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104 PROCESSO PENAL 2 BIMESTRE-3

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Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes 
de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
 
Forma 
 
CPP 
Art. 39 - O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente 
ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita 
ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade 
policial. 
Apesar desse dispositivo, a doutrina e a jurisprudência tem entendido que não se exige forma 
específica para a representação. Basta a manifestação escrita ou oral do fato e do desejo inequívoco que 
aquele fato seja investigado. Esta representação, nós temos vários ex. na jurisprudência é entendido como 
registro de ocorrência policial, que é levado a autoridade policial apenas com o registro e solicita a 
instauração de inquérito. A oitiva, o próprio depoimento da vítima no inquérito. 
Mas existe um termo próprio, que é chamado termo de representação, que as autoridades 
policiais fazem. O cidadão chega lá, crime de ação penal pública incondicionada e ai pra não ter equívoco 
preenche esse termo de representação onde tem sua qualificação, a narrativa do fato e a manifestação do 
desejo de que aquele fato seja apurado. 
Uma vez feita a representação em um crime de ação penal pública condicionada a 
representação, foi praticado por três autores. E ai a vítima manifesta ou representa para fulano x, que é o 
único que ele conhece. Pode o MP denunciar os outros dois? A vitima não pode fazer isso. A representação 
tem eficácia objetiva em relação a todos os envolvidos. Significa que a representação é apenas a 
manifestação de vontade para a apuração de um fato criminoso e não para a investigação de determinadas 
pessoas. É o que se chama de eficácia objetiva ou extensão da representação. Se estende a todos os 
envolvidos. 
Titularidade > a regra é a vítima, o próprio ofendido. Porem só se ele for maior de 18 anos e 
capaz. Se for menor de 18 anos o titular é o representante legal independente da vontade da vítima. Maior 
de 18 e incapaz, o titular é o curador nomeado pelo juiz, de ofício inclusive ou nomeado por requisição do 
MP. 
Havendo morte real ou ausência (morte civil). 
CPP 
Art. 24 
§ 1º - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. 
Eu acho mais fácil, apesar de não gostar muito disso, por um método mnemônico, decorar 
essa seqüência, que é sucessiva. Somente na ausência de um deles é que passa ao outro. É o CADI☺ Mas 
cuidado! O titular não é o “Cadi” por favor, não existe uma coisa dessas! CADI não é uma pessoa ele não 
existe, são apenas as inicias pra vcs lembrarem que a ordem é cônjuge, ascendente, descendente e irmão. 
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CPP 
Art. 37 - As fundações, associações ou sociedades legalmente 
constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas 
por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no 
silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
Como visto, também as pessoas jurídicas podem representar só que claro através dessas 
pessoas que constam no artigo. 
Prazo 
CPP 
Art. 38 - Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se 
não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que 
vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do Art. 29, do dia em 
que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
O prazo para a representação é de seis meses. Contados a partir do dia que se tomar 
conhecimento da autoria. Prazo este que é decadencial, significa que se não for proposta a representação 
extingue a punibilidade. Por ser um prazo decadencial esse prazo é de natureza penal. Por ser decadencial 
ele extingue a punibilidade e extinguindo a punibilidade é uma restrição ao poder punitivo do estado, o 
reduz. Logo, amplia o direito fundamental do réu. Isso é um prazo penal. Pois prazo processual penal não 
tem essa repercussão no DF. 
Por ser um prazo penal conta-se de acordo com o artigo 10 do CP. 
CP 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se 
os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
Inclui-se o dia do começo e exclui-se o dia do fim. Aliás o próprio dispositivo legal o prevê 
de forma expressa. 
Mas cuidado senhores, uma vez oferecida essa representação no prazo decadencial e se 
oferecida a representação, a ação penal pode ser proposta fora do prazo de seis meses. Então o prazo 
decadencial de seis meses é para a representação. Uma vez oferecida a representação está satisfeito esse 
requisito e então pode o MP propor a ação mesmo que esteja fora dos seis meses. Esta observação é 
importante pq no caso da ação penal privada, nos vamos ver que é muito semelhante a isso, o requerimento 
do ofendido. Também é de seis meses, só que este prazo é para a própria propositura da queixa-crime. Aqui 
estes seis meses não são para a propositura da ação, só pra representação. Tendo sido feita a representação 
no último dia do prazo pode no outro dia o MP denunciar tranquilamente, mesmo que já fora dele. 
No caso de morte, é o CADI 
CPP 
Art. 38, parágrafo único c/c 24, §1º 
Parágrafo único - Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou 
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, § 1º, e 
31 
§ 1º - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. 
São os casos exatamente do CADI Por dentro do mesmo prazo deve-se entender o seguinte, 
vamos considerar a seguinte situação. A vítima tomou conhecimento de quem era o autor do fato, ai viajou 
pra fora do Brasil e se passaram dois meses, portanto do prazo decadencial. Ai ele bate as botas com dois 
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meses de prazo decadencial. Surge o direito de representação pro CADI (haha respondam assim que eu 
vou dar zero na prova). 
O ofendido já sabia da autoria então o prazo será de quatro meses. Mas isso só vai acontecer 
se o CADI também já tomar conhecimento. Se não sabia legal, começa a contar o prazo de seis meses. 
Agora se ele sabia, e esse é o caso mais extremo, o prazo de seis meses valerá para todos, tanto o titular 
quanto para todos do CADI. Passaram-se três meses e o cônjuge não representou, morreu. Passa o direito 
ao ascendente, mais um mês, não representou, morreu. (Todo mundo do CADI ta morrendo). Resultado, o 
irmão é o único que está vivo, ele já sabia desde o início, falta um mês, ele terá então o prazo de um mês. 
Se faltar um dia ele so terá o prazo de um dia. O que eu quero que vcs entendam é que este prazo de seis 
meses é distribuído para todos. 
Destinatário 
CPP 
Art. 39 - O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente 
ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita 
ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade 
policial. 
A representação é dirigida a estas três autoridades. 
 
 
14.05.13 
⇨ Representação (cont) 
Possibilidade de Retração (depois de ajuizada a ação penal) 
CPP 
Art. 25 - A representação será irretratável, depois de oferecida a 
denúncia. 
Ou seja, antes de oferecida a denuncia, a contrario sensu, é possível a retratação. Retratação 
significa desdizer o que foi dito, é desistir da manifestação de vontade já imposta. Como pressuposto para 
a investigação para a prisão em flagrante e inclusive pra denúncia. Já que é uma condição objetiva de 
procedibilidade, ou seja,antes de proposta a denúncia, a vítima pode se retratar dizendo que não quer mais 
proceder a percepção criminal daquele fato considerado de ação penal pública condicionada a 
representação. 
Quanto a isso a doutrina não tem qq questionamento, pois é uma previsão legal. O problema 
é saber se é possível a retratação da retração. Ou seja, a vítima manifesta vontade pela percepção criminal, 
depois desiste disso, se arrepende e se retrata, voltando à estaca zero. E depois novamente volta a manifestar 
a vontade pela percepção criminal. Enfim, o debate existe, há divergência na doutrina, mas predomina o 
entendimento de que sim é possível a retração da retração. Desde que no prazo decadencial de seis meses. 
Até pq se não levasse em conta esse prazo nós estaríamos burlando a norma da decadência 
do período de representação levando em conta que já houve uma representação inicial nesse período. 
Independente disso quando existe a retração e a retratação da retração é uma nova representação, portanto 
esta nova representação segue a mesma regra do prazo decadencial de seis meses. Logo só é possível se 
estiver dentro desse prazo decadencial. O CADI também pode se retratar. 
De todo modo a representação não condiciona a atuação do MP. Isso significa que o MP 
continua tendo o poder de analisar a presença das condições gerai da ação sem as quais a ação penal não 
pode ser proposta. Portanto mesmo que a vítima represente é possível que ao final o MP não proponha a 
ação por falta de alguma condição. A vítima representou na fase preliminar de investigação e depois ficou 
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constatado que algumas das condições da ação deixaram de existir, e portanto o MP não estaria obrigado a 
denunciar, pelo contrário, ele tem o dever de não fazê-lo. 
Ver art 107, inciso vi (extincao de punibilidade) 
 
Ação Penal Pública 
#Condicionada a Requisição do Ministro da Justiça 
⇨ Requisição 
É algo parecido com a representação. A única diferença é que quem vai representar não é a 
própria vítima é o ministro da justiça, como representante legal de determinadas pessoas. Como regra nós 
temos crimes praticados contra pessoas políticas, especialemnte os crimes contra a honra 
CP 
Art. 145 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da 
Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e 
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo 
artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. 
Art. 141 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo 
estrangeiro; 
 
Ou seja, crimes contra a honra do presidente ou chefe de governo estrangeiro dependerão de 
requisição do ministro da justiça. Esta requisição nada mais é do que um ato administrativo onde o ministro 
da justiça manifesta o interesse de que aquele crime seja investigado / processado e assim sucessivamente. 
Prazo 
Não existe previsão legal de prazo. Contudo há um debate na doutrina para saber se é possível 
se aplicar por analogia o prazo de seis meses da representação. Entre não haver prazo e o prazo de seis 
meses, o prazo de seis meses beneficia o réu. Pois é decadencial e então se extinguirá a punibilidade. O 
problema senhores é que não é possível criar uma causa extintiva da punibilidade por analogia. 
Vejam que este é o ponto em que a doutrina debate e que ainda não existe consenso jurisprudencial. 
Aury fala que não é possível fazer essa analogia por ausência de lacuna e pq não se pode criar 
causa extintiva de punibilidade por analogia. Reserva de lei senhores. O princípio da legalidade, as normas 
penais tem uma reserva de lei ordinária, e a analogia não permitiria essa aplicação. As causas extintivas de 
punibilidade tem reserva de lei. O princípio da legalidade normal, quando se fala que não há crime nem 
pena sem prévia cominação legal, o entendimento doutrinário é no sentido de que abrange não só a lei 
(tipicidade) mas todos os elementos, inclusive punibilidade. Poucos defendem esse posicionamento. 
Essa discussão realmente vai continuar até que a jurisprudência se manifeste. 
Possibilidade de Reconsideração 
Algo parecido com a retratação da representação. Também existe divergência doutrinária 
quanto a isso. Como não há previsão legal parte da doutrina entende não ser possível. Contudo outra parte 
entende ser possível, levando em conta a natureza jurídica do ato. A requisição é um ato administrativo. 
Veja que é praticado por um agente administrativo, chamado de agente político, o ministro da justiça, mas 
a sua natureza não deixa de ser de ato administrativo. E o ato administrativo é por essência reconsiderável. 
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De todo modo mesmo para quem entende ser reconsiderável só é possível até antes do 
oferecimento da denúncia. 
Destinatário 
Autoridade policial se estiver na fase preliminar. Ao juiz jamais; contudo nada obsta que se 
ele receber que encaminhe ou pro MP ou pra policia, a depender da presença ou não de elementos 
suficientes pra denúncia. Se não houver elementos suficientes e for necessária a investigação, autoridade 
policial. Se ele encaminhar para o MP, ele pode fazer duas coisas, requisitar a instauração de investigação 
ou denunciar se já tiver elementos suficientes pra isso. 
Vejam que é exigível da administração pública muito mais rigor / cautela para a prática de 
seus atos do que é exigido do particular. Então é mais fácil compreender a possibilidade de retração e 
inclusive da retratação da retração do particular do que da reconsideração da administração pública. Por 
isso que quando o ministro requisita já se pressupões superado, que já se foi analisado com cautela a 
conveniência e oportunidade. 
A retratabilidade é inerente aos atos da administração, pois são discricionários. Existem 
alguns que não são retratáveis - que são os atos vinculados, que não se analisa oportunidade e conveniência 
- mas como regra eles são retratáveis. A administração pode rever os próprios atos. 
Ação Penal Privada 
#Exclusiva 
Esta é a regra da ação penal privada, apesar da ação privada já ser a exceção. Dentro da 
exceção que é a ação penal privada há um tipo que é o mais comum, a ação penal privada exclusiva. 
Titularidade > vítima maior de18 anos e capaz. Caso contrário, a titularidade será do seu 
representante legal. 
CPP 
Art. 30 - Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo 
caberá intentar a ação privada. 
No caso de morte ou ausência declarada judicialmente entra em cena o famoso CADI. 
(Conjuge, ascendente, dependente e irmaos) 
Art. 31 - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente 
por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação 
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
O separado judicialmente e o companheiro (convivente) possuem legitimidade para propor 
ação penal privada, segundo a maior parte da doutrina. Agora o divorciado não. 
Art. 37 - As fundações, associações ou sociedades legalmente 
constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas 
por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no 
silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
Esta é uma outra previsão de legitimidade. 
Ricardo: O representante legal não está em nome próprio defendendo interesse alheio. Mas 
sim em nome do menor. A titularidade é do representante legal mas ele o faz em nome do menor, o interesse 
do menor e o direito de proceder é do menor. E aqui titularidade ta muito mais no sentido de capacidade 
postulatória. 
Davisson: a inclusão do separado e do convivente seria uma ampliação do poder punitivo, 
por analogia in malam partem. Isso seria muito mais uma interpretação progressiva do conceito 
constitucional da própria noção de família para incluir estas pessoas que se encontram na mesma situação. 
Eu não vejo realmente como uma analogia in malam partem. Mas é realmente uma hipótese que pode ser 
pesquisada. RenatoBrasileiro fala isso. É o mesmo caso da interceptação telefônica, e a inclusão de

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