Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 1/12 NÃO PODE FALTAR QUAL É SUA PERGUNTA E COMO RESPONDÊ-LA? Amanda Soares de Melo CONVITE AO ESTUDO Caro estudante, Você já deve ter feito perguntas como “Por quê?” e “Como?” muitas vezes na vida. Essa é uma facilidade especialmente das crianças. Nós nascemos curiosos para saber a origem das coisas e a causas dos fenômenos que observamos. A curiosidade é uma das características elementares do ser humano. O ser humano encontrou muitas formas de sanar suas dúvidas. Uma dessas formas, considerada a mais con�ável, é o método cientí�co. Ao longo das tentativas da humanidade de desenvolver um conhecimento seguro, foram desenvolvidas regras e procedimentos básicos que colocavam o ser humano mais próximo do conhecimento verdadeiro. Tais regras formam o método cientí�co, que tem como etapa inicial a elaboração de um problema ou uma questão a ser investigada pelo pesquisador. Na pesquisa cientí�ca, as perguntas ganham uma forma especí�ca, seguindo certas regras e princípios, com a �nalidade de tornar possível a condução de uma pesquisa com metodologia e rigor cientí�co. Por essa razão, as perguntas cientí�cas geralmente são menos vagas e mais claras dos que as que fazemos no nosso dia. Fazer perguntas em ciência é uma prática constante que não termina com a elaboração do projeto de pesquisa. Na verdade, a todo o momento da pesquisa, o cientista pode se sentir motivado a fazer perguntas, especialmente quando suas Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 2/12 hipóteses não são corroboradas pela experiência, isso deve fazer o cientista se perguntar como e por quê a experiência é diferente do que se pensava. Dessa forma, fazer ciência implica em saber fazer as perguntas da maneira correta. Convido-lhe a exercitar a sua curiosidade a partir da abordagem da ciência que envolve, entre outras coisas, investigar as causas, elaborar hipóteses, resolver problemas, criar soluções. Caro estudante, Você já deve ter visto como a ciência e a tecnologia estão presentes em nossa vida cotidiana em diversos segmentos. Por trás de toda construção desses artefatos ou conhecimentos estão as perguntas, elas são muito importantes porque con�guram a motivação do cientista para iniciar uma investigação. Toda pesquisa deve conter um problema a ser tratado ou uma pergunta como �o condutor. Tais problemas ou perguntas possuem fontes diversas, que podem surgir a partir de conversa com familiares, de uma re�exão individual, de uma conversa com colegas de faculdade ou trabalho. Mas há uma série de adaptações a serem feitas para que essa curiosidade inicial se torne uma pergunta cientí�ca que possibilite o desenvolvimento de uma pesquisa. No desenvolvimento da pesquisa, há a formulação inicial do problema, a elaboração do projeto de pesquisa (que consiste em um planejamento rigoroso de cada etapa da pesquisa), a criação de um modelo de análise (as hipóteses a serem testadas), que é a forma do pesquisador quantitativo de testar a resposta que acha mais plausível para sua pergunta, a coleta e análise de dados e a comunicação dos resultados. Saber conduzir uma boa pesquisa é essencial tanto a produção de conhecimento básico, quanto para a produção de conhecimento aplicado, �nanciados por empresas ou governos. O conhecimento dessas etapas e desses procedimentos que envolvem todo o método cientí�co não só possibilitará o desenvolvimento de uma boa pesquisa, mas também exercitará o seu pensamento crítico. A partir do conhecimento de como uma pesquisa deve ser conduzida, você se tornará mais capaz de julgar quando uma pesquisa é rigorosa ou não com seus resultados. Por sua vez, �cará mais difícil de acreditar em notícias sensacionalistas, pseudociências e fórmulas mágicas de resolução de problemas que não são veri�cadas ou que ainda não foram replicadas por uma comissão independente. Imagine que você trabalha em uma empresa química em que o departamento de marketing quer veri�car o efeito da propaganda na venda de álcool em gel. Com as informações dos faturamentos anteriores desse produto, a empresa começa a fazer grandes campanhas publicitárias e o faturamento desse produto no mês seguinte, fevereiro, é signi�cativamente maior. O departamento de marketing imediatamente comemora os resultados e supõe que a propaganda provocou um efeito positivo nas vendas do produto. Para comprovar essa hipótese, você é convocado enquanto pesquisador a realizar o teste da hipótese. Você elabora os seguintes enunciados: 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 3/12 Observação 1: As vendas do álcool em gel aumentaram no mês de fevereiro. Hipótese básica: Elas aumentaram em decorrência do investimento em propaganda pela empresa. Hipótese alternativa: Há algum outro fator externo, como preocupação com a saúde, que elevou o faturamento do produto. Quais seriam os possíveis procedimentos a serem realizados a �m de con�rmar ou refutar as hipóteses? CONCEITO-CHAVE COMO FAZER PESQUISA CIENTÍFICA: ELABORANDO PERGUNTAS Um dos primeiros passos ao desenvolver uma pesquisa cientí�ca passa por elaborar a pergunta de pesquisa, isso porque, ao desenvolver uma pesquisa, o pesquisador tem em si alguma inquietação, dúvida ou problema que almeja sanar. A pergunta da pesquisa é justamente essa incerteza que o pesquisador possui sobre determinado assunto e que o encoraja a desenvolver uma investigação, mas, se engana quem pensa que o produto �nal de toda investigação é a solução dessa pergunta. Na verdade, mesmo quando é possível produzir respostas satisfatórias a uma dada pergunta (e nem sempre é possível), outras questões surgem decorrentes da investigação, além da existência própria daquelas que tangenciam a pesquisa e sequer foram tratadas. Há ainda as questões-problemas que surgem a partir de um avanço na ciência. As novas tecnologias e os novos instrumentos utilizados pela ciência geraram uma série de perguntas sobre questões já conhecidas que originaram novos paradigmas de pesquisa. Essa capacidade de gerar novas perguntas é uma marca do pensamento cientí�co. Dessa maneira, não faltam incertezas a serem trabalhadas em projetos de pesquisa. O desa�o que se coloca ao pesquisador é conseguir elaborar uma questão que possa ser transformada em um “plano de estudo factível e válido” (HULLEY, 2008, p. 36). São muitas as origens dos problemas de pesquisa. Um pesquisador mais experiente geralmente toma como questão de pesquisa os problemas encontrados em seus estudos anteriores. Um pesquisador iniciante pode e deve revisar a literatura sobre determinado tema, a �m de encontrar questões abertas. Ele deve procurar ter um certo domínio sobre a literatura do campo de estudo que almeja começar uma investigação. Os livros, as revisões sistemáticas e os eventos de comunicação de pesquisa são bons pontos de partida tanto para quem sabe ou não se sabe qual questão estudar. Os eventos de comunicação cientí�ca são grandes oportunidades de conhecimento para o pesquisador iniciante porque ele terá contato com pesquisas mais recentes da sua área, poderá conversar com pesquisadores experientes que já passaram pela fase que ele está, poderá sanar “A ciência é muito mais do que um corpo de conhecimento. É uma maneira de pensar.” — Carl Sagan“ 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024,15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 4/12 dúvidas sobre as referências bibliográ�cas mais relevantes, além de formar parcerias de pesquisa. Não se esqueça: a ciência é uma construção coletiva e não individual! Para elaborar um projeto de pesquisa, aconselha-se que o pesquisador procure um orientador que pode ser tanto um professor quanto um pro�ssional especialista na área. Ele ou ela saberá avaliar se, à luz do campo estudado, a questão elaborada pelo pesquisador é adequada visando os métodos e as ferramentas da área disponíveis, isso porque algumas questões são interdisciplinares ou muito abrangentes e precisam ser delimitadas para garantir a boa condução do estudo. Há também pesquisas que contam com mais de um mentor. De maneira geral, uma boa pergunta de pesquisa tem como característica ser: factível, interessante, nova, ética e relevante (FINER). Factível: diversos estudos não alcançam seus objetivos porque não conseguem delimitar o tamanho da sua amostra. É preciso planejar o número de pessoas participantes que serão su�cientes para a coleta de dados e isso implica em uma análise de adequação de estratégia, tempo e critérios de inclusão ou exclusão de participantes. Além disso, o pesquisador deverá ter acesso às técnicas que precisa para o desenvolvimento da pesquisa, isso inclui equipamentos e habilidades como: fazer a delimitação do estudo, recrutar os participantes quando for o caso, conhecer os métodos de coleta e análise de dados e variáveis, etc. Também há que se ver quanto tempo o estudo irá durar e quanto irá custar, pois dependendo da pesquisa, os custos são altos. O pesquisador deve ter o planejamento de tempo por etapa e de insumos antes de iniciar a pesquisa, incluindo imprevistos. Uma situação que pode acontecer sem o planejamento adequado é o encerramento da pesquisa ainda na fase de desenvolvimento por falta de recursos. Nem sempre, é claro, isso é uma responsabilidade dos pesquisadores. As agências que �nanciam pesquisas com bolsas e recursos para o desenvolvimento dos testes são, em sua maioria, �nanciadas pelo governo. Um corte signi�cativo de gastos poderá comprometer muitas pesquisas em andamento. Por �m, o pesquisador deve ter um escopo bem de�nido, caso contrário poderá se perder tentando responder mais questões do que lhe seriam pertinentes. Mesmo que problemas secundários sejam interessantes, é importante focar em uma questão especí�ca a �m de conseguir se dedicar a ela e entregar resultados relevantes. Já dizia o ditado: “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Interessante: a questão precisa ser interessante para a ciência, porque não basta que ela seja interessante apenas para o pesquisador que a faz. Para conseguir aporte �nanceiro, muitas vezes, é preciso que outros pesquisadores da área reconheçam a pertinência da questão. Os especialistas e orientadores são essenciais nesse momento pois poderão dar o feedback necessário para saber se o projeto de pesquisa é pertinente à luz dos seus objetivos. Nova: Nem sempre é preciso inovar em ciência, mas com uma questão bem delimitada, é possível e desejável a produção de novas informações a partir da pesquisa. Além disso, um avaliador do projeto de pesquisa pode achar que um estudo que não produz nada novo não vale os recursos reivindicados pelo 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 5/12 pesquisador. A questão não precisa ser completamente original, mas novas informações sobre o assunto constituem um resultado esperado de boas pesquisas. Ética: a pergunta de pesquisa deve ser ética, de modo que não cause risco de vida para os participantes, nem uma completa invasão de suas privacidades. Geralmente, os projetos de pesquisa que envolvem testes em humanos ou animais não humanos passam por uma comissão de ética para serem aprovados e as pesquisas devem seguir suas normatizações com extremo rigor. Uma pesquisa que incorra em infrações éticas também não consegue produzir resultados relevantes em ciência. Relevante: A relevância tem um papel central na busca por uma boa pergunta de pesquisa. Uma forma de pensar a relevância da pergunta é imaginar as conclusões que a pesquisa poderá chegar e pensar quais contribuições e avanços essa conclusão pode trazer à sociedade; vale aqui também discutir com os orientadores e especialistas da área a relevância da pergunta, bem como do projeto de pesquisa como um todo. Desenvolver uma boa pergunta de pesquisa, embora pareça uma tarefa individual, é, antes, uma elaboração coletiva que envolve a participação de especialistas, professores, amigos, colaboradores e certo domínio da literatura. São alguns exemplos de perguntas de pesquisa: A redução da gordura alimentar pode reduzir a câncer de mama? Qual a origem dos índios americanos? Qual a composição da atmosfera de Marte? Qual a relação entre subdesenvolvimento e dependência econômica? “A criatividade, a persistência e a capacidade de julgamento são qualidades necessárias a serem exercitadas nessa tarefa” (HULLEY, 2008, p. 43). ASSIMILE 1. A pergunta de pesquisa é o ponto de partida de todos os estudos cientí�cos. Ela expressa a dúvida, inquietação e incerteza do pesquisador frente a uma parte do campo de estudo de uma disciplina. 2. Para elaborar uma boa pergunta de pesquisa, é necessário ter um certo domínio da literatura da área de estudos. Também é recomendável que o pesquisador discuta sobre ela com os seus pares. 3. Uma boa pergunta de pesquisa tem cinco características, sob o acrônimo FINER. Ela é: factível, interessante, nova, ética e relevante. A CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES Uma vez elaborada a questão de pesquisa pode ser necessária a elaboração de hipóteses a serem testadas que darão uma resposta quanto ao problema colocado pelo pesquisador. As hipóteses são uma espécie de diretrizes da pesquisa; elas indicam o que os pesquisadores estão buscando ou o que eles estão tentando comprovar, sendo tentativas prévias de explicação do fenômeno analisado e devem ser formuladas de forma clara e concisa. A hipótese não deve ser confundida com pressuposto teórico, uma vez que no decorrer da pesquisa, ela pode ser descartada e avaliada. A hipótese é sempre provisória e provável. 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 6/12 Nem todas as pesquisas formulam hipóteses. A formulação de hipóteses é dada apenas em estudos correlacionais ou explicativos, isto é, que preveem um dado acerca do fenômeno analisado. Em geral, pesquisas apenas exploratórias não formulam hipóteses. As pesquisas que formulam hipóteses se utilizam do método hipotético-dedutivo que consiste na construção de conjecturas, isto é, premissas altamente prováveis baseadas em hipóteses que, se con�rmadas, con�rmam também sua veracidade. Um estudo que busque medir o índice de delitos de uma cidade pode ter como hipótese que o índice para determinado semestre será menor que o semestre anterior baseado em determinados fatores. Mais exemplos de hipóteses: quanto maior variedade houver no trabalho, maior será a motivação do trabalhador; o índice de câncer pulmonar é maior entre fumantes que não fumantes; a psicoterapia aumenta gradativamente a expressão do paciente sobre o futuro e diminui a expressão sobre os fatos passados. Uma hipótese é diferente de uma a�rmação, pois o pesquisador não tem plena certeza de sua comprovação. As fontes comuns para formulação de hipóteses são as teorias, generalizaçõesempíricas sobre o problema de pesquisa e estudos revisados, mas elas também podem surgir em campos de estudo pouco explorados. Nesse caso, quanto menor o fundamento empírico da hipótese, maior o cuidado que o pesquisador deve ter quanto a sua aceitação ou rejeição. Um erro grave ao elaborar hipóteses se faz quando o pesquisador não revê a literatura do campo de estudo e formula hipóteses que já foram signi�cativamente aceitas ou descartadas por outros estudos. Lakatos e Marconi (1991) listaram onze características que uma boa hipótese deve conter: Consistência Lógica: o enunciado da hipótese não deve ser contraditório, além disso, deve ser compatível com o conhecimento cientí�co já existente. Veri�cabilidade: a hipótese deve ser passível de veri�cação. Simplicidade: a hipótese deve ser simples, evitando enunciados obscuros ou complexos demais. Relevância: a hipótese deve poder explicar ou prever algum dado signi�cativo para a pesquisa. Apoio teórico: a hipótese precisa ser baseada em uma teoria já estabelecida, a �m de que haja uma probabilidade maior de produção de conhecimento relevante. Especi�cidade: a hipótese deve indicar as operações de sua veri�cabilidade. Plausibilidade e clareza: a hipótese deve ser provável e seu enunciado claro. Profundidade, fertilidade e originalidade: a hipótese deve indicar os mecanismos que podem levar o conhecimento a um nível de maior complexidade do problema. Deve facilitar que mais deduções sejam feitas e expressar uma resolução inédita para a questão. 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 7/12 Ainda segundo Lakatos e Marconi (1991), as hipóteses se dividem em duas categorias: hipóteses básicas e hipóteses secundárias. As hipóteses básicas são aquelas escolhidas pelo pesquisador e que respondem o problema diretamente, por sua vez, as hipóteses secundárias indicam respostas complementares ou outras possibilidades de resposta para o problema em questão. Além dessa classi�cação, há outras maneiras de classi�car hipóteses mais gerais que variam de acordo com o objetivo da pesquisa como: hipóteses de pesquisa, hipóteses nulas, hipóteses alternativas e hipóteses estatísticas. As hipóteses de pesquisa podem ser entendidas como proposições acerca das possíveis relações entre duas ou mais variáveis. Comumente se representa essas variáveis como H 1, H , H , etc. E há ainda uma classi�cação para os tipos de hipóteses de pesquisa, sendo: Descritivas: as hipóteses desse tipo são utilizadas em estudos descritivos, por exemplo, “a expectativa de salário dos trabalhadores da empresa x oscila entre 800 e 1.000 reais”. Correlacionais: as hipóteses desse tipo explicam as relações entre variáveis, por exemplo, “quanto maior a autoestima, menor o medo da rejeição”. Da diferença entre grupos: as hipóteses desse tipo têm a �nalidade de comparar grupos, exemplo, “o efeito persuasivo para deixar de fumar será maior em adolescentes que adultos”. Causalidade: as hipóteses desse tipo estabelecem relações bem mais fortes entre duas variáveis, em que uma variável estabelece com a outra uma relação de dependência, por exemplo, “a ausência da �gura paterna contribui para uma maior probabilidade de conduta antissocial”. Além das hipóteses de pesquisa, temos as hipóteses nulas. Elas são os opostos das hipóteses de pesquisa, pois as refutam. Retomando os exemplos anteriores, uma hipótese nula seria “a expectativa de salário dos trabalhadores da empresa x varia entre 800 e 1.000 reais”. Ou ainda, “não há relação entre autoestima e o medo de sucesso”. Há ainda, as hipóteses alternativas e as hipóteses estatísticas. A primeira são as possibilidades de respostas alternativas ao problema de pesquisa. Assim, poderíamos dizer, como no exemplo anterior, que “a expectativa de salário dos trabalhadores da empresa x oscila entre 1.200 e 1.500 reais”. As hipóteses estatísticas, por sua vez, são exclusivas das pesquisas quantitativas e representam as hipóteses (pesquisa, nula e alternativa) em símbolos estatísticos. REFLITA 1. Além do valor das hipóteses para a obtenção de resultados, no que as hipóteses podem contribuir para a pesquisa cientí�ca? 2. O que pode ser feito quando a hipótese básica é rejeitada? 3. Qual relação entre a pergunta de pesquisa e a elaboração da hipótese? A CONDUÇÃO DA PESQUISA 1 2 3 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 8/12 Para que a pesquisa cientí�ca seja conduzida da forma correta, é necessário que o pesquisador observe uma série de regras e princípios. De acordo com Academia Brasileira de Ciências (ABC, 2013), os princípios gerais que todo pesquisador deve seguir são: honestidade na apresentação e descrição dos procedimentos da pesquisa; con�abilidade na execução e comunicação da pesquisa; objetividade na coleta e no tratamento de informações; imparcialidade na execução da pesquisa; cuidado na coleta, no armazenamento e no tratamento de dados; respeito pelos voluntários e animais que participarem de testagens; veracidade na atribuição dos créditos aos outros; e, por �m, responsabilidade com a formação e supervisão de novos cientistas. Além disso, a ABC recomenda uma série de boas práticas que garantem a boa condução da pesquisa. Em resumo, no que concerne ao planejamento da pesquisa, o pesquisador deve observar: a. Os recursos e materiais necessários à execução do projeto. b. A averiguação da capacidade cientí�ca do pesquisador em dar procedimento à pesquisa. c. A documentação de dados e informações prévias relevantes para a pesquisa. d. Reconhecimento dos possíveis con�itos de interesse que possam atrapalhar a pesquisa. e. A análise sobre propriedade intelectual quando for pertinente à pesquisa. No que concerne ao manuseio de dados, o pesquisador ou a equipe responsável deve: f. Registrar os dados coletos de forma �dedigna. g. Guardar os dados da melhor forma. h. Arquivar os dados da pesquisa por prazo razoável. i. Colocar os dados à disposição para que outros pesquisadores possam replicar o estudo. No que concerne a execução do projeto, o pesquisador ou a equipe responsável devem: j. Conduzir a pesquisa visando a prevenção de falhas e desperdício de recursos. k. Tratar todos os objetos de pesquisa com respeito, incluindo artefatos culturais. l. Ter compromisso com a saúde dos participantes da pesquisa. m. Garantir a con�abilidade dos dados e resultados. n. Dar crédito aos �nanciadores dos seus projetos. A integridade da pesquisa é um valor absoluto. Tais regras gerais valem para todo tipo de pesquisa, embora haja regras mais pertinentes a algumas pesquisas que outras. Isso porque há, ao menos, duas abordagens em pesquisa: as pesquisas qualitativas e as pesquisas quantitativas. As pesquisas quantitativas se debruçam sobre dados que podem ser quanti�cados, usualmente recorre à linguagem matemática, especialmente à estatística, a �m de mostrar as causas e relações de 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFICO… 9/12 determinado fenômeno. A pesquisa qualitativa, por sua vez, não se preocupa com a representação matemática dos fenômenos e sim com a compreensão mais geral deles. Os seus objetos não são quanti�cáveis, centrando-se na compreensão e explicação de dinâmicas sociais. De acordo com as características de cada projeto de pesquisa, são escolhidas diferentes formas de pesquisa, sendo que não há uma melhor que a outra, mas a que mais se adequaaos seus objetivos. É possível, inclusive, aliar a pesquisa qualitativa com a quantitativa. As pesquisas diferem-se também quanto a sua natureza: a pesquisa básica enfoca em construir conhecimentos novos sem aplicação prática prevista, enquanto a pesquisa aplicada visa os resultados práticos desse novo conhecimento, dessa maneira, como as pesquisas visam objetivos diferentes, é possível classi�cá-las de maneira mais especí�ca. De maneira geral, as pesquisas exploratórias têm como objetivo tornar o problema mais explícito ou elaborar hipóteses, isso envolve levantamento bibliográ�co, entrevistas (pesquisa semiestruturada) e análise de exemplos do problema. A pesquisa descritiva visa descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade, sendo exemplos: estudos de caso, análise documental e pesquisa ex-post-facto. A pesquisa explicativa visa determinar os fatores responsáveis pela ocorrência de determinados fenômenos. Os procedimentos de pesquisa também variam. As pesquisas experimentais seguem um planejamento extenso e rigoroso. Usualmente tais pesquisas de�nem o objeto, suas variáveis e a elaboração de instrumentos para a coleta de dados, podendo ser desenvolvidas em laboratório ou no campo. Já a pesquisa bibliográ�ca é feita a partir da obtenção de referências teóricas como livros e artigo cientí�cos, com o objetivo de recolher neles informações que ajudem a solucionar o problema inicial. A pesquisa documental segue caminho semelhante, mas também pode recorrer a fontes mais diversi�cadas como cartas, �lmes, fotogra�as, pinturas, jornais etc. Há ainda pesquisas de campo, etnográ�cas, de levantamentos (censos) e estudos de caso. Cada pesquisa tem sua particularidade, mas em termos gerais, as pesquisas cientí�cas seguem as seguintes etapas: reconhecimento e formulação do problema, exploração do problema na bibliogra�a ou coleta de dados exploratória, planejamento da pesquisa e elaboração da problemática, elaboração de um modelo de análise (hipóteses), coleta de dados, análise dos dados e comunicação dos resultados. ACEITAÇÃO E REJEIÇÃO DE HIPÓTESES Em algumas pesquisas, principalmente se correlacionais ou explicativas, se faz necessário a elaboração de hipóteses, a �m de que possa se obter informações que ajudam a responder o problema de pesquisa. Cada pesquisa é diferente, portanto, algumas podem ter mais de uma hipótese analisada, principalmente quando o problema de pesquisa é complexo. Uma etapa central da pesquisa é avaliar se a hipótese foi aceita ou rejeitada no confronto com os dados empíricos. 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFIC… 10/12 À rigor, um estudo não é capaz de aceitar ou rejeitar uma hipótese de maneira de�nitiva, o estudo apenas indica evidências a favor ou contra. Lembre-se que na ciência não há certezas absolutas ou indiscutíveis. Há vários métodos para testar as hipóteses. Um deles é o Método Hipotético- Dedutivo, elaborado pelo �lósofo da ciência Karl Popper na obra Conjecturas e Refutações: o desenvolvimento do conhecimento cientí�co (2003). Segundo Popper, quando os conhecimentos acerca de determinado tema são insu�cientes, surgem os problemas. Visando explicar o problema, as hipóteses são formuladas. São elas que ditam as consequências que terão de ser testadas ou falseadas. A partir dessa etapa, procura-se evidências empíricas que contradizem a hipótese. Quando não se consegue derrubá-la, então a hipótese é corroborada. Assim temos o esquema: PROBLEMA – HIPÓTESE – PREVISÃO – TENTATIVA DE FALSEAR – CORROBORAÇÃO. Há também o método hipotético-indutivo quando se constrói as hipóteses a partir da observação da experiência. Quando se tem alguma informação que dá à hipótese um certo nível de probabilidade, é mais comum o uso do método hipotético-dedutivo. Todavia, na prática, os dois métodos se articulam, pois os modelos elaborados na ciência geralmente atendem tanto um quanto o outro. Os resultados encontrados na tentativa de falsear a hipótese devem ser comparados com os resultados esperados para que se possa tirar conclusões. Se houver divergência entre eles, é necessário fazer uma análise que contemple saber: qual a causa dessa divergência, no que a experiência é diferente do que se presumia na hipótese e, a partir de uma nova análise de dados disponíveis, agora é possível elaborar novas hipóteses e examinar em que medida elas respondem melhor o problema colocado. Nem sempre as hipóteses são aceitas nas pesquisas, mas isso não signi�ca que a pesquisa não tenha utilidade. O simples fato de eliminar uma das hipóteses, ainda que provisoriamente, faz com que os cientistas �quem mais próximos da resposta do problema de suas pesquisas. EXEMPLIFICANDO Veja o exemplo prático de formulação hipótese em uma pesquisa sobre as cobras corais. Observação 1: As cobras corais são coloridas. Pergunta: Por que essa espécie tem esse tipo de coloração? Hipótese básica: As cores fortes servem para afastar possíveis predadores. Hipótese secundária ou alternativa: Na natureza, as cores fortes servem de camu�agem. Previsão: se colocarmos cobras de borracha uma com cores e uma marrom em fundos brancos com a presença de pássaros, os pássaros tentaram atacar a de borracha, em vez da colorida (H1), ou atacaram as duas igualmente (H2). Coleta de dados: Nos testes efetuados, os pássaros atacaram signi�cativamente mais as cobras marrons. 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFIC… 11/12 Interpretação dos resultados: A hipótese básica é mais provável e foi corroborada. A elaboração de boas perguntas, a construção de hipóteses signi�cativas e a testagem delas de forma adequada são fundamentais em uma pesquisa quantitativa. Além disso, o pesquisador deve estar sempre atento aos princípios e valores éticos tais como honestidade, respeito, imparcialidade, responsabilidade, entre outros, a �m de garantir uma condução adequada da pesquisa. Uma boa pesquisa, mesmo sem a corroboração de hipótese, colabora com o avanço da ciência. FAÇA A VALER A PENA Questão 1 A pesquisa cientí�ca exige uma série de regras e boas condutas para garantir a obtenção de bons resultados. Sem o cumprimento dessas regras e práticas, teríamos uma menor con�abilidade dos resultados cientí�cos, um atraso no avanço da ciência e, por consequência, um desperdício de recursos. Segundo a Academia Brasileira de Ciências, qual dos princípios a seguir são esperados na condução de uma pesquisa cientí�ca? a. Subjetividade. b. Responsabilidade. c. Desonestidade. d. Passividade. e. Cordialidade. Questão 2 A pesquisa começa por uma pergunta. Essa pergunta pode surgir a partir de uma curiosidade, dúvida, incerteza ou problema que o pesquisador identi�ca em uma determinada área de estudo. Ela expressa a motivação do pesquisador para fazer uma investigação. Sem a capacidade humana de fazer perguntas, o surgimento das ciências �caria comprometido. Qual acrônimo expressa as características que uma boa pergunta de pesquisa deve conter? a. FIVER. b. FOPER c. FAER. d. FERA. e. FINER. Questão 3 Depois da elaboração e exploração do problema de pesquisa, os pesquisadores desenvolvem as hipóteses explicativas do fenômeno estudado. As hipóteses, quando elaboradas, devem seguir certas características para garantir que sejam 0 V er a n o ta çõ es 21/02/2024, 15:54 lddkls211_pen_cie https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=leticiamazurmaia%40gmail.com&usuarioNome=LETICIA+DE+ARAUJO+MAZUR+MAIA&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFIC… 12/12 REFERÊNCIAS ABC. Rigor e integridade na condução da pesquisacientí�ca. 2013. HULLEY, S. B. et al. Delineando a pesquisa clínica. 4 ed. Artmed Editora, 2015. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Cientí�ca. São Paulo: Atlas, 1991. POPPER, K.; BETTENCOURT, B.; ESPADA, J. C. Conjecturas e refutações: o desenvolvimento do conhecimento cientí�co. 2003. compatíveis com o método cientí�co. Segundo Lakatos e Marconi (1991), quais são as características que uma hipótese de pesquisa deve possuir? a. Consistência Lógica, Simplicidade, Destreza, Apoio Teórico, Especi�cidade, Plausibilidade, Clareza, Profundidade, Veri�cabilidade e Cognoscibilidade. b. Consistência Lógica, Complexidade, Signi�cância, Apoio Teórico, Especi�cidade, Plausibilidade, Clareza, Profundidade, Veri�cabilidade e Eticidade. c. Consistência Lógica, Simplicidade, Relevância, Apoio Teórico, Especi�cidade, Plausibilidade, Clareza, Profundidade, Fertilidade e Originalidade. d. Consistência Lógica, Complexidade, Relevância, Apoio Teórico, Especi�cidade, Marcabilidade, Clareza, Profundidade, Fertilidade e Eticidade. e. Consistência Lógica, Simplicidade, Signi�cância, Apoio Teórico, Especi�cidade, Plausibilidade, Clareza, Profundidade, Veri�cabilidade e Cognoscibilidade. 0 V er a n o ta çõ es
Compartilhar