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Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32888 Avaliação do arranjo físico de uma empresa do ramo alimentício Evaluation of the physical arrangement of a food company DOI:10.34117/bjdv6n6-006 Recebimento dos originais:08/05/2020 Aceitação para publicação:01/06/2020 Jyan Carlos Martins Rezende Bacharel em Engenharia de Produção pela Faculdade - CEMES Instituição: Centro Mineiro do Ensino Superior - CEMES E-mail: jyancarlos_@hotmail.com José Raílson Martins Bacharel em Engenharia de Produção pela Faculdade CEMES - Centro Mineiro de Ensino Superior Instituição: Faculdade CEMES Endereço: Rua Sete de Setembro, N° 680 - casa. Bairro: Dias Cidade: Campo Belo - MG Brasil E-mail: railson0.jrm@gmail.com Glener Alvarenga Mizael Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras - UFLA Instituição: Universidade Federal de Lavras - UFLA Endereço: Campus Universitário UFLA s/n E-mail: gleneradm@ufla.br Fernanda Faria Holland Ribeiro Engenheira Química Especialista em Gestão da Qualidade e Produtividade pelas Faculdades Oswaldo Cruz. Endereço: Avenida Belo Horizonte, 1730 - Jardim das Acácias - Campo Belo /MG E-mail: fernanda.faria.holland@gmail.com RESUMO Para que uma organização tenha um bom desenvolvimento é necessário que ela esteja em constantes inovações e aprendizados, para acompanhar as mudanças do mercado. Dentro deste contexto este trabalho tem como objetivo, avaliar o arranjo físico do lavador de caixas, para melhorias do processo de produção da empresa Frango Sant’Ana, localizada em Santana do Jacaré-MG, a qual atua no setor de alimentos abatidos. A aplicação do arranjo físico se preocupa com a localização física dos recursos de transformação e se justifica porque decisões de como organizar a produção possuem impacto direto nos custos de uma operação produtiva. Além disto, elevados investimentos são necessários para construir ou modificar o layout produtivo, quando este é ineficiente. O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa optando pela entrevista como método de coleta de dados e analise de conteúdo para sua posterior analise. Pode-se chegar à conclusão que para a empresa estudada, levando em mailto:jyancarlos_@hotmail.com mailto:railson0.jrm@gmail.com mailto:gleneradm@ufla.br Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32889 consideração os levantamentos de informações, com base na entrevista ao gestor de produção, fiscal IMA e colaborador do setor, foram obtidas informações diversas do problema pertinente ao arranjo físico do lavador de caixas, mostrando um mal processo de lavagem das caixas no setor. Porém, pode-se propor a empresa um novo arranjo físico como demonstrado no presente trabalho, pois de acordo com os levantamentos dos dados da pesquisa, o arranjo físico proposto conseguiria atender todas as normas da fiscalização IMA, consequentemente tendo um processo da lavagem das caixas eficiente, trazendo uma boa satisfação tanto à empresa, quanto aos seus colaboradores do setor. A empresa deve buscar sempre estar adaptada ao mercado, e o arranjo físico é uma peça chave para o crescimento, reduzindo custos operacionais, além de atender exigências legais e proporcionar qualidade nos produtos produzidos. Palavras-chave: Produção, Eficiência, Layout. ABSTRACT For an organization to have a good development it is necessary that it is constantly innovating and learning to keep up with market changes. Within this context, this work aims to evaluate the physical arrangement of the box washer, to improve the production process of the company Frango Sant’Ana, located in Santana do Jacaré-MG, which operates in the slaughtered food sector. The application of the physical arrangement is concerned with the physical location of the transformation resources and is justified because decisions on how to organize production have a direct impact on the costs of a productive operation. In addition, high investments are necessary to build or modify the productive layout, when it is inefficient. The study was carried out through a qualitative research opting for the interview as a method of data collection and content analysis for later analysis. It can be concluded that, for the company studied, taking into account the information collected, based on the interview with the production manager, IMA inspector and sector employee, different information was obtained on the problem related to the physical arrangement of the box washer. , showing a bad washing process of the boxes in the sector. However, the company can propose a new physical arrangement as shown in the present work, because according to the survey data, the proposed physical arrangement would be able to meet all IMA inspection rules, consequently having a process for washing the boxes efficient, bringing good satisfaction to both the company and its sector employees. The company must always seek to be adapted to the market, and the physical arrangement is a key element for growth, reducing operating costs, in addition to meeting legal requirements and providing quality in the products produced. Keywords: Production, Efficiency, Layout Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32890 1 INTRODUÇÃO A gestão de produção diz respeito às atividades orientadas para a produção de um bem físico ou serviço. Nela estão incluídas funções de análise, escolha e implementação de tecnologias e processos produtivos mais eficientes, ou seja, fazer a transformação de fatores produtivos (inputs) para obter o maior número de produtos e serviços (outputs), quer seja em termos de quantidade como de qualidade. É uma das ferramentas importante para o sucesso de uma organização é o layout ou arranjo físico, onde busca ter uma produtividade e qualidade de seus processos de produção, com resultados satisfatório, sem desperdícios, aproveita a capacidade de maquinas, e o tempo e habilidades de pessoas envolvida na produção. A aplicação do arranjo físico se preocupa com a localização física dos recursos de transformação e se justifica porque decisões de como organizar a produção possuem impacto direto nos custos de uma operação produtiva. Além disto, elevados investimentos são necessários para construir ou modificar o layout produtivo, quando este é ineficiente. A escolha deste tema é devido a importância do arranjo físico dentro de uma organização. E o porquê de se implantar um novo arranjo físico? Com a concorrência acirrada nos dias de hoje, com grandes mudanças a todo tempo, as empresas cada vez mais precisam investir em qualidade de seus produtos e serviços. Buscando com isso diminuir os custos e aumentar seus lucros com a finalidade de permanecerem no mercado competitivo. O layout é uma das ferramentas indispensáveis nesse mercado tão concorrido, pois através dele é possível detectar falhas, para ter melhorias no seu processo de produção. Sendo assim a pesquisa escolhida para este presente trabalho visa analisar o arranjo físico de um lavador de caixas da empresa Frango Santana, localizada em Santana do Jacaré/MG, do ramo alimentício, analisando a planta baixa do lavador de caixa, existente hoje pela empresa, tendo como objetivo de identificar seus pontos críticos. Como resultado, se necessário, sugerir outra planta baixa do local, para melhorar todo seu processo de produção. A fim de explicar a discussão proposta este trabalho estrutura-se da seguinte forma: Objetivos Gerais e Específicos, Referencial Teórico falando sobre: administração da produção, arranjo físico, motivadores para a modificação de layout, importância do arranjofísicos, princípios básicos de arranjo físicos, tipos de arranjo físico, arranjo por processo ou funcional, arranjo por produto ou por linha, arranjo celular, arranjo por posição fixa, arranjo misto. Sendo estruturado também pela metodologia falando sobre: o local de estudo, tipo de pesquisa, métodos de coleta e análise de dados, seleção de entrevistado e o referencial bibliográfico. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32891 2 OBJETIVO 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o arranjo físico do lavador de caixas, para melhorias do processo de produção da empresa Frango Sant’Ana, localizada em Santana do Jacaré-MG. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ● Conhecer processo de lavagem das caixas; ● Descrever o arranjo físico existente e critérios que foram utilizados para sua criação, e ● Propor um novo arranjo físico para melhorias do processo de produção, se necessário. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO De acordo com Moreira (2009), as mudanças socioeconômicas ocorridas, no século XX, “um núcleo de engenheiros, executivos comerciais, consultores, educadores e pesquisadores desenvolveu os métodos e a filosofia denominada administração científica”. Conhecido como o pai da administração científica, “Frederick Taylor, um esforçado engenheiro a serviço da máquina produtiva americana, advogava a aplicação de racionalidade e métodos científicos à administração do trabalho nas fábricas”. Complementa ao dizer que Taylor tratava a administração como ciência baseada na observação, medição, análise e aprimoramento dos métodos de trabalhos. Segundo Rocha (1996), ainda no século XX, verifica-se que foi um importante século para a evolução da administração, possuindo as técnicas mais popularizadas oriundas nos Estados Unidos. A chamada produção em massa, que foi e continua sendo a marca registrada dos Estados Unidos, o símbolo do seu poderio industrial, pode ser encontrada já em 1913, quando começou a linha de montagem dos automóveis Ford. Complementando, Corrêa (2011), enfatizam que Henry Ford trouxe, em escala nunca antes tentada, para o ambiente industrial, os princípios da administração científica [...] e acrescentou a estes a ideia de padronização dos produtos e de fazer produtos moverem-se enquanto estações de trabalho ficavam estáticas. Para Peinado e Graeml (2007), administração da produção compreende uma vasta gama de assuntos, que não devem ser vistos de forma isolada sob pena de perderem seu significado Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32892 conjunto. A atividade de administração da produção acontece a todo instante, em numa e frequência muito maiores do que possam parecer. A administração da produção trata da maneira qual as organizações produzem bens serviços. Tudo que você veste, come e sente em cima, usa, lê ou usa na prática de esporte chega a você graças aos gerentes de produção que organizaram sua produção” (STACK, 2006, P.25). “Nem sempre as pessoas que supervisionaram sua “produção” são chamadas de gerentes de produção, isso é o que elas realmente são. A administração da produção é, acima de tudo, um assunto prático que trata de problema reais” (HARLAND, 2006, P.28). Para Stack (2006) a administração da produção é central para as organizações porque produz os bens e serviços que são a razão de sua existência, mas não é a única nem, necessariamente, a mais importante. Todas as organizações possuem outras funções com suas responsabilidades específicas. Na prática, diferentes organizações adotarão estruturas organizacionais e definirão funções também diferentes. O cotidiano atual nos mantém imersos, de tal forma, nas atividades de produção que julgam ser necessário emergir deste contexto para visualizar e compreender o funcionamento destas atividades, a fim de poder administrá-las com maior propriedade. (PEINADO E GRAEML, 2007). No entanto, segundo Moreira (2009), as evoluções tecnológicas ocorridas proporcionaram às empresas uma nova visão de mundo, com uma perspectiva mais competitiva, uma vez que, com a importância dada ao desenvolvimento tecnológico, novas oportunidades e desafios tiveram que ser enfrentadas por estas. E com isso enfatizam que hoje, a Tecnologia de Informação desempenha um papel importante no processo de produção de uma organização. Segundo Rocha (1996), nos dias atuais, verificam-se constantes mudanças nos sistemas produtivos das organizações, uma vez que para as mesmas crescerem no mercado necessitam produzir com qualidade e preço baixo. As indústrias, ao buscarem produtividade e uma base para se sustentarem no mercado em que estão inseridas, aceleram seu desenvolvimento por meio do acesso aos recursos tecnológicos, além do bem-estar de seus colaboradores e da valorização profissional do homem. Com maiores facilidades comerciais, hoje as empresas estão inseridas em um ambiente mais competitivo e instável. Neste sentido, segundo Corrêa (2011), ambiente atual de constantes mudanças, verifica- se que as empresas, além de terem de enfrentar os desafios da competição global, necessitam de gerentes de produção que consigam, mais eficientemente, sucesso num ambiente repleto de Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32893 fatores que afetam sua administração, tal como a competição global, recursos de produção escassos, ações moldadas pela responsabilidade social e avanço do setor de serviços. Da mesma forma, segundo estes autores, a administração da produção tem suma relevância para o crescimento e competitividade das organizações, num mercado marcado por constantes mudanças. 3.2 ARRANJO FÍSICO O arranjo físico ou layout de uma operação produtiva como a preocupação com a localização física dos recursos de transformação. De forma clara, definir o layout é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção, o arranjo deve, sobretudo, propor satisfação do colaborador. É comum, nos dias de hoje, que arquitetos, decoradores e paisagistas participem da elaboração de arranjos físicos industriais na tentativa de tornar o ambiente de trabalho mais confortável. (GAITHER E FRAZIER, 2001). Para considera que o arranjo físico é a configuração de departamentos, de centros de trabalho e de instalações e equipamentos, com foco especial na movimentação otimizada, através do sistema, dos elementos que se aplica o trabalho. (STEVENSON, 2001). Lembra que planejar o arranjo físico significa tomar decisões sobre a forma de como serão dispostos os centros de trabalho que aí devem permanecer. Para Gaither e Frazier (2001) dizem que definir o arranjo físico significa planejar a localização de todas as máquinas, utilidades, estações de trabalho, áreas de atendimento ao cliente, áreas de armazenamento de materiais, corredores, banheiros, refeitórios, bebedouros, divisórias internas, escritórios e salas de computador, e ainda os padrões de fluxo de materiais e de pessoas que circulam o prédio. Segundo Ritzman e Krajewski (2004) consideram, como os outros autores, que o planejamento do arranjo físico envolve decisões sobre a disposição dos centros de atividade econômica em uma unidade e definem centro de atividade econômica como qualquer coisa que utilize espaço: uma pessoa, um grupo de pessoas, o balcão de um caixa, uma máquina, uma banca de trabalho e assim por diante. Em seu glossário de engenharia de produção, define arranjo físico como sendo a arte e a ciência de se converter os elementos complexos e inter-relacionados da organização da manufatura e facilidades físicas em uma estrutura capaz de atingir os objetivos da empresa pela otimização entre a geraçãode custos e a geração de lucros. (GURGEL,2003). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32894 Principalmente, do aumento da produtividade do maquinário e conseqüente redução de mão-de-obra operacional os arranjos físicos produtivos atuais são bem mais compactos, ocupando muito menos área física que os arranjos de poucas décadas atrás. (PEINADO, 2007). Segundo Chiavenato (2005), arranjo físico refere-se ao planejamento, gestão e controle do espaço físico que será ocupado, além da disposição de equipamentos, máquinas e postos de trabalho necessários para a produção de produtos/serviços em uma organização. Para Toledo Júnior (2007), o planejamento de arranjo físico é recomendável a qualquer empresa, grande ou pequena, pois com um bom arranjo físico, obtém-se resultados surpreendentes na redução de custos de operações, no aumento da produtividade e eficiência da organização. Segundo Chiavenato (2005), arranjo físico refere-se ao planejamento, gestão e controle do espaço físico que será ocupado, além da disposição de equipamentos, máquinas e postos de trabalho necessários para a produção de produtos/serviços em uma organização. Para Toledo Júnior (2007), o planejamento de arranjo físico é recomendável a qualquer empresa, grande ou pequena, pois com um bom arranjo físico, obtém-se resultados surpreendentes na redução de custos de operações, no aumento da produtividade e eficiência da organização etapas do processo de agregação de valor. Finalmente têm-se o arranjo físico posicional, que caracteriza-se pelo objeto da operação ficar estacionário, seja por impossibilidade ou por inviabilidade de fazê-lo mover-se entre as etapas do processo. Para Slack, (2013), são quatro os arranjos físicos possíveis: o funcional, o por produto, o posicional e o do tipo celular. O arranjo físico funcional é assim denominado pelos autores porque está de acordo com as necessidades e a conveniência das funções desempenhadas pelos recursos transformadores que constituem o projeto, já o arranjo físico por produto dependerá do tipo de processo característico a ser utilizado, em vista a organizar seu fluxo de atividades para a concepção de um item específico. O arranjo físico posicional, por sua vez, estabelece uma relação diferente, pois equipamentos, materiais, pessoas e todos os agentes transformadores se movem em direção ao que sofre o processamento, recebendo também, o nome de arranjo físico por posição fixa. O arranjo físico do tipo celular é aquele no qual os recursos transformados são pré-selecionados para movimentar-se a uma parte específica da operação (célula) na qual todos os recursos transformadores necessários a atender suas necessidades imediatas de processamento estão localizados. Concluída a primeira etapa, os recursos processados na célula anterior passam para a célula posterior. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32895 De acordo com Fernandes e Godinho Filho (2010) por sua vez entendem que o arranjo físico faz parte da caracterização do processo produtivo e sugerem que são cinco os tipos de arranjos físicos: o de estação de trabalho única, por produto, funcional ou por processo, por grupo e por de posição fixa. Similar a classificação de Fernandes e Godinho Filho (2010) têm-se a de Tubino (2009) que detalha cada tipo da seguinte forma: Arranjo Físico de Processo ou por Função é aquele em que equipamentos e máquinas similares ou idênticos são agrupados, de maneira a otimizar sua localização relativa, uma peça sendo trabalhada passa de área em área; Arranjo Físico de Produto é aquele em que a forma é definida pela sequência necessária para fazer o produto, frequentemente chamado de linha de montagem; Arranjo Físico de Tecnologia de Grupo ou Célula coloca juntas máquinas distintas em centros de trabalho ou células para trabalhar em produtos que tem formas e necessidades de processamento similares; e finalmente Arranjo Físico de Posição Fixa que devido ao volume ou seu peso, o produto permanece em um local somente. Para Neumann (2015) lembram que para cada tipo de arranjo físico é permitido o uso de diferentes técnicas e ferramentas. Os autores reuniram as principais técnicas e ferramentas que têm sido utilizadas nos diferentes processos de arranjos físicos. Para Slack, (2009) o layout ou arranjo físico consiste no estabelecimento das instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da operação, em uma ação produtiva, determinando o fluxo dos materiais, dados e clientes. Com isso, a decisão do arranjo físico é importante, pois se estiver errado pode causar fluxos longos e confusos, fluxos imprevisíveis, longos tempos de processos, filas de clientes, operações inflexíveis e altos custos. Moura define arranjo físico como “organização e integração dos meios que concorrem para a produção conseguir a maior eficiência e econômica inter-relação entre máquinas, mão-de-obra e movimentação de materiais dentro de um espaço disponível” (MOURA, 2009, p.118). Decisões sobre o arranjo físico não são tomadas apenas para o projeto de uma nova instalação, mas sempre que o mesmo atingir no desempenho da operação, ou seja, sempre que: for acrescentado ou retirado um novo recurso “consumidor de espaço” ou quando se decide pela modificação de sua localização; ocorrer mudança importantes de procedimentos ou de fluxos físicos; houver uma expansão ou redução de área da instalação; ocorrer uma mudança substancial na estratégia competitiva da operação; ocorrer uma alteração dos mix relativos de produtos que afetam os fluxos (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32896 Um bom layout deverá, acima de tudo, apoiar a estratégia competitiva da operação. Portanto, não há um arranjo físico que possibilita um excelente desempenho simultaneamente de toda a operação, porém é capaz de afetar os níveis de eficiência e eficácia das operações (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Sendo assim, o layout é uma maneira de melhorar a produção, que pode afetar as prioridades competitivas de uma organização de diversas maneiras: aumentando a satisfação do cliente e as vendas; facilitando o fluxo de materiais e informações; reduzindo riscos para os trabalhadores; melhorando a comunicação; aumentando o ânimo dos funcionários; aumentando a utilização eficiente de trabalho e equipamento (KRAJEWSKI, RITZMAN e MALHOTRA, 2010). 3.2.1 Motivadores para a modificação de layout A necessidade da tomada de decisão sobre modificação de layout em processos produtivos pode derivar de variados motivos (RITZMAN E KRAJEWSKI, 2004). A seguir são apresentados alguns deles. Para Ritzman e Krajewski (2004), é natural e muito comum que a empresa procure aumentar sua atuação com o passar do tempo. Uma expansão na capacidade produtiva pode ser obtida aumentando-se o número de máquinas ou substituindo-se as existentes por máquinas mais sofisticada. Um estudo do layout é necessário para organizar as novas máquinas, necessárias nessas situações, no espaço disponível. Um arranjo físico ineficiente geralmente é responsável por problemas de produtividade ou nível de baixa qualidade. Isto pode tornar necessária a transformação completa de layout para reduzir os custos de operação. De acordo com Krajewski (2004), quando um novo produto precisar um novo processo de produção também é necessário readequar as instalações, implantando uma nova linha de produção, ou flexibilizando a previamente existente. “O local e as condições físicas de trabalho, principalmente nos assuntos relacionados à ergonomia, podem ser fatores determinantes do rendimento funcional, agindo como motivadores ou inibidoresde produtividade. Quando detectados problemas como a longa distância de um banheiro ou outra área a que os funcionários precisam ter acesso com relativa frequência, um bebedouro mal posicionado ou a falta de claridade para o trabalho, deve-se intervir, porque esses fatores são potenciais causadores de desânimo e ineficiência dos trabalhadores em uma organização” (RITZMAN 2004, P. 32). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32897 3.3 IMPORTÂNCIA DO ARRANJO FÍSICO De acordo com Graeml (2007), as decisões de arranjo físico definem como a empresa vai produzir. O leiaute, ou arranjo físico é a parte mais perceptível e exposta de qualquer empresa. A necessidade de estudá-lo existe sempre que se pretende o estudo de fundação de uma nova empresa ou unidade de serviços ou quando se estiver promovendo a reformulação de plantas industriais ou outras operações produtivas já em funcionamento. As decisões do arranjo físico podem ser de nível estratégico, quando se estudam novas empresas, grandes ampliações ou mudanças radicais no processo de produção, que, naturalmente, envolvem grandes investimentos. Dessa forma, geralmente os estudos de layout são feitos por empresas contratadas, que detém conhecimento altamente especializado sobre o assunto. Decisões desta complexidade não são de responsabilidade do gerente de produção. (GRAEML, 2007). As decisões sobre o arranjo físico também podem ser de nível tático, quando as alterações não são tão representativas, os riscos envolvidos e valores são mais baixos. Com isso, decisões táticas são tomadas pelo próprio gestor ou diretor industrial da organização. (PEINADO, 2007). Raras são as mudanças de arranjo físico em nível operacional, algumas razões para tais decisões se darem em nível decisório mais elevado são: ● geralmente as atividades ligadas ao arranjo físico são demoradas e de alto custo; ● se o arranjo físico já existe e precisa ser alterado, geralmente o processo de produção precisa ser interrompido. É comum fazer as alterações em finais de semana, ou até mesmo em períodos de férias. A mudança de local de uma máquina, de uma linha de montagem ou do local de um almoxarifado, por exemplo, pode exigir a atividade de muitos profissionais de manutenção, tais como pedreiros, carpinteiros, eletricistas, encanadores, auxiliares etc. Também podem ser precisos utilizar máquinas especiais, como guindastes, tratores etc.; ● se o arranjo físico não for bem elaborado, as conseqüências podem ser graves, Padrões de fluxo excessivamente longos e confusos são causadores de grandes prejuízos, podendo inviabilizar o próprio negócio; ● se o arranjo físico for para uma organização do tipo de serviços é fundamental ter em mente que é na loja que ocorre a interface entre a organização e o consumidor. Nenhuma outra variável provoca tanto impacto inicial no consumidor como a loja em Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32898 si. As decisões sobre a apresentação dos produtos, comunicação visual e sinalização devem despertar o interesse para as compras, buscando transformar cada visita do cliente em uma compra. Para Graeml (2007), a necessidade de tomar decisões sobre arranjos físicos decorre de vários motivos, tais como: Necessidade de expansão da capacidade produtiva: é natural que a empresa procure aumentar sua atuação com o passar do tempo. Um aumento na capacidade produtiva pode ser atingido aumentando o número de máquinas ou substituindo as existentes por máquinas mais modernas. Um estudo do arranjo físico é necessário para acomodar estas novas máquinas. Elevado custo operacional: um arranjo físico ineficiente geralmente é responsável por problemas de produtividade ou nível de baixo qualidade. Introdução de nova linha de produtos: quando um atual produto exigir um novo processo de produção será necessário readequar as instalações. Melhoria do ambiente de trabalho: o ambiente de trabalho e as condições físicas de trabalho, basicamente nos assuntos relacionados à ergonomia, podem ser fatores motivadores ou desmotivadores. Um banheiro longe, um bebedouro fora de mão, falta de claridade, distâncias longas a serem percorridas, condições inseguras, potenciais causadores de acidentes etc. Podem fazer muita diferença na moral dos trabalhadores. 3.4 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ARRANJOS FÍSICOS Segurança: todos os processos que podem representar perigo para funcionários ou clientes não devem ser acessíveis a pessoas não autorizadas. Saídas de incêndio devem ser claramente sinalizadas e estarem sempre desimpedidas. Economia de movimentos: procurar minimizar as distâncias percorridas pelos recursos transformados. A extensão do fluxo deve ser a menor possível. Flexibilidade de longo prazo: mudar o arranjo físico, sempre que as necessidades de a operação também mudarem. Princípio da progressividade: o layout deve ter um sentido definido a ser percorrido, devendo-se evitar retornos ou caminhos aleatórios. Uso do espaço: deve-se fazer uso adequado do local disponível para a operação levando-se em conta a possibilidade de ocupação vertical, também, da área da operação. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32899 3.5 TIPOS DE ARRANJO FÍSICO Para Slack (2009), literatura sobre o assunto, invariavelmente, define quatro ou cinco formas de se organizar um arranjo físico produtivo: ● arranjo por processo ou funcional; ● arranjo por produto ou por linha; ● arranjo celular; ● arranjo por posição fixa; ● arranjo misto. Layout é a expressão física de um tipo de processo, se associa então com os tipos de processo. Este é ditado pela característica de volume da operação. Constantemente, há superposição entre tipos de processo. Nestes casos em que mais de um tipo de processo é possível, quanto mais importante for o objetivo custo para a operação, mais o processo será voltado para alto volume. (SLACK, 2009). Existem essencialmente três tipos básicos de arranjo físico, que possuem características e potenciais bastante específicos que contribuem para alavancar o desempenho, são os chamados arranjos clássicos: funcional, por produto e posicional. Há também outros tipos de arranjo físico, chamados de híbridos, que aliam características de dois ou mais arranjos clássicos. O mais usual deles é o arranjo celular (CORRÊA e CORRÊA, 2009). “A decisão sobre qual layout essencial é influenciado por um entendimento correto das vantagens e desvantagens de cada um” (SLACK, 2009, p.193). 3.6 ARRANJO POR PROCESSO OU FUNCIONAL O Arranjo Físico Funcional é também conhecido por Arranjo Físico por Processo. O proposito deste arranjo é agrupar recursos com função ou processo similar. O motivo para isso é que pode ser adequado para a operação mantê-los juntos, de forma que produtos, informações e clientes poderão percorrer pelas atividades de acordo com suas necessidades (SLACK, 2009). Porem este tipo de layout é comum quando a operação precisa atender a muitos tipos diferentes de clientes ou fabricar muitos produtos ou peças diferentes, sendo os níveis de demanda baixos e imprevisíveis. As vantagens incluem a sequência linear, recursos de Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32900 propósito geral e menos capitais intensivos, mais versatilidade para mudanças, supervisão mais adequada (quando for necessário), entre outras (KRAJEWSKI, RITZMAN, 2010). Porém, os fluxos se cruzam quando começam a ficarem mais intensos, agravando a eficiência e aumentando o tempo de atravessamento dos fluxos.Este é um problema do arranjo físico funcional, visto que favorece a flexibilidade dos fluxos à custa de longas distâncias desnecessárias (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Exemplos de arranjo físico funcional podem ser encontrados em lojas de departamentos, na qual a organização é feita em ‘roupas femininas’, ‘roupas masculinas’, ‘eletrodomésticos’, ‘sapatos’, etc.; em supermercados que, em geral, agrupam seus produtos conforme sua função em ‘material de limpeza’, ‘congelados’, ‘alimentos’, entre outros; e também em hospitais, cujo setores são organizados pela especialidade ou função em ‘setor de ortopedia’, ‘setor de radiologia’, etc. (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Segundo Peinado e Graeml (2007), os benefícios do arranjo físico funcional são: ● Grande flexibilidade para atender as mudanças do mercado: de uma maneira geral, basta alterar o fluxo a ser seguido pelo produto no processo. ● Bom nível de motivação: a mão-de-obra geralmente é especializada e qualificada. Quando os produtos são únicos, não existe produção repetitiva, diminuindo a monotonia e assim o tédio no trabalho. ● Atende a produtos diversificados em quantidades variáveis ao mesmo tempo: permite que mais de um tipo e modelo de produto sejam fabricados simultaneamente, na mesma planta fabril. ● Menor investimento para instalação do parque industrial: como os equipamentos são agrupados, um único sistema de, por exemplo, refrigeração, instalações hidráulicas, ar comprimido, entre outros, poderá servir a diversas máquinas. Há também a vantagem de venda ou troca do equipamento quando o mesmo não for mais útil para a operação. ● Maior margem do Produto: geralmente nesse tipo de arranjo são fabricados produtos com maior valor agregado. Portanto a maior margem do produto não advém do tipo de arranjo, mas sim do tipo de produto que são fabricados no arranjo físico por processo. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32901 O autor ainda apresenta as desvantagens do arranjo físico funcional ou por processo: ● Apresenta um fluxo longo dentro da fábrica: os processos normalmente não estão posicionados na melhor sequência para determinado produto. Como o produto “procura” o processo ao longo da planta fabril, há necessidade de deslocamento por maiores distancias. Também pode ocorrer o ‘vai e volta’ de um produto, tornando difícil o gerenciamento das atividades. ● Diluição menor de custo fixo em função de menor expectativa de produção: a empresa necessita de uma série de recursos disponíveis em função da necessidade de uma operação específica que pode ou não ocorrer, pois raramente se tem conhecimento com antecedência do que se vai produzir. ● Dificuldade de balanceamento: a dificuldade de se programar e balancear o trabalho são maiores devido à constante alteração do produto. Isto costuma gerar estoques em processo mais elevados para compensar as diferenças de processamento. ● Exige mão-de-obra qualificada: por um lado pode ser uma vantagem, e por outro uma desvantagem, visto que empresas brasileiras costumam lidar com folhas de pagamento de baixo valor. ● Maior necessidade de preparo e setup de máquinas: os baixos volumes resultam na necessidade de preparo maior das máquinas, proporcionalmente ao tempo que estas são mantidas em operação. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32902 Figura 1 – Exemplo de arranjo por processo ou funcional Fonte: Pallerosi (2007) 3.7 ARRANJO POR PRODUTO OU POR LINHA Nesta forma de arranjo físico, cada produto, cliente ou informação segue uma sequência predefinida de atividades, que os departamentos ou estações de trabalho são arranjados em uma sequência linear, no qual o cliente ou produto se move ao longo de um fluxo regular e contínuo. Normalmente o layout por produto segue uma linha reta, entretanto a linha reta nem sempre é a melhor opção, podendo assumir a forma de um L, de um S, de U, ou de um O (KRAJEWSKI, RITZMAN, 2010). Esta forma de arranjo só é viável quando as operações processam grandes volumes de fluxo que percorrem uma sequência muito semelhante. É o caso de empresas que fabricam um ou poucos produtos em altos volumes, ou que tenham grandes volumes de clientes que percorrem uma mesma sequência de etapas no processo de serviço. (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Resumem afirmando que frequentemente um arranjo físico por produto é escolhido devido à uniformidade dos requisitos do produto ou serviço na operação. Quando os volumes são altos, os benefícios do arranjo físico por produto incluem tempo de processamento mais rápido, estoques menores e baixos tempo improdutivo perdido com setup e manipulação de materiais (KRAJEWSKI, RITZMAN, 2010). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32903 Diante disso, o fluxo neste tipo de arranjo físico é considerado de eficiência máxima. Esta competência é alta em linhas de montagem, mas pode chegar ao seu máximo em operações de fluxo contínuo, como é o caso de uma planta petroquímica, na qual o fluxo flui por tubulações desde a matéria-prima original chegando ao produto, passando de etapa a etapa. A eficiência desse fluxo é máxima, porém qualquer alteração de roteiro produtivo é impossível ou muito difícil de ser feita. Desta forma, por favorecer a eficiência, o arranjo físico por produto acaba se tornando menos flexível. São exemplos de arranjo físico por produto as linhas de montagem de veículos, aparelhos eletrônicos, como televisores, impressoras, indústrias de processo, como as indústrias de papel, aço, petroquímica, etc. (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Operações de serviços também podem utilizar o arranjo físico por produto, como, por exemplo, os recrutas do exército, que provavelmente serão processados num programa cujo alistamento é uma sequência, os programas de vacinação em massa, onde os clientes cumprem a mesma sequência de atividades burocráticas, etc. (SLACK, 2009). Segundo Peinado e Graeml (2007), entre os benefícios do arranjo físico por produto, pode-se citar, ● Possibilidade de produção em massa com grande rendimento: Devido as linhas de montagem necessitarem equipamentos especializados, a produtividade da mão-de- obra é alta, visto que as tarefas são continua, o grau de complexidade por tarefa e baixo e o grau de automatização é, geralmente, alto. ● Controle de rendimento mais fácil: em uma linha de produção é mais simples de controlar a velocidade do trabalho, tanto que o gestor pode aumentar ou diminuir a velocidade da própria linha, deixando o aumento da produção ou, quando necessário, sua diminuição. ● Carga de máquina e consumo de material constante ao longo da linha de produção: devido o mesmo tipo de produto ser fabricado na linha a qualquer momento, torna-se mais fácil atingir uma situação de balanceamento da produção. ● Alto investimento em maquinários: o grau de automatização costuma ser alto, com máquinas específicas que necessitam de manutenção diariamente. ● Costuma gerar tédio nos trabalhadores: geralmente as operações de montagem são monótonas, pobres e repetitivas, devido ao alto grau de divisão do trabalho. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32904 Também ocorrem problemas nas articulações e outras lesões por esforço repetitivo. Os trabalhadores não demonstram interesse na manutenção e conservação dos equipamentos e podem ocorrer sabotagens. ● Falta de agilidade da própria linha: longo prazo de resposta para mudanças de volume da produção, tanto para aumenta-la quanto para reduzi-la ou para introduçãode um novo produto. Os tempos de setup são longos. ● Fragilidade e paralizações e subordinação aos gargalos: como os produtos seguem uma linha, quando uma operação pára, a fila inteira pára. Outro fator é que a velocidade da linha é definida pela velocidade da operação mais lenta, chamada gargalo produtivo. Figura 2 – Exemplo de arranjo físico por produto ou por linha Fonte: Pessotti (2006) 3.8 ARRANJO CELULAR No arranjo físico celular, “recursos não semelhantes são agrupados de forma que com suficiência consigam processar um grupo de itens que requeiram similares etapas de processamento” (CORRÊA e CORRÊA, 2009, p. 415). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32905 Desta forma, os recursos transformados são pré-selecionados para serem colocados em uma operação (ou célula), na qual se encontra todos os recursos necessários para o processamento. Após passarem por uma célula, os recursos podem prosseguir para outra célula (SLACK, 2009). O layout celular procura aumentar a eficiência do arranjo físico funcional, sem, no entanto, perder muito de sua importante flexibilidade. Exemplos de arranjo físico celular podem ser encontrados na maternidade de um hospital e em uma loja de departamento. Na maternidade os clientes formam um grupo que, certamente, não necessitam de cuidados de outras partes do hospital. Na loja de departamento, o arranjo físico predominante é o arranjo físico funcional, já que cada área vende um tipo de produto como sapatos, roupas, livros, etc. Com isso, no setor de esportes, podem-se encontrar vários tipos de produtos com o tema esporte. Este setor é considerado uma loja-dentro-da-loja, onde se pode encontrar, por exemplo, roupas esportivas masculinas e femininas, calçados esportivos, revistas, livros, sacolas esportivas, equipamentos e artigos esportivos, entre outros. Desta forma, eles foram situados dentro da ‘célula’ não por possuir características similares, mas sim por satisfazer às necessidades de um tipo particular de consumidor (SLACK, 2009). Como resultados pode-se apontar o ganho de velocidade e eficiência de fluxo, já que os recursos em uma célula estão próximos e as distancias são muito menores; aumento na qualidade, já que os funcionários são agrupados e tendem a crescer mais a sensação de propriedade e responsabilidade por uma família inteira de itens e não apenas por uma etapa produtiva; melhor controle de produção, pois, geralmente, a célula é focada em um pequeno grupo de itens (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Para Peinado e Graeml (2007), as vantagens do arranjo físico celular são: ● Aumento da flexibilidade quanto ao tamanho de lotes por produto: como as máquinas são localizadas em células, o tempo de setup acaba sendo diminuído, pois menos tipos de famílias de produtos serão produzidos na célula. Com a redução do tempo de setup, é possível diminuir o tamanho dos lotes, tornando a produção mais flexível. ● Diminuição do transporte do material: a proximidade das máquinas e equipamentos na célula faz com que as distancias percorridas sejam reduzidas. ● Diminuição dos estoques: a diminuição dos lotes mínimos de fabricação reduz o estoque médio do produto fabricado. Há também a redução de estoque no processo, Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32906 devido a redução do tempo de espera dos itens em processamento entre as estações de trabalho, quando comparado ao arranjo físico por processo. ● Maior satisfação no trabalho: Os funcionários passam a trabalhar o processo inteiro de fabricação do produto, e não mais tarefas fracionadas como nos outros tipos de arranjo físico. Isto torna o trabalho mais atraente e faz com que os funcionários se sintam mais responsáveis pelo processo e valorizados pela empresa. Ainda para Peinado e Graeml (2007), entre as desvantagens do arranjo físico celular, estão: ● Específico para uma família de produtos: Como a célula é preparada para um único tipo ou família de produtos, a mesma tende a ficar ociosa quando não há plano de produção para aquela célula específica, mesmo possuindo recursos produtivos que pudessem estar sendo utilizados. ● Obstáculo em elaborar o arranjo: a dificuldade na elaboração de um arranjo celular é maior que a do arranjo por produto e por processo. Figura 3 – Exemplo de arranjo celular Fonte: Laugeni (2010) Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32907 3.9 ARRANJO POR POSIÇÃO FIXA O arranjo físico posicional é também conhecido como arranjo físico de posição fixa, pois os materiais, informações ou clientes, ou seja, quem sofre a preparação, fica estacionário, enquanto as instalações, pessoas, maquinários e equipamentos se movem (SLACK,2009). De acordo com Slack (2009), este layout é utilizado quando o produto for pesado ou difícil de mover ou quando não se deseja a movimentação do mesmo, e, muitas vezes, é a única solução possível. A construção civil é o principal exemplo deste arranjo físico, já que é impossível fazer um edifício mover-se entre etapas de um processo produtivo. Outros exemplos são os aviões de grande porte, os estaleiros, as unidades de terapia intensiva, etc. Em geral, a eficiência deste tipo de arranjo físico é baixa, havendo necessidade de terceirização de grande parte das etapas do processo de agregação de valor. Porém, o grau de customização é máximo, pois geralmente os produtos que utilizam esse arranjo físico são únicos ou em pequenas quantidades (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Segundo Peinado e Graeml (2007), as principais vantagens do arranjo físico posicional são: ● Não há movimentação do produto; ● Quando se tratar de um projeto de montagem ou construção, é possível utilizar técnicas de programação e controle como PERT e CPM, disponíveis em softwares acessíveis. ● Existe a possibilidade de terceirização de todo o projeto ou parte dele, com prazos previamente fixados. Já as desvantagens desse tipo de arranjo, ainda segundo o autor, são: ● Complexidade na supervisão e controle de mão-de-obra, ferramentas, matérias- primas, etc. ● Necessidade de áreas externas próximas à produção para guardar materiais e ferramentas, submontagens, abrigo para funcionários, etc. ● Produção em pequena escala e com baixo grau de padronização. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32908 Figura 4 – Exemplo de arranjo por posição fixa Fonte: Branco Filho (2009) 3.10 ARRANJO MISTO Em muitos casos é indispensável combinar elementos de alguns ou todos os tipos básicos de arranjos físicos, ou usar tipos básicos de arranjos físicos em diferentes partes da operação de forma original. Esta combinação de arranjos chamasse arranjo físico misto. (SLACK, 2009). De acordo Peinado e Graeml (2007, p.228), “o arranjo ‘físico misto é utilizado quando se deseja aproveitar os benefícios dos diversos tipos de arranjo físico simultaneamente. Frequentemente é utilizada uma combinação dos arranjos por produto, por processo e celular”. A cozinha apresenta arranjo físico por processo, com os processos (fornos, preparação, grill, etc) agrupados. O restaurante do tipo buffet está arranjado conforme arranjo físico celular, com todos os processos (pratos) necessárias para os clientes se servirem de acordo com suas necessidades de entrada, prato principal ou sobremesa. Já no restaurante tradicional, o arranjo físico encontrado é o posicional, sendo que os clientes ficam em suas mesas enquanto a comida é trazida. (PEINADO E GRAEML, 2007). Na lanchonete, que pode ser um restaurante por quilo,o arranjo físico é o em linha, considerando que os clientes passam pelo mesmo roteiro quando estão se servindo, mesmo não se servindo dos mesmos pratos disponíveis, movem-se na mesma sequência de processos. (SLACK, 2009). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32909 Figura 5 – Exemplo de arranjo misto Fonte: Araújo (2012) 4 METODOLOGIA 4.1 LOCAL DE ESTUDO Este trabalho será desenvolvido, na empresa Frango Santana, situada na cidade de Santana do Jacaré- MG. A empresa funciona no ramo alimentício há mais de 20 anos no mercado. A empresa Frango Santana foi criada no ano 1992, tem mais de 3.000 metros quadrados, sendo que destes 2.500 são de área construída, gera mais de 140 empregos e conta com mais de 20 caminhões para transporte de mercadoria e de frangos a serem abatidos. A empresa Frango Santana conta com equipamentos e materiais modernos com capacidade de abater 25 mil aves por dia. Toda a produção cumpre rigorosamente as condições higiênicas e sanitárias, proporcionando maior confiança e levando qualidade a mesa dos seus consumidores. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32910 Contudo, a missão da empresa é produzir os seus alimentos com alta qualidade crescendo e inovando em harmonia com a comunidade e o meio ambiente, proporcionando satisfação aos consumidores, clientes e fornecedores. Tendo como visão um crescimento significativo para ter um conhecimento maior perante a sociedade. Em que os valores primordiais consistem em ser ético, ter alta qualidade, criatividade e inovação, trabalho e comprometimento de equipe, planejamento, controle e execução, tendo definição clara de responsabilidades, tarefas e metas a serem cumpridas. 4.2 TIPO DE PESQUISA Para o presente trabalho será realizado um estudo de caso, do tipo qualitativo, com natureza exploratória. A pesquisa qualitativa não procura enumerar ou mensurar os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados e envolve a aquisição de dados descritivos sobre processos interativos pela relação direta do pesquisador com o objetivo de estudo. (MINAYO, 2003) O estudo de caso talvez seja um dos mais relevantes métodos de pesquisa qualitativa, no entanto Triviños (1987) alerta que os resultados são válidos somente para o caso que se estuda. Porém, defende que o grande valor do estudo de caso é fornecer o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas. Para Gil (2002), o estudo de caso é um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outras metodologias, sendo esta uma modalidade de pesquisa utilizada nas ciências sociais e biomédicas. O mesmo autor explica que essa modalidade pode ser dividida em várias etapas como: formulação do problema, definição da unidade-caso, determinação do número de casos, elaboração do protocolo, coleta de dados, avaliação e análise dos dados e preparação do relatório. Na visão de Cervo e Bervian (2002), o estudo de caso é entendido como uma pesquisa sobre um indivíduo, família ou um grupo para examinar aspectos variados de sua vida. A pesquisa qualitativa estimula os entrevistados a pensarem sobre um tema, objeto, conceito e são usadas quando se buscam a percepção e entendimento sobre a natureza geral de uma questão. De acordo com Godoy (1995) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental. Segundo Godoy (1995), os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32911 complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais. Godoy (1995) afirma que a pesquisa qualitativa, apesar de ter sido utilizada com certa regularidade por antropólogos e sociólogos, só nos últimos trinta anos começou a ganhar reconhecimento em outras áreas, como a psicologia, a educação e a administração de empresas. A pesquisa qualitativa não busca enumerar ou medir os eventos estudados, não aplica instrumental estatístico na análise dos dados, mas sim, parte de questões de interesses amplos, que vão se definindo na medida em que o estudo se desenvolve. Pode-se dizer que a pesquisa qualitativa: “Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (GODOY, 1995 p.58)”. A pesquisa do caráter exploratório estabelece critérios, métodos e técnicas para se elaborar uma pesquisa visando oferecer informações sobre o objetivo da pesquisa e orientar a formulação de hipóteses. (CERVO E SILVA, 2006). Para Cervo e Silva (2006), pesquisa exploratória visa à descoberta, o achado, a constatação de fenômenos ou a explicação daqueles que não eram aceitos apesar de evidentes. 4.3 MÉTODOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS O método para coleta de dados utilizado será um questionário semiestruturado, que possibilita analisar mais profundamente as informações passadas pelos entrevistados sobre o objetivo do estudo de avaliar o arranjo físico do lavador de caixas, para melhorias do processo de produção da empresa. Que segundo Gil (2008), o questionário do tipo aberto é aquele que utiliza questões de resposta aberta. Este tipo de questionário proporciona respostas de maior profundidade, ou seja, dá ao sujeito uma maior liberdade de resposta, podendo esta ser redigida pelo próprio. No entanto a interpretação e o resumo deste tipo de questionário são mais difícil dado que se pode obter um variado tipo de respostas, dependendo da pessoa que responde ao questionário. Segundo Barros (2000), questionário é o instrumento mais usado para o levantamento de informações e perguntas, são aquelas que levam o informante a responder livremente com frases ou orações. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32912 A análise dos dados tem como objetivo avaliar o arranjo físico do lavador de caixas, afim de que possa identificar o arranjo físico existente e critérios que foram utilizados para sua criação, para assim se necessário implantar um novo arranjo físico para melhorias do processo de produção da empresa. Através de uma pesquisa operacional, pôde se analisar o arranjo físico, levantar esses dados e buscar através dos estudos soluções a serem sugeridas. Para a análise do resultado, planta baixa do lavador de caixas, o mapeamento do processo e a aplicação do questionário: análise de conteúdo. Com a realização da planta baixa do lavador de caixa, existente hoje pela á empresa, ter como objetivo identificar seus pontos críticos. Para assim, se necessário, ser realizado outra planta baixa do local, para melhorar todo seu processo de produção. Com o mapeamento do processo, identificar todo processo envolvido na lavagem das caixas, afim de analisar: ● Objetivo do processo; ● Informações mais relevantes sobre o processo; ● Resultado esperados; ● Falhas no processo; ● Dificuldades dos colaboradores que o executam; ● Como começa e como termina o processo, e ● Perda de tempo na produção De acordo com Bardin (2011) indica que a análise de conteúdo já era utilizada desde as primeiras tentativas da humanidadede interpretar os livros sagrados, tendo sido sistematizada como método apenas na década de 20, por Leavell. A definição de análise de conteúdo surge no final dos ano 40-50, com Berelson, auxiliado por Lazarsfeld, mas somente em 1977, foi publicada a obra de Bardin, “ Analyse de Contenu “, na qual o método foi configurado nos detalhes que servem de orientação atualmente. Para Bardin (2011), o termo análise de conteúdo designa: “Um conjunto de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicados (quantitativos ou não) que permitam a interferência de conhecimentos relativos as condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens” ( BARDIN, 2011, P.47). Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32913 Para Godoy (1995), afirma que a análise de conteúdo, segundo a perspectiva de Bardin, consiste em uma técnica metodológica que se pode aplicar em discursos diversos e a todas as formas de comunicação, seja qual for a natureza do seu suporte. Nessa análise, o pesquisador busca compreender as características, estruturas ou modelos que estão por tras dos fragmentos de mensagens tornados em consideração. O esforço do analista é, então duplo: entender o sentido da comunicação, como se fosse o receptor normal, e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira (GODOY, 1995). 4.4 SELEÇÃO DE ENTREVISTADOS Para realização do estudo será aplicado um questionário aberto de forma a envolver todos os funcionários e responsáveis pelo setor, sendo: gerente, 1 fiscal do Instituto do Meio Ambiente - IMA e 3 colaboradores que trabalham no setor de lavador de caixas da empresa visando buscar encontrar o objetivo do trabalho. Será realizado no mês de fevereiro de 2019. 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 A NECESSIDADE DE ESTUDAR O ARRANJO FÍSICO DO PROCESSO DE LAVAGEM DAS CAIXAS O arranjo físico ou layout de uma operação produtiva como a preocupação com a localização física dos recursos de transformação. De forma clara, definir o layout é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção, o arranjo deve, sobretudo, propor satisfação do colaborador. Moura define arranjo físico como “organização e integração dos meios que concorrem para a produção conseguir a maior eficiência e econômica inter-relação entre máquinas, mão- de-obra e movimentação de materiais dentro de um espaço disponível” (MOURA, 2009, p.118). Foi perguntado ao gerente de produção como é todo processo da lavagem das caixas, que de acordo com a resposta é visto, que ele conhece por um todo o processo, vimos abaixo: “O Processo de lavagem das caixas começa quando chega caixas mal higienizadas dos caminhões que fazem a entrega nos comércios, e descarrega todas as caixas em um cômodo, e com isso começa todo processo, um colaborador coloca caixa por caixa na máquina, outro colaborador fica em outro cômodo pegando as caixas que sai da máquina através de um esteira, empilhando todas elas, em pilhas de 9 caixas, e outro colaborador pegar as caixas coloca em um carrinho, e leva para um cômodo Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32914 de estoque de caixas limpas, que serão utilizadas para produção, para colocar frangos embalados para as câmaras frias” (A.F). Percebe-se que quando a mesma pergunta foi feita para um colaborador do setor da lavagem das caixas, percebe que ele aponta críticas em sua resposta: “(...) então o processo de lavagem das caixas é muito confuso, pois, com a chegada dos caminhões com as caixas mal higienizadas, começamos a colocar caixas a caixa na máquina para lavagem, outro colaborador fica em outro cômodo pegando as caixas que sai limpas e empilhando para outro colaborador que leva em um carrinho para outro cômodo de estoque de caixas limpas para produção, mas enquanto o caminhão chega para descarregar as caixas mal higienizadas ele atrapalha levar as caixas limpas para produção pois fica no caminho, com isso parando toda produção, por falta de caixas limpas no cômodo de estoque” (J.C). E fazendo a mesma pergunta para o fiscal responsável pela produção, ele concorda com os colaboradores do setor de lavagem das caixas: “(...) é muito confuso todo o processo de lavagem das caixas, pois com um arranjo físico mal projetado, acaba trazendo prejuízos para a empresa, fazendo que todos os dias a produção é parada por falta de caixas limpas, e mesmo sabendo disso os gestores não tomam uma decisão de mudar o arranjo físico do local”(T.C). Pela resposta dos 3 entrevistados nota-se que o gerente de produção não aponta falhas no processo de produção da lavagem das caixas, enquanto o colaborador do setor e a fiscalização mostra pontos críticos dentro do processo, mostrando que o gerente de produção da empresa não entende o funcionamento e dificuldades do setor. 5.2 CRITÉRIOS QUE FORAM UTILIZADOS PARA A CRIAÇÃO DO ATUAL ARRANJO FÍSICO DO LAVADOR DE CAIXAS Para um bom planejamento de arranjo físico é recomendável a qualquer empresa, grande ou pequena, pois com um bom arranjo físico, obtém-se resultados surpreendentes na redução de custos de operações, no aumento da produtividade e eficiência da organização etapas do processo de agregação de valor. Segundo Chiavenato (2005), arranjo físico refere-se ao planejamento, gestão e controle do espaço físico que será ocupado, além da disposição de equipamentos, máquinas e postos de trabalho necessários para a produção de produtos/serviços em uma organização. E assim foram feitas 3 perguntas ao gerente de produção, quais foram os critérios utilizados para a criação do atual arranjo físico, quem foi responsável pela sua criação e, qual a importância de um bom arranjo físico. Pois com um bom arranjo físico, obtém-se resultados Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32915 surpreendentes na redução de custos de operações, no aumento da produtividade e eficiência da organização, como vimos abaixo: “(...) na época a 15 anos atrás, não tinha a máquina para lavagem das caixas, e também não tinha toda essa fiscalização que tem hoje, então todas caixas eram lavadas na mangueira, e os colaboradores do local levavam as caixas nos braços para o estoque de caixas limpas, para sua criação não teve um engenheiro civil, foram os pedreiros contratado pelo abatedouro, e fizeram de qualquer maneira, não pensando em um bom funcionamento, fizeram dois cômodos, com 8 de largura e 12 de comprimento cada”(A.F). De acordo com o gerente de produção a anos atrás não tinha toda essa preocupação com um bom arranjo físico, e acredita que é muito importante hoje para o crescimento de uma empresa um bom arranjo físico: “Para uma empresa hoje ser competitiva no mercado é preciso que ela tenha um bom arranjo físico, porque cada tempo que se perde é dinheiro perdido, e com isso acaba dando prejuízos a organização e saindo atrás das demais empresa, então hoje deveria sim dar mais importância ao arranjo físico porque influencia diretamente a produção da empresa”(A.F). Assim, o gerente de produção da empresa entende o quanto é importante ter um bom arranjo físico, sendo que a mesma obtém concorrentes que buscam competitividade, para sair na frente das demais organizações. Segue abaixo, o atual arranjo físico do lavador de caixas: Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32916 Fonte: Autor Brazilian Journal of DevelopmentBraz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32917 5.3 A MOTIVAÇÃO PARA UM NOVO ARRANJO FÍSICO Um arranjo físico ineficiente geralmente é responsável por problemas de produtividade ou nível de baixa qualidade. Isto pode tornar necessária a transformação completa de layout para reduzir os custos de operação. De acordo com Krajewski (2004), quando um novo produto precisar um novo processo de produção também é necessário readequar as instalações, implantando uma nova linha de produção, ou flexibilizando a previamente existente. Sendo assim, foi perguntado ao gerente de produção, com um novo arranjo físico melhoraria o processo da lavagem das caixas. Resposta abaixo: “A empresa nunca deu tanta importância para o setor da lavagem das caixas e por ser arranjo físico, mais hoje vimos que é extrema importância um outro arranjo pois esse não atende à demanda da lavagem das caixas, e acaba prejudicando também toda a produção, no decorrer do abate”(A.F). Quando a mesma pergunta foi feita para um colaborador do setor da lavagem das caixas: “A empresa deveria sim mudar todo esse processo de produção, e o arranjo físico do local, pois nós trabalhamos no local, encontramos muito dificuldades para realização do nosso trabalho, e com isso a culpa sempre cai em cima de nós, e sempre que vamos conversar para tentar convencer eles a mudança eles nunca nos ouve, eles esperam que a gente façam nosso trabalho com qualidade mais não pode também nos ajuda para ter uma produção com eficiência, então nós esperamos que eles possam um dia mudar esse processo de lavagem”(J.C). E fazendo a mesma pergunta para o fiscal responsável pela produção, ele fala que conversou já com o gerente de produção a um tempo atrás falando da mudança do processo: “(...) já cheguei a conversar com o gerente de produção a anos atras para mudança do processo e do layout do local, mais não tive retorno, é importante que seja implantado um novo processo, pois o atual não consegue suprir a demanda de caixas limpas para a produção, mostrei a ele com o atual arranjo do lavador de caixas perde muito tempo, e acaba trazendo prejuízos a empresas, e se empresa quer se destacar no mercado competitivo eles devem pensar em um bom layout do lavador”(T.C). Pelas respostas do gerente de produção, os colaboradores do setor e a fiscalização, percebe-se o quanto é importante a preocupação com um bom arranjo físico para o crescimento da empresa, visto que a mesma sempre está querendo estar forte no mercado competitivo e o layout é uma ferramenta que podem ser de nível estratégico para sair a frente das demais organizações. Mostrando que as mudanças organizacionais forçam a empresa não somente a mudar sua forma de atuar, mas também sua forma de investir. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32918 Segue abaixo o arranjo físico proposto do lavador de caixas: Fonte: Autor Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32919 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término deste trabalho pode-se concluir que, através das informações levantadas durante a realização deste estudo e com a observação do autor e dos gestores na problemática definida, a empresa foco do estudo está com o arranjo físico atual mal estruturado e com alguns pontos problemáticos que atrapalham o andamento da lavagem das caixas do setor. Levando em consideração os levantamentos de informações, com base na entrevista ao gestor de produção, fiscal IMA e colaborador do setor, foram obtidas informações diversas do problema pertinente ao arranjo físico do lavador de caixas, mostrando um mal processo de lavagem das caixas no setor. Percebe-se que o atual arranjo físico do lavador de caixas, está prejudicando a produção do abate, quanto os colaboradores que trabalham no setor, mostra-se que precisa ter uma preocupação maior com o layout do local, com isso o layout acaba sendo um gargalo na produção da lavagem das caixas. Enfim, percebe-se o quanto é importante se preocupar com o arranjo físico dentro de uma organização, pois em tempos de rápida evolução tecnológica, é fundamental para qualquer empresa a busca por eficiência em seus processos, objetivando redução de custos e maximização de seus lucros, sem comprometer seu crescimento. E uma das ferramentas muito eficiente é o planejamento do arranjo físico. Não houve dificuldades para analisar os aspectos da empresa, porém pode-se propor a empresa um novo arranjo físico como demonstrado no presente trabalho, pois de acordo com os levantamentos dos dados da pesquisa, o arranjo físico proposto conseguiria atender todas as normas da fiscalização IMA, consequentemente tendo um processo da lavagem das caixas eficiente, trazendo uma boa satisfação tanto a empresa quanto aos seus colaboradores do setor. A empresa deve buscar sempre estar adaptada ao mercado, e o arranjo físico é uma peça chave para o crescimento, e com isso mantendo sua lucratividade de forma que possam ser feitos novos investimentos e empregando novos colaboradores, contribuindo assim com a economia da cidade e do país. Diante da relevância e atualidade do tema tratado, novos estudos se fazem necessários, buscando-se cada vez mais conhecimentos sobre o assunto. Brazilian Journal of Development Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.6, p. 32888-32922 jun. 2020. ISSN 2525-8761 32920 REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70 2011. BARROS A. J. S. e LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia: Um Guia para Identificar Probabilidades (MARKONI & LAKATOS, 2000). CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHIAVENATO, I. Administração de Materiais: Uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Campus, 2005. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. 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De que forma? 4 – O arranjo físico atual consegue suprir a demanda da lavagem das caixas? 5 – Atual arranjo físico, cumpre todas as exigências da fiscalização IMA? Por que? 6 – Quais critérios foram utilizados para esse atual arranjo físico? Que profissional foi responsável pela sua elaboração? 7 – É preciso fazer um novo arranjo físico? Por que? 8 – Com um novo arranjo físico, melhoraria o processo de lavagem? Por que? 9 – Conseguiria atender a demanda da fiscalização IMA, com um novo arranjo físico? Por que? 10 – Cite pontos positivos e negativos do atual arranjo físico. 11 – Com atual processo de lavagem das caixas, consegue produzir a quantidade que necessitam para a produção/abate? Por que? 12 – Quais os ganhos com a implantação de um novo arranjo físico?
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