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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS - UNIFIMES CURSO DE MEDICINA RELATÓRIO: SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “TENDÊNCIA PARA ENGORDAR” TUTOR: WELLINGTON FRANCISCO RODRIGUES DISCENTES: AMANDA VITÓRIA OLIVEIRA DE ALMEIDA ANA CAOLINA KOSLOSKI ANA LUÍSA SILVA OLIVEIRA ARNAUD GABRIEL LOUISE ALEXANDRINE ROSIQUE DÉBORA COSTA SOUZA GEOVANA NEVES DA SILVA VITAL GUSTAVO ALVES DE MORAES JOÃO FELIPE REZENDE CARVALHO JOYCE CAROLINA MENEZES FERNANDES LUANNA REZENDE SILVA MARCO ANTÔNIO MARCO AURÉLIO FELIPETTO MARIA FERNANDA BENFICA MARIELLY BORGES LIMIRIO TIAGO SCHUH BECK Mineiros 2023 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 2 2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 3 2.1 Geral .................................................................................................................................. 3 2.2 Específicos ........................................................................................................................ 3 3 DISCUTIR SOBRE OS BIOMARCADORES DA FUNÇÃO RENAL E HEPÁTICA ........ 4 4 COMPREENDER A NEFROTOXICIDADE E HEPATOTOXICIDADE ASSOCIADA AO USO ABUSIVO DOS ANABOLIZANTES .............................................................................. 9 5 DEFINIR E CLASSIFICAR AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS ......................................... 11 6 COMPREENDER DIGESTÃO, ABSORÇÃO, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS ..................................................................................... 14 7 DESCREVER A BIOSSÍNTESE DE PROTEÍNAS E A FORMAÇÃO DE COMPOSTOS NITROGENADOS NÃO PROTEICOS .................................................................................. 16 8 DISCUTIR A OBTENÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE AMINOÁCIDOS .................. 21 9 PESQUISAR OS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO E EXCREÇÃO DE PROTEÍNAS, CICLO DA UREIA .................................................................................................................. 22 10 RECONHECER AS FUNÇÕES METABÓLICAS HEPÁTICAS ..................................... 26 11 DISCORRER SOBRE O TRIFOSFATO DE ADENOSINA (ATP) .................................. 28 12 DESCREVER A FISIOLOGIA DA SECREÇÃO DIGESTIVA ....................................... 29 13 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 31 2 1 INTRODUÇÃO O presente relatório, referente à sp3 da unidade 3, traz o tema “Tendência para engordar”, o qual busca compreender o processo metabólico que envolve as proteínas e os aminoácidos. Nesse sentido, serão abordadas suas funções, tipos, composições e, com isso, correlacionar sua nefrotoxicidade e hepatotoxicidade associadas ao seu uso indevido. Também, serão discutidos os processos de digestão, absorção, transporte e armazenamento, assim como a biossíntese das proteínas e a formação de compostos nitrogenados não proteicos. Ademais, serão abordados os biomarcadores de função hepática e função renal, muito importantes para auxiliar no diagnóstico. 3 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Compreender o metabolismo das proteínas e dos aminoácidos 2.2 Específicos a) Discutir sobre os biomarcadores da função hepática e renal; b) Compreender a nefrotoxicidade e hepatotoxicidade associadas ao uso abusivo dos anabolizantes; c) Definir e classificar aminoácidos e proteínas; d) Compreender digestão, absorção, transporte e armazenamento de proteínas e aminoácidos; e) Descrever a biossíntese das proteínas e a formação de compostos nitrogenados não proteicos; f) Discutir a obtenção de energia a partir de aminoácidos; g) Pesquisar os processos de degradação e excreção de proteínas, Ciclo da Ureia; h) Reconhecer as funções metabólicas hepáticas; i) Compreender a importância dos métodos científicos relacionados à prática médica; j) Discorrer sobre o Trifosfato de Adenosina (ATP); l) Descrever a fisiologia da secreção digestiva. 4 3 DISCUTIR SOBRE OS BIOMARCADORES DA FUNÇÃO RENAL E HEPÁTICA BIOMARCADORES RENAIS Ureia e creatinina são os principais biomarcadores renais solicitados em laboratório. Há também o ácido úrico, entretanto, é mais específico para o diagnóstico da gota, ou seja, o acúmulo/agulhas de ácido úrico nas articulações, mais precisamente, no líquido sinovial, que causam dor e inflamação UREIA É um produto de degradação de proteínas, as quais chegam até o fígado, como amônia. No fígado, é biotransformada em ureia, que será eliminada pelos rins, na urina. Ou seja, todos os dias, ao urinar, elimina-se uma grande quantidade de ureia. Portanto, a ureia não tem função metabólica, ou seja, é lixo metabólico Nessa conjuntura, o raciocínio é que, quando o paciente tem um problema renal, a ureia não consegue ser eliminada no trato urinário, razão pela qual acumula no sangue, havendo um aumento da ureia sérica, a qual indica ao médico que o paciente possui algum problema renal Causas da elevação da ureia A ureia depende da dieta. Logo, uma dieta hiperproteica, por exemplo, resulta em sua elevação. Além disso, no geral, homens possuem a ureia mais alta do que as mulheres. Ademais, sofre reabsorção renal, de modo que, 30% a 40%, quando no rim, é reabsorvido, isto é, retorna para a circulação. Assim, a ureia é um bom biomarcador renal, mas sofre interferência da dieta, do gênero do paciente e da reabsorção renal. Características da ureia na alteração/dano renal Quando o paciente inicia o tratamento, sobe e cai rapidamente. 5 CREATININA Considerada o melhor biomarcador renal, é um produto da desfosforilação da creatina no músculo. Dentro deste, há a creatina fosfatada. Quando o músculo precisa de energia instantânea, há a quebra da creatina fosfato. O fosfato é liberado e fornece energia para o músculo poder contrair. Por outro lado, a creatina que perdeu o fosfato entra na circulação, chega até o fígado e neste é convertida em creatinina, que é um lixo metabólico. A creatinina é eliminada pelo trato urinário e sai diariamente pela urina. Importante mencionar que a creatinina não sofre interferência da dieta. Ela depende da massa muscular do indivíduo, logo, uma pessoa que possui uma maior massa muscular, tem uma creatinina sérica (eliminada) maior que uma pessoa com menos massa muscular, motivo pelo qual mulheres, em geral, têm menos creatinina que homens. Dessa forma, a creatinina é o melhor marcador, uma vez que não sofre interferência da dieta e nem da reabsorção renal. Salienta-se, ainda, que sua elevação só ocorre quando houver 60% ou mais de perda da função renal. Por fim, ressalta-se que, na suplementação de creatinina, faz-se necessário um adequada hidratação, no intuito de evitar qualquer problema renal em decorrência da sobrecarga dos rins. DOENÇAS QUE ACOMETEM OS RINS a) Hiperplasia prostática. Se houver um aumento da próstata, a uretra é comprimida, de modo que a ureia e a creatinina não são eliminadas, elevando-se na corrente circulatória; b) Câncer uretral; c) Câncer renal; d) Nefropatia; e) Insuficiência renal aguda e crônica. 6 BIOMARCADORES HEPÁTICOS Os principais são as transaminases, mais precisamente, a Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP), também denominada Alanina Aminotransferase (ALT), e a Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO), também denominada Aspartato Aminotransferase (AST). TRANSAMINASES TGP ou ALT: é uma enzima queestá localizada no interior do citoplasma da maioria das células e também dos hepatócitos. Quando houver um dano superficial e leve no hepatócito, há o rompimento do citoplasma, de modo que o TGP irá para o sangue, elevando os níveis da TGP. Logo, é um marcador hepático de danos mais superficiais. TGP também se eleva em outras patologias, como por exemplo, um problema cardiológico. Todavia, predomina no fígado. Portanto, para fins de memorização, lembrar que a TGP está relacionada com o citoplasma e com um dano superficial/leve. TGO ou AST: também é uma enzima. Encontra-se na mitocôndria da célula. Quando há um dano mais profundo/grave, há a destruição do citoplasma e da mitocôndria, havendo a liberação da TGO para a corrente circulatória. Assim, lembrar que a TGO está relacionada com a mitocôndria e com um dano profundo/grave. Obs: alguns medicamentos, como o roacutan, por exemplo, podem alterar os valores de TGP e TGO. BILIRRUBINAS Além das transaminases, há as bilirrubinas (total, direta e indireta). Não são enzimas, mas sim, produtos metabólicos. A hemácia vive 120 dias. Dentro dela, há a hemoglobina. Esta é convertida em heme, ou seja, quando é rompida, libera o heme e a globina. Esta se transforma em aminoácido e é reaproveitada no organismo; aquele, no sistema retículo endotelial, vira a biliverdina (pigmento verde) e a bilirrubina (pigmento amarelo). Prosseguindo, a bilirrubina vai para a circulação, liga-se com a albumina e forma a bilirrubina indireta, que é lipossolúvel e apolar. A bilirrubina indireta, ligada à albumina, vai até o fígado (a albumina não vai). No fígado, há uma enzina, a uridina difosfato glucoronosiltransferase (UGT), que conjuga a 7 bilirrubina com o ácido glicurônico, formando a bilirrubina direta ou conjugada. Esta é polar e hidrossolúvel. É ela que pode sair na urina quando houver um dano hepático, pois é hidrossolúvel. A bilirrubina direta sai na vesícula biliar, cai no intestino, onde bactérias intestinais a degradam e formam o urobilinogênio. Este é formado pelas bactérias que estão no intestino. O urobilinogênio é convertido em estercobilinogênio, que dá a cor às fezes, pois é um pigmento marrom. Assim, da degradação das hemácias é que se tem o pigmento das fezes. Também, 30% a 40% do urobilinogênio é reabsorvido, vai para o sistema renal, onde desprende um pigmento, a urobilina., que é um pigmento amarelo dá cor à urina. Logo, a cor das fezes e da urina dependem da destruição das hemácias e da bilirrubina. Resumo: Bilirrubina indireta ou não conjugada: formada a partir da quebra de células vermelhas no sangue, sendo transformada em bilirrubina direta no fígado. Portanto, é a que entra. Bilirrubina direta ou conjugada: produzida no fígado a partir da bilirrubina indireta e associada a um açúcar. Sofre ação direta da bile no intestino e é eliminada nas fezes e na urina. Portanto, é a que sai. Se houver bilirrubina direta na urina, o indicativo é de que há uma hepatopatia. Bilirrubina total: é a quantidade total dos níveis de bilirrubina no sangue, correspondendo à soma da bilirrubina indireta e direta. Por que a bilirrubina é importante no laboratório? Caso haja um dano hepático, a bilirrubina direta, encontrada no fígado, vai para a circulação e eleva seus valores. Já, na icterícia, por exemplo, o paciente fica amarelo em razão da alta da bilirrubina indireta, ou seja, uma grande destruição das hemácias, “jogando” na circulação sanguínea uma quantidade de bilirrubina maior do que a capacidade do fígado de excretá-la. 8 Tipo de bilirrubina Valor normal no sangue Bilirrubina direta até 0,3 mg/dL Bilirrubina indireta até 0,8 mg/dL Bilirrubina total até 1,2 mg/dL Gamaglutamiltransferase (GGT), também conhecida como Gama GT Enzima localizada no canalículo biliar. Quando há um dano neste, há uma elevação da Gama GT. É também um marcador de exposição ao álcool. Em um paciente que faz o uso frequente de bebida alcoólica, a Gama GT é elevada. Fosfatase alcalina Enzima localizada no canalículo biliar. Além do fígado, também é encontrada no osso. Nas grávidas, o valor é alto, pois a placenta produz fosfatase alcalina. Numa suspeita de aborto, o exame é solicitado, pois a fosfatase alcalina pode cair, indicando que a placenta não está mais viável. No câncer de metástase óssea, também se encontra elevada. Lactato Desidrogenase (LDH) Auxilia na formação do piruvato em lactato nas células. Quando há um dano citoplasmático, eleva muito os seus valores no soro. Logo, é um marcador de dano citoplasmático 9 4 COMPREENDER A NEFROTOXICIDADE E HEPATOTOXICIDADE ASSOCIADA AO USO ABUSIVO DOS ANABOLIZANTES Os esteroides anabolizantes sintéticos (EAA) são substâncias análogas à testosterona, hormônio masculino responsável pelas características sexuais dos homens, agindo na síntese proteica e no catabolismo de gorduras. Devido suas características anabólicas e androgênicas, os EAA têm sido muito utilizado por frequentadores de academias e fisiculturistas que almejam a hipertrofia muscular. Apesar de ser uma opção de baixo custo e acessível, na maioria das vezes o acesso aos anabolizantes é ilegal, e o seu uso abusivo traz grandes malefícios para a saúde (Albuquerque, 2020). Mecanismos de Ação dos Anabolizantes: Os anabolizantes exercem seus efeitos principalmente ligando-se a receptores de androgênio nas células-alvo, o que leva ao aumento da síntese proteica e ao aumento da massa muscular. No entanto, essas substâncias também podem afetar negativamente os rins através de mecanismos indiretos. Alguns estudos sugerem que os anabolizantes podem aumentar a pressão arterial, causar disfunção endotelial, promover a formação de coágulos sanguíneos e aumentar a produção de espécies reativas de oxigênio, todos esses fatores podem contribuir para a nefrotoxicidade. Efeitos Nefrotóxicos dos Anabolizantes: • Lesão Renal Aguda (LRA): O uso abusivo de anabolizantes pode causar uma diminuição do fluxo sanguíneo renal devido ao aumento da pressão arterial e ao aumento da viscosidade sanguínea, o que pode resultar em lesão renal aguda. Além disso, alguns anabolizantes podem levar à formação de trombos e à obstrução dos vasos sanguíneos renais. • Nefrite Intersticial: A nefrite intersticial, caracterizada por inflamação do tecido renal, também pode ocorrer como resultado do uso abusivo de anabolizantes. Essa condição pode levar à diminuição da função renal, hipertensão e, em casos graves, insuficiência renal crônica. • Nefropatia por Depósito: Alguns anabolizantes, especialmente os esteroides anabolizantes androgênicos, podem causar nefropatia por depósito. Nessa condição, ocorre deposição de cristais nos túbulos renais, levando à disfunção renal e à formação de cálculos renais. 10 • Proteinúria: A proteinúria, presença anormal de proteínas na urina, é um sinal de disfunção renal. O uso abusivo de anabolizantes pode levar ao aumento da excreção de proteínas pelos rins, indicando dano renal. Efeitos Hepatotóxicos dos Anabolizantes: • Hepatite: O uso abusivo de anabolizantes pode resultar em hepatite, que é a inflamação do fígado. Isso pode ser causado pela toxicidade direta dos anabolizantes ou por sua conversão em compostos tóxicos durante o metabolismo hepático. A hepatite induzida por anabolizantes pode ser aguda ou crônica e pode levar à disfunção hepática. • Colestase: A colestase é caracterizada pela diminuição ou bloqueio do fluxo biliar, resultando na acumulação de bilirrubina e outras substâncias no fígado. O uso abusivo de anabolizantes pode levar à colestase, causando icterícia (coloração amarelada dapele e dos olhos), prurido e alterações nos níveis de enzimas hepáticas. • Tumores Hepáticos: Alguns anabolizantes têm sido associados ao desenvolvimento de tumores hepáticos, tanto benignos quanto malignos. O mais conhecido é o adenoma hepatocelular, que pode ocorrer em indivíduos que utilizam anabolizantes por longos períodos. • Insuficiência Hepática: Em casos extremos, o uso abusivo de anabolizantes pode levar à insuficiência hepática aguda, que é uma condição potencialmente fatal. A falência hepática ocorre quando o fígado não é capaz de desempenhar suas funções essenciais, levando a complicações graves em todo o organismo. 11 5 DEFINIR E CLASSIFICAR AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS AMINOÁCIDOS Os aminoácidos são as unidades fundamentais de todas as proteínas. Existem 20 tipos distintos de aminoácidos que compõem essas macromoléculas essenciais, cada um com características específicas. É relevante ressaltar que, independentemente do organismo estudado, todas as proteínas são formadas pelos mesmos 20 aminoácidos. Os aminoácidos podem ser definidos como moléculas orgânicas que possuem grupos carboxila (-COOH) e amino (-NH3) ligados a um carbono central chamado de carbono alfa. Esse carbono alfa está localizado no centro do aminoácido e se conecta ao grupo amino, ao grupo carboxila, a um átomo de hidrogênio e a uma cadeia lateral variável, também conhecida como grupo R. Os aminoácidos desempenham um papel fundamental na formação das proteínas. Cada uma dessas macromoléculas é constituída por uma longa cadeia de aminoácidos, os quais são unidos por meio de ligações peptídicas. Classificação dos aminoácidos Os aminoácidos são agrupados, geralmente, de acordo com as características de suas cadeias laterais. De acordo com essas características, podemos dividi-los em: - Aminoácidos com cadeias laterais apolares; - Aminoácidos com cadeias laterais polares; - Aminoácidos ácidos (aminoácidos que possuem cadeias laterais com carga negativa devido à presença de grupos carboxila); - Aminoácidos básicos (aminoácidos que possuem o grupo amino nas cadeias laterais). Além dessa classificação, os aminoácidos podem ser classificados em dois grupos: aminoácidos essenciais e não essenciais. Nesse caso, o critério utilizado é a capacidade do organismo de sintetizar esses aminoácidos. Os aminoácidos chamados essenciais são aqueles que não podem ser sintetizados endogenamente e devem ser obtidos a partir do alimento, já os aminoácidos não essenciais são aqueles que o organismo é capaz de sintetizar. Podem ser encontrados em diversos alimentos, como carnes vermelhas, ovos, queijo, feijão, lentilha, amêndoas, amendoim e arroz. 12 PROTEÍNAS As proteínas são macromoléculas biológicas essenciais encontradas em todos os seres vivos. Elas desempenham uma variedade de funções vitais no organismo, como catalisar reações químicas (enzimas), fornece suporte estrutural (proteínas estruturais), transportar substâncias (proteínas de transporte), regular processos celulares (proteínas reguladoras) e participar do sistema imunológico (anticorpos). As proteínas desempenham um papel fundamental nas funções celulares, sendo as biomoléculas mais abundantes. Uma de suas funções essenciais é a catalisação de reações, realizada pelas enzimas, que são vitais para a maioria dos processos celulares (embora algumas moléculas de RNA também tenham capacidade catalítica semelhante às enzimas). As proteínas são compostas por aminoácidos unidos por ligações peptídicas, que são extremamente fortes entre os grupos funcionais amino (NH2) e ácido carboxílico (COOH). Além disso, outras ligações ocorrem na cadeia carbonada dos aminoácidos, como ligações covalentes formando pontes dissulfeto entre os grupos -SH de dois aminoácidos cisteína, pontes de hidrogênio entre grupos polares da cadeia carbonada e ligações fracas de van der Waals. Essas interações conferem às proteínas uma estabilidade e uma conformação tridimensional única, diretamente relacionada à sua função. A capacidade das proteínas de adotar diferentes conformações desempenha um papel importante na estereoquímica celular, onde a maioria das reações é catalisada por enzimas específicas, cuja afinidade pelo substrato é determinada pela forma tridimensional final das proteínas. Qualquer modificação nessa estrutura pode afetar a afinidade da enzima pelo substrato, e as células utilizam esse mecanismo para regular a atividade enzimática. Além disso, as proteínas são fontes de aminoácidos e nitrogênio necessários para o organismo. Quando presentes na dieta humana, as proteínas são digeridas e entram na corrente sanguínea como aminoácidos individuais ou dipeptídeos (compostos por dois aminoácidos), sendo processadas pelo fígado. Os animais possuem a capacidade de sintetizar apenas 10 dos 20 aminoácidos necessários para a síntese de proteínas. Esses aminoácidos são chamados de "não essenciais" e incluem glicina, alanina, serina, prolina, cisteína, ácido aspártico, ácido glutâmico, asparagina, glutamina e tirosina. Os outros 10 aminoácidos, chamados de "essenciais" - treonina, lisina, metionina, arginina, valina, fenilalanina, leucina, triptofano, isoleucina e histidina - não podem ser produzidos pelo organismo e devem ser obtidos através da alimentação. 13 Alguns aminoácidos podem ser sintetizados pelo organismo, mas em taxas que os tornam essenciais na alimentação. Por exemplo, a arginina é quase completamente utilizada na síntese de ureia, e a histidina é produzida em quantidade insuficiente para a síntese de proteínas. No entanto, esses aminoácidos se tornam quase desnecessários na dieta de adultos, quando o crescimento e a fase de maior síntese de proteínas estruturais chegam ao fim. Por outro lado, os aminoácidos cisteína e tirosina, considerados não essenciais, são sintetizados a partir dos aminoácidos essenciais metionina e fenilalanina, tornando-se dependentes da presença desses aminoácidos essenciais. No fígado, os aminoácidos absorvidos durante o processo digestivo são convertidos em várias proteínas plasmáticas, como a albumina (responsável pelo transporte), α1-globulinas (glicoproteínas e lipoproteínas de alta densidade), α2-globulinas (haptoglobinas, transportadoras de hemoglobina que saem dos glóbulos vermelhos), β-globulinas (transferrina, lipoproteínas de baixa densidade) e fatores de coagulação sanguínea (fibrinogênio e protrombina). Além disso, o plasma sanguíneo contém uma variedade de proteínas produzidas em outros locais do organismo, como as γ-globulinas (anticorpos), sintetizadas pelos linfócitos, e outras proteínas teciduais. Alguns aminoácidos são convertidos em bases nitrogenadas (para a síntese de ácidos nucleicos) e outros produtos nitrogenados no fígado. Esses aminoácidos desempenham diversas funções em vários tecidos, como a síntese de hormônios e neurotransmissores. A porção nitrogenada dos aminoácidos é metabolizada no fígado de mamíferos, anfíbios adultos e tartarugas, sendo convertida em ureia e excretada pelos rins. Aves, répteis, insetos e invertebrados terrestres excretam o nitrogênio proteico na forma de ácido úrico, enquanto peixes, invertebrados aquáticos e anfíbios na forma larval excretam-na como amônia. Crocodilos sintetizam tanto amônia quanto ureia a partir do nitrogênio proteico. Embora a cadeia de carbono dos aminoácidos seja convertida em intermediários para o metabolismo energético celular, essa função representa apenas uma pequena parte da enorme capacidade biológica das proteínas. De fato, as proteínas são as biomoléculas que desempenham o maior número de funções em um organismo vivo. No entanto, a função energética é prioridade para duas outras moléculas: os carboidratos e os lipídios. 14 6 COMPREENDER DIGESTÃO, ABSORÇÃO, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTODE PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS A digestão das proteínas tem início no estômago devido às células G que produzem o hormônio gastrina que ativa a produção de ácido clorídrico nas células parietais que ativa a enzima inativa, o pepsinogênio, transformando-o na enzima ativa pepsina, uma protease (enzimas que catalisam a hidrólise das ligações peptídicas, quebrando-as em porções menores). Grande parte da digestão de proteínas ocorre no intestino delgado, no duodeno e jejuno, devido as proteases do suco pancreático. As principais enzimas são: tripsina, quimiotripsina, carboxipolipeptidase e proelastase. Apenas uma parte das proteínas são digeridas totalmente, em sua maioria são quebrados até se tornarem dipeptídeos e tripeptídeos. O estágio final da digestão ocorre nas células intestinais, os enterócitos, encontradas principalmente no duodeno e jejuno. Essas células são caracterizadas por possuírem diversas microvilosidades em sua superfície, onde encontram-se diversas peptidases que quebram moléculas maiores de proteínas em dipeptídeos e tripeptídeos. Em seu citosol, dipeptídeos e tripeptídeos são transformados em aminoácidos, que serão transferidos para o sangue. A absorção dos dipeptídeos e tripeptídeos ocorre nos enterócitos. Ademais a absorção pode ocorrer através do transporte ativo (Na, k), difusão simples ou facilitada e transferência ativa por co-transporte com o sódio. Os produtos da digestão e absorção, normalmente, se encontram inteiramente na forma de aminoácidos, sendo um pouco raro estarem como polipeptideos ou cadeias maiores, após serem absorvidos no decorrer do trato vão para o sangue. Dessa forma, depois da ingestão de alimentos a quantidade de aminoácidos no sangue se eleva, mas uns poucos milimetros, devido ao processo de digestão e absorção de proteínas ocorrerem em torno de 2 a 3 horas e pelo fato de que o excesso de aminoácidos no sangue faz com sejam absorvidos por todas as células em especial as do fígado, esse processo ocorre entre 5 a 10 minutos, é possível perceber que a renovação de aminoácidos é muito rápida, podendo carregar gramas de proteínas por todo o corpo na forma desses. Para os aminoácidos serem transportados para o interior da célula é preciso uma proteína facilitadora ou até mesmo o uso de transporte ativo, devido às moléculas serem grandes para se difundirem através dos poros. Nos rins ocorre um redirecionamento ao sangue novamente, podendo ser reabsorvidas, isso ocorre devido ao epitálio tubular proximal, que os remove do filtrado glomerular 15 devolvendo-os ao sangue, mas deve se levar em consideração que quando há um grande execesso desses tanto no plasma quanto no filtrado acaba sendo excretado pela urina. Logo, quando os aminoácidos entram nas células se direcionam para serem feitas ligações peptídicas, sob comando do RNA mensageiro, formando as proteínas, diminuindo assim a concentração de aminoácidos livres, pois são estocados em forma de proteínas nas células, mas podem ser descompostas através de enzimas digestivas lisossômicas, podendo ser transportados de volta ao sangue, com exceção das proteínas estruturais e dos cromossomos do núcleo que não fazem esse papel reverso de volta ao exterior. Se acaso ainda existir um grande excesso de aminoácidos tanto no plasma, quanto nas células, eles podem ser utilizados como forma de energia ou ainda serem convertidos em gordura e glicogênio. 16 7 DESCREVER A BIOSSÍNTESE DE PROTEÍNAS E A FORMAÇÃO DE COMPOSTOS NITROGENADOS NÃO PROTEICOS BIOSSÍNTESE DE PROTEÍNAS Tradução Após a transcrição a informação presente na molécula de RNAm é traduzida em uma proteína. Nesse sentido, uma sequência de três nucleotídeos no RNAm é denominada códon, esse códon determina o aminoácido que será ligado para formação da proteína. Assim, a tradução depende de uma molécula capaz de realizar o reconhecimento do códon, bem como transportar o aminoácido de interesse, essa molécula é o RNAt. (ALBERTS, B. et al., 2017). As moléculas de RNA possuem a capacidade de se enovelar, assim, quatro pequenos segmentos do RNAt se enovelam em duplas-hélices, produzindo uma estrutura semelhante a uma folha de trevo que, ao ser submetida a um novo enovelamento, forma uma molécula compacta em configuração de L, com duas regiões diferentes. Uma dessas regiões forma o anticódon e a outra é o sítio onde está o aminoácido. (ALBERTS, B. et al., 2017). O reconhecimento e a ligação do aminoácido certo dependem de enzimas denominadas aminoacil-tRNA-sintetases, as quais acoplam covalentemente cada aminoácido à molécula de RNAt adequada. A reação catalisada pela sintetase produz uma ligação de alta energia entre o RNAt e o aminoácido. A energia dessa ligação é usada posteriormente para ligar o aminoácido à cadeia polipeptídica. (ALBERTS, B. et al., 2017). 17 O processo de tradução é realizado no ribossomo, uma molécula composta por uma subunidade maior e uma menor. “A subunidade menor fornece uma região sobre a qual os RNAt são pareados aos códons do RNAm, enquanto a subunidade maior catalisa a formação das ligações peptídicas que unem os aminoácidos, formando uma cadeia polipeptídica”. Desse modo, um ribossomo possui quatro sítios de ligação para moléculas de RNA: um é para o RNAm e três (chamados de sítio A, sítio P e sítio E) são para RNAt. (ALBERTS, B. et al., 2017). “A principal reação na síntese proteica é a formação de uma ligação peptídica entre o grupo carboxila na extremidade de uma cadeia polipeptídica em crescimento e um grupo amino livre do novo aminoácido. Durante todo o processo, a extremidade carboxila da cadeia polipeptídica permanece ativada por meio de ligação covalente a uma molécula de tRNA (formando um peptidil-tRNA). Essa ligação covalente altamente energética é desfeita a cada adição, mas é imediatamente substituída por uma ligação idêntica no último aminoácido adicionado”. (ALBERTS, B. et al., 2017). 18 Dessa forma, os ribossomos se associam a uma molécula de RNAm, o qual é passado através do ribossomo, um códon de cada vez, assim, a sequência de nucleotídeos é traduzida em uma sequência de aminoácidos. Quando um códon de terminação é encontrado, o ribossomo libera a proteína. (ALBERTS, B. et al., 2017). É válido ressaltar que a leitura de um RNAm ocorre a partir da identificação de um códon de início e termina com o reconhecimento de um dos três códons de parada. Nesse sentido, o códon de início é o AUG, que codifica o aminoácido metionina. Já os de parada são UAA, UAG ou UGA, que não determinam um aminoácido, apenas sinalizam o final da tradução. (ALBERTS, B. et al., 2017). FORMAÇÃO DE COMPOSTOS NITROGENADOS NÃO PROTEICOS A formação de compostos nitrogenados não proteicos se refere a síntese de moléculas que contém nitrogênio, mas não são proteínas, são metabólicos da função renal. Existem mais de 15 desses compostos alguns exemplos incluem a ureia, ácido úrico, creatinina e a amônia. Essas moléculas são produzidas como produtos finais do catabolismo proteínas, bases púricas 19 (A e G) e creatina, respectivamente. A dosagens dessas substâncias auxilia na avaliação do sistema renal do paciente. A ureia, produzida principalmente no fígado, corresponde a cerca de 45% do nitrogênio não excretado, proveniente do catabolismo proteico. Após ser metabolizada é filtrada pelos rins e eliminada pela urina, aproximadamente 50% dessa é reabsorvida no túbulo contorcido proximal. Caso haja alguma lesão renal, esta se concentra no sangue(uremia), já que a filtração feita pelos rins não está em bom estado. Também sofre influência da alimentação, por exemplo, quando o indivíduo ingere suplementação proteica ocorre uma sobrecarga nos rins, ocorrendo assim uma “hiperfiltração”, a falta de água também afeta os níveis de ureia no sangue, já quesobrecarrega os rins e a atividade física em excesso pois aumenta a pressão arterial sistêmica, acarretando o aumento da pressão glomerular, dessa forma, aumentando a filtração e aumentando a ureia na urina Creatinina A creatina é proveniente da degradação da fosfocreatina, produzida pelo fígado, rins e pâncreasou por alimentaçãodepois é transportada pelos músculos onde vai ser catalisada por meio da contração muscular, produzindo assim a creatinina que vai ser lançada na corrente sanguínea. Também é um indicador de disfunção renal, já que é excretada na urina, assim, níveis altos de creatinina no sangue podem indicar problemas na filtração. É um marcador mais específico já que sofre poucas influências externas Ácido Úrico É um composto nitrogenado proveniente do metabolismo de bases púricas, presente em diversos alimentos como peixes e carne vermelha. A hiperuricemia (aumento ácido úrico no sangue) pode ocorrer por motivos de alimentação, doença renal e alguns medicamentos. Este em excesso é prejudicial pois levam a formação de cristais de urato que pode ocasionar em artrite aguda (gota), irritações na pele e infecções no sistema urinário. 20 Amônia É proveniente do catabolismo das proteínas, ela é convertida em ureia (menos tóxico), o aumento dessas no sangue podem indicar problemas enzimáticos no ciclo da ureia, é muito perigoso para o portador podendo levar a morte 21 8 DISCUTIR A OBTENÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE AMINOÁCIDOS A energia oxidativa dos seres humanos é obtida apenas em pequena parte a partir do catabolismo dos aminoácidos. Após a digestão das proteínas no trato gastrointestinal por enzimas proteolíticas e sua absorção pelos enterócitos, os aminoácidos livres são transportados para o fígado através da veia porta para fins de metabolismo energético ou distribuídos para outros tecidos (LEHNINGER, NELSON, COX; 2019). No fígado, a primeira etapa do catabolismo dos aminoácidos envolve a remoção dos grupos amina (NH2) através de reações conhecidas como transaminação. Essas reações são catalisadas por enzimas chamadas aminotransferases ou transaminases, juntamente com a coenzima piridoxal-fosfato (PLP). Durante essas reações, o grupo amina é transferido para o alfa-cetoglutarato presente no citosol dos hepatócitos, resultando na formação de uma molécula de alfa-cetoácido (análogo do aminoácido) e uma molécula de glutamato. O glutamato pode chegar à matriz mitocondrial dos hepatócitos, agindo como doador de grupo amina para vias biossintéticas ou vias de excreção (LEHNINGER, NELSON, COX; 2019). Posteriormente, o glutamato formado é consumido em duas reações importantes: outra transaminação e uma desaminação oxidativa. O glutamato reage com o oxaloacetato, e por meio da ação da enzima aspartato-aminotransferase, ocorre uma nova transaminação, transferindo o grupo amino do glutamato para o oxaloacetato, formando o aspartato. Isso resulta na formação de alfa-cetoglutarato como produto adicional. Além disso, o glutamato também pode ser desaminado, liberando o grupo amina e amônia (NH4). A enzima glutamato desidrogenase catalisa essa reação, utilizando NAD+/NADP+ como aceptor de equivalentes reduzidos. A reação entre o glutamato, NADP e água resulta na formação de alfa-cetoglutarato, NAPH, H+ e amônia (LEHNINGER, NELSON, COX; 2019). No entanto, devido à alta toxicidade da amônia nos tecidos extra-hepáticos, é necessário convertê-la em um composto não tóxico antes de entrar na corrente sanguínea e ser transportada para o fígado. Assim, a amônia livre produzida nos tecidos combina-se com o glutamato através da ação da glutamina-sintase, formando glutamina e fosfato inorgânico. A glutamina é uma forma não tóxica de transporte para a amônia e é normalmente encontrada em concentrações muito mais altas no sangue do que os outros aminoácidos (LEHNINGER, NELSON, COX; 2019). 22 9 PESQUISAR OS PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO E EXCREÇÃO DE PROTEÍNAS, CICLO DA UREIA As proteínas, assim como outras biomoléculas, sofrem degradação natural. O fator principal para essa ocorrência é a taxa de degradação, onde todas as proteínas sofrem degradação devido à uma razão, que permite o controle exato da quantidade gerada e da quantidade que deve ser degradada. Essa razão leva à três circunstâncias diferentes que as proteínas e os aminoácidos sofrerão degradação. A primeira circunstância é o descarte natural de alguns aminoácidos, nos quais alguns aminoácidos liberados pela hidrólise de proteínas não são necessários para a biossíntese de novas proteínas. A segunda circunstância é o caso de uma dieta rica em proteínas, o que ocasiona no excesso de aminoácidos necessários para síntese proteica, assim, o excesso é catabolizado, pois os aminoácidos não podem ser armazenados. A ultima circunstância é durante o jejum ou no diabetes melito não controlado, onde não se encontra carboidratos disponíveis ou são utilizados de modo inadequado, logo, as proteínas celulares são utilizadas como combustível. A via de degradação das proteínas é pelo sistema ubiquitina-proteossoma, que ocorre, basicamente, em três etapas. Primeiramente, ocorre a marcação das proteínas que serão digeridas, essa marcação ocorre por uma ligação covalente com uma proteína denominada ubiquitina. Após isso, as proteínas ligadas à ubiquitina são direcionadas e digeridas por um complexo formado por várias subunidades em formato de barril chamado de proteossoma. Por conseguinte, logo depois da digestão, pequenos aminoácidos são formados. Prosseguindo, deve-se observar que os aminoácidos são obtidos através da ingestão e quebra das proteínas dos alimentos e pela degradação das proteínas endógenas (produzidas pelo próprio corpo). Além disso, o organismo humano é incapaz de estocar aminoácidos e proteínas, assim, quando em excesso são utilizados para a síntese de ácidos nucléicos, ácidos graxos, glicose ou como participante da produção de ATP -- os três últimos devem ter o nitrogênio retirado, ou seja, liberação do grupo amina. Com isso, o grupo amina será convertido em amônia, que por se tratar de uma substância tóxica e muito solúvel (causaria um grande gasto hídrico para a sua eliminação) necessita ser transformada em ureia. Portanto, tal fenômeno será realizado através do ciclo da ureia. (MARZZOCO, 2015). 23 Antecedentes Primeiramente, o aminoácido libera o grupo amina que será oferecido ao α- cetoglutarato, esse libera um átomo de oxigênio, havendo uma troca e provocando a formação do α-cetoácido (cadeia carbônica, utilizado nas vias metabólicas) e glutamato. Após isso, o glutamato pode sofrer duas reações distintas: 1. Transaminação: o glutamato fornece seu grupo amina para o oxalacetato, esse libera oxigênio, transformando o glutamato em α-cetoglutarato e o oxalacetato em aspartato; 2. Desaminação: glutamato libera o grupo amina e recebe oxigênio de uma molécula de H2O, retornando o glutamato em α-cetoglutarato e formando amônia a partir do grupo amina livre. Processos realizados na mitocôndria Depois da formação da amônia, ela se liga a um CO2, esse processo consome 2 ATP (liberando 2 ADP + Pi) para a formação de Carbomoil fosfato. Com isso, o Carbomoil fosfato se conecta a uma Ornitina para a produção de Citrulina, a energia para realizar o fenômeno vem da liberação do fosfato inorgânico (Pi). 24 Processos realizados no citosol A Citrulina é ligada ao Aspartato para originar o Arginosuccinato, o fornecimento energético dessa reação é oriundo da quebra de um ATP (formando AMP e PPi). Em sequência ocorre a modificação do Argininosuccinato em Fumarato e Arginina, essa é responsável por liberar ureia e ornitina.Logo, é possível perceber que o ciclo da ureia tem como principal função a transformação da amônia em ureia, mas esse processo produz uma substância utilizada no ciclo de Krebs, o Fumarato, e faz o uso de oxalacetato que é oriundo do ciclo do ácido cítrico. Ou seja, ambos os fenômenos se interligam, como se pode observar na imagem abaixo. (MARSHALL, 2016). 25 Além disso vale ressaltar que o ciclo da ureia ocorre no fígado e tem como destino do seu produto final os rins, onde essa será filtrada e excretada, tendo como valor médio 30g dessa substância por dia, sofrendo alterações a depender da quantidade de proteínas consumidas. Não menos importante, durante a formação do glutamato ocorre a atuação majoritária de duas enzimas: aspartato transaminase (AST) e transaminase glutâmico-oxalacético (TGO); essas atuam como biomarcadores hepáticos e o AST também é marcador laboratorial de infarto do miocárdio. (MARZZOCO, 2015) Segundo a clínica Nefroclínica, valores abaixo de ureia podem estar atrelados a insuficiência hepática, falta de proteína e alterações musculares, porém se estiverem elevados podem indicar problemas na filtragem, ou seja, é associado a insuficiência renal, desidratação e excesso de proteínas na alimentação. Os valores de referência variam conforme a idade: • Crianças até 1 ano: de 9 a 40 mg/dl • Crianças com mais de 1 ano: de 11 a 38 mg/dl • Adultos: de 13 a 43 mg/dl 26 10 RECONHECER AS FUNÇÕES METABÓLICAS HEPÁTICAS O fígado é o maior órgão do corpo humano e possui diversas funções como metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios, armazenamento de substâncias, excreção (hormônios, fármacos, substâncias tóxicas e cálcio), hemostasia (substâncias relacionadas à coagulação sanguínea), além de possuir uma função endócrina para a produção de angiotensinogênio (responsável pelo controle do volume de sangue no corpo). Diante disso, é importante ressaltar que o fígado funciona como uma espécie de filtro. Dessa forma, por meio do sistema porta-hepático, um conjunto de veias (saem do trato gastrointestinal e vão para o fígado) que vão levar os nutrientes advindos da alimentação para que haja um metabolismo hepático, sendo que algumas substâncias serão de fato metabolizadas e outras serão retiradas da circulação (MARZZOCO, 2007). Metabolismo de carboidratos O fígado regula os níveis de glicose (açúcar) no sangue, armazenando o excesso de glicose como glicogênio (glicogênese) e liberando glicose na corrente sanguínea quando os níveis estão baixos (glicogenólise). Além disso, o fígado converte outros carboidratos, como frutose e galactose, em glicose para ser utilizada como fonte de energia (gliconeogênese) (NUNES, 2007). Metabolismo de lipídeos O fígado é responsável pela síntese de colesterol e pela produção de fosfolipídeos e lipoproteínas, como o LDL (lipoproteína de baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). Ele também desempenha um papel importante no processamento e armazenamento de gorduras, produzindo ácidos biliares que auxiliam na digestão e absorção de gorduras no intestino, além de ser responsável pela oxidação de ácidos graxos (NUNES, 2007). Metabolismo de proteínas O fígado sintetiza várias proteínas importantes, como albumina, que ajuda a manter a pressão osmótica adequada no sangue, e fatores de coagulação (fibrinogênio, protrombina e globulina), que são essenciais para a coagulação sanguínea, proteínas plasmáticas, e produção 27 de hormônios. O fígado também realiza a degradação de aminoácidos, convertendo-os em energia ou em substâncias que podem ser utilizadas para a síntese de novas proteínas. Ainda, é responsável pela formação de uréia para a remoção de amônia (NUNES, 2007). Metabolismo do álcool, fármacos e xenobióticos O álcool é metabolizado no fígado por uma enzima chamada álcool desidrogenase. Essa enzima converte o álcool etílico em acetaldeído, que é uma substância tóxica. Em seguida, o acetaldeído é convertido em acetato por outra enzima chamada aldeído desidrogenase. O acetato é então convertido em dióxido de carbono e água, que são produtos finais não tóxicos e podem ser eliminados pelo organismo (NUNES, 2007). Muitos fármacos são metabolizados no fígado para que possam ser eliminados do organismo. O fígado possui um grupo de enzimas conhecido como citocromos P450, que são responsáveis por metabolizar uma ampla variedade de fármacos e outras substâncias. Essas enzimas realizam reações de oxidação, redução e hidrólise nos fármacos, tornando-os mais solúveis em água e facilitando sua eliminação pelos rins ou bile (NUNES, 2007). Xenobióticos são substâncias químicas estranhas ao organismo, como pesticidas, poluentes ambientais e outros compostos tóxicos. O fígado desempenha um papel importante na detoxificação dessas substâncias. O metabolismo de xenobióticos envolve a ativação e a inativação dessas substâncias. O fígado utiliza enzimas como os citocromos P450 para converter xenobióticos em compostos mais solúveis em água e menos tóxicos, facilitando sua excreção (NUNES, 2007). Metabolismo da bilirrubina O metabolismo hepático da bilirrubina envolve a formação da bilirrubina a partir da degradação da hemoglobina, a ligação da bilirrubina à albumina para transporte no sangue, a conjugação no fígado para torná-la solúvel em água e sua excreção através do ducto biliar e intestino delgado. Esse processo é essencial para a eliminação da bilirrubina do organismo e é importante para a regulação da pigmentação da pele e da cor das fezes. Distúrbios no metabolismo da bilirrubina, como a icterícia, podem ocorrer quando há um desequilíbrio nesse processo, resultando em um acúmulo de bilirrubina no sangue e em uma coloração amarelada da pele e dos olhos (NUNES, 2007). 28 11 DISCORRER SOBRE O TRIFOSFATO DE ADENOSINA (ATP) O ATP (5’-tri-fosfato de adenosina), é uma molécula carregadora que atua no armazenamento e liberação de energia de forma temporária, para que as células do organismo possam fazer suas atividades. É formada por uma base nitrogenada, adenina, uma ribose e três grupos fosfato. A adenina ligada a ribose é denominada de adenosina, quando a adenosina é ligada a dois grupos fosfato, tem-se a adenosina difosfato (ADP), quando ligada a um, adenosina monofosfato (AMP). Ele é sintetizado a partir de uma reação de fosforilação energicamente desfavorável, na qual um grupo fosfato é adicionado ao ADP. O ATP se quebra através da hidrolise, em uma reação energicamente desfavorável, liberando energia e fosfato inorgânico. Assim que ADP é regenerado ele fica disponível para ser utilizado em outro ciclo de fosforilação que forma ATP, com isso, cria um ciclo de ATP nas células. O ATP é o carreador ativado mais abundante nas células. Ele é usado, por exemplo, para suprir de energia as várias bombas que transportam ativamente substâncias para dentro ou para fora das células. Ele fornece energia para os motores moleculares possibilitando que as células musculares se contraiam e as células nervosas transportem materiais ao longo dos axônios. 29 12 DESCREVER A FISIOLOGIA DA SECREÇÃO DIGESTIVA A fisiologia da secreção digestiva, conforme descrita por Arthur C. Guyton, é um processo complexo que envolve diversas glândulas e órgãos do sistema digestório. A digestão começa na boca, onde as glândulas salivares secretam a saliva. A saliva contém uma enzima chamada amilase salivar, que inicia a quebra dos carboidratos. Além disso, a saliva lubrifica o alimento e facilita a deglutição (GUYTON, 2021). O estômago é responsável pela produção de suco gástrico, que é composto principalmente por ácido clorídrico, enzimas digestivas (como a pepsina) e muco. O ácido clorídrico desempenha um papel importante na ativação da pepsina,uma enzima que quebra as proteínas em peptídeos menores. O muco protege a parede estomacal da ação corrosiva do ácido (GUYTON, 2021). O pâncreas é uma glândula mista que desempenha um papel crucial na secreção digestiva. Ele secreta o suco pancreático, que contém diversas enzimas digestivas, como a amilase pancreática (que quebra carboidratos), lipase pancreática (que digere gorduras) e proteases pancreáticas (que degradam proteínas). Além disso, o pâncreas também secreta bicarbonato de sódio, que neutraliza o ácido clorídrico do estômago e ajuda a manter um pH adequado para as enzimas pancreáticas atuarem (GUYTON, 2021). O fígado, embora não seja uma glândula digestiva propriamente dita, desempenha um papel importante na digestão. Ele secreta a bile, que é armazenada e concentrada na vesícula biliar antes de ser liberada no duodeno (a primeira porção do intestino delgado). A bile é composta por água, sais biliares, colesterol e pigmentos biliares. Os sais biliares emulsificam as gorduras, facilitando sua digestão pela lipase pancreática (GUYTON, 2021). Além das glândulas mencionadas acima, as células do epitélio intestinal também contribuem para a secreção digestiva. Essas células secretam muco, que lubrifica e protege a mucosa intestinal. Também produzem enzimas como a lactase, sucrase, maltase e peptidases, que quebram dissacarídeos, peptídeos e proteínas em moléculas menores, permitindo sua absorção (GUYTON, 2021). Em resumo, a secreção digestiva envolve a ação de várias glândulas e órgãos, cada um desempenhando um papel específico na quebra e digestão dos alimentos. Essa coordenação de secreções é essencial para a digestão eficiente e absorção dos nutrientes no trato digestório (GUYTON, 2021). 30 13 CONCLUSÃO Dessa forma, constata-se a relevância das proteínas, uma vez que possuem função estrutural, hormonal, imunológica e enzimática. No entanto, vale destacar que o seu consumo deve ser feito de forma responsável, tendo em vista que podem ocorres processos nocivos ao organismo, tais como a nefrotoxicidade e hepatotoxicidade, as quais foram discutidas no relatório. 31 REFERÊNCIAS ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Alberts, Bruce. Fundamentos da biologia celular. Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Grupo A, 2017. Albuquerque, M. (2020). Química dos anabolizantes: um olhar educativo para essas substâncias. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Química – Licenciatura da Universidade Federal de Pernambuco, UFPB – Paraíba. Bioquímica clínica: aspectos clínicos e metabólicos / William J. Marshall, Marta Lapsley, Andrew P. Day, Ruth M. Ayling ; tradução Fabrizio Grandi ...[et al.]. – 3.ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2016 BORGES, Lysandro. Descomplicando os Marcadores Renais em Bioquímica. YouTube, 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xu7FLdOJurU&ab_channel=Prof.LysandroBorges>. Acesso em: 19 mai. 2023. BORGES, Lysandro. Seu Fígado está legal? Quais os exames que identificam uma lesão hepática? YouTube, 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6FXXIYKg1ac&ab_channel=Prof.LysandroBorges>. Acesso em: 19 mai. 2023. GUYTON, A. C; HALL, J.E. 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