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Gestão de Projetos Gerenciamento de Escopo, Tempo e Custos em Projetos Desenvolvimento do material Maxiliano Ribeiro 1ª Edição Copyright © 2020, Afya. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Afya. Sumário Gerenciamento de Escopo, Tempo e Custos em Projetos Para Início de Conversa ...................................................................................04 Objetivo: .........................................................................................................04 1. Gestão do Escopo de Produto e do Tempo do Projeto ....................05 2. Financiamento e Viabilidade do Projeto ..............................................08 3. Gestão de Custos de Projeto ...................................................................12 Referências: .........................................................................................................17 Gestão de Projetos 2 Para Início de Conversa Cada vez mais indivíduos, organizações, governos e instituições sem fins lucrativos vêm adotando metodologias de Gestão de Projetos no desenvolvimento de suas atividades e empreendimentos. A importância da Gestão de Projetos é percebida diante da necessidade de realizar projetos e alcançar resultados com sucesso. Projetos podem envolver apenas um indivíduo ou centenas de pessoas. Podem ser realizados por uma única organização ou em uma rede de colaboração de projetos. Seu ciclo de vida poder ser executado em dias ou pode durar mais de um ano. Cada projeto é único e apresenta características singulares. Ao considerar a importância da Gestão de Projetos e da singularidade de cada projeto, é necessário buscar o entendimento de elementos que colaboram para determinar o que um projeto irá entregar como resultado final, suas implicações financeiras e seus custos. Assim, neste capítulo, vamos dimensionar o escopo de um projeto, além de conhecermos as informações necessárias para analisarmos os custos e os aspectos financeiros. Do ponto de vista do escopo do projeto, é imperioso considerar que todo projeto necessita de um objetivo, que será o alvo a ser alcançado. O escopo contribui para a delimitação do objetivo e também para definir os produtos, serviços e resultados ao final da realização do projeto. Sob a perspectiva da análise de custos e dos elementos financeiros, irá considerar os procedimentos necessários para estabelecer como os custos dos projetos serão estimados, orçados, gerenciados e monitorados ao longo do ciclo de vida do projeto. Objetivo: Dimensionar o escopo de um projeto, analisando os custos e demais aspectos financeiros envolvidos. Gestão de Projetos 3 1. Gestão do Escopo de Produto e do Tempo do Projeto No início de um projeto, é essencial delimitar qual é o seu objetivo e o plano de projeto para alcançá-lo. O escopo apoia a definição do produto, serviço ou resultado exclusivo a ser alcançado pelo projeto, ou seja, define o que precisa ser feito ao realizá-lo. O escopo é “todo trabalho que deve ser realizado com a finalidade de cumprir com as programações do projeto que atendam aos requisitos e critérios de aceitação do cliente e realizem o objetivo do projeto” (GIDO et al., 2018, p.441). De acordo com o PMI (2017, p.127), o escopo do projeto irá definir quais são os processos necessários para garantir que o projeto contenha as estratégias necessárias para que o trabalho seja realizado com sucesso. Os processos para o planejamento do escopo são: 1. Planejamento do escopo: é o processo para criar um plano que irá documentar como o escopo do projeto e do produto será delimitado, validado e controlado (PMI, 2017, p.168). 2. Coletar os requisitos: compreende os processos para definir, documentar e gerenciar as necessidades e requisitos das partes interessadas no projeto, a fim de cumprir os objetivos (PMI, 2017, p.168). 3. Definir o escopo: é o processo de desenvolvimento de uma descrição detalhada do projeto e do produto. Nesse processo, são descritos os limites do produto, serviço ou resultado e os critérios de aceitação do projeto. O PMI (2017, p.168) define o escopo do produto como “as características e funções que descrevem um produto, serviço ou resultado” (PMI, 2017, p.168). 4. Criar a EAP – Estrutura Analítica de Projetos: é o processo de decompor as entregas e o trabalho do projeto em elementos menores e mais facilmente gerenciáveis, fornecendo uma visão estruturada do que deve ser entregue pelo projeto (PMI, 2017, p.168). 5. Validar o escopo: esse é processo que irá formalizar a aceitação das entregas concluídas pelo projeto e proporcionar objetivamente a perspectiva de aceitação final do produto, serviço ou resultado do projeto (PMI, 2017, p.168). 6. Controlar o escopo: corresponde aos processos de monitoramento do progresso do escopo do projeto e do produto (PMI, 2017, p.168). Estrutura Analítica de Projeto O processo mais utilizado para detalhar o escopo é a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), traduzido do original inglês Work Breakdown Structure (WBS). Gestão de Projetos 4 É o método de maior relevância para a estruturação do escopo. Tem como característica a decomposição de todo o trabalho a ser realizado pelo projeto em itens menores e mais fáceis de gerenciar. O principal benefício dessa abordagem é o fato de fornecer uma visão abrangente e estruturada do projeto, sinalizando tudo o que precisa ser entregue (PMI, 2017, p.156). A EAP pode ser apresentada em formato de lista ou, como comumente é utilizada, em formato de estrutura gráfica, sendo que este último modelo oferece melhor visualização dos componentes do projeto. A estrutura gráfica subdivide o projeto em níveis. Na parte mais alta da EAP está o objetivo, seguindo com os pacotes de trabalho nos itens de trabalho, no nível 1, e com os pacotes de trabalho, no nível 2. Não existe uma EAP igual para todos os projetos, visto que cada um deles comporta características únicas e, portanto, sua estrutura será diferente em relação aos demais. Também é importante ressaltar que os níveis de decomposição da EAP serão distintos de projeto para projeto. Nem todos os níveis terão o mesmo detalhamento, pois cada um dos itens será esmiuçado de acordo com a necessidade do projeto. De forma geral, a EAP ainda indica a organização ou a pessoa responsável pela execução de cada item e pacotes de trabalho. A Figura 1, a seguir, apresenta uma EAP no modelo gráfico. 1. Preparar a matéria- prima (100 unidades) 1. Preparar logos (100 unidades) 1. Receber a matéria- prima 1. Receber o avião dobrado (pronto) MATÉRIA- PRIMA LOGOSDOBRADURA 2. Entregar a matéria- prima para a dobradura 2. Conferir a matéria- prima com o molde 3. Dobrar a matéria- prima (100 unidades) 4. Entregar os aviões dobrados para o acabamento 2. Entregar logos para o acabamento AVIÃO 2. Conferir o avião com o molde 3. Entregar os aviões para montagem LOGOS 1. Receber as logos prontas 2. Conferir as logos com o molde 3. Entregar as logos para a montagem MONTAGEM 1. Colar as logos nos aviões 2. Entregar os aviões montados para a qualidade QUALIDADE 1. Receber os aviões prontos 2. Conferir os aviões recebidos com o molde 3. Entregar as aviões prontos para o cliente ACABAMENTO Montar 100 aviões de papel Figura 1: Exemplo de EAP no formato gráfico. Fonte: Elaborada pelo autor. Gestão de Projetos 5 No exemplo do Projeto Avião de Papel, são apresentadas as seguintes características: 1. Objetivo do projeto: destacado na parte superior, no alto da EAP. 2. Itens de trabalhos: destacados no nível 1 – Matéria-prima; Dobradura; Logos; Acabamento (dividido em Avião, Logos e Montagem); e Qualidade. 3. Pacotes de trabalho: itens que compõem os níveis seguintes. Segundo o PMI (2017, p.157) a EstruturaAnalítica do Projeto (EAP) é uma decomposição hierárquica do escopo do projeto, a qual representa todo o trabalho necessário a ser executado pela equipe do projeto a fim de alcançar os objetivos do projeto. Decomposição é uma técnica usada para dividir e subdividir o escopo do projeto e suas entregas em partes menores e mais fáceis de gerenciar. Pacote de trabalho é o trabalho definido no nível mais baixo da EAP para o qual o custo e a duração podem ser estimados e gerenciados. O nível de decomposição é orientado com frequência pelo grau de controle necessário para gerenciar o projeto de forma eficaz. O nível de detalhe dos pacotes de trabalho poderá variar com o tamanho e complexidade do projeto. (PMI, 2017, p.158) A decomposição do trabalho do projeto em pacotes de trabalho pode envolver as seguintes atividades (PMI, 2017, p.158): ▪ Identificação e análise das entregas e do trabalho relacionado à realização do projeto. ▪ Estruturação e organização da Estrutura Analítica do Projeto. ▪ Decomposição dos níveis mais altos da EAP em componentes detalhados em menor nível. ▪ Desenvolvimento e identificação dos componentes da EAP. ▪ Verificação se o grau de decomposição é apropriado para o detalhamento do projeto. Cronograma Uma vez identificados todos os trabalhos que devem ser executados no projeto para o alcance de seu objetivo, faz-se necessário indicar quando as atividades serão realizadas. Diante disso, o cronograma será capaz de apontar o início e término das atividades, e pode ser entendido como a linha temporal de realização do projeto que “fornece um plano detalhado que representa como e quando o projeto vai entregar os produtos, serviços e resultados definidos no escopo do projeto” (PMI, 2017, p. 175). Gestão de Projetos 6 A primeira fase para o desenvolvimento do cronograma é a estimativa de tempo de duração de cada tarefa ou atividade do projeto. O cronograma servirá como um guia de direcionamento de realização do projeto. Por meio dele, é possível monitorar e controlar o andamento e eventuais necessidades de ajustes. O gerente do projeto e a equipe do projeto podem se valer do cronograma para investigar visualmente o status de andamento do projeto, comparando as atividades realizadas com os prazos determinados para a sua conclusão. Dessa forma, caso seja necessário ou na ocorrência de problemas, é possível realizar ações corretivas para que o projeto seja finalizado de acordo com o prazo planejado. O cronograma pode ser desenvolvido de diversas maneiras; planilhas e tabelas são exemplos. Entretanto, o formato mais utilizado é o Gráfico de Gantt, um quadro representativo em formato de barras horizontais que ilustra as atividades em relação ao tempo de realização ou duração. As linhas do Gráfico de Gantt correspondem às atividades do projeto, delineadas anteriormente na Estrutura Analítica do Projeto (EAP). O comprimento da linha indica a temporalidade de realização da atividade ou o tempo necessário para sua execução. As colunas do gráfico correspondem à unidade de tempo, que pode ser expressa em dias, semanas, meses e anos. Na internet estão disponíveis diversos softwares para gestão de projetos com o uso do Gráfico de Gantt, dentre eles: GanttProject e MS Project. 2. Financiamento e Viabilidade do Projeto A realização de um projeto envolve a movimentação individual ou da empresa que tem interesse em realizá-lo. A decisão de investir em Figura 2: Exemplo de Gráfico de Gantt. Fonte: Dreamstime. Gestão de Projetos 7 projetos abrange a utilização de recursos, que são os insumos necessários para executar as atividades do projeto. Assim, os recursos podem ser financeiros, humanos, infraestrutura, materiais, máquinas, equipamentos etc., e os custos de uso vinculados a eles recaem sob a perspectiva de custos, necessidade de financiamentos e de viabilidade do projeto. Atualmente, podem-se observar algumas tendências de operações para financiamento de projetos, tais como: meio ambiente, inteligência artificial, empreendedorismo e novos modelos de negócios inovadores, o favorecimento para pequenas e médias empresas, biomedicina, pesquisas de alta tecnologias inovadoras e pesquisas na área da saúde. Muitos projetos requerem a captação de recursos para serem colocados em prática. Entretanto, é necessário compreender que existem diversas formas e fontes de financiamento que atendem a projetos de naturezas diversas, em consideração ao detalhamento do uso de recursos. O financiamento de projetos diz respeito a uma operação financeira que visa à concessão antecipada de recursos financeiros para a devolução parcelada. Usualmente ocorre quando o agente realizador do projeto não tem condições de apresentar fluxo de caixa para dispêndio à vista. De acordo com SENAI (2005, p.16), para a captação de recursos, é imprescindível compreender os tipos de financiamentos para projetos: 1. Financiamento sem retorno ou a fundo perdido: como o próprio nome já indica, nesse gênero de financiamento não existe a correspondência de devolução dos valores de subsídio do projeto. Normalmente, mas não como regra, esse tipo de financiamento está voltado para instituições sem fins lucrativos e entidades governamentais (SENAI, 2005, p.16). 2. Financiamento com retorno: para esse gênero de financiamento, o agente financiador faz um aporte financeiro visando à devolução do montante com acréscimo de juros ou taxas de retorno. Alguns pontos de observação relacionados a esse gênero de financiamento são: carência (período concedido pelo agente financeiro ao devedor, no qual não se paga pelo montante principal da dívida, mas apenas juros e correções monetárias); prazo (tempo total para efetivação do pagamento geral da dívida, com a inclusão do tempo de carência); taxa de juros (remuneração do capital emprestado) (SENAI, 2005, p.17). 3. Capital de risco: forma de investimento em que o agente financeiro ou investidores aplicam recursos em empresas ou projetos mediante a expectativa de retorno e rápido crescimento com elevada rentabilidade (SENAI, 2005, p.18). São diversas as fontes de financiamento de projetos disponíveis nas mais diferentes áreas. Ao realizar um projeto, é importante conhecer qual seu gênero para que seja possível alcançar o financiamento almejado diante da fonte correta de financiamento. O apoio a projetos está diretamente vinculado a áreas ou programas de realização, tais Gestão de Projetos 8 como saúde, educação, tecnologia e inovação. Em alguns casos, os agentes financiadores recebem propostas de projetos mediante editais; em outros, estão sempre abertos a propostas de projetos. Em qualquer um dos casos de financiamento, seja em capital de risco, financiamento com retorno ou financiamento sem retorno, é necessário desenvolver um documento de apresentação do projeto capaz de comunicar efetivamente o que se pretende com ele, quais as suas justificativas, atividades, prazos, recursos e demais elementos que compreendem sua proposta. Viabilidade do Projeto Para indivíduos ou organizações que realizam projetos, existe a necessidade de abraçar uma decisão financeira que irá requerer o desembolso de capital com o intuito de obter resultados. Ao adotar uma decisão financeira, espera-se que seus resultados, versados sobre benefícios futuros e mensurados em valores monetários atuais, sejam suficientes para cobrir a melhor alternativa existente para o capital, abarcando, ainda, um adicional correspondente ao risco do projeto. Dessa forma, é fácil presumir que, para realizar um projeto, ele deve ser viável. Em projetos, a viabilidade pode ser classificada em quatro tipos, conforme teoriza Sabbag (2013, p.112): a viabilidade gerencial, técnica, estratégica e econômica (financeira). Viabilidade gerencial: corresponde à gestão do projeto como um todo. Nesse caso, faz-se necessário considerar o planejamento do projeto, constituído pelo objetivo, prazos, atividades, recursos, custose demais áreas que envolvem sua realização e sua capacidade de execução. A viabilidade gerencial está direcionada para o documento chamado Plano do Projeto, o qual compreende todo o planejamento realizado anteriormente frente à sua capacidade de implementação (SABBAG, 2013). Viabilidade técnica: refere-se ao conhecimento sobre os aspectos técnicos relacionados ao tema central do projeto. Objetiva o acesso aos elementos técnicos do projeto, soluções relacionadas às tecnologias empregadas e o uso de recursos específicos. Também aborda questões relacionadas às competências técnicas dos executores do projeto e sua qualificação para realização das atividades. Viabilidade estratégica: em termos de viabilidade estratégica, deve- se observar a compatibilidade do projeto com aspectos legais, políticos e econômicos, oportunidades de mercado e o alinhamento do projeto com o posicionamento estratégico da organização. A viabilidade estratégica está em um contexto mais amplo, pois observa a realização do projeto a partir de uma visão do ambiente interno e, também, do ambiente externo. Gestão de Projetos 9 Viabilidade econômica (financeira): responde pela observação do projeto sob o ponto de vista das finanças e dos custos. Considera a necessidade de acesso às fontes de financiamento para assegurar que todos os recursos requeridos para realizar o projeto estejam disponíveis e que fluxo de caixa esteja compatível com a necessidade de desembolso financeiro e retorno de investimento. A viabilidade econômica (financeira) representa a principal esfera de tomada de decisão para a realização de um projeto e sua execução. De acordo com Souza (2009, p.53), “avaliar a viabilidade econômico- financeira de um investimento é reunir argumentos e informações para construir os fluxos de caixa esperados em cada um dos períodos da vida deste investimento”. Dessa forma, faz-se necessário aplicar algumas técnicas ou metodologias para evidenciar os possíveis resultados do investimento, como as apresentadas a seguir: Fluxo de caixa: refere-se ao montante de caixa recebido e gasto por um projeto durante determinado período de tempo definido. Taxa de Mínima Atratividade (TMA): é uma taxa de juros que representa o mínimo que um agente de investimentos se propõe a ganhar quando faz um investimento ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar quando faz o financiamento do projeto. Essa taxa é formada a partir de três componentes básicos: 1. custo de oportunidade, remuneração obtida em alternativas que não as analisadas. Exemplo: caderneta de poupança, fundo de investimento, etc.; 2. risco do negócio: o ganho tem que remunerar o risco inerente de uma nova ação. Quanto maior o risco, maior a remuneração esperada; 3. liquidez: capacidade ou velocidade em que se pode sair de uma posição no mercado para assumir outra (SOUZA, 2009). Valor Presente Líquido (VPL): o método VPL é considerado uma sofisticada forma de análise de investimentos e indica quanto os futuros pagamentos somados valem atualmente. Segundo Souza e Clemente (2009, p.74), o Valor Presente Líquido (VPL) “é a concentração de todos os valores esperados de um fluxo de caixa na data zero”. Taxa Interna de Retorno (TIR): é uma análise de investimento que representa a taxa de retorno de um projeto. Corresponde, segundo Gitman (2004, p.342), à taxa necessária para igualar o montante de um investimento (valor presente) com relação aos seus retornos futuros. Assim, a Taxa Interna de Retorno (TIR) “é a taxa que torna o Valor Presente Líquido (VPL) igual a zero” (SOUZA; CLEMENTE, 2009, p.81). Payback: “Trata-se do tempo necessário para que a empresa recupere seu investimento inicial em um projeto” (GITMAN, 2004, p.338). Assim, o payback indica o tempo entre o investimento inicial e o retorno do capital investido. Gestão de Projetos 10 3. Gestão de Custos de Projeto A gestão de cursos do projeto é um fator determinante para o sucesso do projeto. Ela é executada com a intenção de garantir que o projeto seja realizado não só de acordo com os prazos, mas também atenda à expectativa de conclusão dentro dos custos estimados. Para o projeto, a gestão de custos permite gerar fluxo de caixa positivo em conformidade com as reservas financeiras estipuladas para sua realização. Outro aspecto relacionado à área de custos é a noção de que todo projeto faz uso de recursos e, para cada recurso, existem custos associados. Dessa forma, é necessário identificar os custos dos recursos para estimar quanto o projeto irá custar. A gestão de custos do projeto inclui “os processos usados em planejamento, estimativa, orçamento, financiamento, gerenciamento e controle de custos, para que o projeto possa ser realizado dentro do orçamento aprovado” (PMI, 2017, p.231). Recursos são insumos necessários para realizar as atividades do projeto. Podem ser as pessoas, materiais, equipamentos, financeiros, infraestrutura e outros elementos que se fizerem necessário. Normalmente os custos de um projeto são estimados em suas fases iniciais, especialmente no planejamento, sendo apresentados de forma mais profunda no plano do projeto, considerando as atividades, cronograma de execução e os recursos necessários. O PMI (2017, p.231) indica as principais atividades relacionadas aos processos de gestão de custos do projeto: ▪ Planejar a gestão de custos: nessa etapa, o planejamento de custos irá definir como os custos do projeto serão estimados, orçados, gerenciados, monitorados e controlados (PMI, 2017, p.231). ▪ Estimar os custos do projeto: nesse processo, será desenvolvida uma aproximação dos recursos financeiros necessários para terminar o trabalho do projeto (PMI, 2017, p.231). ▪ Determinar o orçamento do projeto: etapa que agrega os custos estimados das atividades ou pacotes de trabalho para estabelecer o cronograma de desembolso financeiro ou uma linha de base dos custos autorizados (PMI, 2017, p.231). ▪ Controlar os custos: processo de monitoramento do status do projeto para atualizar custos e gerenciar mudanças no cronograma de desembolso financeiro ou linha de base dos custos (PMI, 2017, p.231). De acordo com Rabechini Jr. e Carvalho (2013), um dos elementos primordiais para a realização da gestão de custos de projetos é obter as estimativas mais corretas possíveis. Esse estágio envolve a identificação dos recursos para realizar as atividades do projeto que, quando agregados, permitem o desenvolvimento das estimativas de custos. Gestão de Projetos 11 De forma geral, a gestão de custos “preocupa-se principalmente com o custo dos recursos necessários para completar as atividades do projeto” (PMI, 2017, p.233). Assim, compreende-se que o “custo estimado de uma atividade é baseado em uma estimativa dos tipos e quantidade de recursos requeridos para realizar a atividade” (GIDO et al., 2018, p.206). Vale destacar que os recursos podem ser pessoas, financeiros, máquinas, equipamentos, entre outros elementos. O custo estimado para as atividades pode incluir os seguintes aspectos: Custos de mão de obra: são estimados levando em consideração as pessoas que podem atuar no projeto, normalmente contemplando o tempo de trabalho ou a atuação no projeto. Podem ser, por exemplo, estimados em dias ou horas de trabalho (GIDO et al., 2018, p.206). Custos com materiais: são estimados em consideração aos materiais necessários e adquiridos para a realização das atividades do projeto. São exemplos de materiais: computadores, aplicativos de software, tinta, papel de parede, etc. (GIDO et al., 2018, p.206). Custos com equipamentos: de acordo com Gido et al. (2018), alguns projetos podem requerer recursos que se manterão como parte do empreendimento após sua conclusão. Nesse caso, equipamentos podem abranger itens como máquinas e computadores. Exemplo: para um projeto de nova clínica, inclui-se a aquisição de diversos tipos de equipamentos médicos. Um projeto de reforma do escritório compreendea aquisição de móveis e computadores. Custos com instalações: esses custos são estimados levando em consideração a infraestrutura necessária para a realização do projeto (GIDO et al., 2018, p.206). Custos com subcontratações e consultores: são custos estimados para contratação de pessoas com qualidades específicas, que podem agregar valor para o projeto, ou, ainda, de terceiros, visando à realização de algumas atividades do projeto (GIDO et al., 2018, p.206). Custos com viagens: havendo necessidade de deslocamento com grandes distâncias, isto é, que configurem viagens, é importante considerar os custos com transporte, hospedagens, passagens aéreas, etc. (GIDO et al., 2018, p.206). Custos com reservas: valor estimado para compensação de itens que podem apresentar problemas ou reserva para contingências adversas capazes de afetar o projeto. A gestão de riscos tem base de ação de mitigação de recursos financeiros, que podem estar alocados em reservas (GIDO et al., 2018, p.206). A planilha a seguir demonstra os custos estimados para cada atividade do projeto. O exemplo corresponde a um projeto de Estudo de Mercado. Gestão de Projetos 12 Atividades Responsável Dias de trabalho Taxa em R$ com mão de obra Custos com mão de obra Custos com materiais Custos com viagens Total dos custos 1. Identificar consumidores-alvo Maria 3 R$ 260,00 R$ 780,00 R$ 780,00 2. Desenvolver rascunho do questionário Maria 10 R$ 260,00 R$ 2600,00 R$ 2.600,00 3. Questionário de teste piloto Maria 20 R$ 260,00 R$ 5.200,00 R$ 3.000,00 R$ 8.200,00 4. Revisar os comentários e finalizar o questionário Maria 5 R$ 260,00 R$ 1.300,00 R$ 1.300,00 5. Preparar etiquetas de correio João 2 R$ 200,00 R$ 400,00 R$ 400,00 6. Imprimir questionário João 1 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 1.700,00 R$ 1.900,00 Gestão de Projetos 13 7. Desenvolver software de análise de dados José 12 R$ 300,00 R$ 3.600,00 R$ 3.600,00 8. Desenvolver dados de teste de software Maria 2 R$ 260,00 R$ 520,00 R$ 520,00 9. Enviar questionário e obter respostas João 5 R$ 200,00 R$ 1.000,00 R$ 7.800,00 R$ 8.800,00 10. Testar software José 5 R$ 300,00 R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 11. Inserir dados de respostas Antônio 7 R$ 400,00 R$ 2.800,00 R$ 2.800,00 12. Analisar resultados Antônio 8 R$ 400,00 R$ 3.200,00 R$ 3.200,00 13. Preparar relatório Antônio 10 R$ 400,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 Total 90 R$ 27.100,00 R$ 9.500,00 R$ 3.000,00 R$ 39.600,00 Tabela 1: Planilha de custos do projeto Estudo de Mercado. Fonte: Adaptada de Gido et al. (2018, p.206). Gestão de Projetos 14 De acordo com Rabechini Jr. e Carvalho (2013), ao longo da realização do projeto podem ocorrer situações que alterem sua programação e o uso de recursos, implicando mudanças no projeto. Algumas transformações podem não ser significativas e, portanto, não alteram o projeto. Entretanto, podem ocorrer alterações que tenham impacto relevante no escopo, cronograma ou no uso de recursos, e, nesses casos, haverá a necessidade de revisão dos custos do projeto. Dessa forma, é imperioso que as pessoas envolvidas com o projeto, em especial o gerente de projetos, mantenham atitude proativa para influenciar os fatores que visam à adequação dos custos do projeto, mesmo que sejam necessárias alterações. Assim, segundo Rabechini Jr. e Carvalho (2013), a gestão de custos é um processo de controle de custos que avalia e acompanha o progresso do projeto, analisa distorções e apresenta alternativas para o contingenciamento e um novo planejamento de custos sempre que as mudanças alterarem significativamente o objetivo do projeto. Nesse capítulo, vimos que realizar um projeto é mais do que simplesmente empreender uma série de atividades. Requer a somatória de uma série de elementos para alcançar o seu objetivo. Dessa forma, a gestão de projetos contribui com práticas que podem auxiliar sua realização. Dentre tais práticas está o estabelecimento do escopo do projeto, que define o produto, serviço ou resultado exclusivo a ser alcançado por ele. Ou seja, o escopo irá indicar o que precisa ser feito pelo projeto. Em apoio à definição do escopo está a Estrutura Analítica de Projeto (EAP), sendo um método para a decomposição de todo o trabalho em itens menores e mais fáceis de serem gerenciados. A EAP fornece uma visão abrangente do projeto como um todo. A partir da estruturação da EAP, são definidas as atividades do projeto e a etapa em que cada uma delas deve ser realizada. Assim, a composição da EAP se apoia na configuração do cronograma do projeto, que estipula quando cada atividade será desenvolvida, considerando a sua data de início e término. O cronograma apresenta o detalhamento de quando o projeto irá entregar o resultado final. Vimos, também, que um dos elementos característicos de um projeto é a movimentação de recursos para sua realização. Recursos são insumos necessários para realizar as atividades do projeto. Podem ser pessoas, financeiros, máquinas entre outros elementos. Muitas vezes a utilização de recursos pode demandar investimentos para o projeto, o que requer a busca por uma fonte de financiamento interna ou externa. Entretanto, para a alocação de recursos financeiros, são necessárias a indicação e a validação da viabilidade do projeto, que irá considerar a capacidade gerencial, técnica, estratégica e econômico-financeira. Gestão de Projetos 15 Todos esses elementos afetam diretamente a realização de um projeto. Assim, é necessário observar a gestão de projetos tomando como importâncias o conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas que possibilitem sua realização mediante iniciativas efetivas de gestão. Referências: GIDO, J. et al. Gestão de projetos. 7 ed. São Paulo, SP: Cengage, 2018. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2004. LARSON, E. W.; GRAY, C. F. Gerenciamento de projetos: o processo gerencial. 6 ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. PMI – Project Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK). 6 ed. EUA: Project Management Institute, 2017. RABECHINI JR, R.; CARVALHO, M. M. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2013. SABBAG, P. Y. Gerenciamento de projetos e empreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2013. SANTOS, A. F. Avaliação de investimento: uma abordagem prática. São Paulo: Saraiva, 2007. SENAI – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Departamento Nacional. Guia para financiamento de projetos: estrutura e fontes de recursos. 2 ed. Brasília: SENAI-DN, 2005. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Gestão de Projetos 16 Conceitos Gerais de Gestão de Projetos Para Início de Conversa: Objetivo 1. Definição de Gestão de Projetos 2. Gestão de Projetos na Prática 3. Planejamento do Projeto Referências: Gerenciamento de Escopo, Tempo e Custos em Projetos Para Início de Conversa Objetivo: 1. Gestão do Escopo de Produto e do Tempo do Projeto 2. Financiamento e Viabilidade do Projeto 3. Gestão de Custos de Projeto Referências: Gerenciamento das Comunicações e Gerenciamento da Qualidade do Projeto Para início de conversa... Objetivo 1. Gestão da Qualidade do Projeto 2. Gestão de Recursos Humanos e de Competências Aplicadas à Gestão de Projetos 2.1 Gerente do projeto 2.2 Equipe do Projeto 3. Gestão de Comunicação de Projeto Referências _GoBack Gerenciamento de Riscos, Aquisições e Sustentabilidade em Projetos Para Início de Conversa... Objetivos 1. Gerenciamento de Riscos, Aquisições em Projetos 2. Gestão das Aquisições e Sustentabilidade do Projeto 2.1 Sustentabilidade em Projetos 3. Gerenciamento do Portfólio do Projeto Referências: _GoBack Método do Caminho Crítico PERT/CPM Para Início de Conversa... Objetivo 1. Representaçãoe Fases para Elaboração da Rede de Projeto 2. PERT 3.CPM Referências Gerenciamento de Projetos – Guia PMBOK Para Início de Conversa: Objetivo 1. Introdução ao Guia PMBOK 2. Processos em Gerenciamento de Projetos Segundo o Guia PMBOK 3. Áreas de Conhecimento em Gerenciamento de Projetos, Estrutura do Guia PMBOK Referências: _GoBack Criação do projeto Para Início de Conversa... Objetivo 1. Seleção e Priorização de Projetos. Preparação do Termo de Abertura de Projeto. Habilidades do Gerente de Projetos 2. Planejamento do Projeto I - Identificação do Escopo do Projeto, Estrutura Analítica do Projeto, Cronograma do projeto, Estimativa de Custos do Projeto e Orçamento dos Custos do Projeto 3. Planejamento do Projeto II - Alocação e Planejamento dos Recursos do Projeto, Comunicação para Gerentes de Projetos, Plano de Gerenciamento da Qualidade, Gerenciamento dos Riscos do Projeto Referências _GoBack Execução, Controle e Finalização do Projeto Para Início de Conversa... Objetivo 1. Execuções do Plano de Projeto, Desempenho do Projeto e Gerenciamento de Mudanças 2. Encerramento do Projeto 3. Documentação e Registro das Lições Aprendidas Referências Apresentação Objetivos Gerais Conceitos Gerais de Gestão de Projetos Para Início de Conversa: Objetivo 1. Definição de Gestão de Projetos 2. Gestão de Projetos na Prática 3. Planejamento do Projeto Referências: Gerenciamento de Escopo, Tempo e Custos em Projetos Para Início de Conversa Objetivo: 1. Gestão do Escopo de Produto e do Tempo do Projeto 2. Financiamento e Viabilidade do Projeto 3. Gestão de Custos de Projeto Referências: Gerenciamento das Comunicações e Gerenciamento da Qualidade do Projeto Para início de conversa... Objetivo 1. Gestão da Qualidade do Projeto 2. Gestão de Recursos Humanos e de Competências Aplicadas à Gestão de Projetos 2.1 Gerente do projeto 2.2 Equipe do Projeto 3. Gestão de Comunicação de Projeto Referências Gerenciamento de Riscos, Aquisições e Sustentabilidade em Projetos Para Início de Conversa... Objetivos 1. Gerenciamento de Riscos, Aquisições em Projetos 2. Gestão das Aquisições e Sustentabilidade do Projeto 2.1 Sustentabilidade em Projetos 3. Gerenciamento do Portfólio do Projeto Referências: Método do Caminho Crítico PERT/CPM Para Início de Conversa... Objetivo 1. Representação e Fases para Elaboração da Rede de Projeto 2. PERT 3.CPM Referências Gerenciamento de Projetos – Guia PMBOK Para Início de Conversa... Objetivo 1. Introdução ao Guia PMBOK 2. Processos em Gerenciamento de Projetos Segundo o Guia PMBOK 3. Áreas de Conhecimento em Gerenciamento de Projetos, Estrutura do Guia PMBOK Referências: Criação do projeto Para Início de Conversa... Objetivo 1. Seleção e Priorização de Projetos. Preparação do Termo de Abertura de Projeto. Habilidades do Gerente de Projetos 2. Planejamento do Projeto I - Identificação do Escopo do Projeto, Estrutura Analítica do Projeto, Cronograma do projeto, Estimativa de Custos do Projeto e Orçamento dos Custos do Projeto 3. Planejamento do Projeto II - Alocação e Planejamento dos Recursos do Projeto, Comunicação para Gerentes de Projetos, Plano de Gerenciamento da Qualidade, Gerenciamento dos Riscos do Projeto Referências Execução, Controle e Finalização do Projeto Para Início de Conversa... Objetivo 1. Execuções do Plano de Projeto, Desempenho do Projeto e Gerenciamento de Mudanças 2. Encerramento do Projeto 3. Documentação e Registro das Lições Aprendidas Referências Considerações finais