onde vem todo o embasamento teórico desta normatiza, tão pouco sabem em qual lei encontrar. Para começarmos nossa discussão, utilizaremos a instrução Normativa n° 45 de 2010 que aborda o CAT a partir do artigo 355 e até o artigo 360. Além disso, o decreto número 3.048 de 1999 também aborda o CAT no artigo 336, fazendo algumas determinações. Já a lei 8.213 de 1991 também aborda CAT, desta vez do artigo 22 ao 23. Como podemos observar, a Comunicação em caso de Acidente de Trabalho é abordada e discutida por diversas legislações previdenciárias, inclusive, no próprio site da previdência social, que iremos abordar logo mais. 3.2 QUANDO REALIZAR O CAT? Segundo o artigo 22 da lei 8.213/91, já apresentada, é obrigação da empresa informar à Previdência Social todo e qualquer tipo de acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados em suas dependências, mesmo que o acidente ocorrido não provoque afastamento das atividades. O aviso deve acontecer até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e em caso de morte, a comunicação deve acontecer de forma imediata (OLIVEIRA, 2018). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 A empresa que não informar à Previdência Social o acidente de trabalho dentro do prazo legal, estará sujeita a aplicação da multa prevista pelos artigos 286 e 336 do Decreto nº 3.048/1999 (INSS, 2019). Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro deste instrumento junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa (Governo Federal, 2021, p. 1). No Brasil, há um costume/cultura que leva as empresas a emitirem o CAT apenas em caso em que é necessário o afastamento por 15 dias ou mais, uma vez que nestes casos o trabalhador deverá dar entrada no INSS para que o órgão seja o responsável por financiar seus pagamentos, sendo, desta forma, inevitável, que o órgão não tome conhecimento do fato. Para o sistema, esta prática é bastante prejudicial uma vez que está acobertando a real situação de acidentes que o ambiente industrial brasileiro se encontra. 3.3 REGISTRO DA CAT ON-LINE Corrêa (2018) explica que o registro do CAT pode ser realizado de forma on-line desde que seja preenchido obrigatoriamente todos os campos requisitados, outra opção é gerar o formulário em branco e preencher manualmente. Há, contudo, diversas dúvidas em relação a emissão do CAT. Uma delas é que muitos imaginam que apenas a empresa responsável pode emitir o CAT, entretanto, é um pensamento equivocado, pois, o artigo 358 da Instrução Normativa (IN) 45 apresenta outras possibilidades, são elas: • O próprio acidento ou seus dependentes; • O sindicato da função exercida; • O médico que assistiu ao funcionário; • Autoridades públicas envolvidas. Há, entretanto, outra categoria de acidentes que é a categoria do acidente que aconteceu em um trabalhador avulso, neste caso, o CAT poderá ser emitido por: • Empresa responsável pelo serviço; • Sindicato da categoria; • Gestor da mão de obra responsável. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 ISTO ESTÁ NA REDE Para realizar um CAT online basta seguir o passa a passo: 1. Acessar o link de cadastro online: https://cadastro-cat.inss.gov.br/ CATInternet/faces/pages/cadastramento/cadastramentoCat.xhtml 2. Uma página semelhante a Imagem 5 deverá aparecer 3. Será necessário entrar com a seguinte informação: tipo de CAT (abertura, reabertura ou comunicação de óbito). 4. Em seguida, será necessário inserir o tipo de empregador, o número de CNJP da empresa, o PASEP do trabalhador, a data do acidente e último dia de trabalho. Imagem 5 – Cadastro do CAT online Fonte: O autor, 2021. ANOTE ISSO Um ponto de atenção é que o CAT deve ser aberto em qualquer acidente que aconteça durante o período de trabalho, inclusive, tanto o percurso de ida quanto o percurso de volta do trabalho estão inclusos. Esse ponto é bastante importante pois comumente gera uma dúvida bastante especifica. Digamos que um funcionário que trabalha em duas empresas distintas sofre um acidente no percurso de um trabalho ao outro, quem deverá acionar o CAT? Neste caso, segundo o parágrafo 1 do artigo 258 da IN 45, as duas empresas deverão abrir um chamado. 3.4 TIPOS DE CAT Para facilitar a administração e o controle dos chamados, o CAT se divide em três grandes grupos: CAT inicial, CAT de reabertura e CAT de óbito. Vejamos a seguir cada um deles: https://cadastro-cat.inss.gov.br/CATInternet/faces/pages/cadastramento/cadastramentoCat.xhtml https://cadastro-cat.inss.gov.br/CATInternet/faces/pages/cadastramento/cadastramentoCat.xhtml GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 O CAT inicial deve ser aberto para a realização de um acidente de trabalho que envolta trajeto, doença profissional ou mesmo um óbito imediato. Já o CAT de reabertura deverá ser aberto quando ocorrer um agravamento ou uma sequela de uma determinada lesão proveniente de um acidente de trabalho que já aconteceu e que já foi notificado lá no CAT inicial. Neste CAT de reabertura, deverá constar todas as informações já apresentadas anteriormente no CAT inicial exceto as seguintes informações: quantidade de tempo de afastamento, data do último dia trabalhado, anexo do atestado médico e também a data de emissão uma vez que essas informações serão referentes a nova data de reabertura. O texto da instrução normativa determina que não serão considerados CAT de reabertura quando o procedimento for uma simples consulta médica nem quando exigir afastamento do profissional em menos de 15 dias seguidos. Por fim, o CAT de óbito ou CAT de comunicação de óbito é um chamado que deverá ser aberto em caso de falecimento do colaborador por causas que decorreram de um acidente que já aconteceu e que já foi realizado o CAT inicial. Lembrando que, enquanto que no CAT inicial é registrado a morte IMEDIATA, aqui no CAT de óbito é registrado a morte que aconteceu em detrimento a algum evento que já aconteceu. Por exemplo, um trabalhador se acidentou, bateu a cabeça e ficou em coma. Neste caso, deve ser aberto um CAT inicial informando o acidente. Alguns dias após o acidente, o estado do funcionário acidentadopiora e o óbito acaba acontecendo, neste momento, deverá ser iniciado um CAT de comunicação de óbito. Outra dúvida bastante recorrendo é na abertura de CAT envolvendo doenças. Realizar a abertura de um CAT envolvendo acidentes é mais fácil do que realizar a abertura de um CAT envolvendo doenças, isso se deve a alguns fatores bastantes simples: marcação temporal. Vamos entender? Um acidente, quando ocorre, apresenta um horário de ocorrência e uma data, ou seja, tem como realizar a localização no tempo. Já uma doença é um pouco mais complicada pois como determinar a data e o horário que ela surgiu, por exemplo? Como realizar o preenchimento do campo “data”? Para esclarecer este ponto, devemos buscar a resposta no artigo 23 da lei 8.213 de 1991. Para responder à questão apresentada, deverá ser considerado a data que se deu início a incapacidade de exercer a atividade profissional ou mesmo o dia que foi obtido o diagnóstico. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 3.5 PROCURE UMA AGÊNCIA DO INSS No site da Justiça do trabalho encontra-se as orientações para caso não seja possível a realização do informativo CAT de forma on-line, desta forma, a empresa não estará sujeita a aplicação de multa por descumprimento do prazo estabelecido pela legislação. O registro do CAT pode ser realizado em agências do INSS, para que seja validado, o registro deve estar devidamente preenchido e assinado (JUTIÇA DO TRABALHO, 2018). De acordo informações retiradas do site do INSS, para que o atendimento presencial ocorra, será necessário apresentação de documento com foto e o número do CPF. 3.6 INFORMAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DO CAT Em caso da empresa se recusar a emitir o CAT então poderá haver a atuação dos órgãos responsável podendo haver a aplicação de multas uma vez que a omissão do acidente de trabalho é considerada crime de acordo o artigo 269 do código penal juntamente com o artigo 169 das Leis Trabalhistas. Empresas que se recusarem a emitir o CAT poderá receber multas com valores variando de 545 reais até 3.689,66 reais sendo que este valor pode ser ainda maior se a previdência averiguar apresenta reincidência em omissão de emissão do CAT. Além de tudo que já foi apresentado aqui, a emissão do CAT apresenta ainda mais vantagens. Sabemos que o mesmo apresenta o papel de registro de doenças e acidentes que ocorrem em decorrência das funções e atividades exercidas na/para empresas. Contudo, uma informação bastante interessante é que, quando o funcionário ultrapassar o período de quinze dias de licença comprovada do acidente de trabalho ocorrido ou mesmo da doença de trabalho, então o trabalhador terá direito a receber um auxilio doença acidentário, diferente do auxílio doença comum, sendo que o primeiro apresenta algumas vantagens, como: • Depósito do FGTS durante o período de afastamento; • O período de afastamento será contabilizado para o tempo de aposentadoria; • Estabilidade de um ano no emprego após o retorno das atividades; • Dependendo da gravidade do acidente/doença, haverá a possibilidade de receber um auxilio indenizatório em caso de sequelas ou lesões que impliquem na redução de sua capacidade de trabalho. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 3.7 ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL Os acidentes de trabalho que ocorrem no brasil resultam em um grande prejuízo aos cofres públicos uma vez que os gastos com pensões, aposentadores e auxílios para as vítimas são bastante altos. Para nos ajudar a entender melhor e a quantificar alguns dados, o Ministério da Previdência e Assistencial Social divulga quase que anualmente os dados obtidos a respeito dos acidentes trabalhistas Para entendermos melhor os dados disponíveis, observe a Tabela 2 a seguir. M ES ES QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO TOTAL COM CAT REGISTRADO SEM O CAT REGISTRADOTOTAL MOTIVO TÍPICO TRAJETO DOENÇAS DO TRABALHO 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 2015 2016 2017 622.379 585.626 549.405 507.753 478.039 450.614 385.646 355.560 340.229 106.721 108.552 100.685 15.386 13.927 9.700 114.626 107.587 98.791 Tabela 2 - Quantidade mensal de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo. Fonte: Adaptado de Ministério da Fazenda, 2017, p. 68. O gráfico retirado do site da Previdência Social nos informa o número total de acidentes para os anos de 2015, 2016 e 2017, além de apresentar também os valores para os acidentes que não acionaram o CAT. Podemos ver, por exemplo, que para todos os anos, o número de acidentes que ocorreu sem o registo de CAT se aproxima ou passa dos 100 mil acidentes. Parra facilitar nossa análise, observe a Tabela 3 onde a tabela foi montada apenas com os dados mais recentes do ano de 2017. MESES QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO TOTAL COM CAT REGISTRADO SEM O CAT REGISTRADOTOTAL TIPICO TRAJETO DOENÇAS DO TRABALHO 549.405 450.614 340.229 100.685 9.700 98.791 Tabela 3 - Quantidade total de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo. Fonte: Adaptado de Ministério da Fazenda, 2017, p. 68. Pela tabela apresentada acima, observamos que dos quase 550 mil casos que aconteceram, praticamente 100 mil não apresentaram o CAT registrado. Além disso, aproximadamente 340 mil casos registrados foram acidentes que aconteceram na GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 fábrica/local de trabalho, aproximadamente 100 mil acidentes aconteceram no trajeto (ida/volta) e aproximadamente 10 mil casos foram registrados como doença. Para melhor visualização do que foi informado observe a Figura 6 a seguir. Figura 6 - Distribuição de acidentes do trabalho, por motivo, no Brasil. Fonte: Adaptado de Ministério da Fazenda, 2017, p. 68. Quase 20% dos acidentes que ocorreram no Brasil no ano de 2017 não foram informados. Da porcentagem de acidentes informados ao CAT, a grande parte (aproximadamente 75%) foi referente a acidentes que aconteceram no ambiente de trabalho. Com essas informações fica claro que o número de omissões ou de não registro ainda é bem alto e esta é uma realidade que precisa ser alterada. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 CAPÍTULO 4 ORGANIZAÇÕES DE PREVENÇÃO AO ACIDENTE 4.1 INTRODUÇÃO Neste tópico apresentaremos e discutiremos dois conceitos muito importantes no dia a dia industrial. O primeiro conceito será a respeito da CIPA, este termo será o objeto de trabalho principal do nosso capítulo, entenderemos como funciona, qual seu objetivo e quem pode participar desta organização que se destina a proteção e preservação da vida. Em um segundo momento, abordaremos de forma mais superficial o conceito de SESMT, desta vez, será apresentado o que é esta organização e quem poderá participar. A Figura 7 a seguir ilustra como ambas as organizações devem ser representadas dentro da empresa. Figura 7 – Símbolo da CIPA e do SESMT Fonte: adaptado de Saudeevida e Segurancadotrabalho, 2020. De forma geral, a simbologia é a mesma e quase sempre ocupam o mesmo ambiente de trabalho devido a similaridade entre as funções. No decorrer desta unidade veremos suas particularidades. Vamos embarcar nesta aventura juntos? 4.2 INTRODUÇÃO À CIPA A CIPA, abreviação para “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes” é um grupo composto por funcionários de uma empresa para representar os funcionários de um GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 modo geral e o empregador em assuntos relacionados a colaboração à prevenção de acidentes. A CIPA tem como filosofia que o acidente de trabalho é sempre fruto de causas que podem ser evitadas, amenizadas ou eliminadas, (BRASIL, 2019). De acordo Ferreirae Peixoto (2012), em 1940 o Governo Federal criou a CIPA com o intuito de minimizar a grande quantidade de acidentes de trabalho que havia acontecendo em empresas, os autores afirmam que o objetivo era encontrar soluções que fossem capazes de proporcionar maior segurança ao trabalhador e ao local de trabalho. 4.3 QUEM DEVE POSSUIR A CIPA? A CIPA deve estar presentem em forma de estabelecimento e deve estar devidamente regulamentada e funcionando em: empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas entre outros tipos de instituições que admitam trabalhadores como empregados (CIPA, 2013). 4.4 OBJETIVOS DA CIPA A CIPA tem como objetivo garantir e representar os interesses dos trabalhadores quando relacionados a assuntos de melhoria da segurança do ambiente de trabalho e de saúde ocupacional. É também objetivo da CIPA observar e levantar os possíveis riscos presentes no ambiente de trabalho bem como exigir medidas a fim de minimizar riscos ou até mesmo elimina-los, discutindo e orientando os trabalhadores em relação a preservação a vida (LAGOA SECA, 2019). ANOTE ISSO O item 5.16 da NR-5 dispõe as diversas atribuições de atividades que cabem a CIPA executar: • Elaboração de mapa de risco; • Elaboração de um plano de trabalho sendo este, um documento que deverá conter o passo a passo do trabalho; • Ajudar a equipe de segurança a definir processos de melhoria continua no que se refere a preservação de vida; • Realizar um checklist de segurança do ambiente de trabalho. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 4.5 A REPRESENTAÇÃO NA CIPA A CIPA deve ser composta por representantes de ambas as partes (empregado e empregador). O representante da parte do empregador é indicado pelo mesmo, enquanto que o representante da parte dos empregados deve ser eleito via voto popular entre os empregadores presentes na fábrica. O número de pessoas que irão compor a CIPA irá variar de acordo o número de funcionários que a empresa possui e essa relação está presente no Quadro 1 na NR 5 disposta no site do Ministério do Trabalho. Além disso, a CIPA deve ser comportas por membros de diferentes setores da empresa, não podendo voltar membros do setor que mais ocorre acidentes dentro da empresa (CIPA – USP, 2020). 4.6 EMPRESAS QUE NECESSITAM E NÃO NECESSITAM DA CIPA O item 5.2 da Norma regulamentadora número 5 nos informa que a CIPA deve estar presente nas empresas no formato de estabelecimento, devendo estar presente em empresas de todos os âmbitos: privadas, públicas, sociedade de econômica mista, nos poderes legislativos, instituições beneficentes, cooperativas e todas as outras modalidades de empresas. Em resumo, toda empresa que possui pessoas trabalhando na condição de “empregado”, mesmo que voluntário, deverá apresentar a CIPA, sendo raro os casos de empresas que não apresentarão a CIPA. Inclusive, se a sua empresa apresenta menos de 20 empregados, o número mínimo de membros da CIPA será “um” e está única pessoa já será considera a CIPA. A diretoria da empresa deverá indicar um responsável para deixa-lo encarregado do cumprimento das atribuições dispostas na NR 5, devendo o mesmo promover treinamentos para os outros membros da CIPA (SESI, 2008). 4.7 ELEIÇÃO E MEMBROS ELEITOS A eleição é um processo que deverá ser realizado durante o expediente normal da empresa e deverá também respeitar os turnos e deverá obrigatoriamente ter a presença de mais da metade do número de empregados de cada setor (SESI, 2008). Membros eleitos possuem algumas vantagens profissionais em relação a outros funcionários. https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 O item 5.8 da NR 5 estabelece que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. Os motivos da dispensa arbitrária, apresentados anteriormente, estão em conformidade com o Art. 477 da CLT, que prevê o rompimento do contrato de trabalho com “demissão por justa causa”. O parágrafo único do Art. 165 (CLT) determina que caberá à empresa comprovar, em caso de reclamação trabalhista, os motivos que levaram à demissão do empregado eleito para a CIPA no período da estabilidade (ARAÚJO, p 178, 2014) O processo de eleição deve ser realizado há um prazo de no mínimo quinze dias antes do fim do mandado atual dos membros da CIPA. Contudo, se esse procedimento é novo em sua empresa e a CIIPA ainda não existe, então algumas etapas deverão ser realizadas: • Etapa 1: divulgação das vagas abertas possibilitando a candidatura dos funcionários da instituição, a divulgação deverá contar com um edital presente com as instruções prazos e formas de realização do processo; • Etapa 2: Divulgação do número de inscritos/nome dos inscritos; • Etapa 3: Ato de acontecimentos da eleição; • Etapa 4: Ata de eleição: presença dos dados do presidente, vice-presidente e secretário escolhidos via votação popular; • Etapa 5: Ata de posse dos funcionários da CIPA; • Etapa 6: Elaboração do calendário de reuniões mensais onde deverá ser decidido a sazonalidade (semanal, quinzenal, mensal, etc); • Etapa 7: Fornecimento de treinamento, por parte do empregador, para os membros da CIPA. Além do mais, em caso de você assumir a presidência, será sua função: 1. Realizar a convocação dos membros da CIPA para reuniões semanais/mensais. 2. Realizar a coordenação das reuniões, conduzindo com eficiência e convocando o empregador e o SESMT quando necessário. 3. Realizar relatórios e atas da reunião para manter o empregador informado a respeito do assunto. 4. Realizar atividades de supervisão dos planejamentos já implantados. 5. Delegar funções aos membros. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 Em suma, qualquer funcionário poderá fazer parte da comissão da CIPA. Ao contrário do SESMT, que veremos ao final deste capítulo, a CIPA deve ser constituída por profissionais de todos os setores, não sendo necessário haver formação técnica no assunto. 4.8 DIMENSIONAMENTO DA CIPA Com base na norma (NR-5) podemos realizar a determinação do número de colaboradores que irá compor o quadro de funcionários da CIPA, garantindo um número mínimo de funcionários efetivos e suplentes para constituir a comissão e seguir o trabalho. Para o dimensionamento correto, é necessário levar em conta três fatores. O primeiro fator está relacionado a atividade que a empresa exerce relacionando o risco que a empresa apresenta, já o segundo fator diz respeito ao setor econômico da empresa enquanto que o terceiro fator está ligado ao número de funcionários que a empresa apresenta Com base no que foi apresenta, três passos podem ser apresentados que irão auxiliar no dimensionamento da CIPA: Passo 1: a primeira decisão a ser tomada apresenta relação com a determinação da atividade que a empresa realiza (o que ela faz, o que produz, qual serviço ela presta, e assim por diante). Passo 2: com a determinação da atividade desenvolvida, então o quadro III da NR-5 deverá ser consultado para se obter um código único referente a atividade/setor de atuação da empresa. Passo 3: com a atividade identificada e o código obtido, agora é o momento de realizar a identificação do setor econômica. Para isso, o quadro de número II disposto na NR-5 deverá ser consultado Neste quadro será possível identificar o grupo que a empresa se encontra na classificação com base na Classificação Nacional de Atividade Econômicas. Passo 4: agora é o momentode determinar o número de colaboradores efetivos e suplentes que sua instituição CIPA deverá possuir, para isso, será necessário consultar o quadro I presente na NR-5. Este quadro irá relacionar o número de funcionários com o setor de atuação e o setor econômica, fornecendo o número de funcionários necessários. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 Em suma, três quadros deverão ser consultados para realizar o dimensionamento correto da CIPA. Os quadros são: 1. Número de empregados do estabelecimento – Quadro I da NR 5 2. Setor econômico da empresa – Quadro II da NR 5 3. Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) da empresa – Quadro III da NR 5. 4.9 REUNIÕES DA CIPA A CIPA deverá se reunir com todos os seus membros, pelo menos uma vez por mês, durante o expediente normal de seus funcionários e em local apropriado (PIMENTEL, 2009). Existem um modelo de reunião conhecido como “reunião extraordinária”. A reunião extraordinária da CIPA deverá ocorrer sempre que houver acidentes de trabalho. O acidente pode acontecer com ou sem vítima e caberá ao responsável da CIPA, dependendo da gravidade do problema, convocar a reunião com urgência ou agendá- la para um dia próximo (CIPA – USP, 2020). O responsável pelo CIPA deverá encaminhar o relatório/ata realizado durante a reunião extraordinária para o SESMT e ao empregador para que as soluções discutidas sejam providenciadas (SESI, 2008). O empregador, após receber o relatório/ata com as solicitações de melhoria terá um prazo de até 08 (oito) dias para responder à CIPA com as medidas adotadas para o problema apresentado (BRASIL, 2019). 4.10 CURSO BÁSICO DE CIPEIRO Cabe à empresa disponibilizar recursos e promover a todos os membros formadores da CIPA, inclusive secretários substitutos, cursos relacionados a prevenção de acidentes do trabalho sendo que o mesmo deve possuir uma carga horária mínima de 18 horas e obedecer a ementas pré-estabelecidas. O curso deve ocorrer em horário de expediente norma da empresa (BRASIL, 2019). O curso deverá ser realizado de preferência pelos SESMT da empresa e, na impossibilidade, por entidades especializadas em segurança do trabalho, entidades sindicais para a categoria profissional correspondente ou ainda por centros e empresas de treinamento, todos credenciados, para esse fim, na DRT, órgão regional do MTE. (PIMENTEL, p. 59, 2009). https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 4.11 EXIGENCIAS LEGAIS - CIPA Após a efetivação da CIPA dentro da empresa, a mesma não poderá reduzir seu número de funcionários, exceto se houver uma redução no quadro de funcionários da empresa. Além disso as atividades da CIPA não poderão jamais ser encerradas, a menos que a empresa venha a fechar (SESI, 2008). 4.12 O QUE É SESMT? A sigla “SESMT” significa “Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho”. Esta instituição, assim como a CIPA, busca garantir um ambiente saudável e seguro para que os funcionários possam executar suas funções da melhor forma possível. O SESMT foi criado no ano de 1967 para suprir a necessidade de uma organização que se responsabilizasse pelas doenças ocupacionais uma vez que, leis trabalhistas relacionadas a segurança do trabalho existem desde 1919, contudo não abrangendo as doenças. Logo, até a data citada (1967), pessoas que, porventura, adquirissem algum tipo de enfermidade no ambiente de trabalho, acabariam sendo prejudicadas uma vez que não iria receber nem possuir nenhum tipo de assistência bem por parte do governo nem por parte da empresa. O SESMT é abordado e definido pela NR-4 onde é possível obter, de forma gratuita pelo site do governo federal, informações como: dimensionamento de um SESMT, funções, punições e muito mais. 4.13 QUEM PODE PARTICIPAR DO SESMT? No item anterior apresentamos o conceito de SESMT, agora iremos apresentar de forma bastante objetiva quem pode fazer parte desta instituição. Poderão constituir o corpo de funcionários do SESMT: médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico em segurança do trabalho com registro no ministério do trabalho e auxiliar de enfermagem. Para o dimensionamento do corpo de funcionários deverá ser levado em conta informações como número total de funcionários da empresa bem como o nível de risco que a empresa possui. Esta última informação pode ser obtida por tabelas dispostas na NR-4, assim como o passo a passo para o dimensionamento correto. https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/748669/mod_resource/content/1/NRs_Comentadas.pdf GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 CAPÍTULO 5 SEGURANÇA DO TRABALHO EM ALTURA – NR 35 5.1 INTRODUÇÃO Como já adiantado pelo título, a Norma Regulamentadora número 35 é referente a segurança e saúde do trabalhador tratando de serviço em altura. A norma estabelece requisitos mínimos para garantir a proteção dos trabalhadores em diferentes níveis e é assegurada pela lei 6.514, portaria MTE 593/2014. A normativa abrange diversas atividades realizadas em altura, como por exemplo: limpeza de fachadas e janelas, limpeza de caixa d’água, construção, reparos, pinturas, instalações em postes e diversos outros, como apresentado na Figura 8. Figura 8 – Exemplos de trabalhos em altura. Fonte: Adaptado de Freepik, 2021. Para que a normativa seja válida, a norma considera que trabalho em altura e todo trabalho realizado acima de 2 metros em relação ao chão pois acima desta altura já começam a oferecer perigo na queda. |5.2 RESPONSABILIDADES EMPREGADO/EMPREGADOR Para começarmos nossa discussão, apresentaremos quais são os direitos e deveres do empregado e do empregador quando tratamentos de NR-35. É obrigação do empregado: 1- Cumprir toda o texto disposto de forma legal pela NR-35; 2- Cumprir os procedimentos expedidos pela empresa contratante desde que obedeça às normas; 3- Colaborar com a empresa na implementação e disseminação da NR-35; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 4- Exercer o direito de recusa de execução de atividade sempre que houver a constatação de que a atividade apresenta riscos para sua segurança e saúde ou mesmo para a segurança e saúde de outras pessoas; 5- Zelar pela segurança dos colegas de trabalho e das pessoas que possam estar presentes no local de trabalho. É obrigação do empregador: 1- Executar a implantação das medidas de proteção de serviço em altura dispostos na NR-35; 2- Garantir aplicação de ferramentas como a Análise de Riscos para assegurar o levantamento de todos os riscos presentes no local; 3- Buscar pelo desenvolvimento operacional de atividades rotineiras que possam auxiliar a garantir a segurança; 4- Assegurar avaliações prévias do local de trabalho pois possibilitam melhor planejamento dos itens de segurança; 5- Adotar medidas necessárias para alcançar a implantação de todos os itens da NR-35 dentro dos limites do serviço a ser executado; 6- Manter os funcionários sempre atualizados contra a situações do ambiente de trabalho que poderão auxiliar nas tomadas de decisões. 7- Garantir que todo e qualquer trabalho envolvendo altura só se inicie após a garantia que todas as medidas necessárias foram previamente adotadas. 8- Suspender trabalhos em altura quando perceber possíveis riscos que fogem do planejado; 9- Garantir a supervisão dos funcionários na realização de todos os trabalhos em altura; 5.3 COMO MINIMIZAR DADOS EM CASO DE ACIDENTE Eliminar ou, ao menos, minimizar riscos deve ser sempre o foco do líder responsável para garantir a total integridade física e mental do seu colaborador, contudo, sabemos que situaçõesinesperadas podem acontecer a qualquer momento e devido a isso, é necessário estarmos preparados também. É necessário analisar cenários em que, caso um acidente aconteça, o que fazer para reduzir o impacto do trabalhador? Para isso, existem equipamentos absorvedores de choque. O impacto final do funcionário em uma queda será resultado de alguns pontos de influência, como: dispositivo trava-quedas, o peso do funcionário, fator de queda. Para entendermos melhor este último termo, fator de queda, podemos imaginar a relação entre a altura da queda e do comprimento da corda que o trabalhador está pendurado, chamado de talabarte, disponível na Figura 9. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Figura 9– Talabarte em uso em um serviço envolvendo altura. Fonte: Adaptado de Freepik, 2021. Podemos, portanto, definir “fator de queda” como sendo a razão entre a altura da queda e o comprimento do talabarte que absorve a queda. Para justificarmos melhor este exemplo, considere um trabalhador executando trabalho em altura que apresenta risco de queda. O trabalhador está utilizando os devidos EPIS (que falaremos mais a frente nesta unidade) e seu talabarte apresenta cerca de 1 metro de comprimento. Com base nestas informações, podemos ter diferentes cenários de quedas, como demonstrado na Figura 10. Figura 10 – Demonstração de diferentes fatores de queda. Fonte: TESSEG, 2019, p. 14. O ideal, para maior segurança do funcionário, é que o fator de queda seja menor que 1, ou seja, a razão entre a altura da queda e o comprimento do talabarte será menor que 1. Para valores de fatores de queda igual ou maior que 1 já são situações de maior risco, devendo, portanto, haver maior supervisão e maiores cuidados. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 5.4 SINDROME DA SUSPENSÃO INERTE Um dos grandes perigos da queda é a Síndrome de Arnês ou, como é popularmente conhecida, Síndrome da Suspensão Inerte. Para que esta doença aconteça, são necessários dois fatores: suspensão e imobilidade. Neste caso, em caso de acidente, os membros inferiores do corpo do trabalhador que ficam suspensos, acabam sofrendo de represamento sanguíneo uma vez que o próprio cinto que prende a pessoa no ar acabará prendendo e interrompendo a circulação do sangue pelas artérias e veias, provocando um colapso no sistema circulatório. O colapso pode estar ligado a falta de oxigenação dos membros inferiores e também a deficiência de oxigenação ao cérebro, entre outros fatores como arritmia, pressão etc. Para entender melhor este acidente, observe a Figura 11 abaixo. Figura 11 – Síndrome da suspensão inerte. Fonte: TESSEG, 2019, p. 15. Como consequência desta doença, temos de problemas considerados mais leves como formigamento, amortecimento, tonturas e náuseas até problemas mais graves como hipertermia, inconsciência, choques circulatórios, traumas irreversíveis, reações fisiológicas adversas e até mesmo óbito. 5.5 INSPEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA O procedimento padrão inicial para começar a realizar um trabalho em altura é realizar a ação de inspeção para assegurar que todos os equipamentos estão de acordo com os conformes. A inspeção é um procedimento padrão tão importante que deve ser realizado no momento de compra do equipamento e também de forma periódica e rotineira, de GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 acordo as atividades de uso. A ação pode assumir um caráter preventivo e corretivo uma vez que previne acidentes e pode eliminar erros assim que detectados. ANOTE ISSO A inspeção é um procedimento que pode se estender a todos os equipamentos, sejam eles de proteção individual ou de proteção coletiva. Os EPI – Equipamento de Proteção Individual mais populares são: sistema de ancoragem, elementos de ligação e equipamentos, cordas, capacetes e outros, como ilustra na Figura 12. Figura 12 – Equipamentos de proteção individual para trabalho em altura. Fonte: Adaptado de Freepik, 2021. Nem toda atividade irá exigir o uso de todos os equipamentos, sendo que caberá ao responsável do trabalho determinar o equipamento correto e adequado para o serviço que será utilizado. Além dos EPIs temos também os EPC – Equipamento de Proteção Coletiva que protegem um grupo de pessoas simultaneamente e são utilizados para neutralizar ações dos agentes ambientes, reduzindo a possibilidade de um acidente. Para representar esta categoria, temos os equipamentos demonstrados na Figura 13 a seguir. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 Figura 13- Equipamentos de proteção coletiva envolvendo trabalhos em altura. Fonte: Adaptado de TESSEG, 2019, p. 19. O isolamento da área de trabalho deve ser sempre realizado utilizando a sinalização correta para evitar que pessoas que transitam pelo local se acidentem. 5.6 PONTO DE ANCORAGEM Os dispositivos de ancoragens são aqueles elementos definitivos ou mesmo temporários que são utilizados para suportar o impacto da quadra, este elemento é utilizado pelos funcionários para que os mesmos possam conectar seus equipamentos de proteção individual de forma que, em caso de uma queda, ficarão presos a esses pontos de ancoragem. Os pontos de ancoragem devem ser projetados por profissionais capacidades e habilitados. Um exemplo de ponto de ancoragem conectado a um cabo de aço está apresentado na Figura 14 a seguir. Figura 14 – Ponto de ancoragem com cabo de aço conectado. Fonte: Esperadeamcoragem, 2020 GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 Além dos pontos de ancoragem, devemos ter também os acessórios para ancoragem, o mais comum são as cintas de poliéster (Figura 15) que apresentam fácil transporte e suportam cargas de rupturas podendo varias de 18 kN até 35 kN. Figura 15 – Variedades e aplicações dos cintos de segurança. Fonte: TESSEG, 2019, p. 21. Além das cintas, temos as travas quedas deslizantes que são utilizados em sistemas de linhas de vida e impedem a queda pois possui um dispositivo de travamento automático em caso de impacto. Podemos citar ainda as travas quedas retrátil, as cordas, mosquetões e os talabartes. 5.7 TIPOS DE NÓS Os nós são técnicas importantes utilizadas por funcionários que trabalham neste ramo de serviços em alturas pois auxiliam no transporte de pessoas, pessoas e movimentação. Diferentes nós são utilizados em diferentes finalidades. Na imagem da Figura 16 observaremos alguns nós bastante populares e na sequência iremos comentar cada um deles. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 Figura 16 – Diferentes técnicas para nós. Fonte: Adaptado de TESSEG, 2019, p. 31. ANOTE ISSO A seguir destacaremos cinco nós para vocês: • Oito duplo: nó utilizado para encordoamento, mais resistente que a volta do fiel. • Orelha de coelho: nó que é executado no meio de uma corda. Esta alça que se forma é utilizada como ponto de ancoragem para outros elementos. • Borboleta: apresenta a mesma função do nó orelha de coelha além de também ser criado no meio da corda, sua utilidade está relacionada a ancoragem. • Prussik: este nó, quando submetido a determinada tensão, ele trava, podendo ser utilizado para reduzir a tensão de queda. • Volta do fiel: é um nó de ancoragem que se ajuda à medida que é submetido a tração. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 CAPÍTULO 6 TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO (NR 33) E TRABALHO A CÉU ABERTO (NR 21) 6.1 INTRODUÇÃO DA NR 33 TRABALHO EM ESPAÇO CONFINADO A NR-33 possui como objetivo principal a garantia à vida e a segurançados trabalhadores na execução de serviços em espaço confinado. A Norma Regulamentadora disposta, foi uma conquista alcançada no ano de 2006, dos trabalhadores que atuam em situações de perigo e confinamento. A elaboração da norma aconteceu a partir de ocorrência de acidentes em espaços confinados e que para alguns especialistas em segurança do trabalho o local era caracterizado como confinado já para outros especialistas, o local não era caracterizado como local com trabalho confinado (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). 6.2 PARTICULARIDADES DA NR-33 Para que o espaço de trabalho seja caracterizado como espaço confinado, ele deve apresentar três características fundamentais: ANOTE ISSO • Possibilidade de haver contaminantes; • Ambiente não projeto para humanos; • Dificuldade de acesso (entrada/saída). Segundo ANAMT (2015), a principal característica do espaço confinado é a atmosfera perigosa que o ambiente apresenta. Por atmosfera perigosa entende-se a deficiência de oxigênio, presença de toxidade ou gases prejudiciais à saúde ou mesmo inflamável/ explosivo. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 O trabalho em espaço confinado pode acontecer em diferentes setores como na indústria alimentícia, indústria de borracha, indústria naval, indústria de papel e celulose, entre diversas outras. Mas afinal, qual tipo de serviço pode acontecer nesses ambientes? Veja bem caro (a) aluno (a), serviços de construção civil é uma grande porta de entrada para trabalhos em espaços confinados, além disso, operações de salvamento e resgate também são bastante comuns. Outro serviço que pode ocorrer é o trabalho de manutenção, reparos, limpeza, inspeção de equipamentos e/ou reservatórios, entre diversos outros. Deve-se haver bastante atenção quanto aos riscos presente no ambiente como quedas, afogamentos, choques elétricos, infecções por agentes biológicos como picadas de aranhas, escorpiões ou morcegos, cuidados com riscos químicos, e outros. 6.3. EVITAR ACIDENTES EM ESPAÇOS CONFINADOS Uma forma segura de garantir a preservação à vida é certificar que a NBR 14.787 está sendo seguida e atendida pela empresa. A NBR citada recebe o título de “Espaços Confinados: Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção”. Além, é claro, da própria Norma Regulamentadora número 33. Além disso, outra norma brasileira importante a ser seguida pelas empresas é a NBR. Se você é um funcionário prestes a executar algum serviço em espaço confinado, alguns pontos de atenção são necessários. O trabalho em espaço confinado só poderá ser realizado quando a empresa fornece autorização na permissão de entrada e trabalho (PET). O “PET” é um termo exigido por lei e que deve ser executado pelo supervisor de entrada, além disso, o serviço deve ser sempre executado com um vigia acompanhando o trabalho (CRPM, 2017) 6.4. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA Além dos fatores apresentados, é obrigação da empresa fornece treinamento a todos os trabalhadores devido aos riscos presentes, proporcionando conhecimento para determinar medidas de controle. Outro ponto que cabe a empresa providenciar é a inspeção prévia do local e também a realização de uma APR (Análise Preliminar de Riscos). Cabe ainda a empresa providenciar exames médicos, providenciar o PET, sinalizar e isolar a área, supervisionar a entrada e garantir a presença de um vigia, garantir a presença de equipamentos para realizar a medição de oxigênio, gases tóxicos ou GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 mesmos inflamáveis, garantir a presença de equipamentos de ventilação, providenciar EPIs (Equipamento de Proteção Individual), equipamentos de comunicação como walk talk e também equipamentos de iluminação bem como equipamentos de resgate (RAMOS, 2019) 6.5. OBRIGAÇÃO DO FUNCIONÁRIO O funcionário só deverá executar o serviço em espaço confinado após a supervisão do responsável de entrada, garantindo a segurança por meio de testes e adotando as devidas medidas. O item 33.5.1 da NR-33 nos informa que é o empregador tem o direito de interromper suas atividades e abandonar o local de trabalho se perceber a presença de algum perigo ou risco (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). É direito do trabalhador receber o devido treinamento para conhecer os riscos que ele irá enfrentar, conhecer o trabalho que irá executar, conhecer os procedimentos em caso de emergência e também conhecer a forma correta de utilização dos equipamentos (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). Além do mais, cabe ao trabalhador a comunicação de possíveis riscos não identificados em outras etapas, a utilização correta dos EPIs fornecidos, participar atentamente dos treinamentos e comparecer aos exames marcados para garantir condições físicas e mentais de execução do serviço (NETO E POSSEBON, 2007). 6.6. INTRODUÇÃO A NR-21: TRABALHO A CÉU ABERTO A NR-21 apresenta diretrizes que devem ser seguidas por todo tipo de trabalho realizado a céu aberto, como é o caso de canteiros de obras. Essa normativa é interessante pois, geralmente, quando utilizamos o termo “céu aberto”, o nosso primeiro pensamento é em um campo aberto, ventilado. Mas nem sempre esta é a realidade. A normativa apresenta itens a serem seguidos em diferentes ambientes como por exemplo, situações de temperaturas extremas como frio e calor, sol forte, chuva, vento, exposição a poeiras, e outros (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). O ambiente que será executado o serviço deverá garantir a segurança do trabalhador. Se imaginarmos um canteiro de obra de funcionários da construção civil, devem estar presentes todos os equipamentos e itens de segurança que irão garantir a integridade física dos mesmos. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 6.7 PONTOS DE DESTAQUE DA NR-21 O primeiro ponto que destacaremos é que, caso o serviço exija a permanência dos funcionários no local de trabalho para pouso, ou seja, exija que os funcionários durmam no local, como trabalhos executados em alto mar ou no meio do deserto, então os mesmos não poderão dormir a céu aberto e cabe a empresa garantir o alojamento correto para os mesmos. O objetivo é garantir um local fechado em condições favoráveis e humanas de descanso. Este alojamento, de acordo a NR tratada, pode ser em forma de tenda, cabine, abrigo, entre outros Outro ponto importante a ser destacado é a proteção contra clima intenso. A NR 21 no item 21.2 informa que “Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes.”. Vamos imaginar a seguinte situação: a empresa responsável pela execução do serviço proporciona uma barra para seus funcionários dormirem no meio da neve. Contudo, uma barraca é suficiente para garantir que os colaboradores não irão passar frio? Óbvio que não... a empresa deverá fornecer outros equipamentos como luvas, toucas, roupas térmicas etc. (MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR-21). Por fim, nosso último ponto de destaque são as condições do alojamento. Regras de higiene devem ser atendidas para garantir o mínimo de conforto. As casas sanitárias necessitam serem construídas em locais arejados, em lugares que não exista vegetação e no mínimo 50 metros afastado de depósitos de esterco, estábulos feno e outros. Outro ponto de importância é a presença de dispositivos de travamento em portas e janelas, além de haver dispositivo contra contaminação no poço de água. É necessário que o teto seja de madeira impermeável para que não apodreça e não seja inflamável. A fossa negra deve possuir, no mínimo, quinze metros de poço e serem construídas em lugares livres de enchentes. Os locais destinados às privadas (sanitários) deverão ser obrigatoriamente arejados, com ventilação excessiva, limpo e em condições adequadas de uso, devidamenteprojetado para não proporcionar a proliferação de animais como ratos e pragas. ANOTE ISSO Em suma, a NR-21 é uma norma bastante simples sem muitos itens complicados ou de difícil entendimento. É uma normativa complementar a NR 18, intitulada Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção que também trata de serviços realizados em canteiros de obras, contudo, de uma forma um pouco mais especifica (RAMOS, 2019) GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 CAPÍTULO 7 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO A aquicultura é compreendida como a atividade de cultivo de organismos que tem como característica o fato de seu ciclo de vida, em condições naturais, se desenvolver integralmente ou parcialmente em meio aquático. Ela se divide em ramos, a depender da espécie aquática criada, em: piscicultura (peixes), carcinicultura, (camarões), malacocultura (moluscos), ranicultura (rãs), algicultura (algas) (IBGE, 2014; REIS, 2018). Em 2014, a produção total proveniente da aquicultura foi de R$ 3,87 bilhões, sendo 70,2% desse valor proveniente da criação de peixes, 20,5% de camarões e 2,4% de ostras, vieiras e mexilhões. No ano de 2019, a produção aquícola alcançou 599 mil toneladas, tendo ocorrido aumentos de 3 a 7% ao ano desde 2013. Esses números demonstram que se intensificou a aplicação de tecnologia e, adicionalmente, cresceu o número de profissionais atuando no setor, daí a importância de discutir aspectos de segurança e saúde no trabalho (IBGE, 2014; CNA, 2020). Nos tópicos que se seguem serão abordadas as principais diretrizes para garantir ao trabalhador da aquicultura condições de segurança suficientes para que sua integridade e saúde sejam preservadas. 7.1 Norma regulamentadora nº 30 (NR-30) Além do volume de produção, o alto grau de informalidade dos produtores e comerciantes é um fator que acende o alerta em relação à necessidade de aplicar requisitos de segurança e saúde do trabalho, para que sejam garantidas as condições mínimas para proteção da saúde desses (REIS, 2018). A fim de suprir a lacuna gerada pela falta de regulamentações adequadas, foi publicada em 2002 a NR-30, a qual dispõe sobre Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário. Essa norma passou por retificações nos anos de 2007, 2008, 2010, 2013, 2015 e 2018 (BRASIL, 2002). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 7.2 Objetivo, aplicabilidade e competências O objetivo da NR-30 é promover condições de segurança e proteção da saúde dos trabalhadores aquaviários. São regidos por essa norma os profissionais certificados pela Marinha do Brasil para atuar em embarcações, tais como pescadores, marítimos, fluviais, mergulhadores, agentes de manobra e docagem (serviços de reparação que a manutenção não é suficiente para resolver) (CÉSAR et al., 2017). A norma cita que as seguintes embarcações são contempladas por ela (BRASIL, 2002): • Comerciais, de bandeira nacional ou internacional, que transportem mercadorias ou pessoas; • Abaixo de 500 AB (arqueação bruta, medida que expressa o volume total da embarcação), com base na finalidade e área de operação da mesma; • Artesanais, comerciais e industriais de pesca; • Plataformas de exploração e produção de petróleo; • Plataformas destinadas a outras atividades; • Embarcações contidas na Convenção Solas, não regulamentadas pela NR-10, 12 e 23. Essa norma também acaba protegendo não só os profissionais que atuam em embarcações, mas também em portos, a fim de impedir que a exposição a cargas de agentes nocivos, tais como produtos químicos, explosivos, inflamáveis e radioativos. De acordo com Lima (CÉSAR et al., 2017, p. 68): “Os riscos são iminentes e qualquer descuido poderá acarretar um acidente grave e fatal.” O cumprimento da NR-30 não substitui também a observância de outras disposições legais definidas em convenções, acordos e contratos coletivos de trabalho (BRASIL, 2002). 7.3 Grupo de Segurança e Saúde do Trabalho a Bordo das embarcações – GSSTB O GSSTB deve ser e mantido sob a responsabilidade do comandante e organizado a bordo de embarcações nacionais com pelo menos 100 de arqueação bruta (AB) e internacionais, com que permaneçam em operação por mais de 90 dias em águas sob jurisdição brasileira. Os tripulantes que devem integrar o GSSTB são enumerados na Figura 17 (BRASIL, 2002). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 Figura 17: Composição do GSSTB. Fonte: BRASIL, 2002 (Adaptado). Caso algum dos integrantes da Figura 1 não esteja a borda da embarcação, podem assumir profissionais de funções afins. Deve atuar em conjunto com o GSSTB a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de modo que os membros titulares e suplentes, quando embarcados, precisam estar presentes na reunião ordinária mensal do GSSTB (BRASIL, 2002). ANOTE ISSO Vamos pensar? A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é formada por uma equipe de pessoas que tem como principal objetivo atuar em prol da prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho. Você consegue pensar em razões para se ter um grupo específico de tripulantes que tenham como atribuição a mais, além das suas atividades laborais, preocupar-se com a promoção da saúde dos demais? Que medidas de saúde e segurança do trabalho a CIPA pode sugerir para a preservação da vida de todos a bordo da embarcação? Podem vir a ser convocadas também reuniões extraordinárias do GSSTB, por solicitação do comandante ou da maior parte dos membros do grupo, bem como por ocorrência de incidentes e acidentes de trabalho que tenham como consequência vítimas de lesão grave ou até mesmo óbito (CÉSAR et al., 2017). Além disso, o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) presta assessoria técnica em matéria de segurança e saúde do trabalho ao GSSTB visto que dentre as finalidades desse Grupo estão (BRASIL, 2002, parágrafo 30.4.6): GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 a) Manter procedimentos que visem à preservação da segurança e saúde no trabalho e do meio ambiente, procurando atuar de forma preventiva; b) Agregar esforços de toda a tripulação para que a embarcação possa ser considerada local seguro de trabalho; c) Contribuir para a melhoria das condições de trabalho e de bem-estar a bordo; d) Recomendar modificações e receber sugestões técnicas que visem a garantia de segurança dos trabalhos realizados a bordo; e) Investigar, analisar e discutir as causas de acidentes do trabalho a bordo, divulgando o seu resultado; f) Adotar providências para que as empresas mantenham à disposição do GSSTB informações, normas e recomendações atualizadas em matéria de prevenção de acidentes, doenças relacionadas ao trabalho, enfermidades infectocontagiosas e outras de caráter médico-social; g) Zelar para que todos a bordo recebam e usem equipamentos de proteção individual e coletiva para controle das condições de risco. ANOTE ISSO Fique atento: O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) é formado por um grupo de profissionais com conhecimentos técnicos na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), são eles: médico do trabalho, enfermeiro do trabalho, auxiliar ou técnico de enfermagem do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, técnico de Segurança do trabalho (BARSANO, 2018). As atribuições do GSSTB derivam das suas finalidades, de modo que cabe aos seus membros garantir o cumprimento das diretrizes de segurança e saúde do trabalho e meio ambiente adotadas na embarcação, avaliando se é possível aperfeiçoar as medidas de prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Adicionalmente, é de responsabilidade do grupo: zelar pelo funcionamento adequado dossistemas e equipamentos de segurança; investigar e ajudar a conscientizar as pessoas a respeito dos acidentes de trabalho; participar do planejamento e execução de treinamentos de combate a incêndio, resgate em ambientes confinados e emergências em geral, propondo medidas corretivas; dentre outras (CÉSAR et al., 2017). 7.4 Aspectos de higiene, segurança e saúde no trabalho A NR-30 descreve as condições ambientais que corroboram para a segurança e a preservação da saúde do trabalhador nas áreas da embarcação, tais como corredores, refeitórios, salas de recreação, as quais são descritas na Figura 18. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 Figura 18: Higiene, Segurança, Saúde e Conforto a Bordo de acordo com a NR-30. Fonte: BRASIL, 2002 (Adaptado). Dentre as medida de proteção da saúde e da segurança da tripulação estão definidas na NR-30: a desinfecção minuciosa das acomodações usufruídas por pessoas portadores de doença infectocontagiosa; a higienização de toda roupa de cama, sob a responsabilidade do empregador; garantia da ausência de irregularidades nos pisos e anteparas; uso de material antiderrapante para compor os pisos; mesas e cadeiras devem ser compostas por materiais resistentes à umidade, em bom estado de conservação e de fácil higienização; as cadeiras devem dispor de um aparato de fixação ao piso, evitando derrapagens; presença de sistema de exaustão para captação de fumaças, vapores e odores na cozinha; as instalações sanitárias devem ser submetidas a manutenções constantes (BRASIL, 2002). 7.5 Pesca comercial e industrial O anexo I da NR-30 define barco de pesca como um tipo de embarcação cuja operação vise a captura, conservação, beneficiamento, transformação para fins comerciais e industriais de seres aquáticos. O barco é tido como novo, caso sua construção tenha sido aprovada junto a Marinha do Brasil e, caso contrário, como barco de pesca (BRASIL, 2002). Adicionalmente, são definidos por esse anexo da norma três figuras no contexto da pesca comercial e industrial, conforme listado a seguir (BRASIL, 2002). • O pescador profissional: pessoa que exerce atividades, mesmo que esteja em período de formação e aperfeiçoamento, a bordo de um barco e que está habilitada perante a Marinha do Brasil; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 • Patrão de pesca: pescador que possui reconhecida habilitação para comandar um barco e ser o responsável por operar e administrar as atividades de pesca; • O armador: “pessoa física ou jurídica que explora barcos próprios, afretados, arrendados ou cedidos, dentro de qualquer modalidade prevista nas legislações nacional ou internacional, ainda que esta não seja sua atividade principal” (BRASIL, 2002, anexo I, parágrafo 2.4). A Figura 19 enumera as responsabilidades do armador e os requisitos de formação dos pescadores profissionais em caráter de Segurança e Saúde no trabalho Figura 19: Responsabilidades do armador e formação dos pescadores profissionais de acordo com a NR-30. Fonte: BRASIL, 2002 (Adaptado). 7.6 Medidas de salvamento e sobrevivência Conforme o apêndice III da NR-30, os barcos devem ser dotados de meios de salvamento e sobrevivência, os quais possibilitem a retirada da tripulação da água e os que sejam delimitados pela Marinha do Brasil. Eles devem estar dispostos em lugar acessível, disponíveis para uso a qualquer momento e estar em bom estado de conservação (BRASIL, 2002). O patrão de pesca ou o pescador profissional designado por ele tem a responsabilidade de verificar se tais critérios mínimos dos meios de salvamento estão de acordo todas as vezes que o barco sair do porto. Também tem a função de supervisioná-los como medida de prevenção regularmente (BRASIL, 2002). Os pescadores profissionais tem como atribuição estar devidamente treinado para colocar em prática os procedimentos de emergência e de salvamento, os quais devem sendo GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 praticados anualmente no porto ou no mar. Além disso, devem ter pleno conhecimento de como manejar os equipamentos de radiocomunicação (BRASIL, 2002). 7.7 Segurança, higiene e saúde no trabalho portuário A segurança, higiene e saúde no trabalho portuário é regulada pela NR-29, visto que esta visa a prevenção doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Caso haja uma ocorrência, seja um incidente ou acidente, a NR-29 orienta acerca dos procedimentos de primeiros socorros que devem ser aplicados às vítimas. Tal norma aplica-se a trabalhadores que estejam a bordo de embarcações ou em terra, em portos e instalações portuárias privadas (BRASIL, 1997). 7.8 Norma regulamentadora nº 29 (NR-29) A NR-29 diferencia os tipos de terminais portuários em terminal retroportuário e zona primária, cujas características são descritas na Figura 20, e dois agentes importantes no contexto de operação dos portos, são eles (BRASIL, 1997): • Tomador de serviços, que consiste na pessoa jurídica de direito público ou privado, que usufrui dos serviços de um trabalhador portuário avulso; • Pessoa responsável, que detém conhecimentos e experiência suficientes para efetuar tarefas específicas e foi “designada por operadores portuários, empregadores, tomadores de serviço, comandantes de embarcações, Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO, sindicatos de classe, fornecedores de equipamentos mecânicos e outros” (BRASIL, 1997, parágrafo 29.1.3 d). Figura 20: Diferenciação entre terminal retroportuário e zona primária. Fonte: COLONETTI; ZILLI, 2014 (Adaptado). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 ANOTE ISSO A área alfandegada se caracteriza como o local onde as cargas importadas permanecem enquanto são necessários os trâmites legais e documentais que constituem o procedimento conhecido como desembaraço. Uma vez que este último é concluído, a carga estará nacionalizada. Nacionalizar a carga significa tornar a mesma legal frente aos órgãos anuentes do governo federal (SILVA, 2019). A NR-29 estabelece como competência do OGMO e do empregador (BRASIL, 1997, parágrafo 29.1.4.2): a) proporcionar a todos os trabalhadores formação sobre segurança, saúde e higiene ocupacional no trabalho portuário, conforme o previsto nesta NR; b) responsabilizar-se pela compra, manutenção, distribuição, higienização, treinamento e zelo pelo uso correto dos equipamentos de proteção individual - EPI e equipamentos de proteção coletiva - EPC, observado o disposto na NR -6; c) elaborar e implementar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA - no ambiente de trabalho portuário, observado o disposto na NR -9; d) elaborar e implementar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, abrangendo todos os trabalhadores portuários, observado o disposto na NR-7. A norma também define como competência dos trabalhadores o cumprimento das medidas de segurança e saúde do trabalho; o dever de relatar ao responsável os danos ou deficiências detectadas e que constituam risco para o trabalhador ou para a operação; e zelar pelo uso adequado de EPI e EPC e das instalações as quais tenha acesso (BRASIL, 1997). A administração do porto é responsável por assegurar a organização, a adequação dos serviços em termos de eficiência, segurança e meio ambiente. É preciso que sejam traçadas atuações padronizadas para situações de incêndio, explosão, vazamento de produtos perigosos, queda ao mar, condições de tempo que possam prejudicar a segurança durante as operações, poluição, acidente ambiental e socorro a acidentados (BRASIL, 1997). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 CAPÍTULO 8 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA,SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA Os segmentos de produção dedicados à exploração de recursos, à produção, ao processamento de derivados e subprodutos da agricultura, pecuária, aquicultura, silvicultura e exploração florestal são integrantes da agroindústria (BARBOSA FILHO, 2017). Ao passo que esta contempla a cadeia produtiva que leva do campo à indústria, experimentou um crescimento recorde de 24, 31% no acumulado de janeiro a dezembro de 2020, em relação a 2019, conforme relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), feito em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) (CEPEA, 2020). De acordo com Barbosa Filho (2017, p. 2): Entretanto, ao lado desses números impressionantes, há outro que carece de inadiável atenção: anualmente, centenas de milhares de trabalhadores do segmento sofrem algum tipo de acidente laboral. Originados nas mais diversas causas, resultam perdas humanas e produtivas que poderiam e deveriam ser evitadas, pois representam brutal custo humano, social e econômico. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconhece que a agropecuária está entre as atividades com as maiores cifras de acidentes em todo o mundo. São frequentes os acidentes com tratores e equipamentos agrícolas. Há também a exposição ao ruído e à vibração no trato com estes, assim como às radiações solares por longos períodos, aos agrotóxicos, ao intenso trato manual de cargas, não raro em posturas inadequadas, em ritmos de trabalho intensos e sem se observar as pausas para descanso e a reposição hídrica e calórica necessárias, frente a jornadas laborais também excessivas, dentre outras exigências ou oportunidades de dano à integridade a que estes operários costumam ser rotineira e comumente submetidos. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 Nesse sentido, é importante discutir todas as normativas que regulam a segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. 8.1 Norma regulamentadora nº 31 (NR-31) A agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura são atividades que mantêm relação direta com a organização do meio rural. Por essa razão são regidas pela Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, que trata das relações de trabalho rural e estabelece que “[...] Nos locais de trabalho rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro do Trabalho e Previdência Social”. (BRASIL, 1973, art. 13). Por essa razão, essas atividades também são regulamentadas pela NR-31. Essa norma tem a finalidade de prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho (BRASIL, 2005). Nos tópicos que seguem serão explanados aspectos importantes dessas atividades no que tange aos grupos de pessoas envolvidas e suas atribuições profissionais (CÉSAR et al., 2017). 8.2 Objetivo e responsabilidades A NR-31 instrui sobre as relações de trabalho e emprego, bem como às condições nas quais são desenvolvidas as atividades laborais da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. Essa norma delimita as responsabilidades do trabalhador e do empregador rural. Antes de discuti-las, é preciso verificar o entendimento que a Lei nº 5.889/1973 tem sobre esses agentes, conforme descrito a seguir (BRASIL, 1973, art. 2º ao 4º): Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Art. 3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. [...] Art. 4º - Equipara-se ao empregador rural, a pessoa física ou jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização do trabalho de outrem. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 Na Figura 21 são enumeradas as responsabilidades que a NR-31 atribui ao empregador rural ou equiparado. Figura 21: Responsabilidades do empregador ou equiparado. Fonte: BRASIL, 1973 (Adaptado). ANOTE ISSO É também uma obrigação do empregador rural fornecer os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que venham a ser necessários para minimizar a exposição do trabalhador de agentes de risco, como ruídos (proteção auditiva), poeiras, névoas e fumos (proteção das vias respiratória), raios ultravioletas (proteção da cabeça, dos membros superiores e corpo inteiro), umidade e resquícios cortantes de vegetação (proteção dos membros inferiores). De acordo com a NR-6, o empregador deve não apenas fornecer, mas também: exigir o uso dos EPI de acordo com as corretas instruções fornecidas pelo fabricante, zelar pela sua higienização e manutenção periódica; em caso de danos ou extravios, substituí-los; repassar ao MTE qualquer indício de irregularidade identificada nos mesmos, que exponha ao invés de proteger o trabalhador do risco (BRASIL, 2001). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 As reponsabilidades e os direitos dos trabalhadores são especificados na NR-31, nos itens 31.2.4 e 31.2.5, conforme descrito na Figura 22. Figura 22: Responsabilidades e direitos dos trabalhadores. Fonte: BRASIL, 1973 (Adaptado). 8.3 Programa de Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente do Trabalho Rural - PGSSMATR A NR-31 traça os requisitos da gestão de segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura. Essa norma atribui ao empregador o compromisso de elaborar e implementar o PGSSMATR, por meio da tomada de decisões para adoção de condutas e ações que visem a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais (CÉSAR et al., 2017). O empregador deve ter como foco da tomada de decisões, em termos de prioridade, a eliminação dos riscos em primeiro lugar, seja pela implementação de medidas administrativas durante a produção rural (implementação de pausas ao longo da jornada de trabalho, realização de exercícios simples de ginástica laboral, por exemplo), ou GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 pela “substituição ou adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos” (BRASIL, 1973, parágrafo 31.5.1, alínea a). Em segundo lugar, o empregador deve adotar medidas de neutralização dos riscos, nos casos em que não for possível ou viável financeiramente e devido à natureza do trabalho eliminá-los, tais como a adoção de medidas individuais (equipamentos de proteção individual – EPI) e coletivas (equipamentos de proteção coletiva – EPC). Já em termos de seleção das condutas e ações específicas que serão adotadas, a prioridade do empregador deve se situar em um dos eixos relatados na Figura 23. Figura 23: Responsabilidades e direitos dos trabalhadores. Fonte: BRASIL, 1973; ENIT, 2019 (Adaptado). O programa contempla os exames médicos, que devem ser garantidos pelo empregador rural ou equiparado para o trabalhador, compreendendo a avaliação clínica e os exames complementares indicados definidos de acordo com os riscos aos quais estarão expostos. Os exames se classificam em (BRASIL, 1973): • Exame médico admissional: Quando o trabalhador assume as atividades laborais; • Exame médico periódico: realizado para controle anual dos possíveis impactos da realização do trabalho na saúde do indivíduo; • Exame de retorno ao trabalho: a serem feitos no primeiro dia do retorno à atividade do trabalhador ausente por mais de trinta dias de suas atividades, em virtude deacidente de trabalho ou doença, seja ela ocupacional ou não; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 • Exame médico de mudança de função: A ser feito quando ocorre uma alteração não apenas nas tarefas, mas nos riscos aos quais o trabalhador está exposto, a ser realizado antes da data do início do exercício na nova função, desde que haja a exposição do trabalhador a risco específico diferente daquele a que estava exposto; • Exame médico demissional: Caso o último exame médico tenha sido feito há mais de 90 dias, não havendo convenção coletiva de trabalho dispondo o contrário e nem solicitação médica, deve ser realizado até a data da homologação da demissão. Cada exame médico deve envolver a emissão de um Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), em duas vias, contemplando dados pessoais do trabalhador, a lista de procedimentos médicos aos quais foi submetido e a data em que foram realizados, os riscos ocupacionais envolvidos na atividade e a definição de apto ou inapto apto para a função específica que será exercida (BRASIL, 1973). Sendo detectado a ocorrência de uma doença ou agravo em decorrência do trabalho, o empregador rural ou equiparado deve: a) emitir a Comunicação de Acidentes do Trabalho - CAT; b) afastar o trabalhador da exposição ao risco, ou do trabalho; c) encaminhar o trabalhador à previdência social para estabelecimento de nexo causal, avaliação de incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho (BRASIL, 1973, parágrafo 31.5.1.3.11). 8.4 Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural - SESTR O SESTR é o equivalente rural para o grupo de profissionais especialistas na área de segurança e saúde do trabalho que seria integrado no SESMT, são eles: Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Auxiliar ou Técnico de Enfermagem do Trabalho. O SESTR tem a função de desenvolver ações técnicas dentro de um sistema de gestão de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho, para tornar o meio de trabalho seguro e viável a prevenção da integridade do trabalhador rural (CÉSAR et al., 2017). As atribuições do SESTR são enumeradas na Figura 24. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 Figura 24: Atribuições do SESTR segundo a NR-31. Fonte: BRASIL, 1973 (Adaptado). O SESTR deve ser constituído pelos empregadores rurais ou equiparados em uma das três modalidades: próprio, caso os profissionais especializados integrantes possuam vínculo empregatício; externo, caso os profissionais especializados atuem GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 por consultoria externa; coletivo, quando os profissionais especializados fizerem parte de uma contratação coletiva por um segmento empresarial (BRASIL, 1973). 8.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR A CIPATR visa a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, devendo ser mantida em funcionamento obrigatoriamente pelo empregador rural ou equiparado que mantenha vinte ou mais empregados contratados por prazo indeterminado. A CIPATR tem a finalidade de tornar o trabalho compatível permanentemente com a preservação da vida do trabalhador (BRASIL, 1973). A CIPATR é formada por representantes do empregador e dos empregados, de acordo com a divisão proposta na Tabela 4 (BRASIL, 1973). Número de membros Número de trabalhadores 20 a 35 36 a 70 71 a 100 101 a 500 501 a 1.000 Acima de 1.000 Representante dos trabalhadores 1 2 3 4 5 6 Representantes do empregador 1 2 3 4 5 6 Tabela 4: Composição da CIPATR, segundo a NR-31. Fonte: BRASIL, 1973 (Adaptado). Os membros representantes do empregador são indicados por ele, enquanto os membros dos trabalhadores são escolhidos por meio de numa eleição com votação secreta. A duração do mandato dos membros eleitos é de 2 anos, sendo permitida uma reeleição. O coordenador da CIPATR deve ser um dos membros representantes do empregador no primeiro ano do mandato, e um dos membros representantes dos trabalhadores no segundo ano do mandato (BRASIL, 1973). De acordo com a NR-31, a CIPATR não poderá ter o número de membros reduzido, bem como não poderá ser desativada até que seja findado o mandato de seus membros, nem mesmo diante da diminuição no número de empregados. A CIPATR será dissolvida apenas na hipótese de encerramento das atividades do estabelecimento (BRASIL, 1973). A principais atribuições da CIPATR são descritas na Figura 25. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65 Figura 25: Principais atribuições da CIPATR, segundo a NR-31. Fonte: BRASIL, 1973 (Adaptado). O funcionamento da CIPATR se dá por meio da realização de reuniões ordinárias em periodicidade bimestral, no horário normal de expediente e em local apropriado, seguindo o calendário anual. Diante da ocorrência de acidente de trabalho que tenha como consequência lesão grave ou óbito ocorrerão reuniões em caráter extraordinário, com a participação do responsável pelo setor da ocorrência, no prazo de até 5 dias úteis após o acidente (BRASIL, 1973). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66 8.6 Condições Sanitárias e de Conforto no Trabalho Rural A NR-31 apresenta os critérios de segurança e saúde do trabalho nas áreas de vivência a serem oferecidas aos trabalhadores e devidamente organizadas pelo empregador, contemplando: instalações sanitárias, locais para refeição, e, quando a natureza das atividades demandarem a permanência de trabalhadores nos períodos entre jornadas, alojamentos, área para preparo de alimentos e lavanderias. Esses ambientes precisam cumprir com alguns critérios, são eles (BRASIL, 1973): • Condições de higiene e conservação adequadas; • Construídas em paredes de alvenaria, madeira ou material equivalente, com piso cimentado, de madeira ou de material equivalente; • Conter cobertura para proteger contra as intempéries; • Iluminação e ventilação apropriadas. As instalações sanitárias englobam lavatório (uma unidade para cada grupo de 20 empregados), vaso sanitário (uma unidade para cada grupo de 20 trabalhadores), mictório (uma unidade para cada grupo de 10 trabalhadores), chuveiro (uma unidade para cada grupo de dez empregados). Estruturalmente devem garantir o resguardo, ter portas, serem de fácil acesso e seguras. Sua organização deve ser feita por sexo, havendo disponibilidade de água limpa e papel higiênico, sistema de esgoto, fossa séptica ou equivalente, e recipiente para coleta de lixo (BRASIL, 1973). Vamos pensar? De acordo com o texto da NR-31, é preciso que o empregador disponibilize um vaso sanitário para cada grupo de 20 empregador. Ao mesmo tempo, a norma indica que os compartimentos sanitários (nesse caso os banheiros) sejam divididos de acordo com o sexo. Mas, no caso de um estabelecimento de trabalho rural que conta com 18 trabalhadores e segue à risca esta norma, dispondo de 1 único vaso sanitário, não será possível efetuar essa divisão. Se você fosse um dos funcionários, como você avaliaria esse fato? Quais impactos em termos de higiene e saúde do trabalho você imagina que a falta de divisão tem? Embase suas respostas para os questionamentos anteriores em pelo menos um parágrafo com argumentos. Os locais para refeição precisam oferecer lugar ou recipiente para a guarda e conservação de refeições atendendo às condições de higiene e segurança alimentar, independentemente do número de trabalhadores. Além disso, devem cumprir com alguns requisitos, descritos na Figura 26. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67 Figura 26: Requisitosdos locais para refeição de acordo com a NR-31. Fonte: BRASIL, 1973 (Adaptado). Com relação aos alojamentos, a NR-31 determina que o empregador deve fornecer roupas de cama condizentes com as condições climáticas locais. Em consonância com os costumes do local, as camas podem ser substituídas por redes, desde que obedeçam o espaçamento mínimo de um metro entre elas. Adicionalmente, os alojamentos precisam (BRASIL, 1973): a) ter camas com colchão, separadas por no mínimo um metro, sendo permitido o uso de beliches, limitados a duas camas na mesma vertical, com espaço livre mínimo de cento e dez centímetros acima do colchão; b) ter armários individuais para guarda de objetos pessoais; c) ter portas e janelas capazes de oferecer boas condições de vedação e segurança; d) ter recipientes para coleta de lixo; e) ser separados por sexo (BRASIL, 1973, parágrafo 31.23.5.1). As lavanderias atendem aos trabalhadores alojados, a fim de que tenham condições de cuidar das roupas de uso pessoal. A norma delimita que deve ser localizada em ambiente ventilado e com abrigo do sol e intempéries. As lavanderias devem ter tanques individuais ou coletivos, dispondo de água limpa (BRASIL, 1973). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68 CAPÍTULO 9 RISCOS INERENTES AO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA O Ministério do Trabalho e Emprego classifica o risco oferecido pelas atividades laborais a segurança e saúde dos trabalhadores de 1 a 4. A agricultura, pecuária, exploração florestal e a aquicultura são classificadas grau 3, o que implica dizem que são de alto “risco” para a segurança e saúde dos trabalhadores, excetuando-se a silvicultura, a qual é tida como de risco muito alto, uma vez que é classificada como grau 4 (SOUSA; SANTANA, 2016). De acordo com Barbosa Filho (2017, p. 77): Dados da Organização Internacional do Trabalho estimam que anualmente, em todo o mundo, em razão das condições laborais, têm lugar cerca de 300 mil óbitos, dos quais 50% envolvendo trabalhadores da agricultura (algo em torno de 150 mil casos), em um universo superior a um milhão de trabalhadores vitimados por acidentes do trabalho, muitos destes relativos ao contato com produtos tóxicos. O uso intensivo de implementos agrícolas combinado com a utilização de veículos de tração animal e o uso de máquinas agrícolas (sobretudo tratores) têm um papel importante para as mortes por acidentes de trabalho na agroindústria (SOUSA; SANTANA, 2016). Esses e outros agentes de riscos para a saúde e segurança do trabalhador rural, tais como o manejo de grãos em silos e armazéns, o uso de motosserras, o trato com animais e a possibilidade de ataque de animais peçonhentos são discutidos nos itens a seguir. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 69 Agrotóxicos A lei nº 7.802/ 1989 classifica como agrotóxicos todas as substâncias que provocam processos físicos, químicos ou biológicos, com a finalidade de promover modificações à composição da flora ou da fauna ou preservá-las da ação danosa de seres nocivos. Segundo essa definição, são considerados agrotóxicos todos os produtos aplicados nas etapas de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas; utilizados em pastagens e na proteção de áreas florestais nativas ou implantadas; os de utilização urbana, hídricas e industriais; o que possuem ação desfolhante, dessecante, estimuladora e inibidora de crescimento (BRASIL, 1989). Fica nítido que o contato do trabalhador com agrotóxicos e/ ou seus resíduos por si só é um risco para sua integridade e saúde. Tendo em vista a toxicidade destes produtos, é impreterível a adoção de medidas rigorosas em todas as etapas do ciclo de sua presença nos empreendimentos agrícolas, desde a sua aquisição, transporte, armazenamento até a abertura de embalagens, a preparação das caldas por diluição e sua aplicação. Uma delas é a utilização do aparato de equipamentos de proteção exigíveis para tal atividade (BARBOSA FILHO, 2017). Em consonância com a NR-31, os trabalhadores que fazem parte dos grupos de maior risco quanto a atividades laborais com agrotóxicos são os preparadores de calda e aplicadores (Figura 27); os responsáveis por depósitos e estoques; os indivíduos implicados na atuação direta na lavoura; os responsáveis pela lavagem, descontaminação e descarte de equipamentos, embalagens e vestimentas; os pilotos aeroagrícolas e sinalizadores; e os moradores das vizinhanças das propriedades que fazem uso de agrotóxicos em larga escala (BARBOSA FILHO, 2017). Figura 27: Trabalhador aplicando produto agrotóxico em uma plantação de repolho. Fonte: Getty Images (2009, online). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 70 De acordo com a NR-31, o empregador rural ou equiparado tem a responsabilidade de disponibilizar a todos os trabalhadores as informações sobre o uso de agrotóxicos, e produtos afins quanto aos aspectos listados na Figura 12. Figura 28: Informações que o empregador rural ou equiparado deve disponibilizar para os trabalhadores sobre agrotóxicos. Fonte: BRASIL (2005). ANOTE ISSO O empregador é obrigado a adquirir apenas agrotóxico que tenha registro junto aos órgãos regulatórios. Caso o trabalhador venha a desenvolver sintomas de intoxicação, o empregador deve afastá-lo imediatamente das atividades e encaminhá-lo para atendimento médico, junto com as informações contidas nos rótulos dos agrotóxicos aos quais foi exposto. Porém, caso se concretizem os danos à saúde do trabalhador, ou este venha a óbito devido à exposição laboral aos agrotóxicos em que seja comprovada ilegalidade ou inadequação, o empregador será submetido às previsões do Código Penal brasileiro (BARBOSA FILHO, 2017). O armazenamento dos agrotóxicos não poderá ocorrer a céu aberto e as edificações reservadas para tal devem: ter paredes resistentes, dispor de controle de acesso de pessoas capacitadas, passar por descontaminação, possuir ventilação, ter sinalização GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 71 de perigo, reunir barreiras contra o acesso de animais e se situarem em mais de 30 metros de residências, fontes de água e locais de guarda e consumo de alimentos. Os produtos devem ser mantidos no interior das embalagens originais, as quais, uma vez esvaziadas, não poderão ser reaproveitadas. Estas devem ser descartadas conforme os critérios da legislação vigente (BRASIL, 2005). Os equipamentos de aplicação precisam ser mantidos em perfeito estado de conservação e funcionamento, sendo submetidos a inspeções prévias a aplicação. É imperativo que sejam destinados exclusivamente para a finalidade a qual se dispõem. A sua conservação, manutenção, limpeza e utilização serão realizadas por pessoas treinadas e protegidas. 9.1 Tratores e máquinas agrícolas De acordo com a NR-31, as máquinas e implementos devem seguir à risca as especificações técnicas do fabricante e ser operados exclusivamente por trabalhadores capacitados, qualificados ou habilitados, em consonância com os limites operacionais e restrições por indicadas pelo fabricante. Suas proteções, dispositivos e sistemas de segurança devem ser acoplados desde a sua fabricação, não sendo opcionais. Os procedimentos de segurança e permissão de trabalho devem garantir o acesso, acionamento, inspeção, manutenção ou quaisquer outras intervenções em máquinas e implementos de modo seguro (BRASIL, 2005). É terminantemente proibido o transporte de pessoas em máquinas e equipamentos motorizados e nos seus implementos, com exceção das que forem projetadas pelo fabricante para este fim. Os dispositivos de acionamento e parada de máquinas estacionadas devem ser projetados e instalados de modoa impedir o acionamento acidental, involuntário ou que sejam burlados por pessoas externas, crianças e curioso. No entanto, devem oferecer uma forma de desligamento por outras pessoas que não o seu operador em situações de emergência. Além disso, as zonas de perigo das máquinas e implementos devem possuir sistemas de segurança, dotado por proteções fixas, móveis e dispositivos de segurança que assegurem a proteção à saúde e integridade física dos trabalhadores (BRASIL, 2005). Barbosa Filho (2017, p. 31) destaca os cuidados essenciais de serem tomados durante a condução de tratores (Figura 13), são eles: GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72 i. As curvas devem ser feitas em velocidade reduzida, compatível com o raio de giro; ii. Ao efetuar curvas nos limites do campo, deve-se reduzir a aceleração ou rotação do motor. E estas não devem ser muito fechadas, em especial quando rebocando implemento, pois este poderá se chocar com as rodas traseiras e danificá-las; iii. Evitar a troca de marchas em subidas e descidas, para que não haja perda de controle, sendo expressamente proibido o uso de ponto morto e devido ao uso de freio-motor; iv. Ao transitar nas bordas de terrenos ou em regiões inclinadas (valas, taludes ou barrancos), deve-se guardar distância segura, sendo recomendada a sinalização ou delimitação prévia do local, visando evitar o tombamento lateral, evento bastante comum nessas condições; v. Nas subidas acentuadas (com mais de 12% de inclinação), é recomendado fazer o percurso em marcha a ré. Figura 13: Trabalhador operando trator em propriedade rural. Fonte: Agência de Notícias de Mato Grosso (2019, online). 9.2 Motosserras Motosseras são dispositivos semimecanizados, que podem ter como princípio de funcionamento a eletricidade (eletroserras, normalmente mais indicadas para serviços mais leves e rápidos) ou a combustão de gasolina (indicadas para trabalhos contínuos e cortes de árvores de maiores espessuras). São úteis para a derrubada desgalhamento (destopagem) e na toragem (traçamento) de árvores. É composto pelas seguintes partes principais: pinhão, sabre, corrente dentada, acessórios que asseguram a sua funcionalidade (BARBOSA FILHO, 2017). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 73 Os riscos da utilização da motosserra advêm do seu próprio funcionamento e natureza, por exemplo: vibração e exigência de postura, em virtude da necessidade de manter a sustentação muscular para compensar o impulso oriundo de sua potência e potencial de corte; emissão de gases provenientes da combustão e manuseio de inflamáveis durante seu abastecimento (para motosserras a gasolina) (BARBOSA FILHO, 2017). A NR-12 estabelece quais são os equipamentos de segurança obrigatórios na motosserra, a fim de assegurar a segurança e saúde do trabalhador, a saber: a) freio manual ou automático de corrente, que consiste em dispositivo de segurança que interrompe o giro da corrente, acionado pela mão esquerda do operador; b) pino pega-corrente, que consiste em dispositivo de segurança que reduz o curso da corrente em caso de rompimento, evitando que atinja o operador; c) protetor da mão direita, que consiste em proteção traseira que evita que a corrente atinja a mão do operador em caso de rompimento; d) protetor da mão esquerda, que consiste em proteção frontal para evitar que a mão do operador alcance involuntariamente a corrente durante a operação de corte; e e) trava de segurança do acelerador, que consiste em dispositivo que impede a aceleração involuntária (BRASIL, 1978, Anexo IV – Glossário, grifo nosso). Nas motosserras a gasolina (Figura 29) deve-se tem bastante atenção ao procedimento de abastecimento, pois é imprescindível que o seu motor esteja totalmente desligado, que o equipamento esteja fora do alcance de qualquer fonte de calor, que não haja fumos ou faíscas próximos do abastecimento e, ainda, que se mantenha uma distância mínima de 3 m do local onde será dada a partida do equipamento. Figura 29: Motosserra a gasolina. Fonte: Empório das máquinas (s.d, online). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 74 9.3 Acidentes O número de acidentes de trabalho no meio rural seguiu uma tendência semelhante ao aumento da mecanização (o uso de tratores agrícolas, colheitadeiras dentre outras ferramentas) e do uso de defensivos agrícolas, pois isso provocou uma mudança na dinâmica de trabalho (SOUZA, 2019). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) categoriza as atividades da agroindústria como as atividades que tem maiores cifras de acidentes em todo o mundo. São frequentes os acidentes com tratores e equipamentos agrícolas, a exposição ao ruído e à vibração proveniente destes, assim como às radiações solares por períodos de tempo, aos agrotóxicos, ao manuseio de cargas, não raro em posturas inadequadas. O ritmo de trabalho intenso, sem as pausas para descanso, a carência da reposição hídrica e calórica necessárias, frente a jornadas laborais excessivas (BARBOSA FILHO, 2017). Os acidentes de trabalho também têm causas que podem ser subnotificadas, por serem relativas ao trabalho informal, à utilização de técnicas e ferramentas mais rudimentares para a realização de suas tarefas. Independentemente de requerem mais ou menos técnica, os trabalhadores rurais precisam criar estratégias que visem assegurar que elas não causem prejuízos à saúde do trabalhador (SOUZA, 2019). 9.4 Silos e armazéns Os silos devem ser dimensionados e construídos em solo que ofereça resistência compatível às cargas de trabalho. Seu revestimento interno deve ter uma composição tal que não seja permitido o acúmulo de grãos, poeiras e a formação de barreiras. Os riscos de explosões, incêndios, acidentes mecânicos, asfixia e decorrentes da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos em todas as fases da operação do silo devem ser mantidos sob controle e prevenidos (BRASIL, 1978). A operação e a manutenção dos silos devem envolver a execução das ações descritas no Quadro 1. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 75 Quadro 1: Critérios de segurança para operação e manutenção de silos. Fonte: Barbosa Filho (2017). Para que o trabalhador entre em segurança no silo para realizar atividades e operações é necessário que (BRASIL, 1978): Garantir meios seguros de saída ou resgate; Proteção respiratória ou Renovação do ar nos silos hermeticamente fechados; Medição da concentração de oxigênio e o limite de explosividade do material estocado; Presença de, no mínimo, dois trabalhadores, sendo que um deles permanece fora do silo; Utilização de cinto de segurança e cabo dimensionado para conexão de sistema de proteção individual contra quedas (cabo vida). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 76 ANOTE ISSO De acordo com a BBC News Brasil (2018) não existem estatísticas oficiais específicas sobre mortes em silos no Brasil, pois, quando ocorrem acidentes, os empregadores têm obrigação de informar pelo preenchimento do formulário de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) à Previdência Social. Porém, nesse formulário de notificações não há um código voltado para silos, visto que estão englobados pela categoria abrangente de “depósitos fixos”. Porém, segundo um levantamento da BBC News Brasil, desde 2009, cerca de 106 pessoas morreram em silos de grãos no país, a maioria por soterramento, tendo em vista o efeito “areia movediça” que ocorre uma vez que se está no seu interior (Figura 30). Sabendo disso, embora não seja um tema tão abordado, você acha que as atividades em silos podem ser tida como uma das mais perigosas no meio rural? Por quê? E, para além disso,explique com suas palavras como funciona o “efeito areia movediça” com um trabalhador que caia sobre os grãos. Figura 30: Mortes por soterramento são as mais comuns no interior de silos. Fonte: Vitor Flynn (2018, online). 9.5 Trato com animais Como alguns trabalhadores rurais lidam com animais, a NR-31 determina que o empregador rural ou equiparado deve garantir, para evitar a transmissão de zoonoses, a imunização dos indivíduos. Também precisa oferecer medidas de segurança para a manipulação e eliminação de excreções e restos de animais, incluindo a limpeza e desinfecção das instalações contaminadas. E, além disso, fornecer produtos químicos desinfetantes e água potável em quantidade suficiente para a higienização das áreas de trabalho (BRASIL, 1978). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 77 9.6 Animais peçonhentos Diferentemente dos outros animais tidos como venenosos, tais como os agentes tóxicos e zoonóticos, os animais peçonhentos, que incluem os ofídios (cobras), aracnídeos (aranhas e escorpiões), himenópteros (abelhas, vespas, formigas e marimbondos) e lepidópteros (sobretudo a “taturanas” ou “lagartas de fogo”); a depender da susceptibilidade dos indivíduos atingidos pelas toxinas do animal, podem levar a graves reações, provocando até mesmo choque anafilático que pode até levar a morte (BARBOSA FILHO, 2017). No senso popular a noção de prioridade diante de um acidente com animais peçonhentos seja reconhecer, matar e levar junto com a vítima a espécie causadora do evento, para a orientação quanto ao antígeno a ser ministrado. Entretanto, mesmo que tenha utilidade, essa informação não é imprescindível e o atendimento da vítima deve ser priorizado, com rapidez. Nesse sentido, os primeiros socorros e como o tratamento administrado tem a finalidade de minimizar os efeitos biológicos negativos do evento. Efetuar, em tempo hábil, a neutralização das toxinas é essencial e contempla as ações abaixo (BARBOSA FILHO, 2017, p. 17): 1. Manter o acidentado em repouso, deitado e aquecido, minimizando a sua movimentação, para que a circulação do veneno no corpo não favoreça sua ação sobre a vítima; 2.Não se deve espremer o local da picada, sugar o ferimento ou aplicar qualquer produto sobre a área afetada; 3.Tampouco deve ser realizado garrote ou torniquete, o que pode causar sérias consequências; 4.Deve-se, apenas, limpar o local com água, água e sabão ou soro fisiológico, recobrindo-o com um pano ou outro material limpo, quando possível, em especial se já existirem bolhas, as quais não devem ser rompidas; 5.Se a vítima não apresentar vômitos, pode-se oferecer água, para manter a hidratação; 6.É importante remover pulseiras, relógios, anéis e outros adornos que possam, em caso de inchaço do local afetado, causar estreitamento e até mesmo interrupção do fluxo sanguíneo; 7.Conduzi-lo, pronta e imediatamente, ao atendimento especializado para a aplicação do soro específico. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78 CAPÍTULO 10 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PARTE I Apesar dos esforços em prol da criação de uma cultura de segurança do trabalho conduzidos por diferentes atores sociais associados às questões de saúde e segurança do trabalho; as atividades da Construção Civil destacam-se negativamente no tocante aos acidentes do trabalho e das repercussões resultantes nas dimensões social e econômica em relação aos demais setores produtivos (BARBOSA FILHO, 2015). A Associação Nacional de Medicina no Trabalho estabeleceu em 2019, com base no Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT) publicado em 2017, definiu que “a construção civil é o primeiro do país em incapacidade permanente, o segundo em mortes (perde apenas para o transporte terrestre) e o quinto em afastamentos com mais de 15 dias” (ANAMT, 2019). Em comparação com outras ocupações, os trabalhadores acidentados enquanto realizam atividades inerentes à construção civil são acometidos de lesões graves ou fatais, que correspondem à 70% dos casos. As principais causas que corroboram com o número total de casos são quedas em altura, soterramentos, choques elétricos e impactos mecânicos (BARBOSA FILHO, 2015). 10.1 Norma regulamentadora nº 18 (NR-18) No ano de 2020, os textos da Normas Regulamentadora nº 18 (Condições de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção) teve alterações aprovadas para entrarem em vigor em fevereiro de 2021, um ano após a publicação das mudanças. No entanto, a Portaria SEPRT/ME nº 1.295, de 2 de fevereiro de 2021, prorrogou o prazo para início de vigência para agosto de 2021. Com as novas mudanças, a NR-18 tem uma série de exigências transformadas e, além disso, deixa de ser uma norma de aplicação e passa constituir uma norma de gestão de segurança. Uma das mudanças mais marcantes, nesse sentido, é a GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 79 substituição do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria de Construção (PCMAT) pelo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) (AGÊNCIA CBIC, 2020). O PGR foi uma das atualizações instituídas pela portaria 6.730, de 9/3/20, que aprovou a nova redação da NR-1, prevista inicialmente para entrar em vigor em março de 2021 e que teve a vigência também prorrogada para agosto de 2021. O PGR é mais completo e dinâmico do que o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), substituído por este assim como o PCMAT. O PGR inclui na gestão de segurança e saúde do trabalho todos os riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho, não somente os riscos físicos, químicos e biológicos, mas também os ergonômicos e mecânicos. No entanto, apesar do PCMAT ser substituído pelo PGR desde agosto de 2021, os empreendimentos e canteiros de obras anteriores à vigência do novo texto da norma e, portanto, sob a vigência do PCMAT, permanecem sob a mesma até o seu término (BRASIL, 2020). Os tópicos que se seguem abordam os principais aspectos da versão mais atualizada da NR-18, propondo discussões acerca da importância das medidas preventivas de acidentes e doenças ocupacionais para a preservação da integridade e da saúde dos trabalhadores. 10.2 Objetivo e aplicação A NR-18 estabelece as diretrizes administrativas, de planejamento e de organização, com a finalidade de orientar a implementação das medidas de controle e de prevenção. O objetivo é garantir a segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na construção civil. Essa norma aplica-se às seguintes atividades da indústria da construção: “atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral e de manutenção de obras de urbanização” (BRASIL, 2020, parágrafo 18.2.1). 10.3 PCMAT x PGR O PCMAT pode ser considerado como uma versão do PPRA direcionada às particularidades das atividades de produção da construção civil, pois leva em consideração as especificidades de cada obra, os riscos os quais os trabalhadores estão expostos quando executam suas tarefas laborais e as medidas preventivas GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 80 que tem como finalidade garantir a sua integridade e saúde. A versão anterior à de 2020 da NR-18 definia que estabelecimento com 20 (vinte) trabalhadores ou mais eram obrigados a constituir o PCMAT. São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do PCMAT nos estabelecimentos com. Essa versão mais antiga da norma também estabelecia como documentos integrantes do PCMAT (BARBOSA FILHO, 2015, p.43): a) Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração os riscos de acidentes e de doenças do trabalho e as medidas preventivas e protetivasrequeridas (levantamento de riscos por função e respectivas medidas de controle); b) projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de execução da obra; c) especificação técnica das proteções coletivas e individuais a se- rem utilizadas; d) cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT; e) layout inicial do canteiro de obras, contemplando, inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivencia. f) programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga horária. Conforme a nova N-18, o PGR elaborado e implementado nos canteiros de obras, devem contemplar os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção correspondentes. O PGR deve passar por atualizações à medida que o canteiro de obras avança pelas suas fases de andamento e deve conter os documentos descritos na Figura 31 (BRASIL, 2020). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 81 Figura 31: Informações que o empregador rural ou equiparado deve disponibilizar para os trabalhadores sobre agrotóxicos. Fonte: BRASIL (2020). Adicionalmente às medidas de proteção coletiva previstas na NR-18, é facultativo às empresas a adoção de soluções alternativas, de técnicas de trabalho e de equipamentos, tecnologias e dispositivos, sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado em segurança do trabalho. Tais medidas devem favorecer avanços tecnológicos em segurança, higiene e saúde dos trabalhadores, a implantação de sistemas de prevenção nos processos, nas condições e no ambiente de trabalho da construção civil, além da manutenção de rotinas de trabalho seguras e saudáveis (BRASIL, 2020). 10.4 Organização do canteiro de obras Diferentemente da indústria em geral, na Construção Civil os espaços de trabalho são mutáveis e o produto que está sendo processado é movimentado de acordo com a organização e alocação dos recursos produtivos. Logo, ao contrário das empresas de cunho industrial, no canteiro de obras as ferramentas, a matéria prima e o próprio trabalhador se deslocam em torno do produto, o qual vai adquirindo forma em uma posição fixa. É por esse motivo que o canteiro de obras precisa passar por diversas GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 82 modificações para poder acompanhar a dinâmica da evolução do produto que está sendo construído (BARBOSA FILHO, 2015). ANOTE ISSO Vamos pensar? Segundo Barbosa Filho (2015, p. 49), “Como diz o jargão popular: ‘Nas indústrias em geral, a fábrica fica e o produto sai. Já́ na construção, a fábrica sai e o produto fica!’. Você já tinha parado para pensar sobre isso? O zelo pela saúde e pela integridade física dos trabalhadores da indústria da construção civil deve-se sobretudo ao fato de que, assim como o produto, que é o próprio empreendimento, a qualidade de vida dos responsáveis pela sua execução deve permanecer. Diante disso, reflita e responda: Por que se deve garantir a segurança das áreas de vivência? Qual é o impacto disso nas atividades laborais? O correto dimensionamento dos canteiros de obras, o arranjo físico adequado, assim como a manutenção da ordem e limpeza viabiliza a condução das atividades em desenvolvimento na obra, contribuindo para o controle e gerenciamento de pessoas e materiais (BARBOSA, FILHO, 2015). As áreas de vivência devem oferecer aos trabalhadores condições de higiene, privacidade e conforto (conforme a NR-24, que dispõe sobre Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho), englobando instalação sanitária, local para refeição, vestiário, alojamento (caso haja algum trabalhador que permaneça alojado fora do expediente) (BRASIL, 2020). De acordo com NR-18, a instalação sanitária deve conter lavatório, bacia sanitária com assento e tampo, bem como mictório na proporção de 1 conjunto para cada grupo de 20 trabalhadores ou fração. O chuveiro também deve fazer parte da instalação sanitária, mas sua disponibilização deve se dar na proporção de 1 unidade para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração. 10. 5 Demolição A demolição ocorrerá de acordo com a elaboração e implantação do Plano de Demolição, cuja responsabilidade recai sobre o profissional legalmente habilitado, Esse plano deve atender aos riscos ocupacionais potencialmente presentes nas etapas da demolição e as medidas preventivas a serem seguidas para preservar a segurança e GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 83 a saúde dos trabalhadores. A Figura 32 enumera as informações que devem constar no Plano de Demolição. Figura 32: Informações que devem estar contidas no Plano de Demolição. Fonte: BRASIL (2020). ANOTE ISSO De acordo com Suárez (2006, p. 54) apud Barbosa Filho (2015, p. 60), “Demolir é uma atividade complexa que, em muitos casos, supera as dificuldades de construir. Ainda que possa parecer paradoxal, pois para demolir é preciso conhecer os recursos construtivos do passado e estar familiarizado com os sistemas do presente.” É por esse motivo que a NR-18 aborda o Plano de demolição, dando ênfase aos aspectos que devem ser cuidadosamente planejados, observados e analisados antes de dar início à demolição, tendo em vista a variedade dos riscos associados a esta atividade. O intuito é aumentar a sua previsibilidade da ocorrência das fases desta, embora a variabilidade e gravidade das consequências sejam altas. 10.6 Carpintaria e armação As áreas de trabalho nas quais são desenvolvidos os serviços de carpintaria devem possuir piso resistente, nivelado e antiderrapante, além de apresentarem cobertura para oferecer proteção contra intempéries e queda de materiais (Figura 33). Outros requisitos de tais locais são: dispor de lâmpadas protegidas de possíveis impactos oriundos da projeção de partículas geradas pela atividade laboral; ter os resíduos das atividades coletados e removidos todos os dias (BRASIL, 2020). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 84 Figura 33: Profissional carpinteiro de obras. Fonte: G1, 2013. Com relação à movimentação de materiais trabalhados e estruturas de armação, A Figura 34 descreve os critérios de segurança a serem cumpridos, de acordo com a NR-18. Figura 34: Regras para movimentação de materiais e estruturas de armação. Fonte: BRASIL (2020). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 85 10.7 Estruturas de concreto e estruturas metálicas A concretagem deve ser feita conforme as seguintes condições impostas pela NR- 18, sempre sob supervisão de um trabalhador capacitado (BRASIL, 2020): • Inspeção dos equipamentos e dos sistemas de fornecimento de energia antes e durante a realização de serviços; das peças e equipamentos do sistema de transporte do concreto antes e durante a realização de serviços; do escoramento e da resistência das fôrmas antes e durante a execução dos serviços; • Isolamento e sinalização do lugar em que é conduzida a operação de concretagem, o qual deve ser acessado exclusivamente pelos trabalhadores responsáveis; utilização de caçambas dotadas de dispositivos de segurança para transportar o concreto, com a finalidade de impedir o descarregamento acidental. Durante as operações de montagem, manutenção e desmontagem de estruturas metálicas, o trabalhador deve dispor de recipiente e/ ou suporte próprio para alocar materiais e ferramentas as quais precise utilizar. Essas atividades são de responsabilidade do profissional legalmente habilitado (BRASIL, 2020). 10.8 Escadas, rampas e passarelas As escadas, rampas e passarelas devem ser projetadas (dimensionadas) e construídas de modo a suportar as cargas a que serão submetidas durante as atividades laborais no canteiro de obras. As passarelas,em particular, serão instaladas obrigatoriamente quando pessoas precisarem se locomover sobre vãos que ofereçam risco de queda em altura (BRASIL, 2020). Quando forem utilizadas escadas que exijam o uso das mãos como ponto de apoio para a sustentação do indivíduo, garantindo o acesso e a concretização do trabalho, o transporte de materiais deve ser feito através do meio adequado (BRASIL, 2020). A NR-18 estabelece uma série de especificações acerca do uso das escadas portáveis, devido à maior possibilidade de movimentação e consequente maior instabilidade oferecida por ela durante a execução do trabalho, em comparação às escadas de modelo fixo. A Figura 35 apresenta algumas das exigências. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 86 Figura 35: Especificações da NR-18 para o uso das escadas portáveis. Fonte: BRASIL (2020). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 87 CAPÍTULO 11 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - PARTE II As determinações da NR-18 para a execução de atividades laborais no canteiro de obras, incluindo as restrições relativas ao método de trabalho, ao uso de equipamentos e ferramentas, bem como ao acesso e circulação de pessoas em contextos específicos; tem como principal finalidade evitar a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais. Mesmo que os trabalhadores valorizem e se esforcem para aplicar corretamente cada uma dessas regras na sua rotina de trabalho, podem acontecer eventos indesejados, os quais resultam em lesões leves, graves, temporárias ou permanentes como consequência. Nos casos mais sérios pode ocasionar até mesmo a morte do colaborador, além de atingir terceiros que tenham ou não alguma relação com o ambiente de trabalho (BARBOSA FILHO, 2015). Visando o constante aperfeiçoamento das normas regulamentadoras, a fim de que consigam prever e evitar o máximo as situações de trabalho com potencial para desencadear acidentes é que são pensadas e implantadas atualizações aos textos dessas normativas. Nesse sentido, tem-se buscado um entrosamento maior também entre textos de normas diferentes, que se aplicam a setores em comuns. No caso da construção civil, embora a NR-18 seja a norma principal, a NR-35, que aborda o Trabalho em altura e a NR-33, que dispões sobre a Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados; interceptam-se com ela, de modo que serão mencionadas em paralelo nos tópicos que se seguem. 11.1 Norma regulamentadora nº 18 (NR-18) A NR-18 contém diretrizes de ordem administrativa, que orientam o planejamento, a organização e manutenção de sistemas preventivos de segurança nos métodos e nas condições de trabalho na indústria da construção. O cumprimento dessa norma não desobriga a observância de legislações de cunho federa, estadual e municipal, além de convenções coletivas de trabalho pelo empregador (COELHO; GHISI, 2016). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 88 11.2 Trabalho em altura A NR-35 estabelece os requisitos mínimos para o planejamento, a organização e a execução do trabalho em altura, com a finalidade de assegurar a saúde e a integridade dos trabalhadores. O trabalho em altura consiste em qualquer atividade laboral que seja realizada em alturas maiores que 2 metros do patamar nível inferior, com risco de queda (BRASIL, 2020). Essa norma define as responsabilidades do empregador e dos trabalhadores, as quais são apresentadas na Figura 36. Figura 36: Responsabilidades do empregador e dos trabalhadores de acordo com a NR-35. Fonte: BRASIL (2020). A respeito dos trabalhadores que executam atividades laborais em altura, a NR-35 explicita que: 35.4.1 Todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado e executado por trabalhador capacitado e autorizado. 35.4.1.1 Considera-se trabalhador autorizado para trabalho em altura aquele capacitado, cujo estado de saúde foi avaliado, tendo sido considerado apto para executar essa atividade e que possua anuência formal da empresa. [...]35.4.1.2.1 A aptidão para trabalho em altura deve ser consignada no atestado de saúde ocupacional do trabalhador. 35.4.1.3 A empresa deve manter cadastro atualizado que permita conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador para trabalho em altura (BRASIL, 2020, parágrafo 35.4.1). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 89 11.3 Movimentação e transporte de materiais e pessoas A NR-18 estabelece uma série de requisitos para a instalação, a montagem, a desmontagem, a operação, o teste, a manutenção e a realização de reparos em elevadores destinados ao transporte vertical de materiais e de pessoas nos canteiros de obras e nas frentes de trabalho (Figura 37) (BRASIL, 2020). Figura 37: Elevador de transporte vertical utilizado no canteiro de obras. Fonte: GUIMARÃES, 2013. A começar pelo seu dimensionamento, os elevadores de transporte vertical de materiais e de pessoas devem ser projetados por um profissional legalmente habilitado e devem atender às normas técnicas nacionais e internacionais vigentes (BRASIL, 2020). Já os serviços de instalação, montagem, operação, desmontagem e manutenção devem ser executados por um profissional capacitado, com anuência formal da empresa e sob a responsabilidade do profissional legalmente habilitado. É proibido o uso de chave do tipo comutadora e/ou reversora para comando elétrico de subida, descida ou parada. A Figura 38 lista outras regras e proibições que a NR-18 estabelece, a fim de garantir a segurança durante a movimentação e o transporte vertical em elevadores de canteiros de obras. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 90 Figura 38: Informações que o empregador rural ou equiparado deve disponibilizar para os trabalhadores sobre agrotóxicos. Fonte: BRASIL (2020). 11.4 Ambientes confinados A NR-33 define espaço confinado como qualquer área ou ambiente que não tenha sido projetado para a permanência de pessoas por um período de tempo contínuo. Que apresente acesso limitado para entrada e saída e ventilação insuficiente, tal que não seja promovida nem a dispersão de contaminantes, nem o abastecimento de oxigênio em quantidade adequada para a respiração humana (BRASIL, 2019). A gestão de segurança e saúde do trabalho em espaço confinados deve envolver o planejamento, a programação, a implementação e avaliação das medidas técnicas de prevenção de acidentes e doenças laborais (tais como identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados, a fim de impedir o acesso por pessoas não autorizadas; antecipação, reconhecimento e controle dos riscos ambientais aos quais o trabalhador estará exposto quando da concretização do serviço), medidas administrativas (como, por exemplo, padronizar um procedimento para o trabalho em espaço confinado, incluindo os procedimentos de supervisão dos trabalhos no exterior e no interior dos espaços confinados), medidas pessoais (devendo os funcionários envolvidos nesse tipo de atividade ser submetido a exames médicos específicos para a função e ter recebido treinamento) e capacitação para trabalho em espaços confinados (BRASIL, 2019). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 91 Há dois trabalhadores imprescindíveis ao trabalho em espaços confinados: o Supervisor de Entrada, que emite a Permissão de Entrada e Trabalho antes do início dos serviços, constata se os meios para salvamento estão em plena operação e encerra a Permissão de Entrada e Trabalho uma vez encerrado o trabalho; e o vigia, que monitoria continuamente o número de trabalhadores dentro no espaço confinado, permanecendo junto à entrada, quem presta assistênciaconstante aos trabalhadores autorizados, além de tudo, é o responsável pelo acionamento da equipe de salvamento em caso de ocorrência ou ausência de algum trabalhador durante a contagem (BRASIL, 2019). ANOTE ISSO Vamos pensar? Barbosa Filho (2015, p. 163) relata um caso de acidente com vítimas em uma obra em virtude da falta de atenção aos requisitos do trabalho em ambientes confinados e com possibilidade de queda de nível acima de 2 m, conforme segue: “Durante a tarde de um sábado, dois operários trabalhavam na impermeabilização da caixa d’água de um prédio quando passaram mal em razão do forte cheiro exalado pelo produto químico em utilização, o que foi agravado pela elevada temperatura e umidade do ambiente. Ao tentarem sair do reservatório, com mais de quatro metros de profundidade (altura), um deles caiu sobre o colega que veio a falecer. O Corpo de Bombeiros resgatou o outro trabalhador que sofreu apenas escoriações leves. Segundo esses, no momento do resgate [...] nenhum equipamento de segurança foi encontrado com as vítimas.”. Com base nesse relato de acidente de trabalho, aponte 3 medidas de prevenção que, se tivessem sido adotadas, poderiam evitar a sucessão dos eventos que culminaram em consequências tão graves. 11.5 Instalações elétricas As instalações elétricas devem seguir não apenas o que a NR-18 delimita, mas também todas as determinações da NR-10, que dispõe sobre a Segurança em instalações e serviços em eletricidade. Alguns princípios básicos devem ser atendidos, dentre eles (BRASIL, 2020): • Partes vivas de instalações e equipamentos elétricos não devem ser mantidas expostas e nem acessíveis a trabalhadores sem autorização. • Os condutores elétricos não devem obstruir a circulação de materiais e pessoa; devem ser protegidos contra impactos mecânicos, contra umidade e agentes GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 92 passíveis de danificar sua isolação; e devem possuir isolação dupla quando forem aplicados para a alimentação de máquinas e equipamentos. • “As partes condutoras das instalações elétricas, máquinas, equipamentos e ferramentas elétricas não pertencentes ao circuito elétrico, mas que possam ficar energizadas quando houver falha da isolação, devem estar conectadas ao sistema de aterramento elétrico de proteção.” (BRASIL, 2020, parágrafo 18.6.8). • Todos os equipamentos móveis e as ferramentas elétricas portáveis devem ser conectadas à rede elétrica por um conjunto plugue e tomada. • Transformadores e salas de controle devem ser isolados por barreiras físicas, sinalizadas e protegidas contra o acesso não autorizado de pessoas. • “As áreas onde ocorram intervenções em instalações elétricas energizadas devem ser isoladas e sinalizadas e, se necessário, possuir controle de acesso, de modo a evitar a entrada e a permanência no local de pessoas não autorizadas.” (BRASIL, 2020, parágrafo 18.6.17). • A realização de serviços nas vizinhanças de redes elétricas energizadas, internas ou externas ao canteiro de obras, está condicionada mediante o uso de dispositivos de proteção contra o choque elétrico e arco elétrico. Também é importante que sejam observadas as condições meteorológicas, para que sejam evitadas descargas atmosféricas, produzindo grandes choques elétricos. Mantas de proteção de partes vivas e a necessidade de atenção às condições climáticas são ilustradas na Figura 39. Figura 39: Elevador de transporte vertical utilizado no canteiro de obras. Fonte: ENSINANDO ELÉTRICA, s.d. Disponível em: https://ensinandoeletrica.blogspot.com/2017/04/nr10.html. Acesso em: 20 abr. 2021. https://ensinandoeletrica.blogspot.com/2017/04/nr10.html GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 93 11.6 Máquinas, equipamentos, ferramentas As máquinas, os equipamentos e as ferramentas devem cumprir as disposições da NR-12, que legisla em matéria de Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Adicionalmente, devem ser atendidas as seguintes determinações feitas pela NR-18: máquinas e equipamentos estacionários devem ser alocadas em áreas cobertas e com iluminação apropriada às atividades executadas no ambiente; o trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas que não sejam regulados pela NR-12 devem ter procedimentos próprios de segurança, em conformidade com os riscos resultantes das atividades envolvidas. É compulsório o uso de elevadores de transporte vertical de materiais nas obras de construção com altura maior ou igual a 10 metros. Tais equipamentos devem ser dotados de dispositivos de segurança que barrem a descarga acidental de materiais. Em relação à serra circular, equipamento comumente utilizado nas atividades de carpintaria num canteiro de obras, a Figura 40 expõe as diretrizes de segurança para o seu uso. Figura40: Diretrizes de segurança para a utilização da serra circular. Fonte: BRASIL (2020). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 94 ANOTE ISSO Um acidente de trabalho envolvendo o uso de um equipamento ocorreu durante uma obra de reforma de um terraço, conforme descrito por Barbosa Filho (2015, p. 170) “Um operário da construção civil estava trabalhando na ampliação de um terraço quando levou um choque proveniente da máquina de solda que utilizava, vindo a cair do andaime em que se encontrava a aproximadamente 3 m de altura. Após o choque, o trabalhador foi arremessado ao chão, já desacordado. Apesar dos esforços dos socorristas do SAMU para reanimar a vítima, não houve reação aos estímulos, ocorrendo o óbito.”. Por meio desse exemplo percebemos que é comum que os acidentes de trabalho não tenham uma causa única. Nesse caso, o equipamento não estava aterrado, razão pela qual ele sofreu o choque elétrico. Além disso, o trabalhador não estava dotado dos EPIs de proteção indispensáveis para a realização do trabalho em altura, os quais teriam evitado a queda de nível. 11.7 Equipamentos de proteção individual Devido ao risco de queda ou projeção acidental de materiais, é essencial para proteção da saúde dos trabalhadores da construção civil o uso de capacete de segurança para proteção contra impactos de objetos sobre o crânio, do tipo A e o calçado de segurança. Outro equipamento de proteção individual (EPI) essencial para evitar o contato de partículas e projéteis produzidos por atividades como a carpintaria e a lida com substâncias químicas potencialmente prejudiciais à saúde, como o cimento são: óculos de proteção e respiradores tipo máscara. Para proteger a audição de níveis de ruído passíveis de produzir consequências negativas é indispensável também a utilização de protetores auditivos. As luvas também são importantes para a proteção das mãos durante o manejo de equipamentos e ferramentas. A fim de que o trabalhador esteja protegido de quedas de nível durante a execução de trabalhos em altura, é fundamental o uso de cinturão de segurança dotado de talabarte e dispositivo trava-quedas devidamente posicionados, conforme mostrado na Figura 41. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 95 Figura 41: Trabalhador com cinturão de segurança com talabarte. Fonte: SENAC SP, 2020. 11.8 Sinalização de segurança A sinalização de segurança no canteiro de obras tem o intuito de não só demarcar as áreas de apoio, indicar saídas de emergência, advertir os indivíduos quanto aos riscos ambientais presentes na obra (tais como queda de materiais e pessoas e o choque elétrico), reiterar a obrigatoriedade do uso dos EPIs, mas também assinalar as áreas de movimentação e transporte de objetos, identificar os acessos e espaços de circulação de veículos e equipamentos e identificar as substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis, explosivas e radioativas, que venham a ser utilizadas nos locaisde trabalho (BRASIL, 2020). Para além da sinalização nos locais de trabalho, também é essencial que os trabalhadores usem vestimenta ou colete que promovam a sua visibilidade no tórax e costas, para a execução de serviços em áreas de movimentação de veículos e cargas (BRASIL, 2020). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 96 CAPÍTULO 12 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO A partir da segunda metade do século XIX, em substituição ao combustível de origem vegetal ou animal (carvão ou óleo de baleia), o petróleo e o gás foram ganhando espaço, até se tornarem, na atualidade, essenciais para a base da matriz energética mundial. A cadeira produtiva do petróleo e gás é subdividida em upstream, downstream e midstream, definidos por Portela (2015, p.59), como: O termo upstream refere-se à parte da cadeia produtiva que antecede ao refino. Toda a parte de exploração e produção é rotineiramente chamada de upstream. As demais partes que sucedem ao refino são identificadas como atividades downstream. Os processos de refino, transporte e comercialização fazem parte do downstream. Há ainda um terceiro termo, menos empregado, denominado midstream. Algumas operadoras chamam de midstream as atividades de processamento diretamente associadas à transformação de matérias-primas (óleo e gás) em produto (refinados entre outros). Sendo uma indústria de produção tão importante, é de se imaginar que estudar alguns aspectos relativos à norma regulamentadora nº 37, que dispõe sobre Segurança e saúde em plataformas de petróleo, é interessante para a prevenção e o controle de riscos, com o fim de garantir a segurança e saúde dos trabalhadores envolvidos. Portanto, assim o faremos nos tópicos a seguir. 12.1 Objetivo e aplicação A NR-37 tem como objetivo traçar os requisitos mínimos de segurança, saúde e vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo que permaneçam em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). Deve servir de diretriz para Plataformas estrangeiras que permaneçam por até seis meses em AJB, e caso estas não tenham suas instalações adequadas aos requisitos desta NR, elas devem atender às regras das convenções internacionais e serem certificadas e mantidas por sociedade classificadora, GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 97 reconhecidas pela Autoridade Marítima brasileira. Vale ressaltar que a operação das plataformas estrangeiras não deve expor os trabalhadores a riscos graves e iminentes (BRASIL, 2018). 12.2 Responsabilidades e competências As competências e responsabilidades são divididas entre três entes: a operadora da instalação, a operadora do contrato e os trabalhadores. À operadora da instalação cabe, dentre outras coisas: cumprir com as determinações da NR-37 e demais normas; interromper atividades que exponham os trabalhadores a risco grave e iminente; fornecer as informações requeridas pela Auditoria Fiscal do Trabalho; assegurar o acesso dos trabalhadores às normas que legislam em matéria de segurança e saúde no trabalho e materiais instrucionais, bem como que eles tenham pleno conhecimento de todos os riscos aos quais estão expostos no ambiente laboral e as medidas de controle que são adotadas para proteger sua saúde e integridade (BRASIL, 2018). A operadora do contrato é responsável pelo cumprimento das disposições da NR- 37 e demais normas, pela condução de auditorias na operadora da instalação para verificar o cumprimento dos requisitos da NR-37, de acordo com o que é previsto no sistema de gestão e pela prestação de informações para a Auditoria Fiscal do Trabalho (BRASIL, 2018). Os trabalhadores, por sua vez, devem cooperar com a operadora da instalação para o cumprimento das normas e legislações aplicáveis, além dos procedimentos de segurança e saúde no trabalho e bem-estar a bordo. Também têm a responsabilidade de comunicar ao superior hierárquico sobre situações que criem ou intensifiquem riscos para a segurança e saúde ou para terceiros de forma rápida, registrando-a. Por fim, deve também manter consigo apenas a quantidade adequada de medicamentos de uso contínuo próprio, portando a receita da prescrição médica, que, por sua vez, deve estar dentro do prazo de validade (BRASIL, 2018). 12.3 Declaração da Instalação Marítima – DIM A NR-37 estabelece que deve ser protocolizada pela operadora da instalação junto à Superintendência Regional do Trabalho do estado onde irá operar a plataforma, a Declaração da Instalação Marítima (DIM). O prazo a ser respeitado para que isso ocorra é de, pelo menos, 90 dias antes do início das atividades de perfuração (para plataformas de perfuração); do final da ancoragem no local de operação (para plataformas de GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 98 produção flutuante); do término da organização e montagem do local de operação (para plataforma fixa); e começo da prestação de serviços (para as instalações de apoio) (BRASIL, 2018). A operadora da instalação não precisará submeter uma nova DIM em caso de realocação da plataforma, devendo apenas protocolizar tanto na Superintendência Regional do Trabalho de origem, quanto na de destino, antes de começar o seu deslocamento, um documento contendo os itens descritos na Figura 37 Figura 37: Documento a ser protocolizado em caso de realocação de plataforma. Fonte: BRASIL (2018). Se a mudança de locação ocorrer por motivo de ocorrência de alguma situação de emergência, a comunicação deverá ser feita em até sete dias corridos depois da ocorrência ou do acidente, sendo anexada uma cópia da comunicação do incidente (BRASIL, 2018). 12.4 Capacitação, Qualificação e Habilitação É de responsabilidade do operador da instalação implementar um programa de capacitação em segurança e saúde no trabalho (SST) na plataforma, em diferentes modalidades, apresentadas brevemente na Figura 38, três das quais serão detalhadas mais à frente. O responsável técnico pela ministração de tais capacitações é o engenheiro de segurança do trabalho (BRASIL, 2018). Figura 38: Modalidades de capacitação em SST em plataformas. Fonte: BRASIL (2018). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 99 O briefing deverá ser realizado ao chegar a bordo da plataforma, devendo contemplar, entre outras coisas: as características da plataforma e o estado (operacional, parada, comissionamento, operações críticas e simultâneas, etc.); os tipos de alarme existentes a bordo, sobretudo os de emergência; os pontos de encontro e de evacuação em caso de emergência; as localizações de coletes, boias, baleeiras, balsas, botes; de resgate, etc.; regras de convívio a bordo (BRASIL, 2018). O treinamento antes do primeiro embarque deve ter carga horária mínima de 6 horas e abordar vários temas, dentre eles: Formas e procedimentos de acesso à plataforma; características, propriedades, riscos e perigos das substâncias combustíveis e inflamáveis a bordo; riscos ambientais distribuídos pela plataforma; efeitos dos riscos psicossociais decorrentes da jornada prolongada, do trabalho em turnos e noturno nas atividades laborais; EPC e EPI (BRASIL, 2018). O treinamento eventual deverá ser ministrado diante das seguintes condições: a) mudanças nos procedimentos, nas condições operacionais ou nas instalações da plataforma; b) operações simultâneas de risco; c) incidente de grande relevância ou acidente grave ou fatal, na própria instalação ou em outras plataformas; d) doença ocupacional que acarrete lesão grave à integridade física do(s) trabalhador(es); e) parada para a realização de campanhas de manutenção, reparação ou ampliação realizadas pela própria operadora ou por prestadores de serviços; f) parada programada; g) comissionamento, descomissionamentoou desmonte da plataforma. 12.5 Organização da plataforma Os trabalhadores devem se deslocar entre o continente e a plataforma preferencialmente por meio de helicópteros, durante o período diurno, com boas condições de visibilidade e desde que tenha recebido treinamentos de segurança e Briefing antes de cada transporte e transferência e utilizem colete salva-vidas (BRASIL, 2018). Na Figura 39 é descrita a organização da plataforma. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 100 Figura 39: Organização da plataforma. Fonte: BRASIL (2018). A lavanderia da plataforma que dispuser de lavanderia, normalmente as habitadas, esta área deve ser dimensionada de acordo com a quantidade de turnos e a lotação total de trabalhadores embarcados, com área de lavagem e secagem isolada acusticamente (BRASIL, 2018). 12.6 Armazenamento de Substâncias Perigosas O armazenamento interno de substâncias perigosas na plataforma visa priorizar a segurança e a saúde dos trabalhadores a bordo. A organização dos produtos químicos dependerá da sua natureza, devendo ser mantidas separadas as que forem incompatíveis. As FISPQ devem permanecer no mesmo no compartimento onde as substâncias as quais se referem se encontram, de maneira organizada e de fácil acesso (BRASIL, 2018). O armazenamento de combustíveis e inflamáveis deve ser feito num compartimento de armazenamento interno, o qual deve atender aos seguintes critérios (BRASIL, 2018): GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 101 • Possuir anteparas, tetos e pisos construídos em material resistente ao fogo, que não produza centelha mediante o atrito. • Ter dispositivo que impeça a formação de eletricidade estática; • Equipamentos e materiais elétricos que sejam apropriados para a classificação de área; • Ser dotado de sistema de ventilação e exaustão, quando necessário; • Sistema de tratamento ou eliminação segura de gases tóxicos ou inflamáveis; • Sistema de combate a incêndio com extintores do tipo apropriado, próximos ao acesso; • Sistema de detecção automática de fogo no interior do compartimento de armazenagem das substâncias e alarme na sala de controle; • Portas com fechamento automático, quando requerido; • Ambiente seco sem substâncias corrosivas; • Luz de emergência; • Vias e portas de acesso sinalizadas com os dizeres “INFLAMÁVEL” e “NÃO FUME”; • Conjunto para a contenção de vazamentos. O compartimento deve ter armários prateleiras ou estantes de metal, localizadas em local de fácil limpeza, dotado de sistema de drenagem para viabilizar o escoamento e o armazenamento em local seguro, no caso de vazamento de líquidos combustíveis ou inflamáveis (BRASIL, 2018). Em relação a gases, a NR-37 determina que: 37.19.6 O local utilizado para armazenar gás inflamável em área aberta da plataforma deve: a) se comunicar apenas com o convés aberto; b) ser seguro, arejado, segregado e sinalizado; c) permitir a fixação do cilindro; d) prover a proteção dos cilindros contra impactos e intempéries; e) estar afastado de fontes ignição e agentes corrosivos. 37.19.7 Os cilindros de gases devem ser: a) estocados com as válvulas fechadas e protegidas por capacete rosqueado; b) fixados na posição vertical; c) segregados por tipo de produto; d) separados os cheios dos recipientes vazios ou parcialmente utilizados; e) sinalizados. 37.19.7.1 Os cilindros de gases e os recipientes de substâncias perigosas, considerados nominalmente vazios, devem ser armazenados de acordo com os requisitos supracitados, até serem desembarcados (BRASIL, 2018, parágrafos 37.19.6 e 37.19.7). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 102 12.7 Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações As caldeiras, os vasos de pressão e as tubulações das plataformas devem seguir as determinações da NR-13, norma específica sobre Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações. Há algumas exceções ao seguimento dessa norma, é o caso dos vasos de pressão destinados aos sistemas navais e de propulsão de embarcações convertidas em plataformas, desde que tais embarcações possuam certificado de classe atualizado e emitido por sociedades reconhecidas pela Autoridade Marítima. Outra exceção consiste na caldeira localizada em ambiente fechado, a qual não precisará se localizar em prédio separado, ter ventilação permanente e nem será proibida a utilização de casa de caldeiras ou praça de máquinas para outras finalidades, conforme assevera a NR-13 (BRASIL, 2018). Quanto à habilitação dos trabalhadores para lidar com caldeiras, vasos de pressão e tubulações, a NR-37 define que: 37.21.4 É considerado trabalhador capacitado, como operador de caldeira ou de unidade de processo, o estrangeiro que possuir treinamento e estágio ou treinamento e experiência maior que dois anos, realizados no exterior ou no Brasil. 37.21.4.1 A capacitação deve ser reconhecida formalmente pelo profissional legalmente habilitado e designado pela operadora da instalação como responsável técnico pela(s) caldeira(s) ou unidade(s) de processo(s). 37.21.4.2 O profissional legalmente habilitado deve fundamentar as razões que levaram a reconhecer a capacitação do operador estrangeiro de caldeira ou de unidade de processo, emitindo o respectivo certificado. 37.21.4.3 A previsão de validações das capacitações supracitadas deve estar descrita na ART emitida pelo profissional legalmente habilitado.37.21.5 A operadora da instalação deve manter a bordo documentos que comprovem treinamento, estágio e reciclagem dos operadores de caldeira e dos profissionais com treinamento de segurança na operação de unidades de processo (BRASIL, 2018, parágrafos 37.21.4 e 37.21. 5). ANOTE ISSO Para se ter uma ideia da importância de monitoramento das tubulações, conhecido como um dos piores desastres já ocorridos na indústria de petróleo e gás, o acidente da plataforma Piper Alpha, ocorrido no dia 6 de julho de 1988, foi provocado por um vazamento de condensado de gás gerou uma grande explosão. O calor gerado pela primeira explosão ocasionou um rompimento da linha principal do óleo que levava o gás das plataformas que estavam conectadas a Piper Alpha. A segunda explosão acarretou um incêndio de proporções ainda maiores, de modo que esse acidente acabou por levar 167 colaboradores a óbito, restando 62 sobreviventes (LIMA; MEIRELES JUNIOR; ROSA, 2016). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 103 12.8 Prevenção e Controle de Vazamentos, Derramamentos, Incêndios e Explosões A operadora da instalação deve implementar medidas de prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões, continuamente, desde a fase de projeto das plataformas, para prevenir e controlar sua ocorrência, incluindo os meios possíveis para mitigar as suas consequências, em caso de falhas nos sistemas de prevenção e controle (BRASIL, 2018). O projeto da plataforma e suas alterações, manutenção, reparo e modificações de processo já devem prever emissões fugitivas, com a finalidade de minimizar os riscos e permitir que seja possível agir assertivamente após a identificação das suas fontes (BRASIL, 2018). De acordo com a NR-37, as seguintes diretrizes devem ser seguidas: 37.27.4 Os tanques, vasos e equipamentos e outros componentes da plataforma que armazenam líquidos combustíveis e inflamáveis devem possuir sistemas de contenção de vazamentos ou derramamentos, como diques, bandejas ou similares, dimensionados e construídos de acordo com as normas técnicas nacionais ou, na sua ausência, com as normas internacionais. [...] 37.27.5 Os sistemas utilizados para preparar, armazenar ou tratar os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restauração de poços de petróleo, com características combustíveis ou inflamáveis, devemser dotados de equipamentos e instrumentos de medida e controle para impedir a formação de atmosferas explosivas, obedecendo a seguinte hierarquia: a) prevenir a liberação ou disseminação desses agentes no meio ambiente de trabalho; b) reduzir a concentração desses agentes no ambiente de trabalho; c) eliminar o risco de incêndio e explosão. 37.27.6 Em áreas sujeitas à existência ou à formação de atmosferas explosivas ou misturas inflamáveis, a operadora da instalação é responsável por implementar medidas específicas para controlar as fontes de ignição, como por exemplo: a geração, o acúmulo e a descarga de eletricidade estática, e a presença de superfícies aquecidas de máquinas, equipamentos, instrumentos, dutos e demais acessórios (BRASIL, 2018, parágrafos 37.27.4, 37.27.5 e 37.27.6). Os próprios trabalhadores, assim como os terceirizados, devem ser consultados pela operadora da instalação quando estiverem sendo pensadas ou revisadas as medidas de prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões (BRASIL, 2018). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 104 ANOTE ISSO Você já ouviu falar do acidente da plataforma de petróleo P-36? De acordo com Figueiredo, Alvarez e Adams (2018, p. 1) “O acidente com a P-36, ocorrido em 15 mar. 2001, é um daqueles eventos que integra a galeria dos grandes desastres internacionais da indústria do petróleo, que resultou em 11 mortes, perda total da unidade, cuja produção a plena carga seria de 180 mil barris por dia, e um prejuízo estimado em um bilhão de reais. O salto tecnológico auferido pela Petrobras àquela altura contrastava com a sucessão de sinistros graves, expondo as lacunas da empresa no campo da saúde, segurança e meio ambiente”. Sabendo disso, enumere as consequências que um acidente como esse provoca para as pessoas afetadas direta ou indiretamente e para o meio ambiente. 12.9 Plano de Resposta a Emergências O Plano de Resposta a Emergências (PRE) deve contemplar os cenários possíveis diante dos riscos ambientais presentes no exercício das atividades laborais e demais processos que se dão na plataforma. Com base nesses riscos, a operadora da instalação deve elaborá-lo, implantá-lo e disponibilizá-lo a bordo. O PRE deve conter a descrição das ações e condutas a serem adotadas perante a ocorrência de eventos ou situações de risco grave e iminente de prejuízos à segurança e danos à saúde dos trabalhadores. A Figura 40 enumera alguns dos itens que o PRE deve conter, de acordo com a NR-37. Figura 40: Algumas diretrizes úteis para a elaboração do PRE, conforme a NR-37. Fonte: BRASIL (2018). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 105 Outros dois itens relevantes que devem ser englobados no PRE são os procedimentos para orientação de não residentes em relação aos riscos e como proceder diante de situações de emergência; bem como o cronograma, a metodologia, as formas de registro e os critérios para avaliação de exercícios simulados (BRASIL, 2018). 12.10 Sistema de Drenagem, de Tratamento e de Disposição de Resíduos Os resíduos industriais devem receber a destinação adequada, sendo vedado o lançamento de contaminantes no ambiente de trabalho, os quais tenham potencial para comprometer a segurança e a saúde dos trabalhadores (BRASIL, 2018). A concessionária e a operadora da instalação devem providenciar para que os resíduos líquidos e sólidos sejam monitorados, coletados, armazenados e transportados para a disposição final de modo seguro. Os resíduos perigosos e materiais radioativos, em particular, devem ser dispostos e desembarcados conforme requisitos de legislações específicas para tal, como a Norma CNEN-NE 8.01 que zela pela “Gerência de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação” (BRASIL, 2018). Os líquidos combustíveis e inflamáveis que possam ser acumulados com segurança, devem ser represados em bacias de contenção, sendo escoados, armazenados e tratados em conformidade com o disposto pelas autoridades competentes (BRASIL, 2018). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 106 CAPÍTULO 13 ERGONOMIA As mudanças nos contextos econômico e organizacional, o comportamento individual e o ambiente de trabalho são apenas algumas das variáveis inseridas nos processos de produção. Na garantia da eficiência e manutenção do fluxo produtivo constante, a ergonomia desempenha um importante papel. Neste capítulo, você vai estudar a aplicação da ergonomia no ambiente produtivo e verificar o quanto é importante conhecer da Norma Regulamentadora (NR) nº 17 do Ministério do Trabalho e Previdência. Além disso, você vai identificar algumas modificações ergonômicas que podem ser implementadas nas empresas e verificar as etapas da análise ergonômica 13.1 Aplicação da ergonomia ao ambiente de trabalho As mudanças ocasionadas pelos avanços econômicos e tecnológicos e, consequentemente, nas relações de trabalho tornam cada vez mais necessárias a absorção e adaptação de novas demandas nas organizações. Manter-se atualizada é uma obrigação para uma empresa que visa o lucro e almeja alcançar e manter vantagem competitiva a longo prazo. Os processos produtivos não são fáceis de serem entendidos, uma vez que envolvem seres humanos e toda a sua complexidade, englobando, assim, seus aspectos psicológicos, fisiológicos, sociais, ambientais, entre outros. Dessa forma, trabalhar com o ser humano não é uma tarefa fácil, pois trata-se de uma “máquina” com poucos padrões, embora com algumas características em comum. Daí a importância de um processo cuidadoso de seleção, treinamento e retenção de talentos, de forma que os recursos humanos estejam suficientemente satisfeitos a fim de trabalharem em uníssono com os objetivos estratégicos das organizações. Num cenário econômico competitivo, todos os fatores da produção devem ser considerados. Como produzir melhor e com mais eficiência? Essa é uma pergunta frequentemente abordada nas grandes empresas. A partir do século XX, os estudos da produção, com foco na interação entre ser humano, máquina e ambiente de trabalho, começaram a surgir, sendo Frederick Winslow Taylor um grande estudioso dessa GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 107 questão. No entanto, atualmente a ergonomia apresenta um conceito diferente do proposto por Taylor, conforme afirmam Corrêa e Boletti (2015). O conceito mais atual da ergonomia não é adaptar o ser humano à máquina, mas adaptar a máquina ao ser humano, criando um sistema de interação entre as partes. Manter uma linha de produção eficiente significa prestar atenção na máquina e também nos trabalhadores — somente assim um sistema funcionará adequadamente. Para que ocorra o equilíbrio do sistema proposto de interação entre homem e máquina, a ergonomia deve ser considerada, pois foca na qualidade do processo, não somente adaptando as máquinas aos trabalhadores, mas também verificando as características ambientais envolvidas e como podem afetar a qualidade do trabalho, conforme afirma Iida (2005). A preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores não é apenas uma questão de eficácia produtiva — ela vai além, uma vez que no Brasil a NR nº 17 do Ministério do Trabalho e Previdência, intitulada “Ergonomia” e conhecida como NR-17, tem força de lei. Portanto, a preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida no trabalho não tem apenas o objetivo de otimizar a produção ou adaptar a máquina; existe ainda o aspecto legal (BRASIL, 2022). ANOTE ISSO A Associação Brasileira de Ergonomia conceitua ergonomia da seguinte forma: A ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas,e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 1999). A ergonomia pode fazer parte de todo o processo, desde o projeto de um produto já adaptado a determinadas condições até a verificação de produtos ou formas de trabalhar já existentes, propondo adequações. As soluções, na grande maioria das vezes, não são tarefas fáceis a ponto de serem resolvidas na primeira tentativa. Na maioria dos casos, conforme afirma Iida (2005), a tarefa é complexa e exige diversas tentativas ou análises, não existindo respostas prontas. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 108 ANOTE ISSO A ergonômica é fundamental para o bom desempenho das organizações, pois exerce impacto na qualidade de vida do trabalhador. Um aspecto que vale ser destacado é que o escopo da ergonomia é amplo, o que fez com que se buscasse meios para lidar com ela. Esses meios se diferenciam quanto a abordagem (produto e produção), perspectivas (Intervenção e concepção) e finalidade (correção, enquadramento, remanejamento, modernização) (IIDA, 2005). As respectivas abrangências de cada um desses âmbitos de ergonomia são listadas a seguir: • Ergonomia de produto — foco na introdução de recomendações ergonômicas no projeto de produtos. • Ergonomia de produção — voltada para o projeto de sistemas de trabalho. • Ergonomia de intervenção — foco numa situação existente. • Ergonomia de concepção — foco na concepção de projeto. • Ergonomia de correção — foco em mudança limitada em algo que já existe. • Ergonomia de enquadramento — adoção de padrões e parâmetros. • Ergonomia de remanejamento — foco em mudanças mais ou menos profundas em algo que já existe. • Ergonomia de modernização — foco em mudanças na base técnica do processo de produção. A ergonomia era inicialmente aplicada apenas na indústria e nos setores militar e espacial. Porém, cada vez mais outros setores vêm adotando as suas diretrizes, inclusive no dia a dia das pessoas “comuns”. É evidente que existem nos projetos concessões às vezes relacionadas à postura, ao ruído ou a outro tipo de desconforto; porém, em relação à segurança do operador, nenhuma concessão deve ser permitida, já que os danos à saúde física do trabalhador por vezes são irreparáveis. Na indústria, a ergonomia tem como objetivo contribuir para a eficiência, a confiabilidade e a qualidade das operações. Está presente na interface homem–máquina, na adequação dos postos de trabalho, na organização laboral e na verificação das condições ambientais como um todo (ruído, temperatura, luminosidade). Além das condições ambientais, estão inseridos no escopo da ergonomia os aspectos relacionados com a fadiga, o tédio e a monotonia, que podem ser ocasionados em tarefas repetitivas. Na agricultura, a ergonomia avança de forma um pouco mais lenta, devido às características dispersas das atividades desse setor. As máquinas agrícolas vêm evoluindo constantemente, possibilitando mais conforto e segurança ao trabalhador e visando evitar os acidentes relacionados a esse tipo de maquinário. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 109 No setor de serviços, que inclui hospitais, lojas, escritórios e uma série de outros locais de trabalho, a ergonomia é aplicada de diferentes formas. Num hospital complexo, por exemplo, onde diferentes equipamentos devem operar em tempo integral, são necessárias escalas de trabalho, iluminação adequada na sala de cirurgia, conforto para o paciente, acessibilidade à edificação e uma série de outros requisitos. A ergonomia também está presente no cotidiano, melhorando a qualidade de vida em vários aspectos. Nesse contexto, a Norma Brasileira (NBR) nº 9.050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece condições para acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015). Essa norma utiliza conceitos de ergonomia para tornar os locais acessíveis à maioria da população. Enfim, são inúmeras as maneiras de aplicar a ergonomia ao ambiente de trabalho e no dia a dia; difícil é imaginar uma situação em que os conceitos da ergonomia não se aplicam. A verificação das condições de trabalho deve ser constante, e é preciso ter em mente que tanto os trabalhadores quanto a empresa têm necessidades. Esse equilíbrio entre as condições ambientais da empresa e a qualidade de vida dos trabalhadores precisa ser mediado por uma equipe multidisciplinar para que metas e resultados possam ser atingidos. 13.2 Modificações ergonômicas Um dos objetivos da ergonomia é tornar o ambiente de trabalho mais seguro, saudável, confortável e efi ciente, conforme afi rmam Dul e Weerdmeester (2004). Nesse contexto, os autores Iida (2005) e Kroemer e Gradjean (2007) enfatizam as necessidades de otimização da eficiência e de redução da monotonia, do estresse, de erros e acidentes. Dessa forma, promove-se a segurança no local de trabalho, sempre alinhada à produção. Não é possível manter a produção de uma empresa com alto rendimento quando ocorrem diversos afastamentos por lesões ou desconfortos. Tais problemas podem, inclusive, ser motivo de interdições temporárias realizadas pelo Ministério do Trabalho e Previdência. Com base nesses conceitos, as linhas de montagem tradicionais, responsáveis por trabalhos monótonos e repetitivos, vêm dando espaço para núcleos de trabalho, na forma de equipes menores e com maior flexibilidade, isto é, uma célula produtiva responsável por um produto completo. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 110 Nessa mudança de forma de trabalho, a ergonomia tem papel fundamental. Além da redução da fadiga, da monotonia e do tédio, nesse tipo de arranjo os erros são mais fáceis de serem percebidos, e não é necessário que toda a linha seja interrompida quando um erro é encontrado, pois este ocorre apenas no núcleo do processo. Com isso, a distribuição de tarefas ocorre de forma mais organizada, conforme afirma Iida (2005). Os benefícios da modificação ergonômica no ambiente de trabalho se tornam mais evidentes quando o próprio posto de trabalho é alterado. Em escritórios, as pessoas utilizam o computador o tempo todo; assim, a adaptação da estação de trabalho é muito importante para melhorar a qualidade das tarefas. Como exemplo, podemos observar na Figura 40 o registro da atividade muscular dos ombros no ato de escrita. Em A, é registrada a posição ótima de escrever; em B, a altura elevada move a carga para os ombros; na posição C, a altura está ainda mais elevada que na posição B, exigindo a elevação lateral dos braços para compensar. Desse modo, para aplicar um estudo ergonômico, seja qual for o método aplicado, é necessário conhecer os movimentos corporais necessários para cada tarefa. Figura 40. Registro da atividade da musculatura dos ombros. Fonte: Kroemer e Gradjean (2007, p. 52). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 111 Para conduzir modificações ergonômicas, entre outros métodos existentes, pode ser realizada uma análise ergonômica do trabalho (AET), conforme estabelece a NR-17 (BRASIL, 2022). A aplicação da AET ajuda a verificar as situações problemáticas no sistema produtivo, conforme afirma Iida (2005). Porém, somente com o conhecimento prévio da demanda, da tarefa ou da atividade é possível aplicar uma análise correta. Ademais, deve ser realizada uma análise para cada indivíduo, caso contrário o resultado não será satisfatório. Todas as etapas devem ser corretamente executadas para o bom êxito do estudo técnico. 13.3 Melhorias para adaptar a ergonomia Fundamentalmente, a ergonomia tem por objetivomelhorar a qualidade do trabalho em vários aspectos, incluindo os físicos, sensoriais, cognitivos, sociais e organizacionais. Nesse enfoque, está intrínseco o aspecto de prevenção das doenças do trabalho. Identifi cada a necessidade de mudança, a indicação de melhorias é feita com base num dos métodos de análise existentes. São diversos os métodos e ferramentas para a execução da AET, não existindo método certo ou errado; cada um apresenta características que melhor se aplicam a determinadas situações. Numa análise ergonômica, inicialmente deve-se apontar as primeiras observações em relação ao ambiente de trabalho, caso não exista histórico de aplicação da ergonomia na empresa. O escopo da NR-17 prevê os seguintes aspectos a serem observados (BRASIL, 2022): • Levantamento, transporte e descarga individual de materiais; • Mobiliário dos postos de trabalho; • Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais; • Condições de conforto no ambiente de trabalho. Existem dois anexos sobre o trabalho dos operadores de checkout e o trabalho em teleatendimento ou telemarketing. É importante ressaltar a extensão do conteúdo da norma; além de condições ambientais, o documento também contempla a organização do trabalho. Embora a norma estabeleça parâmetros e algumas recomendações, eles não são absolutos, servindo apenas de referência. O objetivo da NR-17 é instaurar diretrizes e requisitos necessários à adaptação das condições laborais às características psicofisiológicas dos trabalhadores, proporcionando conforto, segurança, saúde e GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 112 desempenho eficiente no trabalho (BRASIL, 2022). A tolerância de limites de segurança pode ser medida de forma objetiva; porém, em relação ao conforto, a medição se torna mais complexa. Para essa avaliação, a participação do trabalhador é fundamental; somente ele pode afirmar se determinada solução está atendendo às expectativas. Esta é uma das diferenças em relação à organização do trabalho proposta por Taylor: a participação do trabalhador. Cada vez mais, os colaboradores devem ser consultados sobre o mobiliário, as ferramentas e demais interfaces da produção. Outro conceito que deve ser entendido é o de produção eficiente. Para a NR-17, produzir de maneira eficiente não corresponde à produção máxima da linha sem medir as consequências na saúde do trabalhador (BRASIL, 2022). Muito pelo contrário, a eficiência está ligada ao desempenho satisfatório de toda a vida de trabalho. A eficiência, nesse caso, está relacionada com a manutenção do trabalhador durante todo o período produtivo estipulado. Como a tendência da previdência social é aumentar a idade mínima de aposentadoria, até mesmo devido à situação econômica do país, as empresas devem oferecer condições de trabalho adequadas para manter o trabalhador na ativa durante o período necessário. De acordo com a NR-17, cabe ao empregador realizar a AET (BRASIL, 2022): • Quando identificar a necessidade de análise mais profunda sobre determinada situação; • Quando identificar incoerências ou deficiência das ações adotadas; • Quando a AET for sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores de acordo com os critérios do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); • Quando, na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, de acordo com o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), for indicada a causa referente às condições de trabalho. Nesse contexto, a execução da AET deve compreender as seguintes etapas (BRASIL, 2022): • Deixar clara a demanda do estudo; • Analisar tarefas, atividades e situações de trabalho; • Discutir e restituir os resultados aos trabalhadores envolvidos; • Propor sugestões ergonômicas específicas para os postos de trabalho avaliados; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 113 • Avaliar e revisar as intervenções realizadas com a participação dos trabalhadores, supervisores e gerentes; • Avaliar a eficiência das recomendações. Analisada a demanda de forma correta e estudando-se o problema de forma adequada, a resposta ao problema ergonômico será satisfatória. Não devem ser conduzidas análises abstratas ou genéricas; analisa-se algo concreto, para assim entender o problema. O fluxo produtivo depende da manutenção das máquinas e dos indivíduos. Conhecer os limites e as potencialidades de cada um faz parte da organização do trabalho. Somente com esses dois elementos trabalhando de forma integrada, adequada, confortável e segura, torna-se possível obter melhores resultados. EXEMPLO: Deimling e Pesamosca (2014) aplicaram a AET numa empresa de confecções. O posto de trabalho analisado foi o de fechamento das laterais de camisas, pois exigia maior esforço e demonstrava problemas (verificação da demanda). De acordo com o estudo, a AET possibilitou identificar todos os movimentos realizados pelos funcionários. Como resultado da aplicação da ferramenta de análise, verificou-se que vários desses movimentos não estavam de acordo com as recomendações de conforto para a função. Para amenizar o problema, foram propostas três alternativas. A primeira compreendia a reavaliação da máquina, que não permitia a aproximação ideal do operador do equipamento. A segunda proposta consistia em providenciar uma cadeira com apoio para os cotovelos, permitindo, dessa forma, a execução das atividades sem interferência. A terceira proposta consistia em intercalar pausas de 3 a 5 minutos, para diminuir os efeitos do trabalho repetitivo, além de elaborar exercícios de ginástica laboral específicos para a função. Essas considerações foram realizadas apenas para uma atividade dentro da empresa, mas poderiam ser expandidas para outras áreas que apresentassem reclamações ou afastamentos. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 114 CAPÍTULO 14 NR-26: SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA 14.1 INTRODUÇÃO A SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA A Norma Regulamentadora – NR 26, disponível no site do Ministério do Trabalho, tem como objetivo estabelecer as cores que devem ser usadas em ambientes de trabalho para prevenir acidentes, identificar equipamentos de segurança, delimitando áreas de perigo, identificando as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases, e advertindo contra riscos, (BRASIL, 201). Vejamos agora as definições de cada cor e sua utilidade, retirado da NR-26. Vermelho O vermelho deverá ser usado para diferenciar e indicar equipamentos e dispositivos de proteção e combate a incêndio. Por ser de pouca visibilidade, quando comparado com a cor amarela, a cor vermelha não é usada na indústria para assinalar perigo. É empregado para identificar: • Caixa de alarme de incêndio. • Hidrantes. • Bombas de incêndio. • Sirene de alarme de incêndio. • Caixas com cobertores para abafar chamas. • Extintores e sua localização. • Indicação de extintores (visível à distância, dentro da área de uso do extintor). • Localização de mangueiras de incêndio (a cor deve ser usada no carretel, suporte, moldura de caixa ou nicho). • Baldes de areia ou água para extinção de incêndio. • Tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água. • Transporte com equipamentos de combate a incêndio. • Portas de saídas de emergência. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 115 • Rede de água para incêndio (Sprinklers). • Mangueiras de acetileno (solda oxiacetilênica) A cor vermelha é usada excepcionalmente com sentido de advertência de perigo: • Nas luzes a serem colocadas em barricadas, tapumes de construções e quaisquer outras obstruções temporárias. • Em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas de emergência. Alguns exemplos podem ser visualizadosna Figura 41 abaixo: Figura 41 – Sinalizações de cor vermelha. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Amarelo O amarelo deverá ser empregado para indicar “Cuidado!”. É empregado para identificar: • Partes baixas de escadas portáteis. • Corrimões, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentem risco. • Espelhos de degraus de escadas. • Bordos desguarnecidos de aberturas no solo (poço, entradas subterrâneas, etc.) e de plataformas que não possam ter corrimões. • Bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham verticalmente. • Faixas no piso da entrada de elevadores e plataformas de carregamento. • Meios-fios, onde haja necessidade de chamar atenção. • Paredes de fundo de corredores sem saída. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 116 • Vigas colocadas à baixa altura. • Cabines, caçambas e gatos-de-pontes-rolantes, guindastes, escavadeiras etc. • Equipamentos de transportes e manipulação de material tais como: empilhadeiras, tratores industriais, pontes-rolantes, vagonetes, reboques, etc. • Fundos de letreiros e avisos de advertência. • Pilares, vigas, postes, colunas e partes salientes da estrutura e equipamentos em que se possa esbarrar. • Cavaletes, porteiras e lanças de cancelas. • Bandeiras como sinal de advertência (combinado ao preto). • Comandos e equipamentos suspensos que ofereçam risco. • Para-choques para veículos de transportes pesados, com listras pretas e amarelas. • Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usados sobre o amarelo quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização. Veja abaixo alguns exemplos na Figura 42. Figura 42 – Sinalizações de cor amarela. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Branco O branco será empregado em: • Passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (localização e largura). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 117 • Direção e circulação, por meio de sinais. • Localização e coletores de resíduos. • Localização de bebedouros. • Áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de combate a incêndio ou outros equipamentos de emergência. • Áreas destinadas à armazenagem. • Zonas de segurança. Veja alguns exemplos na Figura 43. Figura 43 – Sinalizações de cor branca. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Preto O preto é empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (exemplo: óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível, alcatrão, piche, etc. – Figura 44). Figura 44 – Sinalizações de cor preta. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 118 Azul O azul será utilizado para indicar “Cuidado! ”. Empregado em barreiras e bandeiras de advertência a serem localizadas nos pontos de comando, de partida ou fontes de energia dos equipamentos. Será também empregado em: • Canalizações de ar comprimido. • Prevenção contra movimento acidental de qualquer equipamento em manutenção. • Avisos colocados no ponto de arranque ou fontes de potência. A Figura 45 apresenta alguns exemplos. Figura 45 – Sinalizações de cor azul. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Verde O verde caracteriza “Segurança”. Deverá ser empregado para identificar: • Canalizações de água. • Caixas de equipamentos de socorro de urgência. • Caixas contendo máscaras contra gases. • Chuveiros de segurança. • Macas. • Fontes lavadoras de olhos. • Quadros para exposição de cartazes, boletins, avisos de segurança, etc. • Porta de entrada de salas de curativos de urgência. • Localização de EPI. • Caixas contendo EPI. • Emblemas de segurança GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 119 Veja exemplos na Figura 46: Figura 46 – Sinalizações de cor verde. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Laranja O laranja deverá ser empregado para identificar: • Canalizações contendo ácido. • Partes móveis de máquinas e equipamentos. • Partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas. • Faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos. • Faces externas de polias e engrenagens. • Dispositivos de corte, bordas de serras e prensas. • Botões de arranque de segurança. Abaixo alguns exemplos: Figura 47 – Sinalizações de cor laranja. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 120 Púrpura A cor púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares. É utilizada em: • Portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam materiais radioativos ou materiais contaminados pela radioatividade. • Locais onde tenham sido enterrados materiais e equipamentos contaminados. • Recipientes de materiais radioativos ou refugos de materiais e equipamentos contaminados. • Sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. Veja na Figura 48 um exemplo: Figura 48 – Sinalização na cor Púrpura. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Lilás O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que contenham elementos químicos de característica básica. Refinarias de petróleo normalmente utilizam o lilás para a identificação de lubrificantes. Veja na Figura 49 um exemplo: GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 121 Figura 49 – Sinalização na cor lilás. Fonte: Adaptado de Swambiental, 2015. Cinza Deverá ser empregado: • O cinza claro para identificar canalizações em vácuo. • O cinza escuro para identificar eletrodutos. Veja um exemplo na Figura 50: Figura 50 – Sinalização na cor cinza. Fonte: Oxigasinstalacao, 2023. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 122 Alumínio O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (exemplo: óleo diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, etc.). Marrom O marrom pode ser adotado, para identificar qualquer fluído não identificável pelas demais cores As principais mais comumente usadas são: vermelho, amarelo, azul, verde e laranja, de forma resumida, temos: Vermelho → PERIGO Amarelo → CUIDADO Azul → AVISOS Verde → SEGURANÇA Laranja → ATENÇÃO ISTO ESTÁ NA REDE Um acidente que ocorreu na Bahia, em Junho de 2014, causou a morte de três funcionários de uma empresa prestadora de serviço para a Embasa (perfurando o solo). Segundo o laudo técnico, um dos principais motivos para a causa do acidente foi a falta de sinalização no local de trabalho indicando a presença de gases danosos. Para ler a matéria completa, acesse: G1. A causa do acidente que matou 3 pode ter sido falta de segurança. Disponível em: <http://g1.globo.com/bahia/noticia/2014/06/causa-de-acidente-que-matou-3- pode-ter-sido-falta-de-seguranca.html> Acessado em: 22 de fevereiro de 2021. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 123 CAPÍTULO 15 INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE RISCOS Desde os primórdios as atividades relativas aos seres humanos estão profundamente ligadas com um potencial de riscos. Com certa regularidade essas atividades resultaram de alguma forma em lesões físicas; perdas temporárias ou definitivas da capacidade de executar tarefas e até mesmo a morte. Assim, atividades cruciais de sobrevivência, como pesca e a caça, eram acometidas por acidentes que por vezes poderiam diminuir a capacidade de produção devida a lesões físicas. A partir do momento em que o homem primitivo desenvolveu a competência para se transformarem artesão, por meio da descoberta de metais e minérios, foi possível criar as primeiras ferramentas para facilitar o seu trabalho. Portanto, foi dessa maneira que surgiram as primeiras doenças relacionadas ao trabalho, que eram ocasionadas pelos materiais utilizados para a fabricação de ferramentas e artefatos (RUPPENTHAL, 2013). Já segundo Alberton (1996), na pré-história o homem buscava se proteger de animais selvagens vivendo em cavernas e especializando-se na caça. A princípio, o modo de subsistir e lidar com os perigos era graças à sua inteligência superior, astúcia e o uso das mãos. A partir do descobrimento do fogo e armas, e mesmo o planejamento, organização e ação grupal, fez com o que houvesse uma evolução no quesito proteção, no entanto, novos riscos foram introduzidos. Por exemplo, a invenção do machado de pedra, assegurou um avanço na alimentação e segurança de si e da família, mas isso implicava também em graves acidentes pelas práticas inseguras no manejo da ferramenta. Por consequência, tanto os homens pré-históricos quanto os da Idade da Pedra já enfrentavam constantemente perigos na vida diária enquanto lutavam por sua existência. Portanto, correr riscos é uma história antiga. Segundo apresenta Ruppenthal (2013): GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 124 “A indicação mais remota a respeito da necessidade de segurança no trabalho, referente à preservação da vida e saúde do trabalhador, data de um registro em um documento egípcio, o papiro Anastácius V, onde descreve a situação de trabalho de um pedreiro: “Se trabalhares sem vestimenta, teus braços se gastam e tu te devoras a ti mesmo, pois, não tens outro pão que os seus dedos”. Desta forma, o homem evoluiu para a agricultura e o pastoreio, do artesanato e chegou a era industrial, sempre acompanhado de diferentes riscos que afetam sua vida e saúde” (Ruppentha 2013, p.15). Previamente à Revolução Industrial, os acidentes mais graves eram normalmente causados por quedas, afogamentos, queimaduras ou ferimentos causados por animais domésticos, já que na época a força empregada era, em geral, a humana ou a tração animal. A partir da utilização da energia hidráulica à manufatura, sucedida da máquina a vapor e eletricidade, houve um grande progresso na invenção de máquinas novas e melhores para que pudessem acompanhar a industrialização, mas trouxe também novos riscos e tornou os acidentes de trabalho maiores e mais numerosos. Ainda assim, mal se falava em saúde ocupacional. Com o desenvolvimento tecnológico e controle de forças cada vez mais abrangentes, há uma série de situações perigosas em que máquina, engrenagens, produtos químicos, gases, envolvem o homem de tal maneira que o forçam a ter cautela enquanto exerce suas funções laborais, já que nesse contexto estava suscetível a sofrer alguma lesão irreparável ou vir a óbito (ALBERTON, 1996). A Revolução Industrial Inglesa, por volta de 1760 e 1830, proporcionou o surgimento da primeira máquina de fiar, o que mudou profundamente a história da humanidade. Conforme afirma Alberton (1996), o aparecimento das máquinas que podiam fiar em um ritmo infinitamente superior ao do mais hábil artesão, a improvisação das fábricas e os operários destreinados, que em sua maioria era composta por mulheres e crianças, sucedeu em problemas ocupacionais extremamente graves. O número de acidentes de trabalho passou a ser bastante alto devido a fatores como: inexistência de proteção das máquinas ruidosas, falta de treinamento em sua operação, ausência de uma jornada de trabalho e as más condições do ambiente de trabalho como um todo. Ao passo que novas fábricas eram inauguradas e novas atividades industriais se iniciavam, também crescia o número de acidentes e doenças, tanto ocupacionais quanto não-ocupacionais. Perante a grande pressão a opinião pública e o intenso e crescente número de acidentes na indústria, foi criado no Parlamento Britânico, dirigido por sir Robert Peel, GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 125 uma comissão de inquérito que, em 1802, conseguiu aprovar a primeira lei de proteção aos trabalhadores, a chamada “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia a jornada diária de doze horas de trabalho, a proibição de trabalho noturno e a obrigação por parte dos empregadores a lavar as paredes das fábricas uma vez por semestre e estabelecia a ventilação obrigatória. Após isso, diversas outras leis complementares foram seguidas, ainda assim, devido à forte oposição dos empregadores, apenas uma parcela mínima do problema foi resolvida. (ALBERTON, 1996) Após algumas décadas, passaram a existir algumas funções médicas específicas na fábrica, dadas as necessidades da época, o profissional seria responsável desde o exame admissional e periódico até a orientação de doenças ocupacionais e não- ocupacionais. Disso em diante, com o grande desenvolvimento industrial, em especial na Grã-Bretanha, mas também em outros países da Europa, uma sucessão de medidas legislativas foi estabelecidas em prol da segurança e saúde do trabalhador (ALBERTON, 1996). Dado este breve panorama histórico das relações do homem com o trabalho e os riscos envolvidos, é importante definir o que é o risco. Há divergências quanto à uma definição que seja universalmente reconhecida para a palavra risco. Logo, existem diferentes significados associados à palavra, tanto sintática quanto semanticamente, devido às suas origens. De acordo com Wharton (1992), no árabe a palavra “risq” tem o significado de algo que lhe foi dado por Deus, do qual poderá-se-a tirar proveito, ou seja, algo inesperado, mas favorável ao indivíduo. Em contrapartida, em latim, riscum também tem a conotação de algo inesperado, mas desfavorável ao indivíduo. No grego, em uma derivação do árabe risq, a palavra relata probabilidade de um resultado neutro, sem imposições negativas ou positivas. Em francês risque tem significado negativo, ocasionalmente tem também conotações mais positivas, ao passo que, no inglês, risk possui associações negativas bem definidas. Desta maneira, a palavra risco pode ir desde uma decisão ou ação com resultado inesperado, com significado tanto positivo ou negativo, e, sob um ponto de vista mais científico, até um resultado não desejado a probabilidade de ocorrência do mesmo (apud SOUZA, 1995). O risco, conforme apresenta Soares (2001), é uma incerteza que está associada a um perigo que causa uma redução de segurança, com possibilidade de acontecer no futuro. Seria a possibilidade de dano ou perda em pessoas, equipamentos e sistemas ou ao meio ambiente, em um certo período de tempo enquanto durar os seus efeitos, GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 126 como consequência de uma situação de perigo. O risco é função da regularidade ou probabilidade de ocorrer uma anormalidade. Pode-se observar que as pessoas costumam associar o risco com a “probabilidade de ocorrência” de um determinado evento e não tanto com as suas “consequências”, quando na verdade o correto seria uma associação dos dois. Identificar os perigos, buscar maneiras de conter as situações de risco, aprimorar técnicas de proteção, explorar materiais e produtos mais seguros, empregar os conhecimentos obtidos a uma filosofia de preservação, foram etapas importantes que caracterizaram a evolução humana no decorrer de sua existência. Inicialmente, a necessidade de proteção dominava apenas o âmbito individual. Somente depois de um longo período, em termos históricos, é que a noção de proteção individual foi estendida e logo substituída pela proteção do grupo, da tribo, da nação, do país e, muito depois, para a proteção da espécie. A prevenção, como conceito, evoluiu em paralelo com a racionalidade e a habilidade de organização daespécie humana, desenvolvendo a capacidade de antecipar e reconhecer os riscos de suas atividades, conforme ilustra a figura 51 (RUPPENTHAL, 2013). Figura 51 - Trabalhadores utilizando equipamentos de segurança Fonte: Unsplash Disponível em: <https://unsplash.com/photos/qvBYnMuNJ9A> 15.1 Programa de gerenciamento de riscos: etapas do pgr Segundo apresenta Souza (2012), em termos de consciência e convivência com o risco, a Gerência de Riscos, é tão antiga quanto o homem. De fato, o ser humano sempre teve algum envolvimento com riscos e com diversas decisões de Gerência de Riscos. Antes mesmo de existirem o que podem hoje ser chamados de gerentes de riscos, os indivíduos já se dedicavam, e ainda se dedicam, a funções e tarefas específicas de GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 127 segurança do trabalho, segurança patrimonial, proteção contra incêndios, controle de qualidade, análises e inspeções de riscos para fins de seguro, dentre diversas outras atividades similares. Alberton (1996) define a Gerência de Riscos como a arte, a ciência e a função que busca a proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, seja através de financiamento dos riscos remanescentes, ou da forma que seja mais viável economicamente. A Gerência de Riscos teve seu início na Europa e nos EUA, ao final da Segunda Guerra Mundial, em virtude da rápida expansão das indústrias, quando se tornou essencial a garantia de proteção da empresa, frente ao crescimento de riscos incorporados. O que aconteceu desde o momento em que o homem esteve em contato com o risco até o ponto de surgimento da gerência de riscos, foi que os europeus e os americanos concentraram práticas independentes em um composto de teorias lógicas e objetivas, que foram nomeadas Risk Management. Para Ruppenthal (2013), uma também definição de Gerenciamento de Riscos seria “um processo formal em que as incertezas presentes são sistematicamente identificadas, analisadas, estimadas, categorizadas e tratadas”. Assim, busca um equilíbrio dos resultados de oportunidades de ganhos e a minimização de perdas, garantindo o constante aprimoramento do processo de decisão e também a melhoria progressiva do desempenho da organização. Este processo compreende a concepção de cultura e infraestrutura adequadas, aplicando o método sistematicamente, de modo a assentir que as decisões sejam tomadas por intermédio do conhecimento dos riscos associados às atividades da organização. De maneira geral, o gerenciamento de riscos acrescenta valor aos processos de negócios das organizações e empresas e, por estar se generalizando, deixa de ser privilégio de instituições financeiras e seguradoras. O processo de Gerenciamento de Riscos pode justificar sua efetividade, conforme o Relatório Final sobre Riscos Universais em Projetos do Grupo de Riscos do PMI Mundial (Hall e Hulett, 2002, apud ROVAI, 2005): • Ambiente: Uma modificação, delimitando o ambiente do projeto, incluindo, “downsizing”, um orçamento mais enxuto e o interesse de desenvolver e entregar sistemas mais rapidamente. Dessa maneira, a entrega e o desenvolvimento de muitos sistemas apontam, atualmente, risco mais alto do que no passado, considerando o mesmo nível de ganho relativo de tecnologia. E para operações de sistemas, o requisito de realizar o mesmo, ou maior, nível de operações com GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 128 menos manutenção e menor número de pessoal, implica em riscos mais altos do que previamente. • Valor Agregado: Um único risco que é evitado em uma operação ou projeto pode pagar muitas, até mesmo todas, atividades de Gerenciamento de Riscos. Existem exemplos atuais em que o processo de Gerenciamento de Riscos foi utilizado por clientes, proposto pelo contratante e a avaliação de riscos do candidato, como um diferenciativo para seleção de fornecedores em uma compra competitiva. Assim, foi executado não apenas para auxiliar o projeto a impedir eventuais impactos com qualidade, custos e prazos do cronograma, como também para ajudar a ganhar um contrato. • Antecipação de Decisões Futuras: O Gerenciamento de Riscos propicia influência na linha de frente de um projeto e ajuda a impedir problemas de baixa qualidade, de custos e também de atendimento de prazos de cronogramas. • Metodologia formal: O Gerenciamento de Riscos é uma ferramenta estruturada para a tomada de decisões no dia a dia. • Procedimentos Formais: Quando eventos externos que não são previsíveis acontecem, são considerados problemas inesperados, o Gerenciamento de Riscos pode trazer um maior aperfeiçoamento do processo de planejamento antecipando problemas futuros e contribuir de maneira eficaz com a solução dos mesmos. Para Souza (1995) a Gerência de riscos é uma área relativamente nova, especialmente no Brasil, e apesar dos trabalhos publicados na área, ainda são encontradas divergências. Uma das definições, baseada nos padrões espanhóis e americanos, e defendida pelos autores Fantazzini e De Cicco, considera a Gerência de Riscos como uma ciência, que compreende diversas etapas. Outros autores consideram o gerenciamento de riscos como uma etapa de um processo, que é seguido da análise e avaliação dos riscos. A princípio, a Gerência de Riscos é baseada na Análise; Avaliação e Tratamento dos riscos puros dentro de uma empresa, cujo objetivo é minimizar a probabilidade e a possibilidade de ocorrerem acidentes e incidentes, melhorando aperfeiçoando a segurança e diminuindo os gastos com seguros. Os princípios básicos que constituem de um processo de gerenciamento de riscos podem ser observados na figura 52 a seguir: GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 129 Figura 52 - Princípios básicos do processo de gerenciamento de riscos Fonte: adaptado de Souza (1995). O planejamento da gestão de risco, conforme apresenta Souza (1995), é o modo de decidir como fazer a abordagem e o planejamento das atividades de gerenciamento do risco de um projeto. Essa abordagem pode incluir as decisões sobre a organização, a equipe da atividade de gestão do risco, a escolha da metodologia mais adequada, as fontes de dados para identificação dos riscos e os prazos para a análise. O Plano de Gestão do Risco é um material que documenta de que forma a avaliação, quantificação, planejamento da resposta e controle de risco serão organizados e concretizados, durante o ciclo de vida do projeto. Esse plano pode incluir os seguintes itens: 1. Metodologia: são os métodos, fontes de dados e ferramentas que podem ser usados. Dependendo dos tipos de avaliações necessárias, eles podem mudar durante o ciclo de vida do projeto. 2. Papéis e responsabilidades: define a liderança, o apoio e a composição da equipe, para cada tipo de ação que está no plano de gestão do risco. 3. Orçamento: estabelece um orçamento para a gestão de risco do projeto. 4. Frequência: considera quantas vezes será executado o processo de gestão do risco durante o ciclo de vida do projeto. Os resultados precisam ser desenvolvidos com antecedência o suficiente para influenciar as decisões. Estas podem ser revisitadas periodicamente no decorrer da execução do projeto. 5. Interpretação e Severidade: são os métodos de avaliação apropriados ao tipo e ao período em que avaliação e a quantificação do risco estão sendo executadas. Métodos e sistemas de pesos devem ser determinados de antemão para garantir a coerência. 6. Limiares (Tresholds): são os critérios de limiares para os riscos que serão usados, por quem e de que forma. O gerente do projeto pode ter um limiar de risco diferente do limiar do contratante. O limiar que for aceitável forma a meta GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA| 130 contra a qual a equipe do projeto vai medir a eficácia da execução do plano de resposta aos riscos. 7. Formatos de relatórios: define como os resultados dos processos de gestão serão documentados, analisados e informados à equipe do projeto, aos envolvidos externos e internos, aos patrocinadores entre outros. 8. Rastreio (Tracking): este item documenta como todos os aspectos das atividades do risco serão registrados, para o benefício do projeto atual, necessidades futuras e lições aprendidas. Além de documentar se e como os processos de risco serão auditados. 15.2 Fase de Identificação de Riscos De um modo geral, conforme aponta Oliveira (1991, apud Alberton, 1996), antes da fase principal, todas as técnicas de análise e avaliação de riscos passam por uma fase de identificação de perigos. Esta fase compreende as atividades nas quais buscam-se situações, combinações de situações e estados de um sistema que possam conduzir a um evento não desejável. Na verdade, na visão da segurança tradicional, o que era feito era apenas a identificação de perigos e não dando continuidade dos programas, não chegando até as etapas de análise e avaliação dos riscos. Dessa maneira, boa parte das diversas técnicas para “identificar perigos” faz parte do domínio da segurança tradicional, exemplos: • Experiência vivida; • Análise de tarefas; • Listas de verificações; • Inspeções de campo de todos os tipos; • Experiências de bancada e de campo; • Reuniões de segurança, reuniões da CIPA; • Exame de fluxogramas de todos os tipos, incluindo o de blocos; • Relato, análise e divulgação de acidentes e quase acidentes (tanto pessoais quanto não pessoais). Dentro de uma visão mais moderna, de forma a contribuir com esta fase de identificação de perigos, é possível acrescentar também as tradicionais Técnica What If e a Técnica de Incidentes Críticos (TIC), que serão abordadas no próximo tópico deste capítulo. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 131 15.2.1 Fase de Análise de Riscos Esta fase consiste em examinar e detalhar os perigos identificados na fase anterior, com o objetivo de descobrir as circunstâncias e as possíveis consequências caso os acidentes aconteçam. A análise de riscos é qualitativa e o seu objetivo final é sugerir medidas que eliminem o perigo, ou pelo menos, diminuir a frequência e consequências dos potenciais acidentes se estes forem inevitáveis. Para realçar a relevância desta fase, Farber (1992, apud Alberton, 1996), sugere que seja feita a sua aplicação antes de qualquer avaliação quantitativa, já que, por serem técnicas qualitativas, as mesmas trazem uma certa facilidade de execução, não sendo necessária a utilização de recursos extras, como cálculos matemáticos e softwares. 15.2.2. Fase de Avaliação de Riscos A fase de avaliação de riscos, terceira fase, é onde procura-se quantificar um evento gerador de possíveis acidentes. Deste modo, o risco pode ser identificado por duas variáveis: a frequência ou probabilidade do evento e as suas possíveis consequências em danos financeiros, pessoais ou materiais. No entanto, nem sempre essas variáveis são de fácil quantificação. Em decorrência dessa dificuldade, em algumas situações, é necessário proceder a uma análise qualitativa do risco (ALBERTON, 1996). O Processo de Análise Qualitativa dos Riscos procura avaliar a estimativa de severidade dos riscos para assim estabelecer a Lista Prioritária dos Riscos. Se este processo não for feito, é possível que o gerente de projetos perca tempo com outros riscos de menor importância ou deixe passar a avaliação de riscos mais significativos. A análise qualitativa irá sempre fornecer um conjunto maior e mais consistente de informações, mas se depara em muitos casos na falta de recursos de técnicas adequadas e pessoas qualificadas. A análise quantitativa, por outro lado, é mais rápida, requer bem menos tempo, recursos e, dependendo da habilidade da equipe, poderá ser muito eficaz (HALL e HULETT, 2002, apud ROVAI, 2005). Conforme Torres (2002, apud ROVAI, 2005), o processo de quantitativo dos risco é a medição da probabilidade do risco e seus impactos respectivos nas metas e objetivos do projeto. As técnicas de Árvores de Decisão, e o Método da Simulação Monte Carlo são ferramentas bastante utilizadas para o processo de avaliação dos riscos. Essas duas técnicas são muito utilizadas aos inúmeros objetivos relacionados aos riscos do projeto, podendo se destacar alguns como: • Identificação de metas realistas de escopo, custos e prazos; GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 132 • Determinar os riscos de não se atingir objetivos específicos do projeto; • Quantificação do grau de exposição de risco do projeto (risk exposure); • Identificação dos riscos que demandam maior controle e verificar a sua contribuição relativa ao grau de exposição total de riscos do projeto; • Estabelecer as reservas de contingência de escopo, custos e prazos do projeto, ou os valores que serão provisionados para eventuais contingências futuras. Tanto a quantificação quanto a avaliação de riscos podem ser utilizadas de forma conjunta, usando-se ambas, ou de forma específica (uma ou outra). Geralmente se pratica a avaliação qualitativa para obter-se uma lista de riscos a serem enfrentados e priorizados. Por utilizar as árvores de decisão ou modelos de simulação, os processos de quantificação são bastante detalhados e trabalhosos, por isso vêm em seguida a decisão de quais os riscos deverão ser enfrentados no projeto. Normalmente os riscos são classificados de acordo com uma tipologia flexível, que poderá identificá-los como: operacionais, técnicos, financeiros, de liderança, de localização, de mercado, legais, entre outros. Em seguida, é possível alinhar os riscos identificados por categoria de acordo com seu grau de severidade em relação aos três aspectos mais relevantes ou fatores críticos de sucesso sobre o qual deverá ser dado o foco da gestão (TORRES 2002, apud ROVAI, 2005). 15.2.3 Fase de Tratamento dos Riscos Com os riscos propriamente identificados, analisados e avaliados, temos a etapa de tratamento dos riscos que complementa o processo de gerenciamento de riscos. É nessa fase que é tomada a decisão quanto à eliminação, redução, retenção ou transferência dos riscos verificados nas etapas anteriores. A decisão referente à redução ou eliminação se refere às estratégias prevencionistas da empresa e se trata do financiamento dos riscos, mas do feedback das etapas anteriores. O financiamento será de fato tratado por meio do autosseguro e auto adoção, que nada mais são do que planos financeiros da própria empresa para enfrentar perdas acidentais, e da transferência dos riscos a terceiros (ALBERTON, 1996). A auto adoção pode ser intencional e não-intencional. A primeira é caracterizada pela aceitação de uma quantia das perdas, consideradas suportáveis no contexto econômico-financeiro da empresa, dentro de um limite posto como aceitável. Geralmente estas despesas são previstas no capital de giro da empresa, sendo uma GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 133 desvantagem transferir estas perdas (consideradas pequenas), já que o prêmio cobrado pela seguradora possivelmente ultrapassaria o valor estimado dessas perdas. Já a auto adoção não-intencional não é planejada, é resultante da falta de identificação dos riscos e mesmo devido à ignorância quanto aos riscos existentes. Este último pode ser bastante perigoso e pode até se tornar uma situação catastrófica econômica e financeiramente (CICCO e FANTAZZINI, 1994, apud ALBERTON, 1996). O autosseguro é diferente da auto adoção porque o primeiro exige um certo grau definido de planejamento e a instituição de um fundo financeiro de reserva para as perdas. Se não houverum planejamento financeiro bem estabelecido para a absorção das perdas, a empresa estará adotando a auto adoção e não o autosseguro, o que ocorre habitualmente na prática. A transferência a terceiros é a última modalidade de financiamento de riscos, e pode ser realizada de duas maneiras: sem seguro ou por meio do seguro. A primeira forma é executada mediante contratos, acordos e outras ações, onde ficam definidas as garantias, responsabilidades e obrigações de cada uma das partes. Já a transferência por intermédio de seguro é recurso mais comum para a transferência dos riscos puros e em alguns também os especulativos. A administração de seguros, em voga na atualidade, se inicia realmente a partir da transferência dos riscos através do seguro. Conforme Arruda (1994, apud Alberton), a definição de seguro pode ser dada como: “A operação pela qual o segurado, mediante a paga de um prêmio e observância de cláusulas de um contrato, obriga o segurador a responder perante ele ou perante quem tenha designado, por prejuízos ocorridos no objeto do seguro, consequentes dos riscos tenha sido fortuita ou independente de sua vontade”. (ARRUDA, 1994, apud ALBERTON, p. 61.) Para o segurado, o custo do seguro é o pagamento do prêmio, mediante o qual o segurador assume as possíveis perdas associadas ao risco transferido. Independentemente das diferenças entre as formas de tratamento de riscos, as empresas, usualmente, não optam somente por uma modalidade de financiamento. A empresa tem a opção de decidir assumir as perdas de um certo tipo, assumir somente as perdas até certo valor, transferindo ao seguro o restante, e mesmo estabelecer fundos de reserva antes ou depois da ocorrência das perdas (ALBERTON, 1996). GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 134 15.3 histórico conceitos e definições da análise de riscos Como foi apresentado nos tópicos anteriores, além do desenvolvimento e do conforto trazidos pela industrialização, houve também um acréscimo considerável no número de acidentes, ou anomalias durante um processo devido a obsolescência de equipamentos, máquinas cada vez mais sofisticadas, etc. Houve uma difusão dos conceitos de riscos, perigo e confiabilidade, desta forma, as técnicas e metodologias aplicadas pela segurança de sistemas, antes utilizadas apenas nas áreas militar e espacial, tiveram a partir da década de 70 uma aplicação bastante ampla na solução de problemas de engenharia em geral (ALBERTON, 1996). De acordo com Souza (2012), a análise de fatores que validam a busca de técnicas mais aperfeiçoadas para o gerenciamento de riscos e o controle de perdas, podem ser categorizados em sociais, tecnológicos e econômicos. Os fatores sociais mostram considerável importância quando encontramos maior concentração demográfica próximo às áreas industriais, e uma organização da sociedade com forte preocupação quanto a preservação do meio ambiente e a segurança da comunidade. Os fatores tecnológicos são realizados por meio do desenvolvimento de processos complexos, utilização de novas substâncias e materiais e condições operacionais mais severas, como temperatura e pressão. Os fatores econômicos estão relacionados com o acréscimo das plantas industriais, e redução permanente dos custos de processo. Especialmente na era de globalização, onde é voltada uma atenção para os custos primários ou custos fixos, e por meio de técnicas de gerenciamento de riscos é possível também reduzir os custos variáveis ou secundários. Como resultado da aplicação de técnicas avançadas de gerenciamento de riscos e o controle de perdas, é possível citar: • Concepção de parâmetros de razoabilidade de riscos; • Criação e instituição de resposta para emergências; • Reestruturação das condutas de gestão de segurança industrial; • Otimização de técnicas para reconhecimento e mensuração de perigos; • Inspeção de práticas convencionais e de códigos, padrões e regulamentações desatualizadas. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 135 ISTO ESTÁ NA REDE O Desastre de Bhopal Em 1984 aconteceu um dos maiores acidentes da história na indústria de agrotóxicos. Em uma fábrica da empresa americana Union Carbide em Bhopal, Índia, houve o vazamento de toneladas de Isocianato de Metilo (MIC). O gás tóxico atingiu uma favela que ficava nos arredores da fábrica, entrando na corrente sanguínea das pessoas que o inalaram, causando danos aos pulmões, olhos, cérebro, sistema reprodutivo e também à saúde mental. Aproximadamente 3 mil pessoas morreram na hora, com cerca de 15 mil nas semanas seguintes, deixando consequências até hoje. Uma das mais importantes causas que acarretou no desastre foi a falha e negligência em manter os equipamentos de segurança em boas condições de operação. Além do fato de que, na unidade indiana, os dispositivos de segurança e materiais de construção possuíam a qualidade menor, se comparados com as fábricas americanas. Fonte: GIOVANAZ, D. Bhopal: Maior crime da história da indústria de agrotóxicos completa 35 anos. Disponível em: <https://www.brasildefato.com. br/2019/12/03/bhopal-maior-crime-da-historia-da-industria-de-agrotoxicos-completa-35-anos> Acessado em: 25 de Abril de 2021. Para Souza (1995), A Análise de Riscos se baseia no exame sistemático de uma instalação industrial, existente ou no projeto, buscando reconhecer os riscos presentes no sistema e formar opinião sobre ocorrências possivelmente perigosas e as suas possíveis consequências. O seu principal objetivo é fornecer métodos capazes de propiciar elementos concretos para fundamentar um processo decisório de redução de perdas e riscos de uma determinada instalação industrial, quer seja esta decisão de ordem interna ou externa à empresa. A figura 3, a seguir representa o procedimento global para o desenvolvimento de uma Análise de Risco, as linhas mais espessas da imagem representam a parte que passou pelo processo de análise de risco enquanto que as linhas menos espessas abrangem os processos que não passaram pela análise de risco. https://www.brasildefato.com.br/2019/12/03/bhopal-maior-crime-da-historia-da-industria-de-agrotoxicos-completa-35-anos https://www.brasildefato.com.br/2019/12/03/bhopal-maior-crime-da-historia-da-industria-de-agrotoxicos-completa-35-anos GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 136 Figura 3 - Procedimento global de uma análise de Riscos. Fonte: adaptado de Souza (1995). De maneira geral, a Análise de Riscos busca responder a uma, ou mais, das perguntas referentes à uma determinada instalação industrial: • Qual a probabilidade de ocorrência de acidentes devido aos riscos presentes? • Quais os riscos presentes na planta e o que pode acontecer de errado? • Como poderiam ser eliminados ou reduzidos estes riscos? • Quais os efeitos e as consequências destes acidentes? Analisar um risco é, então, identificar, discutir e avaliar as diversas possibilidades de ocorrência de acidentes, de modo a tentar evitar que aconteçam mas, caso ocorram, possam ser identificadas alternativas para tornar mínimos os danos imediatos a estes acontecimentos. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 137 Técnicas de Análise de Riscos A busca por prevenir, antecipar acidentes e falhas, diminuir consequências, contribuir na elaboração de planos de emergência, são alguns dos objetivos da Análise de Riscos. Contudo, a consagração destes resultados necessita da adoção de uma metodologia estruturada e sistemática de identificação e avaliação de riscos, o que pode ser verificado por meio da utilização das técnicas de Análise de Riscos. De acordo com Farber (1992, apud Souza, 1995) as técnicas de Análise de Riscos compreendem todas as possíveis causas de acidentes com danos ao trabalhador,ao ambiente, à propriedade e financeiros. Algumas das técnicas fundamentais utilizadas estão ainda sendo popularizadas. A seguir algumas: Técnicas de Incidentes Críticos (TIC) A técnica conhecida em português também como Confessionário e em inglês como Incident Recall, é uma análise operacional qualitativa que é aplicada na fase operacional dos sistemas, cujos procedimentos envolvem o fator humano em qualquer grau. É um método usado para identificar erros e condições inseguras que colaboram para a ocorrência de acidentes com lesões potenciais e reais, onde é utilizada uma amostra aleatória de observadores-participantes, escolhidos dentro de uma população (ALBERTON, 1996). De acordo com Souza (1995), é um procedimento relativamente novo dentro da Análise de Riscos, consequência de estudos no Programa de Psicologia de Avaliação da Força Aérea Americana. A técnica procura identificar os riscos de um sistema por meio da análise do histórico de incidentes críticos ocorridos, que são levantados através de entrevistas com uma amostra de pessoas que tenham uma boa experiência sobre o processo analisado. O potencial da TIC é considerável, em especial nas situações em que busca-se identificar perigos sem a utilização de técnicas mais aprimoradas e quando o tempo é restrito. A técnica procura detectar os incidentes críticos e tratar os riscos que eles representam. A seleção dos participantes deve vir dos principais departamentos da empresa, buscando uma representação da diversidade de operações da mesma considerando as diferentes categorias de risco. Um entrevistador deve conduzir a entrevista estimulando os entrevistados a relembrarem e descreverem os incidentes críticos ou atos inseguros que observaram em outros profissionais ou que eles mesmo cometeram, o máximo GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 138 que puderem recordar. O entrevistador irá deixá-los à vontade, mas sempre controlando para evitar as divagações. Caso exista um setor de apoio psicológico, pode ser de grande utilidade no decorrer da aplicação da técnica. Os incidentes descritos pelos entrevistados que forem mais pertinentes precisam ser transcritos e classificados em categorias de risco, a partir disso definindo as áreas problema. Desta forma será feita a priorização das ações para posteriormente distribuição dos recursos disponíveis, para prevenir problemas futuros e também corrigir a situação dos problemas existentes (ALBERTON, 1996). Há a necessidade de manter uma periodicidade da replicação da técnica, é importante também que haja uma rotatividade dos entrevistados, para que sejam detectadas as novas áreas problemáticas, para verificar a eficiência dos planos implantados, ou ainda, novas inconformidades em áreas previamente avaliadas. Foguel e Fingerman (2010, apud Rupenthal, 2013) apontam que na aplicação da Técnica do Incidente Crítico, é necessário considerar as etapas a seguir: 1. Determinação dos objetivos da atividade 2. Confecção das questões que serão apresentadas aos entrevistados que oferecerão os incidentes críticos da atividade estudada. 3. Delimitação da população ou amostra de entrevistados. 4. Coleta dos incidentes críticos. 5. Identificação dos comportamentos críticos através da análise do conteúdo dos incidentes coletados. 6. Compilamento dos comportamentos críticos em categorias mais abrangentes. 7. Levantamento da periodicidade dos comportamentos negativos e/ou positivos, que irão, subsequentemente, fornece vários indícios para identificação de soluções para situações problemáticas. Ainda conforme os autores supracitados, a sétima etapa revela a contribuição da técnica do incidente crítico: por meio da análise de comportamento causais, encontrar soluções para as situações problemas. Algumas das vantagens que são percebidas ao usar essa técnica são: • O foco somente em eventos cotidianos. • As respostas são orgânicas já que o entrevistado não é forçado a nenhuma resposta sugerida. • O recolhimento de dados na perspectiva do entrevistado, com as suas palavras. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 139 • A excelente relação custo-benefício: rica geração de informações a um baixo custo. • É um método flexível que pode ser utilizado em diversas áreas do conhecimento. • Flexibilidade no uso de questionários, entrevistas, relatórios ou formulários. • A possibilidade de encontrar eventos incomuns que podem escapar a outros métodos. • A sua grande utilidade em situações em que o problema acontece, mas a gravidade e a causa ainda são desconhecidas. Já as desvantagens são: • Incidentes com pouca precisão e pouco detalhados, já que a identificação depende da memória dos entrevistados. • Os eventos comuns e cotidianos costumam ser ignorados ou omitidos pelos observadores, focando mais nos eventos raros. • Os dados são enviesados pela memória mais recente, já que os entrevistados tendem esquecer os mais antigos. • Os entrevistados podem ter pouca disposição a ceder muito do seu tempo para fazer um relato (escrito ou falado) com detalhes da descrição do incidente crítico. WHAT-IF (WI) De acordo com Alberton (1996), o método What-If (em tradução literal: “E se…”) é uma técnica de análise geral e qualitativa, da qual a aplicação é bastante útil e simples para uma abordagem em um primeiro momento para a detecção exaustiva de riscos, tanto na fase de projeto, processo ou pré-operacional, sendo que a sua utilização não está limitada apenas às empresas de processo. O intuito do What-If é a testagem de possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas e também analisar comportamento, capacitação pessoal, etc. nos ambientes de trabalho, com a finalidade de proceder a identificação e tratamento de riscos. A técnica é desenvolvida por meio de reuniões de questionamento entre duas equipes. Esses questionamentos compreendem procedimentos, instalações e processo da situação analisada. A equipe que questiona é a que conhece e é familiarizada com o sistema a ser analisado, sendo necessário que esta formule uma série de quesitos com antecedência, com o simples objetivo de ser um guia para a discussão. Para a aplicar o What-IF é utilizada uma sistemática técnico-administrativa que inclui princípios de dinâmica de grupo, devendo ser utilizada regularmente. Essa utilização frequente GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 140 é o que garante o bom resultado do mesmo no que se refere à revisão de riscos do processo (ALBERTON, 1996). Da aplicação dessa técnica, temos como resultado um amplo espectro de riscos, bem como a geração de possíveis soluções para os problemas levantados, ademais, é estabelecido um consenso entre as diferentes áreas de atuação como produção, processo e segurança sobre a forma mais segura de operacionalizar a planta. O relatório da técnica fornece também um material de fácil entendimento que serve como fonte de treinamento e base para futuras revisões. WHAT-IF / Checklist (WIC) Para Ruppenthal (2013) essa técnica resulta do brainstorming gerado pela técnica What-If com sistematização do checklist, gerando como resultado um maior detalhamento da análise e uma visão mais completa do sistema. A utilização de roteiros visa confirmar a conformidade entre as atividades desenvolvidas e os procedimentos operacionais padronizados, buscando assim, em caso de inconformidades, a identificação dos riscos associados aos processos. Por meio desta técnica, é possível analisar diversos aspectos do sistema e compará-los com uma listagem pré-estabelecida de itens, criada baseando-se em processos semelhantes. Busca-se, dessa maneira, identificar e documentar as possíveis deficiências do sistema. Ainda que a extensão e precisão desses questionários e roteiros seja ampla, é sempre possível que situaçõesrelevantes de risco sejam omitidas. Para que essas ocorrências sejam minimizadas, é importante que haja uma adaptação dos instrumentos às características particulares e específicas da organização. ANOTE ISSO O Brainstorming é uma ferramenta bastante utilizada em diversas áreas do conhecimento, foi criada por Alex Osborn que propagou a ideia por meio de seu livro “O poder criativo da mente” de 1953. Em português é também conhecida como “tempestade de ideias” ou “agitação de ideias”, seu principal propósito é auxiliar na geração de ideias para solucionar um problema. É uma técnica que pode ser aplicada tanto em grupo quanto individualmente, no entanto tende a ser mais eficiente em grupo, já que, além do maior número de ideias, há também as associações pela troca com outras pessoas. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 141 De acordo com seu idealizador, Osborn, existem alguns princípios a serem seguidos para a aplicação dessa técnica: • Como é uma fase preliminar do processo criativo para gerar ideias, as críticas e julgamentos não devem acontecer neste momento, já que podem criar uma barreira e impedir as conexões para a concepção de ideias. • Todas as ideias, mesmo que a princípio pareçam fora de contexto ou “engraçadas” demais para serem consideradas reais, devem ser acatadas, pois isso permite que sejam feitas associações e combinações para melhorá-las, o que torna o resultado mais rico. • O autor ainda defende que no estágio de desenvolvimento das ideias, o importante é a quantidade primeiro que a qualidade, normalmente essas soluções iniciais são pouco interessantes e comuns, mas poderão ser lapidadas. Por isso, quanto maior o número de ideias propostas, maiores serão as chances de serem ideias boas e originais. Fonte: Osborn, 1987. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 142 CONCLUSÃO O tema da segurança do trabalhador é de grande importância para diversos campos do conhecimento. Na economia, por exemplo, os acidentes nos ambientes laborais, principalmente aqueles que geram afastamentos ou até mesmo fatalidades, representam custos elevados para as empresas. Na ética, há o fato de que o funcionário não pode ser visto apenas como mais um, totalmente substituível, mas sim como um ser humano de grande importância, provedor de uma família; nesse sentido, também se faz necessário o cuidado com o ambiente em que ele está inserido, deixando-o o mais seguro e treinado possível para exercer sua atividade de maneira tranquila. Por isso, aspectos como ergonomia, higiene do trabalho, normas relacionadas a eletricidade, trabalhos em altura, espaço confinado e programa de prevenção de riscos ambientais são de grande importância, pois podem dar subsídios para tornar o ambiente laboral mais seguro. Organizar um sistema de acompanhamento médico constante para averiguar a saúde dos trabalhadores, e não apenas para preencher papelada obrigatória, configura-se um cuidado necessário. Também é de suma importância dar os treinamentos adequados e profundamente pautados nas reais condições do ambiente, a fim de que os trabalhadores entendam os riscos a que estão expostos e saibam como agir. Desse modo, tornam-se auxiliares na segurança, pois saberão, por exemplo, como usar o equipamento de proteção individual (EPI) destinado à atividade e serão totalmente conscientes da necessidade de utilização. Esperamos que você tenha aproveitado a leitura. Pedimos que nunca pare de aprofundar seus conhecimentos, buscando sempre o aperfeiçoamento para seu próprio benefício e de toda a sociedade, porque, afinal, a transformação que desejamos para o mundo deve partir de cada um de nós. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 143 ELEMENTOS COMPLEMENTARES LIVRO Título: Segurança e Medicina do Trabalho 2023 Autor: Equipe Atlas Editora: Equipe Atlas Sinopse: O livro consiste em um material sério, funcional e atualizado com um ótimo trabalho gráfico que facilita a busca pelas informações presentes. As legislações são criteriosamente destrinchadas para que haja maior facilidade no entendimento. Neste livro encontramos as normas regulamentadoras 1 a 37, encontramos também excertos da constituição federal referente às leis trabalhistas bem como destaques para as normas de maior impacto ao trabalhador. FILME Título: Incontrolável Ano: 2010 Sinopse: O filme relata uma história fictícia de uma grande locomotiva em movimento e sem tripulação carregando produtos químicos altamente tóxicos que poderiam destruir uma cidade inteira por meio de um grande desastre ambiental. No decorrer do filme, por eventos adversos, a locomotiva sofre um descarrilamento e a única esperança de salvamento é o maquinista presente arriscar sua vida para salvar o trem desgovernado. No decorrer do filme observamos a periculosidade dos produtos presente bem como a falta de segurança presente neste tipo de ambiente de trabalho hostil. GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 144 WEB O Ministério do Trabalho concentra todas as Normas Regulamentadoras em seu site. As mesmas estão dispostas de forma gratuita para livre acesso de toda a população. Atualmente existem 38 Normas Regulamentadoras, abrangendo os mais diferentes serviços, setores e situações. <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/ secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas- regulamentadoras-nrs> GESTÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO PROF. FELIPE DELAPRIA DIAS DOS SANTOS FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 145 REFERÊNCIAS AGÊNCIA CBIC. Nova NR 18 substitui PCMAT e PPRA por Programa de Gerenciamento de Riscos. 2020. Disponível em: https://cbic.org.br/nova-nr-18-substitui-pcmat-e-ppra- por-programa-de-gerenciamento-de-riscos/. Acesso em: 14 Jun. 2023. AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DE MATO GROSSO. Venda de tratores agrícolas em leilão online cresce 120%. Rádio Cuiabá. 2019. Disponível em: https://guaiba.com.br/2019/05/07/ venda-de-tratores-agricolas-em-leilao-online-cresce-120/. Acesso em: 14 Jun. 2023. ALBERTON, A. 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