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PROCESSO DE CONHECIMENTO

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PROCESSO DE CONHECIMENTO 
PROCESSO DE CONHECIMENTO 
Rafaela Lacerda Assis 
 
Iniciar 
OLÁ! 
Você está na unidade Processo do Conhecimento. Conheça aqui o modo 
como o processo se forma, seu meio de formação e os requisitos necessários 
para que ele se constitua de forma válida por meio da petição inicial, 
possibilitando o desencadeamento dos atos processuais subsequentes, que 
culminarão na prolação de uma sentença nos termos e limites estabelecidos na 
peça inaugural do processo. Para tanto, é necessário tratar da formação do 
processo e da petição inicial, bem como do pedido que constituirá a pretensão 
jurídica do autor da causa. 
 
Bons estudos! 
1.0 Formação do processo e petição inicial 
Neste tópico, abordaremos o ato inicial de instauração do processo representado 
pelo protocolo da petição inicial. Trata-se da peça de ingresso que expõe do 
que se trata a demanda sobre a qual versará o processo. É a petição que 
fundamenta juridicamente o direito pleiteado e expõe qual o direito que a parte 
pretende que seja satisfeito com aquela demanda. No Código de Processo Civil 
(CPC), Lei nº 13.105/2015, a formação do processo é tratada no artigo 312, 
enquanto a petição inicial é tratada nos artigos 319 a 331. 
1.1 Petição inicial e demanda 
O processo é, sinteticamente, um conjunto de normas aplicáveis a 
procedimentos judiciais. Estas normas têm o objetivo de dirimir conflitos gerados 
no âmbito de uma relação jurídica entre sujeitos. 
O processo se inicia com o protocolo da petição inicial, que representa a 
propositura da demanda naquela data específica, conforme artigo 312 do CPC, 
que diz: “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada. 
Todavia, a propositura da ação só produz os efeitos mencionados quanto ao réu 
no art. 240 depois que for validamente citado”. 
A propositura da demanda inaugura uma série de atos processuais que se 
seguirão, formando a relação processual entre as partes do processo, bem como 
entre estas e aquela jurisdição. 
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/PROCESSO%20DE%20CONHECIMENTO/UNIDADE%201/index.html#section_1
Assista aí 
 
A petição inicial não se confunde com a demanda, mas é a forma pela qual a 
demanda se materializa no mundo jurídico, como se a petição inicial fosse um 
recipiente e a demanda o líquido que o preenche. 
A partir da propositura da ação, o processo passa a produzir efeitos para o autor, 
gerando litispendência. No entanto, ele só passa a produzir efeitos para o réu a 
partir da citação. 
A propositura da demanda induz litispendência e torna litigiosa a coisa em 
relação ao autor, enquanto que os efeitos do artigo 240 do CPC, que incluem 
também a constituição de mora do devedor, apenas fazem efeito em relação ao 
réu depois da citação válida. 
Desses efeitos é muito importante destacar a litispendência, que é o efeito 
verificado quando se repete ou reproduz uma ação que esteja em curso ou que 
foi anteriormente ajuizada. Nesse caso, nos termos do § 2º do artigo 337 do 
CPC, consideram-se idênticas as ações que possuírem mesmas partes, mesma 
causa de pedir e mesmo pedido. Sendo assim, ao inaugurar uma demanda 
judicialmente, é importante verificar se a ação idêntica está – ou já esteve – em 
curso, uma vez que a propositura da demanda é o momento em que se verifica 
se há litispendência ou não. 
 
Nos dizeres de Fredie Didier Jr. (2015, p. 548): 
A demanda é o conteúdo da petição inicial. Forma é o meio pelo qual a vontade 
se expressa, se exterioriza. Ao tempo em que serve para exteriorizar à vontade, 
a forma serve de prova para o ato jurídico. Para maior segurança, a lei às vezes 
impõe que determinados atos jurídicos se revistam de determinada forma. A 
demanda é deles. O estudo dos requisitos da petição inicial (...) não passa de 
estudo dos requisitos formais do ato jurídico demanda. Como a demanda tem a 
função de bitolar a atividade jurisdicional [...] costuma-se dizer que a petição 
inicial é um projeto de sentença: contém aquilo que o demandante almeja ser o 
conteúdo da decisão que vier a acolher seu pedido. 
Desse modo verifica-se que a demanda expressa por meio da petição inicial é a 
delimitação daquilo que poderá ser objeto da tutela jurisdicional. Desta forma, a 
decisão proferida futuramente só poderá alcançar os limites daquele direito que 
foi contemplado na petição inicial, sem poder aumentar ou reduzir o seu alcance. 
1.2 Requisitos da petição inicial 
Conforme dito, a petição inicial é a forma que a demanda toma, o que significa 
que o conteúdo deve ser expresso conforme determinados requisitos para que 
seja considerado juridicamente válido. 
Tais requisitos encontram-se expressos nos artigos 319 a 321 do CPC e indicam 
as informações básicas que a petição inicial deve conter, bem como as medidas 
tomadas pelo autor ou pelo magistrado caso não se verifique o cumprimento de 
tais regras. É importante ressaltar que a petição deve ser apresentada de forma 
escrita, com sua autoria identificada e data de assinatura, sendo a postulação 
oral medida de exceção prevista em legislação específica. 
Conforme o artigo 319, são pressupostos básicos da petição inicial: 
• 
 
(i) o juízo a que a petição é dirigida 
• (ii) a qualificação das partes, composta pelos nomes, 
prenomes, estado civil, a existência de união estável, a 
profissão, o número de inscrição no CPF ou no CNPJ, o 
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do 
réu 
• (iii) o fato e os fundamentos jurídicos do pedido 
• (iv) o pedido com suas especificações 
• (v) o valor da causa 
• (vi) as provas com que o autor pretende demonstrar a 
verdade dos fatos alegados 
• (vii) a opção do autor pela realização ou não de audiência de 
conciliação ou mediação 
O juízo a que a petição é dirigida é o foro identificado como competente para 
julgar aquela demanda, e deve ser indicado no cabeçalho da petição inicial 
designando-se a unidade territorial (comarca ou seção judiciária), bem como a 
qualidade do magistrado que receberá originariamente a demanda. Como 
exemplo: Exmo. Sr. Juiz de Direito da __ Vara da Fazenda Pública da Comarca 
de Florianópolis/SC; ou Exmo. Sr. Juiz Federal da Vara Cível da Seção Judiciária 
de São Paulo/SP. 
 
As regras para determinar qual foro é o competente para julgar determinada 
demanda estão insculpidas nos artigos 42 a 66 do CPC, e estabelecem qual 
juízo poderá julgar aquela demanda específica em razão do território, da matéria 
a ser julgada, da qualidade das partes envolvidas no processo ou do valor da 
causa. 
 
A qualificação das partes é o simples preenchimento das informações pessoais 
das partes, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas. 
Conforme o § 1º do artigo 319 do CPC, caso o autor não possua tais 
informações, poderá requerer ao juiz as diligências judiciais necessárias para a 
obtenção dos dados do réu. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando o réu tem 
moradia incerta ou seu nome é desconhecido. 
Como tratado acima, o objetivo da qualificação das partes é a adequada citação 
do réu de modo que, conforme o § 2º do artigo 319 CPC, mesmo que alguma 
das informações não esteja presente, a petição inicial não será indeferida caso 
as informações ali contidas sejam suficientes para o sucesso na citação do réu. 
A terceira exceção é aquela prevista no § 3º do artigo 319 do CPC, a qual 
determina que a inicial será aceita, mesmo sem os dados necessários, quando 
a obtenção das informações se tornar impossível ou excessivamente custosa. 
Um exemplo para esse caso é quando o réu é indeterminado ou numeroso, como 
nos casos de ocupação irregular de uma aglomeração de pessoas, em ações 
possessórias, em que pode ser impossível para o autor precisar quantas e quais 
pessoas deveriam compor o polo passivo da ação. 
O fato e os fundamentos jurídicos são também conhecidos como causa de pedir. 
Conforme define Didier (2015, p. 551), 
A causade pedir é o fato ou o conjunto de fatos jurídicos (fato(s) da vida 
judicializado(s) pela incidência da hipótese normativa) e a relação jurídica, efeito 
daquele fato jurídico, trazidos pelo demandante como fundamento do seu 
pedido.[...] Tem, assim, o autor de, em sua petição inicial, expor todo o quadro 
fático necessário à obtenção do efeito jurídico perseguido, bem como 
demonstrar como os fatos narrados autorizam a produção desse mesmo efeito 
(deverá o autor demonstrar a incidência da hipótese normativa no suporte fático 
concreto). 
O art. 282, III do CPC diz que a causa de pedir é composta dos 
fatos e do fundamento jurídico, distinguindo a os fatos como a 
causa de pedir remota e o fundamento jurídico como a causa 
de pedir próxima. 
 
Isso significa que o autor deverá narrar o fato e descrever qual a 
consequência jurídica dele que gerou o direito que se está postulando por 
meio da demanda, ou seja: qual fato e qual a relação jurídica consequente. 
Desse modo não poderá haver demanda genérica, mas apenas uma demanda 
que se amolde a uma situação, ou a uma pluralidade de situações concretas 
fáticas vividas pelo autor de modo concreto e individualizado. Situação essa que 
produziu efeitos no mundo jurídico e que gerou o litígio objeto da proposição 
judicial. Importante destacar que todo os fatos alegados deverão ser passíveis 
de prova, seja já constituída na petição inicial por meio de documentos, ou por 
meio de outras provas admitidas que serão produzidas ao longo do processo 
como oitiva de testemunhas ou perícia técnica. 
É interessante citar a reprodução de esquema gráfico elaborado por Didier 
(2015, p. 554), por meio da qual são descritas as etapas que levarão à formação 
da causa de pedir, que culminará no pedido: 
 
 
#PraCegoVer: Tabela com organograma: o primeiro quadrado possui a palavra 
"Incidência". Dele sai uma seta que passa por dois quadrados um ao lado do 
outro: "Fato ou conjunto de fatos" e "Hipótese normativa". A seta passa por eles 
e chega ao quadrado com o dizer: "Fato jurídico (causa de pedir)". Deste, uma 
seta liga ao quadrado com "Relação jurídica substancial deduzida", do qual saem 
duas setas. A da esquerda vai até o quadrado "Situação jurídica passiva (dever 
jurídico legal, obrigação, etc.). A seta da direita vai para o quadrado "Situação 
jurídica ativa (direitos subjetivos, interesses juridicamente tutelados etc.). Destes 
dois quadrados da esquerda e direita, saem setas que se unem e vão ao final, 
que indica "Pedido (efeito jurídico pretendido)". 
Seguindo os requisitos da petição inicial, após delineada a causa de pedir, 
conforme descrito acima, é necessário que se realize o pedido que é a 
delimitação do que se quer por fim. 
Ainda, conforme os artigos 291 a 293 do CPC, é necessário que se indique o 
valor da causa em número certo e expresso em moeda nacional, o qual deverá 
exprimir o real proveito econômico envolvido em discussão, ou evidenciar tal 
impossibilidade caso não haja conteúdo econômico imediatamente aferível, 
conforme parâmetros estimativos previstos no artigo 292 do CPC. O valor da 
causa será importante fator para o cálculo de despesas judiciais e honorários 
sucumbenciais, motivo pelo qual se faz importante que seja preciso, podendo 
inclusive ser impugnado pelo réu em preliminar de contestação, conforme artigo 
293 do CPC. 
 
O inciso V do artigo 292 determina que, na ação indenizatória, o valor da causa 
corresponderá ao valor pretendido. Isso não significa, contudo, que o autor da 
causa não possa fazer pedido genérico, requerendo que o juiz arbitre o valor da 
indenização. Conforme entendimento do STJ (REsp 693.172/MG, 12/9/2005 e 
REsp 1321219 de 04/05/2017) o pedido de indenização pode ser genérico. 
Apenas quando o valor pretendido for expressamente indicado pelo autor, ele 
deverá ser idêntico e vinculado ao valor da causa. 
O próximo requisito trata da indicação das provas que se pretende produzir. 
Entretanto, essa não é a indicação definitiva das provas que serão de fato 
produzidas no processo, tendo em vista que o juiz pode determinar a produção 
de provas nos termos do artigo 370 do CPC. Desta forma, é na fase de 
saneamento do processo que as partes serão intimadas a indicar as provas que 
pretendem produzir. 
Por fim, a petição inicial deverá conter a opção por realizar ou não a audiência 
de conciliação ou mediação. Sendo facultativa, ela ocorrerá caso o autor assim 
opte, antes da oportunidade de defesa por parte do réu, com o objetivo 
oportunizar que o litígio se finalize em uma composição amigável. Caso o autor 
não indique sua vontade, ela será presumida e o juiz agendará a audiência, 
independentemente de emenda à inicial. 
Além dos requisitos inerentes ao conteúdo da petição inicial, o artigo 320 do CPC 
determina que esta deverá ser instruída com os seguintes documentos 
indispensáveis à propositura da ação: os documentos que comprovam a 
qualificação da parte autora, conforme indicado na inicial; a procuração que 
outorga poderes ao advogado do autor (art. 287 do CPC), que a lei 
expressamente exige; e documentos que sejam aptos a provar o direito, já que 
o momento para produção de prova documental é, em regra, no momento da 
propositura. 
A produção documental deve provar, quando suficiente, todos os fatos alegados, 
já que o ônus de provar o que alega, em regra, é do autor da demanda. 
Entretanto, é importante observar que a petição inicial não é o único momento 
de produção de prova no processo, já que é possível ao autor: (i) produção de 
prova documental posterior, após a fase de saneamento do processo; (ii) 
requerer que o juiz diligencie para a obtenção de documentos necessários a 
provar o direito; e (iii) requisitar que o réu exiba documentos dos quais tem 
posse, e que são necessários ao deslinde da demanda. 
1.3 Emenda da petição inicial 
Vimos, portanto, o que uma petição inicial deve conter para que seja deferida 
pelo juiz e para que se dê prosseguimento à demanda. Entretanto, pode 
acontecer de algum dos requisitos formais não ser observado pela parte autora, 
mas se tratar de algo que possa ser corrigido ou sanado, não justificando que o 
juiz cancele todo o processo por este motivo, já que ele pode ser consertado pelo 
autor. 
Diante de tal situação, o artigo 321 do CPC determina que quando o juiz verificar 
que algum dos requisitos dos artigos 319 e 320 está faltando ou apresenta 
irregularidades capazes de prejudicar o julgamento futuro da demanda, deverá 
determinar que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, emende ou complete a 
petição. 
Neste caso, o juiz deverá indicar e descrever de modo pormenorizado qual 
requisito entende estar omisso ou incompleto na petição inicial, demonstrando 
objetivamente ao autor o que deve ser corrigido para que a petição seja deferida. 
Emendar a inicial é, portanto, corrigir um vício apontado pelo juiz como essencial 
para a solução da lide. Essa determinação pode ser feita quantas vezes o juiz 
entender necessário, sempre que entender que o defeito é sanável, com o 
objetivo de evitar que o processo se perca em razão de requisitos formais, os 
quais são importantes para o processo mas não podem prejudicar a solução de 
conflitos. 
Caso o autor não cumpra a diligência requerida pelo juiz, a petição inicial será 
indeferida, conforme prescreve o parágrafo único do artigo 321 do CPC. 
1.4 Indeferimento da petição inicial: considerações gerais e hipóteses 
Conforme já tratado, a petição inicial deve obedecer a uma determinada forma. 
A demanda deve possuir pertinência e determinados documentos deverão 
compor a petição. Caso não sejam cumpridas tais premissas, a petição inicial 
será indeferida, conforme autoriza o artigo 321 do CPC, impedindo de modo 
liminar o prosseguimento da causa, antes que o réu seja ouvido. O momento do 
indeferimento da inicial é muito importante, pois mata a causa antes mesmo que 
ela exista e produza efeitos no mundo jurídico. Após a praticar outros atos 
processuais, como a citação do réu,já não é mais possível que se indefira a 
inicial, pois a demanda já terá iniciado a produção de efeitos no mundo jurídico. 
Isso não significa que o juiz não possa extinguir posteriormente o processo por 
outros motivos processuais verificados após o prosseguimento válido do feito 
(conforme art. 485 do CPC). Significa apenas que esse é o único momento que 
o feito poderá ter fim com fundamento no indeferimento da petição inicial. 
Conforme lição de Didier (2015, p. 558): 
É o indeferimento [da petição inicial] uma hipótese especial de extinção do 
processo por falta de um “pressuposto processual”. A petição inicial válida é um 
requisito processual de validade, que, se não preenchido, implica extinção do 
processo sem exame do mérito. Se o defeito se revelar macroscopicamente, é o 
caso de indeferimento; se o magistrado tiver ouvido o réu para acolher a 
alegação de invalidade, não é mais o caso de indeferimento, mas sim de extinção 
com base no art. 485, IV do CPC. A distinção é importante, pois o regramento 
do art. 331 do CPC somente se aplica à decisão que indefira a petição inicial, 
bem como, sendo liminar a sentença, não se condenará o autor ao pagamento 
de honorários advocatícios em favor do réu ainda não citado. 
Ou seja, é justamente pelo fato de a petição inicial não produzir qualquer efeito 
jurídico em relação a qualquer pessoa que ela pode ser indeferida sem quaisquer 
ônus à parte autora, como se o processo não houvesse sido iniciado para o 
mundo jurídico. Isso não acontece quando outros atos processuais são 
praticados, o que envolve o réu na demanda e passa a produzir efeitos, gerando 
consequências processuais, como é o caso do pagamento de honorários 
advocatícios conforme exemplo supracitado pelo doutrinador. 
Observe-se que o indeferimento da inicial não resolve o mérito, possibilitando 
que a demanda seja novamente proposta caso corrigidos os vícios que 
motivaram o indeferimento, quando possível. A decisão que indefere a petição 
inicial apenas declara que aquela demanda, do modo como foi apresentada, não 
poderá nem mesmo ser apreciada pelo juízo, tendo em vista o fato jurídico que 
impede o prosseguimento do feito. 
Outro efeito do modo de indeferimento da petição inicial é o recurso cabível 
diante da decisão proferida. Quando a demanda versar sobre diversas causas 
de pedir, o indeferimento da inicial pode ser parcial, ou seja, em relação a apenas 
parte da pretensão jurídica, seguindo o feito em relação à parte que o juiz 
entende como apta de prosseguimento, cabendo agravo (nos termos do art. 
1015 do CPC) face à decisão, que será interlocutória. Quando se tratar de uma 
causa de pedir indivisível, o indeferimento da inicial implicará na prolação de uma 
sentença que extinguirá o feito sem resolução de mérito, contra a qual poderá 
ser interposto o recurso de apelação. 
Caso a decisão seja proferida em tribunal, monocraticamente ou em instância 
colegiada, a decisão também terá características diferentes, cabendo outros 
recursos. 
Conforme lição de Didier (2015, p. 560): 
Com base nisso, pode-se estabelecer o sistema recursal da decisão que indefere 
a petição inicial: 
a) se se tratar de um indeferimento parcial feito por juízo singular (decisão 
interlocutória), o recurso cabível é o agravo de instrumento (art. 354, par. Ún, 
CPC;); 
b) se se tratar de indeferimento total do feito por juízo singular, será apelação; 
c) contra indeferimento total ou parcial feito por decisão do relator, caberá agravo 
interno; 
d) contra indeferimento total ou parcial feito por acórdão, caberão, conforme o 
caso, recurso ordinário constitucional, recurso especial ou recurso 
extraordinário. 
As hipóteses de indeferimento da petição inicial estão contidas no artigo 330 do 
CPC, e seus efeitos no artigo 331 do CPC. 
Conforme o Código de Processo Civil a petição inicial será indeferida quando: (i) 
for inepta; (ii) a parte for manifestamente ilegítima; (iii) o autor carecer de 
interesse processual; (iv) não forem atendidas as prescrições dos arts. 106 e 
321. 
O Artigo 331 trata dos efeitos jurídicos do indeferimento da petição inicial que 
são: (i) o cabimento do recurso de apelação; (ii) a possibilidade de que o juiz se 
retrate no prazo de 5 (cinco) dias contados da apelação. O réu deverá ser citado 
para responder à apelação, caso não haja retratação por parte do juiz, ou 
intimado do trânsito em julgado quando não houver interposição de apelação. 
Caso, em sede de recurso, o tribunal reforme a decisão, o novo prazo para 
contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos à primeira 
instância. 
Para a compreensão das hipóteses elencadas no artigo 330 é necessário o 
entendimento de determinados conceitos que não se encontram explícitos no 
texto da lei, exceto pela petição inepta, que é definida no § 1º do citado artigo. 
1.5 Inépcia da inicial 
Conforme o § 1º do artigo 330 do CPC, a inicial será considerada inepta quando 
faltar pedido ou causa de pedir; quando apresentar pedido indeterminado não 
albergado pelas hipóteses legais que permitirem pedido genérico; quando a 
narração dos fatos não levar logicamente à conclusão ou contiver pedidos 
incompatíveis entre si. 
Observe que os defeitos elencados pelo CPC estão todos ligados a vícios que 
impedem ou obstaculizam o julgamento do feito, tendo em vista que não é 
possível que se julgue uma demanda que não explicite o que se pretende, ou 
que não haja fatos e fundamentos que justifiquem o pedido, ou que formule 
pedidos que se anulem ou que sejam contraditórios. 
A inépcia da inicial decorre da ausência da identificação dos limites e 
fundamentos da demanda, impossibilitando ao magistrado delimitar a respeito 
do que, de fato, versa a demanda. Desta forma, torna-se impossível alcançar o 
mérito da questão, que não pode ser identificado naquela petição inicial inepta. 
A inépcia é, portanto, uma ausência de possibilidade de identificação e de 
reconhecimento do que deve ser julgado. 
A ausência de pedido ou de causa de pedir impede a delimitação da demanda. 
O juiz não consegue verificar até onde pode julgar, tendo em vista que diversas 
informações essenciais estão ausentes ou incompletas, tratando-se de uma 
demanda obscura. 
O pedido e seus requisitos serão melhor abordados no tópico seguinte, mesmo 
assim é importante destacar que o pedido deverá ser certo e determinado, sendo 
que o pedido indeterminado, quando a lei não autorizar pedido genérico, é outra 
das causas de inépcia da inicial. Isso se justifica porque a decisão de mérito 
oferta uma resposta a um pedido. Se não é possível identificar precisamente qual 
é o pedido, não é possível também conferir-lhe uma resposta adequada. 
A terceira hipótese de inépcia da inicial trata do pedido, abordando a coerência 
da demanda. Não é possível que a narração dos fatos e fundamentos verse 
sobre um determinado tema enquanto o pedido seja a respeito de outro. Por 
exemplo: em uma ação possessória em que se discute a desocupação de 
determinado imóvel, o pedido não pode versar sobre demarcação de terras. 
Outro exemplo é quando a demanda versa sobre descumprimento contratual e 
o autor requer anulação do contrato, enquanto deveria pedir resolução do 
contrato. 
Por fim, também a respeito do pedido, a quarta hipótese legal é a de que, quando 
há mais de um pedido cumulativamente, estes não podem ser incompatíveis 
entre si, pois um pedido anula o que é pretendido no outro. É importante lembrar 
que nesse caso os pedidos são válidos, mas não poderiam estar na mesma 
petição inicial por se tratar de pedidos contraditórios, o que leva à conclusão de 
que, nesse caso, é adequado que o juiz intime a parte a optar por um dos dois 
pedidos e não simplesmente indefira a inicial de plano. 
Além das hipóteses dos incisos do artigo 330, o CPC traz outra hipótese de 
inépcia da inicial em seu § 2º, que elenca requisitos específicos para ações que 
tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de 
financiamento ou alienaçãode bens. Nesse caso, o autor deverá descrever quais 
das obrigações contratuais está contestando especificamente, além de 
demonstrar e quantificar qual valor discutido é incontroverso e qual está sendo 
objeto de discussão. Assim como no caso anterior, trata-se de vício sanável, em 
que é mais adequado que o juiz intime a parte a completar o pedido do que 
indefira a inicial. 
O § 3º apenas determina que, nas hipóteses do § 2º, o autor deverá permanecer 
adimplindo as eventuais parcelas incontroversas, regra de direito material. 
Assista aí 
1.6 Ilegitimidade da parte 
A ilegitimidade da parte, nos termos do inciso II do artigo 330, verifica-se quando 
o sujeito indicado como parte na petição inicial não é o titular daquela relação 
jurídica que está sendo discutida na demanda, seja como autor ou como réu. 
É o caso, por exemplo, de uma pessoa pleitear em nome próprio o direito de 
outrem, ou quando indica-se um réu que não praticou nenhuma ação contra o 
autor, o que acontece muito quando, na existência de grupo econômico de 
conhecimento notório, indica-se empresa do grupo que não foi exatamente 
aquela que estabeleceu a relação jurídica com o autor. 
Nesse caso, por se tratar de vício sanável, o ideal é que o juiz determine a 
emenda da petição inicial, intimando o autor para que indique corretamente a 
parte que compôs a relação jurídica que está sendo discutida. 
1.7 Ausência de interesse processual por parte do autor 
O interesse processual diz respeito à relação entre o autor da demanda e o 
objeto da demanda: o bem pretendido. É a definição entre o que está sendo 
pedido e o direito e necessidade que o autor tem de pedir aquele bem jurídico. 
Também diz respeito à relação da parte com o processo. Não há interesse 
processual, nos termos do inciso III do artigo 330, quando o processo não seria 
necessário para a obtenção do pedido ou quando o procedimento adotado não 
é o meio adequado para fazer aquele pedido. 
1.8 Não atendimento das prescrições dos artigos 106 e 321 
Por fim, o último motivo de indeferimento da petição inicial, previsto no inciso IV 
do artigo 330, é o descumprimento dos requisitos insculpidos nos artigos 106 e 
321 do CPC. 
O artigo 106 trata dos requisitos para que advogados postulem em causa própria. 
No caso, além de observar todos os requisitos dos artigos 319 e 320, o advogado 
deverá também indicar seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do 
Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, ou outro endereço 
para recebimento de intimações. Conforme o § 1º do artigo 116, caso o advogado 
não cumpra os requisitos do inciso I, deverá ser intimado para completar as 
informações no prazo de 5 (cinco) dias. 
As prescrições do artigo 321, conforme já tratadas, dizem respeito à 
possibilidade de que o juiz determine a emenda da inicial de modo que, caso o 
autor não cumpra as determinações contidas na decisão, a petição inicial deverá 
ser indeferida. 
2.0 Pedido 
As regras relativas ao pedido, tais como requisitos, possibilidades, vedações e 
exceções estão previstas na Seção II, do Capítulo II, Livro I, do CPC, 
compreendendo os artigos 322 a 329. 
Por ser um dos requisitos da petição inicial, conteúdo este apresentado no tópico 
acima, o pedido deve estar em total consonância com o quanto foi previsto 
no CPC, sob risco de indeferimento da petição inicial (art. 330, § 1º, incisos 
I, II e IV, CPC). 
2.1 Conceito 
O pedido é a pretensão objetivada pelo autor. É o bem jurídico ao qual se busca 
a proteção, ou seja, é o objeto final da ação e, consequentemente, guia a 
atuação jurisdicional ao limitar os parâmetros da sentença a ser proferida. 
Ainda, é com base no pedido formulado pelo autor que o réu exercerá o seu 
contraditório. 
Nos dizeres de Roque (2016, p. 22-23): 
O pedido é um dos elementos da demanda e revela o que o autor veio buscar 
em juízo. Como visto em comentários ao art. 319, item 7, classifica-se em 
imediato (espécie de providência jurisdicional postulada) e mediato (bem da vida 
que o autor pleiteia). A razão de ser do processo é justamente sobre o qual 
recairá a atividade jurisdicional, acolhendo-o ou rejeitando-o. Sob a perspectiva 
do réu, será exercido o contraditório tendo por parâmetro especialmente o que 
foi pedido pelo autor. O pedido, em regra, bitola, a atividade jurisdicional, que 
não deve ser exercida além de seus limites, pela exigência de congruência entre 
o pedido e a sentença (arts. 141 e 492). Apesar disso, em determinadas 
situações, expressamente reguladas em lei, o órgão jurisdicional pode conceder 
tutela diversa da pedida, de maneira a assegurar a efetividade da prestação 
jurisdicional (por exemplo, arts. 497, 536 e 537, que se referem à tutela 
específica ou à obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente ou, ainda, 
a conversão superveniente em perdas e danos, na forma do art. 499). 
O pedido pode ter natureza declaratória, constitutiva/desconstitutiva ou 
condenatória. O pedido declaratório é aquele em que se pretende o 
reconhecimento de forma declarada de algo, como por exemplo o pedido para 
que seja reconhecida a paternidade. O pedido constitutivo/desconstitutivo é 
aquele que pretende a criação, extinção ou alteração de uma relação jurídica. 
Como exemplo tem-se a invalidação de uma cláusula contratual. Por sua vez, o 
pedido condenatório consiste na imputação de uma obrigação, pecuniária ou 
não, ao réu, como por exemplo o pagamento de alimentos. 
Como será abordado em tópico específico, é possível a cumulação de 
pedidos, inclusive a cumulação de um pedido declaratório com um 
condenatório. Por exemplo: declaração do reconhecimento da paternidade 
com a condenação em pagamento de pensão alimentícia. 
Existem duas subdivisões do pedido: o pedido mediato e o pedido imediato. 
Nos dizeres de Alvim (2017, p. 749): 
O pedido imediato (...) é aquele que, desde logo, diretamente se deseja; é o 
pedido dirigido ao Poder Judiciário, no sentido de que outorgue a tutela 
jurisdicional especificamente solicitada. 
Já o chamado pedido mediato representa o bem jurídico material (bem da vida) 
subjacente ao pedido imediato. O pedido mediato, portanto, representa o que o 
autor deseja (interesse do autor), em detrimento do interesse do réu e o imediato 
“como” o autor deseja. O pedido mediato evidencia o objeto litigioso, ou a lide 
(terminologia do Código), ou ainda, o mérito. 
A título de exemplo, o pedido imediato é a condenação no pagamento de um 
determinado valor, enquanto que o pedido mediato é o reconhecimento da 
dívida. 
Assista aí 
2.2 Requisitos 
Os requisitos estão previstos nos artigos 322 e 324 do CPC, que estabelecem 
que o pedido deve ser certo e determinado. 
Por certo, tem-se a ideia de expresso, claro e definido. À exceção das regras 
previstas no § 1º do artigo 322 do CPC, o ordenamento jurídico não admite 
pedido implícito (o pedido implícito será estudado no subtópico correspondente). 
Nos dizeres de Roque (2016, p. 23) “tal exigência serve para que o juiz possa 
delimitar o âmbito de sua atuação”. 
Ainda, o pedido deve ser determinado, traduzindo-se em liquidez, qualidade e/ou 
quantidade. Tal como ocorre com a certeza do pedido, o artigo 324, § 1º, CPC, 
traz as hipóteses legais em que o pedido pode ser genérico (que será abordado 
em tópico específico). 
O pedido deve estar expresso na petição inicial e definido quanto à quantidade 
e à qualidade, ou seja, deve ser uma pretensão precisa, porém isso não 
determina a necessidade de uma expressão econômica definida. 
2.3 Cumulação de Pedidos 
Como narrado anteriormente, é lícito ao autor cumular os pedidos, desde que 
eles sejam compatíveis entre si, o juiz da causa seja competente para julgar 
todos os pedidos formulados, e o procedimento escolhido seja compatível para 
todos os pedidos formulados. Essa autorização está prevista no artigo 327 do 
CPC. 
Nessa esteira, a compatibilidade entre os pedidos implica necessariamente que 
eles sejam coexistentes no mundo jurídico, ou seja, que nãose excluam nem se 
anulem (com exceção do pedido alternativo que será analisado mais à frente). 
Podemos citar como exemplo uma ação revisional de aluguel cumulada com 
ação de despejo, em que o autor busca a revisão do valor do aluguel e, ao 
mesmo tempo, quer despejar o inquilino. Neste caso, ou o autor pretende a 
revisão do aluguel ou o despejo do inquilino: as duas situações juntas não se 
mostram cabíveis. 
Caso os pedidos sejam incompatíveis, o juiz não deve indeferir a petição 
inicial de plano, mas deve determinar a intimação do autor para que opte 
por um dos pedidos, em nome da economia processual. 
Ainda, o juiz deve ser competente para apreciar todos os pedidos. Isso significa 
que um pedido de competência estadual não pode ser cumulado com um pedido 
de competência federal. Ou, ainda, um pedido cível não pode estar junto de um 
pedido criminal. 
No entendimento da súmula 170/STJ quando o juízo for competente apenas 
para apreciar alguns dos pedidos formulados, ele deverá decidir a causa 
no limite da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de uma nova ação, 
no juízo competente, para apreciação dos demais pedidos. 
Por fim, o fato de um procedimento ser compatível com os pedidos implica em 
dizer que uma ação de rito especial somente pode conter pedidos pertinentes ao 
seu rito. Caso o autor busque cumulação de pedidos que possuem ritos 
incompatíveis, deve optar pela ação de rito ordinário. Por exemplo: uma ação 
declaratória de paternidade não pode ser cumulada com uma ação de despejo, 
na qual o autor pretende que seja declarada a paternidade do réu e ao mesmo 
tempo que este também desocupe um imóvel que pertence ao autor. 
Atendidos os requisitos da cumulação de pedidos, cumpre analisar as espécies 
de cumulação, que são divididas em: simples; sucessiva; subsidiária/eventual; e 
alternativa. 
• 
Clique para ver 
As cumulações simples e sucessivas são consideradas cumulações próprias, 
pois exigem a compatibilidade entre os pedidos. Por sua vez, as cumulações 
subsidiárias/eventuais, bem como as alternativas, são classificadas como 
impróprias, pois permitem a cumulação de pedidos incompatíveis uma vez que 
apenas um deles será acolhido. 
 
• Clique para ver 
A cumulação simples de pedido é a formulação de tanto pedidos quanto o autor 
desejar (desde que atendidos os requisitos para tal cumulação), sendo que um 
é independe do outro, ou seja, é possível deferir apenas um deles, todos eles, 
ou alguns deles, sem que um afete o outro. Por exemplo: requerer a condenação 
do autor em danos morais, materiais e estéticos. 
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Na cumulação sucessiva, o deferimento de um pedido depende do acolhimento 
do anterior. Por exemplo: o pagamento de pensão alimentícia depende do 
reconhecimento da paternidade. 
• Clique para ver 
A cumulação subsidiária/eventual, como seu próprio nome define, trata da 
formulação de dois ou mais pedidos que podem ser incompatíveis entre si, ou 
seja, quando o autor pleiteia um pedido principal, e na remota hipótese de 
indeferimento desse, um segundo pedido é apresentado. No presente caso 
aplica-se o exemplo dado por Roque (2016) em que o autor busca a revisão de 
cláusulas contratuais e, na sua impossibilidade, a anulação do contrato. 
• Clique para ver 
Por fim, na cumulação alternativa o autor apresenta dois ou mais pedidos, sem 
indicar qual deles tem preferência. Neste caso, o autor pode pedir a revisão do 
aluguel ou requerer o despejo do inquilino, se qualquer uma das opções lhe 
deixar satisfeito. 
 
Ainda que se mostrem semelhantes, a cumulação subsidiária/eventual diferencia 
da cumulação alternativa quanto ao direito de recorrer em face do pedido que foi 
rejeitado. 
Na cumulação subsidiária/eventual, como autor apresenta uma preferência em 
relação aos pedidos, caso o principal seja rejeitado, é possível recorrer buscando 
o deferimento do pedido principal. 
Por sua vez, na cumulação alternativa, como ambos os pedidos lhe satisfazem, 
o autor não pode recorrer buscando o deferimento do pedido que foi rejeitado. 
3.0 Espécies de Pedido 
A doutrina e a jurisprudência classificam os pedidos em 3 espécies: (i) pedido 
genérico; (ii) pedido alternativo; e (iii) pedido relativo à obrigação indivisível. 
Vejamos cada um deles. 
3.1 Pedido Genérico 
Nos termos do parágrafo 1º do artigo 324 do CPC, a formulação de pedido 
genérico pode acontecer em 3 hipóteses: 
(i) “nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados” 
(ii) “quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato” 
(iii) 
“quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo 
réu” 
Na primeira hipótese, trata-se da situação em que o autor desconhece a 
totalidade do bem pretendido, como por exemplo a herança. O autor não tem 
conhecimento da integralidade do patrimônio, mas tem direito à sua cota da 
herança. Se tiver conhecimento da integralidade de bens a serem inventariados, 
deve formular pedido certo. 
Na segunda hipótese, o autor desconhece a totalidade das consequências do 
bem jurídico tutelado, como por exemplo o pagamento de um tratamento. O autor 
requer que o Estado custeie um determinado tratamento, porém não possui 
elementos para mensurar quanto tempo este durará, e nem mesmo as 
providências necessárias para tanto, ou seja, não conhece os detalhes do 
tratamento nem o seu custo total. 
Por fim, na terceira hipótese, a determinação do objeto ou da condenação 
depende de ato a ser praticado pelo réu. Por exemplo: requerer a condenação 
do réu nos valores em que recebeu indevidamente por um serviço parcialmente 
prestado. Será apurado o quanto foi executado do serviço, e o réu deverá 
devolver ao autor o valor pago a mais. 
3.2 Pedido alternativo 
Com previsão no artigo 325 do CPC, o pedido será alternativo quando, pela 
natureza da obrigação a ser cumprida, poderá o devedor cumpri-la de mais de 
uma forma, ou seja: a obrigação poderá ser extinta de diversas maneiras sem 
que se altere o resultado. 
O parágrafo único do mesmo dispositivo legal traz a possibilidade de o juiz 
assegurar ao devedor o direito de escolha na forma de cumprimento da 
obrigação, ainda que não formulado o pedido alternativo pelo credor, quando 
tratar-se de previsão legal ou contratual. 
Importante mencionar que o pedido alternativo não se confunde com a 
cumulação alternativa. Nos dizeres de Roque (2016, p. 31): 
Essa hipótese não se confunde com a prevista no art. 326, parágrafo único, em 
que o autor formula mais de um pedido para que o juiz acolha um deles, sem 
estabelecer qualquer preferência (cumulação alternativa de pedidos). Aqui, a 
origem da alternatividade está no próprio direito material, que admite o 
adimplemento da obrigação de mais de um modo. É exemplo de pedido 
alternativo a hipótese do art. 500 do Código Civil, em que se admite que, não 
sendo possível o complemento da área na venda de imóvel cujo preço foi 
estipulado por medida de extensão, o comprador exija do vendedor a resolução 
do contrato ou o abatimento proporcional do preço. 
3.3 Pedido relativo à obrigação indivisível 
O pedido relativo à obrigação indivisível está expresso no artigo 328, CPC, que 
assim preceitua: “na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele 
que não participou do processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na 
proporção de seu crédito”. 
Nesse tipo de pedido, o credor de parte de um todo pode ajuizar a demanda 
sozinho, mas somente poderá levantar a parte que lhe couber. Os demais 
credores que não participaram da demanda podem levantar a sua parte, mesmo 
não tendo participado do processo, em decorrência da natureza da obrigação. 
3.4 Interpretação do Pedido e Pedido Implícito 
Além das espécies de pedidos narradas, há situações em que o julgador não 
deve se ater apenas àquilo que foi expressamente pedido pelo autor, 
encontrando respaldo legal para essa interpretação ampliativa. 
3.5 Interpretação do Pedido 
O CPC prevêsituações em que, ainda que não esteja expresso no capítulo dos 
pedidos, há pedidos implícitos que devem ser considerados, além da hipótese 
de interpretação do pedido. 
No antigo Código de Processo Civil, o legislador vedava a interpretação 
ampliativa do pedido, atendo-se ao pedido de forma restritiva. Em outras 
palavras, apenas o pedido expresso poderia ser considerado. No atual CPC, o 
legislador inovou por entender que essa interpretação ampliativa do pedido 
confere maior efetividade ao processo. 
Nessa linha, o artigo 322, § 2º, CPC, dispõe que se deve interpretar o pedido em 
consonância com os fatos e direito narrados na exordial e em atendimento ao 
princípio da boa-fé. 
Em suma, implica em dizer que os pedidos não devem ser analisados de forma 
isolada, mas sob o contexto da petição inicial. 
Esse entendimento advém do entendimento sedimentado do Superior Tribunal 
de Justiça que assim defendia: 
(...) o pedido não deve ser extraído apenas do capítulo da petição 
especificamente reservado aos requerimentos, mas da interpretação lógico-
sistemática das questões apresentadas pela parte ao longo da petição” (STJ, 
REsp 967.375, 2.ª T., rel. Min. Eliana Calmon, j. 02.09.2010, v.u., DJ 
20.09.2010). 
3.6 Pedido implícito 
Por pedido implícito, entende-se aquele que não conste expressamente na 
inicial, mas que estará presente por expressa previsão legal, como é o caso dos 
honorários advocatícios, correção monetária e juros leais. 
Eis os ensinamentos de Roque (2016, p. 23): 
Como temperamento à regra geral de que o pedido deve ser expressamente 
formulado, são estabelecidas algumas hipóteses de pedidos implícitos, os quais, 
sob pena de omissão, devem ser apreciados mesmo não tendo sido pleiteados 
pelo autor na petição inicial. 
O pedido que envolva prestações de trato sucessivo entende como implícito as 
prestações vincendas, conforme expressa previsão legal (artigo 323, CPC). 
3.7 Ampliação da Demanda 
O CPC, em seu artigo 329, inciso I, prevê a possibilidade de o autor emendar a 
inicial antes da citação do réu. 
Essa previsão autoriza que o autor amplie os pedidos, formule novos ou os 
exclua, bem como amplie ou reduza o objeto da lide, respeitados os requisitos 
de cumulação de pedidos já estudados. 
Por sua vez, o inciso II do mesmo dispositivo legal autoriza a alteração do pedido 
após a citação, desde que o réu concorde com tal alteração. Em caso de 
concordância, deverá ser concedido novo prazo para o réu se defender de tal 
aditamento. 
Didier (2015) defende que, quando se tratar de um novo pedido conexo ao 
originário ou de fato constitutivo superveniente, deve ser autorizada a ampliação 
da lide em qualquer estágio do processo, sob pena de tornar inócuas diversas 
outras previsões do próprio CPC, e que não estão limitadas à ampliação da lide 
trazida pelo artigo 329. 
Nessa toada, percebe-se que há possibilidade de ampliação da demanda para 
além daquelas expressamente previstas no artigo 329, CPC. 
3.8 Alteração Objetiva da Demanda 
De acordo com o já mencionado artigo 329 do CPC, as alterações objetivas da 
demanda somente podem ser feitas até o saneamento do processo. Por 
alterações objetivas entende-se o pedido e a causa de pedir. 
Nessa linha, não pode haver alteração da demanda em fase recursal, pois 
implicaria em supressão de instância. 
Essa vedação decorre da necessidade de se estabilizar a demanda e garantir o 
contraditório e ampla defesa do réu. Não pode o autor, a qualquer tempo, alterar 
a demanda. 
No entanto, como o CPC traz uma postura mais mediadora, incentivadora de 
acordos, há entendimentos na doutrina de que, em caso de autocomposição, 
pode haver a ampliação objetiva da demanda, pois autor e réu estarão 
transigindo sobre seus direitos de forma espontânea e a solucionar a lide. 
É ISSO AÍ! 
Ao final desta unidade, você deverá ter a capacidade de: 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
• Entender que a petição inicial é o meio pelo qual a demanda se 
expressa, sendo que o processo é inaugurado pelo protocolo da 
peça inaugural, a qual deverá obedecer aos requisitos dos artigos 
319 e 320 do CPC. 
• Compreender que caso o autor não observe tais requisitos, o juiz 
poderá determinar a emenda da petição inicial. Caso o vício seja 
insanável ou o autor não se manifeste no prazo concedido, a petição 
inicial será indeferida liminarmente, sem a citação do réu, 
fundamentando-se o magistrado nas causas elencadas no artigo 330 
do CPC. 
• Diferenciar os requisitos da petição inicial. O principal deles é o 
pedido, o qual expressa claramente o bem jurídico ao qual se 
pretende a tutela jurisdicional. Além disso, é ele que definirá os 
limites e o objeto da decisão final de mérito que será proferida pelo 
juiz, após instaurado o contraditório. 
• Entender que a formulação dos pedidos deve obedecer aos 
requisitos dos artigos 322 e 324 do CPC. Os pedidos podem ser 
cumulados de modo simples, sucessivamente, subsidiariamente e 
alternativamente, desde que os pedidos não sejam contraditórios 
entre si. 
• Conhecer os pedidos e suas classificações. Devem ser certos, mas 
podem ser genéricos, tanto nos termos do artigo 324 do CPC, 
alternativos, quanto nos termos do artigo 325 do CPC, relativos à 
obrigação indivisível; nos termos do artigo 328 do CPC; ou implícito, 
nos termos do artigo 322 do CPC. 
 
O processo para que produza uma decisão válida deve ser desenvolvido em 
contraditório, o que significa que às partes deve ser dada a oportunidade de 
participar do processo e de influenciar na decisão final que será produzida 
pelo juiz. 
 
Nesta presente unidade, estudaremos o desenvolvimento do contraditório, 
caracterizado pelos seguintes fatores: (i) a forma e o modo de comunicação 
dos atos processuais às partes; (ii) as formas e efeitos da comunicação da 
instauração do processo ao réu, (iii) a realização de audiência preliminar de 
conciliação e mediação e; (iv) as possíveis respostas do réu e o efeito da 
ausência de resposta. 
 
Bons estudos! 
1.0 ATOS PROCESSUAIS E A 
COMUNICAÇÃO DE ATOS 
PROCESSUAIS 
O artigo 188 do CPC dispõe que “os atos e os termos processuais 
independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a 
exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe 
preencham a finalidade essencial”. 
 
Em consonância com os artigos 189 a 192, CPC, há regras gerais a serem 
respeitadas, tais como a utilização da língua portuguesa, a publicidade dos 
atos e o atendimento aos prazos legais. 
 
Porém, o CPC prestigia o princípio da instrumentalidade das formas. Nesse 
sentido, tem-se que a instrumentalidade dos atos deve ser respeitada, 
porém, não deve haver um excesso de formalismo que obstaculize a 
efetividade e celeridade processual. 
 
Assim, mesmo que um ato não tenha sido realizado na forma estipulada pela 
lei, ele poderá ser aceito desde que atinja a sua finalidade. Também há 
situações em que as partes podem, de comum acordo, estabelecer a forma, 
o tempo e a comunicação dos atos processuais. 
 
Sobre o tema, destaca-se importante lição de Wambier (2015, p. 347-348): 
O art. 188 do NCPC reitera o conteúdo do consagrado art. 154 do CPC/73 e prestigia 
o princípio da instrumentalidade das formas. 
É consagrada no direito processual civil a ideia de que processo é instrumento, não 
um fim em si mesmo. O processo judicial, como método destinado à prestação da 
tutela jurisdicional, não existe por si só, exaurindo-se de maneira autossuficiente; o 
processo é acessório, no sentido de servir à aplicação do direito material: o processo 
é veículo, conduto, instrumento de incidência do direito material a determinada 
situação concreta da vida. 
E esta é precisamente a beleza do processo: ser instrumento do direito material, 
relevando a finalidade (resolução da controvérsia no campo do direito material, em 
regra). 
Esta é a ratio essendi do direito processual: instrumentalidade. Nenhum demérito 
decorre desta afirmação: o direitomaterial ganha efetividade porque existe o 
processo! 
Não obstante, o princípio da instrumentalidade insculpido no art. 188 do NCPC não 
pode ser entendido como autorizador do desapego à forma. Não se trata, com 
efeito, de interpretar o art. 188 em análise como desprestigiador da forma 
processual: esta é relevante (relevantíssima, aliás), dado que sinônimo de o 
processo se desenvolverá de maneira segura. 
O que o art. 188 quer dizer é que sempre haverá se observar alguma forma na 
prática dos atos e termos processuais, preferencialmente a forma preconizada em 
lei, porém se darão por válidos e úteis os atos e termos processuais que, ainda que 
praticados de forma distinta daquela prevista, atinjam sua finalidade essencial. 
A essência do princípio da instrumentalidade emanado do art. 188 do NCPC admite 
a seguinte síntese: em regra não é relevante, para fins de validade do ato 
processual, se foi estritamente observada a forma específica estabelecida em lei; 
ainda que seja levado a cabo de outra forma (portanto, de alguma forma), o ato e o 
termo processual serão considerados válidos desde que atingida sua finalidade. 
Os atos e termos processuais, portanto, independem de forma determinada, em 
regra, desde que se realizem de alguma forma e atinjam o fim que deles se espera. 
Em relação à prática eletrônica de atos processuais, o CPC traz uma 
regulamentação genérica nos artigos 193 a 199, cabendo a cada tribunal 
adotar as regras específicas, dentre elas o sistema a ser utilizado. 
 
 
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Fonte: iStock, 2020 
Assista aí 
#PraCegoVer: juiz em imagem desfocada. Ele está sentado e segurando o 
martelo. Ao fundo, duas pessoas estão de pé. 
1.1 Do tempo e do lugar dos atos processuais 
O tempo e o lugar dos atos processuais estão regulamentos pelos artigos 
212 a 217 do CPC. 
 
De acordo com tais regras, os atos processuais somente podem ser 
realizados em dias úteis, das 06h às 20h. Caso o ato processual tenha início 
antes das 20h, seu término pode ocorrer após tal horário. 
 
Quando o ato processual tiver que ser praticado por meio de petição, se o 
processo for físico, o protocolo deverá ser feito de acordo com o expediente 
estabelecido por cada fórum ou tribunal. Caso o processo seja eletrônico, 
poderá ser feito em qualquer horário, até as 24h do último dia do prazo (art. 
212, § 3º, e art. 213, CPC). 
Durante as férias forenses e nos feriados, não serão praticados os atos 
processuais, a exceção das regras previstas nos artigos 212, § 2º, 214 e 215, 
CPC. Entende-se por feriado, além dos expressamente previstos em lei, os 
sábados, domingos e dias em que não houver expediente forense. 
 
Estabelecendo uma regra territorial, o artigo 217 determina que “os atos 
processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou, 
excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da 
justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e 
acolhido pelo juiz”. 
 
Cada Tribunal possui um regulamento próprio que autoriza o protocolo 
integrado. Em outras palavras, permitem que o protocolo de petições de 
primeiro grau seja feito em fórum ou comarca distinto da sede do juízo da 
demanda, desde que sob a mesma jurisdição do Tribunal. 
Ainda, alguns Tribunais possuem postos autorizados espalhados pelo 
Estado, permitindo que os protocolos direcionados à segunda instância 
sejam feitos fora do Tribunal em cidades do interior. 
1.2 Comunicação dos atos processuais: 
citação, intimação e cartas 
A forma de comunicação dos atos processuais está prevista nos artigos 236 
a 275, CPC, sendo possível a comunicação através de citação, intimação e 
carta. 
 
Nos termos do CPC, as comunicações serão feitas por: 
• 
 
a) Citação: é exclusiva para a convocação do réu, do executado 
ou do interessado para integrar a relação processual. É com a 
citação que se forma a triangulação processual (autor, juízo, 
réu) 
• b) Intimação: “é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos 
e dos termos do processo (art. 269, CPC) 
• c) Carta: é a forma em que o ato será praticado fora dos limites 
territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou subseção 
judiciárias. 
Pela sua complexidade e importância, a citação será abordada em tópico 
apartado. 
 
Merecem atenção especial as cartas que podem ser de ordem, rogatória ou 
precatória (arts. 260 a 268, CPC), sendo assim definidas por WAMBIER (2015, 
p 444). 
As cartas precatórias consistem na requisição da prática de determinado ato 
processual (atos instrutórios, decisões concessivas de tutelas de urgência etc.) de 
um juízo a outro, sendo ambos do mesmo grau de jurisdição, porém com distintas 
competências territoriais. 
 
As cartas de ordem consistem em requisição da prática de determinado ato 
processual remetida por um juízo de instância superior a um juízo de instância 
inferior. Em geral, as cartas de ordem são provenientes do tribunal, no qual tramita 
determinado recurso ou determinada ação de sua competência originária, e 
destinadas ao juízo de primeiro grau subordinado a este tribunal, para que se dê o 
cumprimento de determinado ato processual. 
 
As cartas rogatórias, por sua vez, destinam-se à requisição, pelo órgão jurisdicional 
brasileiro, da prática de atos processuais à Justiça de outro país. 
Ainda, há alguns requisitos a serem preenchidos para que as cartas possuam 
validade, conforme preceitua o artigo 260, CPC: “I - a indicação dos juízes de 
origem e de cumprimento do ato; II - o inteiro teor da petição, do despacho 
judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; III - a menção 
do ato processual que lhe constitui o objeto; IV - o encerramento com a 
assinatura do juiz.” 
 
Em relação à intimação, a lei preceitua casos em que a intimação deve ser 
pessoal, sendo a regra geral a intimação eletrônica, ou seja, através do 
sistema eletrônico, utilizado pelo Tribunal. 
 
Quando não for pessoal ou na forma eletrônica, a intimação se dará por meio 
de órgão oficial, por exemplo, publicação em diário oficial. 
 
A intimação é importante pois é a partir dela que as partes tomam ciência 
dos atos processuais praticados e a serem praticados, dando início aos 
prazos processuais. 
 
Citação 
Depois de tratar dos meios de comunicação dos atos processuais vamos 
estudar o mais importante deles: a citação. A citação é o ato que inaugura o 
contraditório, convidando o réu a integrar a lide e apresentar sua resposta à 
pretensão do autor, iniciando o diálogo processual manifesto pela garantia 
constitucional da ampla defesa. 
 
Conforme veremos a seguir a citação – tema tratado entre os artigos 238 e 
259 do CPC – é requisito de validade processual, pode ocorrer por diferentes 
modalidades e produz diversos efeitos processuais. 
 
Noções Gerais e Pessoalidade da Citação 
A citação é, conforme o artigo 238 do CPC, “o ato pelo qual são convocados 
o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual”, 
constituindo condição de validade do processo, ressalvadas as hipóteses em 
que o contraditório nem chega a ser instaurado, conforme já estudamos 
(indeferimento da petição inicial e improcedência liminar do pedido). 
 
O fato é que, por se tratar de um ato formal, este pode ser substituído por 
outro ato que tenha o mesmo efeito, como é o caso do comparecimento 
espontâneo do réu (§1º, artigo 239), sendo que em sua resposta o réu poderá 
alegar nulidade da citação. 
 
Caso a preliminar de nulidade não seja acolhida e o réu tenha perdido o 
prazo de resposta, ele será considerado revel no processo de conhecimento 
(§2º do artigo 239). 
 
Não obstante a citação inaugure o contraditório e possibilite ao réu participar 
do processo como parte, não é condição de existência do processo, pois o 
processo existe mesmo sem que o réu tenha conhecimento. Nos termos do 
art. 239 a citação é condição de validade do processoe de eficácia perante 
ao réu. 
 
Nos dizeres de DIDIER (2015, p. 608): 
Se há processo antes da citação – que, a propósito dá-se em seu bojo –, não se pode 
considerar como pressuposto de existência fato que está, na linha do tempo, em 
momento posterior à existência daquilo que se pretende condicionar.[...] Não é por 
acaso que o artigo 238 do CPC conceitua a citação como ato que convoca alguém 
para integrar a relação jurídica processual que, obviamente, preexiste à convocação. 
Como condição de validade do processo, para que a citação seja considerada 
eficaz ela deverá ser pessoal, feita na pessoa do réu, executado, interessado, 
representante legal ou procurador que possua poderes para recebê-la (art. 
242, CPC). 
 
Quanto à pessoalidade da citação, os parágrafos do artigo 242 apresentam 
exceções à regra, sendo as seguintes: (i) no caso de ausência do citando, 
quando possível, nos termos do §1º do artigo 242, a citação será feita na 
pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente; (ii) no caso 
de locador que se ausentar do Brasil, a representação legal é presumida, 
caso em que o administrador do imóvel poderá ser citado no lugar do 
locador ausente (§2º); (iii) a citação dos entes federativos, suas autarquias e 
fundações de direito público serão citados perante o órgão de advocacia 
pública responsável pela representação judicial (§3º). 
 
Quando o citando estiver incapacitado de receber a citação, nos termos do 
artigo 245 e seus parágrafos, o juiz procederá aos procedimentos dos §§ 1º 
a 3º e nomeará em seguida um curador ao citando, observando a preferência 
estabelecida em lei, de modo que a citação será feita na pessoa do curador 
nomeado (§5º do atigo 245). 
 
Efeitos da Citação 
Nos termos já tratados, a citação inaugura o contraditório. Isso que quer 
dizer que o réu passa a integrar a causa em litígio, integrando a relação 
jurídico-processual. Neste caso, para o réu, consideram-se os termos do 
artigo 240: (i) os efeitos da litispendência passam a produzir efeitos para o 
réu, ainda que o juízo seja incompetente; (ii) o direito discutido passa a ser 
litigioso; (iii) o autor não pode mais alterar a demanda sem consentimento 
do réu; (iv) o devedor é constituído em mora. 
 
É importante destacar que, no caso da constituição do devedor em mora, 
trata-se de um efeito processual no âmbito do direito material. Conforme 
lição de DIDIER (2015, p. 613): 
A constituição em mora, pela citação, se dá no caso de cobrança de dívidas negociais 
sem termo certo para pagamento, em relação às quais o devedor não tenha sido 
constituído em mora pela prática de outro ato anterior. Mora é o retardamento ou 
imperfeito cumprimento da obrigação. 
Desse modo verifica-se que a citação não só constitui a relação jurídico-
processual como apresenta diversos efeitos processuais e de direito 
material. 
 
A citação e a interrupção da prescrição pelo despacho citatório 
Além dos efeitos tratados, a citação também tem o condão de interromper a 
prescrição, a qual retroagirá à data de propositura da ação. 
 
A redação do § 1º do artigo 240 significa que o ato que determina a citação, 
ou seja, o despacho citatório, caso ocorra após verificação dos pressupostos 
processuais e considere a causa válida, interrompe a prescrição, a 
decadência e os demais prazos extintivos (§4º), os quais retroagirão à data 
de propositura da demanda. 
 
Essa distinção é importante, pois outros despachos anteriores à 
admissibilidade da ação, como é o caso de determinação de emenda da 
inicial, não produzem o mesmo efeito. 
 
Conforme o §2º, para que a interrupção da prescrição retroaja, o réu deverá 
providenciar, no prazo de 10 (dez) dias, condições de viabilizar a citação, que 
são, conforme DIDIER (2015, p. 614), “juntar cópia da petição inicial para ser 
encaminhada ao réu, adiantar as despesas com citação e indicar o endereço 
do réu”. 
 
Entende-se que, cumpridas todas as determinações, a parte autora não 
poderá ser prejudicada pela demora do serviço judiciário (§3º). 
Assista aí 
1.3 Modalidades 
O despacho que determina a citação induz à expedição de um mandado que 
poderá ser encaminhado ao citando por meio de correio, oficial de justiça ou 
meio eletrônico. Também pode ser certificada a citação por hora certa, pelo 
escrivão ou chefe de secretaria, ou por edital. 
 
Conforme o artigo 246 do CPC, a citação será efetivada: “I - pelo correio; II - 
pelo oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando 
comparecer em cartório; IV - por edital e V - por meio eletrônico, conforme 
regulado em lei”. 
 
Correio 
A citação por meio de correio é a regra geral, nos termos do artigo 247 do 
CPC, sendo que sua efetivação concreta depende da entrega da carta ao 
citando, com aposição de sua assinatura no Aviso de Recebimento, o qual 
será juntado aos autos para certificar a citação. 
 
Essa espécie de citação independe de emissão de carta precatória e poderá 
ser feita para qualquer comarca do país, exceto nas hipóteses elencadas nos 
incisos do artigo 247 do CPC, que são: (i) as ações de estado, exceto ações de 
família; (ii) ações cujo citando é manifestamente incapaz; (iii) quando o 
citando for pessoa de direito público; (iv) quando o local de domicílio do 
citando não for atendido pelo serviço postal; (v) quando o autor requerer que 
o réu seja citado por outro meio. 
 
Conforme já tratado, o autor deverá providenciar meios para que a citação 
se efetive. Por isso, o réu deverá receber, junto com a carta de citação, a qual 
deverá ser registrada, a cópia da petição inicial fornecida pelo autor, a cópia 
do despacho de citação ou de eventual decisão que tenha deferido a liminar, 
bem como as informações discriminadas no artigo 250 do CPC, além das já 
mencionadas. 
 
O artigo 250 do CPC trata dos requisitos formais de conteúdo da carta de 
citação, que deverá conter: (i) os nomes das partes envolvidas no litígio, com 
os respectivos endereços de domicílio; (ii) a finalidade da citação, conforme 
petição inicial, com menção do prazo para contestar ou embargar no caso de 
execução; (iii) a sanção cabível para o caso de descumprimento de ordem 
judicial quando, por exemplo, o juiz houver deferido pedido liminar que 
impute ao réu esta obrigação; (iv) intimação para que o réu compareça na 
audiência de conciliação nos casos em que houver designação; (v) assinatura 
do escrivão ou chefe de secretaria que declarará a ordem do juiz para o ato. 
 
Consoante já apontado, por se tratar de citação real, deverá ser feita na 
pessoa do citando, que deverá assinar o aviso de recebimento. No caso de 
recusa de recebimento ou de assinatura, a diligência será considerada não 
cumprida (§1º, art. 248, CPC). 
 
Caso o citando seja pessoa jurídica, conforme já tratado, a citação poderá ser 
recebida por pessoa com poderes de gerência ou administração geral, ou 
ainda outro funcionário responsável por receber correspondências (§2º, art. 
248). 
 
Para que se considere efetivada a citação por carta e se inicie o prazo de 
resposta do réu, não basta que o réu receba a carta e assine o Aviso de 
Recebimento (AR): o ato só será considerado completo quando o AR for 
juntado aos autos (inciso I do artigo 231). 
 
Oficial de justiça 
A citação por Oficial de justiça é um dos casos de exceção à regra e só 
ocorrerá nos casos em que não couber citação por carta, conforme já tratado 
no tópico anterior, ou quando, tentada a citação por carta, a diligência restar 
frustrada, nos termos do artigo 249 do CPC. 
 
O mandado que o Oficial de Justiça deverá cumprir precisa atender aos 
mesmos requisitos já citados para o caso de citação por correio, elencados 
no artigo 250. É papel do Oficial de Justiça procurar o citando, buscando 
meios e informações necessárias para encontrá-lo, e diligenciando de modo 
mais incisivo que o oficial dos correios faria. 
 
Ao encontraro citando, o Oficial de Justiça deverá cumprir as formalidades 
do artigo 251 do CPC, o qual determina a incumbência de: (i) ler o mandado 
ao citando e entregar-lhe a cópia da inicial; (ii) atestar se o citando recebeu 
ou recusou o recebimento da cópia da inicial; (iii) recolher a assinatura do 
citando no mandado, ou certificar caso o citando se recuse a assinar o 
mandado. 
 
Mesmo que a citação por Oficial não possa ocorrer em qualquer comarca 
sem a emissão de carta precatória, como seria no caso do envio pelo correio, 
o CPC permite em seu artigo 255 que o Oficial de Justiça cumpra a citação, 
intimação, notificações, penhoras ou quaisquer outros atos em comarcas 
contíguas e de fácil acesso, como é o caso de regiões metropolitanas, 
dispensando a emissão de carta precatória. 
 
Hora certa 
A citação por hora certa é tratada nos artigos 252 a 254 do CPC e ocorrerá 
quando o Oficial de Justiça comparecer à residência do citando por duas 
vezes, em dias e horários distintos, confirmar que o endereço está correto e 
suspeitar que ele está se ocultando para não receber a citação. 
 
Nesse caso, o Oficial de Justiça deverá preencher a verificação dos 
pressupostos no mandado e estará autorizado a intimar quaisquer das 
pessoas que estiverem presentes (familiar, vizinho, funcionário da portaria), 
desde que capaz, que no dia útil imediato voltará em hora especialmente 
designada para proceder à citação (art. 252, CPC). 
 
Nos termos do artigo 253 e seus parágrafos, o Oficial de Justiça comparecerá 
na hora marcada e, mesmo que não encontre o citando ou outra pessoa que 
por ele responda, dará por realizada a citação, certificando a ausência do 
citando e indicando pessoa a quem entregou a cópia da inicial, além de 
apontar no mandado que, caso o citando não responda ao processo, será 
indicado curador especial. 
 
Realizada a citação por hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará 
ao citando, no prazo de 10 (dez) dias, uma carta, telegrama ou 
correspondência eletrônica, dando-lhe ciência de tudo quanto foi registrado 
pelo Oficial de Justiça (art. 254). 
 
Entretanto, conforme lição de DIDIER (2015, p. 618), não obstante o envio da 
correspondência seja obrigatória – e caso não ocorra acarrete a nulidade da 
citação – ela não será o marco para o início do prazo de resposta do réu. O 
prazo começará a transcorrer a partir da juntada dos autos do mandado de 
citação certificado pelo Oficial de Justiça. 
 
Escrivão ou chefe da secretaria 
Esse meio de citação existe com o objetivo de simplificar o procedimento de 
ciência do réu. Nos termos dos artigos 152, II e 246, III do CPC, caso o citando 
compareça ao cartório, o escrivão ou chefe de secretaria certificará a citação, 
cientificando-o do processo e do início do prazo para resposta, fornecendo 
cópia do processo. 
 
Edital 
A citação por Edital é uma forma de citação ficta, o que significa que o 
mandado de citação não será entregue diretamente ao citando, mas será 
praticado um ato processual que mitiga a pessoalidade da citação. 
 
Do mesmo modo que a citação por hora certa, caso haja revelia, será 
indicado curador especial para promover a defesa do revel, conforme inciso 
II do artigo 72 do CPC. 
 
O artigo 256 determina que a citação por edital, a qual é excepcional, será 
realizada quando: (i) o réu for desconhecido ou incerto; (ii) o lugar em que se 
encontrar o citando for ignorado, incerto ou inacessível; (iii) ou nos casos 
expressos em lei, conforme artigo 259 do CPC. 
 
Por sua vez, o artigo determina as hipóteses legais de citação por edital, que 
são: (i) ação por usucapião de imóvel; (ii) ação de recuperação e substituição 
de título ao portador e; (iii) qualquer ação que seja necessária, por 
determinação legal, a provocação, para participação no processo, de 
interessados incertos ou desconhecidos. 
 
O Edital deverá seguir os requisitos apontados pelo artigo 257 do CPC e será 
publicado na internet, no site do tribunal, na plataforma de editais do 
Conselho Nacional de Justiça e, caso determinado pelo juiz, em jornal local 
de ampla circulação, conforme peculiaridades da comarca. 
 
No caso de edital, o prazo para resposta do réu será determinado pelo juiz, 
ente 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias e começará a fluir da data de publicação 
do edital (inciso III do artigo 257). 
 
Meio eletrônico 
A citação por meio eletrônico foi instituída pela Lei nº 11.419/2006, a qual 
dispõe sobre a informatização do processo judicial e determina que, caso os 
autos estejam integralmente disponíveis para o citando, a citação poderá ser 
eletrônica, inclusive para a Fazenda Pública (artigo 6º da Lei nº 11.419/2006). 
 
Nesse sentido, o CPC de 2015, na tendência da informatização dos processos, 
instituiu hipóteses em que o meio eletrônico será o meio preferencial de 
citação que são: (i) empresas públicas e privadas, com exceção das 
microempresas e empresas de pequeno porte; (ii) a União, os Estados, o 
Distrito Federal, os Municípios e as entidades da administração indireta. 
 
É importante pontuar que, não obstante a obrigação esteja prevista no CPC, 
o modo de citação deverá observar os requisitos do artigo 5º da Lei 
nº11.419/2006, que são: 
Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se 
cadastrarem na forma do art. 2º desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão 
oficial, inclusive eletrônico. 
§ 1º Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando efetivar a 
consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização. 
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não 
útil, a intimação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte. 
§ 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) 
dias corridos contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a 
intimação automaticamente realizada na data do término desse prazo. 
§ 4º Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência 
eletrônica, comunicando o envio da intimação e a abertura automática do prazo 
processual nos termos do § 3º deste artigo, aos que manifestarem interesse por 
esse serviço. 
§ 5º Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo possa causar 
prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer 
tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio 
que atinja a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz. 
§ 6º As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão 
consideradas pessoais para todos os efeitos legais. 
Apenas os cadastrados no sistema poderão ser citados eletronicamente, 
motivo pelo qual o §1º do artigo 246 do CPC obriga que as pessoas jurídicas 
mantenham seu cadastro atualizado perante os tribunais. 
 
Procedida a citação eletrônica, nos termos do artigo 231 do CPC, o prazo para 
a resposta começará a fluir do dia útil seguinte à consulta ao teor da citação, 
ou do dia útil seguinte ao término do prazo para que a consulta se dê. 
Assista aí 
1.4 AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE 
CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO 
A audiência de conciliação e de mediação está prevista no CPC no artigo 334, 
que trata da designação da audiência, as formas de intimação, hipóteses em 
que não ocorrerá a audiência, a possibilidade de que ocorra por meio 
eletrônico, os efeitos do não comparecimento injustificado do autor e do réu, 
a obrigatoriedade de comparecimento de advogado, o modo de 
autocomposição e a organização da pauta de audiências. 
 
A diferença entre audiência de conciliação e mediação diz respeito ao tipo de 
técnica que será utilizada, em relação ao tipo de conflito, nos termos do 
artigo 165 do CPC. Consoante §§2º e 3º do artigo 165 do CPC, o conciliador 
“atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anteriorentre as partes” e poderá sugerir soluções para o litígio, enquanto o 
mediador “atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo 
anterior entre as partes, auxiliará os interessados a compreender as 
questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo 
restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções 
consensuais que gerem benefícios mútuos”. Ou seja, a conciliação trata de 
uma solução puramente jurídica para a lide, enquanto a mediação visa 
restabelecer vínculos de comunicação quebrados que levaram ao litígio. 
A ideia da realização da audiência antes mesmo da apresentação de defesa 
é justamente evitar o litígio, caso ainda seja possível, provocando as partes a 
se mobilizarem pela autocomposição, em um cenário institucional que 
facilite o debate, que poderia não ocorrer caso a ação não houvesse sido 
proposta. 
 
Conforme já tratado na unidade anterior, o autor deverá indicar na petição 
inicial se deseja ou não que seja realizada a audiência preliminar de 
conciliação, sendo que as partes podem optar por expressamente 
manifestarem-se no sentido de dispensar a audiência. 
 
O artigo 334 do CPC estabelece que, deferida a petição inicial, o juiz designará 
a audiência de conciliação ou mediação com antecedência mínima de 30 
(trinta) dias, mesmo que o autor tenha se manifestado pela dispensa da 
audiência, devendo o réu ser citado com, no mínimo, 20 (vinte) dias de 
antecedência. 
 
Isso porque, conforme o §4º, a audiência só não acontecerá caso ambas as 
partes, mesmo no caso de litisconsórcio (§6º, art. 334) manifestem 
expressamente o desinteresse na autocomposição, sendo que caso o autor 
dispense a audiência, o réu tem até 10 (dez) dias de antecedência para 
manifestar a discordância com a realização da audiência de conciliação ou 
mediação. 
 
Conforme lição de DIDIER (2015, p. 624): 
O legislador preferiu não impor a audiência em caso em que ambas as partes 
manifestem expressamente o seu desinteresse. A solução parece boa: elimina a 
possibilidade de a audiência não se realizar porque apenas uma parte não a deseja, 
mas ao mesmo tempo respeita a vontade das partes no sentido de não querer 
autocomposição, o que está em conformidade com o princípio do respeito ao 
autorregramento da vontade e com o princípio da cooperação. Repita-se o que já 
se disse neste Curso: a vontade das partes não pode ser nem é um dado irrelevante 
para o processo. 
Importante efeito da manifestação de discordância do réu na realização da 
audiência é que, conforme o inciso II do artigo 335 do CPC, a partir do 
protocolo da manifestação de desinteresse começará a correr o prazo para 
sua resposta. 
 
Outra hipótese de não ocorrência da audiência será quando a lide, por sua 
natureza, não admitir autocomposição, como é o caso de ações que 
envolvam o Poder Público, o qual só pode realizar transações quando 
expressamente autorizado por lei. Nesse caso, o reú só será citado para 
apresentar resposta, sem ser intimado para realização de audiência (art. 335, 
III). 
 
Conforme o artigo165 do CPC, a audiência deverá ocorrer em centros 
judiciários de solução consensual de conflitos, espaço criado exclusivamente 
para a realização de audiências de conciliação e mediação, as quais também 
poderão ocorrer por meio eletrônico em videoconferência (§7º, art. 334). 
 
A respeito da realização da audiência, o §2º do artigo 334 determina que 
poderá acontecer mais de uma sessão, no intervalo máximo de 2 (dois) 
meses, sendo necessária a figura do conciliador ou mediador, conforme o 
caso (§1º). Ademais, a pauta das audiências deverá ser organizada de tal 
modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de 
uma e o início da seguinte (§12). 
 
Faz-se importante pontuar que é obrigatória a presença dos advogados das 
partes. Entretanto, as próprias poderão indicar representantes com poderes 
para transigir, por meio de procuração específica (§10, art. 334), caso em que 
as partes não precisarão comparecer. 
 
Importante é o lembrete de DIDIER (2015, p.626) a esse respeito: 
Há proibição de atuação de advogado como preposto (art. 23 do Código de Ética da 
OAB). Parece, no entanto, que essa proibição não se aplica à representação 
processual, porquanto a participação de advogado, aqui, na qualidade de 
representante negocial, restringir-se-á à negociação e à assinatura do termo de 
acordo – atividades típicas do exercício da advocacia. A restrição do Código de Ética 
refere-se à preposição em causas trabalhistas, nas quais a figura do preposto 
assume outras funções – depor pela parte, por exemplo. 
As partes são obrigadas a comparecer à audiência, sendo que nos termos do 
§ 8º, o não comparecimento injustificado “é considerado ato atentatório à 
dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da 
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da 
União ou do Estado”, conforme o tribunal que estiver processando a 
demanda. 
 
A autocomposição deverá ser homologada por sentença (§11) e, caso não 
ocorra, o prazo para resposta do réu começa a contar da data de realização 
da audiência (art. 335, I). 
2.0 RESPOSTAS DO RÉU E REVELIA 
Conforme já tratado, após a citação válida do réu, caso não haja audiência 
de conciliação ou caso a conciliação reste frustrada, inicia-se o prazo para a 
resposta do réu. 
 
Resposta do réu é o termo genérico para todas as possíveis reações 
processuais cabíveis ao réu, não se confundindo simplesmente com a defesa, 
que é apenas uma espécie de resposta. 
O réu poderá responder à pretensão do autor das seguintes formas: 
• (i) reconhecimento do pedido do autor (art.487, III, a), que 
deverá ser homologado por sentença 
• (ii) apresentação de contestação, nos termos dos artigos 335 
a 342 
• (iii) reconvenção (art. 343) 
• (iv) arguição de impedimento ou suspeição (arts. 144 a 148) 
• (v) revelia, que é a ausência de resposta 
2.1 Espécies de Defesa 
Em prol da concentração da defesa (que será estudada em tópico próprio), 
todos os argumentos de defesa devem ser apresentados em contestação. 
 
Inicialmente, a defesa é dividida em dois tipos: de admissibilidade e de 
mérito. 
 
As defesas de admissibilidade são traduzidas nas preliminares de 
contestação, indicadas no artigo 337 do CPC. As matérias de admissibilidade 
devem ser alegadas em primeiro lugar. Isso deve ocorrer porque são elas 
que discutem os pressupostos processuais, as condições da ação, além de 
todos os requisitos necessários para a propositura da demanda e 
instauração do processo, como por exemplo a ilegitimidade das partes, 
inépcia da petição inicial, coisa julgada etc. 
 
Nos dizeres de Wambier (2015, p. 580): 
No que se refere à defesa processual, o art. 337 elenca as preliminares, que 
abrangem matérias cuja análise, sob o ponto de vista lógico, deve anteceder a 
defesa de mérito, uma vez que, se acatadas, levam à extinção do processo ou à 
necessidade de que sejam tomadas providências prévias à apreciação da 
procedência ou não do pedido do autor. 
As defesas de admissibilidade são divididas em peremptórias (que podem 
levar à extinção da demanda) e dilatórias (que adiam a análise o mérito da 
demanda). 
 
De acordo com a WAMBIER (2015, p. 583): 
O art. 337 do NCPC elenca as defesas processuais, relacionadas à falta das 
condições da ação e dos pressupostos processuais. São as preliminares que, se 
acatadas, podem levar à extinção da ação sem análise do mérito – defesa processual 
própria ou peremptória – ou ao adiamento da análise do mérito, em razão da 
necessidade de que seja adotada, antes, alguma providência – defesa processual 
imprópria ou dilatória. 
São defesas processuais peremptórias: a inépcia da petição inicial, perempção, 
litispendência e coisa julgada, convenção de arbitragem, ausência de legitimidade 
ou de interesse processual. 
São, por sua vez, defesas

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