Buscar

Direito Ambiental Peça

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE TERRA DO NUNCA, ESTADO DE TÃO DISTANTE
Advogados IBGEN, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº…, com sede e foro na Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Estado…, CEP nº…, endereço eletrônico…, neste ato representada por seu representante Cristina Dorotéa Melo Nepomuceno, nacionalidade…, estado civil…, profissão…, portador da cédula de identidade – RG nº…, inscrito no CPF/MF nº…, residente e domiciliado à Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Estado…, endereço eletrônico…, vem, respeitosamente, por intermédio de seu advogado (procuração anexa), com escritório profissional à Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Estado…, CEP nº…, endereço eletrônico…, onde recebe intimações, com fulcro no artigo 1º, I da Lei nº 7347/85 propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
Em face de FRIGORÍFICO MERLIN LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº…, com sede na Rua dos bobos Costa, nº 0, Jardim abençoado, na cidade de Terra do Nunca, Estado de Tão Distante, CEP nº…, endereço eletrônico…, representada por seu sócio administrador…, nacionalidade…, profissão…, estado civil…, portador do RG nº…, inscrito sob o CPF/MF…, residente e domiciliado à Rua…, nº…, Bairro…, Cidade…, Estado…, CEP nº…, endereço eletrônico…, pelos motivos de fato e direito a seguir aduzidos.
I) DOS FATOS
A empresa, ora ré, foi autuada,conforme apurado no inquerito civil sob o protocol numero 0006.45.427-0, da 15 Promotoria de Justiça da Comarca de Terra do Nunca, no dia no dia 02 de maio de 2012, sendo reincidente conforme Auto de Infração Ambiental nº 105579 e também foi emitiu novo Auto de Infração Ambiental sob nº 105580, na data de 16/07/2013, pelo despejo irregular de efluentes líquidos tratados no corpo receptor hídrico do Córrego Guarani, decorrente do processo industrial de abate de bovinos, dando ensejo a abertura de inquérito civil para apuração dos fatos.
Durante a investigação, foi confirmado que o despejo estava sendo feito de forma irregular pela ré e, portanto, fora dos padrões estabelecidos por órgão ambiental. Além disso, constatou-se que a empresa não obteve a devida licença de operação para a atividade frigorífica e de abate de bovinos, embora possua licença de instalação.
Diante disso, foi emitido o Auto de Infração Ambiental nº… em razão do “lançamento de efluentes líquidos tratados fora dos parâmetros estabelecidos na legislação ambiental competente.”.
Assim, ao realizar o despejo de efluentes líquidos de maneira irregular, descumprindo as exigências legais, acaba por provocar danos ao meio ambiente, praticando ilícito civil, por ofensa a bens de interesse difuso.
II) DA LEGITIMIDADE ATIVA
De acordo com o artigo 1º, I da Lei nº 7347/85, é cabível o ajuizamento da ação civil pública, para prevenir ou reprimir danos materiais causados ao meio ambiente. Dispõe, ainda, da legitimidade ativa da Associação em seu artigo 5º, V, alíneas a e b, tendo em vista que está constituída há mais de 1 (um) ano, bem como inclui entre suas finalidades a proteção ao meio ambiente.
III) DO DIREITO
Segundo melhor doutrina, os princípios da prevenção e da precaução, abarcados pelo artigo 6º, I da Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei nº 12305/2010, consistem no dever jurídico de evitar a consumação de danos ao meio ambiente, toda vez que houver certeza da ocorrência de um dano ambiental em determinado caso:
Art. 6º. São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
I – a prevenção e a precaução;
Conforme comprovado pelos laudos anexos, a ação da empresa-ré está causando profundo impacto ambiental ao município, resultando em danos a fauna e a flora da região, sendo de suma importância a presente ação civil pública, no sentido de prevenir e reprimir os danos causados, decorrente da poluição que está sendo promovida, indubitável no artigo 3º, inciso III, alínea e e inciso IV da Lei 6938/81:
Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
Os efluentes despejados no Córrego do Maçarico são definidos pelo artigo 3º da Lei 12305/2010 como resíduos sólidos, pois em seu conceito inclui-se, no inciso XVI, os líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água:
Art. 3º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
Uma vez que a ré tem feito o lançamento de resíduos sólidos fora dos parâmetros estabelecidos na legislação ambiental competente, ocorre a violação do disposto no artigo 47, I, da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
Art. 47. São proibidas as seguintes formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos:
I – lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos;
Tais atos ferem o direito constitucional a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, previsto no artigo 225, da Constituição Federal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Neste caso, a degradação ao meio ambiente é constatada pela simples existência da atividade de despejo dos efluentes que, se diga de passagem, é irregular e obriga o responsável a reparar os danos causados. Vejamos o § 2º do artigo supracitado:
Art. 225 (…)
§ 2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
III.1) DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
A responsabilidade civil ambiental é de cunho objetivo, não se questionando a respeito da culpa, onde se perquire o nexo de causalidade, adequado a relacionar a conduta ao resultado danoso, bastando assim a ocorrência da conduta e do dano ambiental, ligados pelo nexo causal para ensejar a responsabilidade, fato gerador de obrigação de reparar o patrimônio ambiental lesado, independente de culpa, conforme dispõe o artigo 14, § 1º da Lei 6938/81 e o § 3º do artigo 225 da Carta Magna:
Lei 6938/81
Art. 14 (…)
§ 1º. Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Constituição Federal
Art. 225 (…)
§ 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
No caso em pauta, não há que se negar a conduta ou mesmo a ocorrência do resultado danoso, pois encontra-se devidamente caracterizados através dos boletins, laudos e fotos que levam à inequívoca conclusão da ocorrência de danos ao meio ambiente.
Portanto, requer-se que o réu paralise imediatamente e em definitivo, qualquer atividade de despejo de efluentes no Córrego do Maçarico (obrigação de não fazer) e, em caso de descumprimento,aplicação de multa coercitiva, prevista na Lei 7347/85, artigo 11 e artigo 536 do NCPC, que é um meio de coação que visa a compelir o devedor à observância da ordem judicial:
Lei 7347/85
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.
Novo Código de Processo Civil
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
III.2) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
A inversão do ônus da prova justifica-se ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio da precaução prevista no artigo 6º, I, da Lei 12305/2010 (já citada anteriormente):
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor.
Art. 6º. São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
I – a prevenção e a precaução;
Tal instituto, legalmente previsto nos termos supracitados pelo Código de Defesa do Consumidor, aplicada no âmbito do direito ambiental, apresenta-se como instrumento de extrema importância e que vem ao encontro de todos os preceitos constitucionais que visam proteger o meio ambiente.
IV) DA TUTELA DE URGÊNCIA
Apesar da autuação realizada pela municipalidade, a empresa continua a praticar os atos nocivos ao meio ambiente, razão pela qual é necessária a intervenção do Poder Judiciário para preservar esse bem jurídico tutelado pela Constituição. O artigo 12 da Lei nº 7347/85 prevê a possibilidade de concessão de tutela de urgência, desde que presentes os requisitos previstos no artigo 300 do Código de Processo Civil, a saber, “quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo”.
No presente caso, é evidente o flagrante desrespeito as normas ambientais e o risco de perecimento das espécies existentes da fauna e flora na região se o despejo irregular permanecer.
V) DA NÃO CONDENAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO
De acordo com o art. 18 da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7347/85) a Associação, autora da ação, não está obrigada a arcar com os honorários periciais, salvo em caso de comprovada má-fé:
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
VI) DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) A concessão da tutela de urgência, nos termos do artigo 12 da Lei nº 7347/85 e artigo 300 do NCPC, para que a empresa-ré se abstenha imediatamente de despejar seus resíduos sólidos no corpo receptor hídrico do Córrego guarani;
b) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei n. 7.347/1985;
c) Seja ordenada a citação da empresa-ré para, querendo, apresentar contestação no prazo legal, sob pena de revelia;
d) Sejam, ao final, julgados procedentes os pedidos formulados na petição inicial, consistente no encerramento das atividades nocivas (obrigação de não fazer), e, em caso de descumprimento, aplicação de multa coercitiva, prevista na Lei 7347/85, artigo 11 e artigo 536 do NCPC e a condenação da empresa-ré a reparar os danos sofridos;
e) A condenação da ré nas custas processuais e honorários advocatícios;
f) A intimação do Ministério Público para acompanhar a presente ação, conforme artigo 6º da Lei 7347/85;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a juntada de novos documentos, perícias, depoimento pessoal do réu e testemunhas.
Dá-se à causa o valor de R$ xxx (um milhão de reais).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Porto Alegre, 29 de abril de 2023.
Nome do Advogado
OAB nº

Outros materiais