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POLÍTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS

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Prévia do material em texto

1
POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS
INCLUSIVAS
Profª. Me. Denise Matias Soares Silva
2
POLÍTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
PROFª. ME. DENISE MATIAS SOARES SILVA
3
 Diretor Geral: Prof. Esp. Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo: Prof. Dr. William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Profa. Esp. Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Profa. Clarice Virgilio Gomes
 Revisão Técnica: Profª. Dr. Carlos Eduardo Candido Pereira
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Clarice Virgilio Gomes
 Fernanda Cristine Barbosa
 Prof. Esp. Guilherme Prado 
 
 Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Daniel Guadalupe Reis
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Eliza P. Campos 
 Victor L. dos Reis Lopes 
© 2022, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
4
POLÍTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2022
5
Mestre em Psicologia, linha de pesquisa Pro-
cessos Psicossociais (PUCMinas). Pós-Gradua-
da em Docência em Ensino Superior (Unileste), 
Educação Inclusiva e Educação Especial (UNIN-
TER), Psicanálise e os desafios na Contempo-
raneidade (Rede Pitágoras). Graduada em Pe-
dagogia e Psicologia (Unileste). Atuou como 
docente na Educação Infantil, Ensino Funda-
mental séries iniciais, Ensino Técnico e tutoria 
em EaD para cursos de graduação.
DENISE MATIAS SOARES SILVA
Para saber mais sobre a autora desta obra e suas qualificações, 
acesse seu Curriculo Lattes pelo link :
http://lattes.cnpq.br/6568022440669877
Ou aponte uma câmera para o QRCODE ao lado.
6
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
7
UNIDADE 1
UNIDADE 2
SUMÁRIO
1.1 História Da Deficiência ..............................................................................................................................................................................................................................................................10
1.2 A Deficiência Na Antiguidade E Idade Média ..........................................................................................................................................................................................................10
1.3 A Deficiência Na Idade Moderna, Contemporânea E Últimas Décadas ................................................................................................................................................13
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................17
2.1 A Deficiência No Brasil ..............................................................................................................................................................................................................................................................21
2.2 A Institucionalização ................................................................................................................................................................................................................................................................23
2.3 Marco No Cenário Político Brasileiro .............................................................................................................................................................................................................................25
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................28
ASPECTOS HISTÓRICOS DA DEFICIÊNCIA
A HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA NO BRASIL
UNIDADE 3
3.1 Diversidade Cultural ..................................................................................................................................................................................................................................................................32
3.2 Multiculturalismo E A Escola Cultural ..........................................................................................................................................................................................................................33
3.3 Diversidade Étnico-Racial .....................................................................................................................................................................................................................................................36
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................43
A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA A DIVERSIDADE
UNIDADE 4
4.1 Preconceito Racismo E Discriminação, Existe Diferença? ..............................................................................................................................................................................47
4.2 A Legislação Pune? ..................................................................................................................................................................................................................................................................49
4.3 A Legislação ...................................................................................................................................................................................................................................................................................50
FIXANDO O CONTEÚDO ................................................................................................................................................................................................................................................................53
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO: IMPLICAÇÕES SOCIAIS
5.1 Marcos Legais Na Educação ................................................................................................................................................................................................................................................57
5.2 Lei De Diretrizes E Bases E As Políticas Educacionais Inclusivas ..............................................................................................................................................................585.3 Deficiência Legislação E Trabalho ..................................................................................................................................................................................................................................63
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................69
A EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS MARCOS LEGAIS
UNIDADE 5
6.1 Deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades: noções introdutórias ...................................................................73
6.2 Perspectivas acerca da inclusão educacional ........................................................................................................................................................................................................75
6.3 Tecnologia Assistiva e Avaliação Assistida ................................................................................................................................................................................................................78
FIXANDO O CONTEÚDO ...............................................................................................................................................................................................................................................................82
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ......................................................................................................................................................................................................................85
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................................................................................................................................................................86
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: AVANÇO OU RETROCESSO?
UNIDADE 6
8
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
I
C
V
R
O
UNIDADE 1
Na unidade 1, conversaremos sobre como o percurso da pessoa com deficiência é 
atravessado por práticas discriminatórias e diversas lutas e movimentos em favor da 
manutenção do direito à cidadania. A forma como se origina e evolui a cultura de 
um povo ou de um grupo definirá seu processo de educação e seu olhar acerca do 
outro e da diferença, portanto cultura e educação estão intrinsecamente associadas, 
caminham lado a lado.
UNIDADE 2
Na unidade 02, discutiremos acerca do surgimento da educação das crianças 
com deficiência no final do século XVIII e início do século XIX, e suas formas de 
institucionalização. O liberalismo defendia a liberdade em todos os campos: 
intelectual, político, social, religioso e econômico, consequentemente sua 
interferência em todos esses campos, influenciou também o início da educação das 
pessoas com deficiência no Brasil.
UNIDADE 3
Na terceira unidade, “A escola como espaço para a diversidade”, apresentaremos 
o conceito de diversidade e pluralidade cultural destacando questões sociais que 
impactam diretamente dentro da sala de aula, no modo de ser e agir dos alunos 
e na prática docente que precisa contemplar no processo de aprendizagem 
a diversidade, além de nos questionarmos acerca das práticas excludentes 
homogeneizadoras.
UNIDADE 4
Trataremos na unidade 4, sobre o preconceito, discriminação e racismo, as 
manifestações dessas formas e os mecanismos de manutenção. Refletiremos 
sobre a relação de preconceito e discriminação e conheceremos os dispositivos 
legais aplicados para casos de racismo e preconceito. Perceberemos que apesar da 
legislação vigente as práticas não são contidas e a escola ainda é um reprodutor 
dessas manifestações.
UNIDADE 5
Na unidade cinco conversaremos sobre os marcos legais que regem o atendimento 
educacional especializado para alunos com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação a partir da década de 1990, em 
que se contextualizam os primeiros movimentos de inclusão. Além disso, refletiremos 
sobre a importância de o professor conhecer esses dispositivos e as lutas sociais que 
os promoveram.
UNIDADE 6
Na unidade seis, conversaremos um pouco sobre algumas terminologias utilizadas 
pela sociedade para nomear as pessoas com deficiência ao longo dos anos. 
Iniciaremos a reflexão com necessidades educacionais especiais. Muitas pessoas 
equivocadamente diriam que estão contemplados nessa terminologia a pessoa com 
deficiência, por outro lado, essa terminologia apresenta muitas críticas em relação 
ao seu uso.
9
ASPECTOS 
HISTÓRICOS DA 
DEFICIÊNCIA 
10
 O percurso da pessoa com deficiência é atravessado por práticas discriminatórias 
e diversas lutas e movimentos em favor da manutenção do direito à cidadania. Não é 
possível pensar em todo esse movimento sem, entretanto, refletir sobre a cultura de 
cada grupo de indivíduos na sociedade.
 A forma como se origina e evolui a cultura de um povo ou de um grupo de-finirá 
seu processo de educação e seu olhar acerca do outro e da diferença, portanto cultura e 
educação estão intrinsecamente associadas, caminham lado a lado.
 Pensamos na apropriação não só das formas de viver como também no mundo 
do trabalho. O homem se faz a partir da adaptação a natureza e consequentemente 
pelo seu trabalho, que satisfaz suas necessidades de sobrevivência.
 Cabe ressaltar que do ponto de vista cultural e já discorrido anteriormente, 
o homem se produz por meio do trabalho que sua está ligado à sua condição de 
sobrevivência, desenvolvimento e atuação social. 
 Ao refletirmos acerca de questões como a sobrevivência, desenvolvimento e 
atuação social, somos atravessados por um ponto importante da existência humana: 
como a pessoa com deficiência se “enquadra” em um contexto social de produção para 
a própria sobrevivência? 
 Algumas questões se farão presentes neste capítulo. Reflexões necessárias 
para quem deseja não apenas circular, mas fazer parte do mundo da pessoa com 
deficiência. Culturalmente e socialmente como ela é vista? Quais são suas chances 
de sobrevivência? Como é engajada no mercado de trabalho? Quais as formas de 
acolhimento? No passado foi possível a sua inserção social e sobrevivência?
 Avancemos agora destrinchando alguns períodos históricos! Como a história da 
deficiência começou? 
 A deficiência sempre foi tratada como a diferença que incomoda. Ao longo dos 
anos, em cada período histórico construía-se uma percepção a respeito da deficiência. 
Conversaremos detalhadamente com a seguir sobre cada período.
1.1 HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA 1.1 HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA 
1.2 A DEFICIÊNCIA NA ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA1.2 A DEFICIÊNCIA NA ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA
VAMOS PENSAR?
Podemos pensar o infanticídio a partir de como a deficiência era vista em Esparta. Após 
a leitura do texto e os esclarecimentos dados para essas ações, é possível estabelecer al-
guma relação com a chegada de uma criança com deficiência em uma família, na soci-
edade ou na escola?
 A antiguidade foi considerada o período do extermínio, a deficiência não era 
aceita. Todas as crianças que nasciam deficientes ou com algum tipo de anormalidade 
eram rejeitadas e eliminadas sumariamente. 
“Ser outro, outro, outro. Cada um também deveria a 
ver-se como ou-tro” (Elias Canetti)
“Teus verdadeiros educadores, aqueles que te forma-
rão, te revelam o eu são verdadeiramente o sentido 
original e a substância fundamen-tal a tua essência[...] 
Teus educadores não podem ser outra coisa senão li-
bertadores” (Friedrich Nietzsche)
11
Figura 1: A Seleção de Crianças em Esparta
Fonte: Jean-Pierre Saint-Ours (1785) 
 No entanto, na Antiguidade Clássica, a negligência era total, não haviaatendimento ou acolhimento e as pessoas estavam condenadas a serem abandonadas.
 Já na Grécia Antiga, precisamente em Esparta, segundo Emmel (2002) havia um 
padrão de beleza estabelecido: um adulto saudável e forte, militar que servisse a sua 
pátria, que participasse de jogos e representasse a estética e a beleza. A partir desse 
padrão físico e estético estabelecido, as crianças nascidas com deficiências físicas ou 
mentais eram eliminadas. Cabia ao Estado verificar se as crianças ao nascer eram fortes 
e sadias, isso mesmo antes de serem cuidadas pelos pais. Após inspeção minuciosa, os 
bebês doentes, frágeis ou deficientes eram abandonados até a morte.
A pessoa com deficiência física, tal como o Porteiro de Roma de um dos templos de deuses 
egípcios, exercia normalmente suas atividades conforme revela a Estela votiva da XIX 
Dinastia e originária de Memphis, que pode ser vista no Museu Ny Carlsberg Glyptotek, em 
Copenhagen, Dinamarca. 
Essa placa de calcário traz a representação de uma pessoa com deficiência física, sua 
mulher e filho, fazendo uma oferenda à deusa Astarte, da mitologia fenícia. 
Stele of Roma the Doorkeeper, dedicated to the goddess Astarte
 
1400-1365 BC
FIQUE ATENTO
 Segundo Gugel (2007) por meio de evidências arqueológicas no Egito Antigo as 
pessoas com deficiência podiam trabalhar e ocupar um lugar social juntamente com as 
demais.
12
 Visite uma instituição especializada no atendimento às pessoas com defici-ência 
da sua cidade. Quais medidas pedagógicas e de infraestrutura essa institui-ção possibilita 
para a inclusão das pessoas com deficiência?
 Já em Atenas o procedimento era o mesmo, porém, sem a intervenção do Estado. 
Cabia ao pai decidir o que fazer com os filhos que não apresentavam o padrão de saúde 
esperado socialmente.
 Na Roma Antiga os bebês do sexo feminino que nasciam deficientes eram 
colocados aos pés do pai para que ele decidisse o futuro da criança: se não trouxesse 
orgulho no futuro por não ser saudável, seria abandonado por falta de cuidados básicos, 
alimentação e proteção (EMMEL, 2002).
 Práticas de abandono e negligencia eram comuns na Antiguidade, uma 
crueldade devido a limitação e a diferença. À pessoa com deficiência não era 
permitido o direito à vida, já nascia excluída! 
 Na Idade Média a doutrina Cristã modifica e interfere neste cenário. Ela postula 
entre que o homem é uma criatura divina, portanto, precisa ser aceito e amado. 
Dessa forma o infanticídio cometido pelos pais e pelo Estado passou a ser duramente 
condenado e criticado (EMMEL, 2002).
 Foi na Idade Média, em Paris que o primeiro hospital para cegos foi fundado. 
Seu fundador o Rei Luís IX, por volta de 1260. Seu objetivo inicial não era atender pessoas 
que nasciam ou se tornavam cegas devido a alguma enfermidade, muito ao contrário ele 
queria atender os soldados que haviam ficado cegos durante a Sétima Cruzada. O nome 
dado ao hospital foi “Quinze-Vingts, o que significa 15 vezes 20, ou seja, 300 soldados 
cegos (GUGEL, 2007).
 No período cristão as pessoas com deficiência tiveram o apoio da Igreja, em 
destaque do bispo de Myra, que alimentava e acolhia as pessoas abandonadas. Destaca-
se neste período ações de acolhimento em conventos e Igrejas, que em exigiam em 
contrapartida dessas pessoas pequenos favores e serviços (PESSOTTI 1984). 
 Ainda segundo o autor as pessoas com deficiência foram culpabilizadas pela 
própria deficiência, diferentemente da época medieval, que eram consideradas como 
castigadas com a deficiência pelos pecados cometidos. “Muitos chegaram a admitir que 
o deficiente era possuído pelo demônio, o que tornava aconselhável o exorcismo com 
flagelações para expulsá-lo” (PESSOTI, 1984, p. 6).
 Ou seja, a sobrevivência estava atrelada a troca de serviços. O respeito ainda não 
havia sido construído, o que existia era o assistencialismo.
VAMOS PENSAR?
Você leu que ao longo da história o abandono, práticas de negligência, preconceito, 
segregação ocorreram com indivíduos com deficiência. Você acredita que práticas co-mo 
essas ficaram no passado, ou atualmente as pessoas com deficiência ainda são víti-mas 
de tais atitudes?
13
1.3 A DEFICIÊNCIA NA IDADE MODERNA, 1.3 A DEFICIÊNCIA NA IDADE MODERNA, 
CONTEMPORÂNEA E ÚLTIMAS DÉCADASCONTEMPORÂNEA E ÚLTIMAS DÉCADAS
Assista o filme “O garoto selvagem”
Direção: Francois Truffaut
O filme francês conta a história do menino encontrado na 
floresta apelidado como o selvagem de Aveyron e seu tutor 
Jean Itard, que recebe a difícil tarefa de educá-lo. Disponível 
em: https://bit.ly/3W2XwRq
Acesso em 25 ago. de 2020 
BUSQUE POR MAIS
 Como dito anteriormente a educação especial estava atrelada a caridade ou ao 
assistencialismo. Avançando um pouco mais na história, com os surdos não era diferente. 
O primeiro educador de surdos da história o monge espanhol beneditino Pedro Ponce de 
Léon dedicou parte de sua vida ao ensino de surdos, filhos de nobres, os demais ficavam 
a cargo do assistencialismo (MOURA, 2000). Assim, a história da educação especial no 
mundo teve seu início no século XVI,
 Neste cenário em 1664 a doença mental não é descartada e é explicada nas bases 
científicas, como estruturas cerebrais defeituosas ou falhas neurais. 
 A partir de então podemos começar em outra teoria, do campo organicista em 
que a deficiência deixa existir como aberração e castigo divino e passa a ser considerada 
e enxergada do ponto de vista médico: as modificações estruturais no cérebro.
 A teoria organicista explica que no início do desenvolvimento poderiam ocorrer 
tipos de problemas e que pouco provavelmente poderiam ser modificados ao longo da 
vida (MARCHESI & MARTÍN, 1995).
 É fato que a obra de John Locke não só representou um marco na história da 
deficiência como também contribuiu no campo pedagógico, ao afirmar que a 
individualidade é um fator primordial no processo de aprendizagem, que a experiência é 
a condição primeira dos processos complexos de pensamento e que os objetos concretos 
são importantes para a aquisição de noções. 
 Ele propõe o quanto é importante estimular as crianças a desenvolverem o 
pensamento e a razão, assim, as formas de ensinar deveriam levar o aluno a pensar e ao 
professor não caberia apenas a tarefa de ensinar os conteúdos.
com médicos e pedagogos que, desafiando os concei-
tos vigentes na época, acreditaram nas possibilidades 
de indivíduos até então considerados ineducáveis. Cen-
trados no aspecto pedagógico, numa soci-edade em 
que a educação formal era direito de poucos. Esses pre-
cursores desenvolveram seus trabalhos em bases tuto-
riais, sendo eles próprios os professores de seus pupilos 
(MENDES, 2009).
14
Em 1690 John Locke já postulava mudanças no processo de en-
sino aprendizagem, um aluno mais ativo e um professor me-
diador.
Complemente sua leitura lendo o livro Teorias cognitivas da 
aprendizagem e reflita o quanto John Locke já era atual em 
suas postulações; Disponível em: https://bit.ly/3hMHyaR Acesso 
em 25 ago. de 2020
BUSQUE POR MAIS
 A partir da segunda metade do século XVIII inicia-se a educação para surdos de 
forma institucionalizada, o abade Charles Michel de I’Epée fundou a primeira escola 
pública para surdos em Paris. Sua grande contribuição foi reconhecer a existência de 
uma língua por meio da qual os surdos poderiam se comunicar e desenvolver um 
método para o ensino de sinais (MOURA, 2000).
 Embora, não fosse surdo e não sofresse de nenhuma deficiência auditiva, 
contribuiu para o acesso dos surdos à educação pública e gratuita.
 Quando pensamos em cegueira, o Instituto Nacional dos Jovens Cegos, foi a 
primeira escola para cegos no mundo, foi fundada também em Paris, porém, por Valentin 
Haüy, em 1784. Assim como o abade Charles Michel de L’Epée, Valentin se preocupava 
com um método de ensino diferenciado, utilizava as letras em relevo. Alguns livros foram 
escritos utilizando esse método, mas, eram poucos e permitiam apenas uma leiturasuplementar (MAZZOTA, 1995).
 De acordo com o mesmo autor, a fim de aprimorar o método de Valentin Haüy, 
um dos alunos bolsistas da escola, Louis Braille, jovem cego francês, adaptou o código 
militar de comunicação noturna criado por Charles Barbier de La Serre. Inicialmente 
a adaptação recebeu o nome de sonografia, e, posteriormente, Braille. Mesmo com o 
passar do tempo o Braille ainda é conhecido como o sistema composto por pontos em 
relevo, que de acordo com sua organização e disposição, formam as letras do alfabeto, 
numerais, sinais de pontuação, símbolos químicos, letras acentuadas e as notas 
musicais.
 Na história da educação especial conversamos sobre as contribuições do abade 
Charles Michel de L’Epée, no campo da surdez, Valentin Haüy e Louis Braille, na área da 
cegueira e passaremos agora a conversar sobre a deficiência mental.
 Segundo Pessotti (1984) Jean Marc Gaspard Itard, médico francês, ganha enorme 
Conheça na íntegra a história de Braille, um jovem que revolucionou a comuni-
cação entre cegos e videntes, sua parceria para o desenvolvimento desse siste-
ma, a aceitação pelos professores conservadores que preferiam usar o método 
de Valentin Haüy, e por fim, a aceitação do sistema. Disponível em: https://bit.
ly/3gzxerc. Acesso em 25 ago. de 2020.
BUSQUE POR MAIS
15
destaque na história ao receber um garotinho que foi capturado na floresta no Sul da 
França por volta de 1800. Itard deu o nome de Victor para o menino. Sua tarefa era educar 
o garoto “selvagem”. 
 De acordo com Itard em sua obra Mémoire sur les premiers développments de 
Victor l’Aveyron citada por Pessotti (1984, p. 36):
 Pessotti (1984) e Mazzotta (1995) concordam que Itard foi reconhecido pela sua 
habilidade na reeducação de Victor de l’Averyon, ensinar uma linguagem aos surdos e 
empregar métodos sistematizados para instruir uma pessoa com deficiência mental. 
Seu trabalho e esforços introduziram uma nova era no campo da deficiência mental: “a 
educação era uma resposta aos problemas associados à deficiência”.
 Outras instituições e contribuições foram surgindo ao longo da história. Em 
Munique na Alemanha foi fundada uma instituição para atender os deficientes físicos 
(MAZZOTA, 1995).
 Ainda segundo o autor merece destaque o médico e educador Edouard Seguin, 
aluno de Itard. 
 Sua publicação The moral treatment, and éduction of idiots and other backward 
childrenI em 1846 foi considerada um marco na área da educação especial, em que 
aborda primariamente as necessidades das crianças com deficiência. Participou em 
1876 na Associação Americana de Retardo Mental (American Association on Mental 
Retardation – AAMR) a mais antiga associação interdisciplinar voltada para a deficiência 
mental.
 Outras importantes contribuições para a educação especial foi a de Maria 
Montessori, médica italiana que desenvolveu um programa de treinamento para crianças 
com deficiência mental em Roma. Percebe-se que o cenário começa a ser modificado. 
Montessori enfatiza em seu programa de treinamento a autoaprendizagem por meio de 
uso de “materiais didáticos, blocos, recortes, caixas, letras em relevo, objetos coloridos” 
específicos ao alcance de cada objetivo educacional. 
 Ela iniciou seus trabalhos com crianças com deficiência cognitiva, demonstrando 
que a aprendizagem é possível por meio de experiências concretas e quando são 
expostas a ambientes ricos em materiais que possam ser manipulados (SMITH, 2008).
enorme déficit perceptivo e intelectual do menino, in-
capaz de discriminações mesmo grosseiras entre odo-
res, ruídos, imagens, o que o torna um retardado mental 
profundo, mais despreparado que um animal domésti-
co, incapaz de articular qualquer som vocal humano e 
de fixar sua atenção em um dado ou evento.
O método montessoriano valorizava o aluno e ela acreditava que o “potencial para aprender 
está em cada um de nós”. Foi ela quem valorizou a redução no tamanho do mobiliário das 
escolas infantis, além de também sugerir que os objetos domésticos tivessem o tamanho 
reduzido para serem utilizados no dia a dia nas brincadeiras de casinha. Esse método 
lembra a você a realidade da sala de aula atualmente, cada um aprende de um jeito?
FIQUE ATENTO
16
 Após esse percurso teórico, verifica-se que o acesso das pessoas com deficiência 
à educação foi conquistado lentamente, de acordo com a ampliação das oportunidades 
educacionais para a população. 
 Conhecemos a evolução do panorama da educação especial no mundo. A partir 
de agora apresentaremos como essa área surgiu e se desenvolveu no Brasil.
Conheça um pouco mais a história de Maria Montessori
Assista também o vídeo com a professora de psicologia da educação Mitsuko 
Antunes, que aborda o processo de desenvolvimento e a aprendizagem das 
crianças pelas teorias de Montessori. Após assistir o vídeo, reflita se o método 
montessoriano é aplicado nas salas de aula regulares ou de recursos Disponí-
vel em: https://bit.ly/3bmfWHd. Acesso em 25 ago. de 2020.
BUSQUE POR MAIS
“Como estrelas na terra, toda criança é especial”
Qual a relação do o filme com o método montessoriano? Dis-
ponível em: https://bit.ly/3biLlKu. Acesso em 25 ago. de 2020
BUSQUE POR MAIS
17
1. A antiguidade foi considerada o período do extermínio, a deficiência não exista como 
tal. Todas as crianças que nasciam deficientes ou com algum tipo de anormalidade eram 
rejeitadas e eliminadas sumariamente. 
I. No Egito Antigo as pessoas as pessoas com deficiência faziam parte da sociedade 
conforme revelavam as evidências arqueológicas.
II. Na Antiguidade Clássica, tanto na Grécia como em Roma, as crianças consideradas 
doentes, frágeis ou deficientes eram abandonadas até a morte.
III. Na Idade Média o cristianismo foi propagado e as pessoas com deficiência, começaram 
a ser culpadas por sua deficiência, já que esta era considerada um castigo de Deus pelos 
pecados cometidos.
Considerando as afirmativas, marque a CORRETA.
a) Apenas I é verdadeira.
b) Apenas II e III são verdadeiras.
c) Apenas II é verdadeira. 
d) Todas as alternativas são falsas.
e) Todas as alternativas são verdadeiras.
2. A deficiência ao longo dos períodos da história é incompatível com a proposta de um 
sujeito capaz por sua própria força do trabalho para sobreviver e culturalmente e ser 
inserido na sociedade.
Assinale a alternativa CORRETA
a) A história da deficiência não buscava um padrão de beleza e perfeição.
b) Todas as pessoas com deficiência em toda a história devem esperar para que as outras 
pessoas lutem por seus direitos de cidadania e trabalho.
c) Todas as crianças que nasciam deficientes ou com algum tipo de anormalidade eram 
acolhidas pelas famílias e tinham seus direitos resguardados.
d) A deficiência sempre foi tratada de forma desrespeitosa e sem empatia. Ao longo dos 
anos, em cada período histórico construía-se uma percepção a respeito da deficiência.
e) Um adulto saudável e forte, militar que servisse a sua pátria, que participasse de jogos 
e representasse a estética e a beleza teria sido condenado a morte ao nascer.
3. Leia as alternativas a seguir e assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso:
As alternativas verdadeiro/falso dizem respeito a que tema?
( ) Após a doutrina cristã, a morte de crianças passou a ser condenada.
( ) Na antiguidade as práticas de abandona eram comuns e aconteceram em diversas 
regiões americanas.
( ) A doutrina cristã modificou o cenário da deficiência, as pessoas passaram a ser vistas 
FIXANDO O CONTEÚDO
18
como criaturas divinas.
( ) Na Roma Antiga, bebês do sexo feminino ou com alguma deficiência eram colocados 
aos pés do pai para que ele decidisse se viveria ou morreria.
( ) As pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência na Antiguidade Clássica 
não recebiam nenhum tipo de atendimento, eram negligenciadas e condenadas ao 
abandono.
A sequência correta é
a) F, V, V, V, F.
b) V, F, F, V, V.
c) V, F, V, V, V.
d) V, V, V, V, V.
e) F, F, F, V, V.
4. Assinale a alternativa CORRETA:
a) Foi naIdade Média, Alemanha, que o primeiro hospital para cegos foi fundado.
b) O objetivo do hospital de cegos era atender toda a população que desse serviço 
necessitasse.
c) Foi na Idade Média, Paris, que o primeiro hospital para cegos foi fundado
d) O objetivo do hospital de cegos era atender os soldados que haviam ficado surdos na 
Sétima Cruzada.
e) No período cristão as pessoas com deficiência tiveram o apoio da Igreja, em destaque 
do bispo de Myra, que alimentava e acolhia as pessoas abandonadas
5. Uma vez que a capacidade de sobrevivência decorria de habilidades individuais para 
a caça, pesca e abrigo, diante da total submissão do homem aos desígnios da natureza, 
assim, muito provavelmente, eram seletivamente eliminados aqueles que não poderiam 
contribuir para a manutenção da subsis-tência do grupo. 
 BIANCHETTI, L. Aspectos históricos da apreensão e da educação dos considerados Deficientes. In BIANCHETTI, L; 
 FREIRE, I.M. (Org.). Um olhar sobre a diferença: interação, trabalho e cidadania. São Paulo: Papi-rus, 1998. 
De acordo com os conteúdos aborda dos nas aulas e no livro base Funda-mentos 
para Educação Especial, a tentativa de apreender o significado do preconceito e da 
discriminação e da exclusão de pessoas com deficiência requer a significação 
a) no espaço histórico e na cultura. 
b) no presente e no passado.
c) no tempo e no espaço histórico.
d) no tempo e na história moderna.
e) no tempo e na cultura.
6. Em Atenas, Esparta e Roma são recorrentes os relatos dos filósofos – trabalhadores 
intelectuais daquela sociedade – sobre extermínio de crianças com deficiências desde 
o nascimento deficiências, desde o nascimento; tratavam de disseminar os valores 
19
necessários a manutenção da nobreza em seus discursos.
SILVA S.; VIZIM, M. (Org.). Educação especial: múltiplas leituras e diferentes significados. Campinas: Mercado de Letras, 2001. 
De acordo com o texto assinale a alternativa CORRETA.
a) Eram cuidadas e colocadas em lugares especiais. 
b) Os recém-nascidos mal constituídos eram negligenciados até a morte.
c) Eram devorados pelos cães.
d) Eram pisoteadas pelos touros.
e) Eram tratadas como iguais.
7. Assinale a alternativa CORRETA:
a) Foi na Idade Média, Alemanha, que o primeiro hospital para cegos foi fundado.
b) O objetivo do hospital de cegos era atender toda a população que desse serviço 
necessitasse.
c) Foi na Idade Média, Paris, que o primeiro hospital para cegos foi fundado
d) O objetivo do hospital de cegos era atender os soldados que haviam ficado surdos na 
Sétima Cruzada.
e) No período cristão as pessoas com deficiência tiveram o apoio da Igreja, em destaque 
do bispo de Myra, que alimentava e acolhia as pessoas abandonadas
8. Em relação aos dispositivos legais que fizeram parte da história, assinale os que se 
apresentam de forma consecutiva:
a) Constituição Federal, Declaração de Salamanca, Convenção de Guatemala, Plano 
Nacional de Educação.
b) Constituição Federal, Declaração de Salamanca, Convenção de Guatemala, PNEE, 
Plano Nacional de Educação. 
c) Declaração de Salamanca, Convenção de Guatemala, PNEE, Plano Nacional de 
Educação e Política da Inclusão.
d) Constituição Federal, Declaração de Salamanca, Convenção de Guatemala, PNEE, 
Plano Nacional de Educação e Política da Inclusão.
e) Constituição Federal, Convenção de Guatemala, PNEE, Plano Nacional de Educação e 
Política da Inclusão.
20
A HISTÓRIA DA 
DEFICIÊNCIA NO 
BRASIL 
21
 No Brasil, a educação das crianças com deficiência surge com as ideias 
divulgadas no final do século XVIII e início do século XIX, e se deu inicialmente de forma 
institucionalizada (JANNUZZI, 2004 ).
 Com liberalismo, ocorreu uma luta pela abolição de algumas instituições coloniais, 
oposição à interferência do Estado na economia e a defesa da liberdade de expressão e 
da propriedade privada (COSTA, 1979).
 O liberalismo defendia a liberdade em todos os campos: intelectual, político, 
social, religioso e econômico, consequentemente sua interferência em todos esses 
campos, influenciou também o início da educação das pessoas com deficiência 
no Brasil. A relação explica-se pelo fato de como o movimento estava vinculado com 
a democratização dos direitos para todos os cidadãos, as pessoas com deficiência 
começam a ser vistas dessa forma, como cidadãos de direitos.
 No Brasil as Santas Casas de Misericórdia seguiam a tradição europeia, acolher 
pobre e doentes. Devido a isso exerceram um papel importante na educação de 
pessoas com deficiência. Em são Paulo, a partir de 1717, a Santa Casa de Misericórdia 
acolhia crianças abandonadas até os 07 anos de idade. Supõe-se que que muitas destas 
crianças apresentavam doenças mentais.
 Ao completarem 7 anos de idade as crianças que não apresentavam deficiência 
eram enviadas para outros seminários a fim de que pudessem se preparar apara o 
futuro. É possível, porém, sem registros históricos que algumas crianças com deficiências 
menos severas talvez tivessem o mesmo destino.
 Por outro lado, as mais acometidas pela deficiência, permaneciam nas Santas 
Casas, doentes e alienadas (SILVA A. M., 2012).
 O abandono de crianças com ou sem anomalias nas Santas Casas de Misericórdia 
pode ter sido facilitado pela criação do Asilo dos Expostos. Segundo Moraes (2000, p. 73):
2.1 SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO: CONCEITOS E FUNÇÕES2.1 SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO: CONCEITOS E FUNÇÕES
[...] o então presidente da Província, Lucas A. M. de Bar-
ros, cria em 1825, a Casa da roda ou Casa dos Expostos 
e a instala no pavimento térreo da Santa Casa de Mise-
ricórdia. O Asilo dos expostos era também chamado de 
Casa da Roda em alusão ao dispositivo nela existente, 
uma roda que, girando em torno de um eixo perpendi-
cular, ocupava toda uma janela – sempre aberta do lado 
de fora, de modo que que desejasse se desfaze de uma 
criança pudesse depositá-la na caixa e, movimentando 
a roda, passá-la para o interior do prédio.
“A primeira ideia que uma criança precisa ter é a da di-
ferença entre o bem e o mal. A principal função do edu-
cador é cuidar para que ela não confunda o bem com a 
passividade e o mal com a atividade.” (Maria Montessori)
Numa Sociedade iletrada era raro que o enjeitado se fizesse acompanhar por algum bi-
lhete. Os registros escritos que sobreviveram ao tempo dão conta de que a preocupação 
com o batismo era mais importante que a sobrevivência.
FIQUE ATENTO
22
 Cabe ressaltar que apesar do abandono e do assistencialismo de algumas 
instituições, o direito das pessoas com deficiência estava previsto implicitamente desde 
a primeira constituição do Brasil promulgada em 22 de abril de 1824.
 Logo em seguida, no Rio de Janeiro, por meio da Lei nº 839, de 26 de setembro de 
1857, aprovada também por D. Pedro II, foi criado o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, 
a primeira instituição do Brasil voltada para o atendimento des-se público. Em 1956, 
o instituto foi nomeado como Instituto Nacional de Surdos e Mudos e, em 1957, como 
Instituto Nacional de Educação de Surdos (FENEIS).
 Apesar de alguns esforços, Mazzotta (1995) esclarece que durante o século XIX as 
iniciativas voltadas para o atendimento de pessoas com deficiência foram isoladas. Por 
outro lado, Jannuzzi (2004 ) esclarece que apesar de serem pouco significativas essas 
 A Constituição é clara com relação à educação primária minimamente gratuita 
“a todos os cidadãos”, contudo, na prática o lugar da pessoa com deficiência não era na 
escola, mas para a Roda dos Excluídos, e, como alguma talvez pudesse ingressar em um 
seminário. Eis uma das facetas cruéis da exclusão, já referenciada há séculos atrás.
 Por volta de 1857, o Brasil passava por um momento de estabilização e crescimento 
econômico, além da crescente influência das ideias vindas principalmenteda França, 
local onde o movimento da deficiência já caminhava a passos mais largos (JANNUZZI, 
2004 ).
 A inspiração chega ao Brasil com base nas experiências de médicos filósofos e 
educadores da Europa e Estados Unidos. A partir de então, inicia-se uma organização de 
serviços voltados para o atendimento das pessoas com deficiências sensoriais, mentais 
e físicas (MAZZOTA, 1995).
 De acordo com o referido autor, D. Pedro II inaugura em 17 de setembro de 1854 
o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Sua fundação recebeu a participação do José 
Álvares de Azevedo, ex-aluno do Instituto de Jovens Cegos de Paris.
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Políticos 
dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberda-
de, a segurança individual, e a propriedade, é garantida 
pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.
XXXII. A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cida-
dãos. (Brazil, 1824).
Figura 2: Imperial Instituto dos Meninos Cegos
Fonte: Rio de Janeiro (1854)
23
iniciativas, houve preocupação em melhorar a vida dos alunos com deficiência mais 
severa, apesar das instituições que atendiam cegos e surdos, serem privilegiadas.
 Após 1920, ocorreu o crescimento do número de instituições especializadas 
no atendimento a pessoa com deficiência, configurando-se no período da 
institucionalização, que conversaremos a seguir.
 A história da educação especial passou por diversos momentos como já lido 
anteriormente, um desses períodos foi nomeado com período da institucionalização. 
Ele foi caracterizado segundo Aranha (2004, p. 14):
 Por volta de 1930, a sociedade começa a se organizar por meio de associações 
de pessoa envolvidas com a deficiência, paralelamente observa-se algumas iniciativas 
do governo, como a criação de instituições para atender às necessidades das pessoas 
com deficiência. Foram criadas escolas anexas aos hospitais e ao ensino regular. Foram 
fundadas instituições filantrópicas e criados institu-tos pedagógicos e centros de 
reabilitação, geralmente particulares (MAZZOTA, 1995).
 Contudo a educação especial se firma na década de 1960, em função do grande 
desenvolvimento econômico pelo qual o país estava passando. Do ponto de vista 
econômico, a escola surge como a produtora e formadora de mão de obra essenciais 
as necessidades das formas de produção, principalmente para a ocupação de cargos 
elevados, administradores, técnicos, planejadores, etc. 
 A valorização do trabalho possibilitou a valorização da escola, como dispositivo de 
promoção individual, acesso ao emprego e melhoria na renda familiar. A escola deixa 
de ter um papel meramente educativo, mas, agrega-se a ele o compromisso de fazer 
desenvolver o país (JANNUZZI, 2004 ).
 Incialmente nos referimos a um período em que muitas instituições foram criadas, 
algumas ainda existem e exercem um papel importante na prestação de serviços 
em educação especial. Mazzotta (1995) destaca a criação de algumas instituições 
especializadas no ensino de pessoas surdas, cegas, deficientes físicos e mentais. 
Assista a entrevista à Rádio Brasil atual no dia 07 de 
fevereiro de 2020, com a pesquisadora Meire Caval-
canti, que aponta que o governo atual tenta destruir 
a Política Nacional de Educação Especial na Perspec-
tiva da Educação inclusiva. Essas mudanças estão as-
sociadas à segregação /institucionalização da pessoa 
com deficiência? Disponível em: https://bit.ly/3bjC2de 
Acesso em 25 ago. de 2020
BUSQUE POR MAIS
2.2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO2.2 A INSTITUCIONALIZAÇÃO
pela retirada das pessoas com deficiência de suas co-
munidades de origem e pela manutenção delas em ins-
tituições residenciais segregadas ou escolas especiais, 
frequentemente situadas em localidades distantes de 
suas famílias.
24
 O autor destaca na área da cegueira o Instituto de Cegos Padre Chico, escola 
fundada em 1928, que objetivava atender crianças com deficiência visual em idade 
escolar, e a Fundação para O livro do Cego no Brasil instalada em São Paulo em 1946. Sua 
finalidade era produzir e distribuir livros em impressos em Braille. Em seguida passou 
também a reabilitar pessoas cegas e baixa visão.
 Para o atendimento das pessoas surdas, as referências foram o Instituto Santa 
Terezinha, fundado em 1929 atendia meninas surdas em regime de internato. A partir 
de 1970 passou a atender também meninos, com regime externato, integrando os 
alunos no ensino regular. A Escola Municipal de Educação Infantil e de Primeiro Grau 
par Deficientes Auditivos Helen Keller foi fundada em 1951e contribuiu para a criação de 
outras 04 escolas para o atendimento de alunos surdos.
 O Instituto Educacional São Paulo (Iesp) foi criado em 1954, atendendo crianças 
com idade entre 5 e 7 anos. Em 1969 foi doado à Fundação São Paulo, sendo subordinado 
ao Centro de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comu-nicação (Cerdic). 
Ainda segundo Mazzotta (1995) com relação ao atendimento das pessoas com deficiência 
física, destaca-se a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o Lar-Escola São Francisco e 
a Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD).
 A AACD foi fundada em 1950 pelo médico Renato da Costa Bonfim. É uma 
entidade privada sem fins lucrativos. Hoje é chamada de Associação de Assistência à 
Criança Deficiente. Seu objetivo é habilitar, prevenir e reabilitar crianças e jovens com 
deficiência, possibilitando a integração social (MAZZOTA, 1995).
 Em relação à deficiência mental o autor destaca duas instituições renomadas e 
reconhecidas no Brasil e que mantêm até hoje um papel relevante no atendimento a 
pessoas com deficiência mental: a Sociedade Pestallozi e a Associação de Pais e Amigos 
dos Excepcionais (APAE). 
 A primeira Sociedade Pestallozi foi fundada em Porto Alegre no ano de 1926 
por um casal de professores que se inspiraram na concepção da pedagogia social 
desenvolvida pelo Educador Henrique Pestalozzi.
 Em 1927 ela foi transferida para Canoas. Em 1935 foi criado o instituto Pestalozzi 
de Minas Gerais com a participação ativa de Helena Antipoff. Em 1948 outra Sociedade 
Pestalozzi foi criada no Rio de Janeiro e em 1952, em São Paulo (MAZZOTA, 2005).
 De acordo ainda com o autor, Helena Antipoff participou do movimento que 
criou a primeira Apae em 1954 no Rio de Janeiro. Atualmente existem mais de 2000 
municípios atendidos pelas APAES.
Sociedade Pestalozzi de Niterói
Tem como finalidade “defender e garantir a dignidade e os direitos do ser hu-
mano”, principalmente da pessoa com deficiência visando a inclusão. Ofere-
ce serviços de Assistência Social, Saúde e Educação. Disponível em: https://bit.
ly/2IujTzf. Acesso em 25 ago. de 2020
BUSQUE POR MAIS
25
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, marca a história da deficiência 
à medida que garante a liberdade e a igualdade de direitos, bem como privilegia as 
minorias (incluindo as pessoas com deficiência) que historicamente foram excluídas, 
discriminadas, diferenciadas além de sofrer maus tratos físicos e psicológicos.
 Até a década de 60 predominavam os serviços privados, as classes especiais nas 
redes públicas existiam de forma menos expressiva. De acordo com Ferreira (2006) o 
aumento no número de instituições se deu entre 1960 e 1970, instituições estas voltadas 
para alunos com deficiência mental.
 Este momento foi marcado segundo a autora pela influência médica na educação, 
 Um dos importantes marcos para a pessoa com deficiência no cenário político 
mundial ocorre em 1948, com a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos 
que garante a igualdade de direitos para todos os cidadãos sem distinção. (Organização 
das Nações Unidas, 1948):
VAMOS PENSAR?
APAE EM NÚMEROS
2.201
Apaes e entidades filiadas coordenadas por
24
Federações Estaduais abrangendo todos os estados brasileiros para atender cerca de
250.000
pessoas com deficiência intelectual e múltipla diariamente.
Na sua cidade tem APAE? Você conhece o trabalho que é desenvolvido lá? Procure sa-ber!
2.3 MARCO NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO2.3MARCO NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO
Art. I - Todos os seres humanos nascem livres e iguais 
em dignidade e direitos. São dotados de razão e consci-
ência e devem agir em relação uns aos outros com espí-
rito de fraternidade.
Art. II - Todo ser humano tem capacidade para gozar os 
direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, 
sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, 
sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natu-
reza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou 
qualquer outra condição.
[...]
Art. V - Ninguém será submetido à tortura nem a trata-
mento ou casti-go cruel, desumano ou degradante.
Art. VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem 
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm 
direito a igual proteção contra qualquer discriminação 
que viole a presente Declaração e contra qualquer inci-
tamento a tal discriminação.
[...]
26
tanto de crianças com deficiência como das demais. 
 A psicologia também teve suas influências sobre a educação, com a aplicação 
dos testes de inteligência, favorecendo a homogeneização e a organização das classes, 
consequentemente, a aprendizagem.
 Outro marco no período da institucionalização foi a promulgação da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), lei nº 4.024, de 1961. A partir dessa lei 
a deficiência não mais aparece nas entrelinhas ou no entendimento de cada um.
 Não obstante a Lei nº 9.394/1996, evidencia mais claramente o direito da pessoa 
com deficiência.
 Posteriormente foi instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defi-ciência 
(LBI) nº 13.146 de 06 de julho de 2015. Essa lei consolidou os direitos funda-mentais da 
pessoa com deficiência.
Art. 88 - A educação de excepcionais deve no que for 
possível enquadrar-se no sistema geral da educação, a 
fim de integrá-los na comunidade.
Art. 89 – Toda iniciativa privada considerada eficiente 
pelos conselhos estaduais de educação, e relativa à edu-
cação de excepcionais, receberá dos poderes públicos 
tratamento especial mediante bolsa de estudo e sub-
venções (BRASIL , 1961).
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efei-
tos desta Lei, a modalidade de educação escolar ofere-
cida preferencialmente na rede regular de ensino, para 
educandos com deficiência, transtornos globais do de-
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe-
cializado, na escola regular, para atender às peculiarida-
des da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, 
escolas ou ser-viços especializados, sempre que, em 
função das condições específicas dos alunos, não for 
possível a sua integração nas classes comuns de ensino 
regular.
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput 
deste artigo, tem início na educação infantil e estende-
-se ao longo da vida [...] (BRASIL, 1996).
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa 
com Deficiên-cia (Estatuto da Pessoa com Deficiência), 
destinada a assegurar e a promover, em condições de 
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fun-
damentais por pessoa com deficiência, visando à sua 
inclusão social e cidadania.
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que 
tem impedi-mento de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou senso-rial, o qual, em interação 
com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participa-
ção plena e efetiva na sociedade em igualdade de con-
27
 A LDBEN de 1961 foi considerada o início do reconhecimento dos direitos da 
pessoa com deficiência, ela expande os direitos assegurando condições de igualdade e 
a permanência do aluno com deficiência nas escolas regulares, visando a plena inclusão, 
o que talvez no cenário real ainda esteja longe de ocorrer.
 Na próxima unidade conversaremos acerca dos marcos legais que cercei-am a 
educação especial, conquistas obtidas e os movimentos da inclusão.
dições com as demais pessoas (Brasil, 2015).
VAMOS PENSAR?
VAMOS PENSAR?
Faça um levantamento sobre o número de pessoas com deficiência de sua cidade e o 
número de instituições especializadas no atendimento a essas pessoas. 
Agora, vamos pensar...O número de instituições é suficiente para atender ao número de 
pessoas com deficiência e suas demandas? Em que medida a inclusão garantida por lei é 
praticada em sua cidade?
É possível pensarmos atualmente que as entidades especializadas para a pessoa com 
deficiência ainda cumprem mesmo que sutilmente o papel da institucionalização?
Assista o filme “Extraordinário”
O filme retrata a vida de um garoto que nasceu com uma 
deformação facial e que frequentará a escola pela primei-
ra vez aos 10 anos de idade. Lá precisará lidar com todos 
os colegas o observando e com as questões relativas ao 
preconceito. Tente relacionar o filme a garantia dos direi-
tos da pessoa com deficiência e com o preconceito ainda 
fortemente praticado nas escolas. Disponível em: https://bit.
ly/2DlgeBs. Acesso em 25 ago. de 2020
Conheça um pouco mais sobre a educação especial e inclu-
são escolar lendo a obra Aline Maira da Silva. 
Disponível em: https://bit.ly/3lCqJSe
Acesso em 25 ago. de 2020
BUSQUE POR MAIS
BUSQUE POR MAIS
28
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Apesar de alguns esforços, Mazzotta (2005) esclarece que durante o século XIX as 
iniciativas voltadas para o atendimento de pessoas com deficiência foram isoladas.
Diante do exposto é CORRETO afirmar que 
a) a Educação inclusiva se fortaleceu nesse período.
b) a Educação Especial foi criada para atender a educação inclusiva e alunos sem 
deficiência.
c) as ações nesse período foram voltadas para as altas habilidades/superdotação.
d) foram criadas escolas especializadas para atender a demanda de crianças deficientes.
e) apesar de serem pouco significativas essas iniciativas, houve preocupação em 
melhorar a vida dos alunos com deficiência mais severa, apesar das instituições que 
atendiam cegos e surdos, serem privilegiadas.
2. De acordo com a legislação vigente, as escolas devem desenvolver práticas inclusivas. 
Considere as seguintes afirmativas com relação à perspectiva da educação inclusiva no 
espaço escolar.
I- A escola deve evitar o contato entre estudantes que não apresentam deficiências e os 
que apresentam.
II- A escola deve promover o contato entre estudantes que não apresentam deficiência 
e os que apresentam, atuando de forma a evitar situações que envolvam intimidação 
vexatória.
III- O professor deve acompanhar, sem o auxílio de outros profissionais, a aprendizagem 
dos estudantes com deficiência, e altas habilidades/superdotação e transtornos globais 
do desenvolvimento.
IV- A escola deve elaborar uma proposta pedagógica que atenda aos grupos e às 
necessidades individuais.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas:
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
e) Todas as alternativas estão corretas.
3. A LDBEN de 1961 foi considerada o início do reconhecimento dos direitos da pessoa 
com deficiência, ela expande os direitos assegurando condições de igualdade e a 
permanência do aluno com deficiência nas escolas regulares, visando a plena inclusão, 
o que talvez no cenário real ainda esteja longe de ocorrer.
Outra lei que marca a história da inclusão no Brasil é 
29
a) Lei 13.146/2015 – LBI Lei Brasileira de Inclusão. 
b) Declaração de Salamanca.
c) Declaração de Jontien.
d) Decreto Federal nº3.965/2001.
e) Resolução nº 4/2009.
4. Com relação as Santas Casas de Misericórdia, elas exerceram um papel fundamental 
na educação das pessoas com deficiência, já que seguindo a tradição europeia, atendiam 
pobres e doentes. A partir de 1717, essas instituições passaram a acolher
a) crianças surdas.
b) crianças cegas.
c) adultos deficientes abandonados.
d) apenas meninas abandonadas.
e) crianças abandonadas até 7 anos de idade que poderiam ou não apresentar prejuízos 
físicos ou mentais.
5. A institucionalização refere-se a 
a) retirada das pessoas com deficiência de suas comunidades de origem pelae pela 
manutenção delas em instituições residenciais segregadas ou escolas especiais, 
frequentemente situadas em localidades distantes de suas famílias.
b) a inclusão das pessoas com deficiência em suas comunidades de origem e pela 
manutenção delas em instituições residenciais ou escolas especiais, frequentemente 
situadas em localidades próximas de suas famílias.
c) a criação de instituições para atender às necessidades das pessoas com deficiência.
d) vulnerabilidade social em diferentes situações.
e) a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos e Asilo dos expostos.
6. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu art. 58, 
entende-se por Educação Especial a modalidade de educação escolar oferecida 
preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com
a) deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e 
superdotação.
b) vulnerabilidade social em diferentes situações.
c) transtornos de aprendizagem e com deficiência. 
d) deficiência e atrasos no desenvolvimento. 
e) transtornos no desenvolvimento e transtornos mentais.
7. Um dos importantes marcos para a pessoa com deficiência no cenário político mundial 
ocorre em 1948 por meio de um documento mundial que garante a igualdade de direitos 
para todos os cidadãos sem distinção. 
Esse documento refere-se 
a) a Lei 13.146/2015.
b) a LDBEN.
30
c) a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
d) a Constituição Federal de 1988.
e) a Declaração de Salamanca.
8. Em relação à deficiência mental duas instituições fundadas no passado e reconhecidas 
no Brasil se mantêm até hoje. São elas a Sociedade Pestallozi e a Associação de Pais e 
Amigos dos Excepcionais (APAE). 
a) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e o Instituto de Surdos-mudos.
b) a Sociedade Pestallozi e Asilo dos expostos.
c) a Sociedade Pestallozi e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
d) o Instituto de Surdos-mudos e o Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
e) o Imperial Instituto dos Meninos Cegos e Asilo dos expostos.
31
A ESCOLA COMO ESPAÇO 
PARA A DIVERSIDADE
32
 Quando pensamos em diversidade cultural associamos rapidamente a ideia de 
cultura, linguagem, culinária, tradição, política, modelo de organização familiar, costumes 
entre outras características que fazem parte de um grupo de pessoas que habitam um 
mesmo lugar. Estas características dão a identidade a uma comunidade, uma vez que a 
cultura é transmitida de geração a geração reforçando os costumes de uma população 
(PAULA, 2013).
 Segundo Hirye; Neuza e Altoé (2016) quando pensamos no Brasil, em toda a sua 
extensão territorial e em sua população numerosa e miscigenada pela colonização, 
entendemos que somos um país composto por um povo que apresenta uma vasta 
diversidade cultural. A diversidade cultural é exatamente o contrário da homogeneidade, 
ela representa a pluralidade, a diferenciação e a variedade. 
 Ela se traduz como um componente ativo na vida das pessoas, não é possível pensar 
em seres humanos sem cultura, porque nos apropriamos dela ao nascer, a recriamos ao 
longo da vida e a propagamos por onde formos (PAULA, 2013).
 Ela nos possibilita compreender a diferença que existe entre as várias culturas ao 
nosso redor, no Brasil e no mundo, e como nos construímos por meio dela.
 É essa variedade cultural que chamamos de identidade cultural de um grupo de 
indivíduos ou de uma sociedade. É ela quem marca, criva, personaliza e diferencia um 
determinado grupo dos demais membros da população.
 Diante deste contexto de uma variedade cultural que marca uma população, é 
preciso repensar a sala de aula e seus inúmeros vieses. É de suma importância que o 
aluno conheça e reconheça sua história, cultura local e a cultura das outras regiões que 
compõem o nosso país, ou seja, a nossa diversidade. Pen-sando nisto, o professor exerce 
o papel fundamental de “ponte” entre o aluno e diversidade cultural com suas mais 
variadas manifestações (MOSER, 2017).
 Para a autora, é ele quem fortalecerá este processo de valorização, sem, entretanto, 
tentar unificá-la ou fundi-la, muito ao contrário, sua tarefa é desmistificar a tentativa 
imposta pelos meios de comunicação de agrupar ou menosprezar os processos culturais 
e suas características singulares.
 Atualmente os meios de comunicação em suas propagandas e campanhas de 
Marketing publicitário escolhem modelos que representem e fortaleçam a diversidade. 
Entretanto, apesar desse esforço, ainda é muito comum que os(as) alunos (as) sofram 
diversos tipos preconceitos: etnia, região, classe social, gênero entre outros. 
 Esses preconceitos provocam constrangimentos e consequentemente 
3.1 DIVERSIDADE CULTURAL
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa em 
que o destino, para escrever um novo caso, precisa de 
apagar o caso escrito. “Machado de Assis
Diversidade Cultural são as diferenças que existem entre os seres humanos. Essas diferen-
ças podem ser referentes a religião, ao gênero, a linguagem, entre outros costumes e tra-
dições, de acordo com a organização social de cada grupo.
FIQUE ATENTO
33
comprometem a qualidade da aprendizagem e a convivência com os colegas de sala e 
até mesmo com o professor. O preconceito desconsidera a diversidade!
 O multiculturalismo é o resultado da convivência e da interação entre as pessoas, 
seja por processos de migração, colonização ou êxodo, como podemos verificar na 
imagem anterior.
 Para além destas reflexões, e de acordo com o documento Parâmetros 
Curriculares Nacionais (1997) a pluralidade cultural refere-se à valorização e 
ao conhecimento das características étnicas e culturais, as práticas sociais 
discriminatórias e às desigualdades econômicas dos diferentes grupos sociais que 
convivem no território nacional. Ela possibilita ao aluno conhecer o seu país por 
meio de sua complexidade e a desconstruir conceitos enraizados na sociedade.
 Diante da singularidade que cada aluno traz para a sala de aula, percebe-se os 
desafios encontrados e a serem enfrentados pelos professores, uma vez que precisam 
aprender a respeitar a diversidade e suas implicações no processo de aprendizagem, 
bem como a forma de ensinar e contornar situações sem “ferir” aquilo que o(a) aluno(a) 
carrega consigo e que possivelmente levará por toda a vida.
 Ao refletirmos acerca dos desafios e das dificuldades e deficiências dos processos 
de aprendizagem ampliamos ainda mais essa discussão ao examinarmos o Art. 2º das 
diretrizes Curriculares Nacionais (2015) que trata da formação Inicial e Continuada em 
Nível Superior, aplicando-a a todas as modalidades de educação: Educação Especial, 
Educação Profissional e Tecnológica, Educação de Jovens e adultos, Educação do Campo, 
Educação Escolar indígena, Educação a Distância e Educação Quilombola.
 Após o exposto, estamos todos preparados para atuar em alguma destas 
modalidades de ensino abarcando sua diversidade sem desconsiderar a identidade 
cultural dos grupos sociais? Todas as modalidades de educação são contempladas 
na Formação Inicial e Continuada a nível Superior? Existe integração entre elas? 
Interdisciplinaridade? Transdisciplinaridade? Estas e outras questões permearão o Livro 
Didático, e possivelmente ao chegarmos ao término dele, talvez não tenhamos respostas 
para tantas questões.
 Dando sequência às questões que permeiam a diversidade e os desafios a serem 
enfrentados nas instituições de ensino, Freitas (2006) esclarece que a escola é um 
espaço em que as contradições sociais se revelam por todo o tempo, é um espaço de 
multicultralismo.
VAMOS PENSAR?
Cada aluno (a) é único e singular, traz para a sala de aula toda a sua bagagem cultural, 
costumes, formas de pensar e agir, religiosidade/espiritualidade, classe social, gênero entre 
outros.
3.2 MULTICULTURALISMO E A ESCOLA CULTURAL
34
VAMOS PENSAR?
A discriminação e o preconceitominimizam as chances de qualidade de ensino para 
todos? A escola é pensada em uma dimensão cultural? Que tipo de professor você é di-
ante do preconceito e da discriminação? A escola promove a exclusão ou a liberdade? Para 
responder a essas questões, assista ao vídeo: https://bit.ly/3bgG1r7 
Vamos enfrentar o preconceito na escola?
 Nesse contexto em que a escola pode promover a exclusão ou a liberda-de, ela 
precisa realizar um deslocamento de lugar: deixar de ser o veículo da cultura dominante 
tanto do saber quanto da cultura para ceder lugar ao acolhimento “das culturas” da 
pluralidade em que alunos e alunas estão inseridos. 
 Ressaltamos diante do exposto o quanto é importante a mudança do papel da 
escola e do professor no sentido de (re)conhecer cada aluno e cultura. Esse extenso 
trabalho de campo a ser realizado pelo(a) docente e pela escola é o mesmo que promover 
cindir com a cultura dominante e excludente que vivemos, em busca de um lugar que 
privilegie a singularidade, o aluno e sua cultura. 
 É papel do professor promover a transformação social, acolher as diversidades, 
buscar estratégias de ensino em que o aluno seja o grande protagonista, e não a escola. 
Ela seria o veículo promotor da liberdade. 
 Na série “ Anne with an E” a chegada da nova professora cheia de ideias, distanciada 
de preconceitos e em busca de novas práticas pedagógicas, ilustra a dominância de uma 
cultura preconceituosa de uma cidadezinha do interior bem como toda nossa discussão! 
Não deixe de assistir!
 Como na série, cindir com a cultura dominante é o mesmo que rever o tra-balho 
desenvolvido por muitas escolas que ainda não estão devidamente preparadas para 
atender a todo tipo de diferença com vistas à transformação social que estamos vivendo. 
As diferenças chegam todos os dias nas escolas, já fazem parte do nosso cotidiano. Será 
que estamos atentos a elas?
 Cabe à escola (Educação Infantil e demais segmentos) e programas educacionais 
investir na valorização da diversidade, objetivando ensinar crianças e jovens a respeitar e 
a conviver com a diferença.
Na segunda temporada, episódio 09 a professora recém-
chegada ao vilarejo traz métodos de estudo nada conven-
cionais para a época, rompendo com barreiras como racis-
mo, homofobia, cultura dominante, além de ter uma forma 
inusitada de ensinar, baseando-se na experiência prática 
associa-da à teoria, completamente diferente do professor 
anterior. 
De acordo com os dois posicionamentos dos professores 
apresentados na série, qual é seu posicionamento em sala 
de aula? Disponível em: www.netflix.com.br. Acesso em 25 
ago. de 2020.
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35
 Nesse sentido é válido nos questionarmos acerca de que tipo de educação 
queremos para nossos(as) alunos(as) e que tipo de professores e professoras precisamos 
ser hoje, pensando em uma sociedade futura completamente marcada pela diferença e 
pela diversidade. 
 Para Gadotti (2000, p. 1) os discentes precisam de uma educação pautada em uma 
ética e cultura da diversidade. A escola deve educar pensando no pluralismo cultural, 
em que o outro não só existe, mas que é legítimo e singular com sua cultura, sua história, 
sua etnia, um ser heterogêneo, multifacetado, atravessado por costumes que provém 
de suas famílias e lugares onde reside, além de apresentar diferenças no ritmo 
de aprendizagem. Um ser único e dialeticamente plural, inserido em um espaço 
de aprendizagem em que a sua característica mais marcante é a diversidade e a 
pluralidade.
 Não restam dúvidas que é inadiável e urgente considerar a proposta de se valorizar 
a diversidade em sala de aula e nos espaços escolares, essa demanda emerge há muito 
tempo, a lembrarmos pelos movimentos e lutas sociais. 
 O desafio que encontramos hoje está em como estabeleceremos as conexões 
necessárias entre os conteúdos programáticos da escola e a vida de cada aluno. É 
importante deixar de enxergar estas conexões como obstáculos ou dificuldades. 
 É preciso que a escola se planeje de modo a atender a diferença, a diversidade e as 
formas de aprendizagem, contribuindo para uma formação ampla e plena do cidadão, 
como um agente social e transformador de si e da sociedade em que vive. Nessa 
perspectiva, o olhar do professor precisa estar voltado para as diferenças, para o que 
o nosso país tem de melhor, buscando aprimorar seus conhecimentos, de forma que 
consiga ser coerente com a realidade cultural da escola que trabalha. 
Por trabalhar com a diversidade humana, comporta 
uma ampliação de horizontes para o professor e para o 
aluno, uma abertura para a consciência de que a reali-
dade em que vivem é apenas parte de um mundo com-
plexo, fascinante e desafiador, na qual o elemento uni-
versal subjacente e definidor das relações intersociais e 
interpessoais deve ser a Ética (BRASIL, 1997, p. 16).
Não devemos chamar o povo à escola para receber ins-
truções, pos-tulados, receitas, ameaças, repreensões e 
punições, mas para participar coletivamente da cons-
trução de um saber que vai além do saber de pura ex-
periência feito, que leve em conta suas necessidades e 
o torne instrumento de luta, possibilita-lhe transformar-
-se em sujeito da própria história (FREIRE, 1991, p. 16).
[...] A escola deve ser também um centro irradiador da 
cultura popular, à disposição da comunidade [...] um 
centro de debate de ideias, soluções, reflexões, onde, a 
organização popular vai sistematizando sua própria ex-
periência. A escola não é só um espaço físico. É um cli-
ma de trabalho, uma postura um modo de ser (FREIRE, 
1991, p. 16).
36
 Finalmente, a prática pedagógica docente precisa ter como premissa conteúdos 
e valores ressaltem a igualdade e a equidade, visando o combate da discriminação e 
preconceito, possibilitando a cada aluno se sentir especial e único, independentemente 
de sua cultura e suas raízes, valorizando a experiência prévia e já construída de cada um, 
indicando que essa valorização é um dos primeiros passos para a construção de uma 
sociedade mais igualitária e justa.
 Antes de começarmos a conversar sobre diversidade étnico-racial, é preciso 
esclarecer o conceito de raça, objeto de diversos estudos sociológicos e um termo 
muito complexo. Infelizmente a palavra raça é utilizada erroneamente nos dias atuais 
por parte do senso comum. Esse emprego inadequado se perpetuou durante muitos 
anos, como uma forma de dividir ou categorizar os grupos humanos por suas diferenças 
biológicas.
 As teorias sobre as diferentes raças humanas existem desde o final do século 
XVIII e início do século XIX, Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882), filósofo francês, “pai 
Os caminhos para uma educação voltada para a diversi-
dade são permeados de dificuldades e preconceitos. O livro 
Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e 
identidades aborda as questões relativas ao respeito à di-
versidade.
A autora Cláudia Regina de Paula ressalta que o respeito à 
di-versidade não está apenas voltado para a empatia e a 
boa vontade do professor, mas para questões que vão mui-
to além dos muros da escola.
Qual a relação da leitura do livro com a sua prática em sala 
de aula? Disponível em: https://bit.ly/3hSjLpS. Acesso em 25 
ago. de 2020
Assista o filme “Crianças Invisíveis
O filme trata de conflitos étnicos, políticos e econômicos, re-
abilitação de crianças, exposição a fatores de risco como o 
HIV e drogas ilícitas utiliza-das pelos familiares, violência 
escolar, trabalho infantil como forma de ajudar a família 
a manter o sustento da casa, maus tratos, violência não 
apenas nas classes populares e por fim a superação dessas 
crianças em meio as adversidades. Você consegue estabe-
lecer uma relação do filme com o conteúdo estudado? Dis-
ponível: https://bit.ly/2GiZige 
Acesso em 25 ago. de 2020
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3.3 DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL
Nossa pretensão é de uma sociedade não racial. Estamos lutando por 
uma sociedade em que o povo deixará e pensar em termos de cor. Não é 
uma questão de raça, é uma questão ideias. Nelson Mandela
37
 Após refletir sobre a posição do negro em nossa sociedade atualmente, Pinto e 
Ferreira (2014) esclarecem que no passado o processo de imigração no Brasil reforçou 
a ideia do “branqueamento”, o trabalho negro foi largamente substituído pela força de 
trabalho europeia. Isso explica-se pelas supostas evidências racistas de que o negro era 
do racismo moderno” e que defendia veementemente a ideia de que pessoas brancas 
eram superiores ao grupo de pessoas não brancas. Foram tantos os trabalhos nesta 
área que foram elencadas por pesquisadores quatro ou cinco raças, outros conseguiram 
identificar aproximadamente vinte (RODRIGUES, s.d).
 Segundo Carvalho et al. (2012) no século XIX, a “raça apresentava-se como um 
objeto de estudos dos “homens de ciência”, repleto de paradigmas científicos, sendo 
inscrita em um debate clássico acerca da “unidade” humana. 
 O debate transcorria e perpassava pelas noções de hierarquia e diferença social, 
ancorados e respaldados pelos Estados Unidos e Europa, relação que podemos apontar 
como científica, discriminatória, política e acadêmica. Acadêmica porque as escolas 
eram as grandes responsáveis por produzir e reproduzir as teorias raciais, respaldadas 
pelas lideranças políticas e culturais dos países citados.
 Para os autores, a ideia principal “ensinada” pelas escolas era que existia um 
pensamento “naturalizante” de “raça”. Isso nada mais, nada menos, quer dizer que havia 
uma diferença biológica marcante entre os sujeitos, consequentemente produzindo 
“naturalmente” hierarquias sociais. 
 Estes pressupostos teóricos construídos nos mostram que o conceito de raça foi 
apreendido ao longo do tempo e do espaço, corroborando para a apreensão de sentidos 
de inferioridade e superioridade, marcando cruelmente diversas comunidades. 
 Esse princípio resume os indivíduos ou uma classe de indivíduos como seres 
“prontos e acabados”; comportamentos, formas de pensar seriam determinadas pelos 
componentes biológicos, o que facilmente se justificava as desigualdades sociais, ou 
seja, o sujeito não era capaz de se modificar, de construir sua história, seus componentes 
biológicos determinavam sua existência e seu lugar na sociedade, como inferior ou 
superior.
 Assim, o conceito de teoria racial no período da Segunda Guerra Mundial foi 
amplamente adotado pelo mundo inteiro, principalmente quando as ameaças nazistas 
potencializaram o preconceito e o ódio em relação a determinados grupos. Podemos 
inferir que após tantos anos ainda existem grupos que se apropriam das teorias nazistas, 
imprimindo ódio e preconceito em determinadas comunidades.
 Isso explica a supremacia do povo europeu em relação aos demais povos. As 
diferenças culturais estavam ligadas as diferenças do corpo, como a cor da pele, ou seja, 
eram vistas como possibilidades de progresso social das sociedades mais adiantadas 
(CARVALHO, SALAINI, ALLEBRANDT, MEINERZ, & WEISHEIMER, 2012).
 O corpo negro, a cor negra, os cabelos negros eram considerados inferiores e força 
de trabalho em um mundo capitalista e escravocrata.
VAMOS PENSAR?
O corpo negro, a cor negra, o cabelo negro, deixaram de ser apenas corpo, cor e cabelo na 
atualidade, ou a sociedade é ainda é marcada por uma política branqueadora?
38
menos preparado que o trabalhador branco.
 A partir deste contexto, os autores afirmam que surge a ideologia da mestiçagem, 
que emerge como uma opção de aprimoramento ou melhoria da descendência étnica 
do povo brasileiro, culminando na construção de um Brasil pós-abolição, considerada 
pelos autores como mito da democracia racial.
 É impossível negar a desigualdade racial, social e econômica, além de sua função 
discriminatória. A elite dominante "trama" uma ideologia de que no Brasil não haveria 
discriminação racial, seria dada a todos os habitantes, negros, brancos e mestiços 
as mesmas oportunidades, sem diferenciação, muito embora a realidade vivida e 
experienciada era completamente divergente. 
 Esse mito da democracia racial ganhou a simpatia de alguns autores, entre eles 
o sociólogo Freyre (2006) que destaca em sua obra Casa Grande e Senzala, o processo 
de miscigenação como fator positivo e passível de reduzir a distância social oriunda do 
sistema escravocrata. 
 A miscigenação resolveria a questão da não aceitação social, além de representar 
uma nova configuração do povo brasileiro (PINTO & FERREIRA, 2014).
 Em sua obra Freyre (2006, p. 27) argumenta que os negros foram os fundadores da 
civilização brasileira, objetos culturais, sem, entretanto, dar a eles o direito à cidadania. 
 Podemos inferir que foram inseridos socialmente por meio de uma sutileza brutal, 
que fere os princípios da cidadania, do sujeito, da diversidade, da singularidade. Essa 
sutileza desarmoniosa promove na sociedade a visão míope de que o negro era aceito, 
mantendo, porém, os preceitos da hierarquia da escravatura.
 Seria possível pensar que vivemos em uma sociedade completamente diferente 
do passado? Ou o mito da democracia racial ainda existe em uma completa sutileza 
presente nas comunidades, nas escolas e dentro das próprias famílias?
VAMOS PENSAR?
O Mito da democracia Racial no 
Brasil, expresso pela tirinha de 
Carlitos Pinheiro (s.d.) tem relação 
com a sua vivência em sociedade e 
sala de aula?
 Retomando as premissas do mito da democracia racial e a questão da 
mestiçagem biológica e cultural, encontramos outra ideia que ganha força e estrutura 
na sociedade: a convivência entre os sujeitos de grupos étnicos e de todas as camadas 
39
sociais. 
 Essa ação possibilitou a classe dominante reforçar ainda mais as desigualdades 
sociais impossibilitando a criação de uma identidade própria do grupo, uma vez que 
não era permitido as comunidades não brancas a disseminação de sua cultura e 
características.
 Essas características são "expropriadas", "dominadas" e convertidas em símbolos 
nacionais pelas elites dirigentes (MUNANGA, 2004).
 Ou seja, o mito da democracia racial foi disfarçado pela não existência do racismo 
e da discriminação no nosso país.
 A desigualdade foi reconhecida como um problema relacionado à renda, em que 
nem toda a população poderia ter acesso à educação por falta de recursos financeiros, 
mascarando mais uma vez uma sociedade que não é racista nem mesmo discriminatória.
 Com o passar dos anos, muitos trabalhos científicos comprovaram que 
biologicamente não existem “raças”, o que existe verdadeiramente são variações físicas 
entre as pessoas: cor de olhos, cor da pele, tipo de cabelo etc. 
 As pesquisas fizeram com que a comunidade científica basicamente 
abandonasse o uso do termo “raça”, por ser uma ideia construída socialmente e 
perpetuada pela própria história de colonização do Brasil, pelo preconceito e políticas 
raciais.
 O conceito raça está equivocadamente associado a biologia, por outro lado o 
conceito de etnicidade está vinculado ao campo do social. Ao se tratar de etnia nos 
referimos a como as pessoas, grupos ou comunidades constroem suas manifestações 
culturais. 
 Ainda segundo o autor, além da identidade do grupo, é necessário que ela se 
mantenha. Essa manutenção se perpetua pelas tradições culturais que evocam um 
passado, suas memórias, crenças, mitos que ao se agrupar se transformam um conjunto 
de interpretações de cada grupo ou comunidade, possibilitando que a constituição 
étnica se perpetue pelas gerações e permaneçam no mundo social. 
 Resgatando os conceitos de raça e etnia, percebemos que são termos que não 
mantém nenhum tipo de similaridade, não se justapõem e não se complementam, 
muito ao contrário, o termo raça já foi e ainda é utilizado como um depreciador das 
características culturais de um determinado povo, grupo ou comunidade.
VAMOS PENSAR?
Assista o

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