Buscar

ECONOMIA MONETÁRIA- LIVRO TEXTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 106 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autor: Prof. Maurício Felippe Manzalli
Colaboradora: Profa. Rachel Niza
Economia Monetária
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Professor conteudista: Maurício Felippe Manzalli
Bacharel em Economia pela Universidade Paulista – UNIP (1995) e mestre em Economia Política pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (2000). Atualmente é professor da UNIP nos cursos de Ciências Econômicas e 
Administração e também é coordenador do curso de Ciências Econômicas na mesma Universidade, tanto na modalidade 
presencial quanto a distância. Tem experiência em administração e finanças, notadamente aquelas ligadas ao setor de 
transporte de passageiros, atuando há vinte e nove anos no ramo.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M296e Manzalli, Maurício Felippe.
Economia monetária. / Maurício Felippe Manzalli. - São Paulo: 
Editora Sol, 2017.
104 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-073/17, ISSN 1517-9230.
1. Economia monetária. 2. Oferta de moeda. 3. Política 
monetária. I. Título.
CDU 336.7
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Juliana Mendes
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Sumário
Economia Monetária
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 FUNÇÕES E EVOLUÇÃO DA MOEDA ............................................................................................................9
1.1 Caracterização e funções básicas da moeda ............................................................................. 10
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA E DOS SISTEMAS MONETÁRIOS ......................................... 18
3 DA MOEDA AOS MEIOS DE PAGAMENTO .............................................................................................. 27
3.1 O multiplicador monetário ............................................................................................................... 43
4 A OFERTA DE MOEDA..................................................................................................................................... 46
Unidade II
5 AS TEORIAS DE DEMANDA POR MOEDA ............................................................................................... 56
5.1 Teoria Quantitativa da Moeda (Fischer e Escola de Cambridge) ....................................... 56
5.2 A teoria monetária de Keynes ......................................................................................................... 62
5.3 Os modelos neoclássicos keynesianos ......................................................................................... 66
5.4 Teoria quantitativa moderna: as contribuições de Friedman ............................................ 70
5.5 A teoria novo-clássica ........................................................................................................................ 73
6 POLÍTICA MONETÁRIA ................................................................................................................................... 76
7 REGIME DE METAS PARA INFLAÇÃO ....................................................................................................... 90
8 A POLÍTICA MONETÁRIA: MECANISMOS DE TRANSMISSÃO MONETÁRIA ............................... 96
7
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
APRESENTAÇÃO
Tratar de economia monetária é tratar de algo bastante importante nas economias capitalistas: o 
dinheiro. Esse objeto pode ser considerado de desejo por parte de alguns, enquanto outros podem bem 
viver sem ele. Afinal, o que é o dinheiro, qual o papel que ele representa na economia capitalista? É o 
que pretendemos demonstrar neste livro-texto. Não trataremos do dinheiro especificamente, mas, sim, 
com o rigor que é solicitado por uma disciplina dessa envergadura, trataremos da moeda. Dessa forma, 
entraremos em um espaço bastante complexo.
O entendimento da economia monetária insere-se no ambiente de exploração tanto por parte da 
contabilidade social quanto por parte da própria macroeconomia, pois uma economia moderna é aquela 
considerada monetizada, em que a moeda se apresenta como um instrumento que oferece à coletividade 
as condições necessárias de se fazer o lado real da economia funcionar. Ou seja, a moeda é o elo entre 
as relações de produção, distribuição, consumo e acumulação de capital que uma sociedade pode fazer. 
Daí a importância da moeda, bem como de seu estudo.
INTRODUÇÃO
Este livro-texto destina-se aos que estão iniciando seus estudos sobre economia monetária. 
Procurando distanciar-se dos jargões muito específicos da área, mas sem incorrer na questão da 
simplicidade, apresentaremos os principais conceitos, abordagens e desdobramentos dessa parte 
da macroeconomia para que se possa entender o mundo monetário. Trata-se também de material de 
apoio à disciplina Economia Monetária.
O objetivo é introduzir o conhecimento nas questões monetárias não financeiras, apresentando de 
maneira clara a vasta quantidade de conceitos e definições que a disciplina nos oferece.
Inicialmente, abordaremos conceitos referentes à moeda e às suas funções. Efetuaremos uma viagem 
pelo tempo, explanando sobre a evolução da moeda, desembocando na discussão sobre o que são meios 
de pagamento e as formas de criação de moeda, tanto pela autoridade monetária quanto pelos bancos 
comerciais, agentes que também merecem destaque em nosso texto. Ou seja, trataremos basicamente 
das condições de oferta monetária.
Em seguida, abordaremos as teorias explicativas acerca da demanda de moeda e suas principais 
vertentes. Apresentaremos a teoria quantitativa da moeda e suas versões, bem como a política monetária, 
com seus mecanismos, instrumentos e operacionalidade.
9
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
Unidade I
Para tratar da economia monetária e do sistema monetário, é necessário ter em mente o sistema 
capitalista de produção, bem como a divisão social do trabalho que está nele inserida. Em relação 
a isso, quanto maior for a quantidade de bens que uma coletividade conseguir produzir, maior será 
a quantidade de transações que essa mesma coletividade fará. Assim, o volume de trocas aumenta 
e, com ele, as dificuldades de serem satisfeitas as mais diversas necessidades. É nesse aspecto que 
entra a moeda: instrumento que facilitará as trocas entre os agentes econômicos devidoao seu uso 
generalizado. Vamos entender como isso acontece.
1 FUNÇÕES E EVOLUÇÃO DA MOEDA
Considerando a questão histórica e suas sociedades chamadas de pré-capitalistas, a exemplo do 
antigo sistema feudal, as trocas de bens entre as sociedades praticamente não aconteciam e, quando 
aconteciam, eram consideradas diretas, ou seja, bem por bem, mercadoria por mercadoria, não ensejando 
a necessidade do uso da moeda como facilitador de tais transações. Pensando em uma economia simples, 
não moderna e não monetizada, a produção exercida pelos homens era trocada em sistema de escambo, 
o que limitava a atuação dos agentes.
Com a evolução das sociedades, dos mercados e, portanto, das trocas, a intermediação monetária 
começa a se fazer presente, e a sociedade avança para um sistema de trocas indiretas. Nesse novo 
sistema, bens são trocados por moeda e moedas são trocadas por bens. Com esse avanço, a moeda 
passa a fazer parte das economias e a ser considerada como uma necessidade social, exercendo suas 
funções e fazendo parte da vida das pessoas. Contudo, como definir moeda? Por primeira aproximação, 
moeda é todo ativo capaz de liquidar quaisquer compromissos contratuais à vista ou futuros. Assim, 
vamos refletir sobre o que vem a ser moeda. A moeda é um artigo utilizado para efetuar trocas. Dá-se 
moeda em troca de algo. Trabalhamos em troca de moeda. O termo moeda designa moedas metálicas e 
papel-moeda, as cédulas que utilizamos. 
A moeda tem valor? Você, por acaso, já encontrou alguém nas ruas de sua cidade vendendo moedas, 
vendendo dinheiro? Possivelmente não. Por qual motivo? Antes da resposta, reflita mais um pouco! Qual 
o valor de uma cédula, nota, de R$ 20,00? Quanto vale uma nota de R$ 100,00? Qual o valor de uma 
moeda metálica de R$ 1,00? Parece estranho dizer, mas, nas economias modernas, as notas, bem como 
as moedas, não têm valor. Na verdade, elas representam valor! Representar valor significa ter poder 
aquisitivo. Uma cédula de R$ 50,00 representa um poder de compra de cinquenta unidades monetárias. 
Uma cédula de R$ 10,00 representa um poder de compra de dez unidades monetárias e assim por 
diante. Logo, esse deve ser o motivo pelo qual não encontramos pessoas nas ruas vendendo moedas, 
pois qualquer pessoa não aceitaria vender uma nota de R$ 100,00 por um valor mais baixo do que ela 
vale e também ninguém aceitaria pagar mais do que esse valor pela nota. Nesse aspecto, Carvalho et al. 
(2007, p. 1) dizem que:
10
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
A moeda é um objeto que responde a uma necessidade social decorrente 
da divisão do trabalho. A divisão social do trabalho, característica da 
economia capitalista moderna, especializou unidades de produção e 
indivíduos. Os agentes econômicos se tornaram, assim, extremamente 
independentes. Necessitam fazer inúmeras compras e vendas em 
períodos, às vezes, bastante curtos. Uma sociedade sem moeda teria 
uma vida econômica pouco ágil. O tempo para se concretizar uma 
transação comercial aumentaria demasiadamente, e o desgaste físico 
e mental para se realizar tal operação seria, talvez, insuportável. Por 
exemplo, diante de uma chuva inesperada, um indivíduo desejoso 
de adquirir um guarda-chuva e que tivesse um excedente em 
laranjas teria que encontrar alguém que tivesse um excedente de 
guarda-chuvas. Esse tipo de coincidências é chamado de coincidência 
mútua e complementar de necessidades. Elas podem ocorrer, mas 
certamente são raras e sua busca desgasta física e mentalmente os 
interessados em transações específicas.
1.1 Caracterização e funções básicas da moeda
Podemos pensar que a moeda seja uma mercadoria, mas não qualquer mercadoria. Ela é muito 
específica e reúne a propriedade de ser trocada por qualquer outra mercadoria. Basta ter em mãos 
cédulas ou moedas metálicas para poder trocar por qualquer artigo que represente exatamente as 
unidades monetárias incorporadas na moeda. Se tivermos em mãos R$ 80,00, poderemos adquirir 
qualquer mercadoria que tenha um preço idêntico ou menor do que esse valor e que esteja disponível 
para venda, obviamente.
A característica especial que a moeda reúne é a de ser aceita em qualquer situação. Veja um exemplo: 
seria muito difícil, em uma economia moderna, adquirir mercadorias pagando, ou trocando, por outras 
mercadorias, como à época do escambo. Caso você queira um sapato novo, você não conseguirá trocar 
no mercado pelo seu trabalho direto. Haveria a necessidade de dupla coincidência de desejos: o seu 
desejo de ter os sapatos e o do vendedor em utilizar sua força de trabalho. Agora, de posse da moeda, 
tudo fica mais fácil. Se o vendedor coloca à venda os sapatos que você deseja, basta que você tenha 
poder de compra, representado pela moeda, e os compre, pagando em moeda. Pronto. Efetuamos uma 
troca indireta. Moeda por mercadoria, no caso do comprador, e mercadoria por moeda, no caso do 
vendedor. Carvalho et al. (2007, p. 2) destacam:
Em uma economia monetária, os agentes recebem suas remunerações em 
moeda e podem, portanto, fazer planos mais flexíveis. Adquirem liberdade 
para comprar o que desejarem e quando desejarem, em geral, sem qualquer 
perda de tempo ou desgaste físico e mental com as dificuldades em 
realizar transações que requerem coincidências muito específicas. Quando 
desejarem comprar guarda-chuvas, utilizam moeda, que possui aceitação 
geral a qualquer tempo.
11
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
 Observação
Se a moeda pode ser pensada como uma mercadoria, mas uma 
mercadoria especial, ela deve também desempenhar algumas funções. 
Devido ao desenvolvimento da divisão do trabalho, que especializou pessoas e empresas enquanto 
produtores de mercadorias, nas economias modernas, há um volume absurdamente grande de 
mercadorias à disposição da sociedade.
Com a divisão do trabalho, os agentes econômicos tornaram-se cada vez mais interdependentes, 
em que cada um depende do trabalho do outro ou depende, para seu bem-estar, da produção do outro 
(JUDENSNAIDER; MANZALLI, 2011). Dessa forma, um volume grandioso de trocas indiretas é realizado e, nesse 
aspecto, a moeda desempenha uma de suas principais funções: ser intermediária de trocas (meio de trocas).
A função intermediária de trocas, meio de troca ou, ainda, meio de pagamento permite que mercadorias 
sejam compradas e vendidas em diferentes períodos de tempo sem dependerem da coincidência de 
desejos. Entende-se que meio de pagamento, ou meio de troca, é a função de intermediar milhares 
de trocas entre os agentes, permitindo que vendas e compras sejam realizadas em datas diferentes. Com 
isso, é possível separar a venda da compra. Para Carvalho et al. (2007, p. 2):
A troca com intermediação monetária separa as transações comerciais em 
operações de compra e operações de venda, permitindo um sistema de trocas 
indiretas. É muito mais fácil vender mercadorias e/ou serviços por moeda 
e, posteriormente, comprar outras mercadorias e/ou serviços pagando em 
moeda do que trocar coisas diferentes por coisas diferentes. A função de 
intermediário de trocas é uma função básica da moeda. Ao permitir que 
vendas e compras sejam feitas em datas diferentes, a moeda exerce a função 
de meio de pagamento.
Além de servir como intermediário de trocas, a moeda exerce outras funções básicas: servir como 
unidade de conta e reserva de valor.
A função unidade de conta da moeda está representada nos diversos contratos existentes na 
economia. Em um contrato de trabalho, por exemplo, a função unidade de conta aparece no valor do 
salário ali grafado: x unidades monetárias. Em um contrato de prestação de serviços, a moeda também 
desempenha sua função unidade de conta no valor que será pago pelo contratante ao contratado, 
mediante o serviço prestado. Essa função está ainda representada nos preços dos produtos. Uma camisa, 
por exemplo, que está exposta na vitrine de uma loja qualquer.Lá está, possivelmente em uma etiqueta, 
a indicação do valor daquele produto: x unidades monetárias. Desse modo, a moeda exerce sua função 
de unidade de conta. Outro nome que pode ser atribuído a essa função da moeda é moeda de conta, 
que aparece nos contratos ou nos preços dos produtos e determina qual o montante de moeda corrente 
necessário para aquela troca. 
12
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
A função unidade de conta está relacionada à função de meio de troca. Nesta, a moeda é a unidade 
de medida monetária da economia, ou seja, é a medida do valor das diferentes mercadorias que são 
trocadas no mercado. A moeda foi capaz, com a disseminação das trocas comerciais, de ser uma 
mercadoria peculiar para mensurar o valor das outras mercadorias. Dessa maneira, é possível que as 
mercadorias sejam trocadas entre si a partir dessa medida comum que a moeda permite avaliar.
Imaginemos uma sociedade como nos dias de hoje. Há uma diversidade enorme de contratos 
estabelecidos entre os agentes econômicos que precisam ser liquidados. Como garantir essa liquidação? 
Inicialmente, é necessário que todos os contratos tenham uma unidade monetária comum. É dessa 
maneira que a moeda exerce sua função de unidade de conta, ou seja, no caso brasileiro, a maior parte 
dos contratos internos é realizado em reais. Por exemplo, em um supermercado onde os preços das 
mercadorias são todos dados em uma única moeda, qual seja, o real.
A função unidade de conta é extremamente importante. Nas sociedades 
capitalistas modernas, a divisão do trabalho transformou a produção de 
mercadorias e serviços em um processo complexo. Por vezes, inúmeras 
firmas participam da produção de uma única mercadoria (automóveis, 
por exemplo). Assim sendo, é necessário que existam instrumentos que 
coordenem as decisões de produção desses diversos agentes econômicos. 
São os contratos estabelecidos entre tais agentes que possibilitam a refinada 
coordenação que é necessária entre os participantes desse complexo 
processo produtivo. Os contratos entre os trabalhadores e as firmas fixam 
as tarefas que serão desempenhadas, o número de horas da jornada de 
trabalho, o salário-monetário a ser recebido, entre outros quesitos. Os 
contratos entre as firmas estabelecem as datas de entrega de insumos, as 
suas especificações técnicas, o valor monetário dos pagamentos a serem 
feitos pelo comprador, etc. Os contratos entre as firmas e os bancos fixam 
o limite de crédito entre as partes, a taxa de juros, os pagamentos mínimos 
que podem ser efetuados pela empresa e muito mais. Percebe-se que há 
algo que é comum a todos os contratos: a unidade de medida monetária 
da economia. (CARVALHO et al., 2007, p. 2).
Lopes e Rossetti (2005, p. 21-22) denominam essa função da moeda como medida de valor e 
apresentam suas principais vantagens:
• racionaliza e aumenta o número de informações econômicas, via 
sistema de preços, tornando possível uma atuação mais racional de 
produtores e de consumidores e ampliando as margens de eficiência 
operacional do sistema econômico como um todo.
• torna possível a contabilização da atividade econômica e a 
administração racional das unidades de produção, fator de importância 
crucial para o desenvolvimento da economia e a resultante ampliação 
do bem-estar.
13
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
• permite a construção de sistemas de contabilidade social, para cálculo 
dos valores agregados da produção, do investimento, do consumo, da 
poupança e de outros fluxos macroeconômicos, de grande importância 
no planejamento e na administração da economia como um todo.
Outra função desempenhada pela moeda é servir de reserva de valor, pois a moeda permite alocar 
nossas transações ao longo do tempo de acordo com nossas conveniências. Assim, dá ao detentor de 
moeda a possibilidade de reter recursos por períodos longos sem que tal atitude lhe imponha qualquer 
custo de carregamento. De posse de unidades monetárias, e dada a existência de mercados à vista e a 
prazo, seu possuidor tem o direito de reservar tal moeda para consumo ou para pagamento futuro.
Conforme destacam Lopes e Rossetti (2005, p. 22),
Até a Teoria Geral, de Keynes [...], esta função da moeda era desprezada, 
embora reconhecida. Ao enfatizar a incerteza inerente a uma economia 
monetária, Keynes trouxe a função reserva de valor para o primeiro plano. A 
proporção da moeda conservada em relação aos outros ativos depende de 
uma série de fatores que interferem na preferência do público. Após Keynes, 
a análise desses fatores e do grau em que é exercida a preferência pela 
liquidez passou a constituir-se em importante área de investigação teórica 
e de interesse prático. As duas principais razões que levam à preferência pela 
utilização da moeda como reserva de valor são, sem síntese, as seguintes: 
a) a pronta e mediata aceitação da moeda, quando da decisão de convertê-la 
em outros ativos, financeiros ou reais. A essa aceitação adiciona-se a 
particularidade de ser a moeda um ativo conversível em ampla área 
geográfica. b) A imprevisibilidade do valor futuro de outros ativos, sobretudo 
os não financeiros. Nada garante que o valor desses outros ativos esteja a 
um nível adequado quando vierem a ser utilizados. Na maior parte dos casos, 
os ativos reais perdem (alguns quase completamente) a reversibilidade. Há 
bens de uso durável que, imediatamente após sua aquisição em primeira 
mão, não são mais reversíveis ao valor com que foram adquiridos.
Em economias com estabilidade monetária (sem inflação), a moeda consegue exercer tal função, 
de poder reservar, ou preservar seu valor ao longo do tempo. Em períodos de inflação elevada, a erosão 
dos ativos monetários será uma consequência. Um agente, quando detém riqueza, pode guardá-la sob 
diversas maneiras. Por exemplo, uma aplicação financeira em um banco, em bens imóveis ou mesmo na 
forma monetária. Essa segunda opção é escolhida quando a moeda apresenta uma estabilidade de valor 
e, por isso, a economia não pode apresentar inflação.
 Lembrete
Para que um ativo ou um bem sejam considerados uma moeda, é 
necessário que ele desempenhe as três funções. Caso algumas dessas funções 
14
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
não sejam satisfeitas, o uso da moeda passa a ser questionado e pode não ser 
aceito, deteriorando-a até a invalidade. No Brasil, durante a segunda metade 
dos anos 1980, devido ao problema da inflação elevada, e, portanto, à perda 
da sua função de reserva de valor, o País teve várias moedas.
Lopes e Rossetti (2005) apontam mais funções que são desempenhadas pela moeda: uma delas é a 
função liberatória, ou seja, a capacidade de saldar dívidas, liberar quem efetuou um pagamento de ser 
cobrado no futuro, ou seja, liberar o possuidor da moeda de uma situação passiva no futuro. Os autores 
acrescentam que esse poder é garantido pelo Estado, que pode forçar o curso da moeda, impondo sua 
aceitação como forma de pagamento, desde que a sociedade a aceite. Continuam:
Há assim, fortes vínculos entre a função liberatória da moeda e o grau em 
que esta é aceita pela sociedade. A aceitação generalizada, que se estabelece 
essencialmente como uma manifestação de natureza social, é que, em 
realidade, garante à moeda o exercício dessa importante função (LOPES; 
ROSSETTI, 2005, p. 23).
Outra função a ser destacada é de a moeda servir como padrão de pagamentos diferidos, que 
significa a facilidade da distribuição de pagamentos ao longo do tempo. Aqui, surge o crédito.
 Observação
Na sociedade moderna, a moeda como padrão de pagamentos diferidos 
aparece nas compras a prazo e com pagamentos de prestações ao longo 
do tempo.
Trata-se de uma função relevante para o funcionamento de uma economia moderna. Ela viabiliza os 
fluxos de produção e renda, que, embora simultâneos e interdependentes, desenvolvem-sepor etapas, 
exigindo que, ao longo delas, sejam antecipados diferentes tipos de pagamento.
Os salários, de forma geral, constituem um exemplo bastante claro de um 
pagamento diferido. Na maior parte dos casos, os salários representam, 
em essência, uma forma de adiantamento. Embora a empresa não possa 
dispor daquilo que produz antes que o ciclo de produção esteja terminado, 
os trabalhadores que se ocupam das diferentes fases da produção não 
podem esperar que o processo produtivo se conclua, para que seu trabalho 
seja remunerado. De igual forma, os empresários recorrem a empréstimos 
para variadas finalidades, desde os que se destinam ao financiamento do 
giro de seus negócios até os que atendem a necessidades relacionadas a 
investimentos em capital fixo (LOPES; ROSSETTI, 2005, p. 24).
Por fim, cabe destacar outra função da moeda: a de servir como instrumento de poder, seja 
ele econômico, político ou social, a partir do momento em que se admite ser também a moeda um 
15
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
instrumento de crédito, um título de crédito. “Os que o detêm possuem direitos de haver sobre os bens e 
serviços disponíveis no mercado, tanto maiores e mais amplos quanto maior for o montante disponível 
de moeda” (LOPES; ROSSETTI, 2005, p. 24).
Para que a moeda desempenhe suas funções, algumas características particulares devem ser 
reunidas. Dentre elas, estão as econômicas, entendidas como custo de estocagem e custo de transação 
negligenciáveis ou próximos de zero. O que isso significa? Significa que, para manter e transportar a 
moeda, seu custo é zero.
 Observação
Claro que aqui não se está pensando no caso das aplicações financeiras 
em que os juros recebidos pelo não uso da moeda representariam um custo 
de oportunidade para as economias modernas.
O trigo, por exemplo, tem reduzidas chances de se tornar moeda em uma 
economia desenvolvida porque o seu custo de estocagem não é desprezível 
e seu custo de transporte ao mercado (custo de transação) pode ser elevado. 
O trigo, o sal, a soja, dentre outros, se eleitos socialmente como moeda, 
onerariam em demasia seus possuidores (CARVALHO et al., 2007, p. 3).
As outras características da moeda, as físicas, dizem que a moeda deve apresentar indestrutibilidade 
e inalterabilidade, homogeneidade, divisibilidade, transferibilidade, além de facilidade de manuseio e 
transporte. Vejamos a importância de cada uma.
A indestrutibilidade e a inalterabilidade são importantes, pois a moeda não deve se deteriorar na 
medida em que os agentes econômicos a utilizam na troca. Nesse sentido, a moeda deve ser durável, isto 
é, deve manter suas características físicas para que a sua condição de ser aceita de forma generalizada 
seja mantida e não prejudique o seu último detentor. Além disso, “a indestrutibilidade e a inalterabilidade 
são obstáculos à sua falsificação, tornando-se, assim, atributos acessórios, também importantes para 
a confiança do público e a aceitação geral da moeda” (LOPES; ROSSETTI, 2005, p. 26). Dessa forma, tal 
característica combina com outra, a de a moeda reunir homogeneidade, ou seja, de ser conhecida em 
qualquer localidade, ser igual em qualquer local e tempo para que seja reconhecida e, assim, aceita.
Perceba que, no caso das economias modernas, monetizadas e, particularmente, no caso da 
economia brasileira, a característica de homogeneidade aparece nas cédulas que o Banco Central coloca 
à disposição da coletividade para que esta efetue suas trocas produtivas. Uma cédula de R$ 100,00 tem 
a mesma representatividade, enquanto instrumento de troca e unidade de conta, em qualquer local 
do território nacional. Admite-se que o cidadão comum reconheça naquele papel, naquela cédula, a 
representatividade de R$ 100,00. Apenas devemos pensar com cuidado quanto à função reserva de 
valor em diferentes regiões. Isso diz respeito aos diferentes preços das mercadorias e, portanto, ao custo 
de vida em diferentes regiões; assim, R$ 100,00 valem mais ou menos em diferentes localidades.
16
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
 Observação
Perceba que estamos chamando a atenção para os diferentes níveis de 
inflação em diferentes regiões do País e que, portanto, o poder de compra 
da moeda também é diferente.
Quanto ao assunto, Lopes e Rossetti (2005, p. 26) esclarecem que:
Duas unidades monetárias distintas, de igual valor, devem ser 
rigorosamente iguais. Suponhamos, por exemplo, nos primórdios da 
evolução histórica da moeda, uma determinada mercadoria usada como 
instrumento de intermediação de trocas. As diferentes unidades dessa 
mercadoria devem, necessariamente, ser iguais, homogêneas quanto 
às suas características intrínsecas. Admitamos que o arroz, em dada 
época e lugar, atendesse a essa função. Neste caso, se dois indivíduos 
chegassem a um acordo sobre o valor de uma transação, poderia 
acontecer que o comprador pensasse pagar a dívida com arroz de grãos 
miúdos e quebrados, enquanto o vendedor imaginasse receber arroz de 
grãos graúdos e inteiros. A possibilidade deste tipo de desentendimento, 
resultante da não homogeneidade, é um exemplo claro da necessidade 
de que unidades monetárias do mesmo valor sejam efetivamente iguais 
para que a moeda possa exercer suas funções essenciais.
O que há para destacar sobre a característica divisibilidade? A divisibilidade é necessária porque a 
moeda deve poder ser fracionada em múltiplos e submúltiplos para que as transações que exigem valor 
fracionado ou transações que movimentam grandes valores sejam realizadas sem custos adicionais. 
Imagine se existisse na economia monetária apenas um tipo de cédula, digamos, de R$ 50,00. Todos os 
produtos deveriam ter, no mínimo, esse preço, desde uma bala até qualquer outro produto ou mesmo 
serviços prestados pelos correios; daí em diante somente seriam admitidos múltiplos de R$ 50,00. Os 
preços seriam, então, R$ 100,00, R$ 150,00, R$ 200,00.
Assim, a característica de divisibilidade permite que os valores monetários sejam quebrados em 
diferentes valores, desde os centavos, as dezenas, os milhares e assim por diante. Sobre o assunto, Lopes 
e Rossetti (2005, 26-27) elucidam que:
A moeda deve possuir múltiplos e submúltiplos em quantidade e 
variedade, que tanto as transações de grande porte quanto as pequenas 
possam realizar-se sem dificuldade. Se, por hipótese, em uma economia 
só existirem cédulas monetárias de determinado valor, a maior parte das 
transações será dificultada, senão mesmo impraticável. Se o valor da única 
cédula em circulação fosse excepcionalmente baixo e se não existissem 
outros meios para se efetuarem pagamentos, as transações de maior vulto 
17
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
esbarrariam em inúmeras dificuldades operacionais. Contrariamente, 
se existisse uma única cédula de elevado valor, ficariam prejudicadas as 
transações menores.
Outra característica física que um instrumento deve reunir para ser reconhecido como moeda e 
assim exercer suas funções é a característica da transferibilidade, ou seja, a capacidade de que seja 
trocada de mãos, digamos, de possuidor, à medida que as transações econômicas são efetuadas. É fácil 
visualizar tal característica: pense em uma feira livre, nas quais produtos do tipo frutas, verduras e 
legumes sejam comercializados. Você está defronte a um vendedor de frutas e se interessa pelas laranjas 
que ele está vendendo. Você adquire uma dúzia delas e pagará R$ 6,00. Você paga com três cédulas de 
R$ 2,00 e as entrega para as mãos do vendedor no mesmo momento em que ele lhe entrega um saco 
plástico com uma dúzia de laranjas. Agora, o que você tem são laranjas e o que o vendedor tem são 
suas cédulas. Então, chega, na mesma barraca, outro comprador também interessado em adquirir uma 
dúzia de laranjas ao mesmo preço, R$ 6,00, só que esse comprador passaao vendedor uma cédula de 
R$ 10,00. Como a compra é somente de R$ 6,00, o vendedor deve dar de troco ao comprador o valor 
de R$ 4,00. Ele entrega duas cédulas de R$ 2,00 e repassa ao comprador como troco. Observe então que 
as cédulas que você passou para as mãos do vendedor possivelmente foram parar nas mãos de outro 
comprador. Vejamos o que Lopes e Rossetti (2005, p. 27) dizem sobre tal característica:
Outra característica essencial da moeda diz respeito à facilidade com 
que deve processar-se sua transferência, de um possuidor para outro. Se 
a moeda estiver materializada em uma mercadoria qualquer ou em uma 
cédula emitida e garantida pelo Estado, é desejável que tanto a mercadoria 
quanto a cédula não tragam quaisquer registros que identifiquem seu 
atual possuidor. Recorrendo [...] ao clássico exemplo do gado, sua utilização 
como moeda-mercadoria ficaria prejudicada se cada um de seus sucessivos 
proprietários tivesse necessidade de gravar a fogo sua marca na pele do 
animal. Ao cabo de certo número de transações, não restariam mais 
espaços para novas marcas. O mesmo aconteceria caso as transferências 
de cédulas se processassem unicamente via endosso de um possuidor para 
outro. Embora, de um lado, esta característica reduza a segurança dos que 
possuem a moeda em uso, de outro lado, facilita o processo de troca. E, 
tendo em vista que uma das funções básicas da moeda é a de facilitar esse 
processo, sua perfeita e fácil transferibilidade converte-se em um de seus 
atributos mais importantes.
A moeda deve ser, na medida do possível, difícil de falsificar – já que tal característica aumenta 
a confiança do público de que não há reprodução indevida – auxiliando consequentemente a sua 
aceitação generalizada.
Além das características acima identificadas, a moeda ainda deve ser manuseável e transportável 
para que a função meio de troca não seja prejudicada, impondo ao seu detentor custos de transação. 
Sobre isso:
18
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
O manuseio e o transporte da moeda não podem prejudicar nem dificultar 
sua utilização. Se o porte da moeda for dificultado, sua utilização certamente 
será pouco a pouco descartada. Os primeiros metais, não preciosos, utilizados 
como moeda, foram um a um descartados à medida que a descoberta de 
novas minas e o desenvolvimento da tecnologia da fundição e usinagem 
os tornou abundantes, reduzindo seu valor por unidade de peso. Sua 
substituição por ouro e prata decorreu essencialmente de fatores ligados 
à facilidade de manuseio e transporte, dado que uma pequena quantidade 
(reduzido peso) desses metais preciosos sempre correspondeu a um grande 
valor (LOPES; ROSSETTI, 2002, p. 27).
 Observação
Somente reunindo características físicas e econômicas a moeda 
consegue exercer suas funções de intermediário de trocas, unidade de 
conta e reserva de valor.
É interessante destacar que, com o avanço da tecnologia, notadamente no âmbito da 
tecnologia de informação promovida pela revolução da microeletrônica e dos computadores, 
novas formas de moeda surgem, a exemplo da moeda eletrônica representada pelos cartões, 
chamada de dinheiro eletrônico.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MOEDA E DOS SISTEMAS MONETÁRIOS
É necessário efetuar um passeio pela história e conhecer as diversas formas que a moeda assumiu 
ao longo dos tempos. Desde a antiguidade, os povos utilizam moeda para efetuar trocas de mercadorias. 
Inicialmente, as trocas eram feitas de forma direta, pois o homem vivia em pequenas comunidades, 
nas mais primitivas culturas, nas quais a economia funcionava à base de escambo. Esse sistema exigia 
a coincidência de desejos, pois apenas produtos encontravam-se disponíveis para trocas. Conforme 
Passos e Nogami (2003, p. 446):
imaginem um indivíduo que tenha maçãs e queira castanhas. Seria uma 
coincidência fora do comum encontrar um outro indivíduo que tivesse 
gostos exatamente opostos, ansioso por vender castanhas e comprar maçãs. 
Ainda que aconteça o fora do comum, não há garantia de que os desejos das 
duas partes, no que se refere às quantidades e aos termos de troca exatos, 
coincidam. Da mesma forma, a menos que um alfaiate faminto encontre 
um fazendeiro nu que tenha alimentos e o desejo de ter um par de calças, 
nenhum dos dois pode realizar o negócio.
19
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
Figura 1 – Trocas de produtos por produtos: escambo
 Observação
Percebe-se, então, que com o desenvolvimento da divisão do trabalho 
e a maior especialização na produção de mercadorias a prática rudimentar 
de escambo é dificultada. 
Nos primórdios, o homem vivia em pequenas comunidades de uma única família e se utilizava 
da vegetação e da caça disponíveis na região que habitava. Esses recursos eram os únicos com os 
quais contava para a sua subsistência. Imagine um agricultor de cenouras, por exemplo. Se ele produz 
cenouras, o produto de seu trabalho são cenouras. Só que não só de cenouras vive tal agricultor e 
sua família; eles dependem da produção alheia para sobreviver. Dependem, portanto, da troca de seu 
excedente pelo excedente de produção de outra pessoa. Suponha que tal agricultor de cenouras precise 
adquirir carne para sua alimentação. O que ele tem para trocar são cenouras, e precisará encontrar no 
mercado algum produtor que venda carnes e que deseje cenouras em troca. Fácil, não? Não, não é fácil. 
E o manuseio, o transporte, a durabilidade, características físicas da moeda? E a divisibilidade? Parece 
realmente não ser fácil.
Assim, as sociedades se empenharam para desenvolver um sistema em que um equivalente geral 
fosse aceito como meio de trocas, iniciando um sistema de trocas indiretas que passa a ser intermediado 
por algum bem que represente aceitação e curso geral. Estamos tratando da Era Mercadoria-Moeda 
ou, simplesmente, Moedas-Mercadorias. Foram utilizadas como moeda-mercadorias o gado, o fumo, 
o azeite de oliva, os escravos, o sal, dentre outros produtos.
 Saiba mais
Para que veja quais os tipos de moeda e também em quais períodos 
foram pelos povos utilizadas, acesse o site do Banco Central do Brasil. Você 
encontrará um breve histórico da origem e evolução do dinheiro.
<http://www.bcb.gov.br/htms/origevol.asp>.
20
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
 Lembrete
Para que uma mercadoria possa ser utilizada como moeda, ela deve 
apresentar as características de durabilidade, divisibilidade, homogeneidade, 
bem como facilidade no manuseio e transporte, características que não 
eram reunidas em alguns dos exemplos anteriormente citados, apesar de as 
moedas-mercadorias terem facilitado um pouco a vida dos agentes.
Lopes e Rossetti (2005, p. 28) destacam que:
No princípio, as primeiras moedas foram mercadorias. Estas deveriam 
ser suficientemente raras (para que tivessem valor) e deveriam atender 
a uma necessidade comum e geral (para que pudessem ser aceitas sem 
restrições por todos os integrantes dos grupos envolvidos em operações de 
trocas indiretas). Desta forma, os primeiros tipos de mercadorias tinham, 
essencialmente, valor de uso. Sendo este comum e geral, passavam a ter, 
concomitantemente, valor de troca. Só com o correr do tempo, com a 
passagem de um tipo de moeda para outro, os instrumentos monetários 
foram submetidos a um processo gradual, porém lento, de desmaterialização, 
em decorrência do qual a exigência de valor de uso foi progressivamente 
abandonada, enfatizando-se de forma crescente o valor de troca.
O quadro a seguir, adaptado de Lopes e Rossetti (2005, p. 30), oferece exemplos dos principais tipos 
de moedas-mercadorias utilizadas pelos povos da Antiguidade, da Idade Média e da Idade Moderna.
Quadro 1 
Épocas e regiões Principais moedas-mercadorias
Antiguidade
Egito Cobre, anéis de cobre, como subdivisão da unidade-peso.
Babilônia e Assíria Cobre, prata e cevada.
Lídia Peças metálicascunhadas.
Pérsia Gado, sobretudo bovinos e ovinos.
Bretanha Barras de ferro, espadas de ferro, escravos.
Índia Animais domésticos, arroz, metais a exemplo do ouro e cobre.
China Conchas, seda, metais, instrumentos agrícolas, cereais e sal.
Idade Média
Ilhas Britânicas Moedas de couro, gado, ouro e prata em unidades-peso
Alemanha Gado, cereais a exemplo de aveia e centeio, mel, moedas cunhadas – ouro e prata.
Islândia Gado, tecidos, peixes secos a exemplo do bacalhau.
Noruega Gado bovino, tecidos, manteiga, peles curtidas.
Rússia Gado bovino, peles de esquilo e de marta, pratas em unidades-peso.
21
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
China Arroz como instrumento de troca e unidade de conta, chá, sal, peças de ferro, estanho e prata.
Japão Anéis de cobre cobertos com ouro e prata, pérolas, ágata, arroz.
Idade Moderna
Estados Unidos Época colonial: fumo, cereais, carnes-secas, madeira e gado.
Austrália Rum, trigo e carne.
Canadá Peles e cereais.
França Metais preciosos e cereais.
Alemanha e Áustria Terra como denominador comum de valores, gado como instrumento de troca.
Japão Arroz e warrants, emitidos por depósitos desse cereal.
Se pararmos para pensar um pouco nos tipos de moeda que foram utilizados até então, não será 
difícil compreender que deixaram de ser utilizadas devido à dificuldade de representar as características 
essenciais exigidas dos instrumentos monetários para o desempenho de suas funções. Dessa forma, sua 
aceitação geral estaria comprometida; ficaria extremamente difícil manter a confiança em mercadorias 
que não se apresentariam como homogêneas ou mesmo naquelas em que a ação do tempo destruiria 
ou mesmo alteraria suas próprias características. Percebe-se claramente que a maioria delas não 
apresentava divisibilidade ou transferibilidade e, portanto, sua manuseabilidade estava comprometida.
A tais dificuldades, acrescentamos aquilo que se reconhece por justaposição entre o valor de uso 
e o valor de troca na mercadoria que seria utilizada como instrumento de troca. Podendo a unidade 
monetária, ou seja, a mercadoria, ser utilizada como bem de consumo ou como instrumento de trabalho, 
as operações de troca com base nessa unidade acabavam por não apresentar diferenças pronunciadas 
em relação ao escambo. A partir das dificuldades advindas daí, as mercadorias de expressivo valor de uso 
tornam-se pouco satisfatórias como unidades monetárias.
Outra forma de moeda utilizada pelas sociedades antigas foram as moedas preciosas, representando 
a Era da Moeda Metálica, ou do Metalismo, notadamente pelo uso do ouro e da prata. Também fizeram 
parte desse período o cobre, o bronze e o ferro. O ouro, em barra, tem um valor incorporado. O mesmo 
ocorre com as unidades de prata. São mercadorias que, por não apresentarem depreciação, carregam 
seu valor ao longo dos tempos, permitindo às pessoas guardá-las para serem utilizadas em trocas de 
mercadorias no melhor momento. Para Lopes e Rossetti (2005, p. 29):
De forma geral, os metais foram as mercadorias que mais se ajustaram 
às funções monetárias, não só porque suas características intrínsecas 
aproximam-se das características essenciais que se exigem dos instrumentos 
monetários, como também porque seu valor de uso não compromete nem 
compete tão diretamente com seu valor de troca. Mais ainda: a utilização de 
metais viabilizou o processo de cunhagem, por meio do qual se certificava 
seu peso e se garantia sua circulação, notadamente quando esse processo 
era realizado ou administrado por chefes de Estado.
Os metais, como o cobre, o bronze ou mesmo o ferro, geralmente eram apresentados em sua forma 
mercantil, em lingotes, em barras ou cunhados. Porém, como existem em abundância na natureza, 
22
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
não conseguem reunir determinadas características necessárias para sua aceitação geral. O fato de ser 
abundante, bem como a possibilidade de descoberta de novas jazidas, compromete uma de suas funções 
básicas, qual seja, a de servir como reserva de valor. Daí em diante, sua progressiva substituição pelo 
ouro e pela prata admitidos como metais monetários por excelência decorreu fundamentalmente dessas 
razões. O ouro e a prata, além de atenderem de forma mais satisfatória às funções principais da moeda, 
ainda possuem características intrínsecas que se ajustam de modo mais perfeito às características 
essenciais que a moeda deve preencher. Lopes e Rossetti (2005, p. 31-32) destacam algumas razões para 
o uso de ouro e prata:
• em todos os países em todas as épocas os metais preciosos sempre 
foram muito procurados e desejados, quer em razão de seus usos 
materiais, quer em razão de seu caráter simbólico e de seu valor 
mítico, como meios de expressão de poder e riqueza.
• o ouro e a prata, enquanto instrumentos monetários, eram suficientemente 
escassos e as novas quantidades descobertas eram insignificantes em 
relação ao estoque existente, de tal forma que seu valor se mantinha 
relativamente estável ao longo do tempo, confirmando a confiança do 
público e favorecendo sua aceitação irrestrita.
Apesar de se assemelharem mais às funções e características da moeda, o ouro e a prata são também 
mercadorias que, para serem trocadas por outras, dependem da dupla coincidência de desejos. Novamente: 
e o manuseio, o transporte, a durabilidade e características físicas da moeda? E a divisibilidade? Parece 
que o ouro e a prata também não foram as melhores alternativas para a moeda. Então, a sociedade 
caminha para outra forma alternativa: a Era da Moeda-Papel (JUDENSNAIDER; MANZALLI, 2011).
Essa Era será favorecida pela multiplicação das trocas entre povos de uma mesma região e entre 
regiões e países diferentes, o que provoca mais dificuldades para que a moeda metálica continue sendo 
utilizada como instrumento de pagamento. Seu transporte tornou-se relativamente difícil e muito 
suscetível a riscos, como roubo. Assim, as sociedades se empenharão para a criação e uso de instrumentos 
monetários mais adaptáveis àquele tempo e necessidade, inclusive com a efetivação de operações 
de crédito. “Ademais, as relações comerciais só poderiam desenvolver-se se esse novo instrumento 
monetário passasse a ser aceito de forma ampla, ainda que tivesse a necessária contrapartida de lastro 
metálico integral” (LOPES; ROSSETTI, 2005, p. 32).
Conforme Passos e Nogami (2003, p. 451), 
a moeda representativa ou moeda-papel veio eliminar, portanto, as 
dificuldades que os comerciantes enfrentavam em seus deslocamentos pelas 
regiões europeias, facilitando a efetivação de suas operações comerciais e 
de crédito, especialmente entre as cidades italianas e a região de Flandres. A 
sua origem está na solução encontrada para que os comerciantes pudessem 
realizar os seus empreendimentos comerciais. Em vez de partirem carregando 
a moeda metálica, levavam apenas um pedaço de papel denominado 
23
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
certificado de depósito, que era emitido por instituições conhecidas como 
“Casas de Custódia”, e onde os comerciantes depositavam as suas moedas 
metálicas, ou quaisquer outros valores, sob garantia.
Esta modalidade de moeda, um papel, um certificado de depósito, desempenhava boa função. Tinha 
nele incorporado um valor representativo, inicialmente com lastro de 100% e garantia de aceitação, 
uma vez que representava uma determinada quantidade de valor.
Com a circulação espontânea de certificados representativos de depósitos 
de ouro e prata, estava criada uma nova modalidade de moeda, denominada 
moeda representativa ou moeda-papel, com lastro de 100% e com garantia 
de plena conversibilidade, já que seus detentores podiam, a qualquer 
momento e sem prévio aviso, trocá-la pelos metais depositados que deram 
origem à sua emissão. Essa garantia, regularmente confirmada pelo nomee 
honradez das casas de custódia de maior tradição, acabou por transformar 
essa nova moeda em instrumento preferencial de troca e de reserva de valor, 
generalizando-se e ampliando-se seu uso com o passar do tempo. (LOPES e 
ROSSETTI, 2001, p. 33).
Dessa modalidade, a sociedade avança para outro tipo de moeda: a moeda fiduciária, ou 
papel-moeda. 
Para Lopes e Rossetti (2005, p. 33),
a experiência de custódia e da conversibilidade mostrou que o lastro 
metálico integral (de 100%) em relação aos certificados em circulação não 
era necessário para a operacionalização desse novo sistema monetário. Essa 
constatação decorreu da percepção de que a reconversão da moeda-papel 
em metais preciosos não era solicitada por todos os seus detentores ao 
mesmo tempo. Além disso, enquanto uns solicitavam a reconversão, outros 
ensejavam novas emissões, levando às casas de custódia novas quantidades 
de ouro e prata para depósito.
Vamos entender melhor. As casas de custódia funcionavam como uma espécie de banco, onde alguns 
agentes depositavam barras de ouro e peças de prata; em troca, recebiam um papel representando aquele 
valor. Quilos de ouro x preço do ouro = valor do ouro. Valor do ouro depositado = um papel escrito o 
quanto vale. De posse de tal documento, papel-moeda, exerciam suas trocas comerciais. O recebedor 
de tal documento possuía agora o direito de ir até a casa de custódia e resgatar o valor ali identificado. 
Tal reconversão nem sempre era necessária, de forma que grande quantidade de ouro permanecia 
depositada em tais casas, e os “guardiões dos metais preciosos” podem começar a emitir papéis não 
mais lastreados (LOPES; ROSSETTI, 2005, p. 33). Inaugura-se, então, um período em que a emissão de 
papel-moeda será exercida por particulares até que o governo chame para si tal responsabilidade. Vale 
destacar as características do papel-moeda:
24
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
• seu lastro era inferior a 100%, pois as emissões poderiam ser efetuadas em maior quantidade do 
que o próprio metal precioso reservado na casa emissora do certificado de depósito;
• menor garantia de conversibilidade, já que todos, ao mesmo tempo, não podiam transformar 
papéis em metal, pois o volume de moeda representado nos papéis era maior do que o volume de 
ouro verdadeiramente existente na casa de custódia;
• se todos os depositários tivessem necessidade de, ao mesmo tempo, efetuarem a conversão dos 
papéis em ouro, o sistema quebraria;
• como a emissão era efetuada por particulares e ainda não estava nas mãos do Estado, o 
sistema era frágil por naturalidade, porém, ainda como destacam Paulani e Braga (2012, p. 
260), os fiéis depositários de metais preciosos e que se tornariam, tempos depois, os bancos 
na forma como conhecemos
[...] perceberam uma coisa interessante: era extremamente pequena a 
probabilidade de que todos aqueles que lá tinham depositado suas moedas 
de ouro e prata viessem reclamá-las ao mesmo tempo. Logo, uma vez que os 
recursos eram ali depositados, eles podiam ser emprestados a outros agentes, 
mediante o pagamento de juros. Assim, se se dispusesse, por exemplo, de 
$ 100.000 em moedas de ouro depositadas, poder-se-ia emprestar uma 
parcela razoável delas, digamos $ 80.000, a outros agentes, pois dificilmente 
mais do que 20% do valor desses depósitos viria a ser simultaneamente 
exigido por seus detentores. Feito isso, o montante de moeda na economia 
teria sido imediatamente transformado em $ 180.000, pois aqueles que 
tomaram os empréstimos ficaram com um poder de compra de $ 80.000 em 
mãos, sem que os proprietários originais desses recursos tivessem perdido 
seu direito a eles – não nos esqueçamos de que eles tinham em mãos seus 
recibos de depósitos, os quais passaram a ser tão aceitos como forma de 
pagamento quanto as próprias moedas de ouro e prata. Desse modo, cada 
depósito feito gerava, para a economia, um valor adicional de moeda da 
ordem de 80%. Assim que as casas que guardavam as moedas de ouro e 
prata descobriram esse fenômeno, elas se transformaram em bancos.
Entretanto, a cargo de quem ficava o controle de tais emissões pelas casas de custódia? Diante da 
inexistência de controle das emissões de certificados e da facilidade de ruína do processo, o Estado 
viu-se obrigado a regulamentar as emissões via estabelecimento de alguns mecanismos. Vejamos o que 
destacam Lopes e Rossetti (2005, p. 34) acerca do assunto.
Sistema de cobertura integral. Este sistema consiste em tornar as emissões 
iguais ao montante do encaixe metálico. Foi adotado na Inglaterra, em 1844 
(Pell Act), tendo sido o Banco da Inglaterra autorizado a emitir notas até 
o limite de seu encaixe-ouro, mais um montante fixo, de 18 milhões de 
libras, inexpressivo em relação ao capital do banco. O mesmo sistema foi 
25
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
adotado pelos Estados Unidos, em 1874, quando as emissões passaram a 
ser limitadas pelo montante dos depósitos dos bancos no Tesouro Nacional.
Sistema de reserva proporcional. Este sistema consiste em estabelecer 
uma relação legal entre a emissão e o encaixe metálico. Esta relação variou 
muito entre os países, dentro de uma faixa de 30% (Alemanha e Bélgica) até 
40% (Estados Unidos, com a implantação, em 1913, dos Bancos Federais de 
Reserva, Itália, Suiça e Holanda).
Sistema de teto máximo. Este sistema consiste na fixação de um teto 
máximo de emissão, sem relação com o encaixe metálico. Foi praticado 
pela França, de 1870 a 1928. Esse sistema apresentou a vantagem de 
ser mais flexível que os de cobertura integral e de reserva proporcional, 
ensejando a mais fácil regulação da oferta monetária em relação às 
necessidades da economia.
Para o caso do Brasil, o uso mais intenso da moeda fiduciária estará no período entre 1815 e 1913, 
período marcado por tensão e medo provocados por alguns desastres financeiros mundiais. Percebia-se 
que as economias das moedas fiduciárias eram instáveis e que controles rigorosos se faziam necessários. 
Será no período de 1888 a 1890 que a moeda, também chamada de inconversível, encontrará no Brasil 
uma tendência à regulação, que estará a cargo de um banco central instigado pelo governo na promoção 
de estabilidade tanto cambial quanto monetária. Conforme Abreu e Coelho (2009, p. 67),
Para o Brasil, a adoção da moeda fiduciária significava liberar as medidas 
relacionadas ao crescimento econômico com o balanço de pagamentos. 
A moeda fiduciária permitia livrar as condições domésticas das oscilações 
dos movimentos de capital e das relações de troca, mas impunha sobre o 
país a instabilidade cambial, pois a taxa de câmbio seria ajustada no caso 
de choque de qualquer natureza. Assim, a taxa de câmbio influenciava a 
economia brasileira a custo de uma crescente instabilidade.
 Saiba mais
Para maiores detalhes acerca da moeda na economia brasileira, 
indicamos o livro:
HUGON, P. A moeda: introdução à análise e às políticas monetárias e à 
moeda no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1967.
Em economia mundial, algumas tentativas de conversibilidade foram adotadas com a criação 
de dois sistemas: o primeiro, chamado de Gold Exchange Standard, previa conversibilidade de notas 
nacionais em divisas internacionais que deveriam ser conversíveis em ouro. No segundo sistema, Gold 
26
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
Bullion Standard, as notas deveriam ser conversíveis em lingotes de ouro, uma vez que estes não seriam 
utilizados como meio de pagamento na economia nacional. Porém,
Com a crise de 1929-1933 (Grande Depressão), esses esforços resultaram 
inúteis, tendo sido abandonada desde então a ideia destas modalidades de 
conversão. A partir de então, com a exceção do dólar, que manteve até 
1971 a tradição e a garantia de lastro metálico proporcional, as moedas 
nacionais deixaram de ter garantias metálicas. Oslastros, sob a forma de 
metais preciosos, ficaram no passado (LOPES; ROSSETTI, 2005, p. 35).
 Lembrete
Lembre-se das principais características da moeda fiduciária: não 
existência de lastro metálico, total inconversibilidade e monopólio estatal 
das emissões.
Da modalidade de moeda fiduciária até a modalidade da moeda bancária, manual ou escritural, 
como conhecemos na atualidade, foi questão de tempo. É possível compreender que, na atualidade, o 
papel-moeda é a forma dominante de moeda, o que também serve para as cédulas às quais estamos 
acostumados e também para as moedas metálicas, de menor valor representativo, mas não menos 
importantes para o sistema monetário, devido a seus múltiplos e submúltiplos. O que diferencia o 
papel-moeda das moedas da Antiguidade é que temos as moedas apenas como algum material que 
carrega consigo seu poder de compra, e não mais seu valor intrínseco, assim como acontecia com metais 
preciosos, por exemplo. O uso de papel-moeda como moeda ainda é efetuado na base da confiança e, 
portanto, seu uso é generalizado.
Ao lado da moeda fiduciária, de emissão não lastreada e monopolizada 
pelo Estado, de curso forçado e de poder liberatório garantido por 
disposições legais, desenvolveu-se uma outra modalidade de moeda: a 
moeda bancária, escritural ou invisível. O desenvolvimento desta moeda 
aconteceu de forma acidental. Foi precipitado pela independência do 
poder decisório dos departamentos bancários e monetário do Banco da 
Inglaterra, no século XIX. A não conscientização de que os depósitos 
bancários, movimentados por cheques, eram uma forma de moeda, ajudou 
a expansão dos meios de pagamento, pelo efeito multiplicador desses 
depósitos. (LOPES; ROSSETTI, 2002, p. 35).
Com a chegada da moeda bancária, que representa na atualidade a maior parcela dos meios de 
pagamento utilizados pela coletividade, transforma-se o que vem a ser moeda enquanto representante 
de valor, meio de pagamento, unidade de conta ou mesmo reserva de valor ao longo do tempo. Tal 
forma de moeda, criada pelos bancos comerciais, acaba por responder pela totalidade dos depósitos 
à vista de curto prazo existentes nesse tipo de estabelecimento, da mesma maneira que transforma 
o sistema de crédito na economia capitalista moderna. Como sua movimentação dá-se basicamente 
27
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
por uso dos cheques – e, atualmente, pelo uso da moeda de plástico (cartões eletrônicos) e transações 
eletrônicas, seu caráter invisível fica cada vez mais visível.
3 DA MOEDA AOS MEIOS DE PAGAMENTO
Consideradas todas as formas que a moeda assumiu durante os tempos, podemos verificar as 
formas que assume em uma economia moderna como a de nossos tempos. Assim, podemos dizer que 
o montante de moeda que temos a nossa disposição, ou os meios de pagamento (MP), divide-se em 
papel-moeda em poder do público (PMPP) e depósitos à vista nos bancos comerciais (DVbc). Portanto,
MP = PMPP + DVbc
Ademais, podemos considerar ser PMPP moeda manual (cédulas e moedas metálicas) e DVbc moeda 
escritural (depósitos ou representação de saldos positivos e/ou negativos em contas-correntes). 
Conforme destaca Teixeira (2002, p. 20),
No sistema fiduciário, o papel-moeda é a moeda por excelência. Quando 
alguém tem algum pagamento para realizar, pode, sem nenhuma 
restrição, usar dinheiro – papel-moeda – para efetuá-lo. Caso não tenha a 
disponibilidade em dinheiro, tem a alternativa de emitir um cheque contra 
a sua conta de depósito à vista nos bancos comerciais. A conversibilidade do 
cheque em dinheiro – quando há saldo – faz dele um instrumento monetário 
de aceitação generalizada. Sendo assim, o saldo dos depósitos à vista, contra 
o qual cheques são emitidos, faz parte do estoque de meios de pagamento 
da economia. Mas por que não os depósitos de poupança ou de qualquer 
outra aplicação financeira? E se alguém resgatar uma dívida ou fizer um 
pagamento utilizando diretamente um ativo, como um lote de terreno ou 
um carro? Seriam esses ativos também incluídos no conceito de moeda?
Com a pergunta deixada pelo autor, podemos pensar em diversos artigos que podem ser utilizados como 
meio de troca, já que possuem certa propriedade monetária. Pense em quantas pessoas, ao adquirirem uma 
casa, por exemplo, não oferecem um carro como parte de pagamento. Outra pessoa que tenha uma dívida 
com um amigo, mas não possui dinheiro para pagá-la, pode oferecer uma joia como meio de pagamento. 
Se pensarmos assim, em economia monetária, voltaríamos à época do escambo, das trocas diretas, em que 
bens são adquiridos por bens. A nós parece não existir tal intenção. Respondendo à pergunta do autor, carros 
e casas, joias e quadros, por exemplo, não podem ser incluídos nos conceitos de moeda pelo simples motivo 
de que seu valor é variável e apresentam, na maioria das vezes, baixo grau de liquidez.
Pense, por exemplo, o valor de um carro zero-quilômetro que acaba de ser retirado de uma 
concessionária. Que valor ele terá a partir do momento em que seu possuidor sair com ele da loja? Será 
o mesmo de quando estava efetuando a compra? Certamente não. A partir do momento em que está 
nas ruas, deteriora-se por mais impecável que esteja, se deprecia, e, portanto, seu valor é relativo: perde 
valor com o passar do tempo.
28
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
Entretanto, se pensarmos de forma contrária: um automóvel daqueles produzidos, digamos, nos 
anos 1940. Na atualidade, ele seria considerado uma relíquia, por ser um item de colecionador. Qual 
valor tem esse automóvel? Será o mesmo para quem o possui e para quem poderia possui-lo? Se seu 
amigo fosse o possuidor desse automóvel antigo e tivesse uma dívida com você, vocês dois dariam o 
mesmo valor para o automóvel?
Exemplo de aplicação
Faça uma breve reflexão sobre as obras de arte, um quadro de algum pintor famoso. O valor que está 
ali inserido é mais sentimental do que comercial. É interessante notar a dificuldade em se estabelecer, 
ou mesmo mensurar, o grau de liquidez de um ativo que não seja a moeda.
Teixeira (2002, p. 21) é ainda mais específico:
De forma semelhante, um cheque dá ao cliente acesso à sua conta-corrente 
de depósitos à vista. O cheque é descontado pelo seu valor de face, mas um 
cliente não pode, no arranjo atual, emitir diretamente um cheque contra a 
sua conta de depósitos de poupança ou contra qualquer outra aplicação 
financeira a prazo. Restrições impostas limitam a liquidez dessas aplicações. 
Saques ou transferências fora das datas preestabelecidas implicam 
perdas. Obviamente, as aplicações com liquidez diária e vinculadas com a 
conta-corrente gozam do mesmo grau de liquidez dos depósitos à vista. 
Como essas facilidades variam ao logo do tempo, fica clara a razão das 
mudanças, no longo dos tempos, dos conceitos de moedas.
O fato é que o questionamento deixado pelo autor nos remete efetivamente ao que, do ponto 
de vista da economia monetária, deve ser considerado como meio de pagamento de maneira 
conceitual e convencional. Estamos nos referindo a algo que tenha liquidez, que esteja associado 
à noção de liquidez.
A questão da liquidez aqui colocada refere-se, num primeiro momento, à diferença entre preços: 
de compra e de venda de algo que possa ser considerado como ativo. Imagine uma situação hipotética 
em que notas, papel-moeda em poder do público, possam ser compradas. Vamos supor que você esteja 
interessado em adquirir duas notas de R$ 50,00. Quanto terá que pagar? Certamente a conta rápida que 
acabou de fazer em sua cabeça foi R$ 100,00. Ou que seu desejo seja adquirir cinco moedas metálicas 
de R$ 0,25. Quanto custará? No mínimo, você deverá dispor de R$ 1,50 para tal aquisição acontecer.
Diante das situações apresentadas, a única coisa que percebemos é que valores estão sendo trocados 
por valores, objetos monetários estão sendo trocados por objetos monetários que apresentamo mesmo 
valor entre si. Portanto, não houve ganho para quem vendeu ou comprou, e não houve perda para quem 
vendeu ou comprou. Nessa situação hipotética, a liquidez é tão absoluta que não haverá nenhum ganho 
ou perda. O preço de venda é igual ao preço de compra.
29
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
 Observação
O que poderíamos admitir em uma situação como essa é que em 
algum momento pessoas necessitam trocar unidades monetárias: tenho 
uma cédula de R$ 100,00, mas necessito, por algum motivo, de duas de 
R$ 50,00. Isso é uma prática corriqueira nas mais diferentes transações 
comerciais de nosso tempo.
Ainda do ponto de vista da economia monetária e da dinâmica das economias capitalistas, em 
termos de evolução, não há que se afirmar em definitivo para os tempos qual tipo de ativo monetário 
deve sempre ser considerado como moeda e qual deve ser excluído. Tal classificação, ou consideração, 
dependerá do grau de liquidez que consegue alcançar em diferentes épocas. Como a história econômica 
mostrou, e a nós não cabe aqui resgatar, alguns ativos apresentam variabilidade em seu grau de liquidez 
e, dessa forma, a definição de moeda também se altera ao longo do tempo. É o que destacam Lopes e 
Rossetti (2005, p. 125):
Há ativos que dão ao agente econômico que os possui um certo rendimento 
sob a forma de juros ou de dividendos; são assim, respectivamente, os 
títulos de renda fixa ou as ações. Outros, como o capital instrumental, 
podem ser acionados no processo de produção e assim gerar futuros 
rendimentos aos seus detentores. Outros ainda, como os bens de consumo 
possuídos em dado instante, podem atender a relevantes necessidades 
correntes, satisfazendo exigências essenciais. Todos, porém, excetuando-se 
a moeda, sofrem desgastes ou, então, acarretam despesas de manutenção 
ou estocagem com o correr do tempo. [...]. cabe acrescentar que os 
ativos podem ter diferentes graus de liquidez, aqui entendida a liquidez 
como a capacidade que o ativo revela em se transformar em moeda. 
Consequentemente, a moeda é então admitida como a liquidez por 
excelência. E é exatamente este seu atributo que a diferencia dos demais 
ativos, além do fato de o seu custo de manutenção ou estocagem ser 
negligenciável, evidentemente inexistindo inflação.
Considerando a declaração acima, podemos perceber que somente será considerado moeda, do 
ponto de vista da economia monetária, se tal ativo apresentar os seguintes atributos:
• seu rendimento, em espécie, deve ser zero, resultado da inalterabilidade de seu valor de face, 
nominal;
• o custo de mantê-la estocada é praticamente imperceptível;
• deve apresentar a liquidez máxima.
30
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
O que diferencia a moeda dos ativos financeiros, bem como dos bens físicos, é justamente a reunião 
dos atributos anteriores, pois os ativos financeiros, representados pelas aplicações financeiras, ou títulos, 
como preferem os teóricos da economia monetária, oferecem a possibilidade de render juros quando 
aplicados. Aqui, quando convertida em aplicação financeira, a moeda perde sua principal característica 
de liquidez imediata, liquidez por excelência.
Pense: você tem tantos reais depositados em sua conta-corrente em um determinado banco e 
não tem a perspectiva de utilizar tal saldo no momento. Aproveitará as oportunidades oferecidas pelo 
mercado financeiro e efetuará uma aplicação do valor que não será utilizado. Para tanto, deverá efetuar 
uma transferência de sua conta-corrente para uma aplicação financeira: retirará saldo de DVbc, depósito 
à vista nos bancos comerciais e, portanto, do ponto de vista convencional da economia monetária, 
haverá uma diminuição de MP, meios de pagamento.
Por qual motivo fará tal aplicação? Certamente, para fazer render aquele saldo que não será, no 
momento, utilizado. Tal aplicação gera algum rendimento e, portanto, mudará o valor de face da moeda 
que estava depositada em conta-corrente. Isto é importante reter: o fato de efetuar uma aplicação 
financeira altera um dos atributos da moeda.
 Observação
É fato que tal aplicação financeira pode alterar o valor de face, nominal, 
da moeda para mais ou para menos. Tudo dependerá do tipo de aplicação 
financeira escolhida e se seus rendimentos serão positivos ou negativos.
E no caso dos bens físicos? Estes certamente apresentam custos de estocagem e manutenção 
significativos e devem ser considerados. Portanto, se apresentam custos significativos, diferenciam-se 
da moeda liquidez por excelência. Vamos melhorar tal raciocínio.
Imaginemos que aquela aplicação financeira por você efetuada tenha um objetivo: adquirir um 
patrimônio, uma casa, por exemplo. A aquisição da casa requer certo volume monetário, que deve ser 
acumulado por algum tempo – se pensarmos em uma compra à vista, certamente. Pronto, a casa já foi 
adquirida e com ela alguns custos, no mínimo, de manutenção, aquilo que chamamos de depreciação do 
patrimônio. É a isso que estamos nos referindo quando afirmamos que os ativos físicos, os bens físicos, 
apresentam custo de estocagem e manutenção consideráveis.
Berchielli (2003, p. 17) também contribui:
O grau de liquidez de um ativo depende de dois fatores: custos de transação 
incorridos quando o agente transforma seu ativo em moeda. Por exemplo, 
para negociar uma ação no mercado secundário (Bolsa de Valores), seu 
portador deve pagar uma comissão à corretora encarregada da operação. 
A esse custo podemos acrescentar o recolhimento de impostos ao governo; 
e tempo gasto para transacionar o ativo no mercado a um preço razoável, 
31
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
ou o prazo de aplicação, no caso de alguns ativos financeiros. Tomemos 
como exemplo os imóveis: para vender um imóvel a um preço próximo do 
preço potencial é necessário, às vezes, aguardar vários meses até que surja 
um comprador disposto a pagá-lo. Alternativamente, o proprietário poderia 
reduzir o preço para vender o imóvel mais rapidamente. Isso implica uma 
perda de capital, o que representaria um custo.
Uma empresa, por exemplo, deve decidir qual montante monetário manter em caixa físico, ou moeda 
física, em suas dependências para despesas correntes; quanto de moeda manter depositada em conta-
corrente em banco para as despesas que estão programadas conforme determina sua administração de 
fluxo de caixa; quanto pode manter em aplicações financeiras se seu fluxo de caixa é positivo e está 
trabalhando com certa segurança financeira. Por fim, quanto de sua produção final deve ser mantida 
em estoque para atender possível demanda; quanto de insumos de produção manter em estoque para 
atender à necessidade do setor de produção; e quanto manter para a questão de custo de estocagem. 
Pois bem: quais os atributos que devem reunir os títulos e os bens físicos para que sejam diferenciados 
da moeda? Novamente, recorremos a Lopes e Rossetti (2005, p. 126-127) para esclarecer.
• possibilidade de gerar ou estar gerando rendimentos ou serviços que 
satisfaçam às necessidades correntes do agente econômico.
• custos de manutenção e de estocagem significantemente diferentes 
de zero, observando-se que, quanto a este aspecto, os bens físicos, de 
uma forma geral, apresentam estes tipos de custos mais elevados que 
os dos títulos.
• graus diferentes de liquidez, mas necessariamente inferiores ao da 
moeda; cabe assinalar que certos bens físicos (talvez mesmo a maioria 
deles) são praticamente ilíquidos.
O quadro a seguir, adaptado de Lopes e Rossetti (2005, p. 126), sumariza os atributos tanto da 
moeda quanto de outros ativos.
Quadro 2 
Formas de ativo Rendimentos proporcionados
Custo de manutenção e 
estocagem Grau de liquidez
Ativos monetários Zero Negligenciável Máximo
Títulos Fixo ou variável (normalmente superior a zero) Significativo
Inferior ao dos ativos 
monetáriosBens físicos Possíveis, mas, necessariamente, incertos Superior ao dos títulos
Geralmente inferior ao dos 
títulos.
Em termos de economia monetária, convenciona-se classificar os ativos por ordem decrescente 
de liquidez, iniciando pela moeda manual (cédulas e moedas metálicas) e os depósitos à vista de 
32
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
conta-corrente em bancos comerciais; segue-se a classificação para ativos financeiros não monetários, 
a exemplo dos títulos públicos, depósitos de poupança e aqueles a prazo. Nesse conjunto ainda estão 
os títulos privados até que seja possível chegar aos bens físicos dos mais variados tipos, quais sejam, 
automóveis, obras de arte, imóveis, máquinas que apresentam baixa liquidez.
Para o caso da economia brasileira, podemos ter em mente que as cédulas e as moedas metálicas que 
estão em poder do público, MM, os depósitos à vista da coletividade em poder dos bancos comerciais, DBC, 
dos bancos múltiplos, DBM, do Banco do Brasil, DBB, e também das caixas econômicas, DCE, representam a 
máxima liquidez em moeda. Assim, a oferta de moeda no Brasil, M, considerando seu conceito restrito, 
qual seja, o de meios de pagamento, pode ser representada por:
M = MM + DBC + DBM + DBB + DCE
 Saiba mais
Convidamos você a buscar o livro do Keynes, Teoria Geral do Emprego, 
do Juro e da Moeda, e ler atentamente o capítulo 17 intitulado “As 
propriedades essenciais dos juros e do dinheiro”. Neste capítulo, Keynes 
aborda os principais atributos da moeda e de outros ativos, empregando 
uma visão ímpar.
KEYNES, J. M. As propriedades essenciais dos juros e do dinheiro. In: 
___. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Atlas, 1982.
Para que PMPP seja efetivamente utilizado pela coletividade, o Banco Central, na qualidade de 
autoridade monetária, precisa, junto à Casa da Moeda, emitir moeda, PME, ou seja, ter Papel-moeda 
Emitido. Mas, nem todo PME converte-se em PMPP, pois o próprio Banco Central retém parte desses 
recursos. Portanto, são necessárias algumas distinções.
Será considerado Papel-moeda Emitido (PME) o total de moeda manual que foi criado pela Casa 
da Moeda mediante pedido do Banco Central e que se encontra em poder do público não bancário, 
no caixa dos sistemas bancários comerciais ou como reserva no caixa do próprio Banco Central. Do 
conceito de PME desembocamos no conceito de PMC, Papel-moeda em Circulação. Este é representado 
pela diferença entre o saldo de papel-moeda emitido e a reserva em caixa do Banco Central. Por fim, o 
saldo de Papel-Moeda em Poder do Público (PMPP) estará representado quando se considera a diferença 
entre o saldo de papel-moeda em circulação e o caixa do sistema comercial.
 Observação
O sistema não bancário é representado por todos os agentes da 
economia, excetuando-se o Banco Central e o sistema bancário comercial.
33
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
ECONOMIA MONETÁRIA
Esquematizando:
Papel-moeda em Circulação = Papel-moeda Emitido – Caixa do Banco Central (retenção)
Por sua vez, os bancos comerciais também não colocam à disposição da sociedade todo o volume 
monetário que o Banco Central injetou. Parte desses recursos os bancos comerciais retêm em encaixe 
técnico. Assim,
Papel-moeda em Circulação = Papel-moeda Emitido – Caixa do Banco Central – Encaixe técnico 
bancário.
Assim:
Papel-moeda em Poder do Público = Papel-moeda Emitido – Caixa do Banco Central – Caixa do 
sistema bancário comercial.
Já que estamos tratando dos meios de pagamento, é importante trazer o que destacam Lopes e 
Rossetti (2005, p. 129) acerca do assunto.
Com relação ao papel-moeda e moedas metálicas em poder do público, MM, 
componente da oferta monetária também denominado moeda manual ou 
moeda corrente, cumpre esclarecer que não se trata efetivamente do saldo 
em circulação nem do saldo emitido. [...]. São considerados como moeda 
apenas os meios de pagamento possuídos pelos agentes econômicos não 
bancários. A moeda manual que se encontra de posse das unidades familiares, 
nos caixas das empresas não bancárias (aqui também incluídas as do setor 
de intermediação financeira não bancária, isto é, as demais instituições do 
sistema financeiro do país com exclusão dos bancos comerciais, do Banco 
do Brasil e das caixas econômicas), e das instituições das três esferas do 
governo é que se considera para o efeito desse conceito convencional de 
meios de pagamento. Cabe observar que é exatamente esse critério que 
leva à caracterização dos depósitos à vista, também denominados moeda 
bancária ou moeda escritural como o segundo componente dos meios 
de pagamento e uma economia moderna. Isto porque, como indica o 
próprio senso comum, os agentes econômicos citados incluem entre suas 
disponibilidades monetárias imediatas as somas disponíveis de moeda 
manual e os seus depósitos à vista, sacáveis a qualquer instante e sem prévio 
aviso, mediante o simples preenchimento de uma ordem de pagamento, 
representada, no caso, pelo cheque.
Como estamos de uma forma convencional tratando dos meios de pagamento, estamos também 
abordando uma das principais funções da moeda, qual seja, a de servir como intermediário de trocas. 
Assim, do ponto de vista da economia monetária, considerar os meios de pagamento é considerar 
exclusivamente a moeda como intermediária de trocas. Caso o tratamento da oferta monetária passe 
34
Re
vi
sã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o-
 0
1/
08
/2
01
7
Unidade I
a considerar outra função da moeda, a reserva de valor, teríamos outro conceito do ponto de vista da 
economia monetária: o conceito de quase moeda.
Entende-se por quase moeda tudo aquilo que não é moeda no seu sentido de liquidez. Se papel-moeda 
em poder do público e depósitos à vista nos bancos comerciais são considerados moeda por terem 
liquidez por excelência do ponto de vista da economia monetária, qualquer outro ativo financeiro que 
não seja esses dois, bem como ativos físicos, passam a ser considerados como quase moeda. Assaf Neto 
(2012, p. 12) pode nos ajudar a compreender:
São designados por quase moeda os títulos emitidos pelo Governo Federal, 
ou por instituições financeiras e empresas públicas, e negociados no mercado 
por um valor inferior ao de sua emissão (deságio). O deságio verificado na 
negociação desses títulos é geralmente explicado pela longa maturidade do 
resgate ou inadimplência do emitente. Por essa desvalorização no mercado 
esses papéis foram, muitas vezes, conhecidos por moedas podres. Estes 
títulos podem ser utilizados para pagamentos de determinadas dívidas 
junto ao Governo Federal. Os quase moeda foram também adquiridos por 
investidores estrangeiros interessados em participar das privatizações das 
companhias estatais brasileiras, ocorridas nas décadas de 1980 e 1990. [...]. 
No caso brasileiro, podem ser classificados por quase moedas os títulos 
da dívida externa conhecidos por bradies, Títulos da Dívida Agrária (TDA), 
debêntures da Siderbras (antiga holding estatal do setor siderúrgico), entre 
outros ativos não monetários.
O autor continua:
O conceito de quase moeda também pode ser explicado, de forma mai 
ampla, pelos ativos financeiros que costumam pagar algum rendimento, 
apresentam alto grau de liquidez e risco bastante reduzido. São 
representados, em sua maior parte, por títulos públicos. Alguns exemplos, 
títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, depósitos de poupança, etc. A 
própria moeda pode ser considerada como quase moeda, porém apresenta 
duas importantes diferenças: (a) a moeda é sempre usada para transações, e 
o ativo quase moeda não é aceito em todas as transações (em geral, é aceito 
para pagamento de tributos); (b) a moeda não rende juros, e a quase moeda 
costuma oferecer rendimentos (ASSAF NETO, 2012, p. 12).
Sabemos que a moeda manual é aquela disponibilizada pelo Banco Central à coletividade. Contudo, 
como surgem os depósitos à vista e

Outros materiais