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Livro Texto - Unidade I

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Autor: Prof. Fábio Bellote Gomes
Colaboradoras: Profa. Elizabeth Cavalcante
 Profa. Angélica Carlini
Fundamentos de 
Direito Empresarial
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Professor conteudista: Fábio Bellote Gomes
Bacharel (1998), mestre (2010) e doutor (2014) pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, USP, tendo 
realizado os dois últimos graus na área de Concentração em Direito Comercial. Durante a graduação, foi aluno-monitor 
na cadeira de Direito Romano e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp, em nível 
de iniciação científica, na área de direito público. Professor titular na Universidade Paulista, UNIP, há mais de dezoito 
anos, nas disciplinas Direito Empresarial e Direito Administrativo, e coordenador do curso de pós-graduação em Direito 
Empresarial Corporativo na mesma instituição.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G633f Gomes, Fábio Bellote.
Fundamentos de Direito Empresarial / Fábio Bellote Gomes. – 
São Paulo: Editora Sol, 2019.
196 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-141/19, ISSN 1517-9230.
1. Tipos societários. 2. Títulos de crédito. 3. Contratos 
empresariais. I. Título.
CDU 342.2 
U503.24 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Jaci Albuquerque de Paula
 Elaine Pires
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Sumário
Fundamentos de Direito Empresarial
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 EMPRESA ...............................................................................................................................................................9
1.1 Requisitos e formalidades................................................................................................................. 19
1.2 Especificidades no tratamento de empresas ............................................................................. 29
1.3 Deveres comuns .................................................................................................................................... 32
2 ESTABELECIMENTO E NOME EMPRESARIAL ......................................................................................... 33
2.1 Alienação e perda do nome empresarial .................................................................................... 38
Unidade II
3 TIPOS SOCIETÁRIOS ........................................................................................................................................ 42
3.1 Classificação das sociedades ............................................................................................................ 46
3.2 Sociedades não personificadas ....................................................................................................... 50
3.2.1 Sociedades em comum......................................................................................................................... 50
3.2.2 Sociedades em conta de participação ............................................................................................ 51
3.3 Sociedades personificadas ................................................................................................................ 52
3.3.1 Sociedades simples ................................................................................................................................. 52
3.3.2 Sociedades empresárias ....................................................................................................................... 57
3.4 Tipos societários .................................................................................................................................... 58
3.4.1 Sociedade em nome coletivo ............................................................................................................. 58
3.4.2 Sociedade em comandita simples .................................................................................................... 58
3.4.3 Sociedade limitada ................................................................................................................................. 59
3.4.4 Sociedade anônima ................................................................................................................................ 65
3.4.5 Responsabilidade dos sócios .............................................................................................................. 93
3.5 Peculiaridade acerca da sociedade de advogados ................................................................100
4 LIVROS EMPRESARIAIS ...............................................................................................................................101
Unidade III
5 TÍTULOS CREDITÍCIOS...................................................................................................................................106
5.1 Características essenciais ................................................................................................................110
5.2 Historicidade dos títulos cambiários ..........................................................................................114
5.3 Classificação dos títulos de crédito ............................................................................................115
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5.4 Institutos jurídicos referentes aos títulos de crédito .........................................................118
5.4.1 Endosso .....................................................................................................................................................118
5.4.2 Cessão de crédito ..................................................................................................................................121
5.4.3 Aval ............................................................................................................................................................ 122
5.4.4 Aceite ........................................................................................................................................................ 122
5.4.5 Protesto .................................................................................................................................................... 123
6 TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE ..........................................................................................................1256.1 Letra de câmbio ...................................................................................................................................125
6.2 Nota promissória ................................................................................................................................128
6.3 Cheque ....................................................................................................................................................130
6.4 Duplicata ................................................................................................................................................133
6.4.1 Duplicata eletrônica ........................................................................................................................... 135
6.5 Títulos públicos ....................................................................................................................................136
6.6 Outros títulos de créditos existentes ..........................................................................................140
6.6.1 Conhecimento de depósito e warrant..........................................................................................141
6.6.2 Notas de crédito para atividades econômicas ......................................................................... 142
6.6.3 Letras de crédito à exportação ....................................................................................................... 144
6.7 Aspectos gerais dos títulos cambiários eletrônicos ..............................................................145
Unidade IV
7 ASPECTOS E TEORIAS GERAIS ..................................................................................................................150
7.1 Princípios contratuais .......................................................................................................................157
8 CONTRATOS EMPRESARIAIS EM ESPÉCIE ............................................................................................159
8.1 Mandato empresarial ........................................................................................................................159
8.2 Comissão empresarial .......................................................................................................................160
8.3 Representação comercial autônoma ..........................................................................................161
8.4 Franchising (franquia empresarial) .............................................................................................163
8.5 Agência e distribuição ......................................................................................................................163
8.6 Concessão comercial .........................................................................................................................164
8.7 Compra e venda empresarial .........................................................................................................167
8.7.1 Contrato estimatório ...........................................................................................................................170
8.8 Alienação fiduciária em garantia .................................................................................................170
8.9 Leasing (arrendamento mercantil) ..............................................................................................174
8.10 Cartão de crédito .............................................................................................................................175
8.11 Factoring (faturização) ...................................................................................................................176
8.12 Seguro ..................................................................................................................................................177
8.13 Contratos bancários ........................................................................................................................178
8.14 Incoterms (internacional comercial terms) ...........................................................................179
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APRESENTAÇÃO
Com o intuito de manter uma linha de raciocínio didática e sistematizada, o estudo da área de 
direito empresarial, neste livro-texto, abrangerá os seguintes conteúdos:
• Elementos de constituição da empresa no direito contemporâneo.
• Caracterização do empresário.
• Estabelecimento empresarial e nome empresarial.
• Tipos societários previstos no Código Civil brasileiro.
• Atos constitutivos da empresa e registro da sociedade empresarial.
• Responsabilidade dos sócios da empresa entre si.
• Responsabilidade dos sócios perante terceiros.
• Livros empresarias.
• Títulos de crédito e sua função na vida empresarial.
• Contratos empresariais contemporâneos.
Conforme for pertinente, haverá citações doutrinárias e jurisprudenciais das principais cortes do 
País, para compreendermos como os tribunais interpretam a lei e sua aplicação. Além disso, nas ementas 
dos julgados apresentaremos definições de institutos jurídicos ou a explicação dos artigos de lei.
O objetivo do estudo desta disciplina é buscar as principais definições e caracterizações do conceito 
de empresário e de empresa para a lei civil e, a partir deles, adequar os diversos tipos societários admitidos 
no ordenamento jurídico pátrio, além de estabelecer elo com os principais deveres e direitos referentes.
Em seguida, buscaremos ilustrar as principais características e questões pragmáticas do uso da 
modalidade econômica títulos de créditos, além de mencionar as principais normas e alertar acerca das 
principais mudanças que possam ocorrer na legislação.
Por fim, estudaremos os contratos empresariais típicos, com base no Código Civil, mantendo a linha 
didática de relacioná-los com as referidas normas.
INTRODUÇÃO
Mantendo uma linha de raciocínio didática e sistematizada, sempre que for pertinente, citaremos 
a doutrina e a jurisprudência das principais cortes do País, a fim de entendermos como os tribunais 
interpretam o conteúdo da lei ou a sua aplicação, bem como, nas ementas dos julgados, será comum 
haver definições de institutos jurídicos ou a devida explicação dos artigos das leis.
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Começaremos esclarecendo a teoria geral das empresas, passando por uma contextualização 
histórica do comércio e pelos correspondentes institutos jurídicos, adentrando no ordenamento jurídico 
brasileiro mais significativo e, finalmente, buscando os conceitos mais fundamentais sobre empresa 
e empresário, conforme o Código Civil (CC), no qual, em seguida, também serão analisados os tipos 
societários constantes, que compõem a maioria das formas empresariais da sociedade brasileira, e a Lei 
das Sociedades Anônimas
Depois, os títulos de créditos serão discriminados conforme os títulos cambiários mais comumente 
utilizados no comércio, passando, inclusive, pelo contexto histórico. E, por fim, acerca dos contratos 
empresariais contemporâneos, serão estudados os contratos comerciais constantes do CC e de leis esparsas.
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
Unidade I
1 EMPRESA
As trocas mercantis têm sido elemento de coesão e diplomacia de todo agrupamento humano há séculos, 
e também foram responsáveis pelo desenvolvimento material das sociedades. Adentrando o temperamento 
humano, ao longo da história da humanidade, encontramos diversos eventos em que, quando não pode ser 
realizado o comércio, a alternativa para a obtenção de riqueza se deu por meio da guerra.
Obviamente, um fenômeno tão presente e constante na vida humana mereceria regramentos para 
dispor sobre os meios de resolução e facilitação do comércio, objetivando a segurança jurídicadas 
relações mercantis.
Tínhamos na Antiguidade o chamado povo fenício (proveniente da Canaã, citada na Bíblia – atualmente 
parte da Síria), reconhecido por ser uma nação que tinha no comércio sua principal característica e 
o sentido de existir. Suas práticas inspiraram a formação do comércio como o compreendemos. Em 
períodos remotamente próximos, o Império Romano já estipulava contratos civis para resguardar 
conflitos da vida privada.
O comércio resulta, por definição, no intercâmbio cultural e étnico, algumas vezes satisfeitos por 
modos belicosos (a expansão do Império Romano na Antiguidade) e outras vezes pacificamente (relações 
internacionais entre o Brasil e a China, nos dias de hoje).
Mais recentemente, nos séculos XVIII e XIX, a Revolução Industrial trouxe mudanças paradigmáticas 
que impactaram o mundo de maneira jamais vista, trazendo avanços e novos problemas em um 
ritmo que ainda influencia a vida de todos nós hoje em dia. 
De maneira rápida, vemos que o comércio e a seguridade jurídica de como resolver os problemas 
provenientes dele foram baluartes da formação e prosperidade de sociedades, em que cada agente 
busca satisfazer seus próprios interesses econômicos. E para regrar as melhores práticas da atividade 
econômica, fazem-se necessários diplomas e teorias jurídicas para o resguardo de direitos e deveres.
O marco teórico significativo na era contemporânea se deu no seguinte contexto:
No início do século XIX, como se verá, surgiu a Teoria dos Atos de Comércio, 
a partir da qual, a existência do comércio e de seu agente produtivo – o 
então comerciante – passou a basear-se na classificação formal dos atos 
por ele praticados (por exemplo, compra e venda com finalidade de revenda, 
atividades bancárias, industriais, seguros etc.), isto é, dos atos de comércio 
(GOMES, 2018, p. 26).
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Unidade I
Podemos depreender que se entendia como escopo do regramento jurídico comercial os atos 
jurídicos do agente caracterizado como comerciante, então cindido do direito civil, como temos hoje. 
O jurista Fábio Ulhoa Coelho (2011, p. 28) exemplifica o contexto brasileiro no período em voga:
No Brasil, o código comercial de 1850 (cuja primeira parte é revogada com a 
entrada em vigor do código civil de 2002 — art. 2.045) sofreu forte influência 
da teoria dos atos de comércio. O regulamento 737, também daquele ano, 
que disciplinou os procedimentos a serem observados nos então existentes 
Tribunais do Comércio, apresentava a relação de atividades econômicas 
reputadas mercancia. Em linguagem atual, esta relação compreenderia: 
a) compra e venda de bens móveis ou semoventes, no atacado ou varejo, 
para revenda ou aluguel; b) indústria; c) bancos; d) logística; e) espetáculos 
públicos; f) seguros; g) armação e expedição de navios.
Posteriormente à teoria dos atos de comércio, veio a teoria da empresa, que foca o direito em 
direção à atividade econômica organizada. Então o viés da abordagem legal passa para a realização do 
comércio ou da prestação do serviço.
No período entre as duas teorias, houve tentativas de unificação do direito propriamente civil com o 
comercial em um único ramo do direito privado. Vale salientar que, como um sistema, o direito é integral, 
sendo dividido em áreas, como trabalhista ou constitucional, por razões didáticas e de ordem prática, mas 
todos eles permanecem comunicáveis: o direito penal recorre ao constitucional para defesa de garantais 
fundamentais do réu; o processo civil se harmoniza com a Constituição para interposição de recursos; o 
direito empresarial remete ao tributário quanto à responsabilidade por dívidas das empresas; o direito 
administrativo pega o conceito de poder de polícia plasmado no Código Tributário Nacional etc.).
 Observação
Dentro da construção do arcabouço teórico do direito comercial, 
passamos pela teoria do comércio, focada nos atos práticos pelo denominado 
comerciante. Posteriormente, foi elaborada a teoria da empresa, em que o 
foco jurídico estaria direcionado para a atividade econômica caracterizada 
de maneira organizada, e, consequentemente, o empresário seria o agente 
dessa atividade.
Complementando, Edilson Enedino das Chagas explica da seguinte maneira:
Apesar do dissenso doutrinário, parece presente no direito empresarial pátrio 
a força da teoria da empresa, sendo que o próprio CC, ao delimitar as normas 
do denominado direito de empresa, esmiúça os vários perfis da teoria de 
Asquini, como se lê no art. 966 em que se percebem os perfis subjetivo e 
funcional, ao conceituar empresário; art. 1.142, o perfil objetivo, ao tratar 
do estabelecimento empresarial; art. 1.169 e seguintes, o perfil corporativo, 
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
ao trazer normas que destacam o papel dos colaboradores do empresário. 
E, ainda, como microssistema de direito, e a reforçar tal entendimento, 
a atual Lei n. 11.101/2005 (Lei Recuperacional e Falimentar), que permite 
perceber no fenômeno empresa foco de direitos difusos, quando diz 
das normas-princípio que orientam o instituto da recuperação judicial. 
Fala-se expressamente dos interesses dos colaboradores subordinados 
(trabalhadores) e intuitivamente dos parceiros empresariais e consumidores, 
ainda que alocados no vocábulo credores, ressaltando o empreendimento 
como fonte produtora de emprego e renda, razão pela qual de grande 
relevância sua preservação. 
Com a teoria da empresa, assim, houve uma mudança até mesmo da 
nomenclatura do direito, que, de direito comercial, passou a se chamar 
direito empresarial, expressão mais abrangente que abarca outros setores da 
atividade econômica além do comércio, mas igualmente importantes para 
a economia, como o setor de prestação de serviços (CHAGAS, 2017, p. 49).
Ainda, no ordenamento jurídico brasileiro, tivemos o Código Comercial (CCom) em 1850, que foi 
parcialmente revogado pelo CC de 2002. Desta feita, esse diploma legal comporta normas gerais sobre 
a atividade empresarial, como caracterização, registro e obrigações, deixando questões específicas para 
outras regras, como a Lei n. 11.101/2005, que trata da falência e da recuperação de empresas, e a Lei 
n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), que disciplina a organização e o funcionamento das 
sociedades anônimas, de capital aberto. 
Nesse momento, então, estamos mais próximos da unificação do ramo empresarial com o civil, 
sendo ambos de direito privado.
Adentrando o CC, temos o primeiro artigo do Livro II – Do Direito de Empresa a seguir transcrito 
ratificando o entendimento da Teoria da Empresa:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa (BRASIL, 2002).
De maneira versátil, o dispositivo supra expõe o conteúdo primordial da teoria da empresa, focando na 
atividade empresarial organizada para adequação às normas do direito empresarial, e consequentemente 
determina juridicamente a figura do empresário.
Pelo dispositivo citado, já podemos classificar que o conteúdo da atividade descrito no caput 
constitui a chamada sociedade empresária. Aquelas atividades não enquadradas como economicamente 
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Unidade I
organizadas, constantes no parágrafo único, são as denominadas sociedades simples. Posteriormente, 
veremos que essa distinção é contemplada no art. 983.
Poderemos observar também que a disciplina do direito empresarial é sucinta nos dispositivos do 
CC, isto é, não é um conteúdo denso e não veremos debates intensos na doutrina e na jurisprudênciana maioria dos casos.
Por se tratar de um ramo acerca da organização de atividade econômica, o próprio direito empresarial 
se torna subsidiário à prática dos negócios e ao direito civil como um todo – mas, ainda assim, repleto 
de burocracia e procedimentos formais, uma vez que está umbilicalmente ligado à mentalidade liberal: 
a regra é que o mercado aja conforme as flutuações de oferta e demanda, excepcionalmente sofrerá 
limitações de natureza regulamentar. Assim, normas gerais de contrato de direito privado (regidas pelo 
direito civil e do consumidor) servem para a tratativa negocial das empresas. Outras leis disciplinam 
questões mais procedimentais e burocráticas, como a já citada Lei das Sociedades por Ações (SAs), que 
disciplina a organização dos livros contábeis e fiscais, e o funcionamento das assembleias; ou o Código 
Tributário Nacional (CTN), que estabelece regras de responsabilização pelo pagamento de tributos.
Vamos nos ater à lavra doutrinária:
No direito empresarial, diante da ausência de normas específicas para 
regular determinada prática econômica, valoriza-se mais o costume, daí 
falar-se ainda hoje nos usos e costumes mercantis que são as práticas 
consuetudinárias adotadas em determinado mercado, que, no direito 
empresarial, quando da ausência de norma específica, são consideradas 
fonte secundária do direito de empresa.
Assim, como se verá adiante, há, por exemplo, modalidades contratuais 
correntemente adotadas no meio empresarial que não possuem 
qualquer base legal específica no Brasil, como é o caso dos contratos de 
cartão de crédito e faturização (GOMES, 2018, p. 29, grifo nosso).
A partir de tais entendimentos, poderemos seguir em direção às fontes do direito empresarial.
Como fontes primárias, podemos conceber as já mencionadas: 
• O CC de 2002.
• A parte não revogada do CCom, de 1850, arts. 457 a 913.
• As leis comerciais como a de Sociedades Anônimas e a Lei Falimentar.
Salienta-se que as duas primeiras elencadas são as de maior relevância quando tratamos de fontes 
formais do direito, uma vez que estruturam juridicamente a atividade econômica organizada.
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No tocante às fontes secundárias, que possuem efeitos reflexos no direito, temos:
• Algumas outras leis, como as ambientais, que afetam indiretamente alguns ramos da atividade 
empresarial no tocante à responsabilização ou de direito tributário, que impactam na composição 
das demonstrações contábeis.
• Normas infralegais, como as de higiene e segurança, emitidas pelo Ministério do Trabalho e 
Emprego, para determinar padrões mínimos para que empregados desempenhem suas funções 
sem degenerar a saúde.
• Práticas mercantis, usos e costumes. Afinal, as atividades econômicas são reinventadas 
constantemente, não precisando depender de uma lei sempre prevendo como será uma nova 
forma de serviço ou contrato. Razão suficiente para vermos discussões sobre regulamentação 
ou cobrança de tributos sobre serviços via streaming ou aplicativos de smartphone, como 
Netflix e Uber.
• Analogia, costumes e princípios gerais de direito, que são o trinômio correspondente aos meios 
de integração do direito brasileiro, em que o magistrado se socorre desses métodos para sanar 
uma demanda que não está prevista em lei (lacuna do direito). Estão dispostos no Decreto-lei 
n. 4.657/1942, denominado Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), anteriormente 
conhecido como Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), conforme vemos: “Art. 4º Quando a lei 
for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito” (BRASIL, 1942).
O conteúdo desse decreto é tratado de forma detalhada na Teoria Geral do Direito.
 Saiba mais
O CCom é uma lei que já possui mais de um século de vigência. Considere 
dar uma lida em alguns dos artigos, do 457 ao 913, e reflita sobre algumas 
mudanças paradigmáticas ocorridas com o CC de 2002.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Lei n. 556, de 25 de junho de 1850. Código Comercial. Brasília, 
1850. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0556-
1850.htm>. Acesso em: 28 maio 2019.
O direito empresarial, não obstante a vasta gama de fontes, é regido por alguns princípios referentes 
à atividade empresarial, como elementar do direito privado. Assim, teremos como princípios do direito 
de empresas: a livre-iniciativa, a liberdade de concorrência, a propriedade privada e a preservação 
da empresa.
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Unidade I
A livre-iniciativa é um elemento basilar do próprio capitalismo e fonte consolidadora da atividade 
econômica organizada. Não bastando, a própria Constituição Federal (CF) a elege como fundamento 
da República Federativa do Brasil, no inciso IV do art. 1º, elencada em “valores sociais do trabalho 
e da livre-iniciativa”.
Também de magnitude constitucional, a livre concorrência é esculpida como princípio da ordem 
econômica, fundamentada na valorização do trabalho humano e na livre-inciativa, conforme o art. 170, 
caput, II.
Por livre concorrência, devemos entender o equilíbrio mercadológico para que diversos agentes 
econômicos atuem e desenvolvam-se a partir desse ponto de partida. Significa que o Estado não deve 
favorecer grupos econômicos em razão de interesses próprios ou escusos. Excepcionalmente, pode 
estimular o desenvolvimento ou crescimento de determinados setores da economia, mas com fulcro de 
política pública ou programa governamental de desenvolvimento ou fomento.
Para garantir esse ponto de equilíbrio, fundamenta-se a existência de uma instituição como o Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que fiscalize e coíba o surgimento de monopólios na economia.
Com relação à propriedade privada, também elencada como fundamento da ordem econômica, 
conforme o art. 170 da Carta Magna, deve ser defendida pelo Estado, no sentido de direito negativo, 
isto é, o Estado deve garanti-la ao cidadão e manter-se inerte perante ela, evitando desapropriá-la ou 
limitá-la. Como medida excepcional, pode expropriar ou limitar, em virtude de direitos da coletividade, da 
ordem social ou da função social. Ao serem criadas normas de vizinhança, busca diminuir um pouco do 
livre exercício de todas as propriedades circunvizinhas, para que esses proprietários ou possuidores possam 
exercer seus direitos de maneira equânime. 
No aspecto econômico, e até mesmo capitalista, é uma vedação ao Poder Público que este exproprie, 
destrua ou limite, sendo base para que os investidores e demais agentes econômicos sintam-se livres e 
protegidos para atuar e desenvolver econômica e materialmente a sociedade, já que estão garantidos 
e protegidos seus direitos e propriedades.
Por fim, o princípio da preservação da empresa vem como bússola da atuação estatal, mais 
especificadamente do Poder Judiciário. Assim, todo instituto jurídico destinado às empresas deve 
ter como elemento nuclear a busca pela preservação da empresa, o saneamento ou a limitação dos 
elementos ou partes contaminadas pela ilicitude e erro, preservando a atividade lícita e regularizada. 
É, v.g., o que a recuperação judicial, prevista na Lei n. 11.101/2005, a Lei de Falências, tem como ponto de 
partida.
Adentrando o conteúdo do direito empresarial, trataremos de pessoas jurídicas e suas características.
Primeiramente, devemos mencionar que o Código Comercial, que continha as definições comuns ao 
comércio, foi parcialmente revogado pela entrada em vigor do CC de 2002, pois aquele conteúdo elencado 
anteriormente está agora enumerado no diploma de 2002. Mas salienta-se que leis anteriores ainda 
compatíveis permanecem em vigor:
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Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-seaos empresários e 
sociedades empresárias as disposições de lei não revogadas por este 
Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades comerciais, bem como a 
atividades mercantis (BRASIL, 2002, grifo nosso).
A começar, teremos que conhecer o art. 44 da Lei n. 10.406/2002, o CC. No ordenamento jurídico 
brasileiro, são admitidas as seguintes formas de pessoas jurídicas de direito privado: associações, 
sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e, mais recentemente, as empresas 
individuais de responsabilidade limitada (Eirelis), novidade trazida pela Lei n. 12.441/2011 (inciso VI), 
para as quais nossa atenção estará voltada (inciso II), bem como para as sociedades. 
Em contraponto ao dispositivo citado, temos também no art. 41 do CC (Lei n. 10.406) o rol de pessoas 
jurídicas de direito público interno: União; estados, o Distrito Federal (DF) e os territórios; os municípios; 
autarquias, inclusive associações públicas; e outras entidades de caráter público criadas por lei.
Quadro 1
Pessoas jurídicas – CC
Direito privado (art. 44) Direito público (art. 41)
Associações União
Sociedades Estados, DF e territórios
Fundações Municípios
Organizações religiosas Autarquias e associações públicas
Partidos políticos Demais entidades criadas por lei
Eirelis
Vale pontuar que algumas das formas de pessoa jurídica (PJ) pertencentes à administração pública 
estarão parcialmente submetidas às normas de direito privado, como no caso das empresas públicas e 
sociedades de economia mista. Assim estarão estas à mercê dos ditames constitucionais sobre a licitação 
para aquisição de bens ou obtenção de serviços e a contratação de funcionários via concurso público de 
provas e títulos, mas não se sujeitarão a prerrogativas econômicas ou fiscais típicas das pessoas jurídicas 
de direito público, somente poderão gozar de privilégios comuns ao setor privado. É o que estabelece o 
art. 173 na Constituição Federal: “§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não 
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado” (BRASIL, 1988).
A atividade empresarial será exercida nas formas individual e coletiva. Na explicação de Marlon 
Tomazette, essas formas se voltam para a organização empresarial em torno do empresário:
O empresário é o sujeito de direito, ele possui personalidade. Pode ele tanto 
ser uma pessoa física, na condição de empresário individual, quanto uma 
pessoa jurídica, na condição de sociedade empresária, de modo que as 
sociedades empresárias não são empresas, como afirmado na linguagem 
corrente, mas empresários.
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Unidade I
A configuração do sujeito exercente da empresa pressupõe uma série 
de requisitos cumulativos, em relação aos quais há alguma divergência de 
tratamento na doutrina (2017a, p. 79).
Há consenso na doutrina acerca dos elementos da atividade econômica organizada, essencial para 
definição da atividade empresarial, havendo alguma divergência quanto a nomes, mas mantido o sentido 
inicial (TOMAZETTE, 2017a, p. 80). Em geral, é elencado o seguinte rol de atributos:
• Economicidade, a produção de riqueza.
• Organização, seja dos bens de produção ou do trabalho – fatores de produção.
• Profissionalidade, habitualidade da atividade exercida.
• Assunção de risco, característica típica de todo empreendimento econômico.
• Direcionamento ao mercado.
Agora, quanto à nomenclatura de empresário, devemos mais uma vez voltar ao art. 966 do CC e 
tratar da exceção:
Art. 966. […]
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa (BRASIL, 2002).
O elemento excludente dessas profissões é a impessoalidade no exercício da atividade econômica. 
É fundamental que esteja ausente a organização dos bens de produção da referida atividade e/ou da 
mão de obra, e haver a relação de confiança entre o profissional e o cliente; verbi gratia, o arquiteto 
que presta seu serviço ao cliente como profissional liberal ou o médico que atende em seu consultório. 
No entanto, quando esses profissionais autônomos se organizarem e contratarem outros arquitetos ou 
médicos para trabalhar, teremos então a consolidação da atividade econômica organizada.
Torna-se importante conhecer o enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil, que estipulou o 
seguinte: “os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores 
de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida” (AGUIAR JÚNIOR, 2005).
Embora esteja clara essa disposição, podemos encontrar divergência na jurisprudência do Tribunal 
Superior de Justiça, quando se tratar da sociedade de advogados:
RECURSO ESPECIAL. SOCIEDADES EMPRESÁRIAS E SIMPLES. SOCIEDADES 
DE ADVOGADOS. ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO EMPRESARIAL. PRESTAÇÃO 
DE SERVIÇOS INTELECTUAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ASSUMIREM CARÁTER 
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EMPRESARIAL. LEI N. 8.906/1994. ESTATUTO DA OAB. ALEGAÇÃO DE 
OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO AFASTADA. IMPOSSIBILIDADE 
DE ANÁLISE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ.
1. Não há falar em omissão ou contradição no acórdão recorrido quando 
embora rejeitados os embargos de declaração, a matéria em exame tiver 
sido devidamente enfrentada pelo Tribunal de origem, com pronunciamento 
fundamentado, ainda que em sentido contrário à pretensão da parte recorrente.
2. De acordo com o Código Civil, as sociedades podem ser de duas categorias: 
simples e empresárias. Ambas exploram atividade econômica e objetivam 
o lucro. A diferença entre elas reside no fato de a sociedade simples 
explorar atividade não empresarial, tais como as atividades intelectuais, 
enquanto a sociedade empresária explora atividade econômica 
empresarial, marcada pela organização dos fatores de produção 
(art. 982, CC).
3. A sociedade simples é formada por pessoas que exercem profissão do 
gênero intelectual, tendo como espécie a natureza científica, literária ou 
artística, e mesmo que conte com a colaboração de auxiliares, o exercício da 
profissão não constituirá elemento de empresa (III Jornada de Direito Civil, 
enunciados n. 193, 194 e 195).
4. As sociedades de advogados são sociedades simples marcadas pela 
inexistência de organização dos fatores de produção para o desenvolvimento 
da atividade a que se propõem. Os sócios, advogados, ainda que objetivem 
lucro, utilizem-se de estrutura complexa e contem com colaboradores 
[que] nunca revestirão caráter empresarial, tendo em vista a existência de 
expressa vedação legal (arts. 15 a 17, Lei n. 8.906/1994).
5. Impossível que sejam levados em consideração, em processo de dissolução 
de sociedade simples, elementos típicos de sociedade empresária, tais como 
bens incorpóreos, como a clientela e seu respectivo valor econômico e a 
estrutura do escritório.
6. Sempre que necessário o revolvimento das provas acostadas aos autos e 
a interpretação de cláusulas contratuais para alterar o julgamento proferido 
pelo Tribunal a quo, o provimento do recurso especial será obstado, ante a 
incidência dos enunciados das Súmulas 5 e 7 do STJ.
7. Recurso especial a que se nega provimento (REsp. 1227240/SP – STJ. Rel. 
Min. Luis Felipe Salomão, j. 26/5/2015, DJe, 18/6/2015, grifos nossos).
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Unidade I
Outrora mencionada, a organização empresarial dar-se-á de forma individual ou coletiva. A primeira 
configuração está vinculada ao empresário individual, consistindo na pessoa física agente da atividade 
empresarial organizada em caráter próprio, assumindo os ônus em seu nome.
Para tanto, encontramos três dispositivos cindindo a parcela patrimonial do empresário noconcernente à capacidade e às relações familiares e de herança: o art. 974, § 2º; o art. 978 e o art. 1.024. 
Assim, o incapaz, ao tempo da sucessão ou da interdição, não terá seus bens sujeitos aos resultados 
da empresa. 
Outra norma limitada diz respeito à comunhão de bens oriundos do casamento. O empresário que 
for casado não dependerá de outorga conjugal, independentemente do regime de bens adotado pelo 
casal, para alienar ou gravar de ônus real os imóveis integrantes do patrimônio empresarial.
Quanto ao último dispositivo mencionado, estabelece-se que para a execução de dívidas da sociedade, 
primeiro será necessário aferir os bens, e, após o esgotamento destes, os bens particulares dos sócios 
poderão ser executados.
Compreendemos que essas disposições visam trazer incomunicabilidade dos bens pessoais do 
empresário com o patrimônio empresarial, inclusive no tocante à responsabilidade social: primeiro 
executam os bens societários e, somente depois de esgotados aqueles bens, sem compensar o valor 
pecuniário total, perseguir-se-ão os bens pessoais da pessoa física empresária.
Adentrando a mais aspectos da empresa individual, temos definições mais claras sobre a caracterização 
e o contraponto à Eireli:
O empresário individual não é pessoa jurídica, possuindo, no entanto, 
inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da 
Fazenda (CNPJ/MF) unicamente para que possa recolher tributos pelas 
mesmas alíquotas asseguradas às pessoas jurídicas, como forma de um 
incentivo legal à atividade empresarial, fato esse que, contudo, não tem 
o condão de transformá-lo em pessoa jurídica (GOMES, 2018, p. 35, 
grifo nosso). 
Em contrapartida, a Eireli já é uma pessoa jurídica, merecendo o seguinte adendo:
Ressalte-se que o titular da Eireli não será considerado legalmente 
empresário, distinguindo-se assim do empresário individual. Da mesma 
forma, também não poderá ser tido como sócio, visto que a Eireli não se 
constitui como sociedade unipessoal, sendo que o novel art. 980-A não lhe 
atribui essa condição e, desse modo, não é possível presumi-lo, visto que 
as sociedades, como regra em nosso sistema jurídico, são formadas por no 
mínimo dois integrantes […] (GOMES, 2018, p. 36).
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Por fim, a outra forma de exercício da atividade empresarial se dá pela forma coletiva, consistindo 
no acordo entre duas ou mais pessoas para a realização da atividade econômica organizada; sendo, 
portanto, constituída a sociedade empresária. Via de regra, o sócio dessa forma de empresa não é 
necessariamente o responsável pelas obrigações da empresa.
 Observação
Futuramente terá nascimento uma modalidade societária singular no 
nosso ordenamento jurídico. A razão disso é que tramita no Congresso 
Nacional a Medida Provisória n. 881, de 30 de abril de 2019, que prevê a 
denominada sociedade limitada unipessoal.
Excepcionalmente, nosso ordenamento jurídico admite formas dessa sociedade empresarial estar 
constituída sem haver uma personalidade jurídica própria, nas formas da sociedade em comum e na 
sociedade em conta de participação.
 Saiba mais
Leia mais sobre a modalidade de empresa Eireli em:
BOMFIM, R. Empresas ganharão com nova regra de Eireli. Fenacom. 
Sistema Sescap/Sescon. Brasília, 2017. Disponível em: <http://www.fenacon.
org.br/noticias/empresas-ganharao-com-nova-regra-de-eireli-1812/>. 
Acesso em: 28 maio 2019.
JUNTA COMERCIAL DO PARANÁ. Eireli: empresa individual de 
reponsabilidade limitada. Disponível em: <http://www.juntacomercial.
pr.gov.br/pagina-163.html>. Acesso em: 28 maio 2019.
1.1 Requisitos e formalidades
O ordenamento jurídico brasileiro, apesar de possuir entraves burocráticos muito reclamados pela 
coletividade, homenageia a livre-iniciativa. Em sede constitucional, temos o seguinte dispositivo: 
“Art. 5º […] XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer” (BRASIL, 1988).
Assim, fica resguardado o direito fundamental do exercício de trabalho, profissão ou ofício, 
que indiretamente reflete ou significa a própria atividade empresarial. Mas para disciplinar sua 
caracterização, a norma constitucional estabelece que tal exercício estará submetido aos ditames que a 
lei infraconstitucional estabelecer. 
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No direito constitucional, esse tipo de condição caracteriza o mencionado inciso como norma de 
eficácia contida: o exercício da garantia poderá ser exercido, mas sofrerá algumas restrições advindas 
de norma infraconstitucional.
Podemos mencionar normas civis que estabeleçam a capacidade civil para realização de atos jurídicos, 
ou que descrevam quais documentos devem ser apresentados na junta comercial para registrar a pessoa 
jurídica. Em outros diplomas, como a Lei das SAs, encontramos os critérios e as exigências para a realização 
de assembleias gerais ou extraordinárias, ou sobre a criação de subsidiárias.
A garantia constitucional elencada se funda em ideologia liberal: na ausência de normas trazendo 
restrições ao livre exercício, por óbvio, homenageia-se a liberdade; a partir do momento que uma norma 
determina formalidades e restrições, o livre exercício deverá estar condicionado a elas.
Entendamos que pelo viés liberal, na ausência de normas restritivas, o direito empresarial estará 
condicionado às demais regras do ordenamento jurídico, não significando que, na ausência de uma lei 
empresarial, tudo será permitido.
Feitas as considerações iniciais, entraremos no direito infraconstitucional propriamente.
Para os atos jurídicos da vida, a pessoa deve possuir a característica denominada capacidade: aptidão 
para exercer e sofrer direitos e deveres na ordem jurídica. Então, a princípio, o empresário deve possuir 
a capacidade jurídica plena para desempenhar bem os papéis concernentes à atividade econômica, 
sem necessitar de constantes autorizações. Ao atingir a maioridade civil, completando 18 anos, tem-se 
alcançada a capacidade civil plena: “Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil” (BRASIL, 2002).
No que concerne ao exercício da atividade empresarial, o CC estabelece:
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em 
pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, 
se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas (BRASIL, 2002).
Ainda, o parágrafo único do art. 5º, anteriormente citado, estabelece algumas exceções para a 
hipótese da maioridade alcançada aos 18 anos completos, casos que denominaremos emancipação:
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
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III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação 
de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos 
completos tenha economia própria (BRASIL, 2002).
A hipótese do inciso V é a que nos interessa: tendo pelo menos 16 anos de idade e possuidor 
de economia própria em decorrência de um estabelecimento civil ou comercial, o menor em tela 
desempenhará os atos da vida civil, surtindo efeitos como se já houvesse 18 anos.
Acerca da incapacidade, poderemos mencionar não apenas os menores de idade não emancipados, mas 
também pessoa maiores e, portanto, capazes, quedecorrente de doença ou acidente, sofreram limitação 
cognitiva ou tiveram agravada a capacidade de discernimento sobre a realidade para desempenhar atos 
jurídicos como se fossem plenamente capazes. Nesse último exemplo, em homenagem à continuidade 
da atividade empresarial, permite-se que o agora incapaz permaneça desempenhando suas funções 
como empresário.
Para tal fim, ele deverá ser assistido, se estiver condicionado às hipóteses de incapacidade relativa, 
ou representando quando sofrer das condições para a incapacidade absoluta. A previsão legal de ambas 
as formas de incapacidade foi revogada ou atualizada pela Lei n. 13.146/2015. 
Quanto à incapacidade relativa, foi alterada nos seguintes moldes:
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade;
IV – os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação 
especial (BRASIL, 2002).
A seguir, as hipóteses elencadas para o absolutamente incapaz foram revogadas pela mencionada 
lei, deixando no corpo do CC apenas que o menor de 16 anos é absolutamente incapaz: “Art. 3º São 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) 
anos” (BRASIL, 2002).
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Unidade I
Poderemos conjecturar que a lei estipularia as hipóteses do absolutamente incapaz atualmente, 
acontece que não é esse seu desiderato. A lei decorre do acordo internacional que o Brasil firmou 
perante a ONU em 2008: a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu protocolo 
facultativo. Isso direciona politicamente o tratamento que os outrora absolutamente incapazes teriam 
perante a lei civil: pessoas com condições ou limitações severas, que desempenhariam atos da vida civil 
representados por terceiros, agora são consideradas pessoas participativas da vida em sociedade, e o 
Poder Público e a coletividade (por exemplo, os empregadores) devem estimular sua participação social 
e se adaptar àqueles sujeitos de direito. 
Não é ousado considerar que a lei em questão propõe um desafio à administração pública das três esferas 
federativas a direcionar e adaptar políticas e serviços em prol das pessoas deficientes (termo contemporâneo).
Em seu primeiro dispositivo, a Lei n. 13.146/2015 apresenta a que veio:
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto 
da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de 
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com 
deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo 
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n. 186, de 9 de julho 
de 2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º 
da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o Brasil, 
no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo 
Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de início de sua vigência no 
plano interno (BRASIL, 2015a).
A seguir, a definição de pessoa com deficiência, ampliando o antigo leque dos absolutamente 
incapazes do CC (tal rol será exposto mais à frente para efeito de sanar curiosidades):
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento 
de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o 
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais 
pessoas (BRASIL, 2015a, grifo nosso).
Encontraremos no quarto e no oitavo dispositivos o principal propósito da convenção, destinada à 
coletividade em geral e, principalmente, ao Poder Público. Segundo o art. 4º, toda pessoa com eficiência 
terá direito à igualdade de oportunidades e não poderá sofrer discriminação de nenhuma espécie. 
Quanto ao art. 8º, estabelece-se um rol de deveres que o Estado, principalmente, a sociedade e a família 
devem assegurar à pessoa com deficiência.
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No tocante ao exercício de direitos civis, em especial o de família e reprodutivos:
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I – casar-se e constituir união estável;
II – exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III – exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a 
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV – conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V – exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI – exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como 
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais 
pessoas (BRASIL, 2015a).
No que concerne à questão empresarial, não há disposições expressas acerca do que a pessoa com 
deficiência possa ou não exercer. Porém podemos deduzir que, conforme as primeiras explicações da 
mudança de paradigma do trato com o antes absolutamente incapaz e agora pessoa com deficiência, 
além do programa de habilitação para trabalho:
Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e emprego 
promover e garantir condições de acesso e de permanência da pessoa com 
deficiência no campo de trabalho.
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empreendedorismo e ao 
trabalho autônomo, incluídos o cooperativismo e o associativismo, devem 
prever a participação da pessoa com deficiência e a disponibilização 
de linhas de crédito, quando necessárias (BRASIL, 2015a, grifos nossos).
Por fim, a título de curiosidade, mencionaremos como eram definidas as pessoas físicas com 
incapacidade absoluta no direito civil antes da atualização proporcionada pela Convenção sobre os 
direitos das pessoas com deficiência:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil: 
I – os menores de dezesseis anos; 
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade 
(revogado) (BRASIL, 2002).
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Unidade I
 Observação
Apesar de todo o exposto, as diretrizes do direito empresarial do CC 
permanecem se atendo à noção de continuidade da atividade econômica 
como hipótese em que uma pessoa com deficiência permaneça como 
sujeito de direitos e deveres na figura do empresário em prol da 
continuidade da atividade.
Embora, a rigor, não exista mais o instituto da representação de incapaz 
no direito privado, o diploma civil permanece como se nada houvesse 
mudado, no tocante às relações empresariais.
Em respaldo à essa observação, citamos o seguinte dispositivo do CC:
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em 
pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
[…]
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente 
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por 
seus pais ou pelo autor de herança (BRASIL, 2002, grifo nosso).
Dando sequência, deveremos nos ater ao registro, conforme o dispositivo a seguir: “Art. 967. 
É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, 
antes do início de sua atividade (BRASIL, 2002).
 Saiba mais
Tendo em vista esse tema atual e polêmico acerca do Estatuto das 
Pessoas com Deficiência, considere pesquisar decisões judiciais acerca do 
tema. Podemser usados os seguintes termos de busca de jurisprudência: 
incapaz + empresário; estatuto + deficiência + empresa ou empresarial.
Tribunais de Justiça aconselhados para busca:
www.tjsp.jus.br
www.tjmg.jus.br
www.tjrj.jus.br
www.tjrs.jus.br
www5.tjba.jus.br
www.tjpe.jus.br
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
Para o cumprimento da norma, o art. 968 estabelece os requerimentos necessários para o registro, 
consistindo na discriminação de nome, nacionalidade, domicílio, alegação do estado civil e correspondente 
regime de bens; firma, com assinatura autografada, podendo ser substituída por assinatura autenticada 
com certificado digital ou equivalente; capital social; e objeto e sede da empresa.
Exercendo seu registro regularmente, o empresário e a sociedade terão seus direitos resguardados 
contra terceiros, podendo reclamar judicialmente contra ilícitos sofridos.
Para aquele empresário ou sociedade constituída que não possui o registro, denominado “de 
fato” pela doutrina, não terão protegidos os direitos da seara empresarial, respondendo apenas pelas 
obrigações, afinal, se não possuem registros, o título de empresário e a atividade empresarial não existem 
formalmente.
Os artigos seguintes do CC dispõem sobre questões conjugais e de direito de família e herança que 
possam impactar na formação do patrimônio da empresa:
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com 
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal 
de bens, ou no da separação obrigatória.
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o 
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, 
no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações 
antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, 
de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.
Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do 
empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, 
antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis 
(BRASIL, 2002, grifos nossos).
Em leis esparsas, poderemos encontrar também algumas proibições para o exercício da atividade 
empresarial, principalmente quando houver acumulados funções ou ofícios distintos.
Algumas circunstâncias se justificam pelo contágio da atividade como empresário com outra 
atividade, sendo este contágio denominado tráfico de influência. Faz-se necessária uma disciplina a 
respeito dessa concomitância de trabalhos.
O estatuto do servidor público civil federal veda a participação em empresas, abrindo exceções 
para a condição de quotista ou acionista, e para o exercício da licença, por até dois anos, para tratar de 
assuntos particulares:
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Art. 117. Ao servidor é proibido: 
[…]
IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em 
detrimento da dignidade da função pública; 
X – participar de gerência ou administração de sociedade privada, 
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na 
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; 
[…]
XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício 
do cargo ou função e com o horário de trabalho; 
[…]
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo 
não se aplica nos seguintes casos: 
I – participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou 
entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no 
capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços 
a seus membros;
II – gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 
91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses (BRASIL, 
1990a, grifo nosso). 
Semelhantemente também encontramos essas restrições na Lei Complementar n. 35/79, Lei Orgânica 
da Magistratura Nacional:
Art. 36. É vedado ao magistrado:
I – exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de 
economia mista, exceto como acionista ou quotista;
II – exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou 
fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, 
e sem remuneração (BRASIL, 1979a).
E, por fim, na Lei n. 8625/1993, Lei Orgânica Nacional do Ministério Público: “Art. 44. Aos membros 
do Ministério Público se aplicam as seguintes vedações: […] III – exercer o comércio ou participar de 
sociedade comercial, exceto como cotista ou acionista” (BRASIL, 1993).
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 Observação
Conforme visto, é importante distinguir que os agentes públicos 
concursados, em quaisquer das esferas, não podem administrar empresas, 
mas podem unicamente investir em ações ou quotas participativas, como 
as demais pessoas da sociedade.
Embora examinemos o estatuto dos servidores civis federais, tais 
disposições se aplicam para os servidores civis dos estados e municípios, 
em respeito ao princípio da simetria, que determina que as limitações de 
deveres e amplitudes de direito na esfera federal deverão ser aplicadas ou 
programadas da mesma forma nas esferas estaduais e municipais.
No Código Penal Militar, Decreto-lei n. 1.001/1969, encontramos tipificado o seguinte crime:
Exercício de comércio por oficial
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência 
de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou 
cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:
Pena – suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou 
reforma (BRASIL, 1969a).
O dispositivo mantém a nomenclatura “sociedade comercial”, por ser de 1969, não contemplando 
ainda as mudanças advindas do CC de 2002. Também não significa haver revogação tácita (sem alteração 
expressa da norma) do tipo penal.
Quanto aos deputados e senadores, conforme a CF, eles não sofrerão uma vedação, mas, sim, 
uma restrição:
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
[…]
II – desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de 
favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela 
exercer função remunerada (BRASIL, 1988).
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Unidade I
O cerne da questão é que a empresa esteja usufruindo de algum contrato com pessoa jurídica de 
direito público. Fora dessa circunstância, como não há previsão expressa constitucional, poder-se-á 
exercer a propriedade, controle ou diretoria de empresa.
Para os vereadores, a Carta Magna determina de maneira genérica que serão aplicadas as mesmas 
regras para os demais membros do Poder Legislativo:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, 
com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos 
membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e 
os seguintes preceitos:
[…]
IX – proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no 
que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso 
Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os membros da 
Assembleia Legislativa (BRASIL, 1988, grifo nosso).
Aquele que for condenado por crimes falimentares, conforme a Lei n. 11.101/2005, sofrerá como 
efeito da condenação o impedimento para cargos de administração, diretoria ou gerência, seja por 
meio do exercício da atividade empresarial diretamente ou pela vedação de exercer cargo ou função 
em conselho, diretoriaou gerência, ou, ainda, por intermédio de mandato ou por gestão de negócios.
O § 1º do art. 181 dessa lei estabelece que os efeitos da condenação não são automáticos, demandando 
a motivação em sentença. Ainda, os efeitos perdurarão até cinco anos após a extinção da punibilidade.
Em sede constitucional, ainda, o art. 199 da Constituição veda a participação de estrangeiros em 
atividades empresariais ligadas à área da saúde, atenuando a possibilidade para casos específicos 
estabelecidos em lei: “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. […] § 3º É vedada a participação 
direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos 
previstos em lei”.
Na Lei n. 8.212/1991, organizadora da seguridade social e de seu plano de custeio, encontramos 
disposição de caráter punitivo e administrativo para aqueles que estiverem em débito com o Instituto Nacional 
do Seguro Social (INSS). A transcrição original do caput do artigo, tratava de crimes previdenciários:
Art. 95. Revogado
[…]
§ 2º A empresa que transgredir as normas desta Lei, além das outras sanções 
previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dispuser o regulamento: 
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
[…]
d) à interdição para o exercício do comércio, se for sociedade mercantil ou 
comerciante individual;
e) à desqualificação para impetrar concordata (BRASIL, 1991).
Observa-se, também, que essa lei é anterior à atual Lei de Falências, de 2005, porquanto mantém 
o termo concordata, que não existe mais em nosso ordenamento jurídico, sendo substituído pela 
recuperação judicial.
 Saiba mais
Para esclarecimentos mais práticos acerca dos procedimentos e da 
burocracia para a abertura e registro de uma pessoa jurídica, recomendamos 
a simples leitura do tutorial encontrado no site do Sebrae:
SEBRAE. Abertura de empresa: como abrir uma empresa. 2019. Disponível 
em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/passo-a-passo-
para-o-registro-da-sua-empresa,665cef598bb74510VgnVCM1000004c002
10aRCRD>. Acesso em: 4 jun. 2019.
1.2 Especificidades no tratamento de empresas
Via de regra, as normas do direito se aplicam a todos de maneira igual, sem distinção de qualquer 
natureza. Mas para combater determinadas desigualdades sociais e econômicas, ou como vias de 
fomento de atividades específicas no seio da sociedade, admite-se uma máxima proveniente de 
Aristóteles: “tratar os iguais igualmente, e os desiguais na medida de suas desigualdades”. Em prol dessa 
finalidade, não seria uma distinção prejudicial.
No âmbito do direito empresarial, a CF dispôs sobre o tema da seguinte maneira:
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão 
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, 
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação 
de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, 
ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei (BRASIL, 1988).
Muito se discute na sociedade sobre o excesso de burocracia e custos para cumpri-la, além da alta 
carga tributária. De início, para as empresas, de modo geral, aplicam-se as normas do imposto de renda 
sobre pessoa jurídica (IRPJ).
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Unidade I
Em sua legislação, encontramos três regimes para compor a base de cálculo do imposto. O lucro 
real, que é o padrão, feito seguindo os dispositivos legais e cumprindo com os deveres, denominados 
de obrigações acessórias. Além dele temos como alternativa, o lucro presumido, uma medida de 
agilizar o cálculo presumindo receitas e despesas, onerando proporcionalmente menos o contribuinte. 
Calcula-se conforme um percentual aplicado sobre o total de receita operacional bruta do ramo de 
atividade, conforme tabela constante da lei. E, por fim, o lucro arbitrado, consistindo no cálculo 
realizado pelo fisco após ser constatada irregularidade ou má-fé no cálculo original.
Não obstante, à política tributária dita, se fez necessário criar outros meios para não onerar as 
empresas menores, pois com tal sistema tributário no País, elas dificilmente conseguiriam concorrer com 
grandes empresas.
Para tal fim, foi instituída a Lei Complementar n. 123/2006, o Estatuto da Microempresa e Empresa 
de Pequeno Porte, juntamente ao Sistema Tributário Simples Nacional.
Em seu art. 3º, encontramos as principais definições para microempresas e empresas de pequeno 
porte, a seguir discriminadas de modo a facilitar a compreensão.
Quadro 2 
Microempresa e empresa de pequeno porte (LC n. 123/2016)
Microempresa Receita bruta = ou < R$ 360.000,00
Empresa de pequeno porte Receita bruta > R$ 360.000,00 e = ou < R$ 4.800.000,00
Para fins de contabilidade, e nos termos da norma em comento, conforme art. 3º, § 1º, receita 
bruta não se confunde com lucro. Ela consiste no resultado das operações principais da companhia, 
seja na prestação de serviços ou venda de mercadorias. Após auferir esse valor, são descontados 
encargos referentes ao próprio serviço ou mercadoria, chegando no resultado ou receita líquida. 
A partir do resultado líquido, são somadas as receitas e despesas da sociedade, para finalmente 
chegar ao lucro bruto.
O § 2º do art. 3º menciona a possibilidade de fracionamento da receita bruta para a hipótese 
de a atividade empresarial ser iniciada no decorrer do ano-calendário. Doravante, será calculada 
proporcionalmente ao número de meses em que a microempresa ou empresa de pequeno porte 
houver exercido atividade, fracionando também os meses.
Com um regime específico, o desiderato da norma é promover o crescimento e a competividade 
dessas empresas, atenuando a carga tributária e a burocracia envolvida para o cumprimento das 
obrigações tributárias e procedimentais.
Conforme o art. 13, é consubstanciado em um único pagamento os seguintes tributos:
• Imposto sobre a renda da pessoa jurídica (IRPJ) (federal).
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
• Imposto sobre produtos industrializados (IPI) (federal).
• Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (federal).
• Contribuição para o financiamento da seguridade social (Cofins) (federal).
• Contribuição para o PIS/Pasep (federal).
• Contribuição patronal previdenciária (CPP) (federal).
• Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) (estadual).
• Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) (municipal).
Além de tais enquadramentos, a Lei do Simples Nacional foi atualizada em 2016, prevendo a figura 
do investidor-anjo, consistindo em um terceiro que investe em uma empresa para desempenhar uma 
atividade a ser desenvolvida posteriormente, não fazendo ele parte do quadro societário.
Art. 61-A. Para incentivar as atividades de inovação e os investimentos 
produtivos, a sociedade enquadrada como microempresa ou empresa de 
pequeno porte, nos termos desta Lei Complementar, poderá admitir o aporte 
de capital, que não integrará o capital social da empresa. 
[…]
§ 2º O aporte de capital poderá ser realizado por pessoa física ou por pessoa 
jurídica, denominadas investidor-anjo.
§ 3º A atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente por 
sócios regulares, em seu nome individual e sob sua exclusiva responsabilidade 
(BRASIL, 2006). 
Dessa maneira, então, foi admitida a figura das startups no ordenamento jurídico brasileiro.
 Observação
Com as constantes propostas legislativas de reformas tributárias 
aventadas pelos congressistas, o aluno deve ficar atento a mudanças, 
principalmente em épocas de crise financeira ou instabilidade política 
e comercial.
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1.3Deveres comuns
A doutrina, de maneira geral, sintetiza como principais deveres do empresário, Eireli ou da sociedade, 
os seguintes:
• Inscrição em junta ou cartório: possibilita a constituição da figura do empresário ou 
o nascimento jurídico da empresa. Após isso, a empresa poderá ter seus direitos comerciais 
resguardados e em pleno exercício.
• Confecção e manutenção dos livros empresariais: cumprem diversos fins, como tributários e 
de controle financeiro.
• Realização das demonstrações contábeis: para expor à sociedade e aos agentes econômicos a 
saúde financeira, permitindo que o governo tribute, investidores estudem novas oportunidades 
de negócio, fornecedores deem credibilidade ou não, e empregados avaliem a possibilidade de 
obterem salários ou de mudarem para outros empregos.
 Lembrete
Empresários, Eirelis e sociedades devem realizar ou manter a inscrição 
em junta ou registro civil, a confecção e o registro dos livros empresariais, 
e a realização das demonstrações contábeis.
Conforme o art. 1.150 do CC, o empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro 
Público de Empresas Mercantis pertencentes às juntas comerciais, já a sociedade simples se 
submeterá às normas do Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Para compreendermos o escopo do 
dispositivo supra, é necessário especificar o conteúdo do termo sociedade empresária, e para isso 
consultaremos o artigo a seguir:
Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos 
regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se 
de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às 
normas que lhe são próprias (BRASIL, 2002).
Ainda no CC, do art. 1.039 ao 1.092, elencamos: 
• sociedade em nome coletivo;
• sociedade em comandita simples;
• sociedade limitada;
• sociedade anônima;
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
• sociedade em comandita por ações;
• sociedade cooperativa.
Decorrente dos deveres elencados anteriormente, é oportuno mencionar os efeitos consequentes da 
falta de registro e regularidade para a figura do empresário. 
Nos moldes do art. 60 da Lei n. 8.934/1994, a sociedade que não realiza nenhum arquivamento no 
período de dez anos consecutivos deverá comunicar, obrigatoriamente, à junta comercial que deseja 
manter-se em funcionamento. A partir de então, ao não realizar a comunicação, a empresa será considerada 
inativa, e a junta realizará o cancelamento do registro, perdendo a proteção ao nome empresarial.
Após cancelado o registro, o empresário ou a empresa irá ainda cumprir com todos os seus deveres, 
tendo como efeito fundamental apenas a perda à proteção ao nome empresarial. 
A inscrição é fundamental para regularizar a figura do empresário, da Eireli e da sociedade empresária. 
Quando realiza atividade econômica organizada sem o devido registro, é denominado pela doutrina 
como empresário de fato ou empresa de fato, por existir concretamente, mas não no direito.
Assim, o empresário ou a sociedade irá cumprir com todos os seus deveres como se fossem regulares, mas 
não poderão desfrutar de benefícios e proteções jurídicas concedidas, como a proteção ao nome empresarial.
 Saiba mais
Amplie seu conhecimento sobre o registro em junta comercial:
BRASIL ECONÔMICO. Junta comercial: saiba por que empresários devem 
se registrar. Economia. IG, 2016. Disponível em: <https://economia.ig.com.
br/2016-07-05/junta-comercial.html>. Acesso em: 5 jun. 2019.
Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUSCESP). Perguntas frequentes. 
Sobre serviços. Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Disponível em: 
<http://www.institucional.jucesp.sp.gov.br/cidadao_perguntas-frequentes.
php>. Acesso em: 5 jun. 2019.
2 ESTABELECIMENTO E NOME EMPRESARIAL
Via de regra, para a realização da atividade empresarial, necessita-se de um espaço físico ou conjunto 
de bens reunidos e, até mesmo para o cumprimento de compras e vendas e-commerce, solicita-se uma 
localidade específica e mão de obra para realizar a operação de envio, ou de devolução ou de trocas. 
 
 
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Unidade I
Entende-se, portanto, que estabelecimento empresarial é o conjunto de fatores de produção reunidos 
para desempenhar uma atividade. 
Por fatores de produção, contemplamos o conceito oriundo da economia clássica: bens, mão de obra 
e tecnologia reunidos.
O diploma civil define-se nos moldes a seguir: “Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo 
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária” 
(BRASIL, 2002).
Admite-se também a existência de bens incorpóreos atinentes ao conceito de estabelecimento, 
sendo o caso da clientela ou ponto comercial.
Na lei em voga, poderíamos confundir se a natureza jurídica do estabelecimento se aproximaria da 
universalidade de fato ou universalidade de direito, dispostos nos seguintes artigos:
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares 
que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto 
de relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, 
de uma pessoa, dotadas de valor econômico (BRASIL, 2002, grifo nosso).
Parece, então, que os bens incorpóreos, como a clientela, estão contemplados no conceito de 
universalidade de direito. Adentrando a maiores detalhes, as previsões legais próprias do estabelecimento 
encontram-se nos arts. 1.142 a 1.149 do CC. Alguns desses trazem disposições que corroboram a hipótese 
de haver características de universalidade de fato e também de direito:
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de 
negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis 
com a sua natureza.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou 
arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a 
terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou 
da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, 
e de publicado na imprensa oficial.
[…]
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a 
sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração 
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FUNDAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL
do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros 
rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, 
se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante 
(BRASIL, 2002, grifo nosso).
Uma hipótese peculiar dentro do tema do estabelecimento empresarial diz respeito aos shopping 
centers. O ponto de partida da sua compreensão deverá ser o art. 54 da Lei n. 8.245/1991, esclarecendo 
que em relações entre lojistas e empreendedores de shopping center, predominarão as condições que 
forem pactuadas em virtude de contrato de locação, fora as demais disposições mencionadas na lei. 
Além disso, conceitos fundamentais sobre o estabelecimento que não podem ser desconsiderados são o 
aviamento e a clientela.
Por aviamento, devemos entender como a aptidão ou circunstância que determinado estabelecimento 
possui para gerar lucros, como a proximidade de uma loja com um terminal de ônibus ou metrô, 
indicando um grande fluxo de pessoas. A clientela consistirá, então, na externalização do aviamento, 
referindo-se à fidelidade ou frequência com que os clientes se relacionam com o empresário ou com a 
atividade desempenhada por este.
A completude do estabelecimento pode ser estruturada com bens corpóreos e bens incorpóreos. 
Entre eles, podemos citar inclusive o nome empresarial, regrado pela Lei de Registros de 
Empresas. Conforme art. 33, a proteção ao nome empresarial decorre automaticamente

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