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1 Curso: Direito Processual Civil Aula: Características da Jurisdição: LIDE, Substitutividade e Definitividade Professor: Rodolfo Hartmann Resumo 1. LITÍGIO CONFLITOS DE INTERESSES: é uma lide, enquanto uma das pessoas formula contra a outra, uma pretensão e esta outra opõe-lhe uma resistência. Para Humberto Theodoro Jr., o conflito de interesses ocorre “quando mais de um sujeito procura usufruir do mesmo bem”; enquanto o litígio, em si, decorre da inviabilidade de as próprias partes encontrarem uma solução de forma voluntária ou espontânea. Assim, seria possível vislumbrar a hipótese de um conflito de interesses sem litígio, como no caso de uma das partes curvar-se frente à pretensão da outra, porquanto sem a resistência não há litígio. De tal forma, o que é preciso levar em consideração é que a jurisdição apresenta a função de atuação do direito objetivo na composição dos conflitos de interesses, tornando-os juridicamente irrelevantes; é ato emanado, em regra, do Poder Judiciário; reveste-se de particularização; atividade exercida mediante provocação; imparcial; com o advento da coisa julgada, torna-se imutável. Será visto em tópico próprio a autotutela (o legislador proíbe a autotutela - lei do mais forte – exercício arbitrário das próprias razões), e a Jurisdição voluntária. 2. SUBSTITIVIDADE A jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei no caso concreto, resolvendo o conflito existente entre elas e proporcionando a pacificação social. Ex.: um contrato – o autor quer receber, o réu não quer pagar/entregar (o juiz substitui a vontade das partes e decidirá) Já na fase de execução, o réu deverá pagar/entregar É a substituição das partes pelo Estado-juiz que permite uma solução imparcial, muito mais adequada para a pacificação social. Pois, o Estado assumiu para si a incumbência de, por meio da jurisdição, aplicar a lei para solucionar os conflitos em caráter coercitivo, pode-se dizer que ele substituiu as partes na resolução dos litígios para corresponder à exigência da imparcialidade. 2 Ademais, pelo princípio da inevitabilidade, tratando-se, a jurisdição, de emanação do próprio poder estatal, as partes hão de se submeter ao que for decidido pelo órgão jurisdicional, posicionando-se em verdadeira sujeição perante o Estado-Juiz. Assim, não podem as partes evitar os efeitos decorrentes da decisão estatal. 3. DEFINITIVIDADE a) O que é a definitividade? É as decisões judiciais adquirem, após certo momento, caráter definitivo, não podendo mais ser modificadas. Os atos jurisdicionais tornam-se imutáveis e não podem mais ser discutidos. O juiz espera que a decisão seja definitiva para resolver o litígio, chegando ao fim do processo. b) Coisa Julgada A coisa julgada é mencionada na Constituição Federal como um dos direitos e garantias fundamentais. O art. 5º, XXXVI, estabelece que a lei não poderá retroagir, em prejuízo dela. Essa garantia decorre da necessidade de que as decisões judiciais não possam mais ser alteradas, a partir de um determinado ponto. Do contrário, a segurança jurídica sofreria grave ameaça. É função do Poder Judiciário solucionar os conflitos de interesse, buscando a pacificação social. Ora, se a solução pudesse ser eternamente questionada e revisada, a paz ficaria definitivamente prejudicada. c) Ação rescisória (art. 966 do CPC) Em casos excepcionais, porém, a lei permite a utilização de ação autônoma de impugnação, cuja finalidade é desconstituir a decisão de mérito transitada em julgado. Nela, ainda é possível postular a reapreciação daquilo que foi decidido em caráter definitivo. Trata-se da ação rescisória. Não se trata de um recurso, pois pressupõe que todos já se tenham esgotado. Exige que tenha havido o trânsito em julgado da decisão de mérito. Consiste em uma ação cuja finalidade é desfazer o julgamento já tornado definitivo. Ela não cabe em qualquer circunstância. O art. 966 enumera as hipóteses de cabimento. Pode-se dizer, de maneira geral, que é o veículo adequado para suscitar nulidades absolutas que contaminaram o processo ou a decisão. O rescindido é a decisão (rectius, o seu dispositivo). Mas, como o processo se caracteriza por ser uma sequência de atos interligados e coordenados, que se sucedem no tempo e visam ao provimento jurisdicional, a existência de um vício no seu curso pode contaminar todos os atos subsequentes e, por conseguinte, a decisão de mérito. d) PRECLUSÃO EM DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS – art. 1.015 REDISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA – juiz deferiu – processo perante a vara cível – o réu foi intimado e não interpôs agravo de instrumento Como ele não interpôs, precluiu o seu direito 3 o LOGO, futuramente, ele não poderá alegar essa situação do ônus da prova. Caso a situação da decisão interlocutória não esteja prevista no art. 1.015, poderá aguardar a sentença. e) FENÔMENO DA ESTABILIDADE - TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA (imutabilidade não é do conteúdo, mas dos efeitos; diferente da preclusão que é do conteúdo) f) CLASSIFICAÇÃO DA COISA JULGADA FORMAL: imutabilidade do conteúdo naquele processo que foi proferida – está relacionada com a sentença terminativa do 845 MATERIAL: imutabilidade do conteúdo de forma externa, impede que a mesma questão, já decidida em caráter definitivo, volte a ser discutida em outro processo. – está relacionada com a sentença de mérito A partir do transito em julgado da decisão de mérito, começa a contagem, em regra, do prazo de 2 anos para ajuizar ação rescisória (prazo decadencial). Passou os 2 anos, temos a COISA SOBERANAMENTE JULGADA A coisa julgada está relacionada muitas vezes com a sentença e com os acórdãos; mas, também, pode estar nas decisões monocráticas g) diferenças entre sentença, acórdão e decisão monocrática Sentença: A redação do § 1º do art. 203 define sentença como sendo o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. O art. 485 trata da extinção do processo sem resolução de mérito. As hipóteses, se verificadas, porão fim ao processo. Já o art. 487 cuida de situações em que há resolução de mérito, quando, em caso de procedência, não se porá fim ao processo, mas à fase cognitiva em que a sentença foi proferida, prosseguindo-se oportunamente com a fase de cumprimento de sentença Decisão interlocutória: é todo o pronunciamento judicial que não se enquadra no conceito de sentença (art. 203, § 2º). É proferido no decurso de um processo, sem aptidão para finalizá-lo. Despachos “São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte” (art. 203, § 3º). A rigor, é todo provimento, emitido pelo juiz, que tem por fim dar andamento ao processo; que não decide qualquer questão, seja de cunho processual ou material. Exemplo de despacho: citar, intimar – vai dar um impulso ao 4 processo, não põe fim ao processo e não traz lesão às partes. Acórdão: Segundo Gonçalves, é o julgamento proferido pelos órgãos colegiados (turma, câmara, seção, órgão especial, plenário, entre outros previstos em regimento interno) dos tribunais (art. 204). Acórdão constitui a conclusão dos votos proferidos no julgamento pelos integrantes (juiz, desembargador ou ministro) do órgão do tribunal. Já a Decisão monocrática consiste em decisão proferida por um único magistrado. h) Decisão interlocutória de mérito – cabe agravo de instrumento Ex.: o autor está cobrando dois cheques; o juiz ver que um cheque é prescrito e pronuncia a prescrição dele, continuando o processo em relação ao outro. O autor terá o prazo para interpor agravo de instrumento, caso não o faça, terá a coisa julgada formal e material em relação aquela decisão interlocutória de mérito.- REFERÊNCIAS GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. – 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I / Humberto Theodoro Júnior. 57. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016.
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