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2 Inquérito Policial

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INQUÉRITO POLICIAL 
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL 
2 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
1.1. A POLÍCIA NO BRASIL 
 
a) POLÍCIA ADMINISTRATIVA/OSTENSIVA 
 
O seu papel é nitidamente preventivo, almejando inibir a prática de delitos, 
atuando de forma ostensiva. 
Ex.: PM e PRF. 
 
b) POLÍCIA JUDICIÁRIA/CIVIL 
 
O seu papel é investigativo, atuando como auxiliar do Poder Judiciário e 
elaborando o IP, atuando de forma velada. 
Ex.: PC (Estados) e PF (União). 
 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de 
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria. 
 
 
1.2. ATUAÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL 
 
a) FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 
CRITÉRIOS DEFINIDORES PARA ATUAÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL 
Territorial 
O delegado com atribuição é aquele que atua na circunscrição 
(delimitação territorial de atuação) da consumação do delito. 
Material 
O delegado com atribuição é aquele que é especializado no tipo 
de infração cometida. Ex.: Delegacia de Homicídios. 
Pessoal 
O delegado com atribuição é definido em razão da vítima. 
Ex.: Delegacia da Mulher. 
 
• Nas comarcas com mais de 1 circunscrição, estão dispensadas as cartas 
precatórias entre delegados: 
 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma 
circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos 
inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, 
independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, 
até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em 
sua presença, noutra circunscrição. 
 
 
b) DILIGÊNCIAS 
 
Art. 6o - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
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I - Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos 
Criminais; 
III - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias; 
IV - Ouvir o ofendido; 
V - Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo 
III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 
testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura; 
VI - Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer 
outras perícias; 
VIII - Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e 
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
IX - Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar 
e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do 
crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação 
do seu temperamento e caráter. 
X - Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos 
filhos, indicado pela pessoa presa. 
 
• A identificação criminal é a diligência que almeja colher elementos para 
individualizar a pessoa, diferenciando-a das demais. Pode ser feita por 
fotografia, impressão digital e colheita de material biológico (determinada 
pelo juiz); 
 
• O Juiz pode determinar a colheita do material biológico de ofício, a 
requerimento da defesa, do MP ou por representação da autoridade 
policial; 
 
• Caso seja essencial para as investigações policiais, o preso em flagrante 
poderá ser obrigado a se sujeitar à coleta de material genético, mediante 
despacho da autoridade judiciária competente, mesmo que forneça a sua 
identidade civil; 
 
Art. 7º - Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de 
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada 
dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
• O acusado não é obrigado a participar da reconstituição do crime – 
princípio do nemo tenetur se detegere, mas poderá será obrigado a 
acompanhar a reconstituição; 
 
• A reprodução simulada é uma prova nominada, atípica (não tem um 
procedimento determinado no código) e pode ser determinada pelo 
delegado, independentemente de intervenção do MP ou Juiz; 
 
 
 
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1.3. CONCEITO E FINALIDADE 
 
O IP é um procedimento administrativo preliminar, de caráter informativo, 
presidido pela autoridade policial (delegado), sem forma pré-estabelecida 
(informal/discricionário), sem contraditório e ampla defesa (inquisitivo), com 
prazo determinado, que tem por objetivo apurar a autoria, a materialidade e as 
circunstâncias da infração (justa causa), contribuindo na formação da opinio 
delicti do titular da ação. 
 
• Justa causa é o lastro probatório mínimo acerca de materialidade e 
autoria/participação suficiente para que o titular da ação penal (MP ou 
ofendido) possa imputar a prática de infração penal a alguém; 
 
FINALIDADES DO INQUÉRITO POLICIAL 
1 Oferecer justa causa para o autor (MP/ofendido) da ação penal. 
2 Oferecer fundamentos para a decretação de medidas cautelares. 
3 Garantir que o cidadão inocente não seja processado sem motivo. 
4 Auxiliar na formação da convicção do juiz acerca do fato. 
 
Lei 12.830/13, art. 2º, § 1º - Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, 
cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro 
procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da 
materialidade e da autoria das infrações penais. 
 
• A atividade investigatória de crimes não é exclusiva da polícia judiciária, 
podendo ser eventualmente presidida por outras autoridades, conforme 
dispuser a lei especial (CPI, Processo Administrativo, Inquérito Ministerial - MP, 
Inquérito Policial Militar – IPM); 
 
• A avocação/redistribuição do IP pode ocorrer em caso de interesse público 
e de descumprimento de regras procedimentais, sempre por ato motivado do 
chefe de polícia e por motivo determinado em lei; 
 
• As ações criminais são, em regra, titularizadas pelo Ministério Público (MP): 
 
CF/88, art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
• O IP serve para convencer o titular da ação (MP ou ofendido) quanto à 
deflagração ou não do processo: 
 
Art. 13 - Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I - Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e 
julgamento dos processos; 
II - Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
III - Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
IV - Representar acerca da prisão preventiva. 
 
• Em virtude da sua natureza inquisitiva, não é obrigatória a observância de 
contraditório e ampla defesa; 
 
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• O IP tem valor probatório relativo, pois serve de base apenas para a 
deflagração do processo, não podendo, por si só, sustentar a futura 
condenação, pois os seus elementos não se submeteram ao contraditório ou 
à ampla defesa: 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
 
Cautelar 
Justificada pela necessidade e urgência. 
Ex.: Interceptação telefônica. 
Não repetível 
Não terá como ser refeita na fase processual devido ao seu 
iminente perecimento, não dependendo de ordem judicial. 
Ex.: Bafômetro. 
Antecipada 
Terá dificultada sua colheita por alguma circunstância, devendo 
ser instaurada perante o juiz, com contraditório e ampla defesa.Ex.: Depoimento de testemunha com risco de morte. 
 
• O indiciamento é o ato formal privativo do delegado de polícia, exigindo a 
adequada motivação, por meio de análise técnico-jurídica, evidenciando-se 
os indícios da autoria, da materialidade e das circunstâncias da infração: 
 
Lei 12.830/13, art. 2, § 6º - O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-
á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá 
indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. 
 
• O indiciamento caracteriza a convergência da investigação em face de 
determinada pessoa, saindo de um juízo de possibilidade para um juízo de 
probabilidade, pois o indiciado passa a ser o principal suspeito do delito; 
 
• As autoridades com foro por prerrogativa de função só poderão ser 
indiciadas com prévia autorização do tribunal no qual elas gozam da referida 
prerrogativa (ex.: Membros do Congresso perante o STF); 
 
• É plenamente possível o desindiciamento, que consiste na retirada do status 
de indiciado do indivíduo, ao ser constatado que este não contribuiu para a 
infração penal; 
 
• O desindiciamento voluntário é aquele promovido pelo próprio delegado de 
polícia, simbolizando um redirecionamento da investigação; 
 
• O desindiciamento coacto é aquele imposto pela impetração de Habeas 
Corpus Trancativo; 
 
• Em consonância com o dispositivo constitucional que trata da vedação ao 
anonimato, é vedada a instauração de inquérito policial com base unicamente 
em denúncia anônima, salvo quando constituírem, elas próprias, o corpo de 
delito; 
 
 
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2. CARACTERÍSTICAS DO IP 
 
1 Obrigatório Diante da lavratura do auto de prisão em flagrante delito. 
2 Indisponível Delegado não pode arquivar os autos do IP. 
3 Escrito Todos os atos serão reduzidos a termo. 
4 Dispensável O IP não é necessário à deflagração do processo. 
5 Discricionário O delegado conduz da forma que entender mais eficiente. 
6 Sigiloso Os atos investigatórios não podem ser divulgados. 
7 Inquisitivo Não há contraditório nem ampla defesa. 
 
 
2.1. OBRIGATÓRIO 
 
A autoridade policial possui o dever de instaurar o IP diante da lavratura do auto 
de prisão em flagrante delito -notitia criminis coercitiva direta (polícia) ou indireta 
(povo). 
 
 
2.2. INDISPONÍVEL 
 
O delegado jamais poderá arquivar os autos do IP. Logo, toda investigação 
iniciada deve ser concluída e encaminhada à autoridade competente (Juiz) para 
que este, a pedido do MP, proceda ao arquivamento. 
 
Art. 17 - A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
 
2.3. ESCRITO 
 
Todos os atos produzidos no IP serão reduzidos a termo (forma documental), 
sendo rubricados pela autoridade com o objetivo de conferir-lhes autenticidade. 
 
Art. 9º - Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
• Atualmente, as novas ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para 
documentar a investigação, como acontece com a captação de som e imagem 
ou com a estenotipia (técnica de resumo de palavras por símbolos): 
 
Art. 405, § 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, 
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a 
obter maior fidelidade das informações. 
 
 
 
 
 
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2.4. DISPENSÁVEL 
 
Para a deflagração do processo criminal, não é necessária a prévia elaboração 
de IP, tendo em vista que as provas podem ser obtidas por outros meios. 
 
• No Brasil, há inquéritos não-policiais, que são presididos por autoridades 
distintas da Polícia Judiciária. Ex.: Inquérito Parlamentar (Presidido pela CPI), 
Inquérito Militar (Presidido por Oficial), Inquérito Ministerial (Presidido por 
membro do MP); 
 
• O MP poderá presidir investigação criminal, que conviverá harmonicamente 
com o IP, porém ainda não há lei regulamentando a matéria - STF/STJ; 
 
• A teoria dos Poderes Implícitos fundamenta a competência do MP para 
realizar inquéritos, já que tem o poder-dever de processar e, por consequência, 
também o de investigar - STF/STJ; 
 
• O promotor que investiga não é suspeito ou impedido para atuar na fase 
processual: 
 
Súmula 234/STJ - A participação de membro do MP na fase investigatória criminal 
não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 
 
 
2.5. DISCRICIONÁRIO 
 
O delegado conduz o IP com margem de conveniência e oportunidade para 
melhor adequar a investigação à realidade do delito apurado, trazendo eficiência 
ao procedimento. 
 
• A discricionariedade é mitigada, em virtude das requisições de diligências 
advindas do MP, salvo se eivadas de ilegalidade; 
 
• O delegado não pode rejeitar as diligências requisitadas pelo MP, mas não 
por haver hierarquia entre eles e sim pelo princípio da obrigatoriedade da ação 
penal pública; 
 
• O delegado possui o dever jurídico de atender à requisição do MP para 
instaurar IP, salvo em caso de manifesta ilegalidade; 
 
• Os requerimentos de diligências apresentados pela vítima ou pelo suspeito 
podem ser indeferidos, se o delegado os reputar impertinentes: 
 
Art. 14 - O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
• Quando o crime deixar vestígios, o requerimento para a realização do exame 
de corpo de delito não pode ser indeferido: 
 
Art. 184 - Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial 
negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento 
da verdade. 
 
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2.6. SIGILOSO 
 
O delegado conduz a investigação de forma sigilosa, em favor da eficiência na 
apuração do delito e da proteção da intimidade da vítima e do acusado. Como 
regra, o princípio da publicidade é afastado da fase investigativa. 
 
Art. 20 - A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato 
ou exigido pelo interesse da sociedade. 
 
• O sigilo não se aplica ao Juiz, ao MP e ao Advogado (nos elementos já 
documentados); 
 
• Tento em vista o princípio da presunção de inocência, informações 
referentes à instauração de IP não serão apontadas em certidão de 
antecedentes criminais: 
 
Art. 20, Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a 
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a 
instauração de inquérito contra os requerentes. 
 
• O direito de acesso independe da apresentação de procuração, entretanto, 
sendo decretado o sigilo (segredo de justiça), o acesso continua preservado, 
mas a procuração será necessária: 
 
Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) - Art. 7º São direitos do advogado: 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, 
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, 
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
 
• O juiz poderá decretar o segredo de justiça da persecução penal, protegendo 
a intimidade, a vida privada e a família da vítima. A decretação não impede o 
acesso do advogado, mas será necessária a apresentação de procuração: 
 
Art. 201, § 6º - O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, 
vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo 
de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos 
autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. 
 
• A autoridade investigante, motivadamente, poderá limitar o acesso aos autos 
para evitar o contato com diligências em andamento ou futuras: 
 
SV 14/STF - É direito do defensor, no interesse do representado, teracesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado 
por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
 
• Se o acesso aos autos for boicotado pela autoridade, haverá abuso de 
autoridade, e o advogado que tiver seu acesso prejudicado poderá utilizar 
mandado de segurança, reclamação constitucional ao STF, habeas corpus (em 
nome do investigado) e requerimento ao Poder Judiciário; 
 
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2.7. INQUISITIVO 
 
O IP é caracterizado pela concentração de poder na figura do delegado. Em 
decorrência disso, como regra geral, não haverá contraditório nem ampla 
defesa. 
 
• A ampla defesa é subdividida em autodefesa (disponível) e defesa técnica 
(indisponível); 
 
• Nada impede que o legislador discipline outras modalidades de inquérito 
admitindo contraditório e ampla defesa, como ocorre no Estatuto do 
Estrangeiro; 
 
• O advogado tem o direito de acompanhar seu cliente ao ser ouvido por 
qualquer autoridade investigante, sob pena de nulidade do interrogatório e 
de todos os atos que dele decorrerem em caso de negativa desse direito, 
podendo apresentar razões e quesitos, desenvolvendo o seu papel funcional: 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena 
de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele 
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da 
respectiva apuração: 
a) apresentar razões e quesitos; 
 
• Na fase do processo, o réu será necessariamente interrogado na presença do 
advogado, sob pena de nulidade absoluta. Na fase do IP, se o suspeito 
comparecer sem advogado, será ouvido normalmente; 
 
• Os vícios do IP são endoprocedimentais (internos ao procedimento), não 
gerando, em regra, contaminação do futuro processo, já que o procedimento 
é meramente dispensável - STF/STJ; 
 
• Quando o titular da ação utilizar o IP para oferecer a petição inicial (queixa-
crime ou denúncia), o inquérito a acompanhará: 
 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir 
de base a uma ou outra. 
 
• A defesa pode solicitar a produção de provas, mas a sua realização ficará a 
critério do delegado: 
 
Art. 14 - O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
• Ao final da ação penal, o Juiz não poderá fundamentar sua decisão 
exclusivamente com base nas provas do IP: 
 
Art. 155 - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
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Cautelar 
Justificada pela necessidade e urgência. 
Ex.: Interceptação telefônica. 
Não repetível 
Não terá como ser refeita na fase processual devido ao seu 
iminente perecimento, não dependendo de ordem judicial. 
Ex.: Bafômetro. 
Antecipada 
Terá dificultada sua colheita por alguma circunstância, sendo 
instaurada perante o juiz, com contraditório e ampla defesa. 
Ex.: Depoimento de testemunha com risco de morte. 
 
• A prova antecipada será submetida a contraditório judicial na fase 
investigativa (contraditório antecipado); 
 
• As provas cautelares e não repetíveis serão submetidas ao contraditório 
judicial (postergado/diferido) quando da sua migração para o processo; 
 
 
3. INÍCIO DO IP 
 
O IP é deflagrado por meio de uma Portaria (peça escrita que demarca o início da 
investigação policial), que conterá o fato a ser investigado, os sujeitos envolvidos, as 
diligências e o desfecho. 
 
NOTITIA CRIMINIS 
É a comunicação da ocorrência de uma infração à autoridade com atribuição para agir. 
DESTINATÁRIOS DO IP 
Delegado Juiz (mediato) MP (imediato) 
LEGITIMIDADE 
Notícia Crime Direta 
(Cognição imediata) 
A polícia toma conhecimento da informação diretamente, 
independente de estar no desempenho de suas funções. 
Notícia Crime Indireta 
(Cognição mediata) 
É apresentada por pessoa estranha à polícia, mas 
devidamente identificada (MP, juiz, vítima etc.). 
Notícia Crime Coercitiva 
(obrigatória) 
Ocorre com a lavratura do auto de prisão em flagrante delito. 
 
• Seja qual for a modalidade de notícia crime, quando levada a conhecimento da 
autoridade policial, implica obrigatoriamente a instauração do IP, sob pena de 
caracterizar o crime de prevaricação; 
 
• A delatio criminis ocorre quando a notícia crime é feita por um terceiro não 
envolvido com o crime ou com a persecução penal; 
 
• A delatio criminis postulatória é aquela realizada pela vítima na ação penal pública 
condicionada, por meio da representação; 
 
• A delatio criminis apócrifa/inqualificada (denúncia anônima) não autoriza a 
imediata instauração da investigação, cabendo ao delegado auferir inicialmente a 
plausibilidade e a pertinência do que foi noticiado - STF/STJ; 
 
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3.1. AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do MP, ou a requerimento do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 
• Diante da requisição do juiz ou do MP, o delegado não poderá se negar a 
instaurar o IP, salvo diante de manifesta ilegalidade (exceção à 
discricionariedade); 
 
Art. 5, § 2º - Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá 
recurso para o chefe de Polícia. 
 
• A notícia-crime apresentada pela vítima/representante legal (menor de 
idade) se dá por meio de um requerimento que, havendo denegação quanto 
à instauração do IP, caberá recurso administrativo endereçado ao chefe de 
polícia; 
 
Art. 5, § 3º - Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração 
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar 
inquérito. 
 
• A notícia-crime prestada por terceiros não envolvidos com o crime/processo 
– delatio criminis – será feita por meio de delação, mas só é possível em crime 
de ação pública incondicionada (que o delegado deve instaurar de ofício); 
 
Art. 301 - Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão 
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. 
 
• A notícia-crime coercitiva é aquela obtida por meio de auto de prisão em 
flagrante delito, que poderá ser direta (feita pela polícia) ou indireta (feita por 
qualquer do povo); 
 
 
3.2. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
 
Art. 5º, § 4º - O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, 
não poderá sem ela ser iniciado. 
 
• O IP somente será instaurado diante da representação do ofendido ou da 
requisição do Ministro da Justiça; 
 
• Tanto a representação quanto a requisição são condições de procedibilidade, 
ou seja, sem elas não haverá ação penal, IP ou lavratura de APFD; 
 
 
 
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3.3. AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
Art. 5º, § 5º - Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder 
a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
• O IP somente será instaurado mediante requerimento da vítima; 
 
• A instauração de IP não interrompe o prazo decadencial (não sofre suspensão 
nem interrupção) para o oferecimento da queixa-crime; 
 
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA 
- De ofício 
- Requisição do MP/Juiz 
- Requerimento da Vítima 
- Auto de Prisão em Flagrante 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
CONDIDIONADA 
- Representação da Vítima 
- Requisição do MJ 
- Requisição do MP/Juiz 
- Auto de Prisãoem Flagrante 
AÇÃO PENAL 
PRIVADA 
- Requerimento da vítima 
- Requisição do MP/Juiz 
- Auto de Prisão em Flagrante 
 
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS NA INSTAURAÇÃO 
Crime cometido por Juiz ou 
membro do MP 
- O próprio órgão ao qual está 
vinculado será responsável pela 
investigação. 
Prerrogativa de Função 
- Algumas autoridades são julgadas 
por tribunais determinados. 
Infração de Menor 
Potencial Ofensivo 
- Apuradas com base na Lei 9.099, 
sendo instaurado TCO. 
 
 
4. ENCERRAMENTO DO IP 
 
A contagem do prazo será dia a dia. Para o indivíduo preso, será material (inclui o dia 
do começo e exclui o dia do término) e, para o indivíduo solto, será processual (exclui 
o dia do começo e inclui o dia do término). 
 
• Durante prisão temporária, não transcorre prazo para conclusão do IP, devendo 
este ser contado somente quando da conversão em prisão preventiva; 
 
 
 
 
 
 
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4.1. PRAZO 
 
a) JUSTIÇA ESTADUAL 
 
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido 
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta 
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 
dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
 
DELEGADO ESTADUAL 
PRESO SOLTO 
10 dias (improrrogável) 30 dias (prorrogável) 
 
• Havendo necessidade de prorrogação, o Delegado solicita ao Juiz, devendo 
a prisão ser relaxada; 
 
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade 
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão 
realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
 
b) JUSTIÇA FEDERAL 
 
Caso o indiciado esteja preso, o prazo será 15 dias, podendo ser prorrogado 
uma única vez, por igual período, entretanto, se o indiciado estiver solto, a 
regra será a mesma do Delegado Estadual (30 dias). 
 
DELEGADO FEDERAL 
PRESO SOLTO 
15 dias (prorrogável) 30 dias (prorrogável) 
 
 
c) TRÁFICO DE DROGAS 
 
Caso o indiciado esteja preso, o prazo será de 30 dias, entretanto, se o 
indiciado estiver solto, o prazo será de 90 dias, podendo ser duplicado 
independentemente de estar preso ou solto. 
 
• A prorrogação é requerida pelo Delegado ao Juiz, após ciência do MP; 
 
TRÁFICO DE DROGAS 
PRESO SOLTO 
30 dias (duplicável) 90 dias (duplicável) 
 
CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR 
PRESO SOLTO 
10 dias (improrrogável) 10 dias (improrrogável) 
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INQUÉRITO MILITAR 
PRESO SOLTO 
20 dias (improrrogável) 40 dias (+20) 
 
PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89 
PRESO SOLTO 
5 dias (+5) Não se aplica 
 
PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 8.072/90 
PRESO SOLTO 
30 dias (+30) Não se aplica 
 
4.2. RELATÓRIO 
 
É a peça descritiva que aponta a síntese das diligências realizadas e justifica, 
eventualmente, as que não foram feitas por algum motivo relevante. 
 
Art. 10 - § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará 
autos ao juiz competente. 
 
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido 
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
 
• O relatório não vincula o juiz ou o MP; 
 
• Em caso de tráfico de drogas, a Lei 11.343/06 exige que o delegado motive 
no relatório as razões que justificaram seu enquadramento na respectiva lei; 
 
• O Delegado remete ao Juiz os autos do IP com o relatório e este, por sua vez, 
deverá abrir vistas ao MP; 
 
• Havendo indícios de autoria, da materialidade e das circunstâncias da 
infração (justa causa), cabe ao MP oferecer a petição inicial (denúncia), na 
expectativa de deflagrar o processo; 
 
• O Delegado deve oficiar ao órgão de identificação e estatística, para 
compilação das estatísticas criminais: 
 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade 
policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, 
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração 
penal e à pessoa do indiciado. 
 
• É possível que não estejam presentes os indícios necessários à deflagração 
do processo. Todavia, havendo esperança de que tais elementos sejam 
rapidamente colhidos, cabe ao MP requisitar novas diligências, que sejam 
imprescindíveis ao início do processo: 
 
CPP, art. 16 - O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à 
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia. 
15 
 
• É vedado ao juiz requisitar novas diligências probatórias caso o MP tenha se 
manifestado pelo arquivamento - STF; 
 
• Diante do pedido de arquivamento, o juiz terá as seguintes hipóteses: 
concordar com o pedido do MP, devendo homologar o requerimento (ato 
complexo) ou discordar do pedido de arquivamento, invocando o art. 28, com 
a remessa dos autos ao Procurador Geral do MP, que, por sua vez, poderá 
oferecer a denúncia, designar outro membro do MP para oferecê-la (deve 
oferecer) ou insistir no arquivamento, cabendo ao juiz apenas homologar; 
 
• O membro do MP pode, ainda, entender que não possui atribuição para 
agir, devendo declinar do feito, requerendo ao juiz a remessa dos autos a uma 
outra esfera; 
 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão 
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
 
 
5. QUESTÕES COMPLEMENTARES 
 
• Quando o juiz federal invoca o art. 28, ele remete os autos para a Câmara de 
Coordenação e Revisão do MPF, que atua por delegação do PGR; 
 
• Nas infrações de menor potencial ofensivo e nas contravenções penais, o Termo 
Circunstanciado de Ocorrência – TCO substitui o IP; 
 
• O Habeas Corpus trancativo possui a finalidade de trancar o inquérito, por força 
de uma manifesta ilegalidade ou ausência de justa causa durante o procedimento, 
visando exterminar imediatamente a investigação. (ex.: inquérito que apura fato 
atípico ou inexistente); 
 
• As pessoas entre 18 e 21 anos incompletos eram consideradas relativamente 
capazes, exigindo-se a nomeação de curador no momento do indiciamento; 
 
• O arquivamento é uma decisão judicial (ato complexo) que, em regra, põe fim ao 
IP sem que ele origine a esperada ação penal, seja porque não foi encontrada justa 
causa, seja porque não há interesse do Estado na persecução penal do fato 
investigado; 
 
• O arquivamento do IP, em regra, não faz coisa julgada material. Logo, se surgirem 
novas provas enquanto o crime não estiver prescrito, o MP terá aptidão para 
oferecer a denúncia: 
 
Súmula 524/STF - Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do 
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. 
 
• Caso haja coisa julgada material, não haverá desarquivamento, ainda que surjam 
novas provas; 
 
• Caso haja coisa julgada formal, poderá haverá desarquivamento caso surjam novas 
provas; 
 
16 
 
• O arquivamento do IP com base no princípio da insignificância gera coisa julgada 
material, por excluir a tipicidade; 
 
• O arquivamento do inquérito policial determinado por autoridade judiciária 
competente, a pedido do MP, com fundamento na atipicidade da conduta, 
excludente de culpabilidade ou extinção da punibilidade, por fazer coisa julgada 
material, obsta seu desarquivamento, ainda que surjam de novas provas; 
 
• Em caso de conduta atípica, é possível o trancamento do IP via habeas corpus; 
 
• O arquivamento fundamentado na excludente de ilicitude do fato faz coisa julgada 
formal, pois a excludente pode ser provada ilegal posteriormente - STF; 
 
• O requerimento de arquivamento de IP formulado pelo MP não está sujeito a 
controle jurisdicional nos casos de competência originária do STF ou do STJ; 
 
• Arquivamento Originário é aquele apresentado pelo próprioProcurador Geral do 
MP ao tribunal respectivo, restando a este apenas homologar, sendo inaplicável o 
art. 28; 
 
• O Arquivamento Implícito não é aceito pela doutrina. Existem 2 tipos: subjetivo 
(exclusão injustificada de acusado por omissão do MP) e objetivo (exclusão 
injustificada de crime por omissão do MP); 
 
• O Arquivamento Indireto não é aceito pela doutrina. Ocorre quando há o 
questionamento da competência do Juiz; 
 
• O Arquivamento Provisório ocorre quando há IMPO e, sendo crime de Ação 
Penal Pública Condicionada à representação, a vítima se ausenta da audiência de 
conciliação. O desarquivamento acontecerá quando houver novo oferecimento da 
representação (dentro do prazo decadencial de 6 meses); 
 
Art. 18 - Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta 
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de 
outras provas tiver notícia. 
 
• O desarquivamento é o oferecimento da denúncia pelo mesmo fato, desde que 
surjam novas provas (apenas com coisa julgada formal); 
 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do 
Código Penal, e no art. 239 do ECA, o membro do MP ou o delegado de polícia poderá 
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados 
e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. 
 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. 
 
• O MP ou o Delegado poderão requisitar dados cadastrais da vítima ou de 
suspeitos, que serão atendidos no prazo de 24h; 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art149
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art149a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art158%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art239
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CRIMES AOS QUAIS SE APLICA 
- Sequestro e cárcere privado 
- Redução à condição análoga de escravo 
- Tráfico de pessoas 
- Extorsão mediante restrição de liberdade 
- Extorsão mediante sequestro 
- Envio de criança/adolescente ao exterior ilegalmente 
 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de 
pessoas, o membro do MP ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização 
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que 
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e 
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. 
 
• Em caso de crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o MP e o Delegado, após 
autorização judicial, podem requisitar às empresas de telecomunicações sinais que 
indiquem a localização da vítima; 
 
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, 
setorização e intensidade de radiofrequência. 
 
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá 
de autorização judicial, conforme disposto em lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior 
a 30 dias, renovável por uma única vez, por igual período; 
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de 
ordem judicial. 
 
• O sinal não dá acesso a conteúdo de comunicação, dependendo isso de 
autorização judicial e será fornecido pelo prazo máximo de 30 dias, podendo ser 
prorrogado uma única vez (em caso de necessidade de prazo maior, somente com 
determinação judicial); 
 
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo 
máximo de 72 horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. 
 
• Em se tratando do crime de tráfico de pessoas, o IP deve ser instaurado em até 
72h; 
 
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade competente 
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que 
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e 
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com 
imediata comunicação ao juiz. 
 
• Em caso de inércia judicial no prazo de 12 horas após o requerimento do MP ou 
do Delegado, estes poderão requisitar às empresas que disponibilizem o sinal 
imediatamente e comunicarão o fato ao juiz;

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