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Curso: Física e inclusão - uma aventura para todos. Prof.: Hudson de Aguiar Unidade 1: Dificuldade, distúrbio ou transtorno? F O R M A Ç Ã O C O N T I N U A D A D E P R O F E S S O R E S D A F U N D A Ç Ã O C E C I E R J Introdução 01. Sumário F U N D A Ç Ã O C E C I E R J - F O R M A Ç Ã O C O N T I N U A D A D E P R O F E S S O R E S Diferentes estilos de aprendizagem 05. Dificuldade, distúrbio ou trantorno? 02. Aprendizagem passiva x Aprendizagem ativa 06. DAEs - Dificuldades de Aprendizagem Específicas 03. Referências Bibliográficas 07. Como aprendemos melhor? 04. ÍN D IC E Quantas vezes os professores não detectam que os estudantes não estão aprendendo e ainda assim não mudam a sua abordagem para fazer com que eles aprendam mais e melhor? Quando me foi pedido para montar um curso sobre Física e Inclusão, eu pensei numa grande maioria de estudantes que não assimilam os conteúdos ministrados com eles. Quantas vezes eu não percebi que vários deles tinham dificulldade para aprender. Chegaram numa determinada série e não tinham os pré-requisitos para poder acompanhar adequadamente. Infelizmente é uma realidade que se repete em muitas de nossas salas de aula. Atualmente tem aumentado a demanda para atender alguns estudantes com necessidades especiais (autismo, hiperatividade, dislexia...). Esses estudantes precisam de materiais ou de abordagens diferenciadas para que consigam construir o conhecimento. Mas só eles? E os muitos outros “normais” que não aprendem? E agora? Como deve ser a nossa atuação num cenário educacional de Ensino Médio, que possa abranger satisfatoriamente uma turma ou pelo menos a sua maioria? Talvez seja um bom começo, sabermos diferenciar os termos distúrbios, transtornos e dificuldades de aprendizagem de acordo com a literatura atual e caminharmos com as definições adequadas ao longo de nossa Formação Continuada. Como a Física entra nesse contexto? Ao sabermos um pouco de cada dificuldade de aprendizagem que o estudante pode apresentar, o desafio é planejar atividades com o conteúdo de Física que atenda as demandas de todos. Para um cenário educacional cada vez mais desafiador e diverso, o professor precisa rever a sua prática continuamente, incorporando novos conhecimentos em uma investigação que sempre nos enriquece para podermos ser instrumentos de construção de um conhecimento que possibilite que nossos estudantes sejam cidadãos conscientes e também felizes. Se você chegou até aqui neste texto, é porque é um professor(a) que quer fazer a diferença com os seus alunos. Uma ótima formação para todos nós! Prof Hudson de Aguiar F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R 0 1 IN TR O D U Ç Ã O Numa sala de aula diversa, em que os estudantes são diferentes, nós (professores) esperamos que todos apresentem as mesmas respostas, ou as respostas que estamos acostumados a ouvir ao longo de nossa trajetória profissional. E quando isso não acontece? Será que estamos prontos a rever as nossas posições ao lidar com as dificuldades e problemas que nossos estudantes nos trazem? Não é tarefa simples definir ou delimitar as dificuldades de aprendizagem, dado que não se trata de transtorno, distúrbio ou mesmo problema comportamental. Desse modo, infere-se que o problema de aprendizagem seria algo externo à criança e ao seu corpo, ou seja, algo relacionado à escola, aos professores, ao conteúdo, ao material e à relação destes (SAMPAIO, 2014). DIFICULDADE, TRANSTORNO OU DISTÚRBIO? 0 2 Comecemos lançando uma luz sobre uns termos que aparecem para designar os problemas diversos que os estudantes podem apresentar. Segundo pesquisa feita em um site médico na internet: É comum que síndromes, distúrbios e transtornos sejam tratados como sinônimos e empregados erroneamente. Apesar de algumas semelhanças, cada um destes problemas tem um conceito com características diferentes. Saiba mais sobre a definição de cada. Síndrome: É a condição clínica caracterizada pela reunião de sintomas ou sinais ligados a mais de uma causa. As síndromes podem ter origens diversas, e por isso, pode ser difícil fechar um diagnóstico sobre as causas desse quadro vulnerável. Exemplos: Síndrome do Pânico (SP); Síndrome Guillain-Barré (SGB); Síndrome de Down (SD). Distúrbio: é uma alteração nas condições físicas ou mentais do indivíduo que afeta o funcionamento de algo em sua rotina, e geralmente tem origem de fácil identificação. Essa perturbação pode interromper ou afetar o desenvolvimento neurológico, o hábito alimentar, a interação social e anormalidades físicas. Os distúrbios que causam problemas ou atrasam a maturação das funções do Sistema Nervoso Central (SNC), geralmente são identificados na infância e persistem na vida adulta comprometendo a habilidade intelectual. Outros podem surgir posteriormente e causar “perturbação” na capacidade de condução das atividades do dia a dia do indivíduo. Transtorno: A definição de transtorno parte do significado do verbo de origem, “transtornar”, que refere-se a inversão da ordem regular ou natural das coisas. Tratando de maneira mais específica, com relação a saúde psiquiátrica, o transtorno pode ser conceituado como a perturbação da ordem mental devido a falha na estimulação da parte frontal do cérebro. Os transtornos afetam as relações interpessoais do indivíduo causando como sofrimento, confusão de personalidade e sentimento de incapacidade. Os transtornos mentais são classificados em tipos, e estão relacionados à alimentação, emocional, personalidade e movimentos do ser humano: Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC); Transtorno de Déficit de Atenção (TDA); Transtorno de Bipolaridade (TB); Depressão; Transtorno de Ansiedade (TA); Anorexia Nervosa. (disponível em https://estanciabelavista.org.br/qual-a-diferenca-entre- sindrome-transtorno-e-disturbio/) Aqui em nossa Formação Continuada, vamos usar o termo DAEs, que são as Dificuldades de Aprendizagem Específicas. F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R O termo “Dificuldades de Aprendizagem Específicas” foi definido como uma “determinada dificuldade em uma área de aprendizagem de uma criança que tem desempenho satisfatório em outras áreas” (WORTHINGTON, 2003) Quem pode passar por tais dificuldades? 01 Esses problemas geralmente ocorrem numa mesma familia e em todos osgrupos raciais e condições econômicas. Tem cura? 02 Segundo HUDSON (2019), os indivíduos com tais problemas não podem ser curados e não “superam” suas dificuldades, mas podem ser ensinados a descobrir uma série de estratégias de enfrentamento alternativas para ajudá-los a assimilar e reter informações, passar nas provas e se tornar adultos bem-sucedidos. Quais são as DAEs mais comuns em nossas salas de aula? 03 Dislexia, Discalculia, Disgrafia, Dispraxia, Transtorno do Déficit de Atençãocom Hiperatividade (Tdah), Transtornos do Espectro Autista (TEA) como a Síndrome de Asperger e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Com exceção do TOC, as demais que citamos serão abordadas em nosso curso, com maiores detalhes. 0 3 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICAS - DAE’S F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R Todos nós temos pontos fortes e fracos e formas de como preferimos aprender. Isso ocorre porque o nosso cérebro possui duas metades que têm papéis diferentes e um deles acaba sendo dominante, afetando nossas habilidades, percepção e personalidade. 0 4 COMO APRENDEMOS MELHOR? Como mostra a imagem, o hemisfério esquerdo do nosso cérebro trabalha com fatos, lógica e ordem. Já o hemisfério direito trabalha a criatividade e a imaginação. Em nossas salas de aula temos estudantes diversos e alguns com DAEs que, geralmente se encontram nos extremos do equilíbrio normal entre o lado esquerdo e o lado direito do cérebro. Isso mostra a importânciade se empregar métodos de ensino variados e do uso de uma série de maneiras de fornecer informações. Como professores, estamos inclinados a ensinar da forma que gostamos de aprender. Temos que nos atrever a diversificar em nossas aulas. F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R DIFERENTES ESTILOS DE APRENDIZAGEM Estilo de aprendizagem Como os alunos aprendem melhor Visual Olhando e observando Lendo o texto, usando fotos, diagramas, cartazes, gráficos, filmes, demonstrações, apostila e uso efetivo da cor. Auditivo Escutando e falando Histórias, canções, fitas de áudio, música, debates com outros alunos e analisar questões em voz alta. Cinestésico Experiência física Tocando, experimentando, segurando, sentindo, fazendo, construindo, criando maquetes, movimento, coordenação e usando computadores. Segundo HUDSON (2019), A maioria das pessoas tem um canal ou estilo de aprendizagem preferido. As lições mais bem-sucedidas são o máximo possível multissensoriais. Isso incentiva os alunos a usar os três canais de aprendizagem e o conteúdo da lição é reforçado de várias maneiras. Os estudantes com DAEs precisam experimentar uma variedade de abordagens e canais de aprendizagem para interagir com eles e assim conseguirem aprender. Nós professores ficamos muito apegados às aulas que tivemos e há uma enorme tendência de até “repetirmos” a aula (geralmente expositiva) que recebemos antes, para trabalhar com nossos alunos. Por isso, é crucial planejarmos cada tópico que iremos ensinar, tentando visualizar o caminho que será percorrido e até “ensaiar” os argumentos explicativos que podemos usar. Sem deixar de variar o nosso “cardápio”, usando recursos diferentes para atingir a todos. Em geral, usamos muito a aula expositiva. No entanto, tentemos passar a bola para os alunos de vez em quando. Podemos ser surpreendido por eles. 0 5F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R 0 6 A Pirâmide de Glasser nos indica ações mais eficazes em nossas aulas. APRENDIZAGEM ATIVA X APRENDIZAGEM PASSIVA Além de ter em mente os diferentes estilos de aprendizagem dos estudantes, devemos pensar em práticas que os conduzam a uma aprendizagem mais ativa. Alterar o estilo de aprendizagem e o ritmo da aula regularmente pode ajudar a manter os alunos concentrados. Lembre-se que as aulas são mais eficazes se forem multissensoriais e envolverem os alunos em participação ativa. Alguns alunos têm DAEs, o que dificulta o recebimento e o processamento de informações apresentadas de uma determinada maneira, mas em geral eles podem acessá-las por meio de uma rota diferente. Ter DAEs não afeta a inteligência global do aluno. Seja um professor animado, proativo e compreensivo. Isso pode fazer toda a diferença. F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R 0 7 R E FE R Ê N C IA S B IB LI O G R Á FI C A S CORREIA, L. M.; MARTINS, A. P. Dificuldades deaprendizagem: o que são? como entendê-las? Biblioteca Digital. Porto: Porto Editora, 2005. Disponível em: www.educare.pt/BibliotecaDigitalPE/Dificuldades_de_ap rendizagem.pdf. Acesso em: 20 jan. 2024. FERREIRA, M.; HORTA, I. V. Leitura: dificuldades de aprendizagem, ensino e estratégias para o desenvolvimento de competências. Da Investigação às Práticas, Lisboa, v. 5 n. 2, p. 144-154, 2014. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/47134587.pdf. Acesso em: 18 jan. 2024. HUDSON, D. Dificuldades específicas de aprendizagem: ideias práticas para trabalhar com Dislexia, Discalculia, Disgrafia, Dispraxia, TDAH, TEA, Síndrome de Asperger, TOC. Petrópolis: Vozes, 2019. SAMPAIO, S. (org.). Transtornos e dificuldades de aprendizagem: entendendo melhor os alunos com necessidades educativas especiais. Rio de janeiro: WAK, 2014. SMITH, C; STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2001. WORTHINGTON, A. (org.) The Fulton Special Education Digest. Londres: David Fulton Publishers, 2003. F Í S I C A E I N C L U S Ã O : U M A A V E N T U R A P A R A T O D O S - P R O F H U D S O N D E A G U I A R
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