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Este livro apresenta ao leitor discussões sobre a administração e a gestão escolar e traz reflexões sobre como as equipes gestoras, firmadas em princípios democráticos, podem exercer sua função na instituição escolar por meio de propostas em que a participação coletiva seja seu fundamento. Compreendendo que a escola existe para propiciar aos sujeitos a aquisição dos saberes socialmente elaborados pela humanidade, busca-se, nesta obra, trazer fundamentos teóricos, além de possibilidades de organização do trabalho da equipe gestora na escola. Nesse sentido, este livro não traz um manual de como agir diante dos conflitos e desafios do cotidiano escolar, mas proposições que, diante de uma concepção emancipatória de sujeito da aprendizagem, podem ser colocadas em prática com a comunidade educativa – estudantes, famílias e responsáveis, professores, pedagogos e/ou coordenadores pedagógicos, funcionários – na busca permanente de uma educação de qualidade. REGIANE LAURA LOUREIRO A D M IN IST R A Ç Ã O D E IN ST IT U IÇ Õ ES ESC O LA R ES R EG IA N E LA U R A LO U R EIRO Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6623-0 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 2 3 0 Código Logístico 59343 Administração de instituições escolares Regiane Laura Loureiro IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Viktoria Kurpas/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L931a Loureiro, Regiane Laura Administração de instituições escolares / Regiane Laura Loureiro. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 140 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6623-0 1. Escolas - Organização e administração. I. Título. 20-64263 CDD: 371.2 CDU: 37.07:005 Regiane Laura Loureiro Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Organização do Trabalho Pedagógico e graduada em Pedagogia pela mesma instituição. Possui experiência como professora na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio e como pedagoga em escolas que ofertam educação básica. Atua na formação continuada de professores e pedagogos em cursos e palestras e na elaboração de materiais que subsidiem esses profissionais na melhoria dos processos pedagógicos. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Teorias da administração e a gestão escolar 9 1.1 Administração e gestão escolar: possíveis aproximações 9 1.2 Gestão escolar e teorias da administração 13 1.3 Estrutura administrativa da escola 24 2 Gestão democrática na escola 33 2.1 Princípios e consolidação do trabalho pedagógico 34 2.2 A equipe gestora e a consolidação da gestão democrática 41 2.3 Projeto Político Pedagógico: identidade institucional 48 3 Qualidade na escola: possibilidades e especificidades 57 3.1 Polissemia do termo qualidade 57 3.2 Qualidade na escola: direito à aprendizagem 62 3.3 Análise e melhoria dos processos educativos 69 3.4 Qualidade na gestão de conflitos 75 4 Avaliação educacional: inter-relações com a melhoria da qualidade 84 4.1 Níveis da avaliação educacional: reflexões sobre a qualidade 84 4.2 Avaliação e planejamento institucional 94 4.3 Avaliação institucional participativa 96 4.4 Avaliação 360° 102 5 Dimensões da gestão na escola 112 5.1 Organização dos tempos escolares 113 5.2 Organização dos espaços escolares 121 5.3 Organização do trabalho pedagógico 126 5.4 Instrumentos de trabalho da gestão escolar 131 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! Este livro apresenta ao leitor discussões sobre a administração e a gestão escolar e traz reflexões sobre como as equipes gestoras, firmadas em princípios democráticos, podem exercer sua função na instituição escolar por meio de propostas em que a participação coletiva seja seu fundamento. Desse modo, no Capítulo 1, abordaremos o contexto das teorias da administração, explicitando suas concepções, estratégias e metodologias utilizadas. Apontaremos a não neutralidade dessas teorias e, também, explicitaremos a necessidade de as equipes gestoras organizarem a escola de acordo com teorias que se apliquem à especificidade do trabalho realizado nesse ambiente, o qual tem uma natureza própria. No Capítulo 2, veremos a importância dos órgãos colegiados – como Conselhos de Escola, grêmios estudantis e escolas de pais – na gestão participativa da instituição escolar, os quais têm respaldo na Constituição Federal (BRASIL, 1988), na LDB (BRASIL, 1996) e nos demais documentos legais que normatizam o trabalho na escola para a elaboração de um Projeto Político Pedagógico (PPP) participativo. Também discutiremos os princípios que orientam as ações de uma escola que se pauta na gestão democrática. Diante da defesa de uma instituição comprometida com o direito à aprendizagem de todos os estudantes, sem discriminação ou preconceito de nenhuma espécie, no Capítulo 3, trataremos da polissemia do termo qualidade. Traremos reflexões sobre qual é a qualidade defendida pelo mercado e, também, qual é a que se deseja na escola, diante da natureza do trabalho educativo desenvolvido nesse espaço. No Capítulo 4 será discutida a avaliação educacional na perspectiva de que todos os estudantes têm condições de avançar na construção do conhecimento. Veremos a importância de a equipe gestora tomar decisões respaldadas em concepções de avaliação emancipatórias: avaliação diagnóstica, formativa, cumulativa e mediadora, superando concepções de avaliações excludentes e classificatórias. Por fim, no Capítulo 5, discutiremos a importância do trabalho da equipe gestora comprometida com a gestão democrática na organização dos espaços e tempos escolares em função dos tempos de vida dos estudantes. Para tanto, essas dimensões serão consideradas elementos do currículo. A fim de aprofundar tais reflexões, destacaremos a inter-relação entre os elementos APRESENTAÇÃOVídeo da organização do trabalho pedagógico (currículo, planejamento e avaliação), que possibilita ao leitor vislumbrar quais instrumentos a equipe gestora pode utilizar para tomar decisões sempre em função do direito à aprendizagem. Concebendo que a escola existe, como afirma Saviani (1991), para propiciar aos sujeitos a aquisição dos saberes socialmente elaborados pela humanidade, buscaremos, nesta obra, trazer fundamentos teóricos, além de possibilidades de organização do trabalho da equipe gestora na escola. Nesse sentido, não traremos aqui um manual de como agir diante dos conflitos e desafios do cotidiano escolar, mas proposições que, diante de uma concepção emancipatória de sujeito da aprendizagem, podem ser colocadas em prática com a comunidade educativa (estudantes, famílias e responsáveis, professores, pedagogos e/ou coordenadores pedagógicos, funcionários) na busca permanente de uma educação de qualidade. Assim, desejamos uma excelente leitura! Teorias daadministração e a gestão escolar 9 1 Teorias da administração e a gestão escolar Neste capítulo, vamos contextualizar as teorias da administra- ção, explicitando e refletindo sobre suas concepções, suas estraté- gias e seus métodos de gerir. Para tanto, vamos refletir sobre cada teoria e discutir seus objetivos e suas metodologias. Enfatizamos a não neutralidade dessas teorias, suas especificidades e a necessi- dade de as equipes gestoras das escolas refletirem sobre a nature- za do trabalho exercido no espaço educativo escolar. Para ampliar e aprofundar essa discussão, vamos ressaltar a importância de essas equipes balizarem seu trabalho organizacio- nal fundamentado em teorias que possibilitem a esses profissio- nais contribuir com a consolidação da gestão democrática, prevista na legislação brasileira. Por fim, vamos apresentar uma possibilidade de organização administrativa da escola, discutindo as funções essenciais daque- les que trabalham em uma instituição escolar, sempre com vistas à função social da escola. 1.1 Administração e gestão escolar: possíveis aproximações Vídeo As teorias da administração se ocupam da organização, da sis- tematização dos processos e da escolha de métodos e estratégias de implementação de recursos humanos e materiais, objetivando a racio- nalização, a garantia da qualidade dos produtos ou serviços ofertados a determinada clientela. Diante das mudanças estruturais que ocorrem no mundo do trabalho, novos paradigmas são delineados, outras concep- ções e ideários trazem novas demandas para as empresas. Além disso, outras visões de sociedade, de humanidade, de produtividade e de orga- 10 Administração de instituições escolares nização do trabalho demandam a formulação de teorias que busquem responder a questionamentos e problemáticas do mundo do trabalho. Dessa forma, pode-se afirmar que não há neutralidade nas teorias que embasam a organização do trabalho nas empresas, pois essas são constituídas por princípios, ideologias, técnicas, procedimentos, for- mas de planejar, avaliar e produzir. De acordo com Paro (2010a), é necessário que aqueles que se ocu- pam do trabalho pedagógico reflitam sobre a sua natureza. Em ou- tras palavras, ao organizar o ambiente educativo escolar, é necessário fazê-lo em prol do direito à aprendizagem, contextualizando a escola como instituição que tem o dever de garantir a todos os cidadãos o que está previsto na legislação brasileira. Assim, ao refletir sobre as possí- veis aproximações entre as teorias da administração e a gestão esco- lar, é importante discutir e consolidar uma organização da instituição escolar com o compromisso democrático do diálogo, da participação, do combate a todo tipo de discriminação e que seja em função de uma formação humana integral. O conceito de formação humana integral está relacionado a uma es- cola comprometida com o desenvolvimento de diferentes dimensões humanas. Nesse sentido, não se leva em consideração apenas o as- pecto cognitivo, mas também os aspectos afetivo, histórico, cultural, físico-motor, lúdico, entre outros. Desse modo, ao gerir uma escola que tenha esse compromisso, ultrapassam-se os conceitos de administrar em função da eficiência e da eficácia. Ao organizar o trabalho na instituição educativa, considerando a função social de promover o desenvolvimento dos sujeitos da aprendi- zagem na sua integralidade, assume-se que os objetivos da educação estão relacionados a conhecimentos e a informações, além de abarca- rem os valores, “as técnicas, a ciência, a arte, o esporte, as crenças, o direito, a filosofia, enfim, tudo aquilo que compõe a cultura produzida historicamente e necessária para a formação do ser humano histórico em seu sentido pleno” (PARO, 2010a, p. 48). O trabalho na escola é de uma natureza diferente do trabalho de- senvolvido em outros espaços, instituições e empresas. Segundo Sa- viani (2008), a especificidade do trabalho educativo está articulada a hábitos, valores, conceitos, saberes, conhecimentos e ideias que po- dem ser relacionados ao trabalho não material. O trabalho não ma- Diretor escolar: educador ou gerente? traz reflexões fundamentadas em pesquisa teórica e em- pírica sobre a função do diretor escolar. Vitor Paro aprofunda discussões relacionadas ao papel da educação, da escola e da administração, além de questionar afirmações de senso comum, que associam a administração à burocratização dos processos organizativos. O autor afirma que as práticas administrativas desenvolvidas na escola estão impregnadas de práticas pedagógicas e vice-versa. Porém, devido à especificidade da escola e da sua função social, as questões pedagógicas devem se sobrepor às questões administrativas. PARO, V. São Paulo: Cortez, 2015. Livro Teorias da administração e a gestão escolar 11 terial, realizado na escola por professores e demais intelectuais que lá estão (pedagogos, coordenadores, equipe diretiva, entre outros) e fundamentado em teorias emancipatórias de educação, busca desen- volver nos sujeitos da aprendizagem o que o autor denomina segunda natureza ou produção histórica e social: Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a huma- nidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se formem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objeti- vo. (SAVIANI, 2008, p. 2) A escola, dessa forma, tem a função social de produzir essa segunda natureza nos sujeitos, possibilitando aos estudantes o acesso a saberes científicos, históricos e culturais aos quais eles têm direito. Portanto, ao se pensar na sistematização e na gestão dos processos organizativos da escola, deve-se ter em vista os objetivos e as especificidades desse espaço educativo formal. Para Saviani (2008, p. 3), a escola existe para possibilitar aos sujeitos o acesso e a aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber. As ati- vidades da escola básica devem se organi- zar a partir dessa questão. Se chamarmos isso de currículo, poderemos então afirmar que é a partir do saber sistematizado que se estrutura o currículo da escola [...]. O dever da escola, como se pode observar, está relacionado à garantia do direito à aprendizagem. Nesse sentido, a equipe gestora, fundamentada nesse pressuposto, precisa buscar teorias, estra- tégias e métodos que permitam a consolidação de uma gestão democrática. É por meio dessas estra- tégias e métodos que a equipe tem condições de estruturar um trabalho comprometido com um currículo emancipador. Se a equipe gestora utilizar teorias, estratégias e métodos da administração nas formas de orga- Segundo Paro (2010a), quem exerce a atividade adminis- trativa não pode se distanciar da natureza e do objeto a que se relaciona, incluindo a sua intencionalidade, seus recursos, o lugar em que essa ação ocorre e a quem se destina. Saviani (2008) traz discussões sobre a natureza e a especificidade da educação escolar, ressaltando que o objeto da educação diz respeito a elementos culturais e científicos que os sujeitos têm direito de adquirir e também às metodologias mais adequadas para que os objetivos educa- cionais sejam consolidados. Discorra sobre a função de uma equipe gestora, comprometida com uma educação de qualida- de, que, portanto, fundamenta seu trabalho administrativo em teorias que contribuam para a emancipação humana. Atividade 1 Livro Gestão Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios é uma obra de referência para os pro- fissionais que exercem ou pretendem compor funções pertencentes à equipe ges- tora de uma escola. O livrocontém contribuições de seis renomados autores, que versam sobre autonomia da escola, mudanças no mundo do trabalho e novas demandas de formação hu- mana, conceitos de participação, políticas públicas relacionadas à gestão escolar, bem como desafios contemporâneos na formação dos professores. Segundo Naura Ferreira, organizadora da obra, a gestão escolar necessita ser repensada à luz do compromisso com a solidariedade, a democracia, a justiça social, a construção de um mundo mais humano. FERREIRA, N. S. C. (org.). São Paulo: Cortez, 2008. 12 Administração de instituições escolares nizar, delinear e encaminhar as tomadas de decisão nos processos co- tidianos sem refletir coletivamente sobre a função da escola como se essa não tivesse especificidade, objetivos e função social, não contribui- rá na consolidação de uma gestão democrática. Segundo Paro (2010b), é fundamental superar concepções em que a administração da escola é vista apenas como mediação de recursos, estratégias e técnicas para a realização de determinados objetivos. Caso não haja essa superação, corre-se o risco de que as tomadas de decisão, bem como as ações cotidianas, sejam realizadas sem que se pense na natureza do que é administrado. Sobre isso, o autor afirma: é importante destacar que a noção de administração do senso comum, deixando de captar o que há de administrativo no pro- cesso pedagógico (ao limitar a administração às normas e pro- cedimentos relativos à organização e funcionamento da escola), acaba por valorizar aquele que é o responsável direto pelo con- trole das pessoas que devem cumprir essas normas e realizar esses procedimentos: o diretor escolar. (PARO, 2010b, p. 765) O papel da direção escolar é fundamental na escola, mas não é o único responsável pela gestão escolar. Quando há fundamentação da equipe gestora nos processos de trabalho e nas tomadas de decisão, há reflexão e discussão coletiva sobre a especificidade e a natureza do espaço escolar, que precisa contribuir na formação integral dos sujeitos da aprendizagem. Desse modo, vamos refletir sobre as diferentes teorias advindas da administração, discutindo como cada uma delas pode ou não contribuir com a equipe gestora na condução do processo de organização da es- cola, no diálogo com as famílias, no processo de resolução de diferentes conflitos que surgem no cotidiano escolar, no processo de avaliação e re- planejamento institucional, sem perder o foco da função social da escola. 1.2 Gestão escolar e teorias da administração Vídeo A palavra gestão deriva do latim gerere, que significa administração, gerenciamento, empreender algo, gestar ou gerar algo. Nesse sentido, quando se vai à raiz da palavra, administrar e gerir são sinônimos. Po- rém, autores como Paro (2010a; 2010b) e Libâneo (2008) respaldam os gestores das escolas públicas e particulares em reflexões sobre as lógicas que têm fundamentado o trabalho dentro da escola, seja ele pedagógico ou de âmbito mais organizacional. Teorias da administração e a gestão escolar 13 É necessária a defesa das equipes gestoras em prol de uma ges- tão – administrativa, financeira, de recursos humanos, dos processos de ensino e aprendizagem – que seja sempre em função das questões pedagógicas. Se os planejamentos estratégicos, as avaliações institu- cionais, as decisões e as demais ações organizativas não estão contri- buindo para a consolidação do direito à educação, faz-se necessário avaliar e retomar trajetórias. Paro (2010b, p. 774, grifo do original) reitera: A intenção de aplicar na escola os princípios de produção que funcionam nas empresas em geral não é recente, mas tem-se exacerbado ultimamente, configurando um crescente assalto da lógica da produtividade empresarial capitalista sobre as políticas educacionais e, em especial, sobre a gestão escolar. Assim, ape- sar de importantes medidas ad hoc, levadas a efeito nas últimas décadas com o intuito de democratizar a escola e sua direção (eleição de diretores, conselhos de escola etc.), a escola básica, em sua estrutura global, continua organizada para formas ultra- passadas de ensino e procura se “modernizar” administrativa- mente pautando-se no mundo dos negócios, com medidas como a “qualidade total” ou como a formação de gestores – capita- neada por pessoas e instituições afinadas com os interesses da empresa capitalista e por ideias e soluções transplantadas acriti- camente da lógica e da realidade do mercado. Dessa forma, é importante que as equipes gestoras conheçam e reconheçam as teorias advindas da administração para que analisem suas trajetórias, bem como os fundamentos epistemológicos que vêm fundamentado seu trabalho, pois não existe neutralidade nas proposi- ções e tomadas de decisões realizadas na escola. Para tanto, baseando-nos em Silva (2008) e em Chiavenato (2003), pro- pomos uma síntese de cada escola e suas teorias. Nas reflexões sobre as possibilidades de articulação com o espaço educativo, tomamos as propo- sições de autores basilares, como Paro (2010a; 2010b) e Kuenzer (2017). 1.2.1 Teoria da administração científica Teoria elaborada pelo engenheiro norte-americano Frederick Taylor (1856-1915), que desenvolveu modelos de organização empresarial ba- seados na melhor produtividade do trabalhador em função do menor tempo. Segundo Taylor, era função dos gerentes projetar as melhores técnicas para que os funcionários executassem as tarefas, e, dessa for- ad hoc: “destinado a essa finalidade” (HOUAISS, 2009). Glossário 14 Administração de instituições escolares ma, os trabalhadores deveriam ser submetidos a uma supervisão con- tínua a fim de evitar desperdícios. O trabalho era fragmentado, isto é, sem que o trabalhador tivesse domínio sobre o processo de produção em sua totalidade. Há hierarquização das funções dos trabalhadores, poucos são os que pensam e muitos são os que executam as atividades. Ao refletirmos sobre a aplicabilidade dessa teoria na escola, pode- mos pensar sobre a necessidade de organizar os tempos e os espaços educativos visando ao objetivo principal da escola: a garantia do direito à aprendizagem. Esses tempos e espaços são elementos curriculares e devem estar a serviço da construção do conhecimento, do acesso aos saberes socialmente elaborados, diferentemente do taylorismo, que vi- sava à produtividade e ao maior lucro. No entanto, quando a equipe gestora da escola se fundamenta nos princípios da gestão democrática para organizar e exercer a liderança na escola, a comunidade educativa é ouvida e considerada nas deci- sões da instituição escolar. 1.2.2 Teoria fordista Recebeu essa nomenclatura por ser idealizada por Henry Ford (1863- 1947) em sua própria indústria, a Ford Motor Company. Em 1914, insta- lou a primeira linha de produção semiautomatizada e, nesse sistema, o trabalhador deveria adaptar seu ritmo de trabalho ao tempo da esteira. Dessa forma, não havia a possibilidade de que o operário planejasse es- tratégias, exercesse sua criatividade ou reelaborasse suas tarefas, e os princípios desse sistema eram o aumento da produtividade, a economia de material e a venda ao consumidor por um preço reduzido. Quando refletimos sobre a natureza do trabalho educativo realiza- do pela escola, concluímos que o fordismo não traz à equipe gestora da escola fundamentos para exercer a sua função de liderança na co- munidade escolar. Uma liderança voltada ao diálogo e à participação de todos (estudantes, famílias, responsáveis, professores, funcionários, pedagogos e coordenadores) não restringirá o exercício da criatividade desses sujeitos, pelo contrário, incentivará que todos se firmem como pessoas que possuem saberes, que são seres políticos, pensantes e com capacidade para expressar seus pontos de vista, buscando a con- solidação de uma educação de qualidade. Teorias da administração e a gestão escolar 15 1.2.3 Teoria administrativa clássica Para aumentar a eficiência das empresas, o engenheiro francês Henry Fayol(1841-1925) teve como foco reestruturar o funcionamen- to dessas organizações. Sob a centralização de um chefe principal, os trabalhadores executavam suas funções em departamentos, tendo a preocupação de manter a unidade entre esses setores. A racionalização do trabalho, aqui, tem uma ênfase diferente da encontrada na obra de Taylor. Em Taylor, tem-se no método car- tesiano a inspiração para a divisão do processo de elaboração de um produto. Já Fayol utiliza métodos globais para a organização do trabalho, isto é, tem-se uma visão do todo e faz-se necessário que todos os trabalhadores entendam essa concepção. Para o engenhei- ro francês, as funções administrativas estão presentes em todos os setores ou departamentos de uma empresa, no entanto conclui que, à medida que a escala hierárquica fica maior, ocorre ampliação des- sas funções administrativas. Em uma gestão democrática no espaço da instituição escolar, as funções administrativas estão presentes no trabalho de todos os pro- fissionais da escola, a saber: • Professor: ao organizar seu planejamento e consolidá-lo em sala de aula; ao aplicar as avaliações de aprendizagem, acompa- nhar os registros realizados para retomar o planejamento, a fim de que todos aprendam; ao realizar a chamada dos estudantes diariamente, comunicando aos demais profissionais da escola (coordenador, pedagogo, direção, secretário escolar) casos de ausência para que tomem as devidas providências. • Secretário escolar: ao zelar e organizar a documentação dos estudantes, de acordo com a legislação vigente; ao atuar na sis- tematização e arquivamento dos registros, auxiliando a equipe gestora na operacionalização dos processos de matrícula, trans- ferência, registros formais de avaliação da aprendizagem etc. • Pedagogo ou coordenador pedagógico: ao contribuir na or- ganização, no acompanhamento e na mediação dos planeja- mentos de ensino e de aula dos professores, registrando esse processo em documentos próprios; ao organizar e alimentar as fichas individuais dos estudantes com informações pertinentes sobre o processo de aprendizagem desses sujeitos, das media- ções realizadas com as famílias/responsáveis; ao realizar dife- 16 Administração de instituições escolares rentes relatórios, resultados das diferentes reflexões e análises sobre o processo de ensino e aprendizagem realizado na escola em que atua. • Equipe diretiva (diretor, vice-diretor, coordenador adminis- trativo): ao exercer uma liderança na escola, buscando a con- solidação da participação de todos os envolvidos no processo educativo nas decisões da instituição educativa; ao estar à frente de diferentes reuniões e comissões, sendo necessário o registro desses processos formais em documentos próprios. Ao sintetizar as funções administrativas desses profissionais pre- sentes na escola, verifica-se que elas são necessárias na organização do trabalho da instituição. No entanto, ao contrário do que afirmava Fayol – que defendia uma estrutura empresarial baseada em uma or- ganização militar e hierarquizada –, em uma gestão democrática, todos precisam ser ouvidos e contribuir na consolidação do objetivo maior da escola: a garantia do direito à aprendizagem de todos os estudantes. 1.2.4 Teoria das relações humanas George Elton Mayo (1880-1949), cientista social australiano, pro- fessor e diretor do Centro de Pesquisas Sociais da Harvard School of Business Administration (Estados Unidos), foi o responsável pela cons- trução da teoria das relações humanas, também denominada escola humanista da administração. Essa teoria contrapõem-se aos argumen- tos e proposições da teoria clássica e à administração científica. A pro- posta de Mayo, fundamentada em pesquisas, consistia em corrigir a tendência de desumanização do trabalho, o que não condizia com o estilo de vida americano. Na defesa de métodos pretensamente mais democráticos, a teoria das relações humanas utiliza conceitos e estra- tégias fundamentadas na psicologia e na sociologia. Mayo conduziu uma equipe de pesquisa na fábrica Western Electric Company, no bairro de Hawthorne, em Chicago, para pesquisar a cor- relação entre iluminação e eficiência dos operários. Ele realizou dife- rentes testagens para analisar se a produção aumentava ou diminuía proporcionalmente à iluminação. A equipe concluiu que a iluminação tinha pouca influência no aumento da produção; entretanto, o que se observou é que as questões psicológicas se sobrepunham às questões fisiológicas. Em outras palavras, a produtividade acrescia quando os Teorias da administração e a gestão escolar 17 operários tinham uma chefia não incisiva, quando o clima de traba- lho era amistoso, com menos ansiedade e menor cobrança. Assim, é a capacidade social do trabalhador que determina a sua eficiência, havendo, portanto, a necessidade de se buscar um indivíduo que seja colaborativo, já que a política empresarial era voltada para as relações humanas e para as pessoas. A partir dessas experiências de Mayo nessa empresa que produzia equipamentos telefônicos e de seus estudos fundamentados na Psi- cologia, tem-se os fundamentos da teoria das relações humanas, que promovia a cooperação entre os operários, a negociação coletiva como forma de resolução de conflitos, o trabalho por objetivos que necessi- tam ser os mesmos para os trabalhadores e para a empresa. Quando se reflete sobre os objetivos da escola, observa-se que as teorias que fundamentam o trabalho desenvolvido precisam se coadu- nar com os objetivos de uma educação de qualidade. Diferentemen- te da pesquisa desenvolvida por Mayo em uma linha de produção, os professores não podem ser testados com mais ou menos iluminação, pois a natureza do trabalho desenvolvido pela escola é outra, ou seja, é trabalho não material, como afirma Saviani (2007a; 2007b; 2008). Segundo Paro (2010a), a administração é mediação. Assim, ao ad- ministrar ou gerir uma escola, aqueles que o fazem precisam ter o compromisso de mediar e articular o trabalho desenvolvido em função dessa natureza e do propósito da educação. Se o objetivo é formar ci- dadãos críticos, reflexivos e partícipes da vida em sociedade, que se desenvolvam em todas as dimensões humanas, a gestão precisa estar organizada e atuar nesse sentido, combatendo todo tipo de autoritaris- mo e preconceito no ambiente escolar. 1.2.5 Teoria da burocracia Formalizada pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), esta teoria defende a racionalização dos processos objetivando melhores resultados. A teoria da burocracia tem aplicação em todas as organi- zações humanas, pois traz elementos para a compreensão do mundo social. A racionalidade preconiza a adequação dos meios e dos méto- dos, objetivando a consolidação de bons resultados. Para Weber, a racionalidade é necessária, pois permite uma me- lhor distribuição de funções, o estabelecimento e o cumprimento de Para Weber, a racionalidade, característica da burocracia, permite uma melhor distribuição de funções em uma empresa ou instituição, objetivando a eficiência na organização administrada. Como a burocracia pode contribuir para uma equipe escolar gestora na tomada de decisão e nas ações cotidianas sem trazer para o seu trabalho concepções e práticas que levem ao distanciamento da função social da escola? Atividade 3 18 Administração de instituições escolares normatizações visando à eficiência da organização. De acordo com essa teoria, destacam-se as seguintes características de uma institui- ção organizada administrativamente: autoridade de alguns indivíduos sobre os demais, hierarquização das funções, divisão do trabalho, ca- ráter legal das normas (fundamentadas em leis e regimentos), plane- jamento e previsibilidade do funcionamento da organização, além da meritocracia como princípio. A escola utiliza a burocracia para se organizar. A lei que normatiza a educação no país – a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9.394/1996 (BRASIL, 1996) – tem umcaráter pedagógico e técnico, mas também burocrático, na medida em que determina e ins- titui legalmente a gestão democrática como forma de estruturação do poder dentro da escola. A LDB prevê a eleição de determinados órgãos no espaço da ins- tituição educativa, planos de carreira dos profissionais, requisitos básicos para ingresso na carreira de professor e que administração da escola seja realizada por profissionais especialistas, bem como define que as escolas públicas elaborem seu Projeto Político Peda- gógico (PPP) de maneira democrática. No regimento escolar, que re- gulamenta o PPP de cada instituição, há normatização dos direitos e dos deveres da comunidade educativa, dos procedimentos a serem realizados pelos profissionais da escola em relação ao cumprimento de prazos, documentos e condutas a serem exercidas pelos profes- sores, coordenadores, secretários, equipe diretiva e demais funcio- nários da instituição. É por meio do regimento escolar que a legislação educacional – da Constituição (BRASIL, 1988) até os pareceres normativos, deliberações e resoluções – chegam ao âmbito organizativo da escola, definindo-a como instituição educativa formal. Dessa forma, pode-se afirmar que a burocracia, ao contrário do que afirma o senso comum, é necessária para a organização do espaço educativo. No entanto, a equipe gestora não deve afastar a necessária regulamentação dos processos institu- cionais do direito dos estudantes à aprendizagem. 1.2.6 Teoria comportamentalista Fundamentada na psicologia organizacional, a teoria comportamen- talista teve seu protagonismo com a publicação da obra do economis- Gestão escolar e legislação educacional – Unidade 2 – Regimento escolar: sua importância e relações com os demais documentos escolares traz proposições sobre a importância da elaboração e do cumpri- mento do regimento es- colar no espaço educativo. Além disso, a obra ressalta a importância de toda a comunidade educativa uti- lizar o rgimento escolar em todas as ações cotidianas, pois regulamenta o PPP da escola. O regimento esco- lar deve estar articulado com a LDB (BRASIL, 1996), ou seja, deve ser (re)elabo- rado com a participação de estudantes, famílias, responsáveis, professo- res, pedagogos e demais funcionários, bem como normatizar o funciona- mento administrativo e pedagógico da escola. PARANÁ. Secretaria de Educação. Curitiba: SEED, 2018. Disponível em: http://www.gestaoescolar. diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/ gestao_em_foco/legislacao_es- colar_unidade2.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020. Livro Teorias da administração e a gestão escolar 19 ta estadunidense Herbert Alexander Simon (1916-2001). Os teóricos comportamentalistas defendem a motivação humana como cerne do trabalho na empresa (CHIAVENATO, 2003). Segundo essa vertente, um administrador deve conhecer e reco- nhecer quais são as motivações de sua equipe a fim de incentivá-las e torná-las um meio para a melhoria da qualidade organizacional, bem como contribuir para a qualidade de vida dos trabalhadores. A teoria de Simon ajuda os administradores na tomada de decisão e na busca de soluções para os problemas cotidianos, utilizando também os sistemas de informação computacionais como um importante alia- do das organizações empresariais. Assim, para a tomada de decisão, é necessário que aqueles que ocupam funções de liderança se atenham a informações fidedignas que os levem às melhores escolhas. Outro autor bastante conhecido de muitos administradores é Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo americano que anunciou seus estudos sobre a motivação humana em meados da década de 1940. Segundo Maslow, os fatores da motivação dos sujeitos dividem-se em cinco níveis, que podem ser organizados em uma pirâmide, conforme mostra a Figura 1 a seguir. Figura 1 Pirâmide da teoria das necessidades de Maslow Autorrea- lização Estima Afiliação Segurança Fisiológicas Fonte: Adaptada de Rebellion Works/Shutterstock. 20 Administração de instituições escolares Na base da pirâmide, estão as necessidades fisiológicas; em segui- da, encontram-se as necessidades de segurança; em terceiro lugar estão as necessidades sociais; depois, podemos ver as necessidades de estima; por fim, no topo da pirâmide, estão as necessidades de autorrealização. Para alcançar uma etapa posterior, de acordo com Maslow (1954; 1971 apud CHIAVENATO, 2003), é necessário atingir as anteriores. Des- taca-se que o ser humano está sempre em busca de autorrealização pessoal; sendo assim, nunca atingirá plenamente essa necessidade que está no topo da pirâmide. Após a elaboração da pirâmide, o psicólogo complementou o conceito com outros tipos de necessidades humanas: de aprender, de satisfação estética e de transcendência. Refletir sobre como a teoria comportamental pode trazer elemen- tos que contribuam para a gestão escolar levanta o seguinte ponto: estudantes motivados a aprender precisam que suas necessidades bá- sicas estejam supridas. Monteiro et al. (2018) afirmam que, apesar das políticas brasileiras de combate à fome postas em execução por meio de programas go- vernamentais, a fome e a miséria ainda assolam nosso país. Para es- ses pesquisadores, mesmo que a Constituição (BRASIL, 1988), em seu artigo 6º, determine como função do estado respeitar e consolidar o direito à alimentação, articulada a outros direitos, a desnutrição ainda é realidade entre os indivíduos que estão em idade escolar. Uma equipe gestora comprometida com a formação integral dos estudantes também se volta a essas questões, uma vez que a aprendi- zagem e o desenvolvimento desses sujeitos dependem de hábitos de alimentação saudáveis. Escola, família e estado necessitam se articular em prol do desenvolvimento pleno dos sujeitos. 1.2.7 Teoria geral dos sistemas (TGS) Trata-se de teoria totalizante, na qual o biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy (1901-1972) defendia a integralização das ciências e a in- terdisciplinariedade para compreender a totalidade. Segundo o autor dessa teoria, há dependência recíproca entre os vários conhecimen- tos científicos; sem um olhar global e articulado, não se compreende o todo. Isso ocorre por meio do pensamento sintético, que é parte do Teorias da administração e a gestão escolar 21 método utilizado para melhor entender o fenômeno, não para isolá-lo, mas com o propósito de compreender a função que exerce no todo. A teoria foi elaborada em 1937, mas foi utilizada na administração a partir de 1960. Sistema é um todo organizado, uma integração entre todas as partes, portanto, para administrar uma empresa, é necessá- rio compreender que o sistema de informações é parte de um sistema maior. Esse sistema diz respeito aos aspectos tecnológicos, mas não somente a eles; refere-se também às organizações e às pessoas. Des- sa forma, dentro do contexto do sistema de informações, as pessoas precisam ser compreendidas em seu estilo de vida, suas características, seus contextos, seus pontos de vista e sua formação acadêmica. Assim, há sistemas dentro de cada sistema, e esses sistemas são integrados. Ao refletir sobre o uso da TGS como fundamento para o trabalho da equipe gestora na escola, é possível articulá-la à necessidade de reco- nhecer que os problemas surgidos no cotidiano escolar precisam ser analisados em um contexto maior. Se um estudante está apresentando dificuldades de aprendizagem, por exemplo, é necessário que a equipe gestora analise quem é esse estudante, suas habilidades, seus interesses e sua família. Além disso, é importante verificar quem são os professores que trabalham com esse sujeito, como a escola vem se reorganizando para trabalhar com ele, como o PPP da escola vem sendo colocado em prática para aten- der às necessidades e aos interesses dele, entre outros elementos que podem surgir do diálogo entre os membros da comunidade educativa. O diálogo, a observação, o registro, o (re)planejamento do trabalho e uma postura acolhedora em relação às diferenças possibilitamque a equipe gestora consolide uma gestão democrática em prol do direito à educação. 1.2.8 Teoria das contingências A teoria das contingências ou teoria contingencial afirma que não há nada de definitivo nas organizações, ou seja, não existe uma única teoria que responda às necessidades das empresas. Dessa forma, os administradores escolherão a melhor forma de gerenciar a organiza- ção conforme a situação, o problema ou a demanda que estiver em voga. Algumas empresas manterão sua estrutura e as estratégias ge- renciais utilizando-se, por exemplo, da teoria científica, com métodos 22 Administração de instituições escolares mais rígidos de organização. Outras empresas serão organizadas ad- ministrativamente de acordo com as demandas do mercado, adotando teorias administrativas mais flexíveis. Por fim, outras fazem inter-rela- ções entre as diferentes teorias. Paro (2010a; 2010b) questiona o caráter conservador dessa teoria administrativa, como também das demais teorias abordadas anterior- mente. Segundo o autor, mesmo que algumas tenham um certo grau de flexibilidade e abertura para o diálogo e para a criatividade, elas procuram responder às demandas do mercado, que é incerto e visa unicamente ao lucro. Já a educação desenvolvida no espaço escolar pode estar a serviço da transformação social e não da manutenção de uma sociedade excludente. Saviani (2007a) afirma que, na educação, o produto não se separa do ato produtivo. Dessa forma, as aulas e a mediação do professor em relação ao processo de aprendizagem do estudante não se separam da construção do conhecimento do estudante, diferentemente de uma empresa na qual se produz determinado produto que será consumido pelos clientes posteriormente. A produção da segunda natureza nos sujeitos da aprendizagem possibilita que os estudantes não sejam apenas consumidores do que está sendo ensinado pelo professor, mas também produtores de co- nhecimento. Se a escola tiver seu PPP fundamentado em uma concep- ção emancipatória de ensino, de aprendizagem, de conhecimento, de ciência e de gestão escolar, a simples articulação entre as teorias admi- nistrativas e a gestão escolar é superada, pois estão desalinhadas com o interesse público e político na função social da escola: a garantia do direito à aprendizagem, independentemente de quem são os estudan- tes, seus contextos de vida, suas famílias e suas formas de viver. Segundo Silva (2008), a administração científica destacou o homo economicus 1 , a escola de relações humanas ressaltou o homem como ser social, a teoria comportamental enfatizou o homem administrati- vo e o estruturalismo trouxe a importância do homem organizacional. Destaca-se que a teoria estruturalista é um desdobramento da teoria burocrática de Weber. Para o estruturalismo que defende o homem organizacional, o trabalhador será flexível e tolerante às frustrações, exercendo seu papel designado pela empresa. O homo economicus tem como cerne uma formação humana voltada para o mercado, para o lucro e para a divisão do trabalho em parcelas. Já o homem como ser social, enfatizado pela escola das relações humanas, considera fatores sociais e emocionais do trabalhador. Por fim, o homem administrativo vislumbra um sujeito guiado por objetivos, metas e com capacidade de organização e de aprendizagem. 1 Teorias da administração e a gestão escolar 23 Já em uma perspectiva crítica, defende-se a formação humana eman- cipatória e a importância do desenvolvimento do homem homnilateral. Segundo Manacorda (2007), a formação homnilateral é oposta à forma- ção unilateral, na qual o homem é visto apenas como fragmentado, sem domínio sobre a totalidade do seu trabalho. O homem unilateral traba- lha em função do que o mercado lhe exige, é alienado e não reconhece o valor do seu próprio trabalho, pois seu saber é limitado a uma parte do que produz. Além disso, ele não reconhece o contexto histórico da vida em sociedade e separa o trabalho manual do trabalho intelectual. Já a formação homnilateral, segundo Karl Marx (1818-1883) citado por Manacorda (2007), decorreria de uma formação mais ampla, na qual os homens são desenvolvidos em suas diferentes dimensões, sem fragmentação ou hierarquização entre os diferentes saberes. Dessa forma, o trabalho na escola, nessa concepção homnilateral e integral, não hierarquiza famílias, crianças e profissionais da escola, mas con- sidera todos os sujeitos como pessoas que detêm saberes, vivências e conhecimentos que podem contribuir com a organização e com a melhoria contínua dos processos educativos. Uma escola de qualidade, comprometida com o desenvolvi- mento integral dos sujeitos, não discrimina nem fragmenta as pessoas pela sua história, seus contextos de vida, mas as acolhe, abrindo canais de comunicação permanentes com todos os en- volvidos no processo educativo e considerando a participação de toda a comunidade educativa nas tomadas de decisão cotidianas. Atividade 2 Complete o quadro a seguir descrevendo como a equipe gestora pode fundamentar seu trabalho com base nas diferentes teorias da adminis- tração. Leve em consideração que a equipe gestora deve se comprome- ter com uma escola que objetiva consolidar o direito à aprendizagem. Teoria administrativa Função da equipe gestora Administração científica Teoria fordista Clássica Das relações humanas Da burocracia Comportamentalista Teoria geral dos sistemas Das contingências 24 Administração de instituições escolares 1.3 Estrutura administrativa da escola Vídeo Escola é lugar de aprendizagem; ela é formada, sobretudo, por pessoas que têm histórias e são seres de cultura, de interação e de vida. Dessa maneira, ao refletirmos sobre a estrutura administrativa da escola, não podemos nos distanciar do propósito desse espaço e de quem faz parte dele. Analisando a relevância de uma equipe gestora reconhecer a estrutura administrativa da escola, ressalta-se a impor- tância de cada membro dessa equipe e de gerir com um propósito hu- manizador, com base em teorias críticas e emancipatórias. Como vimos, as teorias administrativas trazem aos administradores e gerentes bases para organizar o trabalho em diferentes instituições ou empresas. No entanto, para gerir uma escola, para além de conhe- cer métodos administrativos, é necessário que as equipes gestoras se dediquem a manter a qualidade dos materiais, a formação continuada dos profissionais, os recursos tecnológicos, os espaços internos e ex- ternos da escola, a manutenção predial, entre outros aspectos que são imprescindíveis; além desses fatores, o ambiente cotidiano de diálogo, democracia e participação são elementos necessários em um ambiente educativo. A gestão escolar não pode estar à mercê das demandas do mer- cado, que é incerto e excludente, nem mesmo das teorias que repro- duzem modelos advindos das organizações empresariais. Quando, por exemplo, a instituição reproduz uma administração aos moldes do taylorismo e/ou do fordismo, considera que os técnicos realizam o planejamento e os professores o colocam em ação, pois, a partir des- sa teoria administrativa, alguns são responsáveis por realizar o traba- lho intelectual enquanto outros devem colocar em prática o que foi projetado pelos especialistas. Os princípios da divisão do trabalho são consolidados em toda a escola; a hierarquização, a padronização e a repetição são pressupostos vivenciados no ambiente escolar. É importante ressaltar que a escola não é uma instituição isolada da sociedade, pois é influenciada por ela e também a influencia. É fun- damental que as equipes gestoras reflitam, discutam e avaliem se a Teorias da administração e a gestão escolar 25 gestão democrática que vem sendo exercida na escola está apenas no discurso ou se de fato está sendo efetivada. Para Kuenzer (2017), o dis- curso democrático está presente em muitas instituições, mas mascara conflitos, antagonismos e a própria exploração do trabalho.Há um pre- tenso clima de harmonia, entretanto não revela a falta de diálogo e de participação efetiva da comunidade escolar. De acordo com Kuenzer (2017), é impossível desassociar a educação das mudanças que ocorrem na sociedade e das transformações estrutu- rais no mundo do trabalho, da presença de novas tecnologias e metodo- logias. Isso exige um trabalhador de novo perfil, mais flexível, com maior apropriação de conhecimentos científicos e técnicos. É solicitado da es- cola um novo currículo, novas estratégias, métodos que possibilitem ao sujeito da aprendizagem se apropriar dos saberes que a sociedade lhes exigem. No entanto, a gestão escolar não pode perder o seu foco de ad- ministrar em função do direito dos estudantes à aprendizagem. Fundamentando-se nesse direito público subjetivo, a escola deve ser organizada cotidianamente, fundamentando-se no pluralismo de ideias, na gratuidade do ensino público, na qualidade do ensino, na crença de que todos os estudantes têm condições de avançar em seus conhecimentos e na participação efetiva de toda a comunidade educa- tiva nas tomadas de decisão. Portanto, ao propormos um delineamento da estrutura administrati- va da escola, não estamos enfatizando uma divisão técnica do trabalho, como propunha o taylorismo, mas fundamentando-nos no princípio de- mocrático do direito à aprendizagem. Cada sujeito participante da co- munidade educativa pode contribuir para que a escola seja acolhedora, inclusiva, solidária, humana e possibilite a todos os estudantes acesso aos conhecimentos científicos, históricos e culturais a que têm direito. Todos podem colaborar para a consolidação da gestão democráti- ca, contudo, todos os profissionais precisam saber qual é o papel que exercem nesse espaço educativo formal. Para tanto, destacamos, a se- guir, alguns dos profissionais que exercem seu trabalho no espaço da escola e suas principais atribuições. 26 Administração de instituições escolares Garantir canais de comunicação entre a escola e a comunidade educativa, contribuindo para a consolidação da gestão democrática. Fortalecer canais de comunicação com as famílias e os responsáveis, garantindo a eles o acesso ao processo de aprendizagem e desenvolvimento dos seus filhos. Mobilizar a comunidade educativa para o processo de elaboração e reelaboração do PPP. Organizar tempos e espaços de discussão coletiva com os profissionais da escola sobre o PPP da instituição, garantindo sua reelaboração quando necessário. Envolver-se, juntamente com a equipe pedagógica da escola, nos momentos de estudo e planejamento dos professores, garantindo que os princípios e pressupostos dispostos no PPP da instituição sejam colocados em prática. Participar dos momentos de conselho de classe, contribuindo com os demais profissionais da escola na tomada de decisão pedagógica. Fazer cumprir o calendário escolar vigente, garantindo aos estudantes do ensino fundamental o mínimo de 800 horas e 200 dias letivos anuais. Criar condições para que todos os profissionais da escola exerçam sua função da melhor forma possível, garantindo um ambiente técnico, profissional, de diálogo, de ética e de respeito entre todos os envolvidos no processo educativo. Garantir que todos conheçam e coloquem em prática o PPP da escola. Participar dos momentos de planejamento coletivo da escola, possibilitando que todos os segmentos da comunidade educativa participem desse processo. Administrar e garantir que os profissionais da escola exerçam seu papel dentro da escola em função da qualidade de ensino. Combater todo tipo de discriminação e preconceito no ambiente educativo. Exercer comunicação contínua com a mantenedora, caso a escola seja pública, a fim de fazer cumprir suas determinações, baseando-se na legislação educacional vigente. Garantir a participação efetiva dos órgãos colegiados por meio dos representantes dos diferentes segmentos da comunidade educativa. Consolidar, no cotidiano da instituição, a articulação entre o cuidar e o educar, independentemente da faixa etária dos estudantes, conforme dispõem as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (BRASIL, 2013). Administrar em função das questões pedagógicas. DIRETOR E VICE-DIRETOR Teorias da administração e a gestão escolar 27 Garantir canais de comunicação entre a escola e a comunidade educativa, contribuindo para a consolidação da gestão democrática. Exercer sua função de liderança pedagógica, contribuindo com os professores em seu processo de formação continuada. Participar dos momentos de conselho de classe, contribuindo com os professores no processo de avaliação da aprendizagem. Organizar tempos e espaços de discussão coletiva com os profissionais da escola sobre o PPP da instituição, garantindo sua reelaboração quando necessário. Consolidar, no cotidiano da instituição, a articulação entre o cuidar e o educar, que é uma dimensão articuladora da educação básica, conforme dispõem as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2013). Contribuir com a equipe diretiva na construção e na efetivação de um ambiente técnico, profissional, de diálogo, de ética e de respeito entre todos os envolvidos no processo educativo. Contribuir com a direção da escola, na condição de participante da equipe gestora, na efetivação do calendário escolar vigente, garantindo aos estudantes de ensino fundamental o mínimo de 800 horas e 200 dias letivos anuais. Combater todo tipo de discriminação e preconceito no ambiente educativo. Fortalecer canais de comunicação com as famílias e os responsáveis, garantindo a eles acesso sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes. Participar dos momentos de planejamento coletivo da escola, contribuindo com a comunidade educativa nas tomadas de decisão em prol da qualidade educacional. Conhecer com profundidade as especificidades das etapas e das modalidades de ensino em que atua, a fim de direcionar o trabalho educativo na escola, conforme o PPP da instituição. Exercer comunicação contínua com a mantenedora, caso a escola seja pública, a fim de fazer cumprir suas determinações fundamentando-se na legislação educacional vigente. Organizar tempos e espaços para o planejamento dos professores, garantindo que os princípios e pressupostos dispostos no PPP da instituição sejam colocados em prática. PEDAGOGO OU COORDENADOR PEDAGÓGICO 28 Administração de instituições escolares Participar da elaboração do PPP da instituição e fazer cumprir a sua efetivação de acordo com sua função na escola. Realizar controle de frequência dos estudantes, comunicando aos demais profissionais para as devidas providências e contribuindo para que o calendário escolar seja cumprido por todos. Receber a comunidade escolar de maneira acolhedora, contribuindo para a inter-relação entre família e responsáveis e escola. Empregar adequadamente os recursos materiais e humanos colocados à sua disposição, atuando de maneira ética e respeitosa em relação a todos. Atuar na gestão de registros e documentação escolar. Cumprir a legislação educacional vigente, visando garantir o direito da comunidade atendida à educação de qualidade. Planejar e executar tarefas pertinentes a ações relacionadas à secretaria da escola, em acordo com a equipe gestora da unidade educativa e orientações da mantenedora. Afiançar os documentos emitidos pela escola de modo a garantir a sua legalidade. SECRETÁRIO ESCOLAR Cumprir o calendário escolar vigente, acompanhando a frequência dos estudantes e, em caso de ausência deles, comunicar aos demais responsáveis para as devidas providências. Comunicar às famílias e aos responsáveis, de acordo com o PPP e o regimento escolar, sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos seus filhos. (Continua) Participar dos momentos de planejamento coletivo da escola, contribuindo com a comunidade educativa paras as tomadas de decisão em prol da qualidade educacional. Participar daelaboração do PPP e da sua consolidação em todas as ações desenvolvidas na escola. Participar dos momentos de conselho de classe, avaliando não apenas os estudantes, mas também o seu próprio trabalho, replanejando-o. PROFESSOR Teorias da administração e a gestão escolar 29 Contribuir com a equipe gestora na construção e na efetivação de um ambiente técnico, profissional, de diálogo, de ética e de respeito entre todos os envolvidos no processo educativo. Conhecer com profundidade as especificidades das etapas e das modalidades de ensino em que atua, a fim de direcionar o trabalho educativo na escola, conforme o PPP da instituição. Combater todo tipo de discriminação e preconceito no ambiente educativo. Organizar o planejamento de ensino e de aula, de acordo com as orientações dispostas no PPP, no regimento escolar, pela equipe gestora e mantenedora da qual a escola faz parte. Consolidar, no cotidiano da instituição, a articulação entre o cuidar e o educar, que é uma dimensão articuladora da educação násica, conforme dispõem as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2013). Essas atribuições podem ser reelaboradas ou acrescidas outras de acordo com a realidade da escola, do PPP e do sistema de ensino a que pertence a instituição, havendo também determinadas funções que não foram aqui descritas. No entanto, as atribuições relacionadas à le- gislação educacional, à participação e à consolidação do PPP e a gestão escolar direcionada à função social da escola devem ser mantidas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, pudemos perceber a necessidade de a equipe gestora – da qual fazem parte a direção escolar e a equipe pedagógica – conhe- cer as teorias administrativas. Ao refletirmos sobre as diferentes teorias e suas especificidades, não podemos nos esquecer da natureza e da espe- cificidade da escola e da sua função social, que está diretamente relacio- nada ao direito à aprendizagem. Nesse sentido, diferentes autores, como Paro (2010a; 2010b), Kuen- zer (1985; 2017) e Saviani (2007a; 2007b; 2008), questionam as equipes escolares que aplicam essas teorias administrativas sem diferenciar o que é próprio do trabalho de uma empresa e o que é específico do trabalho desenvolvido na escola. A educação, como afirma Saviani (2008), tem uma natureza de traba- lho não material, ou seja, o produto do trabalho não se separa do seu processo de produção. Quando, por exemplo, um professor ensina o pro- duto do seu trabalho, que é a aprendizagem, esta não pode ser separada do trabalho do professor, que é realizar as mediações com os estudantes para o avanço na construção do conhecimento. 30 Administração de instituições escolares Quando uma equipe gestora lidera o trabalho na escola, visando a uma educação emancipatória, ela direciona todas as suas ações objetivando a consolidação do direito à aprendizagem. Garantir o direito à aprendiza- gem é a função social da escola. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 11 fev. 2020. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394. htm. Acesso em: 11 fev. 2020. BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Diretoria de Currículos e Educação Integral. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília, DF: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 11 fev. 2020. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. HOUAISS, A. (org.). Houaiss eletrônico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1 CD-ROM. KUENZER, A. Z. Trabalho e escola: a flexibilização do ensino médio no contexto do regime de acumulação flexível. Educação e soecidade, Campinas, v. 38, n. 139, p. 331-354, abr./jun. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v38n139/1678-4626-es-38-139-00331. pdf. Acesso em: 11 fev. 2020. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: MF Livros, 2008. MANACORDA, M. A. Marx e a pedagogia moderna. Campinas: Alínea, 2007. MONTEIRO, E. C. et al. O combate à fome e à desnutrição no contexto escolar: as contribuições do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). In: CONEDU – CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 5, Olinda, 2018. Anais [...]. Olinda: CECON-PE. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_ EV117_MD1_SA2_ID5248_27082018163846.pdf. Acesso em: 11 fev. 2020. PARO, V. H. Administração escolar: introdução crítica. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2010a. PARO, V. H. A educação, a política e a administração: reflexões sobre a prática do diretor de escola. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 763-778, set./dez. 2010b. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v36n3/v36n3a08.pdf. Acesso em: 11 fev. 2020. SAVIANI, D. Escola e democracia. Campinas: Autores Associados, 2007a. SAVIANI, D. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 34, jan./abr. 2007b. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf. Acesso em: 11 fev. 2020. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas: Autores Associados, 2008. SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. GABARITO 1. Quando uma equipe gestora é comprometida com a função social da escola, ela busca conhecer as teorias administrativas, suas concepções, seus fundamentos e métodos, mas deve refletir sobre a especificidade e a natureza da educação. Nesse sentido, a escola precisa ser organizada e liderada em seu cotidiano com base em teorias que Teorias da administração e a gestão escolar 31 venham a contribuir com o que está disposto na LDB (BRASIL, 1996), que normatiza o ensino no pluralismo de ideias, na qualidade do ensino, na participação efetiva da comunidade educativa nas tomadas de decisão, na gestão democrática da escola pú- blica, na construção coletiva do PPP e na consolidação desse instrumento teórico-me- todológico como plano global da escola. Dessa forma, superam-se as teorias administrativas em que o cerne do trabalho são a competição, o mercado e o lucro, aproximando-se de teorias que contribuam para que a escola seja acolhedora, inclusiva, solidária e humana, bem como possibilite aos estudantes o acesso a conhecimentos científicos, históricos e culturais. 2. Para preencher o quadro, é importante refletir sobre as principais características de cada uma das teorias administrativas, relacionando as possíveis contribuições de cada teoria para a organização da equipe gestora escolar. Destaca-se que, ao pensar sobre essas contribuições, deve-se manter o foco da especificidade do trabalho educativo, que é de natureza não material. Nesse sentido, para sistematizar o quadro, é impor- tante lembrar que não há uma ligação direta entre o que a teoria administrativa pro- põe e a organização escolar para a tomada de decisão das equipes gestoras. Quadro – Teorias administrativas e a função da equipe gestora na escola Teoria Administrativa Função da equipe gestora Administração científica Melhor aproveitamento do tempo escolar sem, no entanto, perder o foco sobre a qualidade nos pro- cessos de ensino e sem o distanciamento da função social da escola na garantia do direito à apren- dizagem. Fordista Nesta teoria, o trabalhador deve se adaptar ao “ritmo da esteira”. Na escola, a equipe gestora necessita refletir sobre os diferentes tempos de aprendizagem do estudante. Portanto, o produto do trabalho educativo não pode ser comparado a uma mercadoria. Os tempos de ensinar e de aprender precisam ser pensados ediscutidos, considerando quem são os estudantes, seus interesses, seus contextos de vida, suas culturas etc. Clássica Fayol defendia uma estrutura empresarial baseada em uma organização militar e hierarquizada. Em uma gestão democrática, é necessário que todos sejam ouvidos e contribuam para a consolidação do objetivo maior da escola: a garantia do direito à aprendizagem de todos os estudantes. Das relações humanas Diferentemente da pesquisa desenvolvida por Mayo, em uma linha de produção, os professores não podem ser testados com mais ou menos iluminação, pois a natureza do trabalho desenvolvido pela escola é outra, ou seja, é trabalho não material, como afirma Saviani (2008). Assim, uma equipe gesto- ra fundamentada em princípios democráticos buscará a qualidade educacional, sem se remeter aos professores ou estudantes como se estivessem em uma linha de produção. Dessa forma, o fruto do trabalho não material desenvolvido pelos profissionais da escola proporciona a aprendizagem para os estudantes, bem como o replanejamento e o redimensionamento do trabalho do ponto de vista dos professores. Da burocracia A escola se utiliza da burocracia para ser organizada. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996), que normatiza a educação no país, tem um caráter pedagógico, técnico, mas também burocrático, na medida em que determina e institui legalmente a gestão democrática como forma de estruturação do poder dentro da escola. A LDB dispõe sobre a eleição de determinados ór- gãos no espaço da instituição educativa, os planos de carreira dos profissionais, os requisitos básicos para ingresso na carreira de professor, a administração escolar por profissionais especialistas, além de definir que as escolas públicas elaborem seu PPP de maneira democrática. (Continua) 32 Administração de instituições escolares Teoria Administrativa Função da equipe gestora Comportamen- talista Uma equipe gestora comprometida com a formação integral dos estudantes acompanha e possibilita que eles sejam vistos não apenas como aprendizes, mas como seres humanos que têm múltiplas ne- cessidades. Os estudantes precisam ter suas necessidades básicas supridas para uma melhor apren- dizagem. Geral dos sistemas Ao refletir sobre o uso da TGS como fundamento para o trabalho da equipe gestora na escola, pode-se articulá-la à necessidade de reconhecer que os problemas surgidos no cotidiano da escola precisam ser analisados em seu contexto maior. Dessa forma, se um estudante está apresentando dificuldades de aprendizagem, por exemplo, é necessário que a equipe gestora analise quem é esse estudante, suas habilidades, seus interesses, sua família, quem são os professores que trabalham com esse su- jeito. Além disso, é importante averiguar como a escola vem se reorganizando para trabalhar com o estudante, como o PPP da escola vem sendo colocado em prática para atender às necessidades e aos interesses dele, entre outros elementos que podem surgir no diálogo entre os membros da comuni- dade educativa. Das contingências Como não existe uma única teoria que responda às necessidades da instituição, procura-se aquela que coadune com os objetivos e metas que o grupo de profissionais determinar. Essa teoria e as ante- riores são consideradas conservadoras por Paro (2010a, 2010b), pois não respondem às necessidades e aos objetivos de uma escola que busca consolidar uma gestão democrática. 3. Para Weber, o sistema burocrático não é totalmente impessoal, isto é, reflete os ob- jetivos de um grupo de pessoas. Desse modo, ao seguir a legislação vigente, o PPP da instituição e o regimento escolar, a equipe gestora cumpre o que foi estabelecido pelo sistema de ensino ao qual pertence. Além disso, é importante considerar as me- tas e propósitos decididos coletivamente pela comunidade educativa quando o PPP e o regimento forem elaborados Quando a equipe gestora é comprometida com a democracia, ela exerce uma liderança fundamentada na legislação vigente e nos do- cumentos que respaldam seu trabalho, sem se esquecer do diálogo permanente com a comunidade educativa. Nesse sentido, ultrapassa o senso comum, que apregoa que a burocracia está relacionada ao arquivamento de documentos, ao preenchimento de formulários e à obediência a regras sem sentido. Na democracia, são necessários diálogo, decisões coletivas em prol do direito à educação e, portanto, o cumprimento da legislação vigente. Gestão democrática na escola 33 2 Gestão democrática na escola Neste capítulo, abordaremos a importância da gestão democrática na escola, respaldando-se na Constituição e na LDB (BRASIL, 1988; 1996). Essas legislações garantem o direi- to da comunidade educativa de participar da elaboração e da consolidação do Projeto Político Pedagógico (PPP), bem como na institucionalização e funcionamento desses mecanismos legais de participação na escola, como Conselhos de Escola, grêmios estudantis, escolas de pais, entre outros. Para mobilizar e consolidar um PPP democrático, a equi- pe gestora (equipe diretiva e equipe pedagógica) tem um papel essencial na mobilização da comunidade educati- va. Assim, também delineamos neste capítulo a função da equipe gestora em sensibilizar e organizar espaços e tempos de participação dos diferentes segmentos da escola. Ressaltamos a importância do Conselho de Escola, atuante nesse processo de concretização de um PPP emancipador e comprometido com o direito à aprendizagem. Com a finalidade de ampliar e aprofundar a discussão sobre a necessária articulação entre fundamentos e concepções teó- ricas em prol do direito à aprendizagem, e a consolidação de propostas pedagógicas que garantam aos estudantes o direito a uma escola de qualidade, propomos reflexões sobre a im- portância da participação coletiva na elaboração do PPP, bem como de elementos a serem considerados na sua construção, ao avaliá-lo na sua concretização e reelaboração. 34 Administração de instituições escolares 2.1 Princípios e consolidação do trabalho pedagógico Vídeo A Constituição (BRASIL,1988), no artigo 206, determina que o ensino público deve ser regido por meio da gestão democrática. A LDB, no artigo 3º e artigo 14 (BRASIL, 1996), ratifica o que a Cons- tituição já afirma, isto é, que os sistemas de ensino devem regu- lamentar o ensino tendo como princípio a gestão democrática e, dessa forma, garantir a participação da comunidade educativa na elaboração da proposta pedagógica da escola e na formação dos conselhos escolares. O artigo As leis de gestão democrática da Educação nos estados brasileiros, publicado no periódico Educar em Revista no ano de 2018, traz um panora- ma geral sobre como os princípios democráticos estão se consolidando na educação nacional. Segundo os autores, a legislação brasileira, em especial a Constituição de 1988 e a LDB, não deixa claro que os sistemas de ensino também devem gerir democraticamente. As escolas, em especial as públicas, têm procurado fundamentar seu trabalho nos princípios democráticos, no entanto, tem-se um contrassenso, uma vez que muitas das unidades da fe- deração não elaboram leis que fortaleçam a gestão democrática. Enfatiza-se que uma legislação que estabelece a democracia e seus princípios como fundamentos e mecanismos de gestão não pode ser autoritária. Nesse sen- tido, a legislação também deveria se pronunciar em relação à organização democrática dos sistemas de ensino. Acesso em: 8 fev. 2020. http://www.scielo.br/pdf/er/v34n68/0104-4060-er-34-68-65.pdf. Artigo Segundo Souza e Pires (2018), a participação pode ser compreen- dida de duas formas: interna e externa. A participação interna ocorre quando os profissionais da escola – professores, pedagogos, direção escolar e demais funcionários – estão envolvidos na discussão e cons- trução do PPP; já a participação externa ocorre quando pessoas da co- munidade na qual a escola está inserida envolvem-se nas reflexões e elaboração do documento. A participaçãogenuína ocorre quando os partipantes internos e externos juntos podem contribuir com os rumos da escola. Nesse viés, os mecanismos de participação devem ser institucio- nalizados, ou seja, organizados e normatizados. Isso deve acontecer com a elaboração coletiva dos regimentos escolares, dos PPPs, dos ór- Como a gestão democrática pode ser vivenciada em sala de aula e como ela pode estar presente na organização do trabalho pedagógico realizado na escola? Atividade 1 Gestão democrática na escola 35 gãos colegiados com a representatividade dos diferentes segmentos da comunidade escolar – famílias e responsáveis, estudantes, profes- sores, pedagogos, direção e demais funcionários –, das assembleias, entre outros. Esses mecanismos possibilitam que a participação seja uma prática constante na escola, uma vez que os caminhos e objetivos da educação são discutidos coletivamente na busca permanente pela consolidação do direito à aprendizagem. Dessa forma, o trabalho coletivo tem fina- lidade primordial na descentralização do poder e está a serviço da de- mocratização dos processos educativos. De acordo com Saviani (2000), todos os envolvidos no processo educativo escolar podem contribuir com a democratização da socie- dade. Quando se trata da atribuição do professor, esse profissional tem o papel de garantir o acesso a ferramentas de caráter histórico, cultural, matemático, científico, entre outros conhecimentos histori- camente acumulados pela humanidade. Logo, quando o professor cumpre sua obrigação, ele está possibilitando e contribuindo para que a formação dos estudantes não ocorra de maneira mecânica, mas sim de modo integral. A organização da escola deve, desse modo, ser em função das ques- tões pedagógicas, cujo objetivo é que todos os estudantes apropriem-se dos saberes científicos aos quais têm direito. Segundo Saviani (2005), quando há gestão democrática na escola, todos os princípios democrá- ticos convergem para que os estudantes tenham instrumentos teóricos e práticos para a vida em sociedade. Em outras palavras, a gestão de- mocrática propicia aos estudantes incorporarem os saberes científicos, de modo que esses possam ser ferramentas para a compreensão e atuação no mundo em que vivem. Um professor que exerce a gestão democrática em sala de aula evidencia para seus estudantes que os conhecimentos estudados são produzidos historicamente por pessoas, portanto, contextualiza esses saberes ao realizar a mediação pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. Conforme Gasparin (2007), quando a abor- dagem pedagógica em sala está fundamentada em princípios demo- cráticos, o questionamento, a reflexão, a dúvida e a pesquisa são instigados, ocorrendo uma abordagem metodológica que supera os métodos tradicionais de ensino. 36 Administração de instituições escolares Dessa forma, os princípios da gestão democrática devem ser viven- ciados por todos os envolvidos no processo educativo e em todos os espaços da escola, pois, se o PPP da instituição defende uma escola democrática, todas as ações e estratégias desenvolvidas pela comuni- dade escolar necessitam estar coerentes com os princípios democráti- cos. Nessa perspectiva, todos os segmentos da comunidade educativa necessitam se comprometer com os princípios democráticos explicita- dos a seguir. 2.1.1 Participação A escola é um espaço privilegiado para que toda a comunidade escolar vivencie a democracia por meio da participação. A participa- ção na escola exige, de todos os envolvidos, a capacidade de exercitar uma escuta ativa, o respeito às diferenças, lidar com conflitos e ética. O princípio da participação, segundo Paro (2007), é consolidado à medida que a hierarquização das funções é superada. A hierarquização, presente nas diferentes teorias administrativas, é criticada por Paro (2007), porque essa forma de organização não condiz com uma gestão democrática consolidada. Para o autor, é necessário combater essa estrutura, ainda presente quase que na totalidade das escolas brasileiras, denominada de sistema piramidal: no topo, fica a direção; logo a baixo, hierarquicamente, os pro- fissionais que prestam assistência e supervisão aos professores (denominados coordenadores pedagógicos, ou assistentes pe- dagógicos, ou supervisores escolares etc,); a seguir, encontra-se o corpo docente e, logo abaixo, os alunos. Paralelamente, há fun- cionários não docentes, ocupando o nível intermediário (secre- tário) e os níveis subalternos (auxiliares, vigias, serventes etc.). (PARO, 2007, p. 82) A participação efetiva necessita ser conquistada, uma vez que as relações políticas na escola ainda ocorrem de maneira vertical, na qual a hierarquização das funções persiste em muitos casos. Essa questão remete aos princípios dispostos nas teorias taylorista e/ou fordista, nas quais há fragmentação do trabalho, presença de um supervisor que controla tempo e qualidade do trabalho, e seleção do trabalhador para determinada tarefa. Gestão democrática na escola 37 Na escola, essa fragmentação também pode ocorrer no processo de ensino e aprendizagem com a presença de um currículo por disciplinas isoladas, quando o professor não dialoga com os estudantes e apenas impõe seus conhecimentos sem interação nem comunicação efetiva. Participar é compartilhar, fazer parte, comunicar, portanto, em uma gestão democrática, o que deve balizar as ações de todos os envolvidos no processo educativo é partilhar os processos decisórios. 2.1.2 Autonomia regulada A palavra autonomia significa “por ele mesmo”. Derivada do grego autos e nomus, que significam respectivamente compartilhar e lei, au- tonomia consiste em autolegislar, ter suas próprias leis, autogoverno e capacidade de tomar decisões (MICHAELIS, 2020). Nesse sentido, quando se afirma que há autonomia, não tem o sentido de ausência de regulamentação. Quando se relaciona a autonomia à gestão escolar, também se afirma a necessidade de que haja uma legislação que direcione as ações do coletivo da instituição. Todos os planejamentos institucionais, avaliações, tomadas de decisão e ações cotidianas precisam ser volta- dos à garantia do direito à aprendizagem, que, como mencionamos, é a função social da escola. Segundo Libâneo (2008, p. 102): O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre deter- minação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação. A autonomia será regulada por um PPP elaborado coletivamente, com o propósito de que princípios, pressupostos, concepções, meto- dologias e estratégias didático-pedagógicas sejam consolidadas no co- tidiano escolar. O regimento escolar regulamenta o PPP da instituição escolar, normatizando as diferentes funções da comunidade educativa, dessa forma, a comunidade escolar tem sempre uma autonomia relati- va no processo decisório, pois todas as decisões não podem prevalecer sobre o direito do estudante a ter uma educação de qualidade. Nesse contexto, a autonomia a ser exercida no espaço escolar não pode ser direcionada a benefícios pessoais, mas caracteriza-se como um princípio a ser defendido pela comunidade educativa, em defesa de 38 Administração de instituições escolares uma escola que preconiza projetos educativos efetivamente democrá- ticos. Nesse sentido, a autonomia coloca na escola a responsabilidade de prestar contas do que faz ou deixa de fazer, sem repassar para outro setor essa tarefa e, ao aproximar escola e famílias, é capaz de permitir uma partici- pação realmente efetiva da comunidade, o que caracteriza como uma categoria eminentemente democrática. (NEVES, 2013, p. 99) A autonomia traz a incumbência de que haja prestação de contas sobre as decisões tomadas, tanto no que se refere às decisões dos órgãos colegiados quanto ao âmbito administrativo, pedagógico ou
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