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AUTISMO
INFANTIL
Novas tendências e
perspectivas
2ª edição
Francisco Baptista Assumpção Júnior
Evelyn Kuczynski
Editora Atheneu
2015
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 – AUTISMO:
CONCEITO E DIAGNÓSTICO
Autismo:
Transtorno complexo do desenvolvimento.
Envolve atrasos e comprometimentos nas áreas de interação social e
linguagem.
A expressão “autismo” foi utilizada pela primeira vez por Eugene Bleuler em
1911, para designar a perda de contato com a realidade com dificuldade ou
impossibilidade de comunicação.
Leo Kanner caracterizou como isolamento extremo, obsessividade,
estereotipias e ecolalia.
Ritvo (1976), que passou a considerá-lo uma síndrome relacionada com um
déficit cognitivo e não uma psicose, caracterizando assim um transtorno do
desenvolvimento.
Gillberg (1990) que refere que “é altamente improvável que existam casos de
autismo não orgânico”. Estabelece-se assim que “o autismo é uma disfunção
orgânica – e não um problema dos pais. O novo modo de ver o autismo é
biológico”.
Transtornos do Espectro Autista (TEA) incluem diagnósticos de autismo,
síndrome de Asperger e transtornos invasivos do desenvolvimento não
especificados.
Esses problemas complexos do desenvolvimento se expressam de modos
diversos e surgem em diferentes combinações e, assim, nem todas as
crianças com o mesmo diagnóstico apresentam os mesmos sintomas nas
mesmas intensidades.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
TEORIA AFETIVA
Originalmente proposta por Kanner.
Crianças com autismo têm falhas constitucionais de componente de ação e
reação necessários para o desenvolvimento das relações pessoais com outras
pessoas, as quais envolvem afeto.
As relações pessoais são necessárias para a continuação do mundo próprio e
com os outros.
Os déficits das crianças com autismo na experiência social intersubjetiva têm
dois resultados especialmente importantes.
Déficit relativo no reconhecimento de outras pessoas como portadoras de
sentimentos próprios, pensamentos, desejos, intenções.
Déficit severo na capacidade para abstrair, sentir e pensar de modo simbólico.
Grande parte das inabilidades de cognição e linguagem das crianças com
autismo pode refletir déficit que tem íntima relação com o desenvolvimento
afetivo e social, e/ou déficits sociais dependentes da possibilidade de
simbolização.
TEORIA COGNITIVA
Baron-Cohen (1988, 1990, 1991) e Frith (1988) propõem uma teoria cognitiva para
autismo.
Também considera que a dificuldade central da criança autística é a
impossibilidade que tem para compreender estados mentais de outras
pessoas.
A base dessa visão poderia ser resumida da seguinte maneira: 1. Nossas
crenças sobre conceitos referentes ao mundo físico podem ser chamadas de
“representações primárias”.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A teoria cognitiva sugere que no autismo a capacidade de
metarrepresentações está alterada, fazendo com que os padrões de interação
social sejam alterados. 
O autismo é causado por um déficit cognitivo central e um desses déficits
refere-se à capacidade para metarrepresentação.
Essa metarrepresentação é exigida nos padrões sociais que envolvem a
necessidade de atribuir estados mentais ao outro. Assim, padrões que não
requerem essa capacidade metarrepresentacional (como, por exemplo,
reconhecimento de gênero, permanência do objeto ou autorreconhecimento
no espelho) podem estar intactos no autismo, conforme esclarece Baron-
Cohen (1991).
A capacidade metarrepresentacional é obrigatória em padrões simbólicos
(como nos jogos).
Os padrões pragmáticos também requerem a presença dessa
metarrepresentação, razão pela qual estão alterados no autismo. Essa teoria
cognitiva pode ser visualizada graficamente na Figura 1.2 (Baronn Cohen, 1988).
Assim, considerando-se a questão da teoria da mente, acredita-se na
dificuldade desse indivíduo em perceber crenças, intenções, emoções e
conceitos de outras pessoas elaborando estados mentais a respeito delas.
 Paralelo a isso, sugere-se um déficit em suas funções executivas que lhe
dificultariam flexibilidade mental, atenção dirigida, planejamento estratégico e
raciocínio, bem como um déficit na integração contextualizada dos elementos,
ocasionando apreensão de detalhes de um fenômeno em lugar de sua
totalidade.
ENFIM, O TEA;
É uma entidade clínica, com características definidas, sobretudo em nível
cognitivo, o que possibilita a avaliação da dinâmica familiar dos pais de seus
portadores, uma vez que a sua educação e o processo de socialização cabem
à família, independentemente de processos de habilitação e tratamento.
Autismo uma doença crônica, ele exige da família uma série de
transformações para absorver em sua dinâmica um elemento com essa
deficiência em seu processo de desenvolvimento.
É considerado como uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas
em consequência de um distúrbio de desen volvimento (Gilberg, 1990),
caracterizando-se por um déficit na interação social visualizado pela
inabilidade em relacionar-se com o outro, quase sempre combinado com
déficits de linguagem e alterações de comportamento.
Seu rastreamento pode ser realizado por meio de escalas diagnósticas
passíveis de serem aplicadas por professores especializados ou outros
profissionais.
Assim sendo, os transtornos do espectro autístico correspondem a quadros de
extrema complexidade e variabilidade, com prognóstico importante e que,
portanto, exigem em sua realização abordagens multidisciplinares.
Um protocolo geral, passível de adaptação, se considerado um interesse
puramente clínico pode ser estabelecido da seguinte maneira: 
1. História cuidadosa com antecedentes gestacionais, pré, peri e pós-natais.
2. Estudo neuropsiquiátrico envolvendo aspectos de desenvolvimento,
avaliação física (na busca e identificação de sinais dismórficos), neurológica e
psiquiátrica.
3. Testes auditivos. 
4. Avaliação oftalmológica. 
6. Neuroimagem:
TAC: assimetria de lobos cerebrais e dilatação ventricular; 
Ressonância magnética: diminuição de volumes de lobos VI e VII do vermis cerebelar,
agenesia de corpo caloso (síndrome de Aicardi);
Tomografia com ingestão intravenosa de Xenon 23: hipodébito de hemisférios a nível
frontal.
7. EEG – esclarecimento diagnóstico (síndrome de Lennox, síndrome de West, sín drome
de Landau-Kleffner): 
Correlação direta QI anormalidades de EEG; 
Correlação direta entre linguagem e anormalidades eletroencefalográficas.
8. Potenciais evocados: 
Auditivos de tronco cerebral – com latências prolongadas como na esquizofrenia ou
breves como no TDAH;
Auditivos corticais: inconsistentes, com amplitude pequena, latência curta e variabilidade
morfológica no RM.
9. Testes específicos de metabolismo visando à detecção de erros inatos.
10. Outros exames laboratoriais: 
Endócrinos: tireoide (T3, T4, TSH) – depressão e mania;
Suprarrenal (cortisol) transtorno de humor, ansiedade, delirium; n Hormônio antidiurético
– diabetes insípido (lítio); n Hemograma completo;
Eletrólitos (alterações de consciência);
Sorologia para doenças infecciosas (sífilis, HIV); n Toxicologia;
Dosagens séricas (Rosse; 1989).
11. Psicometria
Avaliações de desenvolvimento: – Motor: Brunet-Lézine; – Mental não verbal: Borel-
Maisonny;
– Cognição sensoriomotora: Uzgiris, Gesell, Portage; – Eficiência intelectual: WISC, WAIS; –
Sociabilidade: Vineland.
Avaliações de personalidade
Instrumentos específicos: Trail Making Test, Stroop, Rey, Visual Retention Test (atenção);
Rey Auditory, Rey Visual (memória).
Encontramos o TEA relacionado com
1. Infecções pré-natais: 
Rubéola congênita;
Sífilis congênita; n Toxoplasmose;
Citomegaloviroses.
2. Hipóxia neonatal. 
3. Infecções pós-natais – herpes simplex. 
4. Déficits sensoriais. 
5. Espasmos infantis – síndrome de West. 
6. Doença de Tay-Sachs. 
7. Fenilcetonúria – herança recessiva ligada ao cromossomo 12. 
8. Síndrome de Angelman – ocorrência esporádica, deleção proximal do braço longo do
cromossomo 15.
9. Síndrome de Prader-Willy – ocorrência esporádica, deleção proximal do braço longo do
cromossomo 15.
10. Esclerose tuberosa. 
11. Neurofibromatose.12. Síndrome de Cornélia De Lange – ocorrência esporádica, braço longo do cromossomo 3.
13. Síndrome de Williams.
14. Síndrome de Moebius.
15. Mucopolissacaridoses.
16. Síndrome de Down.
17. Síndrome de Turner.
18. Síndrome do X frágil.
19. Hipomelanose de Ito.
20. Síndrome de Zunich.
21. Síndrome de Aarskog.
22. Outras alterações estruturais.
23. Intoxicações.
INTRODUÇÃO
No que tange à Genética mais clássica, tradicional, o genoma humano normal
compõe-se de 23 pares cromossômicos, sendo 22 deles denominados
autossomos e um par de cromossomos sexuais.
Os autossomos são reunidos em sete diferentes grupos (denominados de A a
G), e em cada cromossomo chamamos o braço curto de “p”, e o longo,de “q”.
As informações do material faltante (deleção) ou adicional (inserção) são,
respectivamente, registradas pelos sinais “–” e “+”. Assim, um dado cariótipo
“46,XY,18q–” indica que se trata de um indivíduo do sexo masculino com
deleção no braço longo do cromossomo 18.
Quanto à caracterização, as alterações cromossômicas podem ser numéricas
(que incluem aqueles casos nos quais há um aumento ou uma diminuição do
número de cromossomos), ou estruturais (naqueles casos cujos cromossomos
apresentam alterações em sua própria estrutura).
As anormalidades cromossômicas numéricas dividem-se em poliploidias
(muitas delas incompatíveis com a vida humana, mas viáveis entre espécimes
vegetais) e as aneuploidias (que se caracterizam pela perda ou aquisição de
um, ou mais, cromossomos).
As trissomias (como a trissomia do 21, a muito conhecida e frequente síndrome
de Down) são mais comuns, seguidas das monossomias (sendo um bom
exemplo a síndrome de Turner, de genótipo 45,X0).
CAPÍTULO 2 – AUTISMO:
ANORMALIDADES
GENÉTICAS E AUTISMO
INFANTIL
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Nas anormalidades estruturais, quebras podem surgir durante a divisão celular
e dão origem a deleções (perda de material), inserções (acréscimo), ou
translocações (material inserido por acréscimo ou substituição em outro,
como, por exemplo, parte do braço do autossomo 8 se acoplar ao cromossomo
X). 
A translocação será chamada de balanceada (ou não balanceada) se a carga
genômica total for respectivamente normal (ou não). A translocação será
recíproca quando ocorre troca de material entre dois cromossomos, e
robertsoniana, quando boa parte de um cromossomo acrocêntrico (aquele
cujo centrômero situa-se próximo à sua porção terminal) se acoplar a outro. 
Outras anormalidades estruturais incluem a duplicação e a inversão, sendo a
última quando parte de um cromossomo sofre rotação (Kuczynski, 1996).
Os anos 1960 e 1970 foram céticos sobre o papel dos fatores genéticos na
gênese do autismo.
As evidências replicadas tanto em estudos com gêmeos quanto em famílias
durante as décadas de 1970 e 1980 reforçaram a hipótese genética e
levantaram a probabilidade de que se tratava de um fenótipo autístico muito
mais amplo do que a categoria de diagnóstico mais convencional.
Outra linha de investigação envolveu estudos com famílias, visando identificar
a taxa de autismo em irmãos e pais para avaliar padrões familiares de
transmissão.
A frequência do quadro cerca de quatro vezes maior em meninos do que em
meninas (Smalley, 1997) sugere o envolvimento de cromossomos sexuais e
efeitos de imprinting3 associados à etiologia, ainda que nenhum gene
específico tenha sido implicado.
Nos anos 1970 e 1980, surgiu um grande número de estudos clínicos de
autismo apresentando achados positivos (Rutter, 1999a; Rutter, 1999b). Um
sem-número de condições médicas foi descrito em associação ao autismo.
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Além disso, uma verdadeira miríade de anomalias cromossômicas foi
identificada em indivíduos com autismo (Assumpção Jr., 2007; Kuczynski, 1996;
Gillberg, 1985), mas a mais proeminente dentre elas parecia ser a fragilidade do
cromossomo X.
Já na década de 1990, os estudos identificavam uma forte associação do
autismo à esclerose tuberosa, doença autossômica dominante de penetrância
variável (Smalley, 1998). A partir desses achados sucessivos, duas importantes
implicações surgiram. Em primeiro lugar, surgiu o consenso de que a
investigação sistemática de condições médicas e anomalias cromossômicas
deveria se tornar parte essencial da abordagem diagnóstica das crianças
avaliadas por suspeita de autismo. Em segundo lugar, o autismo passou a ser
considerado uma condição heterogênea sob o aspecto etiológico (Rutter,
2000).
Infelizmente, fato é que a etiologia do autismo segue sendo ignorada, por mais
que a comunidade científica empenhada em inúmeros estudos tente
desvendar os possíveis fatores genéticos a ele associados. No entanto, a
ausência da identificação de um possível fator genético causador não invalida
outras evidências que reiteram a etiologia genética como altamente provável.
Assim, temos vários autores apontando para: 
A alta associação de autismo a retardo mental (até 80% dos casos);1.
A alta incidência de convulsões nessa população (média de 35%); n Os níveis
séricos aumentados de serotonina; n O tamanho aumentado do encéfalo;
2.
A diminuição da quantidade de neurônios e sinapses em amígdala, hipocampo
e cerebelo (Kemper, 1998).
3.
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma desordem psiquiátrica que
começa na infância e tem evolução crônica.
O diagnóstico é baseado no início precoce e no comprometimento de duas
áreas de funcionamento mental: interação social/linguagem e habilidade
criativa.
Comportamentos repetitivos, compulsivos e obsessivos são importantes na
prática clínica, mas há poucos estudos sobre esses temas em pessoas
autistas.
Alguns comportamentos repetitivos mais complexos são considerados
características específicas do TEA.
Estudar padrões de comportamentos compulsivos, interesses restritos e
pensamentos obsessivos em indivíduos com TEA é crucial para um
diagnóstico correto, compreensão das causas e desenvolvimento de terapias.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 3 – AUTISMO:
COMPULSÕES, OBSESSÕES E
AUTISMO
PENSAMENTOS OBSESSIVOS E COMPULSÕES
Pensamentos obsessivos são ideias, imagens ou impulsos que entram
repetidamente na mente do indivíduo de forma estereotipada.
Atos ou rituais compulsivos são comportamentos repetitivos que não são
agradáveis nem resultam em tarefas úteis.
Segundo a OMS (1993), pensamentos obsessivos e atos compulsivos devem ser
reconhecidos pelo próprio indivíduo, não serem prazerosos em si mesmos e
serem desagradavelmente repetitivos.
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Referências a pensamentos obsessivos são comuns na literatura sobre
autismo infantil, mas o termo "obsessivo" deve ser usado com cautela, pois as
crianças autistas têm dificuldade em conceituar seus próprios estados
mentais.
Indivíduos autistas não demonstram resistência aos pensamentos obsessivos,
o que é essencial para definir pensamentos obsessivos.
Tanto pessoas com TEA quanto com transtornos obsessivo-compulsivos
podem apresentar fixação a rotinas, padrões ritualizados de comportamento e
interesses restritos.
Diferenciar comportamentos ritualísticos, adesão a rotinas e estereotipias do
autismo das obsessões e compulsões do transtorno obsessivo-compulsivo é
um desafio.
Baron-Cohen argumenta que os termos obsessão e compulsão não devem ser
usados para descrever os padrões de comportamento repetitivos e interesses
restritos no autismo, pois não são egossintônicos e os indivíduos fazem pouco
esforço para neutralizá-los.
PENSAMENTOS OBSESSIVOS E TEA
É difícil avaliar o quanto os pensamentos obsessivos são comuns em pessoas
autistas porque elastêm dificuldade em falar sobre seus pensamentos.
Mas para quem convive com pessoas autistas, é claro que alguns
pensamentos são repetitivos e intrusivos.
Mesmo que não pareçam desagradáveis, esses pensamentos podem levar a
comportamentos repetitivos semelhantes aos de pessoas com transtorno
obsessivo-compulsivo.
Se as pessoas autistas não podem repetir seus comportamentos ou manter
suas rotinas, elas podem ficar ansiosas e sofrer.
É difícil coletar informações sobre obsessões em pessoas autistas porque elas
têm problemas de comunicação e podem ter dificuldade em entender
perguntas.
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Os pais podem perceber que seus filhos têm ideias obsessivas com base em
seus comportamentos repetitivos, não necessariamente em seus relatos.
Estudos mostram que os pensamentos mais comuns em adultos autistas são
lembranças constantes de fatos, acumulação de objetos e medo de
contaminação.
Os comportamentos repetitivos mais comuns em pessoas autistas incluem
repetição, tocar ou bater em objetos, organização de coisas, acumulação de
objetos e comportamentos autoagressivos.
Baron-Cohen e Wheelwright (1999) mostraram que pensamentos obsessivos
em crianças autistas estão relacionados a objetos concretos, linguagem,
comida, televisão, vínculos com pessoas e classificação de objetos.
Um estudo descritivo feito por Moraes (2004) usando a Escala de Obsessões e
Compulsões de Yale-Brown mostrou que pensamentos obsessivos em pessoas
com autismo são raros e semelhantes aos de pessoas com síndrome de
Asperger ou retardo mental.
Não houve diferença significativa na incomodidade com ruídos entre pessoas
autistas, com síndrome de Asperger ou com retardo mental.
A necessidade de simetria ou exatidão foi mais comum em pessoas com
síndrome de Asperger, sugerindo que esse comportamento é mais específico
em pessoas autistas com menos comprometimento intelectual.
No entanto, esse padrão de comportamento foi encontrado em apenas um
quarto das pessoas com síndrome de Asperger estudadas.
Obsessões de contaminação, sexuais e religiosas são raras em pessoas
autistas e podem ser mais comuns em pessoas com transtorno obsessivo-
compulsivo.
Um estudo de Rapoport e colaboradores (1992) mostrou que obsessões puras
são muito raras em autistas, enquanto comportamentos compulsivos são
mais comuns.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
COMPORTAMENTOS REPETITIVOS, COMPULSÕES
E AUTISMO INFANTIL
94% dos indivíduos autistas apresentam algum tipo de comportamento
compulsivo, como movimentos repetitivos e apego a objetos específicos.
Esses comportamentos compulsivos podem ser simples, como movimentos
repetitivos, ou complexos, como interesse restrito em atividades específicas.
Os movimentos estereotipados são comuns em autistas e são mais graves do
que em grupos controle da mesma idade e nível intelectual.
Autistas com inteligência normal tendem a ter interesses restritos em
comparação com outras condições, como a síndrome de Asperger.
Autistas demonstram extrema angústia com mudanças de rotina e rituais
elaborados, enquanto em não autistas, os rituais são mais restritos às
atividades pessoais.
A insistência na mesmice é um sintoma específico do autismo, mas é pouco
explorada em estudos.
Comportamentos repetitivos e interesses restritos são comuns em pessoas
com autismo, síndrome de Asperger e retardo mental, segundo estudos no
Brasil.
Comportamentos repetitivos e compulsões variam de acordo com o tipo de
transtorno.
Na síndrome de Asperger e autismo infantil, são mais comuns compulsões de
repetição, necessidade de simetria, colecionismo, acúmulo de objetos e
interesse por objetos que giram.
Comportamentos ritualísticos para comer são mais comuns em pessoas com
comportamentos autistas do que em pessoas com retardo mental puro.
Comportamentos como apego e manipulação pouco criativa de objetos,
interesses sensoriais estranhos e estereotipias motoras são mais frequentes
em pessoas com baixo nível intelectual.
Autoagressividade é mais comum em autistas, especialmente em indivíduos
com baixo nível intelectual.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
POSSÍVEIS CAUSAS DOS COMPORTAMENTOS
REPETITIVOS
Existem duas linhas de pesquisa sobre comportamentos repetitivos em
pessoas autistas.
Uma delas sugere que esses comportamentos ocorrem para reduzir o input
sensorial alto que os autistas recebem.
A outra linha diz que os comportamentos repetitivos são aprendidos e
mantidos porque oferecem reforço sensorial.
Ainda há debate sobre se essas teorias explicam completamente esses
comportamentos.
A ideia de que os comportamentos repetitivos reduzem os altos níveis de alerta
persiste há décadas.
Essa teoria sugere que os movimentos repetitivos ajudam a bloquear a
sobrecarga sensorial e a manter um equilíbrio.
Outra hipótese é que os comportamentos repetitivos são uma forma de lidar
com a ansiedade e a dificuldade de entender outras pessoas.
Alguns sugerem que a insistência na mesmice é uma forma de controlar um
ambiente imprevisível.
A maneira como os autistas processam informações pode levar a
comportamentos repetitivos, focando mais em detalhes do que no quadro
geral.
A teoria de disfunção executiva propõe que os autistas têm dificuldade em
controlar seus comportamentos, o que pode levar à repetição de ações.
LIDANDO COM OS COMPORTAMENTOS RÍGIDOS
E OS RITUAIS OBSESSIVOS
Comportamentos compulsivos e rituais obsessivos causam problemas na vida
social e familiar do autista.
A impossibilidade de realizar esses comportamentos pode levar a altos níveis
de ansiedade e agitação.
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Tratamento deve envolver intervenções comportamentais, educacionais e, às
vezes, farmacológicas.
Estratégias de tratamento devem focar nos sintomas que prejudicam o
paciente e sua família.
Modificação gradual do comportamento é eficaz para evitar interrupções nas
atividades diárias.
Estratégias propostas incluem estabelecer regras claras, criar um programa
diário estruturado e estimulante, e permitir que o indivíduo evite demandas
sociais estressantes.
É importante ajudar o indivíduo a colaborar com as mudanças, fornecendo
avisos visuais sobre alterações na rotina.
Melhorar as habilidades comunicativas pode ajudar a reduzir comportamentos
repetitivos, já que os autistas buscam previsibilidade devido às dificuldades de
comunicação.
Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e gerenciamento da ansiedade
ajudaram a melhorar comportamentos obsessivos e compulsivos em adultos e
adolescentes com transtorno do espectro autista.
Apesar das diferenças entre transtorno obsessivo-compulsivo e padrões
repetitivos de comportamento no autismo infantil, há uma ideia atrativa de que
compartilham os mesmos problemas biológicos.
Medicamentos inibidores da recaptação de serotonina, como clomipramina,
fluoxetina, sertralina e fluvoxamina, têm sido estudados para melhorar
sintomas.
Efeitos colaterais, como piora da ansiedade e distúrbios do sono, podem
ocorrer no início do tratamento.
Clonidina e guanfacina podem ser alternativas para melhorar sintomas de
inflexibilidade a curto prazo.
Medicamentos antipsicóticos, como olanzapina, risperidona e ziprazidona, têm
mostrado eficácia em diminuir estereotipias motoras e comportamentos
perseverantes.
Efeitos colaterais incluem sonolência, ganho de peso e mudanças de humor.
A epilepsia é definida como uma doença cerebral com base em diferentes
condições:
Pelo menos duas crises epilépticas não provocadas, ocorrendo com pelo
menos 24 horas de intervalo entre elas.
1.
Uma crise não provocada associada a uma alta probabilidade de recorrência
futura, após duas crises não provocadas em um período de dez anos.
2.
Diagnóstico de uma síndrome epiléptica específica,como a síndrome de West.
A epilepsia é considerada resolvida em pessoas que tiveram uma síndrome
epiléptica na infância, mas que ultrapassaram a idade esperada ou que estão
livres de crises por pelo menos dez anos, sem uso de medicamentos
antiepilépticos nos últimos cinco anos.
Muitas epilepsias infantis são causadas por defeitos genéticos ativados por
gatilhos durante as crises, enquanto outras são resultado de condições
cerebrais patológicas ou erros metabólicos.
A epilepsia afeta aproximadamente 3% da população em algum momento da
vida e é uma das principais causas de procura por atendimento
neuropsiquiátrico, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A OMS considera a epilepsia uma questão de saúde pública devido à sua alta
incidência e prevalência, comparável à AIDS em termos de mortalidade no
Reino Unido.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 4 – EPILEPSIA
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
ESPECTRO AUTISTA E EPILEPSIA
Epilepsia e Transtornos do Espectro Autista (TEA) são frequentemente
encontrados na infância.
A comorbidade entre essas condições traz implicações importantes para o
tratamento e manejo das crises epilépticas, considerando o amplo fenótipo
dos TEA.
O diagnóstico de epilepsia em pessoas com TEA pode ser complicado, pois
ausências complexas podem ser confundidas com comportamentos típicos da
infância, e movimentos semelhantes a tiques podem dificultar a diferenciação
entre crises epilépticas.
Todos os tipos de epilepsia podem estar associados aos TEA, com variações
na prevalência e nos tipos de crises, especialmente em pessoas com retardo
mental.
A epilepsia nos TEA tem dois picos de prevalência: na infância e na
adolescência, sendo este último potencialmente o mais prevalente.
A prevalência de crises epilépticas em pessoas com TEA varia de acordo com
as faixas etárias estudadas, com taxas mais altas em estudos que incluem
adolescentes e adultos.
As diferenças marcantes na idade de início da epilepsia sugerem a existência
de subgrupos distintos de crianças com TEA e epilepsia.
A ligação direta entre Transtorno do Espectro Autista (TEA) e anormalidades
eletroencefalográficas específicas ainda não está totalmente estabelecida.
O eletroencefalograma (EEG) geralmente não é usado para diagnosticar TEA,
sendo solicitado principalmente quando há suspeita de epilepsia.
No entanto, há uma alta incidência de TEA em pessoas com epilepsia,
sugerindo uma possível base neurobiológica comum.
Crianças com TEA frequentemente apresentam várias alterações no EEG,
incluindo alterações epileptiformes e não específicas.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
As anormalidades epileptiformes são as mais comuns, incluindo atividade
paroxística focal, multifocal e generalizada.
A presença de epilepsia e anormalidades no EEG pode desempenhar um papel
importante na compreensão das anormalidades neurológicas nos TEA, mas
ainda não é possível prever quais crianças com TEA desenvolverão epilepsia ou
anormalidades no EEG.
Tentativas de identificar padrões específicos no EEG podem ajudar no
diagnóstico precoce e na escolha de tratamentos, mas ainda não está claro
como a epilepsia e as anormalidades no EEG afetam a cognição, o
comportamento e a linguagem em pessoas com TEA.
A incidência de anormalidades no EEG varia em diferentes estudos, podendo
ser explicada por diferentes critérios de diagnóstico, condições associadas e
métodos de obtenção e interpretação de exames.
Estudos mostram que as meninas com TEA têm uma incidência maior de
epilepsia do que os meninos, provavelmente devido à associação entre retardo
mental e comportamento autístico.
Embora o retardo mental aumente o risco de epilepsia, o autismo em si
também está associado a altas taxas de epilepsia.
A epilepsia é mais comum em pacientes com autismo que têm dificuldades na
compreensão da linguagem.
A coexistência frequente de crises epilépticas em pessoas com distúrbios de
desenvolvimento sugere uma possível ligação biológica entre essas condições,
mas isso ainda precisa ser investigado mais profundamente.
Além de possivelmente resultar de disfunção cerebral, a epilepsia pode causar
problemas adicionais no desenvolvimento, aprendizado, comportamento e
qualidade de vida das crianças com autismo.
Uma pequena parte dos casos de TEA surge junto com condições neurológicas
ou genéticas já conhecidas, como síndrome do X-frágil, esclerose tuberosa e
duplicação do cromossomo 15, frequentemente associadas à epilepsia.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A relação entre distúrbios cognitivos e paroxismos epileptiformes subclínicos
não é clara, e não está claro se todos os pacientes com essas descargas
apresentam perda cognitiva transitória.
A relação entre regressão e epilepsia no autismo ainda não é bem
compreendida, assim como seu impacto nos aspectos clínicos do autismo,
como linguagem e comportamentos repetitivos.
A síndrome de Landau-Kleffner é uma síndrome epiléptica que pode se
assemelhar ao autismo devido ao comprometimento da linguagem e do
comportamento, mas é caracterizada por uma perda adquirida da linguagem e
anormalidades no EEG.
As anormalidades no EEG podem ser influenciadas pelo método de exame,
sendo mais frequentemente identificadas em registros noturnos ou
prolongados.
A relação entre atividade epileptiforme e sintomas autistas ainda não está
clara, e crianças com TEA podem apresentar comportamentos que se
assemelham a crises epilépticas, especialmente aquelas com deficiência
intelectual, o que torna o diagnóstico de epilepsia mais desafiador.
TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) relaciona-se com dificuldades na
teoria da mente (TM), que é a capacidade de entender e prever os
pensamentos e comportamentos dos outros.
Segundo teóricos como Harris e Wellman, a TM começa a se desenvolver por
volta dos 3 anos de idade, quando a criança começa a entender seus próprios
estados mentais e os dos outros.
O desenvolvimento da TM passa por diferentes estágios: representações
sensoriais no primeiro ano de vida, representações simbólicas no segundo ano
e metarrepresentação no terceiro ano.
A metarrepresentação envolve a capacidade de entender que as
representações mentais podem ser diferentes da realidade e podem ser
manipuladas.
Compartilhar construções imaginárias e entender o faz de conta nos outros é
fundamental para desenvolver a capacidade de compreender o estado mental
dos outros.
Existem diferentes conceitos de metarrepresentação, com algumas teorias
enfatizando a compreensão do próprio ato de representação.
Estudos experimentais, como o teste de Sally-Anne, ajudam a avaliar a
capacidade das crianças, incluindo aquelas com TEA, de entender as crenças e
pensamentos dos outros através de situações sociais.
Um aspecto crucial da teoria da mente é entender como as crenças
influenciam as ações das pessoas.
A TEORIA DA MENTE
CAPÍTULO 5 –TEORIAS
COGNITIVAS E AUTISMO
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Um teste com bonecas chamado "Sally-Anne" mostra que crianças com TEA
têm dificuldades em compreender as falsas crenças das outras pessoas.
Por exemplo, as crianças com TEA tendem a acreditar que Sally procurará seu
brinquedo onde outra boneca, Anne, o colocou, mesmo que Sally não saiba
dessa mudança.
Este teste revelou que crianças com autismo têm atrasos ou desvios no
desenvolvimento da teoria da mente.
Isso pode resultar em dificuldades no comportamento social e na linguagem,
pois têm problemas em entender e comunicar sobre os estados mentais das
outras pessoas.
O autor destaca a importância do olhar na interpretação de ações ambíguas
relacionadas aos estados mentais, como parte do mecanismo de atenção
compartilhada.
A atenção compartilhada permite que a criança entenda o comportamento
não apenas em termos de ações e percepções, mas também em termos de
pensamento, conhecimento e crença.
Essa habilidade utiliza o conceito de opacidade ou decouple, descrito por
Leslie, que sugere que alguns mecanismos mentais podem não estar
diretamente ligados à realidade.
Na teoria proposta, os mecanismos de detecção deintencionalidade e
direcionamento do olhar estariam funcionando normalmente em crianças com
TEA, enquanto os mecanismos de atenção compartilhada e teoria da mente
estariam comprometidos.
Comportamentos sociais que não exigem entender os pensamentos dos
outros, como abraçar e buscar ajuda, podem não ser afetados, ao contrário
daqueles que envolvem compreender os estados mentais dos outros.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
EMPATIA-SISTEMATIZAÇÃO
Um segundo modelo, derivado da teoria MB, propõe que dois traços - empatia
e sistematização - estão presentes em toda a população e explicam as
diferenças nos graus de autismo e variações no desempenho em tarefas
normais.
A teoria ES usa os interesses restritos característicos dos TEA, sugerindo que
esses indivíduos têm habilidades superiores de sistematização, mas
deficiências em empatia.
Sistematização é definida como o impulso de entender e construir sistemas,
onde um sistema é qualquer coisa que possa ser governada por regras que
relacionam entrada, operação e resultado.
O modelo ES se baseia na teoria MB e na teoria afetiva de Hobson, explicando
as falhas em empatia nos TEA e algumas diferenças cognitivas entre os sexos.
Mulheres tendem a ter melhor desempenho em tarefas de empatia, enquanto
homens são mais sistematizadores, com habilidades em tarefas visuomotoras
e raciocínio espacial.
Essas diferenças de habilidades são explicadas pela seleção evolutiva, com
mulheres cuidando da prole e homens caçando, levando aos cérebros
"extremamente masculinos" nos TEA.
Meninas aos 12 meses têm mais contato visual do que meninos.
Crianças com TEA têm menos contato visual do que meninos normais.
Meninas se saem melhor em testes de "faux pas" do que meninos, que por sua
vez se saem melhor do que crianças com autismo.
Em relação à sistematização, pessoas com TEA às vezes alcançam os mesmos
resultados que a população masculina em geral.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
TEORIAS NEUROPSICOLÓGICAS
Indivíduos com autismo apresentam comportamentos semelhantes àqueles
com disfunção dos lobos frontais, como inflexibilidade e dificuldade em mudar
de estratégia.
Testes como o Wisconsin Card Sorting Test mostraram que pessoas com
autismo têm dificuldades em funções executivas.
Crianças com autismo tendem a perseverar em estratégias incorretas em
tarefas que exigem planejamento.
A capacidade de atenção compartilhada, relacionada ao desenvolvimento dos
lobos frontais, também pode ser afetada no autismo.
FUNÇÃO EXECUTIVA
COERÊNCIA CENTRAL
A teoria de Frith (1989) baseia-se nas diferenças no processamento da
informação em crianças com autismo.
Uma característica marcante é a falta de tendência em juntar partes de
informações para formar um todo com significado, chamada de coerência
central.
Essa teoria busca explicar não apenas os déficits, mas também as habilidades
preservadas ou superiores em crianças com autismo.
Crianças com autismo tendem a se sair melhor em tarefas que envolvem ver
partes em vez de um todo, como na reunião e classificação de imagens.
Eles também se destacam em tarefas de memorização de sequências sem
sentido, em vez de palavras com significado.
A teoria da coerência central prevê comprometimento apenas em funções
executivas associadas à integração de estímulos em um contexto
Em 1976, Edward Ritvo publicou um livro sobre autismo, seguido por outro livro
de Michael Rutter e Eric Schopler em 1978, mudando a visão do autismo como
uma síndrome comportamental.
Antes, o autismo era visto como uma psicose infantil, mas os estudos
revelaram uma tríade de características: grave prejuízo social, dificuldades de
comunicação e ausência de atividade imaginativa.
Na década de 1980, surgiu uma teoria cognitiva que destacava a incapacidade
das crianças autistas de entender os estados mentais dos outros, chamada de
"teoria da mente".
Terapias cognitivo-comportamentais foram desenvolvidas para ajudar os
pacientes autistas a aprenderem comportamentos sociais e regular suas
emoções.
Na década de 1990, começou-se a questionar se o déficit primário no autismo
seria mais afetivo do que cognitivo, com estudos mostrando uma ligação
íntima entre habilidades cognitivas e afetivas.
No século XXI, novos conhecimentos em neurofisiologia e neuropsicologia
permitiram integrar a compreensão do autismo aos paradigmas
psicodinâmicos, revelando desregulações em múltiplos sistemas neurais.
As teorias psicodinâmicas sobre o autismo estão em constante evolução, e a
abordagem interdisciplinar tem levado a novas hipóteses e propostas
terapêuticas.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 6 –TEORIAS
AFETIVAS E AUTISMO
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A TEORIA DE HOBSON
Hobson (1989) criticou autores da psicanálise e psicologia analítica por
inferirem conceitos do autismo a partir de intervenções terapêuticas
tradicionais, sem considerar a vida psíquica das crianças autistas.
Ele formulou os fundamentos das teorias afetivas atuais sobre o autismo na
década de 1980, aproximando-se de uma perspectiva psicanalítica.
Hobson sugeriu que crianças autistas têm falhas constitucionais nos
componentes necessários para desenvolver relações emocionais com outras
pessoas.
Ele postulou que as relações interpessoais são fundamentais para o
desenvolvimento do pensamento, mais básicas que a linguagem.
Para Hobson, o engajamento social é essencial para o desenvolvimento mental,
e a falta de conexão emocional nas crianças autistas tem implicações na
capacidade de pensar.
Ele enfatizou que crianças com autismo não têm o contato interpessoal
necessário para desenvolver uma vida imaginativa e para compreender as
emoções e pensamentos dos outros.
Crianças com autismo muitas vezes não desenvolvem linguagem porque não
conseguem se conectar emocionalmente com os outros.
A falta de contato interpessoal prejudica a compreensão do significado da
linguagem e a troca de ideias.
Segundo Hobson (2004), o pensamento surge através da interação com outras
pessoas, antes mesmo de a criança falar.
Movimentos na orientação mental permitem que a criança entenda diferentes
perspectivas e atribua significados aos símbolos.
Crianças com autismo têm dificuldade em usar símbolos de forma criativa
devido à falta de conexão emocional com o mundo e com os outros.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Hobson questiona o termo "teoria da mente", sugerindo que a compreensão da
mente das pessoas surge através das interações sociais.
A capacidade da criança de pensar sobre o pensamento depende de como ela
interage com seus cuidadores desde cedo.
O desenvolvimento do pensamento criativo é impedido no autismo devido à
falta de engajamento social.
Nos transtornos do espectro do autismo, a ausência de interação social
impede o desenvolvimento pleno da mente.
Hobson (2004) adotou a teoria da intersubjetividade para explicar o autismo,
destacando que o déficit está na relação entre a pessoa autista e os outros.
Quando a criança autista não experimenta formas típicas de interação social,
tanto sua consciência de si mesma quanto seu pensamento são afetados.
As pessoas com autismo podem pensar de forma sofisticada, mas de maneira
peculiar, sem fundamentar seu pensamento nas perspectivas compartilhadas
com os outros.
Hobson (2010) reafirmou a importância de focar no desenvolvimento da
consciência de si e do outro para entender o autismo.
Ele considera que estudar as limitações desse relacionamento é fundamental
para compreender a origem do autismo.
A PERSPECTIVA INTERSUBJETIVA
Segundo Roser e Buchholz (1996), no desenvolvimento normal, a criança e o
cuidador criam um sistema mutuamente regulador que dá à criança a
experiência de ser cuidada e reativa a alguém.
Esse sistema é fundamental para a criança desenvolver uma noção de si
mesma em relação ao outro.
No entanto, crianças com autismo não desenvolvem esse sistema.
Isso leva ao isolamento impedindo a criança de adquirir a noção de si em
relação ao outro.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A PSICANÁLISE KLEINIANA
Alvarez e Reid (1999) do TavistockAutism Workshop estudaram o autismo na
linha da psicanálise kleiniana, destacando a intrincada relação entre a
personalidade única de cada indivíduo com os sintomas do autismo.
Elas afirmam que as pessoas com autismo geralmente não têm um sentido de
um mundo habitado por pessoas com mentes, o que é crucial para o
desenvolvimento da mente humana.
O tratamento psicanalítico para o autismo enfoca o relacionamento entre
paciente e terapeuta, visando superar o prejuízo social central no autismo.
Fonseca e Bussab (2004) exploraram a associação entre perspectivas
psicanalíticas e etológicas para compreender melhor o comportamento das
crianças com autismo e melhorar seu atendimento.
Eles discutiram a dificuldade das crianças com autismo em usar pronomes
pessoais, relacionando isso ao déficit no desenvolvimento da noção de si
mesmo e do outro.
Barros (2011) destacou duas tarefas no tratamento psicanalítico do autismo:
identificar os conceitos relacionados à síndrome autística e buscar estratégias
técnicas para lidar com esses estados.
A VISÃO LACANIANA
Para Berlink, o autismo é uma organização narcísica do vazio, onde não existe
Eros, apenas autoerotismo, e a pulsão não se entrelaça com os objetos.
Kupfer (1999), com uma perspectiva lacaniana, enfatiza que no autismo não há
como supor a existência de um sujeito prévio, já que o sujeito é efeito da
operação significante.
O tratamento proposto busca reintroduzir a operação significante, buscando
os restos das marcas que não se “significantizaram” para reintegrá-las na
prática terapêutica.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
UMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA JUNGUIANA
No autismo, o desenvolvimento psicológico é atípico, não seguindo os trajetos
típicos da estruturação da consciência.
Araujo (2000) postulou uma agenesia da estruturação matriarcal da
consciência nas pessoas com autismo.
Bebês com autismo apresentam reatividade alterada desde o início da vida,
não reagindo aos outros seres humanos como esperado.
Segundo a psicologia junguiana, o desenvolvimento é arquetípico, ocorrendo
sob a ordenação do Self, arquétipo central como princípio de totalidade.
Os arquétipos são gestalts que funcionam como base para a elaboração de
padrões no mundo simbólico.
Diferentes trajetos de desenvolvimento podem ser traçados em função da
interação dos mecanismos genéticos com a circunstancialidade envolvente.
A integração dos arquétipos propicia o processo de individuação, mas nas
pessoas com autismo, essa integração parece estar muito alterada.
Araujo (2000) considerou que as pessoas com autismo enfrentam um
processo de desenvolvimento psicológico difícil e penoso.
Apenas uma minoria das pessoas com autismo, especialmente aquelas com
inteligência preservada, pode chegar a um processo de individuação.
UM PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO PECULIAR
No autismo, há uma hipotrofia ou atrofia do papel "Filho da Mãe", dificultando a
ligação com a maternagem humana.
Os dinamismos matriarcais como cuidado, carinho e aconchego não são
eficazes, e o amor de mãe não é compreendido ou correspondido.
O desenvolvimento da criança com autismo é peculiar, pois não há vivência
nem representação da relação com o cuidador.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Crianças com autismo apresentam déficits nos processos afetivos e sociais
desde cedo, o que afeta a aquisição da teoria da mente.
A impossibilidade de adquirir uma teoria da mente pode resultar de déficits
motivacionais para a interação desde o início da vida.
Esses déficits afetam a interação afetiva, a sociabilidade e a cognição ao longo
do desenvolvimento.
Bebês com autismo têm percepção e reação anormais aos significados das
expressões emocionais, afetando a comunicação não verbal e a compreensão
da realidade.
Bebês no espectro do autismo podem não buscar conforto físico dos pais e
reagir negativamente ao serem acariciados.
Muitas vezes, preferem ficar sozinhos e demonstram pouco interesse na voz
humana, o que pode levar à suspeita de surdez.
Falta de motivação para interação social desde o nascimento pode prejudicar
o desenvolvimento da comunicação.
Essas crianças geralmente não fazem contato visual e não demonstram troca
de olhares.
A relação mãe-criança pode ser difícil, pois a criança parece viver em um
mundo diferente, com dificuldade de comunicação.
Ausência ou desvio do olhar e outras alterações nas interações não verbais
prejudicam o desenvolvimento emocional compartilhado.
A falta de atenção conjunta, habilidade pré-verbal de comunicação, é um dos
principais problemas no desenvolvimento da criança com autismo.
Distúrbios de comunicação e comportamentos estereotipados mantêm a
criança isolada dos outros.
Em crianças com autismo, o processo de relacionar emoções, estados
fisiológicos, crenças e desejos está alterado.
Falta o desejo pelo outro e a percepção de si e do outro é prejudicada pela
ausência do espaço da falta.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A ausência do desejo pelo outro impede a emergência da fantasia e dificulta
atribuir sentimentos e intenções aos outros.
Pessoas com autismo parecem viver fora do padrão humano, com uma
estruturação psicológica diferente.
A falta de representação das experiências eu-outro e matriarcais dificulta a
vivência de separação e falta.
O apego às figuras parentais é mais por segurança do que por filiação e não
fortalece a capacidade de amar.
A impossibilidade de constelação do arquétipo matriarcal coloca em risco a
sobrevivência da criança.
A dificuldade de comunicação leva a crises de angústia e isolamento.
As pessoas com autismo precisam ser entendidas em sua peculiaridade para
receberem o atendimento adequado.
Sob a dominância patriarcal, as crianças com autismo desenvolvem trocas
afetivas a partir das trocas cognitivas.
A constelação do arquétipo do Pai tende a ordenar o mundo da criança autista,
que busca rotinas para controlar a angústia.
A literalidade domina seu pensamento e a memória é prodigiosa, facilitando a
aprendizagem de letras e números.
A alfabetização traz alívio para os pais e abre novas possibilidades para a
criança com autismo, ainda que seus interesses sejam muitas vezes
obsessivos ou estereotipados.
Em uma fase mais estável, os pais têm um papel importante na organização
do conhecimento da criança com autismo.
A criança com autismo pode ser marginalizada e vítima de bullying na escola
devido às suas peculiaridades.
O desempenho acadêmico pode ser bom, mas o trabalho em equipe e a
regulação emocional são desafios.
Muitos conseguem ingressar na faculdade, mas têm dificuldades no mercado
de trabalho, mesmo com as leis de inclusão.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A PSICOTERAPIA
O desenvolvimento da criança com autismo segue um padrão diferente do
arquetípico humano, com ênfase na estruturação patriarcal da consciência.
A falta de estruturação matriarcal da consciência leva a uma elaboração
simbólica principalmente via arquétipo do Pai, resultando em um eu atípico.
O pensamento lógico é adquirido precocemente, ajudando na adaptação,
enquanto o pensamento mágico, típico da ordem matriarcal, não é
desenvolvido.
Na adolescência e vida adulta, surge uma consciência da diferença em relação
aos outros, levando a uma luta por aceitação e uma busca pela identidade
própria.
A cultura tende a projetar nas pessoas com autismo sua própria infelicidade,
levando à discriminação e ao estigma.
É importante entender e atender às necessidades das pessoas com autismo
desde cedo, reconhecendo sua diferença e não tentando forçar padrões
matriarcais.
O apoio deve se concentrar na ativação precoce do arquétipo do Pai e na
compreensão das peculiaridades do indivíduo com autismo, evitando
superproteção emocional e focando na organização do mundo e na
adaptação.
O conceito de autismo mudou ao longo do tempo.
Começou em 1943 com Kanner.
Nas décadas de 1950 e 1960, foi chamado de esquizofrenia infantil.
Na década de 1980, autismo infantil.
Atualmente, transtornos do espectro do autismo.
Alterações de linguagem são centrais.
Linguagem pragmáticaé especialmente afetada.
Importância da caracterização para terapias e diagnóstico.
Diferentes perspectivas sobre autismo e linguagem.
Complexidade nos estudos da linguagem no autismo.
Pluralidade de pontos de vista.
Terminologia: transtornos do espectro do autismo (TEA).
CID-10 e DSM-V como referências.
TEA são complexos e variados.
Alterações irregulares no desenvolvimento.
Influenciados por habilidades cognitivas e intervenções.
Interligação entre linguagem e habilidades sociais e cognitivas.
Características da linguagem variam com o desenvolvimento e situação.
Linguagem é uma instituição social simbólica.
Baseada em convenções e conhecimentos compartilhados.
Linguagem marca o início do desenvolvimento cognitivo e social.
Bebês estão predispostos à comunicação desde o nascimento.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 7 –AUTISMO E
LINGUAGEM INFANTIL
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Linguagem oral é indicativa de habilidades sociais e adaptativas futuras.
Reconhecimento da ligação entre habilidades sociais e comunicativas pelo
DSM-V.
Compreensão da comunicação social é importante.
Comportamentos verbais e não verbais são usados na interação social.
Capacidade de atenção compartilhada é essencial.
Capacidade de uso de símbolos inclui gestos e expressões.
Comunicação social é parte do cotidiano e varia em diferentes situações.
Dificuldades na comunicação social são observadas em TEA.
Atenção compartilhada é crucial para avaliação e intervenção em TEA.
Atenção compartilhada é um marcador para identificação precoce de TEA.
Desenvolvimento típico da atenção compartilhada ocorre no primeiro ano de
vida.
Nos TEA, a atenção compartilhada muitas vezes é em resposta ao adulto.
Não foram encontradas diferenças significativas na atenção compartilhada
entre crianças com TEA interagindo com mães e fonoaudiólogas.
Déficits na comunicação social estão relacionados com dificuldades cognitivas
na compreensão da teoria da mente.
Teoria da mente refere-se à habilidade de compreender os estados mentais
das pessoas e suas crenças.
Inabilidade na teoria da mente afeta a adaptação social das crianças com TEA.
A compreensão dos estados mentais é essencial para o desenvolvimento da
linguagem e habilidades criativas.
Alguns indivíduos com TEA têm fala estruturada, mas dificuldades na
comunicação.
Variações na linguagem incluem habilidades articulatórias mais desenvolvidas
que outras áreas.
Resultados sobre vocabulário em crianças com TEA são divergentes devido às
variações nos quadros.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
População com TEA mostra inabilidade na estruturação e interpretação de
narrativas.
Características de linguagem variam com o desenvolvimento e situação.
Ecolalia, a repetição da fala do outro, é uma característica comum em crianças
com TEA.
Ecolalia pode ser imediata ou tardia, total ou parcial, e é vista como uma
estratégia de aprendizagem verbal.
Indivíduos com TEA têm dificuldades no uso eficaz do discurso para a
interação social.
Habilidades de teoria da mente e discurso contingente estão interligadas.
Fala contingente refere-se a um enunciado que ocorre após o enunciado do
outro, mantendo o tópico.
Crianças com TEA não adicionam novas informações ao discurso, sugerindo
déficits nas habilidades discursivas e na teoria da mente.
Em interações sociais, crianças com TEA têm mais iniciativas do que
respostas.
Iniciativas são expressas mais por funções comunicativas que não envolvem
interação social.
Em estudo, respostas de crianças com TEA foram expressas por funções
comunicativas que envolviam alguma interação social.
Investigação dos aspectos funcionais da linguagem é importante para
avaliação em TEA.
Uso da linguagem baseado na teoria pragmática é essencial.
Pragmática envolve o conhecimento da estrutura da língua e normas que
governam o comportamento social.
Crianças com TEA tendem a usar mais funções que não envolvem interação
social em análises pragmáticas.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
AVALIAÇÃO DE LINGUAGEM NOS TRANSTORNOS
DO ESPECTRO DO AUTISMO
Alterações de linguagem são centrais nos quadros dos TEA.
Avaliação da linguagem auxilia no diagnóstico e orientação terapêutica.
Anamnese revela sinais de alterações no desenvolvimento da linguagem desde
cedo.
Alterações na comunicação verbal e não verbal são observadas no início do
processo de avaliação.
Aspectos formais da linguagem representam um desafio para o fonoaudiólogo.
Utilização de instrumentos de avaliação comercialmente disponíveis é
sugerida.
Avaliação da pragmática é essencial para analisar o uso funcional da
linguagem.
Análise dos atos da fala é realizada para estabelecer o perfil do uso das
funções comunicativas.
Avaliação fonoaudiológica tradicional inclui os atos, meios e funções
comunicativas.
Prova de Pragmática do ABFW é um instrumento tradicionalmente utilizado.
Estudo analisou os atos de iniciativas e respostas em interações de crianças
com TEA.
Responsividade das crianças e a interferência dos adultos no perfil
comunicativo são observadas.
Indivíduo precisa assumir uma postura de interlocutor ativo na interação social
recíproca para uma comunicação eficaz.
TERAPIA DE LINGUAGEM NOS TRANSTORNOS DO
ESPECTRO DO AUTISMO
Há várias propostas terapêuticas para desenvolvimento e qualidade de vida
em TEA.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Objetivos do fonoaudiólogo incluem comunicação espontânea e compreensão
verbal e não verbal.
Intervenção fonoaudiológica visa ampliar habilidades sociais,
comportamentais e linguísticas.
Estratégias incluem atividades lúdicas, jogos e leitura de textos.
Comunicação social deve focar em interações recíprocas e conversação.
Contexto interacional é fundamental na terapia, mais que o ambiente físico.
Relação terapeuta-paciente é essencial para contato visual e atenção
compartilhada.
Jogos compartilhados facilitam a construção da linguagem.
Interlocutores ativos, como familiares, influenciam positivamente o
desenvolvimento comunicativo.
Interação entre família e fonoaudiólogo é crucial para eficácia terapêutica.
A intervenção terapêutica fonoaudiológica pode ser direta ou indireta.
Na intervenção direta, o fonoaudiólogo planeja e executa estratégias para a
criança.
Na intervenção indireta, a participação e engajamento da família são
essenciais.
A intervenção indireta é importante para validar os ganhos sociais da
linguagem fora das sessões.
O ambiente escolar também é crucial para ampliar as habilidades
comunicativas e sociais.
A assessoria à escola dos indivíduos com TEA é fundamental para criar
ambientes educacionais adequados.
A comunicação alternativa e suplementar engloba diferentes formas de
comunicação para indivíduos não falantes.
Esses sistemas permitem a expressão de necessidades, desejos e ajudam na
independência do indivíduo.
O PECS é um programa frequentemente utilizado para autistas, incentivando a
expressão de necessidades e desejos.
Neuropsicologia estuda cérebro e comportamento.
Começou buscando relação entre lesões cerebrais e problemas cognitivos.
Métodos mudaram, agora estuda mais detalhadamente diferentes habilidades
cognitivas.
É parte das Neurociências e é nova no Brasil.
Reconhecida como especialidade em 2004 pelo Conselho Federal de
Psicologia.
Ajuda a detectar problemas sutis que exames de imagem não mostram.
Mede nível e qualidade do funcionamento cognitivo.
Auxilia em diagnósticos e comorbidades.
Usa instrumentos de avaliação e conhecimento para diferenciar normal de
patológico.
NEUROPSICOLOGIA
CAPÍTULO 8 –PERFIL
NEUROPSICOLÓGICO DO
AUTISMO
TESTAGEM E NORMATIZAÇÃO
Testagem neuropsicológica usa testes para avaliar funções cognitivas.
Testes avaliam inteligência, memória, atenção, linguagem, entre outras
funções.
São usados para inferir sobre indivíduos ou grupos.
Não existem testes exclusivamente neuropsicológicos, mas o padrão de
análise é neuropsicológico.
Considera desenvolvimento normal e patológico na cognição.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
LAUDO NEUROPSICOLÓGICO
Profissionais de Saúde Mental estãomais familiarizados com avaliação
neuropsicológica.
Laudos agora são mais breves comparados com os de Luria.
Laudos incluem histórico do paciente, instrumentos usados e desempenho em
relação a amostras padrão.
Considerações finais resumem achados e indicam possíveis patologias.
Alguns laudos focam em áreas específicas do cérebro ou sistemas funcionais.
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO
Perfil neuropsicológico busca identificar déficits cognitivos não evidentes em
exames de neuroimagem.
Ajuda a entender as habilidades e dificuldades cognitivas de uma pessoa.
Auxilia na compreensão dos déficits adaptativos independentemente das
causas estruturais.
Útil em quadros psicopatológicos, como os transtornos do espectro autista
(TEA), onde não há marcadores biológicos claros.
Na avaliação neuropsicológica, observamos comportamentos e análises
objetivas para diagnóstico.
Muitas vezes, estruturas cerebrais estão intactas, mas há falhas no
funcionamento adaptativo.
Busca por perfil neuropsicológico ajuda a discriminar interpretações de
comportamento.
Características como "personalidade forte" podem ser sinais de inflexibilidade
cognitiva, importante na identificação de TEA.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO DO AUTISMO
Escolha de instrumentos em avaliação neuropsicológica depende das
hipóteses diagnósticas.
Para diagnóstico de TEA, critérios nosográficos e achados na literatura são
considerados.
Transtornos do neurodesenvolvimento afetam mecanismos cerebrais de
sociabilidade, cognição e comunicação.
Manifestações são variadas e determinadas por diferentes fatores.
Conceito de espectro abrange essa variabilidade nos transtornos.
EFICIÊNCIA INTELECTUAL
Muitos pacientes com TEA têm retardo mental de diferentes graus.
Estima-se que entre 60 e 75% desses pacientes funcionam com retardo
mental.
Retardo mental é caracterizado por limitações importantes no funcionamento
diário que aparecem cedo na vida.
Pontuações de QI são usadas para representar o desempenho intelectual.
Critério de retardo mental é um QI abaixo de 70.
Exames de eficiência intelectual são priorizados.
Escalas de inteligência como a Columbia e Wechsler são usadas para avaliar
diferentes capacidades.
Escalas Vineland de Comportamento Adaptativo são alternativas para avaliar
habilidades sociais e pessoais.
Avaliação da inteligência e do comportamento adaptativo ajuda na escolha de
instrumentos subsequentes.
Inteligência não é o único aspecto a considerar, outros déficits podem estar
presentes, especialmente em TEA.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
TRÍADE DE ALTERAÇÕES FUNCIONAIS
Atualmente, descreve-se uma tríade de alterações funcionais característicos
nos TEA: alterações nas funções executivas e nas capacidades de coerência
central e teoria da mente.
FUNÇÕES EXECUTIVAS
Funções executivas são um conjunto de processos complexos relacionados
com comportamentos dirigidos e com propósito.
Correntemente associadas aos lobos frontais, essas funções ainda geram
divergências entre pesquisadores.
Indícios sugerem que redes mais amplas de informação também estão
envolvidas no funcionamento das funções executivas.
As funções executivas envolvem diferentes domínios cognitivos, incluindo
processos atencionais, flexibilidade executiva, planejamento, categorização,
inibição comportamental, fluência verbal e memória operacional.
Nos transtornos do espectro autista (TEA), há semelhanças no comportamento
de indivíduos com disfunção cortical pré-frontal e aqueles com autismo, como
inflexibilidade mental e dificuldade de inibição de respostas.
O perfil neuropsicológico dos TEA frequentemente mostra alterações nas
funções executivas, mas nem todas essas alterações estão presentes em
todos os casos.
TEORIA DA COERÊNCIA CENTRAL
Coerência central é a capacidade de integrar informações para formar um
todo significativo.
Nos TEA, há uma tendência a focar em detalhes em vez de processar
informações de forma global e coerente.
Indivíduos com TEA podem ter dificuldade em reconhecer expressões faciais,
especialmente de alegria e surpresa.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
TEORIA DA MENTE
Teoria da mente é a capacidade de entender e prever os pensamentos e
comportamentos de outras pessoas.
Indivíduos com TEA frequentemente apresentam dificuldades nessa
habilidade.
Essas dificuldades afetam o comportamento social e o desenvolvimento da
linguagem.
Antes de estruturarmos uma bateria de avaliação neuropsicológica
precisamos aventar uma hipótese diagnóstica com base na queixa, no
histórico e no exame clínico. O primeiro contato com o paciente fornece
informações que nos auxiliam na escolha dos instrumentos para avaliação .
ESCALAS DE RASTREIO
As escalas de rastreio permitem o agrupamento das condutas a fim de
estabelecer
um diagnóstico de maior confiabilidade. Podem estar organizadas em forma
de questionários, lista de sintomas ou inventários.
São administradas para a avaliação de aspectos específicos do
comportamento ou
para acompanhar a evolução de determinados quadros. Poucas escalas
diagnósticas encontram-se publicadas no Brasil, sendo a maioria utilizada em
pesquisas.
BATERIAS NEUROPSICOLÓGICAS
Estudos mostram que pessoas com autismo têm dificuldade em entender os
pensamentos dos outros.
Pesquisas revelam que pessoas com autismo percebem o mundo de forma
diferente.
A expressão facial é importante para entender as emoções.
O cérebro processa expressões faciais usando várias áreas.
Rostos são cruciais para interações sociais.
Expressões faciais podem indicar emoções e comportamentos.
A comunicação facial é aprendida desde cedo.
Estudos recentes mostram uma via rápida de detecção facial no cérebro.
Essa via pode ser crucial para o desenvolvimento da capacidade de
reconhecer rostos.
Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm dificuldade em
entender os pensamentos dos outros.
A região do cérebro chamada área da face fusiforme é importante para
reconhecer rostos.
Pessoas com TEA podem ter menos atividade nessa área do cérebro.
Reconhecer indivíduos específicos é mais difícil do que reconhecer objetos
genéricos.
Alguns estudos sugerem que pessoas com TEA têm problemas em reconhecer
expressões faciais e olhares.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 9 –
RECONHECIMENTO FACIAL E
PROSOPAGNOSIA
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
PROSOPAGNOSIA
Alguns indivíduos com autismo têm dificuldade em reconhecer rostos, uma
condição chamada prosopagnosia.
A prosopagnosia pode ser um sintoma importante em pessoas com autismo.
Existem diferentes tipos de prosopagnosia, alguns deles congênitos (presentes
desde o nascimento).
A prosopagnosia congênita pode ser herdada geneticamente e afeta a
capacidade de reconhecer rostos desde a infância.
O reconhecimento facial envolve partes específicas do cérebro e pode ser
afetado por condições genéticas.
Pessoas com autismo podem ter dificuldade em discriminar e identificar
expressões faciais corretamente.
Um teste chamado Teste de Benton foi usado para avaliar a capacidade de
reconhecimento facial em pessoas com autismo.
Os resultados do teste sugerem que algumas pessoas com autismo têm
dificuldade em reconhecer rostos, mesmo quando não há problemas de
inteligência.
Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm dificuldade em
reconhecer rostos.
Um estudo comparou indivíduos com TEA a pessoas sem o transtorno e
encontrou diferenças significativas.
Alguns estudos contradizem esses resultados, sugerindo que o
reconhecimento facial pode variar em pessoas com TEA.
Mudanças na angulação e na iluminação das faces podem aumentar as
dificuldades de reconhecimento em pessoas com TEA.
Alguns estudos sugerem que pessoas com TEA usam estratégias diferentes ao
processar faces viradas de cabeça para baixo.
O déficit no reconhecimento facial pode afetar a compreensão das emoções e
a interação social em pessoas com TEA.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
RECONHECIMENTO FACIAL
Um estudo comparou a capacidade de crianças com e sem TEA em
reconhecer expressões faciais básicas.O estudo usou figuras de um jogo chamado "Brincando com as Expressões"
para representar diferentes emoções.
Crianças com TEA e crianças sem o transtorno foram testadas quanto à
capacidade de identificar as expressões faciais.
Os resultados mostraram que a percepção das expressões faciais pode se
desenvolver de forma diferente em crianças com TEA.
Crianças com TEA tiveram mais dificuldade em reconhecer expressões como
alegria e surpresa do que adultos sem o transtorno.
Essas dificuldades podem contribuir para problemas de comunicação e
empatia observados em pessoas com TEA.
Além do reconhecimento facial, outras dificuldades não verbais podem afetar
a comunicação e os relacionamentos em pessoas com TEA.
O sentido do olfato, embora menos valorizado nos humanos, é crucial para
muitas espécies animais.
O aprendizado olfativo neonatal é fundamental para a sobrevivência dos
filhotes em outras espécies, auxiliando na orientação e alimentação.
O olfato depende do epitélio olfativo, contendo receptores neurais e células
especializadas.
Odores altamente voláteis e solúveis em gordura são mais facilmente
percebidos.
A adaptação olfativa faz com que o cheiro seja sentido inicialmente e depois
não mais.
As porções olfativas do cérebro estão relacionadas com estruturas antigas,
como o bulbo olfativo.
O hipocampo desempenha um papel importante na relação entre memórias de
odores e processos de memória.
Os odores são memorizados a partir do aprendizado, influenciando a seleção
alimentar e experiências emocionais.
O aprendizado de odores está relacionado com experiências individuais,
podendo afetar estados afetivos e comportamento social e sexual.
Memórias evocadas pelos odores são distintas de outras devido à sua forte
carga emocional.
A identificação de odores aumenta com a idade, atingindo um platô por volta
dos oito anos, mas depois há um declínio relacionado à idade.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 10 –PERCEPÇÃO
OLFATIVA E AUTISMO
INFANTIL
A FUNÇÃO OLFATIVA
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
OLFAÇÃO E AUTISMO
Pessoas autistas processam informações sensoriais de maneira diferente,
resultando em reações diversas a estímulos externos.
Podem apresentar hiper ou hiporreatividade a estímulos visuais e sonoros,
indo da indiferença ao medo.
Outras percepções sensoriais, como tato, olfato e paladar, também podem ser
afetadas, com poucos estudos disponíveis.
Estudos sugerem que partes do sistema nervoso central podem não se
desenvolver corretamente, com possíveis conexões neuronais equivocadas.
Sintomas do autismo surgem nos primeiros meses de vida, incluindo falta de
resposta consistente a estímulos, comportamentos repetitivos e dificuldade
em se comunicar emocionalmente.
Bartra (2014) propõe a hipótese do "exocérebro" em indivíduos autistas,
sugerindo que funções cerebrais específicas podem se desenvolver mais para
compensar disfunções que afetam a adaptação e sobrevivência.
Essa teoria sugere que circuitos neuronais relacionados à linguagem podem
estar menos desenvolvidos em autistas, levando a uma possível hipertrofia em
outras áreas sensoriais, como visão, audição, olfato e paladar.
Estudos realizados em indivíduos com síndrome de Down mostraram
alterações na função olfativa, especialmente em relação à memória de curto
prazo, sugerindo características semelhantes à doença de Alzheimer.
Pacientes com esquizofrenia também apresentaram queda no
reconhecimento olfativo, relacionada a déficits nas funções executivas e ao
tempo de duração da doença.
Transtornos obsessivo-compulsivos mostraram déficits em respostas
olfativas, embora menores do que os observados em pacientes com
esquizofrenia ou Alzheimer.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
METODOLOGIA
Um teste de identificação de odores foi padronizado em uma amostra
infantojuvenil brasileira para servir como parâmetro em avaliações futuras,
especialmente em populações autistas, visando verificar semelhanças no
reconhecimento olfativo.
Avaliação de 125 adolescentes de 11 a 17 anos de São Paulo, sem doenças
psiquiátricas ou otorrinolaringológicas e não fumantes.
Utilização do teste de identificação de odores "The Smell Identification Test"
adaptado para uso de soluções, com 12 estímulos olfativos.
Os adolescentes foram solicitados a identificar os odores e, posteriormente,
associá-los a quatro alternativas fornecidas.
Após 25 dias, os mesmos estímulos foram apresentados novamente para
avaliar a memória olfativa de longo prazo.
Os odores foram preparados por uma farmácia de manipulação, substituindo
alguns devido à identificação e obtenção padronizada.
Consentimento dos participantes, pais e escola foi obtido para aplicação do
teste.
Análise comparativa dos resultados foi realizada utilizando escala numérica e
teste t de diferenças significativas, bem como análise de variância (ANOVA).
Posteriormente, avaliação de 30 crianças diagnosticadas com transtorno
abrangente de desenvolvimento - autismo - com idade e nível intelectual
semelhantes.
RESULTADOS
Em todas as idades, houve um aumento significativo no número de acertos
quando os estímulos foram apresentados, seguido por uma queda significativa
após 25 dias sem estímulos.
O nível de acerto após 25 dias sem estímulos foi superior ao inicial, indicando
uma memória olfativa de longo prazo.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Comparando as idades, o nível de acerto foi constante ao longo das idades,
com ligeira vantagem para os participantes de 17 anos.
Alguns odores, como café, gasolina e alho, foram mais facilmente
identificados, enquanto outros apresentaram índices menores de acerto.
Após 25 dias, todos os odores foram reconhecidos com índice de acerto igual
ou superior ao inicial, mostrando influência do aprendizado.
Os resultados foram diferentes na população autista, com dificuldade na
nomeação dos odores, embora o desempenho tenha melhorado com o
fornecimento de alternativas.
A memória olfativa dos participantes autistas parecia mais relacionada ao
nome ensinado do que ao cheiro em si, indicando dificuldades no
reconhecimento e estocagem dos odores.
DISCUSSÃO
A olfação desempenha um papel fundamental na identificação de diversas
situações e está ligada à afetividade e às funções cognitivas.
Estudos sobre olfação em relação a questões psiquiátricas são limitados,
apesar de sua importância.
O aprendizado tem um papel crucial na forma como percebemos e
respondemos aos odores.
No transtorno do espectro autista, as respostas olfativas parecem ser
influenciadas pelo aprendizado, embora em menor medida do que em
indivíduos sem esse transtorno.
A padronização de instrumentos é essencial para pesquisas nessa área, e o
Smell Identification Test foi utilizado neste estudo.
Os resultados mostraram que a idade não influenciou significativamente o
reconhecimento de odores, mas houve uma ligeira melhoria na população de
17 anos.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
O reconhecimento de odores parece depender tanto das propriedades dos
odores quanto das associações semânticas do indivíduo.
O teste foi eficaz na avaliação da discriminação de odores e na memória
olfativa de longo prazo.
Na população autista, a dificuldade em associar o nome dos odores sugere um
déficit na integração sensorial e semântica.
O reconhecimento de odores comuns não parece ser resistente ao
esquecimento, especialmente em indivíduos autistas.
O conhecimento semântico específico e a familiaridade com os odores estão
diretamente relacionados ao seu reconhecimento.
Controlando a nomeação dos odores, as diferenças no reconhecimento entre
diferentes faixas etárias desaparecem, mas ainda há diferenças significativas
entre a população autista e a população de controle.
O reconhecimento de odores é crucial para a sobrevivência de animais,
levando à investigação sobre formas de memória de odores.
Sugere-se a existência de dois tipos separáveis de memória de odor,
dependendo da precisão da nomeação, e essas formas de memória variam de
acordo com a idade.
A relação entre o sentido do olfato e a memória permite explorarconexões
com a memória semântica e a memória autobiográfica.
Odores têm uma forte capacidade de evocar memórias autobiográficas, sendo
mais eficazes do que outras modalidades sensoriais.
Associar nomes aos odores durante o aprendizado melhora a memória
olfativa, especialmente quando os nomes têm conteúdo semântico rico.
Indivíduos com transtornos autísticos podem apresentar prejuízos semânticos
que afetam a memória olfativa.
Embora não haja um teste definitivo para avaliar a acuidade olfativa, estudos
podem comparar diferentes grupos de indivíduos e estabelecer padrões de
normalidade e anormalidade.
A dor é uma experiência desagradável associada a lesões nos tecidos,
envolvendo aspectos sensoriais e emocionais.
Sua percepção é influenciada por fatores complexos, incluindo interações
neuronais, situações emocionais e culturais.
Avaliar a percepção da dor em pessoas com autismo é desafiador devido ao
comprometimento da comunicação.
A dor não é apenas uma sensação sensorial, mas também envolve aspectos
afetivos, como medo e desconforto.
A capacidade de prever as implicações da dor também contribui para sua
dimensão afetiva.
O nível cognitivo influencia na forma como a dor é expressa, com crianças
desenvolvendo diferentes habilidades de enfrentamento ao longo do tempo.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 11 –PERCEPÇÃO
DOLOROSA E AUTISMO
INFANTIL
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA DOR
O fenômeno sensitivo doloroso começa com a transformação de estímulos
ambientais em sinais nervosos que são transmitidos ao sistema nervoso
central (SNC) por meio das fibras periféricas.
Os nociceptores, responsáveis por detectar estímulos mecânicos, térmicos e
químicos, estão presentes nas fibras amielínicas C e mielínicas A-δ.
Os nociceptores tipo C causam sensação de "queimação", enquanto os
relacionados às fibras A-δ causam sensação de "picada".
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Os estímulos alteram a atividade dos receptores, desencadeando potenciais de
ação. Mecanicamente, isso ocorre devido ao fluxo iônico em canais ativados
pelo estiramento.
Os nociceptores também são ativados por substâncias algiogênicas liberadas
nos tecidos, resultando em hiperalgesia e vasodilatação, iniciando o processo
inflamatório.
Na polpa dentária, a inflamação pode variar de uma leve hiperemia a um
processo inflamatório avançado, causando dor de diferentes intensidades e
características.
O dente é altamente inervado por fibras nervosas e qualquer estímulo na polpa
é percebido como dor.
MECANISMOS DE MODULAÇÃO DA DOR
Existem mecanismos neurais que controlam a transmissão da dor e
influenciam a resposta emocional a ela.
Nas lâminas do corno posterior da medula, especialmente na substância
gelatinosa, ocorrem interações complexas entre neurônios que modulam a
dor.
Na dor orofacial, originada da cavidade oral, estruturas nervosas como os
nervos trigêmeos e cervicais coordenam a atividade dos dentes, mandíbula e
músculos mastigatórios.
A substância cinzenta periaquedutal é uma região importante no cérebro para
modular a dor. Sua ativação aumenta o limiar de sensibilidade à dor, e a
analgesia induzida pela morfina está relacionada a essa área.
Receptores de opioides estão presentes em várias regiões do cérebro, como o
tálamo, hipotálamo e substância cinzenta periaquedutal, sendo ativados pela
morfina.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A β-endorfina, derivada da pró-opiomelanocortina (POMC), desempenha um
papel importante na modulação da sensibilidade à dor.
O córtex do cíngulo anterior é essencial na dimensão afetiva da dor, associada
ao desprazer e afeto secundário, enquanto a ínsula desempenha um papel na
percepção cognitiva e afetiva da dor, com alterações observadas em
pacientes com dor crônica e transtornos mentais.
DOR E AUTISMO – REVISÃO DA LITERATURA
No espectro autista, foi observada uma resposta diminuída à dor,
especialmente em autistas com maior comprometimento cognitivo.
Hipóteses explicativas surgiram para entender essas diferenças, sendo a mais
estudada atualmente a hipótese do aumento na atividade dos opioides, como
a β-endorfina.
A β-endorfina, um peptídeo com ação analgésica, está associada a
comportamentos autodestrutivos, estereotipias e outros sintomas do autismo.
Estudos em ratos mostraram que a injeção de β-endorfina induz analgesia e
comportamentos semelhantes ao autismo.
Alguns estudos encontraram níveis elevados de β-endorfina em autistas, mas
outros não confirmaram esses resultados.
O uso de antagonistas de opioides em autistas reduziu comportamentos
autoagressivos e estereotipias em alguns casos, mas não teve efeitos
significativos no comportamento social.
A serotonina também é estudada como possível marcador genético do
autismo, com observações de hiperserotoninemia em autistas e seus
familiares.
A colecistocinina (CCK), outro peptídeo relacionado ao sistema dopaminérgico,
também foi investigada em autistas, mas os resultados dos estudos são
variados.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
INVESTIGAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOLOROSA EM
AUTISTAS DE ALTO FUNCIONAMENTO
Com o objetivo de avaliar se indivíduos com autismo de alto funcionamento
percebem os estímulos dolorosos de maneira similar ou diferente de indivíduos
sem o transtorno, foi desenvolvida uma pesquisa no Departamento de
Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), com a colaboração da
Faculdade de Odontologia da USP, durante o período de 2002 a 2005 (Tarelho,
2005).
CASUÍSTICA
Seleção de dois grupos de 20 sujeitos do sexo masculino, denominados grupo
A e grupo B.
Ambos os grupos compreendiam indivíduos com idade acima de 14 anos,
momento em que ocorre a rizogênese completa.
Os participantes do grupo B eram usuários do Serviço de Odontologia da USP,
enquanto os do grupo A eram pacientes do Serviço de Psiquiatria da Infância e
Adolescência (SEPIA) da USP ou de outras instituições similares.
Após consentimento livre e esclarecido, aprovado pela Comissão de Ética e
Pesquisa em Seres Humanos, os participantes foram encaminhados para
avaliação odontológica.
GRUPO A - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
No diagnóstico de autismo e síndrome de Asperger, foram utilizados os
critérios do DSM-IV-TR (American Psychiatric Association, 2000).
Com o lançamento do DSM-V em 2013 pela APA, ambas as categorias
diagnósticas passaram a ser classificadas como transtorno do espectro do
autismo.
Não houve distinção entre autismo de alto funcionamento e transtorno de
Asperger devido a controvérsias na diferenciação clínica e ao
comprometimento cognitivo similar.
Os critérios para inclusão no estudo foram ausência de comorbidades
psiquiátricas, ausência de alterações de comportamento que
impossibilitassem o tratamento odontológico, presença de linguagem
expressiva e receptiva, compreensão do procedimento odontológico, pressão
arterial e frequência cardíaca dentro de valores normais, e necessidade de
tratamento dentário.
Pacientes que estavam utilizando psicofármacos foram incluídos no estudo,
sendo que alguns estavam sem medicação, enquanto outros utilizavam
antipsicóticos ou antidepressivos em doses específicas.
GRUPO A - CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Os que estivessem em tratamento ortodôntico, visto que o teste de vitalidade
pulpar (metodologia descrita a seguir, utilizada como parâmetro de
sensibilidade à dor nesta pesquisa) não poderia ser feito;
Portadores de marca-passo cardíaco, doença neurológica e diabetes.
GRUPO B - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Ausência de doença psiquiátrica detectável, segundo critérios do DSM-IV-TR
para detecção de transtornos mentais, incluindo eixos I e II;
Pressão arterial normal, ou seja, sistólica abaixo de 140 mmHg e diastólica
abaixo de 90 mmHg;
Frequência cardíaca entre 70 e 120 bat/min; n
Necessidade de limpeza dentária ou tratamento restaurador em, pelo menos,
um dente posterior com processo cariogênico.
GRUPO B - CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Os mesmos descritos para o grupo A.
INFRAESTRUTURA
Foi utilizado consultório odontológico localizado no Departamento de
Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo
(FOUSP).EQUIPAMENTO PARA MONITORIZAÇÃO E REGISTRO DOS PARÂMETROS
CARDIOVASCULARES
Monitor automático de pressão sanguínea não invasivo modelo Schollar® II,
(Criticare System Inc, USA), para leitura contínua das pressões arteriais
sistólica, diastólica e média (pelo método oscilométrico) e frequência cardíaca
(através do método fotopletismográfico), programado para registros contínuos
a cada minuto;
Impressora conectada no monitor de pressão Schollar® II;
Estetoscópio (Diasyst®) e esfigmomanômetro (Missori®) método auscultatório
para aferir a pressão sanguínea (não invasivo).
EQUIPAMENTO PARA MONITORIZAÇÃO E REGISTRO DA VITALIDADE
PULPAR
Testador pulpar digital (pulp tester) com tecnologia analítica modelo 2005
(Vitality Scanner 2005, Analytic Endodontics, CA, USA)
Questionário Clínico: elaborado por Costa (2003), utilizado em pesquisa sobre
perfil de anestésicos apresentada à FOUSP para obtenção do título de mestre
(Anexo I);
Escala de Faces: com cinco possibilidades, desenvolvida por Ada Rogers e cols.
(não publicada), utilizada como instrumento para avaliação de dor por Tengan
(2000), que correlaciona a expressão facial (representada com cinco
possibilidades variando entre face feliz e triste) à intensidade da dor;
Escala de Indicadores Comportamentais: adaptada por Rossato e Ângelo (1999)
a partir do estudo de Abu-Saad (1984), baseada na observação da vocalização,
expressão facial e movimentos corporais antes, durante e depois de um
procedimento doloroso
PROCEDIMENTO
Os participantes foram submetidos a uma avaliação psiquiátrica usando os
critérios do DSM-IV-TR para detectar transtornos mentais.
Após consentimento, foram encaminhados para participar da pesquisa.
Ambos os grupos foram avaliados por um dentista para determinar a
necessidade de tratamento odontológico.
O teste elétrico foi aplicado em dentes pré-molares hígidos, usando um
testador pulpar digital.
Durante o teste, foram registradas a pressão arterial sistólica (PAS), diastólica
(PAD), média (PAM) e frequência cardíaca (FC).
Os participantes responderam a um Questionário Clínico nos primeiros 5
minutos após a conexão do aparelho, que foram posteriormente desprezados.
O teste elétrico foi aplicado três vezes consecutivas, com os participantes
sinalizando quando sentiam formigamento, calor ou pressão no dente testado.
Escalas de avaliação da dor foram aplicadas, incluindo a Escala de Indicadores
Comportamentais e a Escala de Faces, para determinar a presença ou
ausência de dor.
RESULTADOS
Resultados comparados considerando variações da frequência cardíaca (FC),
pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e pressão
arterial média (PAM), resposta ao teste de vitalidade pulpar e escalas de
avaliação de dor.
Diferença significativa na idade dos grupos, sendo a média de idade do grupo A
de 17,80 e do grupo B de 20,05 anos.
Limiar de dor maior no grupo A comparado ao grupo B (64,42 e 44,40,
respectivamente).
Na Escala de Faces, não houve diferença estatisticamente significativa entre
os grupos.
Não foram observadas alterações nos parâmetros clínicos devido ao estímulo
elétrico.
Na Escala de Indicadores Comportamentais, diferenças foram observadas
entre os grupos:
No grupo A, houve presença significativa de "grito", "cerrar os olhos" e "tenso"
durante o estímulo elétrico, voltando a diminuir depois.
No grupo B, houve presença significativa de "franzir a testa" durante o estímulo
elétrico, voltando a diminuir depois.
DISCUSSÃO
Na pesquisa, os grupos diferiram em idade, mas essa diferença não foi
clinicamente importante.
Ambos os grupos mostraram capacidade de entender e perceber a dor do
procedimento.
A maturação dos dentes influenciou a resposta ao teste de dor.
Autistas demonstraram um limiar de dor maior, mas as respostas subjetivas à
dor foram semelhantes em ambos os grupos.
A teoria da coerência central pode explicar diferenças na percepção da dor
entre os grupos.
Não houve alterações significativas nos parâmetros clínicos em resposta ao
estímulo doloroso.
Autistas mostraram mais tensão e vocalizações durante o procedimento,
enquanto o grupo de controle mostrou mais controle emocional.
Autistas podem não aprender com experiências sociais passadas da mesma
forma que o grupo de controle, influenciando suas respostas à dor.
O capítulo aborda a temporalidade como uma característica humana, não
apenas como uma medida de tempo.
Existem diferentes formas de conceber o tempo, como biológico, cronológico e
absoluto, influenciadas pela percepção individual.
A percepção do tempo pode ser afetada pelo envolvimento emocional na
situação vivenciada.
O estudo busca entender a relação entre o ser humano e o tempo, inspirado
em pensadores como Husserl e Merleau-Ponty.
A metodologia fenomenológica é utilizada para investigar o fenômeno humano,
permitindo suspender pressuposições prévias e explorar a experiência como
ela se manifesta.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 12 – 
PERCEPÇÃO DE TEMPO,
TEMPORALIDADE E AUTISMO
INFANTIL
TEMPORALIDADE
Maurice Merleau-Ponty focaliza a relação entre o ser humano e o mundo
através da consciência perceptiva, que está ligada ao corpo em interação com
o ambiente.
A percepção pré-reflexiva é essencial para a compreensão merleau-pontyana,
onde a percepção precede o pensamento.
Merleau-Ponty enfatiza que o homem existe antes de pensar, e sua existência
é compreendida dentro de um "todo significativo" que é o mundo.
A temporalidade é vista como a condição que dá sentido ao eu, ao mundo e às
experiências vividas, permitindo a compreensão da vida e das vivências
humanas.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
TEMPORALIDADE E PSICOPATOLOGIA: ALGUMAS
REFERÊNCIAS
Minkowski (1971) e Jaspers (2003) são autores que se preocuparam com a
questão do tempo no campo da Psiquiatria.
Minkowski concentra-se na descrição do fenômeno psicopatológico,
considerando o homem como um ser temporal consciente de sua finitude.
Ele destaca a importância do tempo na vida e sua relação com transtornos
mentais, sugerindo que a condição autística na esquizofrenia restringe a
capacidade de temporalização.
Jaspers, em sua obra "Psicopatologia Geral", descreve a vivência de tempo
como parte fundamental do contato do homem com o mundo e consigo
mesmo.
Segundo Jaspers, a vivência de tempo está ligada à consciência de identidade
do eu ao longo do tempo.
Ambos os autores consideram o homem como um ser temporal, envolvido em
uma relação contínua com o mundo percebido e vivido.
A TEMPORALIDADE E O ESPECTRO AUTISTA
A síndrome de Asperger é agora considerada parte do espectro autista, com
base em sua história, conceituação e características.
Hans Asperger descreveu a síndrome em 1943, destacando características
como dificuldades no contato interpessoal, interesses específicos e
perseveração na fala e nos gestos.
Leo Kanner, na mesma época, descreveu crianças com isolamento grave, falta
de contato afetivo e alterações na linguagem.
Lorna Wing comparou as descrições de Asperger e Kanner, identificando
características comuns como isolamento social, linguagem não pragmática e
padrões repetitivos de comportamento.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Essas características comuns formaram a tríade de déficits que define o
espectro autista: déficits nos âmbitos social, comunicacional e simbólico, com
comportamentos repetitivos.
Hobson propôs uma leitura da condição autista com base nas inter-relações,
destacando a importância da reciprocidade afetiva e da capacidade simbólica
na formação do "mundo próprio" e do "mundo comum".
Ele sugeriu que no autismo infantil pode haver uma falha na condição
intencional, afetando a experiência sensório-motora-afetiva.
Na prática clínica, pais e cuidadores expressam preocupação com a
percepção de tempo de seus filhos autistas, observando que o tempo parece
não passar ou mesmo não existir para eles.
Autistas na adolescência, apesar de fisicamente adultos, muitas vezes têm
uma percepção mágica e incoerente do futuro e não demonstram
preocupação com suas trajetórias de vida.
Essas observaçõeslevaram a um interesse em investigar a relação entre a
percepção de tempo e a condição autista em um estudo fenomenológico,
explorando relatos pessoais.
MÉTODO
Foram realizadas entrevistas para investigar temas relacionados à
temporalidade, seguindo estruturação baseada nos trabalhos de Minkowski e
Jaspers.
Os temas incluíram termos temporais, orientação temporal, identidade do eu,
história pessoal, presente, passado, futuro, conceituação de tempo e finitude.
Participaram do estudo dois grupos: um de 15 indivíduos com síndrome de
Asperger e outro de 15 participantes pareados por idade, sem condições
mórbidas psiquiátricas, deficiências físicas, mentais ou sensoriais.
As entrevistas foram conduzidas individualmente e gravadas em fita cassete
com autorização verbal do participante e do responsável.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
RESULTADOS
Nas entrevistas, os grupos apresentaram peculiaridades distintas em relação
aos temas relacionados à temporalidade.
Os participantes do grupo síndrome de Asperger (GSA) demonstraram
familiaridade com termos temporais, oferecendo definições formais e uso
cotidiano dessas palavras. Já o grupo controle (GC) teve dificuldade em definir
formalmente os termos, fornecendo respostas mais pessoais.
Ambos os grupos definiram os termos "antes" e "depois" de maneira espacial e
temporal, mas o GC demonstrou uma tendência maior em definir no sentido
temporal.
Os participantes do GSA quantificaram períodos de tempo de forma
cronológica, relacionando-os a atividades diárias e transformações físicas ao
longo do tempo. Já o GC valorizou os períodos pelo impacto que têm na vida.
Ambos os grupos demonstraram orientação no tempo, mas o GSA detalhou
minuciosamente suas rotinas diárias e vivências passadas, enquanto o GC foi
mais sucinto.
A identidade foi percebida de forma física pelos participantes do GSA,
associando características físicas ao passado, presente e futuro. No GC, houve
uma noção de identidade mais contínua, priorizando aspectos cognitivos.
A noção de tempo de vida foi delimitada cronologicamente pelo GSA, enquanto
o GC atribuiu significados pessoais ao tempo vivido.
As recordações de acontecimentos marcantes variaram entre os grupos, com
o GSA evocando mais memórias da infância e o GC recordando eventos
desagradáveis com mais facilidade.
Em relação ao tempo presente, o GSA se concentrou em detalhes e situações
específicas, enquanto o GC adotou uma perspectiva mais generalista e
contínua.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Quando questionados sobre o tempo, o GSA descreveu-o de forma cronológica
e mensurável, enquanto o GC abordou diversas formas de relacionamento com
o tempo.
As concepções sobre a morte foram diferentes entre os grupos, com o GSA
associando-a a aspectos negativos e perigosos, enquanto o GC considerou
aspectos espirituais e a possibilidade pessoal da morte.
DISCUSSÃO
Participantes do grupo síndrome de Asperger (GSA) mostraram uma noção
limitada de tempo, focada em elementos físicos como tamanho, distância e
velocidade, sem integração entre eles.
Enquanto o GSA estimava a duração do tempo com base na quantidade de
atividades realizadas, o grupo controle (GC) demonstrava uma compreensão
mais ampla, considerando aspectos objetivos e subjetivos na experiência de
duração.
O GSA apresentou uma relação formal e situacional com o tempo, enquanto o
GC mostrou uma postura mais pessoal e crítica.
Os participantes do GSA se orientaram no tempo com base em referências
amplas, como períodos do dia, dias da semana e meses, preenchendo os
períodos de tempo com atividades diárias.
Em relação à identidade temporal, o GSA ancorou-se em alterações físicas e
psicológicas, enquanto o GC demonstrou um processo contínuo de
maturidade.
O GSA definiu seu tempo de vida com base em tempo cronológico ou
memórias remotas, enquanto o GC considerou experiências pessoais
marcantes.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
O passado para o GSA foi caracterizado por fatos em si, sem um sentido
direcionado, enquanto no GC as experiências passadas embalaram o tempo
presente.
Os participantes do GSA abordaram o presente de forma situacional e sem
continuidade com eventos anteriores e subsequentes.
A concepção do futuro no GSA foi estereotipada e desprovida de conteúdo
afetivo, enquanto no GC houve uma perspectiva de continuidade e construção
pessoal.
A finitude foi apresentada de forma impessoal pelo GSA, enquanto alguns do
GC consideraram a possibilidade de continuidade após a morte.
Os resultados indicaram uma restrição grave relacionada à temporalidade no
modo de interação do indivíduo com síndrome de Asperger, prejudicando o
sentido de continuidade das vivências e a criação de perspectiva e
subjetividade.
O autismo é difícil de entender e diagnosticar.
Há muitos tipos diferentes de autismo.
Kanner foi um dos primeiros a descrever o autismo.
Ele descreveu sintomas como obsessões e dificuldade em se relacionar.
A síndrome de Asperger é uma forma específica de autismo.
O autismo é mais comum em meninos do que em meninas.
Não sabemos ao certo se o número de casos está aumentando ou se é apenas
melhor diagnóstico.
Há muito ainda a aprender sobre o autismo.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 13 – 
CONSTITUIÇÃO DE ESPAÇO E
AUTISMO
A SÍNDROME DE ASPERGER
A síndrome de Asperger foi descrita por Hans Asperger em 1944.
Ele estudou crianças com dificuldades sociais e chamou isso de
"psicopatologia autística".
No DSM-IV, é classificada como "transtorno invasivo do desenvolvimento".
Características incluem falta de empatia e dificuldade em fazer amigos.
A linguagem pode ser pedante ou repetitiva.
O diagnóstico é difícil e pode ser confundido com autismo ou outros
transtornos.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
AUTISMO E ESPACIALIDADE
O espaço e o tempo são importantes para entender o autismo.
As pessoas com autismo podem ser rígidas em relação a mudanças no
ambiente físico e corporal.
Alterações no espaço e no tempo podem causar ansiedade e problemas
emocionais.
Estudos recentes mostram que pessoas com autismo têm dificuldades com a
atenção compartilhada e a mudança de foco.
Pessoas com autismo podem ter habilidades melhores em certas tarefas,
como encontrar peças encaixadas em figuras.
A falta de capacidade para juntar informações é uma característica comum no
autismo.
A teoria da fraca coerência central é usada para explicar algumas
características do autismo.
No autismo, o processamento da informação pode ser diferente, com foco em
detalhes em vez do contexto geral.
Comparado com autistas de alto funcionamento, pessoas com síndrome de
Asperger têm habilidades cognitivas diferentes, mas também apresentam
déficits em áreas como coordenação motora e competência social.
Há uma mistura de sintomas psiquiátricos e neurológicos no autismo e na
síndrome de Asperger, como comportamentos estereotipados, déficits verbais
e não verbais e problemas na interação social.
É difícil distinguir clinicamente entre autismo e síndrome de Asperger, pois
compartilham muitas características.
Indivíduos com síndrome de Asperger podem apresentar dificuldades
visuomotoras, especialmente na organização perceptual e motora.
Testes neuropsicológicos mostram prejuízos na organização visuomotora em
pessoas com síndrome de Asperger.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
RESULTADOS
A análise comparativa entre os dois grupos por meio do teste t-independente
quanto à idade e classificação social mostrou que não houve diferença
significante entre os dois grupos quanto à idade e classificação social.
DISCUSSÃO
Os testes utilizados na pesquisa avaliaram habilidades perceptuais e motoras,
lateralidade, análise e síntese, e reconhecimento de partes do corpo.
Os resultados mostraram prejuízos na organização visuomotora em indivíduos
com síndrome de Asperger.
Essas pessoas têm bom funcionamento intelectual, mas sofrem de transtorno
invasivo no desenvolvimento.
A função executiva é uma coleção de habilidades cognitivas essenciais para a
organização do pensamento e comportamento.Indivíduos com síndrome de Asperger podem ter dificuldades em expressar
intenções, resolver problemas e compreender situações hipotéticas.
O funcionamento da memória de trabalho, responsável pelo armazenamento
temporário e manipulação de informações, também é afetado na síndrome de
Asperger.
Isso contribui para dificuldades na comunicação social e na resolução de
problemas.
Embora tenham interesses e habilidades específicas, seu funcionamento
cognitivo pode ser atípico e limitado, podendo ser confundido com
retardamento mental.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
ANÁLISE DOS GRUPOS NO TESTE DE BENDER
No teste de Bender, pacientes com síndrome de Asperger mostraram mais
prejuízos na performance total e em cada item do teste.
Esses prejuízos estão relacionados a falhas de proporção, precisão e
conservação de formas, além de erros como omissão ou adição de elementos.
Tais desvios são altamente significativos e sugerem transtornos do
desenvolvimento neuropsicológico.
As dificuldades em reconhecer objetos e distorções na percepção visual
podem estar ligadas a alterações no espaço visual.
Estudos mostram que esses indivíduos têm dificuldade em memória visual
complexa e memória de trabalho espacial, mas melhor desempenho em
memória de trabalho verbal e memória de reconhecimento.
ANÁLISE COMPARATIVA NO SUBTESTE DAS
ESCALAS WECHSLER – CUBOS
O teste de Cubos avalia habilidades como análise e síntese, coordenação
visuomotora e espacial, planejamento e resolução de problemas, todas
relacionadas à função executiva.
A função executiva permite usar a atenção de forma flexível, inibir respostas
impulsivas e criar estratégias eficientes para resolver problemas.
A memória depende da integração de vários processos cognitivos e regiões
cerebrais, como atenção, organização perceptual e linguagem.
Indivíduos com transtornos autísticos têm dificuldades nessas áreas, como
planejamento, organização, atenção direcionada e capacidade de decompor
modelos em partes para reconstruir o todo.
Essas dificuldades perceptuais estão relacionadas a alterações no
desenvolvimento neuropsicológico e são características marcantes do
autismo.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Na síndrome de Asperger, há dificuldades na organização, planejamento e
execução de atividades, além de problemas na generalização do aprendizado.
Estudos mostram déficits na memória de trabalho visual e espacial em
indivíduos com transtorno global do desenvolvimento com inteligência
preservada.
O déficit na memória de trabalho espacial está relacionado à quantidade de
informação exigida por essa memória.
ANÁLISE DOS SUJEITOS NO TESTE DE BÈRGES E
LÈZINE OU RECONHECIMENTO DAS PARTES DO
CORPO
O esquema corporal é desenvolvido na infância, onde as crianças entendem as
partes do corpo e como elas se movem.
Aos 7 e 8 anos, as crianças devem ter o esquema corporal definido, ligado ao
desenvolvimento espacial e ao pensamento pré-operatório.
O reconhecimento das partes do corpo revelou falhas no grupo com síndrome
de Asperger, indicando problemas na estruturação espacial e perceptual.
O esquema corporal é a consciência das habilidades motoras e de expressão
da criança.
A percepção do mundo pode ser diferente para crianças com síndrome de
Asperger, onde conceitos como tempo, espaço e causalidade não são
compreendidos de forma lógica e linear.
O corpo está ligado à motricidade, percepção, linguagem e outras
experiências, sendo um fenômeno complexo.
Dificuldades na percepção do esquema corporal podem afetar a ação, a
interação social e a afetividade das crianças com síndrome de Asperger.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
ANÁLISE COMPARATIVA DOS SUJEITOS NAS
PROVAS DE HEAD (PIAGET-HEAD)
O grupo com síndrome de Asperger teve resultados inferiores na comparação
com o grupo-controle nos testes de Head.
Durante os primeiros sete anos, as crianças aprendem princípios importantes
sobre objetos, quantidade, espaço e tempo, mas na síndrome de Asperger o
desenvolvimento pode ser diferente.
Algumas habilidades podem ser preservadas ou até mais desenvolvidas em
certas áreas, enquanto outras são prejudicadas.
A consciência do corpo no ambiente é crucial para a criança se situar e
entender as relações entre os objetos.
Indivíduos com síndrome de Asperger têm dificuldade em expressar intenções,
resolver problemas e processar múltiplas informações.
Os déficits na síndrome de Asperger estão relacionados à organização
perceptual visual e motora, além de dificuldades na simbolização e percepção
de conceitos complexos.
Esses problemas podem ser causados por déficits na função executiva e na
memória de trabalho.
Os adultos têm um grande conhecimento sobre como objetos interagem no
ambiente, mas ainda há questões não resolvidas sobre como eles adquirem
essa habilidade.
A noção de física intuitiva tem sido estudada no desenvolvimento cognitivo
infantil, sugerindo que certos princípios desses domínios estão presentes
desde cedo.
Filósofos como Platão, Descartes e Leibniz propuseram a ideia de ideias inatas,
criticadas por empiristas como Locke e Hume, que sugeriram que todo
conhecimento é adquirido pela experiência.
Noam Chomsky reacendeu o debate sobre ideias inatas, propondo a existência
de uma gramática universal para a linguagem.
Elizabeth Spelke propôs que o princípio da continuidade e coesão guia a
interpretação dos eventos físicos na criança.
Baillargeon defendeu a teoria da persistência, que sugere que as crianças
possuem sistemas de representação empobrecidos no início do
desenvolvimento, mas esses sistemas se refinam com a experiência.
Humanos e outras espécies compartilham expectativas similares sobre como
objetos se comportam no ambiente, mesmo sem receberem lições explícitas
sobre o assunto.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 14 – 
FÍSICA INTUITIVA E AUTISMO
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FÍSICA INTUITIVA
A física intuitiva refere-se ao conhecimento básico sobre como os objetos
interagem no mundo físico e está presente desde cedo no desenvolvimento
humano.
Ela engloba um nível básico de percepção, incluindo habilidades como
reconhecimento de causas físicas e expectativas sobre movimento e
propriedades dos objetos.
Além disso, há um nível mais complexo de entendimento que se desenvolve ao
longo da vida, abrangendo conceitos relacionados à mecânica.
O domínio estreito da física intuitiva, denominado "entendendo como coisas
funcionam", envolve o conceito central de objeto, que já é observado em bebês
de 4 a 5 meses.
Esse domínio inclui o raciocínio sobre a dinâmica dos objetos e as causas
físicas de eventos iniciados por objetos não vivos.
Princípios fundamentais dessa física intuitiva incluem a continuidade e a
coesão, que estabelecem que objetos não podem aparecer ou desaparecer
espontaneamente e que eles são entidades conjuntas e confinadas.
Conceitos mais avançados, como causas e efeitos, trajetórias e gravidade,
começam a ser compreendidos por volta dos 3 a 4 anos de idade, assim como
o tamanho, peso e densidade dos objetos.
A compreensão teórica do movimento geralmente se desenvolve entre os 7 e
12 anos de idade.
DOMÍNIOS CENTRAIS DA COGNIÇÃO
O modelo proposto por Baron-Cohen sugere a existência de mecanismos
neurocognitivos especializados para distinguir entre agentes e não agentes.
Agentes são seres com intencionalidade, enquanto não agentes não possuem
essa característica.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Essa distinção corresponde à diferença entre objetos animados e inanimados,
onde os objetos inanimados não têm intenção, enquanto os animados têm.
A intencionalidade é a capacidade de algo apontar ou se referir a coisas além
de si mesmo.
Desde a infância, os humanos utilizam uma "psicologia intuitiva" para deduzir
as causas das ações de agentes e uma "física intuitiva" para entender as
causas dos movimentos de não agentes.
Se um agente está envolvido, o evento é interpretado como causado por
intenção; se não, é interpretado em termos de uma força física causal.
Essas habilidades intuitivas surgem precocementena infância e são
consideradas adaptativas.
A "teoria dos corpos" explica a rápida aquisição de conhecimento das
propriedades mecânicas não intencionais de agentes e eventos, enquanto a
"teoria da mente" está relacionada às propriedades intencionais dos agentes.
CONSIDERAÇÕES SOBRE AUTISMO E SÍNDROME
DE ASPERGER
Autistas têm interação limitada com o meio, sendo descritos como estando
"somente em si mesmos" por Asperger.
O espectro autista abrange desde casos graves com atraso no
desenvolvimento e deficiência mental até casos de autismo de alto
funcionamento e síndrome de Asperger.
O DSM-V propõe uma única nomenclatura, Transtornos do Espectro do Autismo
(TEA), incorporando os diferentes subtipos.
Os níveis de descrição relevantes para o autismo incluem aspectos biológicos,
comportamentais e sociais, como risco genético elevado, manifestação da
tríade de prejuízo, problemas de relacionamento e isolamento social.
O diagnóstico do autismo ainda se baseia em critérios comportamentais, mas
uma abordagem mais produtiva combina teorias biológicas e psicológicas.
HABILIDADES ESPECIAIS
As "ilhas de habilidades especiais" no autismo referem-se a habilidades
preservadas ou altamente desenvolvidas em certas áreas, contrastando com
os déficits gerais no funcionamento da criança.
Essas habilidades, como as de savant, são fascinantes e têm potencial
importância científica no entendimento do desenvolvimento de talento,
inteligência e mecanismos etiológicos no Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA).
A presença de habilidades especiais é mais comum no autismo de alto
funcionamento e na síndrome de Asperger, onde há interesses especiais
intensos em um ou dois assuntos.
Crianças com autismo frequentemente apresentam memória excepcional,
atenção a detalhes e desenvolvimento precoce da linguagem, embora possam
ter dificuldades em compreender o significado dessas informações.
A observação de máquinas e sistemas físicos é comum em crianças autistas, e
há discussões sobre a possível relação entre o autismo e o talento em áreas
específicas.
Aspectos genéticos e biológicos, como herança poligenética e a
predominância do autismo em meninos, são observados e continuam sendo
investigados.
Asperger sugeriu uma relação entre o autismo e traços de inteligência
masculina exagerados, mas essa ideia precisa ser reexaminada à luz das
teorias neurobiológicas sobre as diferenças de gênero na maturação cerebral.
HERDABILIDADE E GENÉTICA
Observações sobre a presença de traços autistas em familiares sugerem uma
possível associação genética com habilidades em engenharia, matemática e
física.
Estudos de gêmeos e familiares indicam uma forte tendência de autismo entre
grupos familiares, sugerindo uma influência genética.
Estudos epidemiológicos em vários países estimam uma prevalência de um
caso de autismo em cada 88 crianças nos Estados Unidos, com uma
proporção maior de meninos afetados.
A distribuição desproporcional por sexo e um risco recorrente inferior a 10%
entre irmãos sugerem uma etiologia poligênica fortemente influenciada pelo
sexo na maioria dos casos de autismo idiopático.
O autismo idiopático, que não possui estigmas físicos ou biomarcadores
demonstráveis, engloba indivíduos cujas causas permanecem desconhecidas.
ANATOMIA E NEUROBIOLOGIA DO AUTISMO
Estudos de ressonância magnética (RM) indicam que o autismo está associado
a um aumento temporário do tamanho do cérebro após o nascimento,
principalmente nas regiões frontal, cerebral e cerebelar.
A disfunção cerebral no autismo afeta áreas como o córtex pré-frontal,
sistema límbico e cerebelo, influenciando o desenvolvimento global do cérebro.
Redes neurais anômalas gerenciam funções como reconhecimento facial,
mentalização e funções executivas em indivíduos com autismo, sugerindo
dificuldades na interpretação adequada de estímulos do ambiente.
A alteração na conectividade cerebral é apontada como um fator-chave na
fisiopatologia do autismo, com dificuldades na sincronização da ativação
cerebral para executar tarefas cognitivas complexas.
O conceito de baixa conectividade cortical sugere uma fraqueza funcional de
conexões entre áreas cerebrais em pacientes com autismo, dificultando
tarefas cognitivas e sociais complexas.
As habilidades cognitivas críticas no autismo, como teoria da mente e
flexibilidade cognitiva, são analisadas à luz das alterações nas redes de
conectividade cerebral, mostrando uma estreita compatibilidade entre as
teorias cognitivas e o modelo de conectividade cortical.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
MODELOS COGNITIVOS
Deficiências na Teoria da Mente (ToM), fraqueza da coerência central e
disfunção executiva são considerados possíveis marcadores
comportamentais do autismo.
A teoria da cegueira mental sugere um atraso no desenvolvimento da ToM em
pessoas com autismo, levando a dificuldades na empatia e interpretação do
comportamento alheio.
A teoria da fraqueza da coerência central propõe que pessoas com autismo
têm dificuldade em integrar informações para formar um todo coerente,
focando em detalhes específicos.
A teoria da disfunção executiva sugere uma falta de habilidades no
planejamento de ações, organização e atenção compartilhada, explicando
comportamentos repetitivos e inflexibilidade mental.
A teoria do mundo intenso postula a presença de microcircuitos neurais
hiperfuncionantes no cérebro de pessoas com autismo, resultando em
hiperpercepção, hiperatenção, hipermemória e hiperemoção.
Todas essas teorias são baseadas em diferenças de desempenho em tarefas
que envolvem essas habilidades em pessoas com autismo, em comparação
com grupos-controle e outros grupos clínicos.
A teoria da empatia-sistematização (ES) propõe que as mentes de homens e
mulheres têm diferenças baseadas na empatia e sistematização.
A empatia refere-se à capacidade de compreender e se conectar
emocionalmente com os outros, enquanto a sistematização envolve a
capacidade de entender e criar sistemas baseados em regras.
Homens tendem a ser mais sistematizadores, enquanto mulheres tendem a ter
maior empatia, de acordo com evidências científicas.
TEORIAS DA EMPATIA-SISTEMATIZAÇÃO E EXTREMO CÉREBRO
MASCULINO NO AUTISMO
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Indivíduos com autismo frequentemente se encaixam no extremo
sistematizador, mostrando habilidades específicas em áreas como
matemática e música, mas têm dificuldades na empatia.
Essa falta de empatia pode levar a problemas nos relacionamentos e no
trabalho, onde a sensibilidade social é importante.
Pessoas com autismo podem tentar compensar essa falta de empatia criando
regras e sistemas mentais para interagir socialmente, em vez de confiar na
intuição.
Prejuízo na empatia
Meninas geralmente superam meninos em testes de "ToM", enquanto crianças
com autismo ou Síndrome de Asperger (SA) tendem a pontuar abaixo de
meninos com desenvolvimento típico.
LEITURA DA MENTE
QUOCIENTE DE EMPATIA (QE)
Um questionário que mede a capacidade de uma pessoa em identificar e
entender os sentimentos dos outros. Mulheres tendem a ter pontuações mais
altas que homens, enquanto pessoas com SA/AAF geralmente pontuam abaixo
dos homens.
TESTE DA LEITURA DA MENTE PELOS OLHOS
Este teste avalia a habilidade de discernir emoções através das expressões
nos olhos. Mulheres tendem a obter pontuações mais altas que homens,
enquanto pessoas com SA geralmente pontuam abaixo dos homens.
Mulheres tendem a fazer mais contato visual que homens, enquanto indivíduos
autistas ou com SA geralmente fazem menos contato visual que homens.
CONTATO VISUAL
QUOCIENTE DE SISTEMATIZAÇÃO (QS)
Um teste que mede a capacidade de perceber detalhes. Homens tendem a ter
pontuações mais altas que mulheres, enquanto pessoas com SA/AAF pontuam
acima dos homens.
TESTE DE FÍSICA INTUITIVA
Um teste composto por questões de múltipla escolha sobre conceitos de física
que não são ensinados no currículo escolar, mas podem ser solucionados
através da experiência diária. Homens tendem a ter pontuações mais altas que
mulheres, enquanto pessoas com SA/AAFpontuam acima de homens com
desenvolvimento típico.
TESTE DAS FIGURAS ENCAIXADAS
lguns indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) possuem áreas de
habilidade excepcionais, especialmente em áreas como matemática, química
ou mecânica, que envolvem sistematização. Estes talentos muitas vezes
coincidem com interesses naturais típicos de homens saudáveis.
ILHAS DE HABILIDADE
Um questionário que avalia o grau de atração de uma pessoa pela
sistematização. Homens geralmente pontuam alto neste teste, enquanto
pessoas com SA/AAF tendem a pontuar acima de homens saudáveis.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Desafios na construção de testes e modelos teóricos: A falta de compreensão
da etiologia do autismo dificulta a criação de testes precisos. Poucos estudos
abordam o teste de física intuitiva (TFI), e suas propriedades psicométricas não
são bem descritas.
Estudo de Pozzi (2013): Avaliou o desempenho de 330 crianças brasileiras,
incluindo 28 com autismo de alto funcionamento, no TFI e em provas de
raciocínio. Encontrou diferenças significativas entre gêneros e tipos de escola,
mas o desempenho dos participantes com autismo não foi superior ao grupo-
controle.
Limitações do TFI: O teste pode não representar completamente a
sistematização, pois se concentra principalmente em conceitos mecânicos. A
análise psicométrica revelou baixa precisão.
Estudos anteriores: Alguns estudos mostram resultados contraditórios sobre o
desempenho no TFI entre pessoas com autismo e o grupo-controle. Alguns
sugerem déficits na teoria da mente (psicologia intuitiva) enquanto
apresentam bom desempenho no TFI, indicando dissociações nas habilidades
cognitivas.
Estudos de Brosnan (2012) e Binnie e Williams (2003): Demonstram que
pacientes com autismo superam adolescentes normais em testes de física
intuitiva e cognição causal.
Teoria deve descrever observações e fazer previsões: A teoria da empatia-
sistematização (ES) explica muitos comportamentos no autismo, mas outras
teorias também podem explicá-los.
Limitações do estudo de Pozzi (2013): O teste de física intuitiva (TFI) não
mensurou efetivamente a sistematização proposta pela teoria ES. O
aprendizado influenciou os resultados do TFI, mesmo sendo considerado
intuitivo. O teste focou principalmente em mecânica, não refletindo totalmente
a sistematização. O TFI não diferenciou entre pacientes com autismo e o
grupo-controle.
Hipótese Principal: Pessoas com autismo têm dificuldade em entender
emoções e pensamentos dos outros.
O que é Cognição Social (CS): São as habilidades para entender e reagir em
interações sociais.
Modelo de Mente: Nossa mente é composta por diferentes partes, incluindo a
CS, que nos ajuda a interagir socialmente.
Evolução da Mente: Nossas habilidades sociais evoluíram para nos ajudar a
sobreviver em grupos.
Processos Mentais Especializados: Desenvolvemos maneiras específicas de
entender o comportamento social.
Desenvolvimento das Habilidades Sociais: Desde bebês, aprendemos a
entender as emoções e pensamentos dos outros.
Atrasos no Desenvolvimento: Pessoas com autismo têm dificuldades em
alcançar marcos importantes no desenvolvimento social.
Diferença Qualitativa: Mesmo quando pessoas com autismo têm habilidades
sociais, elas as usam de maneira diferente.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 15 – 
COGNIÇÃO SOCIAL E AUTISMO
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
PERCEPÇÃO SOCIAL
Percepção Social: É a capacidade de entender e dar significado às
informações sociais, como expressões faciais e tom de voz.
Modelos Teóricos: Existem modelos que sugerem emoções básicas universais,
mas estudos indicam que o processamento dessas emoções é diferente em
pessoas com autismo.
Estudos: Pesquisas mostram que pessoas com autismo têm dificuldades em
reconhecer emoções em rostos e expressões faciais.
Diferenças Hereditárias: O processamento de informações sociais parece ter
uma base biológica e hereditária, assim como a inteligência e a personalidade.
Testes de Percepção: Há testes que avaliam a capacidade de atribuir estados
mentais, como o "eyes-test", e estudos mostram diferenças entre grupos
clínicos e normais.
Empatia-Sistematização: Alguns modelos propõem diferentes habilidades
sociais, como empatia e sistematização, e estudos brasileiros mostram
resultados variados sobre a percepção social em crianças com autismo.
Conclusão: Embora haja desafios na percepção social em pessoas com
autismo, os estudos ainda estão em andamento para entender melhor essas
diferenças e como elas afetam o dia a dia das pessoas com esse transtorno.
TEORIA DA MENTE
Teoria da Mente (ToM): É a habilidade de entender os pensamentos e intenções
próprias e dos outros para prever comportamentos.
Primatas e ToM: Estudos com primatas sugerem que eles podem entender as
intenções de outros, mas não conseguem compreender falsas crenças.
Testes de ToM: Existem testes que avaliam essa habilidade, como os testes de
falsa crença, que são mais completos.
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SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Estudo Inicial: Um estudo de 1985 mostrou que crianças com autismo têm
dificuldades em entender pontos de vista diferentes, enquanto crianças típicas
e com síndrome de Down se saíram melhor.
Cegueira Mental: É a dificuldade em entender os pensamentos e sentimentos
dos outros, considerada uma explicação chave para os déficits sociais no
autismo.
Desenvolvimento da ToM: Muitos indivíduos com autismo podem desenvolver
uma ToM rudimentar, mas mais tarde do que o esperado, o que pode mascarar
seus verdadeiros déficits.
Neurobiologia: O desenvolvimento tardio da ToM no autismo pode estar
relacionado a diferenças na atividade cerebral, mas mais pesquisas são
necessárias para entender completamente esse processo.
EMPATIA
Empatia e Sistematização: Dois traços importantes para entender o autismo,
segundo a Teoria da Mente (MB). Essa teoria sugere que pessoas com autismo
têm dificuldades em empatia, mas podem ser muito habilidosas em
sistematização.
Empatia-Sistematização (ES): É um modelo que explica as diferenças nos
graus de autismo e variações de desempenho, dependendo da tarefa. Afirma
que pessoas com autismo têm excelentes habilidades de sistematização, mas
falham em empatia.
Sistematização: É a habilidade de entender e construir sistemas, seguindo
regras específicas. Pessoas com autismo muitas vezes têm essa habilidade
bem desenvolvida.
Diferenças de Gênero: O modelo ES também explica diferenças cognitivas
entre homens e mulheres. Mulheres tendem a ter melhores habilidades de
empatia, enquanto homens são mais sistematizadores.
Hiperlexia: É um fenômeno em que crianças com dificuldades de aprendizado
apresentam uma habilidade precoce e espontânea na leitura.
Associação com Autismo: A hiperlexia pode ser observada em crianças com
autismo, o que adiciona complexidade ao entendimento dessa condição.
Definição: Hiperlexia é a capacidade de ler precocemente em crianças com
dificuldades em outras habilidades cognitivas.
Estudos: Pesquisas sobre hiperlexia em autismo têm mostrado resultados
contraditórios, despertando interesse e curiosidade entre profissionais e
leigos.
Teoria de Processamento da Informação: Estudos sobre hiperlexia em autismo
são conduzidos com base nessa teoria, que sugere duas vias distintas para a
leitura.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 16 – 
HIPERLEXIA, AUTISMO INFANTIL E
A NATUREZA DO
PROCESSAMENTO DA LEITURA DE
PALAVRAS ISOLADAS
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HIPERLEXIA
Hiperlexia: Silberberg e Silberberg (1967) descreveram a hiperlexia pela primeira
vez, ao notarem crianças que conseguiam ler precocemente, mesmo com
dificuldades intelectuais.
Desenvolvimento Precoce da Leitura: Algumas crianças hiperléxicas
mostraram habilidade para ler antes mesmo de receberem instrução formal.
Definição da Hiperlexia: A hiperlexia foi caracterizada como uma habilidade
especial, semelhante aos "sujetos idiot savant", onde as crianças conseguiam
identificar palavras escritas, mas tinham dificuldades na compreensão da
leitura.
Associação com o Autismo: A hiperlexia foiobservada em crianças com
autismo e em algumas com deficiência intelectual.
Diferentes Perspectivas: Alguns pesquisadores sugeriram que a hiperlexia
poderia resultar de disfunções cerebrais, enquanto outros a consideravam
como uma dificuldade de comunicação.
Aspectos Cognitivos: Crianças hiperléxicas frequentemente apresentam rituais
e comportamentos compulsivos, além de dificuldades na linguagem e
comunicação verbal.
Estudos e Revisões: Diversos estudos foram realizados para compreender
melhor a hiperlexia, revelando que as crianças hiperléxicas preferem a via
peri-lexical no processamento da leitura e têm dificuldades na compreensão
do material lido.
Velocidade de Leitura: Em alguns estudos, crianças autistas hiperléxicas
demonstraram uma velocidade de leitura maior do que o grupo controle,
sugerindo eficiência na conversão grafema/fonema.
Importância da Abordagem Cognitiva: O estudo da hiperlexia e seu impacto no
autismo são influenciados pela abordagem cognitiva, que busca entender os
processos mentais envolvidos na leitura.
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PROCESSAMENTO DE LEITURA
Leitura: A psicologia cognitiva estuda como as pessoas leem. Ler parece fácil
para quem sabe, mas envolve várias habilidades e processos complicados.
Objetivo da Leitura: A ideia é transformar o que está escrito em algo que o
cérebro entenda. Isso envolve reconhecer as palavras escritas e dar a elas um
som.
Capacidade de Leitura: É a habilidade de transformar o que está escrito em
algo que faz sentido para nós.
Compreensão: Entender o que lemos é complicado. Precisamos usar nosso
conhecimento sobre o mundo e sobre as palavras para isso.
Neuropsicologia Cognitiva: Estuda como o cérebro trabalha durante a leitura.
Não acredita mais em um modelo que mostra partes específicas do cérebro,
mas sim em um modelo onde diferentes partes do cérebro trabalham juntas.
Duas Vias de Leitura: Podemos ler de duas formas diferentes. Uma delas
analisa a palavra como um todo, enquanto a outra analisa cada parte
separadamente.
Leitura por Palavra: Nessa forma de leitura, olhamos para a palavra como um
todo e a reconhecemos imediatamente.
Leitura por Partes: Aqui, dividimos a palavra em partes menores e
transformamos essas partes em sons.
Dislexia: Algumas pessoas têm dificuldade para ler. Podem ter problemas na
forma de ler palavras inteiras ou em transformar partes em sons.
Aprendizado da Leitura: Quando aprendemos a ler, nosso cérebro usa essas
duas formas de leitura. Aprender regras de transformação de letras em sons
nos ajuda a entender palavras novas.
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ESTUDO DE CASOS
Estudo de Adolescentes com Síndrome de Asperger: Analisamos quatro
adolescentes de 16 anos com síndrome de Asperger, dois meninos e duas
meninas. Eles foram submetidos a testes neuropsicológicos para avaliar sua
cognição e linguagem, incluindo leitura em voz alta.
Testes Realizados: Utilizamos uma variedade de testes, como Escalas
Wechsler de Inteligência, Trail Making Test, Stroop Test, Rey Complex Figure,
entre outros, para avaliar diferentes aspectos cognitivos e linguísticos.
Resultados: Os resultados mostraram diferenças nos perfis cognitivos e
linguísticos dos adolescentes. Alguns tiveram dificuldades de atenção e
controle mental, enquanto outros mostraram problemas na compreensão e na
reprodução de histórias.
Dificuldades na Leitura: Todos os adolescentes apresentaram dificuldades na
leitura em voz alta. Alguns tiveram dificuldades específicas na identificação de
palavras e na compreensão do significado.
Tipos de Erros: Os erros cometidos durante os testes sugeriram dificuldades
na identificação de palavras reais e não reais, indicando problemas no
processamento lexical e na compreensão semântica.
Conclusão: Os resultados indicaram que os adolescentes com síndrome de
Asperger apresentam variações individuais no processamento da leitura, mas
geralmente têm dificuldades na compreensão e no uso da via lexical. Todos
mostraram sinais de dislexia de superfície, com variações na intensidade dos
sintomas.
Importância do Estudo: Este estudo ressalta a importância de avaliar
cuidadosamente o perfil cognitivo e linguístico de adolescentes com síndrome
de Asperger para entender suas necessidades específicas de aprendizado e
desenvolvimento.
O autismo é uma condição que afeta o desenvolvimento das crianças, sendo
difícil de entender completamente.
Pode prejudicar o desenvolvimento social, linguístico e neurológico.
Crianças autistas têm respostas estranhas a sensações como som, visão e
toque.
Algumas crianças têm atrasos na fala ou não falam.
Acreditava-se antigamente que os pais eram a causa do autismo, mas isso foi
desmentido por estudos.
Hoje, sabe-se que o autismo é uma diferença cerebral que afeta a
comunicação e os relacionamentos.
As crianças autistas podem apresentar uma variedade de habilidades
linguísticas e intelectuais.
Os sinais de autismo podem ser observados pela família, como falta de contato
visual e comportamentos repetitivos.
Muitas vezes, os pais têm esperança de que seus filhos se recuperem
completamente, mas isso nem sempre acontece.
A intervenção precoce, educação especial e apoio familiar podem ajudar as
crianças autistas a se tornarem mais independentes.
O autismo é mais comum em meninos do que em meninas e pode afetar
qualquer família, independentemente de sua origem ou situação financeira.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 17 – 
ESTRESSE, ALEXITIMIA E
DINÂMICA FAMILIAR DE
PORTADORES DE AUTISMO
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A FAMÍLIA
A família é um tema importante em nosso estudo sobre autismo, sendo vista
como uma rede de relações e valores.
Diferentes teorias e autores oferecem perspectivas sobre o papel e a dinâmica
familiar.
A família é vista como um sistema de relações, onde cada membro influencia e
é influenciado pelos outros.
O diagnóstico de autismo em um filho pode desencadear uma crise na família,
afetando emocionalmente todos os membros.
A adaptação da família à condição do filho autista pode ser desafiadora e
afetar seu funcionamento ao longo do tempo.
As famílias com crianças autistas enfrentam dificuldades adicionais, podendo
sofrer restrições em várias áreas da vida.
Problemas de comunicação, papéis familiares, manifestações de afeto e
autoestima são questões importantes a serem consideradas ao avaliar o
funcionamento familiar.
A terapia familiar pode ajudar a lidar com os desafios do autismo na família,
promovendo uma comunicação aberta e um ambiente de apoio.
A flexibilidade e a capacidade de adaptação da família são fundamentais para
enfrentar as dificuldades e promover o bem-estar de todos os membros.
A DINÂMICA FAMILIAR
O estudo da dinâmica familiar é desafiador e fascinante, revelando aspectos
importantes da personalidade humana.
A literatura destaca a relevância das reações familiares diante de doenças
infantis e condições limitantes.
Diferentes teóricos enfatizam a importância de considerar o sistema familiar
como uma unidade nos cuidados profissionais.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Inicialmente, a mãe era a única envolvida no tratamento infantil, mas
gradualmente a abordagem se estendeu aos outros membros da família.
A partir da década de 1950, houve uma mudança para abordar a família
diretamente nos tratamentos, com enfoque nas unidades sociais e na teoria
dos sistemas.
Estudos sobre famílias de pessoas com esquizofrenia, como os de Laing e
Esterson, destacaram a importância do contexto familiar nos distúrbios
emocionais.
Atualmente, os problemas de saúde mental são vistos como resultantes das
relações da pessoa com seu grupo social e da influência do contexto social da
família.
A adaptação da estrutura familiar é influenciada por sua organização interna e
posição na sociedade, sendo afetada pelas mudanças sociais.
A família reflete as diretrizes gerais da sociedade em que está inserida, e sua
estrutura e funcionamento são modelados por essas diretrizes.
Profissionais de saúde mental precisam considerar as característicassociais
da família para uma intervenção terapêutica eficaz.
As teorias sobre família precisam ser adaptadas para compreender as
peculiaridades de diferentes contextos sociais, como a família brasileira.
O fator sociocultural influencia tanto a saúde mental dos indivíduos quanto a
dinâmica familiar, refletindo a influência do meio sobre a família.
Assim como os transtornos afetivos individuais refletem conflitos familiares, a
família reflete os padrões e normas da sociedade em que está inserida.
A terapia familiar é um campo diversificado, com uma variedade de teorias e
abordagens que buscam resolver conflitos familiares.
Profissionais compartilham a ideia de que o tratamento vai além do indivíduo,
visando resolver conflitos familiares.
A terapia familiar foca nas relações entre os membros da família e seu
desenvolvimento emocional, contribuindo para uma teoria dinâmica das
relações sociais.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Ainda não há consenso sobre a melhor forma de tratar famílias com crianças
com problemas crônicos, mas há um aumento na pesquisa nessa área.
Categorias como comunicação, regras, papéis familiares, liderança,
manifestação da agressividade e autoestima são importantes para entender a
dinâmica familiar.
A interpretação da família sobre a doença influencia sua dinâmica, afetando o
nível de ansiedade, depressão ou motivação para lidar com os problemas.
O estudo foca na investigação das implicações da doença no desenvolvimento
da família ao longo da vida.
Enquanto alguns autores enfatizam os altos níveis de desordens afetivas em
pais de crianças com problemas, outros destacam a importância de focar nas
dificuldades de enfrentamento.
O objetivo é desenvolver formas de atendimento que atendam às
necessidades das famílias com crianças com problemas de desenvolvimento.
O estudo busca contribuir para os questionamentos emergentes na área de
assistência a portadores de distúrbios do desenvolvimento e suas famílias.
FAMÍLIA E AUTISMO
A família é vista como um sistema social composto por vários subsistemas,
cuja estrutura e organização são influenciadas pela sociedade.
As relações familiares definem o significado dos eventos da vida, como
nascimentos, mortes, crescimento e envelhecimento, procriação e
sexualidade.
A família é considerada a unidade básica de desenvolvimento das experiências
humanas, tanto positivas quanto negativas.
Na sociedade contemporânea, a família nuclear é predominante, composta por
pais e filhos, vivendo em interação constante com outros grupos similares.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A vida familiar é marcada por eventos desenvolvimentais ao longo do tempo,
atravessando gerações e contextos histórico-socioculturais.
A abordagem do autismo leva em consideração não apenas o indivíduo, mas
também o contexto familiar, ampliando a compreensão do problema.
Inicialmente, os pais de crianças autistas foram frequentemente considerados
responsáveis pelo distúrbio, mas estudos recentes refutam essa ideia,
reconhecendo o papel positivo das famílias no tratamento e desenvolvimento
das crianças.
O diagnóstico de autismo pode gerar angústia e desesperança na família,
levando a uma variedade de emoções, como luto pela criança esperada e
sentimentos de culpa.
As famílias enfrentam desafios ao lidar com o autismo, mas também relatam
experiências de crescimento e enriquecimento pessoal devido às
oportunidades criadas pela convivência com uma pessoa autista.
É fundamental compreender as experiências e percepções das famílias sobre
o estresse associado ao autismo, sem fazer suposições prévias ou
julgamentos precipitados.
O papel da família na sociedade é crucial para a socialização e formação da
identidade dos indivíduos, sendo influenciado pelo contexto histórico,
econômico e cultural.
A estrutura familiar é adaptada às necessidades da sociedade em cada
período histórico, desempenhando um papel estratégico na educação e
sobrevivência das crianças, de acordo com as normas sociais vigentes.
A família atualmente desempenha papéis econômicos e sociais, como garantir
a propriedade e reproduzir a força de trabalho.
A sociedade valoriza a participação econômica dos indivíduos, o que pode ser
difícil para famílias com crianças autistas.
A família conta com a colaboração da escola na socialização dos indivíduos,
mas para famílias com autistas, essa tarefa pode ser desafiadora.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A família do autista pode se sentir desvalorizada pela sociedade devido às
dificuldades enfrentadas.
A mudança no ciclo de vida da família requer reorganização para cuidar da
criança autista, mas muitas famílias não estão preparadas para essa tarefa.
A presença de uma criança autista afeta as relações familiares, podendo
causar conflitos conjugais e disfunções sociais.
Aceitar realisticamente a situação é importante para lidar com a criança
autista, mas muitos pais enfrentam medo e incerteza em relação ao futuro.
É comum reprimir sentimentos e negar a realidade diante das dificuldades,
mas enfrentar os problemas pode ajudar a lidar com eles de forma mais
eficaz.
ANALISANDO, REFLETINDO E ORIENTANDO A
FAMÍLIA DO AUTISTA
Experiência com famílias de autistas ofereceu insights para análise e
orientação individualizada.
Dados da tese de doutorado fornecem base para análise de estresse,
alexitimia e dinâmica familiar.
O foco principal é compreender a dinâmica familiar das crianças autistas.
ESTRESSE
O estresse não é o foco principal, mas foi avaliado como parte da pesquisa
devido ao impacto da doença crônica na família.
O estresse pode afetar qualquer pessoa, independentemente de raça, sexo ou
idade, de acordo com Nascimento (2004).
O corpo humano reage biologicamente ao estresse liberando hormônios como
adrenalina e cortisol, causando diversas reações físicas.
DEPOIMENTOS FAMILIARES
Estudos indicam que mães de crianças autistas enfrentam mais estresse do
que as de crianças com síndrome de Down.
Pais também enfrentam problemas de saúde e humor devido às demandas
extras de cuidado, tornando a criança com deficiência uma fonte de estresse.
A habilidade da família de manter a normalidade sob a presença da doença e
da incerteza é uma tarefa desafiadora.
As famílias aparentam normalidade, mas só percebem sua situação quando
questionadas por profissionais.
Doenças crônicas e debilitantes sobrecarregam a família, gerando um
sentimento de que o problema não tem fim.
Manter a autonomia é desafiador perante a dependência causada pela doença.
As relações familiares ficam emocionalmente sobrecarregadas.
Não há diferenças significativas nos níveis de estresse entre mães de crianças
autistas, com síndrome de Down e assintomáticas.
O estresse pode estar relacionado ao papel materno mais do que à condição
da criança.
A vida moderna sobrecarrega as mulheres com múltiplos papéis sociais e
familiares, levando a mais estresse.
A responsabilidade dos cuidados com os filhos recai principalmente sobre as
mães, afetando seu bem-estar emocional.
Os pais de crianças com deficiência enfrentam mais estresse, principalmente
em famílias onde a mãe assume a maior parte dos cuidados.
A divisão igualitária de poder entre os cônjuges é crucial para o bom
funcionamento familiar.
A presença de uma criança com doença crônica pode desencadear
dificuldades familiares e estresse, especialmente quando os papéis dentro da
família não são equilibrados.
ALEXITIMIA
Pais de crianças autistas foram anteriormente considerados frios
afetivamente, de acordo com estudos.
A postura rígida e insensível dos pais diante da doença mental reflete a forma
como as famílias lidam com a situação.
Em famílias sem sintomas evidentes, os pais têm mais dificuldades em
expressar afeto do que as mães.
O ambiente familiar deve satisfazer necessidades básicas como afeto,
segurança e comunicação.
Pais têm poucas oportunidades de expressar afeto e interesse pelos filhos,
especialmente os pais.
Ambos os genitores de crianças autistas têm dificuldades em expressar afeto,
refletindo a dinâmica familiar.Crianças autistas podem ser a metáfora da intermediação familiar,
expressando as dificuldades relacionais da família.
Em famílias com síndrome de Down, ambos os pais expressam melhor o afeto
devido à resposta afetiva do filho.
A relação entre pais e filhos é essencial para o desenvolvimento emocional da
criança desde a infância, especialmente nas interações afetivas.
Crianças com síndrome de Down tendem a proporcionar uma troca mais
tranquila e afetiva com seus pais do que crianças autistas.
DINÂMICA FAMILIAR
Um estudo quantitativo foi realizado usando o modelo de entrevista EFE
(Carneiro, 1983) para analisar a interação familiar em três grupos: autistas,
portadores de síndrome de Down e assintomáticos.
Famílias de autistas têm uma estrutura relacional complexa, onde cada
membro desempenha funções específicas, resultando em alimentação
constante de retroalimentação entre eles.
A doença crônica, incluindo deficiências, pode ser vista de várias maneiras,
como desafio, inimigo ou oportunidade de crescimento. No entanto,
geralmente é percebida como ameaça.
Famílias com membros deficientes têm dificuldades no desenvolvimento
emocional saudável de seus integrantes.
A doença afeta a família como um todo, distribuindo responsabilidades ao
longo do sistema.
Famílias com membros autistas e portadores de síndrome de Down enfrentam
mais estresse do que famílias com crianças assintomáticas.
As famílias passam por crises ao longo do ciclo de vida, afetando seu
desenvolvimento.
A comunicação inadequada e os padrões rígidos podem dificultar o
funcionamento saudável da família.
Pais de crianças autistas têm dificuldade em expressar afeto, o que afeta a
dinâmica familiar.
A adaptação da família depende do potencial de integração da personalidade
do indivíduo e do caráter psicológico do grupo familiar.
O estresse crônico pode levar a sintomas físicos e emocionais, afetando a
dinâmica familiar.
Depoimentos dos pais revelam o nível de ansiedade vivido ao longo do ciclo de
vida da família e suas dificuldades relacionais.
O ciclo vital da família inclui todas as mudanças que ocorrem ao longo do
tempo, como nascimentos, crescimento dos filhos e partidas. Essas mudanças
exigem adaptações nos papéis, regras e na estrutura familiar.
Famílias enfrentam dificuldades em completar etapas de desenvolvimento
quando confrontadas com doenças crônicas, como observado em famílias de
autistas e portadores da síndrome de Down.
Os padrões de relacionamento e comunicação são fundamentais e podem
afetar as respostas da criança doente e dos outros membros da família.
A presença de uma doença crônica na família causa alterações nos
relacionamentos, especialmente quando há deficiências que afetam os papéis
dos membros.
Mães de crianças com doenças crônicas frequentemente enfrentam altos
níveis de estresse e culpa, além de desenvolverem baixas expectativas em
relação à criança.
A família é afetada emocionalmente pela doença de um membro e pode
enfrentar desafios para funcionar como suporte emocional, econômico e
social.
Estratégias de enfrentamento familiar podem influenciar o ajustamento dos
membros da família à doença.
O diagnóstico e tratamento das doenças crônicas envolvem não apenas a
pessoa afetada, mas toda a família, pois a unidade de tratamento é o conflito
familiar.
Famílias com membros com deficiências enfrentam discriminação e pressões
sociais, o que interfere na interação familiar e na integração social.
A deficiência não é apenas um problema individual, mas também familiar,
comunitário e social.
O autismo é um transtorno que afeta o desenvolvimento de uma pessoa.
Começa cedo, antes dos 3 anos de idade, e causa problemas sérios na forma
como a pessoa interage, se comunica e se comporta.
Algumas pessoas com autismo são chamadas de autistas de alto
funcionamento, como na síndrome de Asperger.
Desde 1943, quando foi formalmente documentado, o autismo tem sido
estudado, mas ainda há muito a aprender sobre suas causas e tratamento.
Poucos estudos olham para a qualidade de vida das crianças autistas, o que
mostra que ainda há muito desconhecimento sobre o assunto.
Entender a qualidade de vida envolve considerar como a pessoa se sente e
como ela se relaciona com o mundo ao seu redor.
Avaliar a qualidade de vida em crianças autistas não pode se basear apenas
em indicadores objetivos, como notas ou desempenho acadêmico, mas
também em como a criança percebe sua própria vida e sua condição.
Algumas crianças autistas de alto funcionamento podem se desenvolver
relativamente bem e expressar sua qualidade de vida.
Estudos sobre qualidade de vida podem ajudar a planejar programas e
serviços para crianças com autismo, evitando erros do passado e
considerando as necessidades individuais de cada pessoa.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 18 – 
QUALIDADE DE
VIDA DE PORTADORES DE
AUTISMO INFANTIL
OBJETIVO
Apresentar os resultados da pesquisa desenvolvida em 2005, à luz de novos
estudos que buscaram avaliar o índice de QV em crianças autistas de alto
funcionamento na tenta tiva de traduzir suas percepções em termos de QV e
verificar se suas percepções difeririam ou não das percepções de crianças
sadias.
MÉTODO
O estudo foi baseado na dissertação de mestrado da autora, realizada na FCM-
UNICAMP.
Foram avaliadas 40 pessoas: 20 crianças com autismo de alto funcionamento
(Grupo A) e 20 crianças saudáveis (Grupo B).
O Grupo A foi diagnosticado com autismo de alto funcionamento de acordo
com o DSM-IV e passou por avaliações usando a Escala de Traços Autísticos
(ATA) e a Vineland Adaptative Behavior Scale.
A coleta de dados ocorreu em centros especializados na grande São Paulo,
Ribeirão Preto e Campinas.
O Grupo B consistia em crianças saudáveis, pareadas por sexo e idade com o
Grupo A, avaliadas pela Vineland Adaptative Behavior Scale em Alfenas-MG.
Ambos os grupos foram avaliados com a AUQEI, um instrumento genérico para
crianças de 4 a 12 anos, dividido em quatro fatores: funções, família, lazer e
autonomia.
O ponto de corte para indicar uma qualidade de vida satisfatória foi de 48 na
escala AUQEI.
RESULTADOS
O estudo começou calculando a média e o desvio-padrão dos resultados da
Escala de Traços Autísticos (ATA) para confirmar o diagnóstico clínico.
Em seguida, foi realizada uma análise preliminar da Escala Vineland para
identificar diferenças entre os grupos de crianças autistas e não autistas.
Foram utilizadas tabelas de contingência e o teste binominal para verificar se
os grupos diferiam nos níveis de habilidades adaptativas.
Os resultados mostraram diferenças significativas nos domínios da atividade
de vida cotidiana e do domínio social entre crianças autistas e não autistas.
Também foi observada diferença nos escores totais da Vineland entre os
grupos.
No que diz respeito à qualidade de vida (QV), não foram encontradas diferenças
significativas na pontuação média da Escala de Qualidade de Vida (AUQEI)
entre os dois grupos.
No entanto, ao analisar as respostas sobre autonomia, foi observada uma
diferença estatisticamente significativa entre crianças autistas e não autistas.
As pontuações médias para respostas relacionadas à autonomia foram
diferentes entre os grupos, sendo mais altas para crianças não autistas.
Não foram encontradas diferenças significativas nos escores parciais da
AUQEI para funções, família e lazer entre os dois grupos.
DISCUSSÃO
O estudo focou nas percepções das crianças sobre suas vidas, especialmente
considerando o autismo e sua qualidade de vida (QV).
A avaliação diagnóstica foi realizada usando a Escala de Traços Autísticos
(ATA), que proporcionou uma suspeita diagnóstica confiável.
A Escala Vineland foi usada para entender como o autismo afeta a vida diária
das crianças, especialmente em termos de funcionalidade.
No entanto, os resultados da qualidade de vida (QV) mostraram que ambos os
grupos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas.
As crianças autistas perceberam suas famílias como fonte de bem-estar, e a
autonomia delas não diferiu significativamente das crianças saudáveis.
Apesar dosdesafios associados ao autismo, especialmente na compreensão
das emoções dos outros (Teoria da Mente), as percepções das crianças
autistas são fundamentais para entender suas necessidades e guiar
intervenções adequadas.
Isso destaca a importância de considerar a natureza subjetiva da QV e a
perspectiva das crianças autistas em qualquer intervenção ou avaliação.
A sexualidade é uma parte normal e positiva do desenvolvimento de crianças e
adolescentes, mas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem
enfrentar dificuldades devido a problemas na interação social, comunicação e
comportamentos repetitivos.
Pesquisas recentes têm examinado como o funcionamento diário afeta o
desenvolvimento sexual de pessoas com TEA, destacando a importância do
apoio dos cuidadores e da sociedade.
Este capítulo revisou publicações sobre sexualidade e TEA, seguindo a
definição de saúde e desenvolvimento sexual normal de Tolman e McClelland
(2011), que consideram a maturação sexual e o crescimento físico integrados
ao funcionamento diário, sem prejudicar o bem-estar.
Eles identificam três domínios no desenvolvimento da sexualidade normal:
comportamento sexual (ações relacionadas à sexualidade), individualidade
sexual (autoconhecimento, identidade sexual) e socialização sexual
(aprendizado sobre relacionamentos e sexualidade em diferentes contextos).
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 19 – 
SEXUALIDADE E AUTISMO
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
COMPORTAMENTO SEXUAL INDIVIDUAL
Estudos identificaram comportamentos sexuais individuais em meninos com
TEA, como masturbação compulsiva, relatada em até 17% dos casos.
A masturbação em público também foi observada em alguns estudos, embora
com menor frequência em TEA de alto funcionamento.
Alguns indivíduos demonstraram excitação por certos objetos ou
características específicas de pessoas, como cabelo ou pés, e até mesmo o
uso de objetos inusitados para masturbação foi relatado.
Além disso, comportamentos ou interesses sexuais desviantes, como fetiche e
interesse em crianças pequenas, foram descritos em alguns estudos.
INTERAÇÃO E RELAÇÕES SEXUAIS
Muitos estudos mostraram que adolescentes e adultos com autismo de alto
funcionamento têm interesse em relações românticas ou sexuais.
Uma parcela significativa de adolescentes com TEA já teve ou está em um
relacionamento romântico ou sexual.
Estudos mostraram que adolescentes com TEA têm interesses românticos
mais diversos, mas muitas vezes inatingíveis, como paixões por celebridades.
Alguns estudos relataram comportamentos sexuais inadequados entre
pessoas com TEA, que variam desde masturbação pública até crimes sexuais
como assalto e estupro.
Alguns autores discutiram sobre comportamentos desviantes resultantes da
falta de conhecimento e apoio, chamados de "falso desvio".
Adolescentes e adultos com TEA demonstraram mais comportamentos
inadequados em namoro e menos estratégias adequadas em comparação
com controles, devido a várias causas, como falta de habilidades sociais e
dificuldades de compreensão social.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
ORIENTAÇÃO E INTERESSE E SEXUAL
Participantes adultos com TEA relataram interesse pela sexualidade a partir
dos 14 anos, em média, e tiveram sua primeira experiência sexual por volta dos
21 anos, de acordo com Henault e Attwood (2006).
Homens apresentaram maior interesse e desejo sexual do que mulheres no
grupo estudado.
Diferentes estudos observaram uma maior prevalência de orientação
homossexual e bissexual em pessoas com TEA, assim como fantasias
homossexuais.
Na Holanda, uma pesquisa revelou que 31% dos meninos e 24% das meninas
entre 12 e 25 anos com TEA relataram atração por parceiros do mesmo sexo.
CONHECIMENTO SEXUAL
MEm um estudo com adolescentes meninos com autismo de alto
funcionamento (AAF), Hellemans e colaboradores (2007) observaram que esses
jovens tinham conhecimentos sexuais básicos, porém isso não se refletia em
seu comportamento real.
Em uma pesquisa posterior com adolescentes que tinham TEA e deficiência
intelectual (DI), também conduzida por Hellemans e colegas (2010), foi
constatado que esses jovens possuíam um conhecimento teórico adequado
sobre sexualidade e conseguiam aplicá-lo em sua vida diária.
Os autores notaram que as instituições que oferecem suporte a esse grupo
prestavam atenção especial à educação desses conhecimentos e ao
desenvolvimento de habilidades nessa área.
O conhecimento sexual foi avaliado de maneiras diferentes nos estudos,
incluindo compreensão de termos, fisiologia e comportamento sexual, e os
pais e cuidadores também foram consultados como fontes de informação.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
SOCIALIZAÇÃO SEXUAL
Um aspecto importante para o desenvolvimento e a saúde sexual é a
educação e socialização em diferentes ambientes, como casa, escola,
instituição, entre outros.
Estudos sobre sexualidade de adolescentes e adultos com TEA geralmente se
concentram nas experiências dos pais, suas preocupações, atitudes,
comunicação e práticas educativas, assim como nos profissionais que os
acompanham.
Alguns estudos exploram outros contextos, como interações com pares,
ambiente escolar, influência da mídia e casos especiais, como vítimas de
abuso sexual.
No entanto, os pais e os profissionais permanecem como fontes principais de
informação e apoio para a sexualidade de indivíduos com TEA, como indicado
em estudos sobre qualidade de vida.
As atitudes dos pais revelam preocupações comuns, como o medo de abuso
ou exploração sexual, a interpretação de comportamentos como sexuais e
dúvidas sobre educação sexual para adolescentes não verbais.
Preocupações específicas incluem o controle da masturbação, o uso de
métodos contraceptivos e preservativos, bem como questões sobre
relacionamentos sexuais.
As atitudes e preocupações dos pais influenciam a decisão sobre se a
educação sexual deve ser fornecida, com dúvidas sobre sua relevância, o nível
de interesse das crianças, medo de relacionamentos e incertezas sobre quem
deve ser responsável pela educação sexual.
Apesar das preocupações, os pais de crianças com TEA parecem estar
preparados para discutir a sexualidade de seus filhos, especialmente aqueles
com melhor funcionamento, embora possam reagir negativamente aos
comportamentos sexuais, mesmo quando esperados para a idade.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
EDUCAÇÃO SEXUAL
Não há pesquisas abrangentes sobre educação sexual para adolescentes com
TEA.
Alguns estudos examinaram como os adolescentes com TEA percebem a
educação sexual.
Um estudo qualitativo mostrou que esses adolescentes tinham conhecimento
técnico sobre sexualidade, mas tinham dificuldade em aplicá-lo.
Outro estudo constatou que os adolescentes com TEA de alto funcionamento
relataram ter menos conhecimento em educação sexual.
Não há estudos completos sobre como o uso da internet afeta o
desenvolvimento sexual de adolescentes com TEA.
Em um estudo, supunha-se que os adolescentes se beneficiariam das
informações disponíveis na internet, mas isso não foi confirmado.
TRATAMENTO E INTERVENÇÕES
Em estudos sobre intervenções para problemas sexuais, relatos de caso
indicam efeitos positivos de intervenções comportamentais.
Em alguns casos, comportamentos semelhantes a comportamentos sexuais
aceitáveis foram usados para modelar comportamentos mais adaptativos em
adolescentes com autismo.
Em outros casos, a sexualidade foi inibida ou tratada principalmente como um
transtorno clínico.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
EDUCAÇÃO SEXUAL
Não há pesquisas abrangentes sobre educação sexual para adolescentes com
TEA.
Alguns estudos examinaram como os adolescentes com TEA percebem a
educação sexual.
Um estudo qualitativo mostrou que esses adolescentes tinham conhecimento
técnico sobre sexualidade, mas tinham dificuldade em aplicá-lo.
Outro estudo constatou que os adolescentes com TEA de alto funcionamento
relataram ter menos conhecimento em educação sexual.
Não há estudos completos sobre como o uso da internet afeta o
desenvolvimentosexual de adolescentes com TEA.
Em um estudo, supunha-se que os adolescentes se beneficiariam das
informações disponíveis na internet, mas isso não foi confirmado.
TRATAMENTO E INTERVENÇÕES
Em estudos sobre intervenções para problemas sexuais, relatos de caso
indicam efeitos positivos de intervenções comportamentais.
Em alguns casos, comportamentos semelhantes a comportamentos sexuais
aceitáveis foram usados para modelar comportamentos mais adaptativos em
adolescentes com autismo.
Em outros casos, a sexualidade foi inibida ou tratada principalmente como um
transtorno clínico.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
VITIMIZAÇÃO SEXUAL
Existe uma falta de entendimento sobre os fatores que contribuem para o
risco de vitimização sexual em pessoas com TEA.
Fatores como idade, interesse sexual, conhecimento sexual limitado,
experiência sexual e déficits sociais são indicados como riscos.
Um estudo com adultos mostrou que aqueles com TEA obtêm menos
conhecimento sexual por meio de interações interpessoais, e há uma maior
incidência de vitimização sexual nesse grupo em comparação com controles.
A relação entre conhecimento sexual e vitimização tem implicações
importantes para o planejamento de intervenções.
Outro estudo revelou uma prevalência de abuso sexual em crianças com TEA,
com essas crianças apresentando mais comportamentos sexuais desviantes e
tendo maior propensão a fugir de casa ou tentar suicídio.
No Reino Unido, 40% dos adolescentes com SA foram vítimas de exploração
sexual.
Nos últimos anos, tem havido um aumento no interesse por estudos sobre
qualidade de vida (QV), com muitos estudos focando em diferentes populações
em todo o mundo.
O conceito de QV abrange várias áreas da vida, incluindo vida familiar,
amorosa, social e ambiental, o que dificulta um consenso sobre o assunto.
QV é uma noção profundamente humana relacionada com a satisfação e bem-
estar na vida, refletindo conhecimentos, experiências e valores individuais e
coletivos.
Existem definições variadas de QV, desde uma perspectiva mais focalizada na
ausência de doenças até uma visão mais ampla que considera as
necessidades humanas fundamentais.
A expressão "qualidade de vida relacionada à saúde" (QVRS) é usada para
indicar aspectos mais diretamente ligados à saúde ou intervenções médicas.
Muitas vezes, as expressões QV e QVRS são usadas como sinônimos na
literatura.
Apesar do crescente interesse nos estudos de QV, há uma escassez de
pesquisas envolvendo crianças e adolescentes em comparação com adultos.
A concepção de QV na infância está intimamente ligada a brincadeiras,
harmonia e prazer, variando de acordo com as fases de crescimento e
desenvolvimento da criança.
QUALIDADE DE VIDA
CAPÍTULO 20 – 
QUALIDADE DE
VIDA NA PERCEPÇÃO DE PAIS E
CUIDADORES
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
A avaliação da QV é frequentemente realizada de forma subjetiva e pode variar
entre crianças, adultos e cuidadores.
A escolha de instrumentos de avaliação para crianças deve levar em
consideração suas experiências, atividades diárias e relevância para a idade.
É importante utilizar uma linguagem acessível às crianças ao desenvolver
instrumentos de avaliação de QV.
Em algumas situações, pode ser necessário recorrer a informantes, como pais,
cuidadores ou professores, para avaliar a QV infantil, especialmente quando a
criança está doente ou muito nova para se autoavaliar.
Estudos comparativos entre relatos de QV de crianças/adolescentes e a
percepção de pais/cuidadores são importantes para entender a confiabilidade
desses relatos.
QUALIDADE DE VIDA, AUTISMO E DIFERENTES
PERSPECTIVAS
Estudos indicam que as avaliações de Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
(QVRS) feitas pelos pais de crianças com doenças crônicas podem ser
influenciadas por fatores como o ônus do cuidado e preocupações sobre a
saúde da criança, levando a resultados geralmente mais baixos em
comparação com as avaliações feitas pelas próprias crianças.
Embora haja questionários específicos para avaliação da QVRS em condições
de saúde específicas, não existem questionários específicos para pessoas
com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Alguns especialistas defendem a criação de questionários específicos para
avaliar a QVRS em pessoas com TEA, enquanto outros acreditam que focar em
condições específicas de doença pode distorcer a compreensão da QV, já que
saúde é apenas um dos aspectos avaliados pelo conceito de QV.
Estudos sobre a QV de indivíduos com TEA mostram resultados variados, com
alguns demonstrando boa QV e outros indicando baixa QV.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Vários fatores parecem estar associados à QV em pessoas com TEA, incluindo
prejuízos na interação social, comunicação, desenvolvimento cognitivo,
funções adaptativas, idade, atividades de lazer, Quociente de Inteligência (QI) e
comorbidades psiquiátricas.
É importante identificar os fatores que influenciam positiva e negativamente
na QV de pessoas com TEA para promover uma melhor qualidade de vida para
essa população.
A avaliação da QV em pessoas com TEA pode ser realizada por eles mesmos,
quando possível, e por seus pais ou cuidadores. No entanto, é importante
considerar que as percepções podem variar entre os diferentes informantes.
Estudos mostram que crianças e adolescentes com TEA são capazes de
relatar sobre sua própria QV, mas também sugerem que os relatos de outros
informantes, como os pais, podem ser complementares.
Instrumentos de avaliação de QV para crianças com TEA devem ser adaptados
para refletir suas experiências e serem acessíveis ao seu entendimento.
É essencial considerar a perspectiva das crianças com TEA ao avaliar sua QV,
pois isso permite uma compreensão mais abrangente e uma abordagem mais
centrada no paciente.
Os resultados de estudos sobre a QV de crianças com TEA podem variar de
acordo com os diferentes informantes, como as próprias crianças, seus pais e
educadores. É importante analisar a concordância entre esses relatos para
entender melhor a QV dessa população.
Há itens específicos em questionários de QV que podem ser interpretados de
maneira diferente pelos pais, educadores e crianças com TEA, destacando a
importância de considerar essas perspectivas ao avaliar a QV nessa
população.
No grupo crianças e familiares, apenas uma questão mostrou diferença
significativa, sobre fazer lições de casa, onde os familiares avaliaram as
crianças como menos felizes.
TENHA DEPOIMENTOS DOS
SEUS PRIMEIROS CLIENTES
Estudos com diferentes perspectivas de avaliação da Qualidade de Vida
Relacionada à Saúde (QVRS) revelam variações nos resultados, destacando a
importância de considerar as percepções das crianças, pais e professores.
Em estudos sobre crianças com síndrome de Asperger, os pais avaliaram a QV
como menor do que em crianças saudáveis, mas ainda há necessidade de
investigar a capacidade das crianças em relatar sua própria QV.
Diversos estudos mostram divergências entre as percepções de QV de pais e
crianças, especialmente em questões emocionais e sociais.
Instrumentos de avaliação de QV para crianças devem considerar a
subjetividade e ser acessíveis às crianças, com versões também para os pais.
Profissionais da saúde têm debatido sobre quem deve fornecer informações
sobre a QV das crianças, considerando a importância das percepções tanto
das crianças quanto dos pais.
Professores também podem fornecer informações valiosas sobre a QV das
crianças, sendo imparciais e baseados em sua experiência com outras
crianças.
É importante considerar a perspectiva da criança sempre que possível na
avaliação da QV, mas em casos onde a criança não pode responder, as
opiniões dos pais e professores também são relevantes.
Estudos sobre a concordância entre diferentes avaliadores da QV infantil são
necessários para uma melhor compreensão e relevância clínica dos
resultados.

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