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HEPATITES VIRAIS P R O F . F E R N A N D A C A N E D O E P R O F . G I O R D A N N E F R E I T A S Estratégia MED Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas | Hepatites ViraisHEPATOLOGIA 2 PROF. FERNANDA CANEDO APRESENTAÇÃO: Olá, Estrategista! Meu nome é Fernanda Canedo, sou carioca, mas moro em Curitiba desde 2017, sou casada e tenho dois filhos, Joaquim e Antônio. Pensei em ser médica ainda criança, através do contato com meu Pediatra, por quem sempre tive muita admiração. Chegando ao vestibular, tive uma grande dúvida se era isso mesmo que eu queria para minha vida. Pesei os prós e contras do que sabia sobre a carreira e decidi manter minha decisão. Entrei para a faculdade de Medicina na UFRJ em 2002 querendo fazer Pediatria ou Cardiologia, pela influência do meu médico e porque meu pai, meu grande ídolo, foi submetido a uma cirurgia de revascularização do miocárdio no ano do meu vestibular, então entendi que queria salvar pessoas queridas para outras pessoas, como salvaram meu pai. Talvez você também tenha passado por isso, mas, ao longo do curso, não me identifiquei com essas especialidades e segui em busca do que queria fazer. No sétimo período da faculdade, passei pela enfermaria de Gastroenterologia, muito disputada entre os alunos por sua excelência. Foi aí que encontrei minha primeira paixão dentro da Medicina. Com professores inspiradores, decidi que seria gastroenterologista! @estrategiamed /estrategiamed Estratégia MED t.me/estrategiamed @estrategiamed https://www.instagram.com/estrategiamed/ https://www.facebook.com/estrategiamed1 https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw https://t.me/estrategiamed https://t.me/estrategiamed https://www.tiktok.com/@estrategiamed Estratégia MED Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas | Hepatites ViraisHEPATOLOGIA 3 Terminei a faculdade de Medicina no final do ano de 2007 e ingressei na Residência de Clínica Médica também na UFRJ, ainda com o objetivo de seguir na Gastroenterologia. Foi no segundo ano de Residência que me apaixonei por Hepatologia! Na dúvida de que caminho seguir, optei por ingressar na Residência de Gastroenterologia da UFF, em Niterói-RJ, mas lá tive a certeza de que deveria complementar minha formação em Hepatologia. Depois que terminei a segunda Residência Médica, então, fiz o processo seletivo para Residência de Hepatologia na UFRJ, completando meu quinto ano de especialização (na minha época, há alguns anos, Hepatologia era área de atuação e só era possível ingressar após dois anos de Residência de Gastroenterologia). Foram anos de muitas inseguranças e medos, muita dedicação e aprendizado! Tive a oportunidade de acompanhar e fazer parte de uma das principais equipes de Hepatologia do Rio de Janeiro, trabalhando em hospitais públicos e privados e tendo contato com os mais diversos pacientes. Fiz parte também do ambulatório de Hepatologia da UFRJ, na assistência de pacientes e contribuindo na formação de alunos de Medicina e Residentes. Em 2017, por questões pessoais, optei por mudar- me para Curitiba, dando continuidade ao trabalho acadêmico e à assistência. A Hepatologia é conhecida por ser um tema temido por muitos, por sua aparente complexidade, mas é muito frequente nas provas de Residência. Vamos desmistificar isso e transformar essa matéria tão importante em mais conhecimento e acertos para suas provas! Este curso foi pensado para abordar, de forma completa, todo conteúdo necessário para que compreenda o tema e seja capaz de responder às mais diferentes questões dos processos seletivos, com o objetivo de otimizar seu estudo, apenas com informações essenciais para o sucesso nas provas. Esse vai ser seu diferencial rumo à aprovação! Já estive aí em seu lugar e vamos passar por mais essa etapa vitoriosa de sua formação! Vamos juntos? Estratégia MED Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas | Hepatites ViraisHEPATOLOGIA 4 PROF. GIORDANNE FREITAS APRESENTAÇÃO: Prezado aluno, meu nome é Giordanne Guimarães Freitas. É um imenso prazer estar aqui com você. Cursei a faculdade de medicina no Rio de Janeiro, na Universidade Gama Filho. Posteriormente fiz residência médica em clínica médica no Hospital do Mandaqui-SP e residência médica em Endocrinologia e Metabologia na Universidade Federal da Bahia. Após finalizar as residências médicas fiz mestrado na Universidade Católica de Brasília. Por aproximadamente 3 anos fui professor da Universidade Federal de Goiás e atualmente sou docente efetivo da faculdade de medicina da Universidade de Rio Verde-GO e doutorando em saúde coletiva. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 5 SUMÁRIO 1.0 HEPATITE A 7 1.1 TRANSMISSÃO 7 1.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 8 1.3 DIAGNÓSTICO 9 1.3.1 MARCADORES SOROLÓGICOS 9 1.4 TRATAMENTO 10 1.5 PROGNÓSTICO 10 1.6 IMUNIZAÇÃO 11 1.7 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO 11 1.8 LISTA DE QUESTÕES 13 2.0 HEPATITE B 14 2.1 O VÍRUS DA HEPATITE B 14 2.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 15 2.3 MARCADORES SOROLÓGICOS E SUA INTERPRETAÇÃO 20 2.4 PROFILAXIA DA HEPATITE B 22 2.5 TRATAMENTO 23 2.6 COINFECÇÕES 24 2.7 USO DE IMUNOSSUPRESSORES E QUIMIOTERÁPICOS 25 2.8 LISTA DE QUESTÕES 26 3.0 HEPATITE C 27 3.1 O VÍRUS DA HEPATITE C 27 3.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 28 3.3 DIAGNÓSTICO DA HEPATITE C 31 3.4 TRATAMENTO 33 Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 6 3.5 COINFECÇÕES 34 3.6 LISTA DE QUESTÕES 36 4.0 HEPATITE D 37 4.1 TRANSMISSÃO 37 4.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 38 4.3 DIAGNÓSTICO 38 4.4 TRATAMENTO 39 4.5 LISTA DE QUESTÕES 40 5.0 HEPATITE E 41 5.1 TRANSMISSÃO 42 5.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 43 5.3 DIAGNÓSTICO 44 5.3.1 MARCADORES SOROLÓGICOS 44 5.4 COMPLICAÇÕES 45 5.4.1 HEPATITE E X GESTANTES 45 5.5 TRATAMENTO 46 5.5.1 TRATAMENTO DA HEPATITE E CRÔNICA 46 5.6 PREVENÇÃO 46 5.7 LISTA DE QUESTÕES 48 6.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 49 6.1 HEPATITE A 49 6.2 HEPATITE B 49 6.3 HEPATITE C 50 6.4 HEPATITE D 50 6.5 HEPATITE E 51 7.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 52 Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 7 Querido aluno, a hepatite A (HA) não é um tema muito cobrado nas provas de Residência Médica. A maioria das questões de HA cobra conhecimentos relacionados à transmissão, diagnóstico e profilaxia. Nesse resumo, conversaremos sobre esses temas e mais um pouco, para que você gabarite as questões. A HA é uma doença infecciosa causada por um enterovírus (HAV) do gênero hepatovírus, da família Picornaviridae (ESSAS INFORMAÇÕES JÁ FORAM COBRADAS EM PROVAS) Ocorre em todo o mundo, podendo aparecer de forma esporádica ou epidêmica e estima-se que aconteçam 1,4 milhão de novos casos por ano. Por ser transmitida principalmente por via fecal-oral, é mais comum em países subdesenvolvidos e em regiões com más condições de higiene e saneamento básico. Atinge principalmente crianças de 6 a 15 anos de idade. 1.1 TRANSMISSÃO Prezado aluno, as principais vias de transmissão da hepatite A são frequentemente cobradas nas provas de Residência Médica. Por isso, fique atento. A transmissão da hepatite A dá-se, principalmente, por via fecal-oral (por consumo de água ou alimento contaminado) ou por contato interpessoal (de pessoa a pessoa). A transmissão parenteral é extremamente rara, podendo ocorrer se o indivíduo estiver na fase de viremia do período de incubação, já que a hepatite A não cronifica. Raramente é transmitida por via sexual e por contato com secreções anais e, apesar do vírus ser encontrado na saliva, não há relatos de transmissão por essa via. As principais vias de transmissão estão listadas na tabela abaixo: Principais vias de transmissão da Hepatite A Transmissão interpessoal,de pessoa a pessoa: transmissão entre familiares, em quartéis, em alojamentos de longa permanência e em creches. Via fecal-oral Contato com água ou alimentos contaminados Transmissão sexual (rara) Transfusão de sangue e uso de drogas injetáveis (rara) CAPÍTULO 1.0 HEPATITE A Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 8 Seguem abaixo informações que já foram cobradas em provas. O período de incubação da hepatite A é de 15 a 45 dias (média de 4 semanas). É nessa fase que temos maior viremia e maior eliminação do vírus nas fezes. O paciente excreta nas fezes o vírus da hepatite A (HAV) 1 a 2 semanas antes do início dos sintomas e essa excreção permanece por 1 a 2 semanas (geralmente 1 semana) após o início das manifestações clínicas. 1.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os pacientes com hepatite A podem apresentar-se sem sintomas (assintomáticos), com sintomas inespecíficos que simulam um quadro respiratório viral e/ou gastroenterite ou com os sintomas típicos de uma hepatite aguda (icterícia, prurido, colúria e acolia fecal). Fique atento, as informações contidas neste quadro já foram cobradas em provas! Os sintomas típicos são raros em crianças com menos de 6 anos de idade, sendo mais comuns em adultos (até 70% dos adultos apresentam icterícia). Na fase prodrômica, os pacientes podem apresentar um quadro viral inespecífico, que tem duração de 1 semana, em média. Nela podemos encontrar fadiga, mal-estar, náuseas, vômitos, redução do apetite, alterações do paladar e do olfato, dores articulares, dores musculares, cefaleia, fotofobia, faringite, tosse, coriza e febre. Esses achados clínicos geralmente ocorrem 1 a 2 semanas antes do aparecimento da icterícia. É interessante comentar que a febre é mais comum nas hepatites A e E e menos frequente nas hepatites B e C (ESSA INFORMAÇÃO JÁ FOI COBRADA EM PROVA). Após essa primeira fase, tem início a fase ictérica, em que o paciente apresenta icterícia, com ou sem prurido, acolia fecal e colúria e, geralmente, há melhora dos sintomas da fase prodrômica. Os pacientes também podem apresentar rash cutâneo, hepatomegalia, hipersensibilidade hepática, esplenomegalia e linfadenopatia cervical. É importante frisar que, dentre as hepatites virais, a hepatite A é a que mais tem características colestáticas, justificando o aparecimento de icterícia, colúria, acolia fecal e prurido intenso. Pacientes com HA podem ter manifestações clínicas extra- hepáticas, que ocorrem por deposição de imunocomplexos, sendo as mais comuns o rash cutâneo e a artralgia. Também podemos encontrar: vasculite leucocitoclástica, artrite, glomerulonefrite, púrpuras, crioglobulinemia, neurite óptica, mielite transversa, miocardite, trombocitopenia e anemia aplástica. A hepatite fulminante (insuficiência hepática aguda e encefalopatia) é rara e ocorre em 0,1 a 0,5% (< 1%) dos casos e é mais comum em indivíduos com mais de 50 anos e nos pacientes com outra hepatopatia associada (principalmente hepatite C crônica) Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 9 1.3 DIAGNÓSTICO As principais alterações laboratoriais da hepatite A estão resumidas na tabela abaixo. Alterações laboratoriais da hepatite A Transaminases Podem estar > 10 vezes o limite superior da normalidade (TGP > TGO) Bilirrubinas Geralmente < 10 vezes o limite da normalidade (predomínio da bilirrubina direta) Fosfatasealcalina < 400 UI/L Hemograma Neutropenia e linfocitose As transaminases começam a aumentar no período de incubação, geralmente 3 a 4 semanas antes do início dos sintomas, e permanecem aumentadas por 30 dias após a exposição ao vírus. 1.3.1 MARCADORES SOROLÓGICOS FIQUE ATENTO, a interpretação dos marcadores sorológicos da hepatite A aparece com frequência nas questões. O anti-HAV IgM já pode ser encontrado antes do início das manifestações clínicas. Ele representa infecção aguda e permanece positivo por cerca de 3 meses (raramente persiste por 6 a 12 meses). O Anti-HAVIgG também já pode ser encontrado antes do início dos sintomas e permanece positivo por tempo indeterminado. A presença do anti-HAV IgG positivo indica que o indivíduo já teve hepatite A ou foi vacinado. Esse anticorpo pode permanecer positivo permanentemente e confere imunidade definitiva. Marcadores sorológicos da hepatite A Anti-HAV Interpretação Anti-HAV IgM positivo Hepatite A aguda Anti-HAV IgM positivo com Anti-HAV IgG positivo Hepatite A aguda Anti-HAV IgM negativo com Anti-HAV IgG positivo Já teve hepatite A ou foi vacinado Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 10 A história natural da hepatite A está resumida na ilustração abaixo. 1.4 TRATAMENTO A infecção pelo HAV, na maioria das vezes, é autolimitada e o tratamento consiste no suporte sintomático. Assim, não há medicação específica para o tratamento da hepatite A e a maioria dos pacientes evolui com melhora espontânea. O paciente é orientado a manter repouso e usar sintomáticos (antitérmicos e antieméticos). Não há recomendação de dieta específica, que deve ser ofertada de acordo com o apetite e a aceitação do paciente. Ele não deve usar drogas hepatotóxicas, nem ingerir bebidas alcoólicas por 6 meses a 1 ano. 1.5 PROGNÓSTICO A hepatite A não cronifica e tem ótimo prognóstico. Cerca de 85% dos pacientes com HA têm recuperação completa em 2 a 3 meses. Os outros pacientes recuperam-se completamente em 6 meses. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 11 1.6 IMUNIZAÇÃO Futuro Residente, a vacinação da hepatite A também é um tema importante, pois frequentemente é cobrado nas provas. A vacina da hepatite A é composta por antígeno do vírus inativado e deve ser administrada por via intramuscular (músculo deltoide ou vasto lateral da coxa) ou por via subcutânea (em crianças com coagulopatia). Pode ser aplicada em uma ou mais doses. A taxa de soroconversão é próxima de 100% (níveis protetores de anticorpos podem ser encontrados em 95% a 97% dos pacientes vacinados) em indivíduos saudáveis e geralmente ocorre dentro de 30 dias. Em imunodeprimidos e em hepatopatas com doença avançada, a resposta vacinal pode estar reduzida. ESSAS INFORMAÇÕES JÁ FORAM COBRADAS EM PROVAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA. A vacina contra o HAV é disponibilizada pelo PNI no Brasil e deve ser aplicada em todas as crianças, em dose única, aos 15 meses de vida, podendo ser indicada até os 5 anos incompletos (4 anos 11 meses e 29 dias). 1.7 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO Para finalizar, falaremos de um tema que também é importante e frequentemente cobrado em provas. Para a profilaxia da hepatite A, estão disponíveis a imunoglobulina (IG) e a vacina inativa. Para a profilaxia pós-exposição dos contatos íntimos (domiciliares, contatos sexuais e institucionais), a IG deve ser usada até no máximo duas semanas desse contato. Não há necessidade de fazer profilaxia nos indivíduos já vacinados e nos contatos casuais (escritório, fábrica, escola ou hospital). As vacinas inativadas são seguras, imunogênicas e efetivas na prevenção da hepatite A. São aprovadas para uso em indivíduos com mais de 1 ano de idade e parecem proporcionar proteção a partir de 4 semanas da aplicação. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 12 Os pacientes que não tiveram hepatite A ou que não foram vacinados (Anti-HAVIgG negativos) podem receber profilaxia após o contato com o vírus da hepatite A. Tal estratégia é efetiva se realizada até 2 semanas após o contato com o vírus (quanto mais precoce melhor). As recomendações para a profilaxia são as seguintes: • Indivíduos saudáveis entre 12 meses e 40 anos - doseúnica da vacina com vírus inativado. • Menores de 12 meses e maiores de 40 anos, imunodeprimidos, hepatopatas ou com contraindicação à vacina - imunoglobulina humana 0,02 ml/kg, intramuscular. CAIXA DE DESTAQUE Transmissão da hepatite A: principalmente por via fecal-oral (contato interpessoal ou ingestão de água ou alimentos contaminados). Por isso, é mais comum em locais com más condições de higiene e saneamento básico. Manifestações clínicas: apenas 5% a 10% das crianças apresentam os achados clínicos típicos de icterícia, colúria e acolia fecal. A maioria das crianças apresenta-se sem sintomas ou com sintomas atípicos, que simulam um resfriado ou uma gastroenterite. Já entre os adultos, até 70% apresentam os sintomas típicos. Raramente ocorre hepatite fulminante (ocorre em menos de 1% dos casos). Lembre-se de que a hepatite A não cronifica. Achados laboratoriais: espera-se encontrar aumento importante das transaminases, que podem ultrapassar 10 vezes o limite superior da normalidade. Podemos encontrar aumento da fosfatase alcalina e Gama-GT. Marcadores sorológicos: A presença do anti-HAV IgM confirma a hepatite A aguda. A presença do anti-HAV IgG positivo mostra contato antigo com o vírus, ou seja, mostra que o paciente já teve hepatite A ou foi vacinado. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 13 Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://bit.ly/3b1t3Od https://bit.ly/3b1t3Od Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 14 2.0 HEPATITE B CAPÍTULO Querido aluno, este é um resumo com os principais tópicos sobre o assunto que mais cai dentro da Hepatologia nos concursos médicos: Hepatite B! Aqui, vamos abordar de forma prática e objetiva o que você precisa saber para acertar as mais diversas questões. Vamos juntos? 2.1 O VÍRUS DA HEPATITE B A hepatite B é uma infecção causada por um vírus de DNA, com transmissão parenteral, ou seja, através de sangue ou fluidos corporais contaminados. A principal via de transmissão atualmente é através de relações sexuais desprotegidas. O vírus da hepatite B (HBV) é muito contagioso e apresenta maior infectividade quando comparado ao vírus da hepatite C (HCV) e ao HIV, ou seja, quando em contato com um instrumento contaminado, por exemplo, é maior o risco de contaminação pelo HBV. Decore assim: HBV > HCV > HIV, ok? A transmissão através da transfusão de sangue e hemoderivados já foi a principal via, mas hoje é irrisória, devido às testagens nos bancos de sangue, obrigatórias desde 1993. Indivíduos antiHBc positivos não podem ser doadores de sangue. Guarde esse conceito que vamos discutir a importância desse marcador logo a seguir! A via vertical é uma importante via de transmissão especialmente pelo seu impacto no risco de evolução para doença crônica. Aqui vamos ter mais um conceito importante: o risco de cronificar a hepatite B é maior quanto mais jovem é o indivíduo infectado e, quando a contaminação ocorre no recém-nascido, até 90-95% dos pacientes vão evoluir com hepatite B crônica! Lembre- se de que, no adulto, apenas 5-10% dos casos vão cronificar. Atenção: o risco de cronificar tem relação com a idade em que ocorre a infecção e não com a via de transmissão! A transmissão pelo aleitamento materno não parece importante e a amamentação natural não deve ser contraindicada, caso as medidas de profilaxia da transmissão vertical sejam realizadas. Esse é outro tópico importante que vamos abordar logo mais! Continue com a gente! Transmissão Sexual Percutânea Transfusão Vertical/aleitamento Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 15 O HBV é um vírus oncogênico, com risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC) ou hepatocarcinoma (são sinônimos), mesmo sem a presença de fibrose avançada e cirrose. O que preciso saber até agora? 1. O HBV é um vírus de DNA (único vírus de hepatite viral composto por DNA); 2. Transmissão parenteral (sexual é a mais importante); 3. O risco de cronificar é maior quanto mais jovem é o indivíduo infectado; 4. É um vírus oncogênico, com risco de desenvolver CHC mesmo sem cirrose. 2.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A hepatite B pode ser assintomática, apresentar-se com hepatite aguda benigna, hepatite aguda grave e fulminante ou ainda evoluir para hepatite crônica, com risco de progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular. A hepatite B aguda não difere de outras hepatites virais agudas, apresentando três fases clínicas. Vamos ver esses conceitos? Isso vai ser importante para entender as outras hepatites virais também! 3 Fase prodrômica: ocorre após o período de incubação. No caso da hepatite B, em 4 a 6 semanas após a exposição ao vírus; marcada por sintomas inespecíficos, como mal-estar, astenia, febre baixa, mialgia, dor abdominal, náuseas e vômitos; 3 Fase ictérica: pode ou não ocorrer após a fase prodrômica; caracterizada pela melhora dos sintomas inespecíficos e piora dos sintomas gastrointestinais, associada ao aparecimento de icterícia, com ou sem os outros achados da síndrome colestática (prurido, colúria e acolia fecal); 3 Fase de convalescença: ocorre melhora dos sintomas e entende-se que a hepatite aguda chegou ao fim; o paciente pode evoluir com clareamento viral espontâneo e cura ou com cronificação da hepatite B. É importante sabermos que a hepatite B é a hepatite viral com maior risco de evoluir para a forma grave, com hepatite fulminante ou subfulminante. Até 5% dos pacientes com hepatite B aguda podem apresentar quadro de fulminação e esse risco é maior naqueles indivíduos com coinfecção com hepatite D (ou delta), HIV e/ou hepatite C. Para aprofundar o conhecimento sobre hepatite fulminante e subfulminante, não deixe de conferir nosso material sobre o tema! A maioria dos pacientes em contato com o vírus da hepatite B vai evoluir com clareamento viral espontâneo e uma minoria tem risco de progredir para doença crônica. Como já conversamos, o risco de cronificar tem relação com a idade em que ocorreu a infecção, não com a via de contaminação, ok? Quando a infecção ocorre na vida adulta, 5-10% dos pacientes vão evoluir com doença crônica. Quando ocorre em recém-nascidos, o risco de cronificar é de 90-95%, e quando a contaminação é na criança, esse risco é de 25-50%. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 16 Quando há evolução para doença crônica, há quatro fases evolutivas possíveis: a fase de imunotolerância; imunoeliminação ou imunorreativa; soroconversão ou portador crônico inativo; e fase de reativação. Observe a seguir a tabela que resume essas fases: Fases evolutivas Resumo Imunotolerância • Acontece em adultos durante o período de incubação e em crianças pode durar até 30 anos • Intensa replicação viral, HBsAg e HBeAg positivos • Sem lesão dos hepatócitos, com transaminases normais e histologia hepática preservada Imunoeliminação ou imunorreativa • Caracterizada pela queda dos níveis do HBV-DNA no sangue • HBeAg pode ser positivo ou negativo, quando há mutação pré-core • Transaminases são flutuantes, com progressão da doença hepática Soroconversão ou portador crônico inativo • Conversão doHBeAg para o antiHBe e parada na replicação viral, com níveis muito baixos ou indetectáveis do HBV-DNA • Normalização das transaminases, sem progressão da lesão hepatocelular Reativação • Retorno da replicação viral em situações de imunossupressão ou se houver mutação viral, na região pré-core e/ou core-promoter, permitindo retorno da replicação por escape à resposta imunológica Agora, falaremos sobre as principais manifestações extra-hepáticas da hepatite B que podem cair na sua prova! Manifestações extra-hepáticas da hepatite B Glomerulonefrite É mais comum em crianças, com predomínio da forma membranosa. Em crianças, tem curso benigno, com doença hepática leve e resolução espontânea em 6 meses a 2 anos. Quando surge em adultos, pode ser progressiva e evoluir para insuficiência renal. Poliarterite nodosa (PAN) Manifestação típica da hepatite B, com HBsAg positivo em 30% dos pacientes. É uma vasculite necrosante sistêmica, principalmente de médios e grandes vasos, caracterizada por sintomas inespecíficos, incluindo livedo reticular, mialgia e polineuropatia, mediada pela formação de imunocomplexos e anticorpos. Crioglobulinemia mista Vasculite de pequenos e médios vasos, muito associada à hepatite C, podendo ter relação também com o HBV. Apresenta-se com púrpuras palpáveis e petéquias em membros inferiores, artrite, glomerulonefrite e neuropatia periférica. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 17 Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 18 Aqui temos dois esquemas com as mais importantes manifestações da poliarterite nodosa, para ajudar a memorizar essa que é a principal manifestação extra-hepática da hepatite B. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 19 Nessa imagem, você pode observar as púrpuras e petéquias em membros inferiores, frequentemente presentes na crioglobulinemia mista e que auxiliam no diagnóstico dessa enfermidade. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 20 2.3 MARCADORES SOROLÓGICOS E SUA INTERPRETAÇÃO Agora vamos falar sobre o que você mais precisa saber para acertar a maioria das questões de Hepatite B na sua prova! É uma decoreba que vale a pena! A hepatite B apresenta uma ampla sorologia. Precisamos entender o papel de cada marcador para identificar as diferentes situações clínicas possíveis. Esta tabela resume os marcadores. Vamos ver? Perca um tempo nela! Marcador Resumo HBsAg Proteína de superfície do vírus da hepatite B, está presente em altos títulos na infecção aguda. É marcador da presença da proteína viral e, se estiver positivo por mais de 6 meses, é indicativo de cronificação da hepatite B. Anti-HBs Anticorpo produzido contra o HBsAg, indica imunidade contra o vírus. É produzido a partir da exposição ao vírus selvagem (infecção) ou após vacinação com vírus inativo. HBeAg Proteína "e" do vírus da hepatite B, sua detecção representa presença de replicação viral. Quando positivo, está associado a uma elevada carga viral circulante. Anti-HBe Anticorpo produzido contra o HBeAg. É capaz de controlar de maneira limitada a replicação do vírus por muitos anos, mas não de curar a infecção. Anti-HBc IgM Anticorpo contra o HBcAg, surge precocemente e é indicativo de infecção aguda pelo HBV. Anti-HBc IgG Anticorpo contra o HBcAg. Surge durante a fase aguda da infecção e persiste por toda a vida da pessoa que foi infectada. Sua presença indica que a pessoa está ou esteve infectada pelo HBV. O vírus inativo da vacina não induz a sua produção. Vou listar alguns tópicos sobre esses marcadores que você precisa saber, ok? 3 HBsAg é o primeiro marcador a positivar; 3 A definição de hepatite B crônica é a persistência do HBsAg por mais de 6 meses; 3 Anti-HBc IgM é o primeiro anticorpo e indica infecção aguda; sua persistência indica gravidade; 3 Anti-HBc IgG ou total marca contato prévio com o vírus selvagem; 3 HBeAg indica replicação viral e sua persistência indica maior risco de cronificar; 3 Anti-HBs indica imunidade após contato com o vírus e cura, ou por vacinação. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 21 Agora vamos observar as principais situações clínicas e seu perfil sorológico? Marcador Aguda Crônica Ativa Crônica Inativa Passado Vacinação HBsAg + + + - - HBeAg +/- + - - - Anti-HBc IgG -/+ + + + - Anti-HBc IgM + - - - - Anti-HBs - - - + + Para resumir e facilitar na hora da prova, agora que você já sabe os principais conceitos: Anti-HBc IgM + Hepatite B aguda Hepatite B crônica Hepatite B curada Vacinação HBsAg + Anti-HBc IgG + Anti-HBc IgM - HBsAg - Anti-HBc IgG + Anti-HBs + HBsAg - Anti-HBc IgG - Anti-HBs + Além do que já conversamos até aqui, pode ocorrer mutação do vírus selvagem e a principal delas é a mutação pré-core. Quando isso ocorre, o anti-HBe não é mais capaz de suprimir a replicação viral e vamos ter o perfil sorológico do portador crônico inativo, porém com alta carga viral, com HBV-DNA > 2.000UI/mL por definição. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 22 Marcador Mutante pré-core HBsAg + HBeAg - Anti-HBe + Anti-HBc IgG + Anti-HBs - HBV-DNA > 2.000UI/mL 2.4 PROFILAXIA DA HEPATITE B Existem algumas situações em que devemos fazer profilaxia da infecção pelo HBV: a profilaxia pós-exposição e a profilaxia da transmissão vertical. Lembre-se de que indivíduos susceptíveis são aqueles não vacinados ou sem resposta à vacinação, com anti-HBs < 10 mUi/mL. Observe este esquema para ajudar a memorizar! Profilaxia pós-exposição Profilaxia da transmissão vertical Em quem fazer? Vítimas de acidente perfurocortante com material contaminado ou fortemente suspeito, susceptíveis Vítimas de abuso sexual, susceptíveis Contactantes sexuais de casos de hepatite B aguda, susceptíveis Imunodeprimidos após exposição de risco, mesmo vacinados TODO recém-nascido de mãe HBsAg positivo, independentemente da carga viral da mãe Como fazer? Vacina (início do esquema de 3 doses) em até 7-14 dias + Imunoglobulina antiHBs (HBIg) em até 7-14 dias Vacina (início do esquema de 4 doses*) em até 12 horas após o parto + Imunoglobulina antiHBs (HBIg) em até 12 horas após o parto Via de parto -> indicação obstétrica Aleitamento materno NÃO está contraindicado Mães com alta viremia (HBeAg + e/ou HBV-DNA > 200.000UI/ml) -> TENOFOVIR a partir do terceiro trimestre de gestação até 30 dias após o parto *Em todo recém-nascido, são administradas 4 doses (0-2-4-6 meses), e não 3 doses, como o esquema habitual da hepatite B (0-1-6 meses); isso porque a hepatite B faz parte da vacina penta ou hexavalente; confira o livro da Pediatria sobre Imunizações para aprofundar o assunto! Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 23 2.5 TRATAMENTO Vamos lembrar que a maioria dos pacientes que entram em contato com o HBV vai clarear o vírus espontaneamente. Aqueles com apresentação de hepatite B aguda benigna, ou seja, sem sinais de gravidade, não necessitam de qualquer tratamento específico ou internação. Eles devem receber tratamento de suporte e devem ser monitorados para avaliar a evolução da infecção. Os pacientes que evoluem com gravidade, aqueles com coagulopatia e/ou icterícia por mais de 14 dias, ou evidências de encefalopatia, caracterizando a hepatite fulminante ou subfulminante, dependendo do tempo de instalação (confira no nosso material sobre hepatite fulminante), devem receber tratamento específico, além de internação e monitorização. O tratamento deve ser realizadocom as medicações orais disponíveis, tenofovir ou entecavir. O transplante pode ser indicado em casos mais graves de insuficiência hepática. Uma parcela pequena dos pacientes vai cronificar a infecção, caracterizada pela persistência do HBsAg por mais de 6 meses. Todos esses pacientes têm indicação de tratamento da hepatite B? A resposta é NÃO! A indicação de tratamento vai depender de características como a presença de replicação viral e evidência de progressão da doença hepática, grau de fibrose e outras questões, como, por exemplo, história familiar de carcinoma hepatocelular. Relembre aqui outro conceito importante que já abordamos: a hepatite B é fator de risco para o CHC mesmo sem fibrose avançada e cirrose. Estas tabelas mostram as indicações de tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde. Critérios de inclusão para tratamento da hepatite B sem agente delta HBeAg positivo e TGP > 2 vezes o limite superior da normalidade Adulto maior de 30 anos com HBeAg positivo Paciente com HBeAg negativo, HBV-DNA > 2.000UI/ml e TGP > 2 vezes o limite superior da normalidade Outros critérios de inclusão para o tratamento História familiar de hepatocarcinoma Manifestações extra-hepáticas: artrite, vasculites, glomerulonefrite e poliarterite nodosa Coinfecção HIV/HBV ou HCV/HBV Hepatite aguda grave (coagulopatia ou icterícia por mais de 14 dias) Reativação da hepatite B crônica Cirrose/insuficiência hepática Biópsia hepática METAVIR ≥ A2F2 ou elastografia hepática > 7,0kPa Prevenção de reativação viral em pacientes que receberão terapia imunossupressora ou quimioterapia Adaptado do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções, 2017. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 24 O objetivo primário do tratamento é a soroconversão HBsAg – anti-HBs, mas isso não é atingido com frequência após a cronificação do vírus. Dessa forma, esperamos alguns desfechos secundários e, para isso, o tratamento é muito eficaz. Este esquema vai ajudá-lo a memorizar os objetivos do tratamento da hepatite B. Objetivo Soroconversão HBsAg - Anti-Hbs Soroconversão HBeAg - Anti-HBe Redução da carga viral Melhora da inflamação As medicações disponíveis são o interferon peguilado, o tenofovir e o entecavir. O interferon está indicado para aqueles casos de hepatite B crônica replicativa, HBeAg positivo, sem evidências de cirrose hepática ou contraindicações à droga. As outras situações devem ser tratadas com tenofovir, prioritariamente, ou entecavir, em caso de contraindicações à primeira opção. Essas drogas são equivalentes em eficácia, com excelente barreira genética e, portanto, baixo risco de resistência viral. E quais são essas contraindicações? Contraindicações ao tenofovir 1. Doença renal crônica 2. Doenças do metabolismo ósseo 3. Terapia com didanosina 4. Cirrose hepática (relativa) 2.6 COINFECÇÕES Considerando as formas de transmissão de alguns vírus, é possível que ocorram coinfecções. As principais delas são da hepatite B com a hepatite D ou delta, HIV e/ou hepatite C. Lembre-se de que o vírus da hepatite D depende do HBV para sobreviver e multiplicar-se e pode causar coinfecção ou superinfecção. Esse tema será discutido no nosso material sobre Hepatite D. Não perca! É importante ter em mente que as coinfecções levam a doenças mais graves, com maior risco de necrose hepatocitária e hepatite fulminante, evolução para doença crônica, progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular. A coinfecção HIV/HBV aumenta o risco de cronificar a hepatite B e evoluir para cirrose! Como já discutimos nesse resumo, a hepatite B é a hepatite viral que mais evolui para hepatite fulminante, esse risco é maior quando há coinfecção! Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 25 2.7 USO DE IMUNOSSUPRESSORES E QUIMIOTERÁPICOS Vamos falar rapidamente sobre um tema pouco cobrado. O vírus da hepatite B acopla-se ao DNA do indivíduo infectado e, mesmo que haja clareamento viral, sempre teremos partícula viral no genoma do hospedeiro. Qual é a importância disso? Em algumas situações, mesmo que tenha ocorrido “cura” da hepatite B, há risco de reativação viral. E que situações são essas? Especialmente quando o indivíduo vai ser submetido a imunossupressão grave, seja por uso de medicações como antiCD 20 (rituximabe) e antiCD 52 (alemtuzumab), quimioterapia para neoplasias hematológicas ou transplante de medula óssea. Nesses casos, indivíduos com anti- HBc positivo devem receber profilaxia antes do início do tratamento, independentemente dos níveis de HBV-DNA e mesmo que o HBsAg seja negativo. A profilaxia vai ser realizada idealmente com entecavir, podendo ser usada lamivudina ou tenofovir quando a primeira não está disponível, e deve ser mantido por 6 meses a 1 ano após o término do tratamento. Se a profilaxia não for realizada, deve-se manter monitorização do HBV-DNA e ALT a cada 2 meses, para diagnóstico precoce da reativação viral e início de tratamento. CAIXA DE DESTAQUE 1. Hepatite B é o tema mais frequente dentro da Hepatologia nos processos seletivos; 2. É um vírus de DNA, o único vírus de hepatite viral cujo genoma é composto por DNA; 3. Apresenta transmissão parenteral e a principal via de transmissão atualmente é a sexual; 4. “Marcadores sorológicos da hepatite B” é o item mais cobrado. Precisa saber! 5. O HBsAg é o primeiro marcador a aparecer após exposição ao HBV e o antiHBc IgM é o primeiro anticorpo a positivar; é indicativo de hepatite B aguda; 6. Hepatite B crônica é definida pela persistência do HBsAg por mais de 6 meses ou 24 semanas e é representada pelo perfil sorológico HBsAg positivo, antiHBc IgG ou total positivo e antiHBs negativo; 7. O risco de cronificar tem relação com a idade em que ocorre a infecção, e não com a via de transmissão. Em recém-nascidos, 90-95% vão cronificar, enquanto em adultos, apenas 5-10% vão evoluir com doença crônica; 8. É a hepatite viral que mais evolui com hepatite fulminante e o risco é maior nos pacientes com coinfecções, especialmente com HIV, hepatite C e hepatite D (delta); 9. As principais manifestações extra-hepáticas relacionadas à hepatite B são a poliarterite nodosa (PAN) e a glomerulonefrite; 10. A profilaxia da transmissão vertical deve ser realizada em todo recém-nascido de mãe HBsAg positivo, com vacina e imunoglobulina anti-hepatite B em até 12 horas após o parto. Tenofovir está indicado para gestantes HBeAg positivo e/ou com HBV-DNA > 200.000UI/mL; 11. O HBV tem características oncogênicas e há risco de evolução para carcinoma hepatocelular, mesmo sem a presença de fibrose avançada e cirrose. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 26 Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://bit.ly/2Orx2Mi https://bit.ly/2Orx2Mi Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 27 3.0 HEPATITE C CAPÍTULO Querido aluno, este é um resumo com os principais tópicos sobre Hepatite C, uma hepatite viral bastante frequente em nosso meio, com algumas peculiaridades que vamos esclarecer, a fim de facilitarpara sua prova. As questões de hepatite C muitas vezes vêm no contexto de outras hepatites virais, principalmente com a hepatite B, e o diagnóstico é o item mais cobrado, especialmente entender o papel do anti-HCV e do HCV-RNA. Vamos juntos? 3.1 O VÍRUS DA HEPATITE C O vírus da Hepatite C (HCV) é um vírus de RNA, pertencente à família Flaviviridae, com transmissão parenteral, ou seja, a partir de sangue e fluidos corporais contaminados. VÍRUS DA HEPATITE C Vírus de RNA Família Flaviviridae Transmissão parenteral Ele foi identificado em 1989, e a tecnologia para seu diagnóstico chegou aos bancos de sangue do Brasil em 1993. Desde então, o risco de transmissão em transfusões de sangue e hemoderivados e cirurgias tornou-se irrisório! Nos últimos 20 anos, a principal causa de transmissão do HCV é pelo uso de drogas injetáveis e inalatórias. O vírus da hepatite C fica viável por algumas horas a poucos dias em superfícies não esterilizadas e a transmissão pode ocorrer a partir de instrumentos contaminados, como alicates de cutícula ou lâminas de barbear. O HCV apresenta maior infectividade quando comparado ao HIV, mas é menos contagioso que o vírus da hepatite B. Decore assim: HBV > HCV > HIV, ok? A transmissão pela via sexual e perinatal é incomum, representando cerca de 3-10% dos casos. A transmissão sexual ocorre de forma esporádica em relações sexuais desprotegidas e a hepatite C é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Não existe qualquer medida profilática para evitar a transmissão vertical e a via de parto deve seguir indicações obstétricas. A transmissão pelo aleitamento materno não parece importante e a amamentação natural não deve ser contraindicada. É importante ter em mente que as medicações usadas no tratamento da hepatite C são potencialmente teratogênicas e contraindicadas durante a gestação. Falaremos sobre esse tratamento logo mais. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 28 Transmissão Percutânea Transfusão Vertical/aleitamento Sexual Uma vez em contato com o vírus da hepatite C, a maioria dos pacientes vai evoluir com doença crônica, até 80% dos casos. Essa é a hepatite viral que mais cronifica! É incomum a ocorrência de sintomas na fase aguda e, muitas vezes, o diagnóstico é feito apenas na fase crônica. A evolução para hepatite aguda grave ou hepatite fulminante é rara e pode ocorrer excepcionalmente em casos de coinfecção com hepatite B e/ou HIV. Já foram descritos 7 genótipos da hepatite C, mas saiba que o genótipo 1 é o mais prevalente no Brasil e no mundo, seguido pelo genótipo 3. O que preciso saber até agora? • O HCV é um vírus de RNA • Transmissão parenteral (uso de drogas é a mais importante) • É a hepatite viral que mais cronifica • O genótipo 1 é o mais comum, seguido pelo 3 3.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A infecção pelo HCV pode cursar com infecção assintomática, infecção aguda sintomática, ictérica ou anictérica, e evoluir para a forma crônica, com risco de progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular quando há fibrose avançada e cirrose. Hepatite C aguda sintomática é incomum, ocorrendo em até 20% dos pacientes; desses, apenas 25% apresentarão icterícia. Hepatite fulminante pelo HCV é um evento raro, em geral, associado à coinfecção com HIV e/ou hepatite B. O período de incubação da hepatite C varia entre 15 e 160 dias, com média de 7 semanas para o início dos sintomas. As transaminases costumam elevar em 2 a 8 semanas após a exposição, antes mesmo do aparecimento de sintomas. O HCV-RNA é o primeiro marcador a positivar e já pode ser detectado em 2 semanas após a contaminação. Em até 20% dos casos, na fase aguda, o anti-HCV estará negativo e, nesses casos, o HCV-RNA é o único marcador capaz de fazer o diagnóstico. Os níveis do HCV-RNA aumentam rapidamente após a infecção e seu pico ocorre imediatamente antes do pico das transaminases, podendo coincidir com o início dos sintomas. O surgimento do anti-HCV, ou seja, a soroconversão, em geral, ocorre em 30 a 60 dias, podendo acontecer em até 6 meses, SEMPRE após o aparecimento do HCV-RNA. Parece óbvio, não é? Primeiro temos o vírus circulante e depois produzimos o anticorpo. Isso já foi cobrado em prova! Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 29 Observe o gráfico a seguir com a evolução dos marcadores da hepatite C. Alguns fatores se associam a maior risco de cronificação. Observe a seguir quais são eles: Fatores relacionados à maior chance de cronificação 1. Sexo masculino 2. Idade > 40 anos 3. Ausência de icterícia 4. Coinfecção com HIV e/ou hepatite B 5. Genótipo não 3 6. Imunossupressão 7. Fatores genéticos A definição de hepatite C crônica é a persistência do anti-HCV por mais de 6 meses, associado a HCV-RNA positivo por, pelo menos, 6 meses, confirmando a infecção ativa. Vamos discutir mais sobre esses marcadores logo a seguir. Quando há fibrose avançada e cirrose hepática instalada, há risco de surgimento do carcinoma hepatocelular, neoplasia maligna primária do fígado mais comum, com prognóstico ruim e alta mortalidade. Estima-se que o risco seja de 1-5% ao ano; os pacientes devem manter vigilância com ultrassonografia de abdome e dosagem de alfafetoproteína a cada 6 meses. Esse tema será amplamente discutido em nosso material sobre tumores hepáticos malignos. Aproveite para complementar o seu estudo! Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 30 Agora vamos falar sobre as principais manifestações extra-hepáticas da hepatite C que podem cair na sua prova! Manifestações extra-hepáticas da hepatite C Crioglobulinemia mista Manifestação extra-hepática da hepatite C melhor documentada. É uma vasculite de pequenos e médios vasos, com aparecimento de púrpuras palpáveis e petéquias em membros inferiores, artralgia, doença renal, geralmente glomerulonefrite membranoproliferativa, e neuropatia periférica. Glomerulonefrite Pode estar associada a vasculites, como a crioglobulinemia, ou depósito de imunocomplexos. A forma mais comum é a membranoproliferativa. Porfiria cutânea tarda Distúrbio enzimático na via de produção do grupo heme. Geralmente apresenta-se com lesões bolhosas crônicas na pele, prurido, fragilidade da pele e hiper ou hipopigmentação, principalmente nas áreas expostas ao sol, em indivíduos com hipertricose. As bolhas possuem líquido seroso ou com sangue. O comprometimento hepático é comum e os pacientes apresentam risco maior de evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular. Nessa imagem, você pode observar as púrpuras e petéquias em membros inferiores, frequentemente presentes na crioglobulinemia mista e que auxiliam no diagnóstico dessa enfermidade. Nessa imagem, vemos lesões compatíveis com a porfiria cutânea tarda (PCT), com lesões bolhosas com conteúdo seroso ou sanguinolento em áreas expostas ao sol. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 31 3.3 DIAGNÓSTICO DA HEPATITE C Agora vamos falar sobre o tema que mais cai nas provas quando o assunto é hepatite C. Você precisará saber o papel do anti-HCV e do HCV-RNA e identificar as diferentes situações. Em relação à sorologia da hepatite C, existe apenas um anticorpo: o anti-HCV. Esse anticorpo surge quando o indivíduo entra em contato com o vírus da hepatite C e não confere imunidade, ou seja, uma vez curado da hepatite C, após tratamento ou espontaneamente, o paciente pode ser novamente contaminado, mesmo com anti-HCV positivo. IMPORTANTE: O ANTI-HCV NÃO CONFERE PROTEÇÃO CONTRA A HEPATITE C! Esse é o exame que deve ser realizado inicialmente quando vamos investigar um quadro de hepatite ou para triagemde pacientes dos grupos de risco. É um erro comum (que você não vai cometer!) acreditar que anti-HCV positivo é igual ao diagnóstico de hepatite C. Porém, ele marca “apenas” o contato com o vírus. O diagnóstico da hepatite C deve ser feito com a dosagem da carga viral (HCV-RNA). Se positiva, aí sim seremos capazes de dar um diagnóstico de hepatite C atual. Esse erro acontece porque a maior parte dos pacientes que tiveram contato com o HCV vai cronificar (cerca de 80%) e apenas uma minoria vai clarear (curar) o vírus espontaneamente. Portanto, NÃO podemos afirmar que anti-HCV positivo é igual à infecção ativa pelo HCV. Essa confirmação acontecerá apenas após a realização da carga viral. A pesquisa dos ácidos nucleicos ou da carga viral faz o diagnóstico da infecção ativa pelo HCV! Anti-HCV + Contato com o HCV HCV-RNA + Infecção atual pelo HCV Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 32 Agora observe a tabela a seguir com as situações possíveis. Perca um tempo nela! Anti-HCV negativo/ HCV-RNA negativo Nunca teve contato com o HCV Anti-HCV negativo/ HCV-RNA positivo Hepatite C aguda ou incapacidade de produzir anticorpos* Anti-HCV positivo/ HCV-RNA positivo Hepatite C aguda ou crônica Anti-HCV positivo/ HCV-RNA negativo Hepatite C curada ou falso positivo *A incapacidade de produzir anticorpos pode acontecer em pacientes imunodeprimidos ou em indivíduos em diálise. Vamos falar rapidamente sobre a avaliação da fibrose hepática. A biópsia é o método padrão-ouro para o diagnóstico do grau de fibrose e inflamação no fígado, mas cada vez menos precisamos realizá-la no paciente com hepatite C. Lembre-se de que, como acabamos de ver, o diagnóstico da infecção é realizado a partir da testagem do anti-HCV e da carga viral! Dispomos atualmente de vários métodos não invasivos para avaliação da fibrose hepática e a biópsia fica reservada para casos de dúvida diagnóstica. Os métodos não invasivos mais utilizados em nosso meio são a elastografia hepática e o APRI e FIB-4, cálculos simples realizados a partir da dosagem das transaminases e plaquetas. Esses métodos têm excelente acurácia para diagnosticar ou excluir a fibrose avançada e cirrose. Você não precisará calculá-los na prova, mas observe como chegamos a seus valores. APRI = Valor de AST (UI/L) Limite Superior Normal de AST (UI/L) Contagem de Plaquetas (109) X 100 FIB4 = Idade (anos) X AST (UI/L) Contagem de Plaquetas (109) X ALT (UI/L)√ Adaptado do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções, 2019. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 33 3.4 TRATAMENTO O tratamento da hepatite C mudou recentemente e foi revolucionado! Atualmente, TODO paciente com diagnóstico de hepatite C tem indicação de tratamento, independentemente do grau de fibrose, inflamação ou qualquer outro fator. Isso faz parte do Plano de Eliminação da Hepatite C no Brasil, que tem como objetivo a ampliação do diagnóstico e do tratamento. A meta é a eliminação da hepatite C do Brasil até 2030. O objetivo primário do tratamento é a erradicação do vírus do organismo e a cura, atingindo a resposta virológica sustentada (RVS). O que é a RVS? É a carga viral negativa 12 ou 24 semanas após o término do tratamento. Essa diferença tem relação com a modalidade de tratamento. Em tratamentos à base de interferon peguilado, a RVS ocorre após 24 semanas de tratamento e 12 semanas após os tratamentos sem interferon, com os antivirais de ação direta (DAA). Objetivo HCV-RNA negativo após 12 ou 24 semanadas Resposta Virológica Sustentada Em geral, está indicado o tratamento com os antivirais de ação direta, em esquema duplo, por 8 a 24 semanas. São drogas orais muito eficazes e bem toleradas! A saber: daclatasvir com sofosbuvir, ledipasvir/sofosbuvir, elbasvir/grazoprevir, glecaprevir/pibrentasvir e velpatasvir/sofosbuvir. A ribavirina pode ser associada em situações especiais, visando aumento da chance de cura. Os esquemas indicados para pacientes com disfunção renal, com depuração de creatinina inferior a 30ml/min, são elbasvir/grazoprevir ou glecaprevir/pibrentasvir. Nesses casos, o sofosbuvir pode ser usado com cautela e de forma individualizada, considerando-se os riscos e benefícios potenciais da terapia antiviral, uma vez que não há recomendação para o seu uso. Como os esquemas disponíveis atualmente são altamente efetivos, a escolha deverá dar-se pelo melhor custo x benefício, disponibilidade e facilidade posológica. O interferon peguilado e ribavirina ainda podem ser prescritos na população pediátrica de 3 a 11 anos, por 48 semanas, já que nesse grupo os DAAs são contraindicados. É importante saber que, com os esquemas atuais, livres de interferon, não há contraindicação ao tratamento de pacientes com cirrose descompensada, Child-Pugh B ou C, apesar de terem menor chance de resposta e necessitarem de tratamento mais longo! O tratamento do HCV costuma cursar com melhora das manifestações extra-hepáticas da hepatite C, incluindo a resolução da crioglobulinemia mista e do acometimento renal. Mas é importante ter em mente que esse não é o objetivo primário do tratamento e será decorrente da negativação da carga viral. Por outro lado, é importante saber que a cura da hepatite C não elimina o risco de evolução para carcinoma hepatocelular naqueles pacientes com fibrose avançada e cirrose, sendo fundamental manter o rastreamento periódico para o tumor! Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 34 Esta tabela vai resumir os possíveis esquemas de tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde de 2019. Esquemas de tratamento da hepatite C Interferon peguilado + ribavirina (apenas para a população pediátrica entre 3 e 11 anos) Daclatasvir com sofosbuvir Ledipasvir/sofosbuvir Elbasvir/grazoprevir (indicado para pacientes com disfunção renal) Glecaprevir/pibrentasvir (indicado para pacientes com disfunção renal) Velpatasvir/sofosbuvir 3.5 COINFECÇÕES Considerando as formas de transmissão de alguns vírus, é possível que ocorram coinfecções. Podemos, portanto, ter coinfecção do vírus da hepatite C com o HIV e o vírus da hepatite B. Tenha em mente que as coinfecções levam a doenças mais graves, com maior risco de necrose hepatocitária e hepatite fulminante, evolução para doença crônica, progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular. É importante ter em mente que, assim como na hepatite B, a história natural da infecção pelo vírus da hepatite C é alterada pelo HIV! A coinfecção HIV/HCV aumenta o risco de a hepatite C evoluir para cirrose! Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 35 CAIXA DE DESTAQUE 1. Hepatite C é uma infecção muito prevalente em todo mundo e uma das principais causas de cirrose e indicações de transplante hepático; 2. É um vírus de RNA, com transmissão parenteral; 3. A principal via de transmissão atualmente é por uso de drogas injetáveis e inalatórias; 4. A apresentação de sintomas na fase aguda da infecção é rara, o diagnóstico já na sua fase crônica é mais comum; 5. A hepatite C pode apresentar algumas manifestações extra-hepáticas, a mais comum é a crioglobulinemia mista; 6. O diagnóstico da hepatite C é o tópico mais cobrado desse tema, é importante entender o papel do anti- HCV e do HCV-RNA; 7. O anti-HCV é o único anticorpo da hepatite C e NÃO CONFERE IMUNIDADE; 8. A biópsia hepática é o padrão-ouro para avaliação de fibrose, mas, cada vez menos, é necessária na avaliação do paciente com hepatite C. Para estadiamento da doença hepática, podemos lançar mão de métodos não invasivos, como a elastografia hepáticae o cálculo do APRI e FIB-4; 9. Atualmente, TODO paciente com diagnóstico de hepatite C tem indicação de tratamento com os antivirais de ação direta, com excelente chance de cura e tolerância; 10. A hepatite C é um importante fator de risco para o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular, mas, diferentemente da hepatite B, apenas quando há fibrose avançada e cirrose. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 36 Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://estr.at/QgkH https://estr.at/QgkH Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 37 4.0 HEPATITE D CAPÍTULO Querido aluno, a hepatite D (HD) não é um tema muito cobrado nas provas de Residência Médica. A maioria das questões de HD cobra conhecimentos relacionados às manifestações clínicas e ao diagnóstico. Neste resumo, vamos conversar sobre esses temas e mais um pouco, para que você gabarite as questões. O vírus (deltavírus) da hepatite D é um vírus RNA, que pertence à família Deltaviridae (ESSA INFORMAÇÃO JÁ FOI COBRADA EM PROVA), que depende do vírus da hepatite B para se replicar. Há oito genótipos do vírus, sendo que o genótipo 3 é específico da América do Sul e pode ser encontrado no Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela. A hepatite D ocorre, exclusivamente, em indivíduos com hepatite B. MEMORIZE ESSA INFORMAÇÃO, POIS, COM FREQUÊNCIA, É COBRADA EM PROVAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA. 4.1 TRANSMISSÃO Prezado aluno, ao pensar em hepatite D lembre-se da hepatite B, já que compartilham as mesmas vias de transmissão. As principais vias de transmissão da hepatite D são: percutânea, sexual, hemotransfusão e vertical. A tabela abaixo mostra as principais vias de transmissão da hepatite D. Vias de transmissão da hepatite D Via parenteral: compartilhamento de agulhas e seringas, tatuagens, piercings e procedimentos odontológicos Sexual Hemotransfusão Via vertical A infecção pelo vírus da hepatite D pode ocorrer em dois cenários. Podemos ter a coinfecção e a superinfecção. Esse assunto é importante e já foi cobrado em concursos de Residência Médica. Coinfecção: a infecção pelos vírus da hepatite B e hepatite D ocorre simultaneamente. Superinfecção: a infecção pelo vírus da hepatite D ocorre em indivíduo já infectado pelo vírus da hepatite B. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 38 Na coinfecção (infecção simultânea dos dois vírus), os pacientes, geralmente, apresentam-se com hepatite aguda benigna e 95% dos casos evoluem com recuperação espontânea e completa. A evolução para hepatopatia crônica ou hepatite fulminante ocorre em, aproximadamente, 5% dos pacientes coinfectados. Interessante frisar que a coinfecção aumenta de 1% para 5% a incidência de hepatite fulminante em indivíduos com hepatite B. Na superinfecção (infecção pelo vírus D em indivíduo, previamente, infectado pelo vírus B) os casos, em geral, são mais graves e têm pior prognóstico. A insuficiência hepática aguda pode ocorrer em até 20% dos casos e a cronificação ocorre em até 79% dos pacientes. Essas complicações ocorrem, pois a pré-existência do vírus da hepatite B aumenta, consideravelmente, a replicação do vírus da hepatite D. 4.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS No diagnóstico, alguns indivíduos podem apresentar-se sem sintomas (assintomáticos) enquanto outros apresentam-se com sinais e sintomas típicos de uma hepatite viral aguda (febre, icterícia, mal-estar, náuseas, vômitos e colúria). Os casos mais graves podem evoluir com cirrose e hepatocarcinoma. A febre de Lábrea é uma forma grave de hepatite D, que se associa à alta mortalidade. Nesses casos, temos hepatite fulminante e uma forma íctero-hemorrágica que evolui com necrose hepatocelular e células em mórula (células com infiltração gordurosa) no exame histopatológico. Essa condição foi descrita, inicialmente, no Brasil, na cidade de Lábrea, no Amazonas e também é chamada de hepatite espongiocitária. (ESSE ASSUNTO JÁ FOI COBRADO EM CONCURSO DE RESIDÊNCIA MÉDICA) 4.3 DIAGNÓSTICO Lembre-se de que a hepatite D só ocorre em indivíduos com hepatite B, ou seja, o paciente com hepatite D, obrigatoriamente, tem HBsAg positivo. Diagnóstico da hepatite D HBsAg positivo + Anti-HDV positivo Confirmação: HDV-RNA O diagnóstico da doença baseia-se na detecção do anti-HDV (aparece quatro semanas após a infecção) e na confirmação com a dosagem do HDV-RNA, para detecção do genoma viral. O HDV-RNA também pode ser usado para monitoramento do tratamento. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 39 As tabelas abaixo apresentam os perfis sorológicos encontrados na coinfecção (infecção simultânea pelos vírus da hepatite D e hepatite B) e na superinfecção (infecção pelo vírus D em indivíduo já infectado pelo vírus B). Perfil sorológico da coinfecção HBsAg positivo com anti-HBC IgM positivo (hepatite B aguda) Anti-HDV positivo Perfil sorológico da superinfecção HBsAg positivo com anti-HBC IgG positivo(hepatite B crônica) Anti-HDV positivo Essa diferenciação é importante, pois já sabemos que os indivíduos com superinfecção têm pior prognóstico e, comumente, evoluem com hepatite fulminante ou hepatite crônica. 4.4 TRATAMENTO A infecção pelo vírus da hepatite D pode ser prevenida pela vacinação para hepatite B. O tratamento pode ser feito com alfapeginterferona 2a e/ou um análogo de nucleosídeo (tenofovir ou entecavir). A tabela abaixo mostra os tratamentos disponíveis. Opções de tratamento da hepatite delta Alfapeginterferona 180 mcg/semana, por 48 a 96 semanas Tenofovir, por tempo indeterminado Alfapeginterferona 180 mcg/semana, por 48 a 96 semanas Entecavir, por tempo indeterminado CAIXA DE DESTAQUE 1. O vírus da hepatite D depende do vírus da hepatite B para se replicar. 2. Coinfecção: a infecção dos dois vírus ocorre de forma simultânea. Esses casos, geralmente, evoluem com melhora espontânea. 3. Superinfecção: a infecção do vírus D ocorre em indivíduo já infectado pelo vírus da hepatite B. Em geral, tem pior prognóstico. 4. Diagnóstico da hepatite D: rastreamento com anti-HDV e confirmação com HDV-RNA. 5. Perfil sorológico da coinfecção: HBsAg positivo, anti-HBC IgM positivo e anti-HDV positivo. 6. Perfil sorológico da superinfecção: HBsAg positivo, anti-HBC IgG positivo e anti-HDV positivo. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 40 Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://bit.ly/2Zg1k6Q https://bit.ly/2Zg1k6Q Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 41 5.0 HEPATITEE CAPÍTULO Prezado aluno, é muito raro encontrarmos questões específicas sobre hepatite E (HE), mas, em algumas questões sobre hepatites virais, ela aparece como opção entre as alternativas disponíveis. Sendo assim, é interessante conhecer as principais características desta doença. A maioria das questões sobre HE cobra conhecimentos relacionados à transmissão e manifestações clínicas. Neste resumo, vamos conversar sobre esses temas e mais um pouco para que você gabarite as questões. O vírus da hepatite E (HEV) é um vírus RNA, endêmico na Ásia, África e Oriente Médio. O vírus mede de 27 a 34 nm, é esférico, não tem envoltório e pertence à família Hepeviridae. (ESSAS INFORMAÇÕES JÁ FORAM COBRADAS EM PROVAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA) Na América Latina, já houve uma epidemia de hepatite E, no México. No Brasil, casos foram descritos na Bahia, Mato Grosso e Amazônia. Há quatro genótipos do vírus da hepatite E. Os genótipos 1 e 2 (hepatite E epidêmica) infectam apenas humanos e são comuns na África e Ásia, causando epidemias nesses locais. Os genótipos 3 e 4 (hepatite E autóctone) infectam animais, principalmente, os suínos, mas também podem infectar humanos, vacas, golfinhos, macacos e ursos. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 42 5.1 TRANSMISSÃO Quando falamos de HE, a via de transmissão da doença é um dos temas mais cobrados em provas de Residência Médica. Por isso, FIQUE ATENTO. A principal via de transmissão da hepatite E é a fecal-oral, como a hepatite A. Ocorre, principalmente, por ingestão de água ou alimento contaminado. A transmissão interpessoal é mais rara. A doença também pode ser transmitida por transfusões de sangue ou por via vertical, principalmente das regiões endêmicas. A tabela abaixo lista as principais vias de transmissão da doença. Vias de transmissão da hepatite E Fecal-oral, principalmente por ingestão de água ou alimentos contaminados (carnes mal cozidas, frutos do mar e vegetais crus) Hemotransfusão Via vertical Os genótipos 1 e 2 são transmitidos por consumo de água contaminada com fezes, sendo mais comuns em locais com más condições de higiene e saneamento básico. A infecção pelos genótipos 3 e 4 ocorre, mais comumente, de forma esporádica e a transmissão acontece após a ingestão de alimentos contaminados (carnes de animais infectados). Resumindo: indivíduos e/ou animais infectados liberam o vírus pelas fezes. Essas fezes contaminam a água, que pode ser ingerida ou usada para lavar os alimentos. Os indivíduos também podem ser infectados quando ingerem carne mal cozida de animais infectados. Os suínos são os animais mais relacionados à transmissão e, também, já houve casos de transmissão por ingestão de carne, mal cozida, de veados e javalis e pelo consumo de órgãos internos de animais. Ainda há dúvidas se a hepatite E pode ou não ser transmitida pelo aleitamento materno. Sendo assim, as mulheres com hepatite E aguda são orientadas a não amamentarem seus filhos. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 43 A ilustração abaixo resume as principais vias de transmissão da hepatite E. 5.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O período de incubação da doença varia de 15 a 60 dias, com média de 40 dias. O vírus é eliminado nas fezes uma semana antes do aparecimento dos sintomas, com redução considerável da viremia uma semana após o início da icterícia. No diagnóstico, os pacientes podem estar assintomáticos. Outros podem apresentar sintomas inespecíficos. Os sintomas típicos de hepatite aguda (icterícia, colúria e acolia fecal) ocorrem em 20% dos casos, principalmente quando ocorre em adultos jovens. Os pacientes com hepatite E (principalmente por genótipos 3 e 4) também podem apresentar sintomas extra- hepáticos, sendo os mais comuns: hemólise, anemia aplásica, tireoidite, glomerulonefrite, pancreatite, mielite transversa, meningoencefalite, meningite, pseudotumor cerebral, síndrome de Guillain-Barré, paralisia de nervos cranianos e neuropatia periférica. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 44 FUTURO RESIDENTE, ATENÇÃO: em até 20% das mulheres grávidas, a hepatite E causa uma doença grave, com alta mortalidade, principalmente nas gestantes que estão no terceiro trimestre da gestação. (ESSA INFORMAÇÃO TAMBÉM JÁ FOI COBRADA EM PROVAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA) 5.3 DIAGNÓSTICO Devemos suspeitar de hepatite E em todo paciente com achados clínicos e/ou laboratoriais típicos de uma hepatite aguda ou crônica, com sorologias negativas para hepatite A, hepatite B, hepatite C, vírus Epstein-Barr e citomegalovírus, e em indivíduos com sintomas após viagem para regiões endêmicas. Os pacientes com hepatite E aguda, em geral, apresentam aumento das transaminases (podem estar > 10 vezes o limite superior da normalidade) e das bilirrubinas. O aumento das transaminases, normalmente, coincide com o início dos sintomas. A normalização dos exames laboratoriais, comumente, ocorre entre uma a seis semanas após o início da doença. 5.3.1 MARCADORES SOROLÓGICOS Para o diagnóstico, devemos solicitar o anti-HEV IgM. Em caso de positividade para esse teste, orienta-se a confirmação com a dosagem do anti-HEV IgG sérico e/ou pesquisa do RNA viral, no sangue ou nas fezes. É importante ressaltar que os testes disponíveis têm sensibilidade e especificidade variáveis e não há padronização dos métodos sorológicos utilizados. O anti-HEV IgM já pode estar positivo na fase inicial da doença, permanecendo reagente por quatro a cinco meses. Em casos de alta suspeita clínica e anti-HEV IgM negativo, orienta-se a solicitação do RNA-HEV. A presença de RNA-HEV positivo, no sangue ou nas fezes, por mais de seis meses, define a hepatite E crônica. O gráfico abaixo mostra a evolução clínica e laboratorial da hepatite E. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 45 5.4 COMPLICAÇÕES A insuficiência hepática aguda ocorre em 0,5 a 4% dos pacientes com hepatite E, sendo mais comum em grávidas e em hepatopatas. A hepatopatia crônica por HE ocorre, basicamente, em pacientes imunodeprimidos (indivíduos com AIDS, linfoma ou que foram submetidos a transplante de órgãos sólidos ou medula) infectados pelo genótipo 3. Há relatos de hepatopatia crônica pelo genótipo 4. 5.4.1 HEPATITE E X GESTANTES Ao pensar em hepatite E, lembre- se das gestantes, já que essa infecção pode ser mais grave nesse grupo de pacientes. (ESSE TEMA JÁ FOI COBRADO EM ALGUMAS PROVAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA) HEPATITE E e GESTANTES Em áreas endêmicas, gestantes possuem risco maior de hepatite fulminante, principalmente, se forem infectadas no terceiro trimestre da gestação. A taxa de mortalidade por hepatite E aguda na gestação varia de 15 a 25%. As gestantes desnutridas possuem risco maior de evoluir com insuficiência hepática aguda. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 46 A tabela abaixo lista as principais diferenças entre as infecções pelos genótipos 1 e 2 e os genótipos 3 e 4. Genótipos 1 e 2 (doença epidêmica) Genótipos 3 e 4 (hepatite E autóctone) Acomete, principalmente, jovens Mais comum em indivíduos mais velhos Não causa doença crônica Pode causar hepatite crônica (principalmente, o genótipo 3) Transmissão fecal-oral Transmissão por consumo de carne mal cozida ou contato com animais infectados, principalmente suínos Sintomas extra-hepáticos são menos frequentes Presença de sintomas extra-hepáticos Autolimitada Pode cronificar 5.5 TRATAMENTO Na maioria das vezes, a hepatite E aguda é autolimitada e evolui sem complicações. Os pacientes que complicam com hepatitefulminante devem ser encaminhados ao transplante hepático. 5.5.1 TRATAMENTO DA HEPATITE E CRÔNICA A hepatite crônica ocorre, quase que exclusivamente, em pacientes imunodeprimidos. Em alguns casos, a simples redução da dose do imunossupressor é capaz de erradicar o vírus (negativação do RNA-HVE por 12 semanas), em até 30% dos casos. Se o paciente usar tacrolimus, esse deve ser o primeiro medicamento a ter a dose reduzida. Para os pacientes que não usam imunossupressor ou que não podem reduzir a dose da medicação, a ribavirina pode ser usada. A dose recomendada é de 600 a 1.000 mg/dia, em duas doses diárias. O efeito adverso mais comum é a anemia, que pode ser abordada com a redução da dose do medicamento, uso de eritropoetina ou transfusão de sangue. Com o uso do antiviral, recomenda-se a avaliação do hemograma, creatinina, transaminases, Gama-GT, fosfatase alcalina e bilirrubinas, com quatro semanas de tratamento, com avaliações subsequentes, dependendo desses resultados iniciais. O hemograma deve ser avaliado com 8 e 12 semanas de tratamento para observação da anemia. A ribavirina é teratogênica e não deve ser usada em gestantes. 5.6 PREVENÇÃO Os indivíduos que viajarão para áreas endêmicas devem ser orientados quanto aos cuidados no consumo de água e alimentos. Devem evitar a ingestão de água de natureza desconhecida, assim como o consumo de carnes e frutos do mar mal cozidos e vegetais crus. Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 47 CAIXA DE DESTAQUE Vias de transmissão: fecal-oral, por consumo de água ou alimento contaminados ou por ingestão de carne mal cozida de animais infectados (principalmente suínos). Forma grave em gestantes, com hepatite fulminante e alta mortalidade, principalmente se a infecção ocorrer no terceiro trimestre de gestação A cronificação ocorre com a infecção pelo genótipo 3, sobretudo, em indivíduos imunodeprimidos (HIV ou indivíduos submetidos a transplante de órgãos sólidos). Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 48 Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://bit.ly/3tS7qsi https://bit.ly/3tS7qsi Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 49 CAPÍTULO 6.1 HEPATITE A 6.2 HEPATITE B 1. Golfman, L.; Shafer, A. Cecil Medicina. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 2. Glikson M, Galun E, Oren R, et al. Relapsing hepatitis A. Review of 14 cases and literature survey. Medicine (Baltimore) 1992; 71:14. 3. Inman RD, Hodge M, Johnston ME, et al. Arthritis, vasculitis, and cryoglobulinemia associated with relapsing hepatitis A virus infection. Ann Intern Med 1986; 105:700. 4. Kasper, D.L. et al. Medicina Interna de Harrison. Porto Alegre: AMGH, 2017. 5. Kemmer NM, Miskovsky EP. Hepatitis A. Infect Dis Clin North Am 2000; 14:605. 6. Koff RS. Clinical manifestations and diagnosis of hepatitis A virus infection. Vaccine 1992; 10 Suppl 1:S15. 7. Ministério da Saúde. Manual dos centros de referência para imunobiológicos especiais. Brasília, 5. edição. Ministério da Saúde, 2019. 8. Rezende G, Roque-Afonso AM, Samuel D, et al. Viral and clinical factors associated with the fulminant course of hepatitis A infection. Hepatology 2003; 38:613. 9. Schiraldi O, Modugno A, Miglietta A, Fera G. Prolonged viral hepatitis type A with cholestasis: case report. Ital J Gastroenterol 1991; 23:364. 10. Stapleton JT. Passive immunization against hepatitis A. Vaccine 1992; 10 Suppl 1:S45. 11. Zaterka, S.; Eisig, N. Tratado de gastroenterologia: da graduação a pós-graduação. São Paulo: Editora Atheneu, 2016. 12. Winokur PL, Stapleton JT. Immunoglobulin prophylaxis for hepatitis A. Clin Infect Dis 1992; 14:580. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília, 2019. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Prevenção Combinada do HIV: Bases conceituais para profissionais trabalhadores(as) e gestores(as) de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. 6. EUROPEAN ASSOCIATION FOR THE STUDY OF THE LIVER. Normas de Orientação Clínica da EASL: abordagem da infecção crônica pelo vírus da hepatite B. Journal of Hepatology, [S.l.], v. 57, p. 167-185, 2012. 7. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO HEPATITES VIRAIS. Brasília: Ministério da Saúde, ano 1, v. 1, 2010. 6.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Estratégia MED Hepatites Virais Prof. Fernanda Canedo e Prof. Giordanne Freitas| Resumo Estratégico| 2024 HEPATOLOGIA 50 6.3 HEPATITE C 6.4 HEPATITE D 8. SHERMAN, M.; SHAFRAN, S.; BURAK, K. et al. Management of chronic hepatitis B: consensus guidelines. Canadian Journal of Gastroenterology, [S.l.], v. 21, supl. C, p. 5C-24C, jun. 2007. 9. LOK, A. S. F.; MCMAHON, B. J. AASLD practice guideline update: chronic hepatitis B: update 2009. Hepatology, [S.l.], v. 50, n. 3, p. 661- 662, Sept. 2009. 1. AASLD IDSA Hepatitis C Guidance Panel. Hepatology, v. 71, n. 2, p. 686-721, 2020. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento De Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília, 2019. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria
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