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78 Compilado P1 Consumidor

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PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR
Os princípios da politica nacional das relações de consumo se consubstanciam em princípios mesmos do direito do consumidor. 
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo
 Vocês se lembram que anteriomente foi feita uma discussão sobre o conceito de consumidor? O consumidor pode ser o consumidor ordinário, comum, standard, mas também poder se um consumidor equiparado. O consumidor standard tem como característica central ser destinatário final dos produtos ou serviços. Em torno da definição do que seja destinação final a gente viu que existe três correntes de interpretação, uma delas a teoria finalista mitigada/finalista aprofundada. 
O que essa teoria leva em consideração? Que a destinação final, ou seja, a caracterização do sujeito como consumidor vai depender da verificação, no caso concreto, de vulnerabilidade. O conceito de vulnerabilidade perfaça a ideia de vulnerabilidade técnica/informacional, vulnerabilidade jurídica; vulnerabilidade fática. 
O ponto de partida da defesa do sujeito consumidor é o reconhecimento de que o consumidor esta em uma situação mais frágil em relação ao fornecedor, essa fragilidade tecnicamente é chamada de vulnerabilidade. O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo é um principio estruturante de todo um edifício consumerista brasileiro. 
Quando a gente fala de vulnerabilidade, significa reconhecer que todo consumidor é um sujeito que esta em uma situação de maior fragilidade em relação ao fornecedor. Isso significa dizer que todos os consumidores são igualmente vulneráveis? De modo algum!!!!!!! Existem alguns consumidores que são mais vulneráveis que outros, como é o caso das crianças, idosos, pessoas com deficiência. Essas pessoas se encontram que uma situação em que se elas colocam em maior exposição em face dos fornecedores. 
A literatura e a jurisprudência apontam que o CDC/90 elaborou uma presunção absoluta de que todo consumidor pessoa física é vulnerável, nem todo consumidor pessoa jurídica guarda em si todas as esferas, todas as nuancias da vulnerabilidade. É importante dizer isso, porque apesar de ser principio do direito do consumidor o reconhecimento da vulnerabilidade do sujeito, nem todos os consumidores são igualmente vulneráveis, existem alguns que são mais frágeis que outros.
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
 Foi a disparidade da relação entre consumidores e fornecedores que determinou a intervenção do Estado. A intervenção do Estado significa reconhecer que para a proteção desse sujeito vulnerável, era necessário a instituição de politicas publicas de proteção do consumidor. A Constituição Federal reconheceu o dever do Estado de defender o consumidor. O Poder Publico não tem a opção de defender o consumidor, não é algo alternativo, é uma obrigação. A todos os consumidores deve ser direcionada politicas públicas de proteção e defesa. Isso significa o reconhecimento, isso constitucionalmente está plasmado (acho que plasmado no sentido de ser recebido) do direito fundamental do consumidor. 
Ou seja, como uma decorrência do reconhecimento dos direitos básicos do consumidor, isso gera para o Estado o dever de obrigatoriamente intervir no sentido de defender efetivamente o consumidor. Nós estamos falando aqui, desse principio que é central na defesa do consumidor, que é o principio da intervenção estatal compulsória. 
O principio da intervenção estatal compulsória parte do reconhecimento da defesa do consumidor como um direito fundamental. É a consequência do reconhecimento da defesa do consumidor como um direito fundamental. É a intervenção estatal compulsória para a efetividade desse direito. 
Quando se fala em ação governamental, essa ação pode se dar por iniciativa direta, quando o Estado de maneira direta fiscaliza, por exemplo, os estabelecimentos, quando o Estado por meio de agencia reguladoras, por meio de Procons, ele próprio fiscaliza a regularidade das atividades econômicas, quando esse Estado executa politicas de educação para o consumo, esses são os mecanismos através dos quais o Estado, por iniciativa direta protege o consumidor. 
O Estado pode ainda defender o consumidor incentivando a criação e o desenvolvimento de associações representativas. O que são associações representativas? Nada mais são do que a organização da sociedade civil, associações representativas são a formalização da sociedade civil organizada em torno de determinados interesses, nesse caso, interesses de defesa de consumidor. 
A outra forma por meio da qual o Estado se faz presente, ou melhor, o Estado intervém na defesa do consumidor, é pela presença no mercado de consumo, e essa presença pode se dá, por exemplo, de uma maneira que é cada dia mais rara, em razão da “estabilidade” da nossa economia, que é pela regulação de preço. O Estado pode se fazer presente no mercado de consumo, fixando teto para a cobrança de preço de determinado produto. O Estado se faz presente no mercado de consumo quando fixa padrões de qualidade de produtos e serviços. Além disso, o Estado se coloca presente no mercado de consumo, quando ele fiscaliza. 
Além disso, o Estado também promove intervenção estatal, age na defesa, na proteção do consumidor, quando garante que produtos e serviços sejam lançados no mercado de consumo observando padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. Quando a ABNT fixa normas brasileiras de referência, por exemplo, para que aja o limite de ruídos expedidos por eletrodomésticos, isso é um parâmetro de qualidade daquele produto. Quando a ABNT, por exemplo, fixa normas de segurança para a composição de brinquedos infantis, isso garante que aquele produto vai ser inócuo para a vida daquela criança, no sentido que não representará risco, além dos razoáveis. 
Além disso, o Estado se faz presente quando garante que os produtos sejam duráveis, é muito curioso esse principio, essa forma de intervenção estatal diante da obsolescência planejada. Vocês se lembram o que é obsolescência planejada? A obsolescência planejada é a redução artificial do tempo de vida útil de um produto, e essa é uma pratica que viola a própria principiologia do CDC/90. Então os produtos precisam ser duráveis. Vejam vocês que esses princípios, até agora, nos servem como norte para a aplicação das normas do CDC/90.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
Também é um dos objetivos da politica nacional das relações de consumo a harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e no equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores. 
Então o que nós temos aqui? Mais uma vez a cláusula geral da boa-fé objetiva. A boa-fé objetiva, além de ser uma cláusula geral, de ser um principio, ela gera deveres anexos ou laterais ao contrato. O principio da boa-fé objetiva exige que os parceiros contratuais ajam entre si de maneira honesta, clara, de maneira transparente. É nesse sentido que se fala na harmonização dos interesses dos participantes da relação de consumo. Isso porque a defesa do consumidor não exclui a liberdade de iniciativa, pelo contrario, dentre os princípios da ordem económica está justamente a defesado consumidor. A relação entre consumidores e fornecedores não é fundada na tensão, no atrito, mas sim na harmonia, no ajuste de interesses entre os parceiros contratuais .
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
 Educação para o consumo é pressuposto para do exercicio de qualquer direito básico do consumidor. Educação para o consumo não é só educação de consumidores, mas educação de consumidores e fornecedores. Essa educação de consumo não se trata apenas de informar ao consumidor sobre seus direitos básicos, mas se trata também de orientar o fornecedor sobre as melhores praticas na relação com os consumidores. 
Educação que a gente fala para o consumo, é uma educação eminentemente transdisplinar (resposta do google sobre o significado de transdisciplinar: “Que contém ou abarca mais de uma disciplina; interdisciplinar”, é uma educação que leva em consideração que grande parte de nós consumidores, ainda desconhecemos os direitos básicos que a legislação nos assegura. 
Outro ponto nesse principio diz respeito a informação. A informação é ao mesmo tempo principio e direito básico. A informação no direito do consumidor é indispensáveis sob todas as perspectivas, mas não é qualquer informação, a informação no direito do consumidor deve ser ostensiva, ela tem que ser clara, a informação tem que ser gritante, não adianta botar uma placa gigante e um asterisco pequenininho com as condições de pagamentos e juros. É preciso que a informação seja clara, adequada, ostensiva, objetiva, útil. A informação é o pressuposto para exercer qualquer direito básico, é por isso, por conta desse principio da informação, que é também o direito básico do consumidor, que é obrigação do fornecedor disponibilizar na vitrine o preço do produto, para que você não precise entrar na loja e só assim ter uma informação que é o ponto de partida para você comprar alguma coisa ou contratar algum serviço.

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