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Indaial – 2020 Novas TecNologias e gesTão de Mídias digiTais Prof.a Barbara Kobuszewski Volles Prof.a Heloisa Rosa Prof.a Luciana Ronchi 2a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.a Barbara Kobuszewski Volles Prof.a Heloisa Rosa Prof.a Luciana Ronchi Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: V923n Volles, Barbara Kobuszewski Novas tecnologias e gestão de mídias digitais. / Barbara Kobuszewski Volles; Heloisa Rosa; Luciana Ronchi. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 214 p.; il. ISBN 978-65-5663-090-8 1. Novas tecnologias. - Brasil. 2. Marketing digital. – Brasil. I. Volles, Barbara Kobuszewski. II. Rosa, Heloisa. III. Ronchi, Luciana. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.8 III apreseNTação Acadêmico, seja muito bem-vindo à disciplina de Novas Tecnologias e Gestão de Mídias Sociais! Nesta disciplina você conhecerá os importantes conceitos do Marketing Digital e entenderá como esta realidade impacta nos negócios e no comportamento do consumidor neste ambiente. Você verá aqui que o diálogo com o consumidor hoje não está mais dividido em on-line e off-line. Estamos totalmente integrados e, como profissionais de comunicação, precisamos conhecer os fatores que impactam na definição das melhores estratégias, desde planejamento, gestão das ações e mensuração. Este livro didático está dividido em três principais unidades que discutem as particularidades deste cenário. Na primeira unidade, você verá a introdução ao contexto das novas tecnologias, por meio de discussões sobre mudanças econômicas diretamente relacionadas à segmentação, ao crescimento exponencial e à inovação. Ainda, conhecerá os aspectos que devem ser levados em consideração ao mapear o comportamento do consumidor. Conhecerá, também, as tendências tecnológicas que podem impactar nas estratégias de comunicação no campo digital, como Inteligência Artificial e suas variações, como Machine Learning, Data Mining e Robótica. Por fim, você terá conhecimento sobre as questões legais que permeiam este universo, frequentemente questionando ao abordarmos a segurança de dados. Na segunda unidade, você verá as estratégias digitais. Conhecerá o Inbound Marketing, as Estratégias de Conteúdo para o campo digital, os aspectos fundamentais das ações de E-mail Marketing e as diferentes mídias sociais, como Facebook e Instagram. Verá como marcas e empresas podem utilizar esses canais para otimizar seus resultados. Por fim, compreenderá como utilizar o e-mail Marketing nas suas estratégias de Marketing digital. Na terceira unidade, discutiremos sobre as otimizações de sites de mecanismos de busca (SEO) para ranqueamento orgânico nas primeiras páginas do Google; veremos sobre o marketing de mecanismo de busca (SEM), especificamente, sobre o Google Ads e as formas de trabalhar com essa ferramenta. Além disso, você verá as principais ferramentas de análise e mensuração de resultados que a internet permite, pois tudo que é feito on-line é rastreável. Com todo este conteúdo que preparamos, você compreenderá que o Marketing é definido como uma construção linear de ações pensadas estrategicamente. Essa realidade envolve conhecimento constante sobre o consumidor, suas necessidades, as principais ferramentas disponíveis no mercado e como devem ser estratégicas, com a finalidade de atender às necessidades dos consumidores altamente conectados. Prof.a Barbara Kobuszewski Volles Prof.a Heloisa Rosa Prof.a Luciana Ronchi IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS .......................................................1 TÓPICO 1 – O AMBIENTE ATUAL .......................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 AS RELAÇÕES DE PODER NO MERCADO CONECTADO .......................................................3 3 CRESCIMENTO EXPONENCIAL .......................................................................................................7 4 INOVAÇÃO ...........................................................................................................................................10 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................12 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................13 TÓPICO 2 – O CONSUMIDOR DIGITAL .........................................................................................15 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................15 2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DIGITAL .................................................................15 3 CRIAÇÃO DE PERSONAS .................................................................................................................17 4 JORNADA DO CONSUMIDOR E O FUNIL DE VENDAS ........................................................22 5 ESTRATÉGIAS DIGITAIS..................................................................................................................24 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................28 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................29 TÓPICO 3 – TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS ................................................................................31 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................312 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ...........................................................................................................31 3 MACHINE LEARNING (ML) .............................................................................................................34 4 DATA MINING (MINERAÇÃO DE DADOS) ...............................................................................37 5 ROBÓTICA ............................................................................................................................................38 5.1 ROBÔS ...............................................................................................................................................39 5.2 BOTS ..................................................................................................................................................39 5.3 ANDROIDS .......................................................................................................................................40 5.4 CYBORG ............................................................................................................................................41 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................42 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................43 TÓPICO 4 – SEGURANÇA DE DADOS E ASPECTOS LEGAIS ..................................................45 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................45 2 CÓDIGO DE CONDUTA E ÉTICA ..................................................................................................46 3 GDPR – GENERAL DATA PROTECTION REGULATION .........................................................49 4 LEI DO E-COMMERCE .......................................................................................................................52 5 AUTORREGULAMENTAÇÃO PARA PRÁTICA DE E-MAIL MARKETING ........................54 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................57 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................60 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................61 suMário VIII UNIDADE 2 – ESTRATÉGIAS DIGITAIS .........................................................................................63 TÓPICO 1 – INBOUND MARKETING ..............................................................................................65 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................65 2 INBOUND MARKETING X OUTBOUND MARKETING ............................................................65 3 METODOLOGIA .................................................................................................................................68 4 MENSURAÇÃO DE RESULTADOS.................................................................................................71 4.1 ROI – RETORNO SOBRE INVESTIMENTO ...............................................................................71 4.2 TAXAS DE CONVERSÃO .............................................................................................................72 4.3 PROPORÇÃO ENTRE CLV E CAC...............................................................................................73 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................75 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................76 TÓPICO 2 – ESTRATÉGIAS DE CONTEÚDO .................................................................................77 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................77 2 PLANEJAMENTO DE ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO ..............................................................77 3 CRIAÇÃO DO CONTEÚDO ..............................................................................................................81 4 DISTRIBUIÇÃO E PROMOÇÃO DO CONTEÚDO .....................................................................84 4.1 DISTRIBUIÇÃO DE CONTEÚDO ................................................................................................84 4.2 PROMOÇÃO DE CONTEÚDO .....................................................................................................85 5 MENSURAÇÃO DE IMPACTOS ......................................................................................................86 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................88 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................89 TÓPICO 3 – E-MAIL MARKETING ....................................................................................................91 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................91 2 GERAÇÃO DE LISTA DE E-MAIL ..................................................................................................93 3 CRIAÇÃO E GESTÃO DE E-MAIL MARKETING .......................................................................94 4 MÉTRICAS E OTIMIZAÇÕES .........................................................................................................96 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 4 – MÍDIAS SOCIAIS ..........................................................................................................101 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101 2 MÍDIAS SOCIAIS .............................................................................................................................101 3 PLANEJAMENTO PARA MÍDIAS SOCIAIS ...............................................................................104 4 CONTEÚDO PARA MÍDIAS SOCIAIS ........................................................................................114 5 IMPLEMENTANDO E MONITORANDO CAMPANHAS ......................................................117 6 PUBLICIDADE EM MÍDIAS SOCIAIS .........................................................................................120 7 MÉTRICAS E OTIMIZAÇÕES ........................................................................................................122 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................126 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................129 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................131 IX UNIDADE 3 – MECANISMOS DE BUSCA ....................................................................................133 TÓPICO 1 – OTIMIZAÇÃO DE MECANISMOS DE BUSCA (SEO) .........................................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1352 SEO ........................................................................................................................................................136 2.1 OTIMIZAÇÕES ON PAGE: PALAVRA-CHAVE ......................................................................137 2.2 OTIMIZAÇÕES ON PAGE: META TAGS E ESTRUTURA DO SITE .....................................138 2.3 OTIMIZAÇÕES OFF PAGE: CONSTRUÇÃO DE LINKS ........................................................142 2.4 OTIMIZAÇÕES OFF PAGE: DESIGN RESPONSIVO ..............................................................143 3 OTIMIZAÇÕES OFF PAGE: TEMPO DE CARREGAMENTO DA PÁGINA ........................144 4 AUDITORIA SEO ..............................................................................................................................144 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................146 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147 TÓPICO 2 – MARKETING DE MECANISMOS DE BUSCA (SEM) ..........................................149 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149 2 GOOGLE ADS .....................................................................................................................................149 2.1 PALAVRAS-CHAVE .....................................................................................................................157 2.2 ANÚNCIO DE TEXTO .................................................................................................................159 2.3 GOOGLE DISPLAY .......................................................................................................................163 3 YOUTUBE ............................................................................................................................................167 4 MÉTRICAS E OTIMIZAÇÕES .......................................................................................................172 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................175 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177 TÓPICO 3 – ANÁLISE E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS EM MECANISMOS DE BUSCA .........................................................................................179 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................179 2 FERRAMENTAS DE WEB ANALYTICS ........................................................................................179 2.1 GOOGLE ANALYTICS .................................................................................................................181 2.1.1 Entendimento sobre público ...............................................................................................184 2.1.2 Avaliando aquisições ...........................................................................................................186 2.1.3 Entendendo comportamentos .............................................................................................190 2.1.4 Avaliando conversões ...........................................................................................................192 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................198 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................201 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................202 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................205 X 1 UNIDADE 1 O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • discutir a realidade atual da comunicação no campo da tecnologia, valorizando temáticas relacionadas à segmentação, ao crescimento exponencial e à inovação; • compreender as particularidades do consumidor digital; • entender aspectos relacionados à segurança, à ética, bem como os aspectos legais no marketing digital; • identificar as tendências relacionadas à tecnologia e à inteligência artificial. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O AMBIENTE ATUAL TÓPICO 2 – O CONSUMIDOR DIGITAL TÓPICO 3 – TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS TÓPICO 4 – SEGURANÇA DE DADOS E ASPECTOS LEGAIS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O AMBIENTE ATUAL 1 INTRODUÇÃO Para compreender o momento em que estamos no Marketing Digital não é necessário somente conhecer as ferramentas tecnológicas que estão disponíveis e que possibilitam uma aproximação com o consumidor, como Facebook, Instagram ou Google. Muito mais que isso, precisamos conhecer o contexto econômico que vivenciamos, aliados ao comportamento do consumidor e as suas necessidades existentes. Para chegarmos até aqui, vivenciamos muitas mudanças relacionadas às necessidades do consumidor, que passa a ser muito mais exigente em suas preferências, alterando, assim, o posicionamento das empresas no mercado. Se antigamente nós, enquanto consumidores, estávamos satisfeitos com as opções de refrigerantes que eram oferecidos, hoje, procuramos pelo refrigerante, pelo suco de laranja, pela água de coco, entre outros, ou seja, estamos muito mais criteriosos em nossas escolhas e o poder está em nossas mãos. Ainda, o cenário tecnológico em que vivemos traz grandes impactos para a sociedade e para os negócios. Pequenas descobertas no campo da computação podem mudar mercados inteiros, alterando as lógicas de produção e consumo. Como resultado, as marcas sofrem com essas mudanças, tendo que remodelar seus produtos e posicionamento perante o mercado. 2 AS RELAÇÕES DE PODER NO MERCADO CONECTADO As mudanças ocorridas na sociedade, no contexto cultural e econômico, foram importantes propulsores da expansão digital ocorrida a partir dos anos 2000. Atualmente, o consumidor tem acesso a infinitas possibilidades para satisfazer suas necessidades, a realidade está muito diferente das vivências dos consumidores de décadas passadas. Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010) exemplificam essas mudanças ao abordar os conceitos do Marketing 1.0, 2.0, 3.0 e 4.0, que caracterizam momentos diferentes na perspectiva do consumo. Essas classificações do Marketing refletem períodos específicos de uma economia inicialmente baseada na produção de massa, em que o consumidor não apresentava grandes envolvimentos com as marcas, até o momento atual, repleto de consumidores extremamente leais às marcas que consomem. De maneira resumida, é possível compreender esses momentos do Marketing como um processo de desmassificação de produtos, paralelamente ao crescente envolvimento do consumidor com as marcas, conforme você pode ver no quadro a seguir. UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 4 Marketing 1.0 Marketing 2.0 Marketing 3.0 Marketing 4.0 Marketing centrado no produto. Marketing centrado no relacionamento. Marketing voltado para os valores. Consumidor passa a ser defensor da marca. Maior diversifi cação de produtos. Desmassifi cação de produtos e mídia. Maior envolvimento do consumidor com as marcas.QUADRO 1 – MARKETING 1.0 AO 4.0 FONTE: Adaptado de Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010; 2017) Ao analisarmos os comportamentos dos consumidores da década de 1920, por exemplo, época representada no Marketing 1.0, conseguimos perceber reduzidas possibilidades de consumo. O jovem daquela época estava restrito a conhecer poucas opções de música, cinema e meios de comunicação, sendo exposto a um volume de opções padronizadas, ou seja, massivas. Com o passar dos anos, o consumidor passou a ser mais exigente, não consumindo tudo que lhe é oferecido de maneira padronizada. Ainda, as tecnologias passaram a se desenvolver, oferecendo novas possibilidades de informação ao consumidor, que se torna mais exigente. Nesse contexto, a indústria do consumo passa a ser mais democrática, oferecendo novas possibilidades de escolha ao consumidor, seja nos meios de comunicação, consumo de moda, entretenimento, entre outras (KOTLER; KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010). Passamos então do que Chris Anderson (2006) chama de mundo da escassez para o mundo da abundância. Segundo o autor, o mundo restrito a opções de consumo massivas, sem a devida atenção às preferências específi cas do consumidor, é chamado de mundo da escassez. Nessa forma de economia da escassez, existem grandes monopólios nos diversos segmentos, o consumidor é exposto a poucas possibilidades de consumo e os pequenos mercados não apresentam força. Por outro lado, a economia da abundância considera que a soma de todos os pequenos mercados tem maior força se comparada ao monopólio das grandes organizações. No contexto da abundância, o consumidor é apresentado a inúmeras pequenas possibilidades de consumo até então não vistas. Assim, os variados produtos de nicho, se somados, apresentam maiores receitas do que produtos de massa com expressiva popularidade, como você pode ver no gráfi co a seguir, que aponta a relação entre popularidade e produtos. TÓPICO 1 | O AMBIENTE ATUAL 5 GRÁFICO 1 – CAUDA LONGA DE CHRIS ANDERSON FONTE: Adaptado de Anderson (2006) O gráfi co representa a Cauda Longa de Chris Anderson. Perceba que existe uma similaridade com uma cauda, em que existe uma infi nidade de produtos com baixa popularidade, atuando em mercados de nicho. Esse grupo de diversos produtos sem popularidade representa uma receita semelhante, ou até maior, aos poucos produtos com grande popularidade. Nesse contexto, Anderson (2006) defende uma tendência de que os produtos de nicho, se somados em seus mercados, podem ter maior força do que os produtos de massa. Assim, devido às novas tecnologias e mudanças no comportamento de consumo, a economia das grandes empresas baseadas no consumo de massa, passa a ceder espaço para a economia de nicho, amparada pelas pequenas empresas. Desta forma, a indústria de consumo passa a oportunizar que micro e pequenos empreendedores possam se fortalecer em seus segmentos de atuação. Neste cenário, o marketing sofre mudanças, ocorrendo o que Martha Gabriel (2010) chama de inversão do vetor de marketing. A inversão do Marketing signifi ca que as ações deixam de ocorrer de formas massivas no sentido empresa para consumidor, passando a ocorrer no sentido consumidor para empresa, sendo governada pelas estratégias extremamente específi cas (GABRIEL, 2010). Essa inversão do vetor de Marketing é um fator importante a ser considerado nas campanhas e estratégias de marketing, pois muda completamente o relacionamento entre marca-consumidor. Como a busca, as relações consumidor-consumidor (presentes nas redes sociais) e a mobilidade/ubiquidade são os principais protagonistas dessa inversão, que coloca o consumidor na origem das ações de relacionamento com a empresa-marca, o Marketing de busca, o Marketing em redes sociais e o Marketing mobile passa a ser ingredientes importantes a serem considerados em todo o tipo de estratégia de marketing, inclusive nas estratégias de Marketing de relacionamento e Marketing de experiência (GABRIEL, 2010, p. 77). Esse cenário de fortalecimento de nichos, além de contribuir para a inversão do marketing, traz à tona a importância das estratégias realizadas para trazer a diferenciação dos produtos. Considerando a grande demanda na variedade de marcas e produtos, ocasionados devido à desmassifi cação, o consumidor se depara com uma difi culdade de encontrar o que necessita em meio a tantas possibilidades. Assim, alternativas proporcionadas pelo marketing digital, como a busca, contribuem para que o consumidor possa encontrar o que necessita. UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 6 Vivemos uma era em que os mecanismos de busca (Google, sistemas de localização GPS, buscas em redes sociais) são frequentemente usados por pessoas que desejam encontrar o que necessitam (GABRIEL, 2010). DICAS Neste contexto, surge a Web 3.0 ou Web Semântica, que representou um novo paradigma de busca. Antes disso, a web se portava de maneira estática, oferecendo informação e não dialogando com as necessidades do consumidor neste ambiente (GABRIEL, 2010). Além das informações disponibilizadas na web, esse novo contexto garantiu que fossem realizadas ligações referentes às informações, ou seja, uso efi ciente dos dados, promovendo maior relevância para o consumidor em suas buscas e garantindo uma relação personalizada entre consumidor-marca. Assim, a Web 3.0 representa um momento em que a web passa a ser visualizada como um espaço de inteligência, de maneira que os dados pudessem ser utilizados para garantir uma maior relevância para o consumidor. FIGURA 1 – WEB 1.0, 2.0, 3.0 FONTE: Adaptado de Gabriel (2010) Com o momento da Web 3.0, a internet garante maiores facilidades ao usuário, possibilitando que suas necessidades sejam alcançadas de maneira mais efi caz. Por exemplo, se compararmos uma busca realizada no Google, na época em que vivenciávamos a Web 2.0, o usuário seria exposto a dados oferecidos sem considerar o perfi l do usuário que realiza a pesquisa, ou seja, ao buscar “Quem foi Albert Einstein”, os resultados apresentados apontariam a biografi a do cientista, instituições que levam seu nome, como hospitais e as teorias de sua autoria (SANTOS; NICOLAU, 2012). Nesse contexto, a busca não consideraria as características individuais do usuário e não ofereceria o que ele busca. No entanto, considerando a inteligência de dados proposta pela Web 3.0 (ou web semântica), os resultados garantem maior adequação ao usuário, conforme apresentado na fi gura a seguir. TÓPICO 1 | O AMBIENTE ATUAL 7 FIGURA 2 – BUSCA NO CONTEXTO DA WEB 3.0 FONTE: A autora Conforme você pôde ver na figura, determinados resultados foram apresentados de acordo com o perfil do usuário que realizou a busca (no caso, uma das autoras deste livro). Os resultados apontaram interesses específicos (cursos de educação a distância) e localização atual (cidade de Blumenau). Dados relacionados ao cientista também aparecem, no entanto, não recebem tanto destaque quanto outras informações que tendem a ser mais importantes de acordo com o comportamento deste usuário na internet. O que ocorre é que, seguindo os conceitos apresentados do Marketing 3.0, Cauda Longa e Web 3.0, caminhamos cada vez mais para um momento de personalização, em que as características individuais do consumidor ou usuário são levadas em consideração, no momento de definir estratégias. Desta forma, conhecer as variadas características dos consumidores é fundamental para que suas necessidades específicas sejam atendidas da melhor forma, seja na busca de um produto ou serviço, ou busca de informações. 3 CRESCIMENTO EXPONENCIAL Aliadas à crescente importância da personalização nas ações de comunicação digital, está a tecnologia. O desenvolvimento tecnológico trouxe grande impacto às estratégias de comunicação, bem como para o surgimento de novos negócios. Quando falamos de desenvolvimento tecnológico na era atual, representado pela 4ª revolução tecnológica, precisamos ter em mente que essafacilitação de acesso à Internet e troca de informações proporcionou facilidades na criação dos negócios e, principalmente, crescimento desses negócios. Ao avaliarmos, por exemplo, as dez empresas com maior valor de marca no mercado atual, percebemos que muitas delas são extremamente jovens se comparadas a outras gigantes, que estão no mercado há mais de 50 anos. Veja o ranking das empresas com maior valor de marca de 2018, apresentado pela Interbrand. UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 8 QUADRO 2 – MARCAS COM MAIOR VALOR DE MERCADO Posição no Ranking Marca Valor de marca (em milhões) Percentual de crescimento entre 2017 e 2018 Ano de fundação 1 Apple 214,480 16% 1976 2 Google 155,506 10% 1998 3 Amazon 100,764 56% 1994 4 Microsoft 92,715 16% 1975 5 Coca-Cola 66,341 -5% 1893 6 Samsung 59,890 6% 1931 7 Toyota 53,404 6% 1937 8 Mercedes-Benz 48,601 2% 1871 9 Facebook 45,168 -6% 2004 10 McDonald’s 43,417 5% 1955 FONTE: Adaptado de <https://www.interbrand.com/br/newsroom/interbrand-lanca-o-ranking- best-global-brands-2018/>. Acesso em: 19 jul. 2019. Nesse exemplo você pode ver que, entre as marcas mais valiosas do mundo, estão presentes marcas com cerca de 150 anos de história, como a Mercedes-Benz, e marcas extremamente jovens, como o Facebook, fundado há cerca de 15 anos. Esse cenário nos mostra que o crescimento de um negócio pode ocorrer de maneira exponencial, sem a necessidade de crescimento linear. Para Gabriel (2018), o crescimento exponencial pode ser explicado por uma analogia a uma volta no globo terrestre. Um exemplo que ilustra a dramaticidade que separa um crescimento linear e o exponencial é a diferença de distância que percorreríamos se déssemos 30 passos lineares ou 30 passos exponenciais. Com 30 passos de 1 metro (1, 2, 3, 4, 5...30), caminhando linearmente, chegaríamos a 30 metros de distância do ponto de partida. Agora, caminhando exponencialmente, com os mesmos 30 passos de 1 metro, percorreríamos 1 bilhão de metros (1, 2, 4, 8, 16, 32...1 bi), o equivalente a dar 26 voltas na Terra (GABRIEL, 2018, p. 230). Para entender melhor o crescimento exponencial, podemos analisar os casos das marcas apresentadas no ranking. Por exemplo, se compararmos duas destas marcas mais valiosas, veremos situações extremamente distintas, que representam momentos distintos de negócio. No gráfico a seguir, você vê uma comparação da evolução do valor de marca da primeira marca mais valiosa (Apple) com a última marca mais valiosa deste ranking (McDonald’s). TÓPICO 1 | O AMBIENTE ATUAL 9 GRÁFICO 2 – COMPARAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO VALOR DAS MARCAS FONTE: Adaptado de Interbrand (2018) Como é possível ver, os dados apontam uma evolução no período de 2000 a 2018, período em que as duas marcas já estavam consolidadas no mercado. No entanto, a partir do ano de 2011, a Apple passou a apresentar um crescimento exponencial, ou seja, uma velocidade de crescimento extremamente alta em relação a seu histórico, ou até mesmo aos concorrentes de mercado. Se você analisar o gráfico, a Apple, em sete anos (2011-2018), cresceu quase cinco vezes mais que seu crescimento até o ano de 2011. Martha Gabriel (2018) discute que este cenário é causado pela proliferação de novas tecnologias no campo dos negócios (computador pessoal, internet, mídias sociais) e tende a crescer ainda mais nos próximos anos devido à proliferação de novas tecnologias, como internet das coisas, inteligência artificial e robótica. FIGURA 3 – TECNOLOGIAS E O CRESCIMENTO EXPONENCIAL FONTE: Adaptada de Gabriel (2018) UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 10 Este crescimento exponencial é possibilitado devido aos avanços de tecnologias, informação e inovação. É o que Martha Gabriel (2018, p. 231) chama de “círculo virtuoso que provoca a evolução e a sua aceleração”, pois as tecnologias criam fluxos de informação na humanidade, que possibilitam novos processos de inovação que, consequentemente, permitem a criação de novas tecnologias. 4 INOVAÇÃO Como você viu, a velocidade dos avanços tecnológicos apresentou mudanças significativas a partir da disseminação da internet e, assim sendo, mostrou um novo ritmo de mudança no mundo. Considerando essa nova realidade, mudanças na sociedade passam a acontecer, refletidas no maior acesso à informação pela população que, como resultado, traz novas possibilidades de resolução de problemas e detecta novas possibilidades (GABRIEL, 2018). O fato é que a tecnologia possibilita a expansão da criatividade na criação de novas soluções e implementação em cenários até então não existentes (GABRIEL, 2018). Esta nova realidade é o que a autora chama de Era da Inovação, repleta de criatividade, conectividade, flexibilidade, efemeridade e resiliência. Você sabe o que é Inovação? Inovação é um conceito discutido no campo dos negócios desde a década de 1980, levantado inicialmente por Schumpeter, que defendia que a inovação proporcionava maior capacidade competitiva aos negócios (ZILBER; SILVA, 2013). Para Peter Drucker (2000), a inovação consiste no ato que contempla os recursos com uma nova capacidade de criar riqueza, sendo responsável por criar recurso. FONTE: SILVA, M. V.; ZILBER, M. A. Benefícios percebidos pela adoção do processo de inovação aberta. Revista de Administração da UNIMEP, Piracicaba, v. 11, n. 3, p. 1-24, 2013. DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Cengage Learning Editores, 2000. NOTA Neste cenário de inovação e negócios, é comum ouvirmos o termo disrupção. Quando falamos de disrupção, estamos falando do grande impacto causado pela inovação. Assim, uma inovação pode ser incremental, ou seja, trazer pequenas soluções à realidade, ou pode ser disruptiva, trazendo grande impacto à realidade em que está inserida. TÓPICO 1 | O AMBIENTE ATUAL 11 QUADRO 3 – INOVAÇÃO DISRUPTIVA E INOVAÇÃO INCREMENTAL Inovação disruptiva Inovação incremental Conceito Inovação que visa romper e redefinir modelos de negócios vigentes, combinando ou não tecnologias do momento, sem a preocupação de excelência tecnológica. Pequenas inovações em produtos e serviços com pequenas alterações na sua composição, sem necessariamente atender a usuários diferenciados ou transformar processos. Exemplo Criação da televisão Criação da TV a cabo FONTE: Adaptado de Zilber e Silva (2013); Gabriel (2018) Um exemplo clássico de disrupção é a invenção da televisão, que transformou diversos setores da sociedade, como hábitos sociais e estruturas econômicas, possibilitando a criação de uma indústria repleta de emissoras de TV, produtoras, agências de mídia, produção de aparelhos eletrônicos etc. Esta foi uma inovação disruptiva, pois trouxe grande impacto para toda uma sociedade em diversos aspectos. No entanto, após a invenção da televisão, pequenas inovações surgiram nesse mesmo contexto, como o aparecimento de TV a cabo, por exemplo, representando importantes mudanças, porém, não trazendo grandes impactos à sociedade. Nesse caso, estamos falando de inovações incrementais, que trouxeram incremento de valor ao sistema, não trazendo grande impacto estrutural à indústria televisiva (GABRIEL, 2018). Neste cenário de constante evolução tecnológica, Gabriel (2018) discute que conforme as tecnologias evoluem, novas tecnologias surgem e, em consequência, essas novas tecnologias podem trazer inovações disruptivas. Tecnologias como Internet, plataformas sociais, mobile, cloud e big data criaram uma fundação tecnológica que deu o embasamento estrutural necessário para que outras tecnologias pudessem acelerar o processo de disrupção. Essas tecnologias aceleradoras são: 3D printing, energia renovável, Internet das Coisas, computação cognitiva, nanotecnologia e robótica. Conforme essas tecnologias evoluem, dando origem a tantas outras, mas que tendem a surgir e causar disrupções continuamente, o cenário resultante, disruptivo, vai se estabelecendo: fundação smart, carro conectado, casas inteligentes,novos modelos educacionais, cidades inteligentes, novos modelos de automação, saúde conectada, inteligência artificial, economia compartilhada, veículos autônomos, movimento Maker etc. Esses cenários disruptivos criam novos paradigmas econômicos no mundo, resultando em novas realidades disruptivas (GABRIEL, 2018). O que essa realidade nos mostra é que as constantes inovações, sejam elas incrementais ou disruptivas, proporcionam mudanças econômicas e sociais importantes na sociedade em que estamos inseridos. Nesse cenário de inovações constantes, vemos novas lógicas de negócios surgindo, novas indústrias ganhando espaço no mercado e velhas indústrias sendo deixadas para trás. Assim, ter consciência de que essas mudanças ocorrem e continuarão ocorrendo é fundamental aos profissionais que atuam neste contexto tecnológico, pois levanta a atenção sobre a necessidade de sempre estar atento às mudanças desta sociedade. Como diz Martha Gabriel (2018, p. 235-236), “ter consciência desse redemoinho de disrupção é o primeiro passo para nos prepararmos e lidarmos com isso”. 12 Neste tópico, você aprendeu que: • O Marketing passou por várias dinâmicas de consumo que representam a transição entre uma economia baseada em padronização de produtos até a economia de nicho. Essa transição é representada pelas classificações de Philip Kotler (Marketing 1.0, Marketing 2.0, Marketing 3.0, Marketing 4.0) e Chris Anderson (Cauda longa). • No cenário atual de marketing, o poder deixa de estar nas mãos das marcas e passa a estar nas mãos do consumidor. É o Marketing centrado no consumidor. • A Web Semântica, ou Web 3.0, ascende neste momento de desmassificação, propondo inteligência de dados e oferecendo possibilidades de busca que atendam à necessidade do consumidor. • O crescimento exponencial é uma forma de crescimento dos negócios representado por uma alta velocidade de crescimento e altamente relacionado com os avanços da tecnologia. • Esse crescimento exponencial é possibilitado devido aos avanços de tecnologias, informação e inovação. • A inovação consiste no ato que contempla os recursos com uma nova capacidade de criar riqueza, sendo responsável por criar recurso. • A inovação disruptiva visa romper e redefinir modelos de negócios vigentes, trazendo grande impacto para a sociedade. • A inovação incremental representa pequenas inovações em produtos e serviços, trazendo pequeno impacto na sociedade. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Você viu que caminhamos para um momento de uma economia de nicho, em que o consumidor tem cada vez mais poder de escolha em contexto de Web semântica, a qual possibilita ações mais estratégicas. Neste cenário, de acordo com o conteúdo que você aprendeu, discuta de que forma a Web semântica pode contribuir para o sucesso das ações digitais. 2 No contexto tecnológico que vivemos, diversos conceitos são vistos e impactam diretamente na criação de negócios, marcas e produtos. Uma das características deste cenário é o crescimento exponencial. Desta forma, discuta o que é o crescimento exponencial e por que a internet proporcionou a sua existência. 3 A inovação é um termo muito discutido ao abordarmos tecnologia e futuro no campo dos negócios. Neste cenário, temos inovações disruptivas e inovações incrementais que impactam na sociedade. Considerando esses termos, discuta sobre o que é inovação, o que é inovação disruptiva e o que é inovação incremental. AUTOATIVIDADE 14 15 TÓPICO 2 O CONSUMIDOR DIGITAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Conforme já discutido anteriormente, é inegável o crescente poder do consumidor na atualidade. Estamos vivenciando mudanças tecnológicas que garantem, cada vez mais, a autonomia do consumidor, que impactam nas estratégias das organizações. O avanço das tecnologias desde a criação do rádio tem mudado consideravelmente o comportamento de consumo de informação. Nessa temática, conseguimos traçar um bom comparativo do Marketing 1.0 ao Marketing 4.0 e a Cauda Longa, vistos no primeiro tópico, que expõem que, conforme os anos passaram, temos maiores personalizações nas estratégias. No consumo de mídia, não é diferente. Conforme as décadas passaram, vimos mudanças tecnológicas ocorrerem, que contribuíram fortemente para o ganho de poder do consumidor. Por exemplo, se na década de 1960 o telespectador era dependente de limitados programas de televisão, a partir da década de 1970, com a invenção do controle remoto, o consumidor passa a ter maior poder de escolha, colocando a mídia em suas mãos (GABRIEL, 2010). Entendemos então que, na medida em que novas tecnologias surgem, o consumidor passa a ter, cada vez mais, poder de escolha sobre as mídias que consome. 2 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DIGITAL Atualmente, a internet está tão presente no cotidiano dos consumidores que somos indivíduos conectados constantemente, ou seja, passamos do “estarmos conectados” para “sermos conectados”. Martha Gabriel, em seu livro Marketing na Era Digital, faz um comparativo com “estar conectado” e “ser conectado”. ““Estar” conectado significa que você eventualmente entra e sai da internet, como era na época das conexões discadas à rede na década de 1990 [...]. “Ser” conectado significa que parte de você está na rede – você vive em simbiose com ela” (GABRIEL, 2010, p. 74). Conforme o contexto digital passa a integrar a rotina dos consumidores, novos hábitos de consumo de informação surgem, como as grandes possibilidades de interação que a internet permite. Vivemos a coexistência de diversas telas (como televisão e internet, por exemplo), em que as pessoas passam de simples espectadores para espectadores multiteleinterativos, que consomem as variadas UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 16 FIGURA 4 – TELEVISÃO E TWITTER FONTE: Caixeta (2018, s.p.) Como você pôde ver, neste caso, houve uma interação constante dos espectadores da novela no contexto digital, por meio do Twitter. Isso nos leva a compreender que, enquanto os espectadores assistiam a uma tela (televisão), também consumiam outra tela (smartphone), gerando, assim, maior interação com seu produto de consumo (novela). Assim, entendemos que dispositivos móveis são tão importantes (ou mais, conforme você verá a seguir) quanto mídias tradicionais. Neste contexto de diferentes telas, dados apontam comportamentos específicos do consumidor. Segundo pesquisa do IBOPE Conecta, que buscou revelar o comportamento do internauta brasileiro, 95% do público navega na internet enquanto assiste televisão (DIGITALKS, 2018). A pesquisa aponta ainda, que enquanto assistem televisão, 53% acessam redes sociais, 44% recorrem à internet para passar o tempo durante os comerciais, 34% resolvem questões específicas, 22% afirmam que a televisão não é interessante o suficiente para ter a sua atenção, 9% assistem televisão e navegam na internet buscando interagir sobre o conteúdo assistido e 8% buscam mais informações sobre o comercial que assistiram. Assim, podemos perceber que a internet dialoga de forma positiva com outras telas, como a televisão, portando-se de maneira mais forte em relação à televisão, ou seja, o usuário demonstra uma atenção maior ao seu engajamento digital, se comparado à atenção desprendida para a televisão. telas ao mesmo tempo, promovendo maiores interações. Um exemplo você pode ver na manchete da notícia a seguir, que aborda o último capítulo de uma novela de horário nobre que esteve presente nos assuntos mais comentados do Twitter (Trending Topics – TT). TÓPICO 2 | O CONSUMIDOR DIGITAL 17 Leia a seguir a opinião de Melissa Vogel, CEO do Kantar Ibope Media, a respeito dos benefícios que a segunda tela gerou à televisão. “O ato de assistir TV, independentemente da plataforma, tem se tornado cada vez mais interativo. E o fenômeno Social TV, além de se enquadrar nesta moldura, está cada vez mais presente no cotidiano dos telespectadores. Hoje, o consumidor de mídia transita entre os diferentes meios e plataformasao mesmo tempo. Entender esse comportamento é essencial para conseguir atingir o público de maneira correta e onde quer que ele esteja, independentemente do meio ou plataforma. É possível perceber, por exemplo, uma relação cada vez maior entre o conteúdo televisivo e as interações realizadas pelos telespectadores on-line. De acordo com levantamento do Kantar Ibope Media, os tweets sobre programas da TV aberta geraram mais de 18 bilhões de impressões no Twitter durante 2017, com os realities shows se destacando entre os conteúdos televisivos com mais engajamento entre o público. Essa interação on-line sobre conteúdo televisivo possibilita uma experiência diferenciada aos telespectadores durante a exibição de um programa, além de trazer novas variáveis analíticas para a audiência televisiva, tal como o engajamento”. FONTE: <https://propmark.com.br/midia/era-multitelas-amplia-o-alcance-das-emissoras- e-a-interacao-com-publico/>. Acesso em: 28 abr. 2020. DICAS Neste cenário, Martha Gabriel (2010) discute que, atualmente, o acesso à informação começa na palma da mão das pessoas, influenciando diretamente na dinâmica do mercado. Portanto, o consumidor passa a estar no centro das ações em um processo no que Gabriel (2010) chama de presença ativa, pois está constantemente presente. Assim, considerando que o consumidor está o tempo todo presente, as marcas precisam alcançar o consumidor quando ele precisa, seja qual for o momento. Compreendemos então que os modelos tradicionais de mídia que tornam as marcas presentes apenas em horários comerciais não fazem mais sentido, pois são pontuais e deixam de estar presentes em outros momentos necessários ao consumidor. 3 CRIAÇÃO DE PERSONAS Ao discutir marketing ou comunicação, frequentemente, ouvimos o termo “público-alvo” surgir. Entender quem é o público-alvo de um produto ou serviço é fundamental para a construção das melhores estratégias que fazem sentido a este público identificado. No entanto, ao falarmos de comunicação aplicada ao contexto digital, surge um novo conceito: a persona. Afinal, o público-alvo e a persona não seriam a mesma coisa? Existem diferenças sutis entre estes dois termos que são fundamentais para a construção das estratégias. Podemos conceituar de maneira UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 18 ampla esses dois termos como: “público-alvo é, de uma maneira geral, uma parcela abrangente da sociedade para quem você vende seus produtos ou serviços. Já a persona [...] é a representação do seu cliente ideal, de forma mais humanizada e mais personalizada” (RESULTADOS DIGITAIS, 2018, s.p.). Quando falamos de público-alvo, abordamos questões mais amplas sobre o público em questão, como adultos entre 35 e 59 anos, ou crianças, ou mulheres com mais de 60 anos. No entanto, se analisarmos cada público-alvo evidenciado, percebemos que outros inúmeros perfis podem estar contidos nesses grupos. Por exemplo, veja o trecho da notícia a seguir a respeito da Pepsico, fabricante da Pepsi, entre outros produtos: Em 2014 a Pepsico lançou o Pepsi Spire, uma máquina que podia fabricar até 1.000 bebidas customizadas. O público-alvo do produto, fabricado pela japonesa Mitsubishi, são varejistas. Sua principal concorrente, a Coca-Cola, investiu no mesmo ano numa das mais promissoras empresas deste segmento, a Keurig Green Mountain, que podia fabricar a Coca-Cola e outras bebidas carbonatadas em casas (EXAME, 2018, s.p.). A notícia afirma que o público-alvo do produto em questão são varejistas. Todavia, como são estes varejistas? Como se comportam? Que tipo de informação costumam consumir? Como vivem? Perceba que inúmeros questionamentos podem ser feitos, dividindo este grande público-alvo em pequenos grupos com características específicas, responsáveis por contribuir para as estratégias. De acordo com a Resultados Digitais (2016), as diferenças entre público- alvo e persona são evidentes ao tentarmos exemplificá-los, como a seguir. QUADRO 4 – PÚBLICO-ALVO X PERSONA Público-Alvo Persona Homens e mulheres, de 24 a 30 anos, solteiros, graduados em arquitetura, com renda média mensal de R$ 3.500,00, pretendem aumentar sua capacitação profissional e gostam de viagens. Pedro Paulo tem 26 anos, é arquiteto recém- formado e autônomo. Pensa em se desenvolver profissionalmente através de um mestrado fora do país, pois adora viajar, é solteiro e sempre quis fazer um intercâmbio. Está buscando uma agência que o ajude a encontrar universidades na Europa que aceitem alunos estrangeiros. FONTE: Resultados digitais (2018, s.p.) Ao analisar os exemplos, conseguimos identificar diversos pontos positivos ao se definir uma persona para uma marca, um produto ou um serviço. Perceba que, ao conhecermos Pedro Paulo, conseguimos perceber temáticas importantes para ele, como viagens a estudo, vida no exterior, gosto pela autonomia no trabalho e intercâmbio. Essas informações acabam sendo muito valiosas na definição de estratégias, pois orientam a definição do conteúdo adequado para o Pedro, o estilo de mensagem que ele gostaria de receber e as estratégias de Marketing que podem impactá-lo (RESULTADOS DIGITAIS, 2018). TÓPICO 2 | O CONSUMIDOR DIGITAL 19 Como criar uma persona? A criação de uma persona no ambiente de negócios não é uma tarefa simples. A construção deve ser baseada em muita pesquisa e análise de dados, para que as características identificadas sejam fiéis ao perfil do real consumidor. As etapas da construção de uma persona podem ser divididas em quatro tarefas: coleta de dados; compreensão das necessidades e dúvidas da persona; mapeamento do trajeto no funil de vendas; realização da venda e fidelização do cliente. Primeiro passo: coleta de dados A coleta de dados pode ser realizada de acordo com o modelo de negócio e o entendimento de onde os consumidores e potenciais consumidores estão. O público da pesquisa pode ser entrevistado por meio de questionários on-line, telefonemas, e-mails, contato pessoal etc. Neste momento, o questionário deve ser construído com base nas informações relevantes para a construção da persona, como dados demográficos (se a organização não tiver), informações comportamentais e hábitos. A Rock Content, empresa que oferece serviços a outras empresas que buscam soluções para definirem suas estratégias de marketing, lista uma série de tópicos que são fundamentais serem questionados para a construção de uma persona. As perguntas fundamentais para que possam definir suas personas estão a seguir. QUADRO 5 – PERGUNTAS FUNDAMENTAIS PARA DEFINIÇÃO DA PERSONA Tópico Questionamento PROPÓSITO Conte-nos por que escolheu a nossa empresa (Esta é a pergunta que extrai do cliente o objetivo dele ao adquirir seu produto. É crucial entender e agrupar na mesma persona pessoas com objetivos similares). Qual era o problema que você buscava solucionar quando nos contratou? (Tentar entender a dor do cliente, o principal motivo que faz com que ele busque seu produto ou serviço. Focar muito nesta parte da entrevista). Qual é o maior benefício que nosso produto oferece para você hoje? PROCESSO DE COMPRA Quando você assinou nosso serviço, como foi seu processo de compra? (Tentar entender como o cliente foi atendido, o que ele gostou/não gostou no atendimento etc.). Você considerou outras alternativas? Como descobriu nossa empresa? Quais dúvidas você teve/tinha antes de contratar nosso serviço? Quais blogs/sites ou outras fontes de informação você usa quando busca clarificar estas dúvidas? ENTENDIMENTO E UTILIZAÇÃO DO PRODUTO/ SERVIÇO Conte-me um pouco sobre as coisas que você aprendeu após assinar nosso serviço. Você continua utilizando nossos serviços? Com que frequência você utiliza? HÁBITOS DE CONSUMO Com que frequência você contrata serviços do mercado de Marketing digital? (Insira seu mercado aqui). Quais outros serviços você assina atualmente? (ou outros produtos similares que a pessoa compre). FECHAMENTO Última dúvida: tem algumacoisa que eu não perguntei, que tenha influenciado sua decisão de trabalhar conosco? FONTE: Adaptado de Rock Content (2018) UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 20 Como você pôde perceber, os vários questionamentos são feitos considerando diversas temáticas que fazem sentido ao modelo de negócio da Rock Content, focada em serviços para outras empresas. Para outros modelos de negócios ou segmentos, outros grandes tópicos podem ser definidos, com o intuito de extrair informações suficientes sobre estes contextos, por exemplo: • Nome da persona (nome fictício dado ao personagem). • Gênero. • Idade. • Cargo/ocupação. • Ramo de atividade. • Nível de escolaridade. • Meios de comunicação utilizados. • Objetivos da persona. • Desafios da persona (RESULTADOS DIGITAIS, 2018, s.p.). Segundo passo: compreensão das necessidades e dúvidas da persona Neste momento, devem ser compreendidas quais as dúvidas e informações relevantes à persona, ou seja, deve-se identificar, no levantamento de informações realizado, quais são as informações sobre segmento, produto, serviço ou marca, que não estejam esclarecidas para o consumidor. Essas informações contribuem para uma definição assertiva a respeito das estratégias de conteúdo que possam surgir. Neste contexto, considerar as dúvidas já existentes trará maiores resultados (ROCK CONTENT, 2018). Terceiro passo: mapeamento do trajeto no funil de vendas O funil de vendas representa o processo desde o conhecimento da marca, produto ou serviço até sua compra pelo cliente, desde os contatos iniciais em que o consumidor não conhece a marca, até o processo de decisão de compra. Neste sentido, é fundamental que os profissionais de Marketing conheçam os estágios de compra do seu consumidor, para oferecer as estratégias mais adequadas em cada momento, que apresentam dúvidas específicas pelo consumidor. A Rock Content define algumas estratégias coerentes às etapas do funil de vendas, como você pode ver na imagem a seguir. TÓPICO 2 | O CONSUMIDOR DIGITAL 21 FIGURA 5 – FUNIL DE VENDAS FONTE: Adaptado de Rock Content (2018) Como você pôde ver na fi gura apresentada, existe uma lógica de estratégias que podem ser colocadas em prática considerando o perfi l do consumidor. Em cada momento do funil o consumidor apresenta dúvidas específi cas. Ao compreender quais são essas dúvidas e em qual momento o consumidor se enquadra, é possível defi nir as melhores estratégias para solucionar essas dúvidas existentes. Desta forma, ao conhecer com propriedade a persona, as marcas conseguem ser assertivas em suas estratégias, contribuindo para que o consumidor chegue ao fundo do funil mais consciente e preparado (ROCK CONTENT, 2018). Quarto passo: realização da venda e fi delização do cliente Nesta última etapa, a persona já tem suas características identifi cadas e já existe uma lógica nas estratégias de conteúdo que sanarão suas dúvidas ao longo da jornada de compra. Como última etapa do processo de construção de uma persona, temos a realização da venda e fi delização do cliente, responsável por reter os clientes já conquistados. Neste momento, o profi ssional de Marketing deve identifi car as estratégias para fi delizar seus clientes, como e-mail Marketing e conteúdos especiais nas redes sociais (ROCK CONTENT, 2018). Essa etapa é fundamental para facilitar o processo de pós-compra entre o negócio e seu consumidor. UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 22 4 JORNADA DO CONSUMIDOR E O FUNIL DE VENDAS Conforme você viu anteriormente, a construção da persona contribui de forma efetiva para o estabelecimento de estratégias nos diferentes momentos do processo de compra. No entanto, devemos compreender o cenário vivenciado pelo consumidor, de inúmeras mensagens, inúmeros produtos ou serviços em diversos canais diferentes. Assim, as empresas precisam compreender que a quantidade de mensagens e os pontos de contato não garantem a influência, sendo necessárias estratégias específicas para se destacar da multidão. Para isso, é fundamental que as organizações trabalhem no mapeamento dos pontos de contato com a marca e na intervenção destes pontos, quando necessário (KOTLER, 2017). Neste cenário de um consumidor cada vez mais conectado, Philip Kotler divide o processo de compra em cinco etapas, denominadas: assimilação, atração, arguição, ação e apologia. Na primeira etapa, da assimilação, o consumidor é exposto a ações de várias marcas, seja por meio de comunicação, experiências passadas, defesas das marcas por consumidores e propaganda boca a boca. Neste momento, o consumidor está assimilando informações a respeito da marca, que contribuem para a lembrança e o reconhecimento (KOTLER, 2017). A segunda etapa, a atração, representa um momento em que os consumidores são atraídos por marcas que tenham relevância para o consumidor. Se na fase de assimilação as opções eram variadas, nesta fase a quantidade de marcas é reduzida para somente as marcas memoráveis, ou seja, atrativas ao consumidor (KOTLER, 2017). Já na terceira etapa, denominada arguição, o consumidor já conheceu e foi atraído pela marca, no entanto, busca maiores informações para prosseguir em sua jornada de compra. Neste momento, os consumidores podem pedir opiniões a amigos e familiares, buscar informações on-line, contatar centrais de atendimento ou testar produtos. Esta etapa representa um momento de levantamento de informações e análises para a próxima etapa, denominada ação (KOTLER, 2017). Na ação, os consumidores já buscaram informações suficientes que o levaram à compra de determinada marca. Esta etapa é representada pela compra e por outras ações como consumo do produto e serviços de pós-venda, em que as marcas apresentam uma experiência favorável ao consumidor, levando-o à fidelização (KOTLER, 2017). A última etapa é denominada como apologia. Nesta etapa, o consumidor apresenta sensação de fidelidade, refletida em ações de retenção, recompra e a defesa da marca em seu círculo social. Neste ponto, Kotler (2017) descreve os consumidores como advogados da marca. Advogados de marca ativos recomendam espontaneamente marcas que adoram, ainda que não sejam solicitados a fazê-lo. Eles contam histórias positivas aos outros e tornam-se evangelistas. No entanto, a maioria dos advogados de marca fiéis é passivo e inerte. Eles precisam ser estimulados por uma consulta ou manifestação negativa. Quando deparam com tal deixa, sentem-se obrigados a recomendar e defender as marcas que adoram (KOTLER, 2017, p. 83). TÓPICO 2 | O CONSUMIDOR DIGITAL 23 Mesmo apresentando uma lógica linear no processo, nem sempre as etapas se portam de maneira direta, podendo pular etapas ou voltar, de acordo com a realidade do negócio. A imagem a seguir apresenta uma visão ampla de todas as etapas discutidas, de acordo com o comportamento do consumidor, os possíveis pontos de contato com este consumidor e a impressão-chave deste consumidor. QUADRO 6 – MAPEAMENTO DA JORNADA DOS 5As FONTE: Adaptado de Kotler (2017) Perceba, na imagem apresentada, que as características evidenciadas em cada etapa representam as impressões-chave de momentos específi cos do consumidor. Assim, as marcas devem estabelecer diferentes estratégias considerando as necessidades específi cas dos consumidores em cada etapa evidenciada, buscando alcançar a fi delização na última etapa. Dessa forma, o modelo dos 5As proposto por Kotler (2017) é uma ferramenta que pode ser colocada em prática em diversos setores, revelando particularidades do consumidor, do segmento ou até mesmo da marca em relação à concorrência. UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 24 5 ESTRATÉGIAS DIGITAIS Ao falarmos sobre comunicação para o contexto digital e as estratégias que podem ser colocadas em prática neste contexto, devemos estar atentos ao fato de que este ambiente digital não está solitário e deve ser visto de maneira ampla. As estratégias digitais devem ser pensadas de acordo comuma série de ações integradas que podem ocorrer no ambiente digital e ambiente externo. Afinal, ao definir estratégias, estamos pensando nos relacionamentos que podem ser construídos de acordo com as necessidades de um consumidor que assiste televisão, lê jornais, ouve rádio, passeia, interage nas redes sociais e realiza compras em sites de e-commerce (TORRES, 2009). Neste sentido, considerando que a proposta do Marketing é atender às necessidades do consumidor, qualquer estratégia de Marketing realizada para satisfazer necessidades pode ser realizada mediante o uso da tecnologia ou não (GABRIEL, 2010). As estratégias devem ser pensadas de acordo com o comportamento do consumidor, identificando suas necessidades e colocando ações em prática considerando contextos e objetivos diferenciados. Podemos, então, relacionar ações específicas de um ambiente digital sendo colocadas em prática para atender a uma estratégia que não seja necessariamente digital, como você pode ver no quadro a seguir, que relaciona estratégias de Marketing, no contexto do “P” de Promoção, a ações essencialmente digitais. QUADRO 7 – ESTRATÉGIAS DE MARKETING NO CONTEXTO DIGITAL Estratégia de Marketing (Promoção) Estratégia de Marketing digital Ações táticas operacionais Tecnologias e plataformas empregadas atualmente Comunicação Corporativa e Relações Públicas Marketing de conteúdo Geração de conteúdo Marketing de Busca Blogs SEO/SEM Marketing de Relacionamento Marketing nas mídias sociais Ações em redes sociais Ações com blogueiros Twitter, Facebook, YouTube, LinkedIn etc. Marketing Direto E-mail marketing Newsletter Promoções Lançamentos E-mail SMS Publicidade e Propaganda/ Marketing de Guerrilha Marketing viral Postagem de vídeos Animações e músicas Publicações de widgets Redes Sociais YouTube Widgets virais Publicidade e Propaganda/ Branding Publicidade on-line Banners Podcast e videocast Widgets Jogos on-line Sites e Blogs Mídias Sociais Google Adwords Pesquisa de mercado/ Branding Pesquisa on-line Buscas e clipping Monitoramento de marca Monitoramento de mídias Google Redes Sociais Clipping FONTE: Adaptado de Torres (2009) TÓPICO 2 | O CONSUMIDOR DIGITAL 25 Como você pôde ver no quadro, as ações sugeridas partem de uma necessidade não ligada ao contexto digital. Vamos analisar o primeiro tópico apresentado: comunicação corporativa e relações públicas. Imagine que você trabalha na área de Marketing e Comunicação de uma grande companhia de fast-food e precisa estabelecer relacionamentos mais duradouros com determinados públicos, visando melhorar a imagem institucional desta organização. Assim, você precisaria defi nir estratégias de Relações Públicas, conforme apresentado no esquema a seguir. FIGURA 6 – EXEMPLO DE ESTRATÉGIA DE RELAÇÕES PÚBLICAS FONTE: A autora Entre as várias estratégias que você defi niu, algumas pertencem ao contexto digital, como a geração de conteúdos para a comunidade. Desta forma, você propõe um cronograma de uma postagem semanal no blog da companhia, apresentando no conteúdo as iniciativas que a organização coloca em prática na comunidade. Ainda, como forma de gerar maior visibilidade desse conteúdo, o blog passaria a ser promovido nas redes sociais da marca e eventos internos para colaboradores. Como você pode ver, a ação não se caracteriza unicamente por uma ação digital, pois envolve outras iniciativas não digitais. No entanto, utiliza- se de ferramentas digitais para que tenha efetividade. O que compreendemos com este exemplo (e o quadro apresentado) é que o profi ssional de Marketing necessita compreender principalmente os problemas vivenciados pelas empresas, seu contexto e de que forma consegue resolver tais problemas da melhor maneira, abordando ações digitais ou não. Ainda, este profi ssional deve compreender que essas ações são interdependentes de inúmeras outras ações, não colocadas em prática de maneiras isoladas (TORRES, 2009). UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS 26 As ações especificamente digitais, por exemplo, são interdependentes entre si, como o que Cláudio Torres (2009) define como teia de aranha. Para o autor, as sete estratégias de Marketing Digital (Conteúdo, Mídias Sociais, Viral, Publicidade, Pesquisa, Mailing e Monitoramento) dependem umas das outras para alcançarem o sucesso. Isso significa que uma ação isolada de publicidade em mídias sociais, por exemplo, pode afetar diretamente todas as outras ações. Portanto, devem ser pensadas de forma integrada, conforme este trecho do livro A Bíblia do Marketing Digital, de Claudio Torres: Você não deve pensar nas sete ações estratégicas do Marketing Digital como estratégias avulsas, atividades isoladas ou especialidades. Não pense em caixas fechadas. Para entender a interdependência entre elas, você deve pensar em cada uma como os fios de uma teia tecida por uma aranha. Embora pareçam mais adequadas para acomodar ideias e objetos, as caixas são rígidas e só acomodam aquilo que se adapta a seu formato. Já as espertas aranhas criam, com suas teias, um método muito mais dinâmico, flexível e ao mesmo tempo resistente para acomodar o que lhe interessa. Ainda que a teia seja composta pelos fios principais, que vão do centro para fora, ela só se sustenta por causa dos fios que correm circularmente à teia, interligando e dando estrutura aos fios principais [...]. Isso também acontece com o Marketing digital. É a interação entre as diversas ações táticas e operacionais que produz sinergia e gera eficácia e consistência aos resultados obtidos (TORRES, 2009, p. 70). Esta teia ilustra importantes aspectos do Marketing Digital, como as dimensões fundamentais e a centralização do monitoramento, de forma que possam garantir o controle dos resultados das ações realizadas. Ainda, a teia representa de forma clara a necessidade de interação entre todas as ações, conforme já discutido, em que a mudança de uma ação específica reflete em mudanças nas demais ações, conforme você pode ver na imagem a seguir. FIGURA 7 – VISÃO AMPLA DO MARKETING NA INTERNET FONTE: Adaptada de Torres (2009) TÓPICO 2 | O CONSUMIDOR DIGITAL 27 Torres (2009) exemplifica essa interação ao abordar, por exemplo, que a Newsletter do e-mail Marketing será mais efetiva se utilizar informações já abordadas no Marketing de conteúdo, que utiliza as mídias sociais para ser promovido, buscando alcançar o patamar de Marketing viral. Ainda, somente por meio do monitoramento será possível entender as motivações do consumidor e os resultados das ações realizadas, conforme você pôde ver na figura anterior. Assim, considerando a presença das ferramentas digitais no ambiente mercadológico, os profissionais precisam conhecer tais ferramentas, contribuindo assim para a ampliação de possibilidades de ações que possam atender aos problemas das organizações da melhor maneira. No entanto, isto não é uma tarefa fácil, visto que as tecnologias se renovam em espaços mais curtos de tempo. Se na década de 1950 as tecnologias duravam mais do que a vida humana (ou seja, as pessoas nasciam e morriam e a tecnologia não mudava), hoje, o ciclo de vida das tecnologias é muito menor do que a vida humana. Levando em conta a crescente proliferação de tecnologias, é cada vez mais necessário que as organizações conheçam as ferramentas que possam ser utilizadas nas estratégias de marketing. Esse cenário, mesmo sendo extremamente ágil, oferece grandes possibilidades não vistas em ambientes não digitais, e cabe às organizações a responsabilidade de se atualizarem no que diz respeito a estas novas possibilidades. 28 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O consumidor é um ser conectado e multiteleinterativo, consumindo diversas mídias constantemente e interagindo com elas. Neste contexto, as marcas precisam alcançar o consumidor de acordo com suas necessidades, e não somente em intervalos tradicionalmente comerciais.• A definição da persona é um elemento fundamental no planejamento de Marketing Digital. Diferentemente do público-alvo que representa uma parcela abrangente da sociedade para quem o produto ou serviços é vendido, a persona é a representação do cliente ideal de forma humanizada e personalizada. Para a construção de uma persona, existem diversos elementos que devem ser considerados, como: coleta de dados; compreensão das necessidades e dúvidas da persona; mapeamento do trajeto no funil de vendas; realização da venda e fidelização do cliente. Cada etapa apresenta elementos importantes que contribuem para uma maior clareza na definição das características da persona. • A jornada do consumidor representa as várias etapas existentes no processo de compra, desde o primeiro contato com a marca até a defesa da marca. Kotler (2017) divide a jornada do consumidor em cinco etapas: assimilação, atração, arguição, ação e apologia. Cada uma dessas etapas apresenta particularidades, necessidades e, consequentemente, estratégias mais adequadas. • As estratégias de Marketing devem ser ações que se interrelacionam, sendo essencialmente digitais ou não. • No contexto digital, as estratégias são interdependentes no que Cláudio Torres (2009) chama de Teia de Aranha, representada por: conteúdo, mídias sociais, mailing, pesquisa, publicidade, viral e monitoramento. 29 1 Para atender às necessidades do consumidor, precisamos compreender seu perfil e definir as melhores estratégias. Por que, neste contexto atual, não é adequado estruturar ações isoladas de Marketing digital em uma estratégia? Argumente de acordo com o que você viu neste capítulo. 2 A jornada de compra é um elemento fundamental para a definição das estratégias das marcas. Neste cenário, apresente e discuta as cinco etapas da jornada de compra de Kotler, apontando impressões-chave do consumidor para cada etapa. 3 De acordo com o que você viu no conteúdo, os consumidores, atualmente, são usuários de presença ativa. Discuta o que seria este conceito e de que forma isto impacta na definição das estratégias das marcas. AUTOATIVIDADE 30 31 TÓPICO 3 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO As mudanças não acabaram, novos desafios estão por vir, principalmente, no mundo dos negócios. Uma das grandes questões que está sendo discutida pelos profissionais, de todas as áreas, é: a máquina irá substituir o homem? Nosso cotidiano, seja particular ou organizacional, é cercado por máquinas superinteligentes. São muitos os desafios que os profissionais de marketing têm para conseguir “acompanhar” a velocidade com que as tecnologias surgem e, principalmente, utilizá-las de forma a otimizar seu trabalho. Neste tópico abordaremos algumas ferramentas que vieram para ajudar os profissionais. Entre os temas que abordaremos está a Inteligência Artificial (IA) e a robótica, e como estas tecnologias estão alterando o marketing e a comunicação digital. Gabriel (2018) nos lembra que a produção do conhecimento é coletiva, o que aconteceu é que com a evolução da tecnologia, este processo tornou-se mais rápido e eficaz. Então como vamos aproveitar esta evolução a nosso favor? Vamos entender um pouco a respeito disso? 2 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL A inteligência artificial já se tornou assunto comum entre os profissionais de marketing, mas, afinal, o que é inteligência artificial? Russel e Norvig (2013) explicam que a inteligência artificial reproduz faculdades humanas como a criatividade, autoaperfeiçoamento e uso da linguagem. Para esses autores, a inteligência está relacionada a uma ação racional, ou seja, a inteligência permite adotar a melhor ação possível para determinada situação. Resumidamente, o objetivo é que o sistema realize funções que se um humano fosse realizar, seriam consideradas inteligentes para o ser humano. Russel e Norvig (2013) lembram que as tecnológicas de inteligência artificial servem de base para muitas ferramentas que usamos na internet, e que os profissionais de marketing utilizam para melhorar suas estratégias, como os mecanismos de pesquisa e os sistemas de recomendações. Para que a inteligência artificial chegasse ao ponto que vivenciamos, teve influência de várias áreas das ciências. Para compreendermos a complexidade e a evolução desta ciência, no Quadro 8, podemos verificar as áreas que influenciaram a evolução da inteligência artificial. 32 UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS QUADRO 8 – AS ÁREAS QUE INFLUENCIARAM A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Área Influência Filósofos (desde 400 a.C.) Tornaram a IA concebível, considerando as ideias de que a mente é, em alguns aspectos, semelhante a uma máquina, de que ela opera sobre conhecimento codificado em alguma linguagem interna e que o pensamento pode ser usado para escolher as ações que deverão ser executadas. Matemáticos Fornecem as ferramentas para manipular declarações de certeza lógica, bem como declarações incertas e probabilísticas. Eles também definiram a base para a compreensão da computação e do raciocínio sobre algoritmos. Economistas Formalizaram o problema de tomar decisões que maximizam o resultado esperado para o tomador de decisões. Neurocientistas Descobriram alguns fatos sobre como a mente trabalha e a forma como ela se assemelha e se diferencia dos computadores. Psicólogos Adotaram a ideia de que os seres humanos e os animais podem ser considerados máquinas de processamento de informações. Os linguistas mostraram que o uso da linguagem se ajusta a esse modelo. Engenheiros de computação Forneceram máquinas cada vez mais poderosas que tornaram possíveis as aplicações de IA. Teoria do controle Lida com o projeto de dispositivos que agem de forma ótima com base no feedback do ambiente, inicialmente, as ferramentas matemáticas da teoria de controle eram bem diferentes de IA, mas os campos estão se tornando mais próximos. FONTE: Adaptado de Russel e Norvig (2013) Gabriel (2018) explica que existem duas linhas de pensamento que se referem à inteligência humana, que baseiam o desenvolvimento da computação, a abordagem simbólica e a conexionista. A abordagem simbólica simula o comportamento inteligente, enquanto a conexionista simula o funcionamento do cérebro. Assim, enquanto a computação simbólica é baseada em programação (de cima para baixo), a conexionista se baseia em aprendizagem (de baixo para cima), que é a base da IA, acreditando-se que a inteligência está na forma de processar a informação e não na informação em si – a capacidade de resolver problemas, e não de seguir regras (GABRIEL, 2018, p. 191). De forma bem simplista, a inteligência artificial é uma inteligência similar à inteligência humana praticada pelos softwares. Gabriel (2018) explica que o avanço na neurociência e a capacidade de hardware alcançados na última década permitiram que a computação conexionista alavancasse, baseando- se na aprendizagem da máquina. O que é importante frisar é que a máquina não é programada, mas sim que a máquina aprende. Como os profissionais de marketing e comunicação podem aproveitar a inteligência artificial a seu favor? Gabriel (2018) sugere algumas das funções mais comuns da inteligência artificial, vamos verificar na figura a seguir. TÓPICO 3 | TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS 33 FIGURA 8 – FUNÇÕES MAIS COMUNS DE IA FONTE: Gabriel (2018, p. 193) Algumas aplicações da inteligência artificial são o reconhecimento de voz, a tradução automática, o combate ao spam e todas as tecnologias que utilizamos no marketing digital. Vamos verificar algumas delas com mais profundidade? 34 UNIDADE 1 | O CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS Cannes Lions 2018: Recriação do discurso que JFK daria no dia de seu assassinato leva o GP de Creative Data Uma recriação do discurso que seria dado pelo ex-presidente estadunidense John F. Kennedy no dia de seu assassinato foi escolhido como grande vencedor do Grand Prix de Creative Data no Cannes Lions 2018. Criado pela agência irlandesa
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