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Prof. Me. José Lorandi UNIDADE III Estatística A Análise Combinatória é a área da estatística que permite que respondamos a perguntas como: “tenho 10 canetas vermelhas e 7 pretas. Pegando 3 canetas aleatoriamente, qual é a Probabilidade de pegar uma única caneta preta?” Em outras palavras, a Análise Combinatória permite que criemos grupos com um número finito de elementos e, ainda, sob certas condições. Para compreender a Análise Combinatória, precisamos estudar antes alguns conceitos matemáticos, como Fatorial, Binômio de Newton, Coeficientes Binomiais, Somatório e Triângulo de Pascal. Análise Combinatória Antes de chegarmos ao Binômio de Newton, vamos abordar alguns conceitos matemáticos úteis. Fatorial de um número O Fatorial de um número é representado pelo símbolo ! e é calculado apenas para números naturais (números inteiros não negativos). O cálculo do Fatorial de um número consiste em sucessivas multiplicações, diminuindo esse número de uma unidade, até chegar ao elemento neutro da multiplicação: o número 1. Matematicamente, sendo n um número inteiro e não nulo, temos: nǃ = n. (n - 1).(n - 2).(n - 3)...3.2.1 Binômio de Newton Exemplo de aplicação Neste exemplo, será ilustrado o Cálculo do Fatorial do número 5, ou seja, vamos calcular 5! 5! = 5.4.3.2.1 5! = 20.6.1 5! = 120 Logo, 5! = 120 Note que, no cálculo, foram multiplicados os números dois a dois apenas para facilitar o processo, mas é possível multiplicar todos os números de uma só vez usando uma calculadora. Por definição: 0! = 1 1! = 1 Fatorial de um número Exemplo de aplicação Mais adiante, será calculada a Razão de dois Fatoriais. Então, é interessante detalhar o processo desse cálculo. Considere a expressão a seguir: Fatorial de um número 6! 4! A primeira abordagem que vem à mente é calcular tanto o fatorial “de cima” quanto o fatorial “de baixo”. Mas, agindo dessa forma, o processo será mais trabalhoso. A ideia nesse tipo de cálculo é escrever o maior dos fatoriais como uma série de produtos, mas sem chegar até o final, parando quando chegar ao fatorial menor. Olhando para 6!, temos o seguinte: 6! = 6.5.4.3.2.1 = 30.12.2 = 720 Mas as últimas parcelas do produto são iguais a 5!, pois 5! = 5.4.3.2.1. Logo: Fatorial de um número 6! = 6.5! De forma equivalente: 6! = 6.5.4! Voltando à fração, temos: Como temos 4! tanto no numerador quanto no denominador da fração, é possível cancelar 4! e chega-se a: Fatorial de um número 6! 4! 6.5.4! 4! = 6! 4! 6.5 = 30= Os Coeficientes Binomiais, ou Números Binomiais, são o par de valores com n e p sendo números inteiros e , calculados por: Lê-se como o Binomial de n sobre p, e chama-se n de numerador do Binomial e p de denominador do binomial. Coeficientes Binomiais n! p!.(n - p)! = Como exemplo, pode-se calcular o binomial de 5 sobre 2. Da definição de coeficiente binomial, com n = 5 e p = 2, temos: Coeficientes Binomiais 5! 2!.(5 - 2)! = 5! 2!.3! = Calculando o fatorial de 5, obtém-se: 5! = 5.4.3! Então temos o seguinte: Coeficientes Binomiais Logo, o Binomial de 5 sobre 2 é igual a 10. 5.4.3! 2!.3! = 5.4 2! = 5.4 2.1 = 20 2 = 10= Calcule o Fatorial abaixo: 7! = 7⋅6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1 = 7⋅6! a) 720. b) 1210. c) 3540. d) 4320. e) 5040. Interatividade A resposta correta e a alternativa E a) 720. b) 1210. c) 3540. d) 4320. e) 5040. Resposta O Triângulo de Pascal, também conhecido como Triângulo de Tartaglia, é uma forma de organizar os Coeficientes Binomiais. Como critério para essa organização, colocam-se os Coeficientes Binomiais de mesmo numerador em uma mesma linha e os Coeficientes Binomiais de mesmo denominador em uma mesma coluna. Triângulo de Pascal A seguir, tem-se os coeficientes binomiais organizados em um triângulo de Pascal: Triângulo de Pascal Ao calcular cada Coeficiente Binomial, o Triângulo de Pascal fica: Note que o triângulo de Pascal com os resultados dos Coeficientes Binomiais apresenta algumas características interessantes. Os elementos das pontas de todas as linhas são iguais a 1, e as linhas são simétricas na direção horizontal (o segundo elemento é igual ao penúltimo, o terceiro elemento é igual ao antepenúltimo etc.). Triângulo de Pascal 1 1 1 1 1 1 21 33 46 4 1 1 Vimos que Somatório é um operador matemático indicado por Σ e é usado para somas sucessivas. No Somatório, indica-se um índice com seu valor inicial e final, e esse índice é incrementado de uma unidade a cada parcela somada. Matematicamente, tem-se o seguinte: Embaixo do símbolo de Somatório, é definido o índice que será incrementado e é passado o seu valor inicial. Sobre o símbolo de somatório, coloca-se o valor final do índice. Neste caso, o valor inicial do índice i é 0 e o valor final é n. Então, somam-se as parcelas de x desde o índice inicial 0 até o índice final n. É usual adotar as letras i ou j como índices de somatórios. Lembrete O Teorema Binomial, também conhecido como Binômio de Newton, permite desenvolver expressões do tipo , sendo n um número inteiro. O Binômio de Newton é expresso matematicamente por: Desenvolvendo o somatório, para i de 0 até 2, temos: Teorema Binomial Como todo número elevado à potência zero é igual a 1 e como 1 elevado a qualquer potência resulta em 1, ficamos com: Teorema Binomial Precisamos calcular os coeficientes binomiais, o que faremos separadamente. Teorema Binomial Voltando ao cálculo anterior e substituindo o resultado dos Coeficientes Binomiais, temos o seguinte: Teorema Binomial Matematicamente, o quadrado da soma de dois termos é dado por: O Termo geral do Binômio é a expressão que permite calcular qualquer termo de ordem p + 1 do binômio de , e é dado por: Termo geral do Binômio Exemplo de aplicação Calcule o termo de ordem 3 do Binômio de Newton para n = 6, p = 2 e y = 1. Da expressão do termo geral, para calcular , temos: P + 1 = 3 P = 3 - 1 P = 2 Então: Termo geral do Binômio Calculando o Coeficiente Binomial, ficamos com: Termo geral do Binômio Assim, chegamos logo ao termo de ordem 3 do Binômio de Newton para n = 6, p = 2 e y = 1 é T3 = 15.x4. (FGV) A soma dos Coeficientes do desenvolvimento de (2x+ y)5 é igual a: a) 81 b) 128 c) 243 d) 512 e) 729 Interatividade Resposta correta é a alternativa C Para determinar a soma dos Coeficientes do desenvolvimento de Binômios como esse, basta considerar x = 1 e y = 1. Dessa forma, teremos: (2x + y)5 = (2.1 + 1)5 = (3)5 = 243 O valor encontrado de 243 corresponde exatamente à soma dos coeficientes de (2x + y)5, portanto, a alternativa correta é: a) 81 b) 128 c) 243 d) 512 e) 729 Resposta Agora que já foram apresentados os conceitos matemáticos para o estudo de Análise Combinatória, vamos partir para alguns conceitos específicos do assunto. Princípio fundamental da contagem (PFC) O princípio fundamental da contagem (PFC) é um método algébrico usado para determinar o número de possibilidades de ocorrência de um acontecimento sem que precisemos listar todas as possibilidades envolvidas. Se dado evento ocorrer em uma série de etapas sucessivas e independentes, o número total de possibilidades de tal evento ocorrer será dado pelo produto das possibilidades de ocorrência em cada uma das etapas. Análise Combinatória De outra forma, sendo p1 o número de possibilidades de um evento ocorrer na primeira etapa e p2 o número de possibilidades do evento ocorrer na segunda etapa (etapas essas independentes e sucessivas), o número total de possibilidades de ocorrência do evento é dado por: Análise Combinatória ptotal = p1.p2 Exemplo de aplicação As placas de moto em dado país são compostas apenas por algarismos, de 0 a 9, e pode havera repetição desses algarismos. Qual é o número total de placas disponíveis para motos, considerando que há 3 dígitos na placa? Análise Combinatória Figura 30 – Moto Fonte: https://cutt.ly/QMcBQZM São 3 dígitos na placa, que podem ser ocupados por algarismos de 0 a 9, ou seja, totalizam 10 possibilidades diferentes de algarismos para cada posição. Como pode haver repetição (placa 003, por exemplo, ou, ainda, 141), as possibilidades são iguais em cada uma das posições. Multiplicando a possibilidade em cada uma das posições, tem-se: Análise Combinatória ptotal = pposição1.pposição2.pposição3 ptotal = 10.10.10 ptotal = 1000 Logo, o método de emplacamento de motos adotado no país em análise permite o emplacamento de até 1000 motos. Análise Combinatória ptotal = pposição1.pposição2.pposição3 ptotal = 10.10.10 ptotal = 1000 Definimos Arranjo Simples como o tipo de agrupamento em que um grupo é diferente dos demais pela ordem ou pela natureza dos seus elementos. Como exemplo de Arranjo Simples, vamos analisar quantos números de 2 dígitos podemos formar com os algarismos 1, 2 e 3, sem repetição dos algarismos. Arranjos Simples Vê-se na tabela 43 que existem três possibilidades para o primeiro dígito e, para cada uma dessas possibilidades, duas possibilidades para o segundo dígito, com o total de seis possibilidades de números formados por esses algarismos. Arranjos Simples algarismo algarismo gerado 1 2 12 3 13 2 1 21 3 23 3 1 31 2 31 Tabela 43 – Quantidade de números de 2 algarismos podemos formar com os algarismos 1, 2 e 3, sem repetição dos algarismos Repare que os números gerados dessa forma distinguem-se quanto à ordem (13 é diferente de 31) e quanto à natureza (13 é diferente de 21). O que foi feito na tabela foi contar o número de Arranjos de 3 elementos (os 3 algarismos, 1, 2 e 3), tomados 2 a 2 (números compostos por 2 dígitos). Esse Arranjo é indicado por A3,2. O arranjo simples de n elementos, tomados k a k, é dado pela seguinte expressão: Na equação, n e k são números naturais. Arranjos Simples Exemplo de aplicação Usando a expressão matemática para Arranjos Simples, podemos conferir se nenhuma possibilidade foi esquecida quando tratamos de Arranjo de 3 elementos tomados 2 a 2 na tabela 43. Da expressão do Arranjo Simples, para n = 3 e k = 2, temos: Logo, temos 6 possibilidades para o arranjo de 3 elementos tomados 2 a 2, exatamente o número de números gerados pela combinação dos algarismos 1, 2 e 3, tomados 2 a 2, listados na tabela 43. Arranjos Simples As Permutações são agrupamentos ordenados considerando todos os elementos disponíveis. A Permutação de n elementos é indicada por: A Permutação é um caso particular do arranjo simples, em que todos os elementos são considerados, ou seja, O número de permutações possíveis para n elementos é dada por: Permutações Quantos números de 3 dígitos podem ser formados com os algarismos 1, 2 e 3? Temos 3 algarismos disponíveis para formar um número de 3 dígitos. Logo, trata-se de um problema de Permutação. Calculando a permutação simples dos 3 números, temos: Logo, pode-se gerar 6 números de 3 dígitos usando os algarismos 1, 2 e 3. Permutações Na competição de interclasse da escola, há 10 turmas competindo entre si pela medalha de ouro, prata e bronze. Então, o número de maneiras distintas que o pódio pode ser formado é igual a: a) 120. b) 460. c) 540. d) 720. e) 90. Interatividade Resposta correta é a alternativa D Queremos calcular o arranjo simples de 10 elementos tomados de 3 em 3. a) 120. b) 460. c) 540. d) 720. e) 90. Resposta As Combinações Simples são agrupamentos em que certo grupo é diferente dos demais apenas pela natureza dos elementos, mas não pela ordem. Por exemplo, quais seriam as distintas Combinações dos algarismos 1, 2 e 3 para formar números com 2 dígitos. Vale notar que os números 12 e 21 são Combinações equivalentes e contam como uma única Combinação. O número de Combinações de n elementos em grupos de p elementos é dado pela seguinte expressão: Na equação, n e p são números inteiros. Lê-se Cn,p como a combinação de n elementos tomados p a p. Combinações Exemplo de aplicação Um time de futebol de salão é composto por 5 pessoas, uma delas o goleiro. Em um grupo de 12 pessoas, quantos times de futebol de salão distintos podem ser formados? Como a ordem que as pessoas são escolhidas para o time (alguém pode ser o primeiro jogador a ser chamado ou o último) é indiferente para a composição do time, trata-se de um problema de combinação. Calculando a combinação simples de 12 pessoas tomadas 5 a 5, temos o seguinte: Combinações Expandindo 12! até chegar a 7!, temos: Logo, com um grupo de 12 pessoas, é possível formar 792 times de futebol de salão distintos. Combinações Perspectiva positiva de que alguma coisa aconteça ou seja factível. A seguir, discutiremos alguns conceitos básicos para o estudo de Probabilidades. Conceitos básicos: Para o estudo de Probabilidade, é necessário primeiro compreender alguns conceitos, como: Experimento aleatório, Espaço amostral e Evento. Probabilidades Experimento Aleatório Podemos classificar os Experimentos Aleatórios em duas categorias: Experimentos Determinísticos; Experimentos Aleatórios. Os Experimentos Determinísticos são aqueles cujos resultados são previstos antes mesmo de sua realização. Molhar-se após derramar um copo de água sobre si é um exemplo de experimento determinístico. Já os Experimentos Aleatórios são aqueles cujos resultados exatos não podem ser previstos antes da sua realização. Jogar na loteria é um exemplo de experimento aleatório, já que se pode ganhar o prêmio ou, mais provavelmente, não ganhar o prêmio. Probabilidades Espaço amostral Define-se Espaço Amostral como o conjunto de todos os resultados possíveis de um Experimento Aleatório. O Espaço Amostral é denotado pela letra U. Por exemplo, considere uma moeda: ela tem duas faces, cara e coroa (figura 32). Ao lançarmos uma moeda para o alto, ela cairá com uma das faces para cima. O espaço amostral desse experimento é: Probabilidades Figura 32 – Moeda com a face conhecida como coroa ou reverso, em que é indicado o valor da moeda. A face conhecida como cara ou anverso é a face oposta à face do valor, que geralmente apresenta um escudo, um rosto ou um emblema Fonte: https://cutt.ly/kMcNMU3 U = {cara, coroa} Exemplo de aplicação Considere como Experimento Aleatório o lançamento de um dado de 6 faces, contendo os números de 1 a 6 em cada face. O Espaço Amostral desse experimento é o conjunto de todos os resultados possíveis: U = {1, 2, 3, 4, 5, 6} Probabilidades Exemplo de aplicação Considere como Experimento Aleatório o lançamento de uma moeda. O Espaço Amostral desse experimento é o conjunto de todos os resultados possíveis para o dado e para a moeda: U = {1 e cara, 2 e cara, 3 e cara, 4 e cara, 5 e cara, 6 e cara, 1 e coroa, 2 e coroa, 3 e coroa, 4 e coroa, 5 e coroa, 6 e coroa} Probabilidades Chamamos de evento qualquer subconjunto do Espaço Amostral. Logo, obter coroa como resultado do lançamento de uma moeda é um Evento. Regras do cálculo de Probabilidades Considere dado Experimento Aleatório, em que o Espaço Amostral tem n(U) elementos, e dado evento A, que tem n(A) elementos. A Probabilidade de ocorrência do Evento P(A) é dada por: Evento É importante notar que esse método para o cálculo de Probabilidades é válido apenas no caso em que o Espaço Amostral U é equiprobabilístico – ou seja, todos os Eventos do Espaço Amostral precisam ter a mesma Probabilidade. Da expressão para o cálculo da Probabilidade de um Evento A, P(A), essa Probabilidade é um número entre 0 e 1, ou, de forma equivalente, entre 0 e 100%. É possível representar Probabilidades tanto na forma unitária quanto na forma percentual. Evento Exemplo de aplicação O metrô de uma grande cidade apresentou falha no funcionamento no início da manhã em 3 dias de uma semana. Qual é a probabilidade de falha no início da manhã no dia de amanhã? Evento Figura 33 – Metrô Fonte: https://cutt.ly/7McMjyo Calcula-se a Probabilidade como o número de ocorrência do Evento dividido pelo número de ocorrências do Espaço Amostral. Neste caso, trabalha-se com uma semana de dados, então o Espaço Amostral é igual a 7 dias. Então: n(U) = 7 O Evento de ocorrência de falha pela manhã ocorreu em 3 dias da semana. Logo, esse é o número de ocorrências do evento falha no metrô. N(falha no metrô) = 3 Evento Dividindo-se o número de ocorrências do evento pelo número de elementos do Espaço Amostral, calcula-se a Probabilidade de ocorrência desse evento: Evento É possível representar essa Probabilidade na forma de porcentagem, bastando, para isso, multiplicar a Probabilidade por 100%: P (falha no metrô) = 0,43 .1 00% P (falha no metrô) = 43% Logo, a Probabilidade de falha no metrô no dia seguinte é de 43%. Evento Quantas senhas com 4 algarismos diferentes podemos escrever com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9? a) 1498 senhas. b) 2378 senhas. c) 3024 senhas. d) 4256 senhas. e) 5400 senhas. Interatividade Resposta correta é a alternativa C Usando a fórmula Para identificar qual fórmula usar, devemos perceber que a ordem dos algarismos é importante. Por exemplo, 1234 é diferente de 4321, assim iremos usar a fórmula de Arranjo. Então, temos 9 elementos para serem agrupados de 4 a 4. Desta maneira, o cálculo será: Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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