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Diretoria de Avaliação da Aprendizagem
Superintendência de Avaliação Educacional
Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica
Secretaria de Estado de Educação
Formação emAvaliação Educacional
MATERIAL DE LEITURA
MÓDULO 3
SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
Igor de Alvarenga Oliveira Icassatti Rojas
SECRETÁRIA ADJUNTA
Geniana Guimarães Faria
SUBSECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Izabella Cavalcante Martins
SUPERINTENDÊNCIA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL
Julia Drumond Campos e Silva
DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Nathália Caroline de Souza Reis
ELABORAÇÃO
Arlaine Silva
Daniela Oliveira Rocha
Luísa Souza Costa
REVISÃO
Wagner Eustáquio Oliveira da Costa
Nathália Caroline de Souza Reis
Esta publicação deverá ser citada da seguinte forma: MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Educação. Formação
em Avaliação Educacional. Módulo 3: Intervenções Pedagógicas. Belo Horizonte, MG: SEE, 2023.
Módulo 3
Intervenções Pedagógicas
No terceiro módulo do curso de Formação em Avaliação Educacional abordaremos as
etapas que antecedem a realização de intervenções pedagógicas planejadas a partir dos
resultados de avaliações externas. O primeiro passo é o acesso aos dados; depois, a análise
dos resultados; e por fim, o planejamento das ações. Ao final deste módulo, você deverá:
- Conhecer os meios em que são divulgados os resultados das avaliações externas e
conseguir acessá-los;
- Conhecer, compreender e interpretar as principais informações contidas nos
materiais de divulgação dos resultados das avaliações externas;
- Conhecer e compreender a proposta de atividade destinada à equipe pedagógica,
para realizar planejamento de intervenções pedagógicas a partir dos resultados de
uma avaliação externa.
Bons estudos!
SUMÁRIO
1. Avaliação externa e intervenção pedagógica 4
2. Acesso aos resultados 4
2.1. Acesso aos resultados do Simave 5
2.2. Acesso aos resultados do Saeb 6
2.3. Acesso aos resultados do Pisa 7
3. Interpretação dos resultados 7
3.1. Interpretação dos resultados do Simave 8
3.2. Interpretação dos resultados do Saeb 12
3.3. Interpretação dos resultados do Pisa 15
4. Planejamento da intervenção pedagógica 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
1. Avaliação externa e intervenção pedagógica
Retomando o conteúdo dos módulos 1 e 2, sabemos que a avaliação externa tem a
finalidade de quantificar as habilidades e competências ensinadas em alguns momentos da
escolarização, subsidiando os gestores e a equipe pedagógica nos projetos educacionais,
tanto da escola como da rede. Mas, além de serem importantes para a tomada de decisões, as
informações geradas a partir das avaliações externas também podem ser propulsoras de
mudança dentro da sala de aula, no planejamento e na prática de ensino.
Vimos que este tipo de avaliação se propõe a verificar o ensino. Por isso, a intervenção
pedagógica, nessas condições, deve ser centrada também no professor, e não apenas no
estudante. Assim, veremos nas próximas páginas que os resultados de uma avaliação externa
podem fornecer indícios de deficiências e/ou pontos exitosos da prática pedagógica.
Entretanto, é preciso ter cuidado ao interpretar esses resultados, pois, conforme visto
anteriormente, a avaliação externa não é adequada para acompanhar e qualificar a
aprendizagem - essa é a função da avaliação interna.
A intervenção pedagógica, por sua vez, trata-se da ação do professor sobre um
processo de aprendizagem diante da identificação de alguma dificuldade. Nessas situações, é
necessário que o docente pense em novas formas de abordar o conteúdo, traçando estratégias
diferenciadas. Dessa forma, antes de planejar ou mesmo realizar a intervenção, o professor
deve apropriar-se dos resultados dessas avaliações. Logo, ficará mais fácil perceber a relação
existente entre o desempenho obtido na avaliação externa e o trabalho interno que ele realiza
em sala de aula.
Cabe ressaltar que as orientações contidas neste módulo buscam subsidiar o
direcionamento do trabalho do(a) analista com a equipe pedagógica da escola nas reuniões,
formações ou qualquer situação de norteamento quanto à aplicação dos dados e informações
das devolutivas nas ações educacionais. Sendo assim, a seguir, iniciaremos com o primeiro
passo para a elaboração da intervenção pedagógica: o acesso aos resultados.
2. Acesso aos resultados
Os resultados das avaliações externas precisam ser de conhecimento de toda a
4
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
comunidade escolar. Saber como acessá-los é uma informação importante não apenas para
os gestores, especialistas e professores, mas também para os demais profissionais da escola,
pois, conforme aponta Machado (2012),
Efetivar as funções da gestão escolar, de direção e coordenação, significa
evidenciar elementos da realidade escolar e socializá-los com os
profissionais da escola para edificar o trabalho coletivo na direção da
concretização de uma escola pública democrática que, além de ser para
todos, também ensina a todos (MACHADO, 2012, P. 79).
Os resultados das avaliações do Simave (Sistema Mineiro de Avaliação e Equidade da
Educação Pública), do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e do Pisa (Programa
Internacional de Avaliação de Alunos) são disponibilizados segundo a periodicidade de
aplicação de cada uma, em diferentes plataformas e formatos, conforme veremos adiante.
Sabemos que os dados agregados por região, estado ou país de uma avaliação externa podem
parecer distantes do dia-a-dia em sala de aula. Contudo, a leitura desses resultados revela um
diagnóstico mais amplo das redes e sistemas educacionais, contribuindo para o exercício de
reflexões sobre eles, e, consequentemente, o entendimento de algumas implicações na
realidade de cada escola.
2.1. Acesso aos resultados do Simave
Os resultados de cada avaliação externa do Simave, por componente curricular e etapa
de escolaridade avaliada, estão disponíveis no Portal Simave1. As escolas e regionais podem
consultá-los das seguintes formas:
a. Ambiente restrito da plataforma (MINHA PÁGINA) clicando no card “PROEB e PROALFA”
em “Sistema Mineiro de Avaliação e Equidade da Educação Pública”;
b. Ambiente restrito da plataforma (MINHA PÁGINA) clicando no card “Resultados” em
“Avaliações Formativas”;
c. Ambiente público da plataforma, clicando, nomenu superior, em “Resultados” (apenas
para as avaliações somativas).
No ambiente restrito da plataforma do Simave, é possível consultar os resultados
gerais da escola, das turmas e de cada estudante. Já no ambiente público, estão disponíveis
os resultados no nível da regional, do município e da escola. Lembrando que neste último
1 http://simave.educacao.mg.gov.br/#!/pagina-inicial.
5
http://simave.educacao.mg.gov.br/#!/pagina-inicial
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Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
caso, são divulgados apenas os resultados das avaliações externas somativas, isto é, do
Proalfa e do Proeb.
No caso das “Avaliações Formativas” (opção b), a página está organizada por
informações de participação e de desempenho. Utilize os filtros para selecionar a avaliação, a
etapa e o componente curricular cujos resultados deseja conhecer.
Na parte de PARTICIPAÇÃO:
● a taxa de participação;
● o número de itens do caderno que os estudantes responderam emmédia.
Na parte de DESEMPENHO:
● o percentual médio de acertos no teste;
● a distribuição dos estudantes por categoria de desempenho;
● o percentual de acertos por habilidade;
● a visão detalhada dos resultados.
Na tabela “visão detalhada dos resultados" é apresentado o detalhamento das
informações da participação e do desempenho no teste, até o nível do estudante.
2.2. Acesso aos resultados do Saeb
Os resultados do Saeb podem ser consultados no site do Inep, na área do Saeb2 de
duas formas:
a. Ambiente do próprio site, clicando em “Resultados”.
b. Ambiente do Sistema Saeb, clicandoem “Sistema”.
Na primeira opção, você irá observar que constam os resultados de todas as edições -
exceto as de 1990 e 1993 - sendo que as publicações são variáveis para cada ano (relatórios
consolidados, microdados ou boletins de desempenho). Os resultados publicados em planilha
são agregados para o Brasil, regiões e unidades da Federação, e discriminados por
dependência administrativa (federal, estadual, municipal ou privada) e localização (rural ou
urbana). Desde 2005, municípios e escolas também têm seus resultados divulgados.
No ambiente do Sistema Saeb (opção “b”), siga as orientações do Guia de Acesso
Sistema Saeb3, que foi elaborado em 2020 pela Diretoria de Avaliação da Educação
3https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/
guia_de_acesso_para_o_sistema_do_saeb.pdf.
2 https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/saeb.
6
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/saeb
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/guia_de_acesso_para_o_sistema_do_saeb.pdf
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/guia_de_acesso_para_o_sistema_do_saeb.pdf
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/guia_de_acesso_para_o_sistema_do_saeb.pdf
https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/guia_de_acesso_para_o_sistema_do_saeb.pdf
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/saeb
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Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
Básica/Inep, para efetuar o login no ambiente restrito da plataforma (apenas para escolas).
Outro meio é o acesso público ao boletim da escola4, também disponível no Sistema Saeb.
2.3. Acesso aos resultados do Pisa
Os resultados do Pisa podem ser encontrados no site do Inep, na área do Pisa5. Os
materiais de consulta, que diferenciam conforme a edição da prova, são relatórios elaborados
tanto pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento) como pelo Inep, e
contém resultados por país, apresentações dos seminários, entre outros. A avaliação mais
recente se deu em 2022, mas os resultados ainda não foram disponibilizados.
No site da OCDE6, há diversas publicações sobre o Pisa. Acesse o link pelo Google
Chrome e ative o Google Tradutor na parte superior da tela. Após clicar na publicação
desejada, é preciso escolher a opção “Leia online” para ler o texto traduzido em português.
3. Interpretação dos resultados
O próximo passo, após ter os resultados em mãos, é fazer uma leitura e buscar
compreender o que eles refletem. Na escola, essa tarefa normalmente fica centralizada nos
gestores e especialistas, mas eles podem e devem ampliar as discussões sobre a análise dos
resultados das avaliações externas nas reuniões pedagógicas, encontros de capacitação e
formação continuada, como também em reuniões com pais/responsáveis.
Apesar de, muitas vezes, ser um valor quantitativo, o resultado requer interpretação,
discussão e análise, pois por trás de cada número, existe uma trajetória de ensino e
aprendizagem. Assim, a avaliação
é uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribuição
de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser
submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre
funções pedagógico‐didáticas, de diagnóstico e de controle em relação às
quais se recorre a instrumentos de verificação do rendimento escolar
(LIBÂNEO, 1994, p. 195, grifos nossos ).
6 https://www.oecd.org/pisa/publications/.
5 https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/pisa/resultados.
4 http://saeb.inep.gov.br/saeb/resultado-final-externo.
7
http://saeb.inep.gov.br/saeb/resultado-final-externo
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/pisa/resultados
https://www.oecd.org/pisa/publications/
https://www.oecd.org/pisa/publications/
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/pisa/resultados
http://saeb.inep.gov.br/saeb/resultado-final-externo
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
Portanto, considerando a apreciação qualitativa dos resultados, utilizaremos alguns
exemplos, com base na edição mais recente de cada um dos programas de avaliação externa
vistos nomódulo 2, para elucidar o entendimento.
3.1. Interpretação dos resultados do Simave
● Avaliações Formativas
Sabemos que a taxa de participação indica se houve número suficiente de
participantes - acima de 80% - para que seja verificado o nível de aprendizagem do grupo de
estudantes avaliados. É importante lembrar que nessas avaliações esse valor considera o
percentual de estudantes que responderam a, pelo menos, três itens de uma disciplina
avaliada. Outra evidência da taxa de participação é o alcance da avaliação entre os
estudantes, ou seja, o nível de adesão à avaliação.
Quando a taxa de participação é insuficiente (abaixo dos 80%), a equipe pedagógica da
escola deve investigar os motivos pelos quais seus estudantes não fizeram as provas e buscar
alternativas para que eles possam realizá-las em outro momento.
Importante!
Quanto maior a taxa de participação, mais representativos são os resultados e, por consequência, mais
fidedigno é o diagnóstico emais eficazes podem ser as ações de intervenção pedagógica.
Ainda sobre a participação, temos no Portal Simave o número de itens, em média,
respondidos pelos estudantes em relação ao total de itens apresentados no caderno. Quando
os estudantes não responderam a todas as questões da prova, é preciso investigar as razões,
pois isso sinaliza a presença de dificuldades de aprendizagem.
Quanto ao desempenho dos estudantes na avaliação, podemos analisar
primeiramente o percentual médio de acertos no teste. Essa informação é essencial, pois de
acordo com a Teoria Clássica dos Testes (TCT), quanto maior o percentual médio de acertos,
maior o domínio das habilidades avaliadas.
A distribuição dos estudantes por categoria de desempenho ajuda a identificar
diferentes níveis de aprendizagem entre os alunos. De acordo com o percentual total de
acertos no teste, é possível classificar o desempenho dos estudantes em quatro categorias:
● muito baixo (até 25% de acerto)
8
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
● baixo (26% a 50% de acerto)
● médio (51% a 75% de acerto)
● alto (acima de 75% de acerto)
Trata-se de uma análise bem similar à dos padrões de desempenho que é feita nas
avaliações do Proeb e Proalfa, os quais indicam o grau de desigualdade educacional da escola.
Logo, para reduzir a desigualdade, o percentual deve diminuir nas categorias de desempenho
“muito baixo” e “baixo”, e aumentar nas categorias “médio” e “alto”.
Observe o exemplo a seguir dos resultados da Avaliação Diagnóstica de 2022, do 2º
ano do Ensino Fundamental, emMatemática. Mais de 60% dos estudantes foram classificados
na categoria de desempenho “muito baixo”:
Distribuição dos estudantes por categoria de desempenho
Fonte: Resultados | Simave (2022).
Através do percentual de acertos por habilidade é possível identificar as habilidades
nas quais os estudantes apresentammais dificuldade. Dessa forma, com base nas habilidades
que tiveram baixos percentuais de acertos, o professor poderá desenvolver estratégias que
possibilitem o fortalecimento desses conteúdos não absorvidos pelos estudantes.
No caso da Avaliação Diagnóstica, essa informação poderá orientar o planejamento do
professor, contribuindo para a retomada de conhecimentos prévios ao aprofundamento de
uma temática. Por outro lado, no caso da Avaliação Intermediária, o percentual de acertos por
habilidade reconduz o trabalho do professor aos processos recentes que demandam uma
revisão de conteúdos.
9
Formação em Avaliação EducacionalMódulo 3: Intervenções Pedagógicas
Para ilustrar essa análise, vamos considerar quatro habilidades que, dentre outras,
foram avaliadas na Avaliação Diagnóstica de 2022. Observando a figura seguinte, qual
habilidade deveria ter sido priorizada no planejamento do professor para o período letivo que
se iniciava?
Percentual de acertos por habilidade
Fonte: Resultados | Simave (2022).
Observando os dados acima podemos concluir que a habilidade 2 (comparar ou
ordenar quantidades pela contagem) deveria ser priorizada, pois possui o menor percentual
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Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
de acerto (64%) entre os estudantes. Isso não significa que as demais habilidades serão
desconsideradas, é apenas uma estratégia para elencar as defasagens prévias do grupo de
estudantes avaliados.
Por fim, a visão detalhada dos resultados permite a visualização de todos esses
dados em diferentes níveis de agregação - SRE, município, escola, turma e aluno - para cada
componente curricular e ano de escolaridade avaliados. São eles:
● percentual de participação dos estudantes na avaliação;
● média de itens respondidos, em relação ao total de avaliados;
● percentual de acertos no teste;
● percentual de estudantes em cada categoria de desempenho;
● percentual de acertos em cada habilidade avaliada no teste.
A seleção dos níveis de agregação, do componente curricular e do ano de escolaridade
pode variar de acordo com o interesse do profissional que está analisando a tabela.
Exemplificando, a visualização dos resultados por componente curricular é pertinente para os
professores analisarem suas turmas ou seus alunos (individualmente).
Você também pode conferir as orientações para interpretação dos resultados nas
coleções de divulgação dos resultados7 disponíveis no Portal Simave.
● PROEB e PROALFA
Além do percentual de participação, também estão disponíveis nos cards o número
de estudantes previstos e o número de estudantes avaliados nas últimas avaliações do
programa. Conforme mencionado antes, é importante que a taxa de participação seja maior
que 80% para que os dados sejam representativos. Veja a seguir os dados de participação do
Proalfa (2º ano, Língua Portuguesa) da rede estadual em 2021 como exemplo:
7 http://simave.educacao.mg.gov.br/#!/pagina-inicial.
11
http://simave.educacao.mg.gov.br/#!/colecoes
http://simave.educacao.mg.gov.br/#!/pagina-inicial
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
Fonte: Resultados | Simave (2021).
O desempenho dos estudantes é expresso pela proficiência média alcançada e a
distribuição percentual dos estudantes pelos padrões de desempenho.No exemplo a seguir,
podemos concluir que, entre 2019 e 2021, além da redução na proficiência (de 573 para 541
pontos), houve o aumento da desigualdade educacional. O percentual de estudantes que
estavam no padrão de desempenho avançado caiu de 38% para 27% e no intermediário subiu
de 6% para 15%.
Fonte: Resultados | Simave (2021).
3.2. Interpretação dos resultados do Saeb
Uma das formas em que os resultados do Saeb são divulgados é através do boletim da
escola, que é um relatório composto por três partes: Indicadores Contextuais, Participação na
Avaliação e Distribuição percentual dos estudantes da escola por Nível de Proficiência (para
12
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
cada etapa de ensino e componente curricular avaliados).
● Boletim da escola: indicadores contextuais
O Indicador de Nível Socioeconômico (Inse) é calculado a partir da escolaridade dos
pais e da posse de bens e contratação de serviços pela família dos alunos. Já o Indicador de
Adequação da Formação Docente apresenta o percentual de disciplinas, em cada etapa de
ensino, que são ministradas por professores com formação superior de Licenciatura (ou
Bacharelado com complementação pedagógica) na mesma disciplina que leciona.
No quadro do boletim da escola a seguir, por exemplo, o Inse é identificado como nível
III. Isso significa, entre outras coisas, que a renda familiar mensal dos estudantes está entre 1
e 1,5 salários mínimos e que seu pai e suamãe (ou responsáveis) possuem ensino fundamental
completo ou estão cursando esse nível de ensino. Para saber mais sobre esse e os demais
níveis do Inse, veja a Nota Técnica do Inep8. Além disso, podemos notar que o Indicador de
Adequação da Formação Docente dessa escola é maior no Ensino Médio
Nível Socioeconômico Formação Docente
Nível III Anos Iniciais do EF Anos Finais do EF Ensino Médio
- 65.50% 73.40%
Fonte: Boletim da Escola | Saeb 2019.
● Boletim da escola: participação na Avaliação
Assim como nas avaliações do Simave, a taxa de participação é calculada pela razão
entre o número de estudantes presentes e o número de estudantes matriculados naquela
etapa. No exemplo a seguir, as taxas estão acima dos 80%, que é considerado omínimo para
representar adequadamente o universo de estudantes.
8
https://download.inep.gov.br/informacoes_estatisticas/indicadores_educacionais/2011_2013/nivel_so
cioeconomico/nota_tecnica_indicador_nivel_socioeconomico.pdf.
13
https://download.inep.gov.br/informacoes_estatisticas/indicadores_educacionais/2011_2013/nivel_socioeconomico/nota_tecnica_indicador_nivel_socioeconomico.pdf
https://download.inep.gov.br/informacoes_estatisticas/indicadores_educacionais/2011_2013/nivel_socioeconomico/nota_tecnica_indicador_nivel_socioeconomico.pdf
https://download.inep.gov.br/informacoes_estatisticas/indicadores_educacionais/2011_2013/nivel_socioeconomico/nota_tecnica_indicador_nivel_socioeconomico.pdf
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
9º ano do Ensino
Fundamental
3ª/4ª série do Ensino
Médio
Estudantes presentes 20 73
Quantidade de alunosmatriculados 24 85
Taxa de participação 83.33% 85.88%
Fonte: Boletim da Escola | Saeb 2019.
Você sabia?
A taxa de participação das avaliações do Saeb é calculada com base nos dados declarados na 1ª
etapa do Censo Escolar da Educação Básica. Portanto, independentemente das transferências
de alunos após a 1ª etapa, é gerado um caderno para cada estudante declarado no Censo entre
maio e junho. Por isso, ainda que a escola tenha 100% de presença de acordo com o diário de
classe, o que irá valer é a relação de estudantes já informada anteriormente. Ainda assim, é
possível substituir até dois estudantes por turma.
Fonte: Inep
● Boletim da escola: distribuição percentual dos estudantes da escola por Nível de
Proficiência
As escalas de proficiência das avaliações do Saeb são compostas por níveis
progressivos e cumulativos. Isso significa que a escala está organizada em níveis que vão do
menor para o maior nível de proficiência e que cada nível acumula também os saberes e
habilidades do(s) nível(is) anterior(es). A descrição de cada nível, bem como a proficiência
correspondente, constam no próprio boletim.
No exemplo a seguir, que representa a distribuição percentual dos estudantes do 5º
ano do Ensino Fundamental em Língua Portuguesa, por Nível de Proficiência, observamos que
o nível 4 (desempenho maior ou igual a 275 e menor que 300 abriga o maior quantitativo de
estudantes (35%). Nesta parte do boletim, também é possível ver a proficiência da escola nas
últimas edições, a média domunicípio, do estado, do país, das diferentes redes, entre outros.
14
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
Distribuição percentual dos estudantes da escola por Nível de Proficiência, Língua Portuguesa, 5º
ano do Ensino Fundamental
Fonte: Boletim da Escola | Saeb 2019.
3.3. Interpretação dos resultados do Pisa
Conforme já vimos no módulo anterior, os dados do Pisa são coletados e analisados
pelo Inep, responsável em elaborar o Relatório Nacional de forma a facilitar o acesso e a
compreensão dos resultados por parte dos gestores, professores e demais interessados. 
De acordo com o Relatório Brasil no Pisa 2018 (BRASIL, 2020), os instrumentos desse
programade avaliação fornecem três principais tipos de resultados:
● Indicadores que fornecem um perfil básico de conhecimento e habilidades dos
estudantes;
● Indicadores derivados de questionários que mostram como tais habilidades são
relacionadas a variáveis demográficas, sociais, econômicas e educacionais; 
● Indicadores de tendências que acompanham o desempenho dos estudantes e
monitoram os sistemas educacionais ao longo do tempo.
Espera-se que, por meio da análise dos resultados e indicadores obtidos pelo Pisa,
seja possível que cada país avalie os conhecimentos e habilidades de seus estudantes e, ao
mesmo tempo, compare o seu resultado com os resultados dos outros países participantes.
Dessa maneira, é possível estabelecer um aprendizado com as políticas e práticas aplicadas
em diversos lugares, contribuindo para a discussão da qualidade da educação básica, com o
intuito de subsidiar políticas nacionais  visando a melhoria da qualidade e da igualdade nos
resultados educacionais.
15
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
● Os resultados do Pisa
Os resultados são apresentados de diversas formas, contudo, veremos o desempenho
apresentado pelo Brasil a partir da análise feita com base nos níveis de cada escala de
proficiência, por área cognitiva - Leitura, Matemática e Ciências.
A escala do de proficiência mostra que quanto maior for a pontuação de um estudante
na escala, maior será seu desempenho no domínio analisado. Além disso, ela foi dividida em
níveis que representam um conjunto de tarefas de dificuldades crescentes, em que o nível 1 é
o mais baixo e o nível 6 o mais alto. Assim, a escala de proficiência apresenta o percentual de
estudantes em cada nível, descrevendo o que o estudante consegue fazer e também a
dificuldade dos itens apresentados na avaliação.
● Resultados em Leitura
A escala de proficiência em leitura foi dividida em vários níveis de proficiência, como já
abordado acima, vale lembrar que no ano de 2018 a leitura foi estabelecida como foco da
edição, sendo assim, os estudantes responderam a um número maior de questões/itens
referentes a este domínio. No próprio Relatório (BRASIL, 2020), é possível consultar a
descrição das características das tarefas de cada nível (p. 74).
Descrição e percentual de estudantes por nível de proficiência em Leitura
Pisa 2018
NÍVEL ESCORE
MÍNIMO
PERCENTUAL DE
ESTUDANTES NO NÍVEL
6 698 OCDE: 1,3%
Brasil: 0,2%
5 626 OCDE: 7,4%
Brasil: 1,7%
4 553 OCDE: 18,9%
Brasil: 7,4%
3 480 OCDE: 26,0%
Brasil: 16,3%
2 407 OCDE: 23,7%
Brasil: 24,5%
16
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
1a 335 OCDE: 15,0%
Brasil: 26,7%
1b 262 OCDE: 6,2%
Brasil: 17,7%
1c 189 OCDE: 1,4%
Brasil: 5,3%
Abaixo
de 1c
OCDE: 0,1%
Brasil: 0,4%
Fonte: BRASIL, 2020.
Pode-se observar que aproximadamente 50% dos estudantes brasileiros alcançaram
o Nível 2 ou acima em letramento em Leitura, e os estudantes dos países da OCDE, 77,4%.
Segundo a OCDE, no Nível 2, “os estudantes começam a demonstrar a capacidade de usar suas
habilidades de leitura para adquirir conhecimento e resolver uma ampla variedade de
problemas práticos” (BRASIL, 2020, p. 77). Esse nível de proficiência é considerado como o
“nível mínimo de proficiência" e todos os estudantes devem adquiri-lo até o final do ensino
médio.
Os outros 50% dos estudantes não alcançaram o mínimo de proficiência, isso quer
dizer que esses estudantes têm dificuldade em entrar em contato commaterial que não lhe é
familiar ou um material extenso e complexo. Nesse caso, para que possam interagir com o
texto, é necessário que sejam repassadas dicas ou instruções anteriormente, acarretando
assim obstáculos para que esses estudantes avancem nos estudos ou mesmo atrapalhando
sua participação plena na sociedade em que vivem.
● Os Resultados da Matemática
No Pisa 2018, o letramento matemático foi avaliado como domínio secundário e,
portanto, a avaliação abrangeu um númeromenor de itens.
O quadro a seguir apresenta os níveis da escala de proficiência de Matemática no Pisa
2018, bem como o percentual de estudantes da OCDE e do Brasil em cada nível. A descrição de
cada nível pode ser encontrada no Relatório (p. 112). Em Matemática, 31,8% dos estudantes
brasileiros alcançaram o Nível 2 ou acima, em contraste com 76,0% dos estudantes dos
países da OCDE. No Nível 2, os estudantes são capazes de interpretar e reconhecer situações
em contextos apenas com inferências diretas.
17
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
Segundo a OCDE, é necessário atingir pelo menos o Nível 2, uma vez que este é
considerado:
o nível básico de proficiência que se espera de todos os jovens, a fim de que
possam tirar proveito de novas oportunidades de aprendizagem e participar
plenamente da vida social, econômica e cívica da sociedademoderna em um
mundo globalizado (OCDE, 2019 apud BRASIL, 2020, p. 111).
A tabela a seguir nos permite perceber ainda que a maioria dos estudantes, 68,1%, se
encontram no Nível 1 ou abaixo dele, cuja expectativa é de que os estudantes consigam
realizar algumas tarefas matemáticas diretas e fáceis. De acordo com a OCDE, “esses
estudantes também conseguem executar cálculos aritméticos simples com números
naturais, seguindo instruções claras e bem definidas (OCDE, 2019 apud BRASIL, 2020, p. 115).
Descrição e percentual de estudantes por nível de proficiência emMatemática
Pisa 2018
NÍVEL ESCORE
MÍNIMO
PERCENTUAL DE
ESTUDANTES NO NÍVEL
6 669
OCDE: 2,4%
Brasil: 0,1%
5 607 OCDE: 8,5%
Brasil: 0,8%
4 545 OCDE: 18,5%
Brasil: 3,4%
3 482 OCDE: 24,4%
Brasil: 9,3%
2 420 OCDE: 22,2%
Brasil: 18,2%
1 358 OCDE: 14,8%
Brasil: 27,1%
Abaixo
de 1
OCDE: 9,1%
Brasil: 41,0%
Fonte: BRASIL, 2020.
● Os resultados de Ciências
O quadro abaixo apresenta os sete níveis de proficiência da escala de Ciências do Pisa
2018, bem como o percentual de estudantes da OCDE e do Brasil em cada nível. O relatório traz
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Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
também a descrição de cada nível, o que é necessário para que o estudante complete as
tarefas (p. 134). Os níveis seguem a ordem crescente de evolução, sendo o nível 1 o mais fácil e
o 6 omais complexo.
Os estudantes que se encontram no nível 1b provavelmente conseguem resolver as
tarefas desse nível, porém vão ter poucas chances de concluir as tarefas dos níveis superiores
da escala. O Nível 6 inclui as tarefas mais desafiadoras em termos de conhecimentos e
habilidades. Os estudantes com valores de proficiência localizados nesse nível têm alta
probabilidade de realizar as tarefas desse e dos outros níveis da escala.
Descrição e percentual de estudantes por nível de proficiência em Ciências
Pisa 2018
NÍVEL ESCORE
MÍNIMO
PERCENTUAL DE
ESTUDANTES NO NÍVEL
6 708 OCDE: 0,8%
Brasil: 0,0%
5 633 OCDE: 5,9%
Brasil: 0,8%
4 559 OCDE: 18,1%
Brasil: 4,6%
3 484
OCDE: 27,4%
Brasil: 13,9%
2 410 OCDE: 25,8%
Brasil: 25,3%
1a 335 OCDE: 16,0%
Brasil: 31,4%
1b 261 OCDE: 5,2%
Brasil: 19,9%
Abaixo
de 1b
OCDE: 0,7%
Brasil: 4,0%
Fonte: (BRASIL, 2020).
Em Ciências, no Pisa 2018, aproximadamente 45% dos estudantes brasileiros se
encontravam no nível 2 ou acima e 55% abaixo do nível 2, que é considerado o nível básico de
proficiência. Segundo o relatório, no nível 2, os estudantes conseguem recorrer a
conhecimentos cotidianos e procedimentais básicos para identificar uma explicação
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Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
científica, interpretar dados e identificar a questão abordada em um projeto experimental
simples.
● As condições de aprendizagem e o desempenho dos estudantes no Pisa 2018
O Pisa apresenta não só os números de proficiência, mas também o contexto em que os
estudantes estão inseridos e qual é o impacto deste contexto nos resultados da avaliação. No
próximo módulo, vamos ver que há um indicador chamado Índice do status econômico, social
e cultural (ESCS) que mede a variável docontexto socioeconômico. Observa-se, por um lado,
que o Canadá (0,4), a Finlândia (0,3), os Estados Unidos (0,2) e a Coreia (0,1) estão entres os
países que obtiveram osmaiores índices ESCS, enquanto, por outro lado, o Brasil ( – 1,1), o Peru
(– 1,1), a Colômbia ( – 1,2) e o México (– 1,2) configuram um grupo de países com os menores
índices ESCS.
Além do contexto socioeconômico, o Pisa avalia o contexto do ambiente escolar. Por
exemplo, o gráfico a seguir apresenta o tamanho médio das turmas dos países participantes
do Pisa 2018 e das cinco regiões geográficas brasileiras. Nos países membros da OCDE, o
tamanhomédio das turmas é de 26 alunos. Já amédia do Brasil é de 36 estudantes.
Índice do tamanhomédio da turma por países selecionados e regiões
geográficas brasileiras – Pisa 2018
Fonte: (BRASIL, 2020).
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Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
Para conferir todos os resultados com detalhes, acesse o Relatório Brasil no Pisa9.
4. Planejamento da intervenção pedagógica
Diversos autores ressaltam a importância da intervenção pedagógica a partir dos
resultados de uma avaliação. Para Souza e Oliveira (2010), por exemplo, a avaliação ganha
sentido quando subsidia intervenções que levem à transformação e à democratização da
educação, em suas dimensões de acesso, permanência e qualidade. Também Vianna (2009)
defende que a utilização dos resultados das avaliações em larga escala, pelos professores, nos
planejamentos escolares são a base para a definição de estratégias a serem implementadas
pela escola na busca dos avanços necessários na melhoria da qualidade da formação
acadêmica oferecida aos alunos.
A intervenção pedagógica configura-se como uma oportunidade de aprendizagem aos
estudantes que demandam acompanhamento individualizado e maior suporte do professor,
envolvendo todas as etapas da Educação Básica, modalidades de ensino e seus respectivos
componentes curriculares (SEE, 2021). Também sabemos que a intervenção é um momento
oportuno para o aperfeiçoamento das práticas de ensino, incorporando metodologias
diferenciadas quemelhor atendam aos processos de aprendizagem dos alunos.
As autoras Sousa e Bonamino (2012) destacam que a escola deve ter cuidado para que
o trabalho pedagógico não se restrinja a uma constante preparação do estudante para
participação nos testes das avaliações externas, priorizando as competências e habilidades
descritas nas Matrizes de Referência. Portanto, a intervenção pedagógica orientada pelos
resultados de uma avaliação externa não deve ser confundida com o ensino exclusivo da
matriz de referência.
Nesse sentido, é importante reforçar que a Matriz Curricular, ou seja, o Currículo
Referência de Minas Gerais (CRMG) continua sendo o documento orientador para o ensino, de
acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A Matriz de Referência funciona
apenas como uma bússola para a avaliação, mas nos planos de ensino e de aula, os pilares são
a BNCC, o CRMG e o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. A atenção aos resultados das
avaliações externas, portanto, contribui para a ênfase dos conhecimentos que não foram
9https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_b
asica/relatorio_brasil_no_pisa_2018.pdf
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https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_da_educacao_basica/relatorio_brasil_no_pisa_2018.pdf
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
contemplados e/ou consolidados na trajetória escolar.
Partindo então para o planejamento das intervenções, é fundamental que a equipe
pedagógica e, em especial, os professores, realizem primeiramente um diagnóstico
qualitativo do desempenho escolar obtido pelos estudantes em determinada avaliação
externa complementando, sempre que necessário, com o desempenho nas avaliações
internas. Dessa forma, com os resultados em mãos, algumas questões podem ser levantadas
para essa análise, por exemplo:
● A distribuição dos estudantes por padrões de desempenho reflete alguma mudança
(melhoria ou queda) do desempenho? Qual?
● Houve alguma ação pedagógica e/ou de gestão que possa ter contribuído para essa
mudança?
● De acordo com a distribuição por padrão de desempenho, quais habilidades e
competências já foram consolidadas?
● Quais habilidades e competências devem ser desenvolvidas para alcançar o
desempenho esperado para o ano de escolaridade avaliado? Elas estão contempladas
nos planos de ensino e de aulas propostos?
● Existe alguma semelhança ou diferençamarcante entre as turmas? Se sim, qual?
● Quem são os estudantes alocados em cada um dos padrões de desempenho?
● O desempenho nas avaliações externas possui alguma relação com o obtido nas
avaliações internas?
● O que podemos propor em termos de ações/atividades para os estudantes que já
passaram pelo ano de escolaridade avaliado e não apresentaram o desempenho
esperado?
● O que podemos propor para a melhoria do desempenho dos estudantes de modo
geral?
● Existe alguma ação/prática que devemos aprimorar?
Além da discussão do desempenho dos estudantes, nota-se que essa análise também
perpassa uma autoavaliação do professor, afinal, a avaliação externa busca refletir o que está
sendo ministrado. Terrasêca (2016, p. 169) nos explica que a autoavaliação “não é um fim em si
mesma, nem se resume à incessante recolha de informações e dados. A autoavaliação
assenta em uma análise e reflexão sobre o trabalho que se realiza, sobre os modos de
22
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
trabalhar e de fazer educação.” As metodologias empregadas precisam ser revisitadas
sempre que possível, e principalmente, quando a aprendizagem não estiver progredindo.
Feito esse diagnóstico qualitativo, é preciso organizar e inserir as informações nos
planos de ensino e de aula. Segundo Spudeit (2014), o plano de ensino é a ferramenta que
norteará o trabalho docente e facilitará o desenvolvimento da disciplina pelos alunos, sendo
composto por: identificação da disciplina, ementa, objetivos, conteúdo programático,
metodologia, avaliação, bibliografia básica e complementar.
Esse planejamento - em geral bimestral, semestral ou anual - servirá como base para a
elaboração do plano de aula, que é um instrumento que sistematiza todos os conhecimentos,
atividades e procedimentos que se pretende realizar numa determinada aula. Para Gil (2012, p.
39), “o que difere o plano de ensino do plano de aula é a especificidade com conteúdos
pormenorizados e objetivos mais operacionais”.
É fundamental a compreensão e o estabelecimento de estratégias de recuperação e
retomada de atividades para que as habilidades previstas sejam realmente consolidadas. Ao
retomar e intervir nas habilidades não desenvolvidas e não consolidadas, a escola contribui
para a melhoria da aprendizagem e para o sucesso da trajetória escolar de todos os
estudantes (SEE, 2020).
Recomendamos ainda que as atividades sejam contextualizadas, interdisciplinares,
diferenciadas e, claro, contemplem as habilidades não consolidadas pelos estudantes. É
importante também que essas atividades sejam planejadas, elaboradas e realizadas pelo
professor de cada componente curricular, dentro de sua carga horária, com o apoio da
supervisão pedagógica.
Por fim, apresentamos a seguir duas situações hipotéticas apenas para ilustrar o
desenvolvimento do processo de planejamento de uma intervenção pedagógica após a
interpretação dos resultados de uma avaliação externa.
● Exemplo 1:
Em determinada escola, foi apontado no diagnóstico qualitativo de Língua Portuguesa que os
estudantes concluíram o Ensino Fundamental (9 º ano) sem saber diferenciar fato de opinião
em reportagens. Assim, o professor de Língua Portuguesa com o suporte do especialista,
incluiu os tópicos de procedimentos de leitura no conteúdo programático do componente
curricular. E nos planos de aula, foram apresentados os processos de ensino e aprendizagempara desenvolver e consolidar essa habilidade, tais como atividades de leitura e interpretação
23
Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
de textos argumentativos.
● Exemplo 2:
Em certa escola, identificou-se no diagnóstico qualitativo que foi construído com base
nos resultados da Avaliação Intermediária que um grupo de 10 estudantes, do 2º ano do ensino
fundamental, não está conseguindo diferenciar figuras geométricas espaciais (cubo, bloco
retangular, pirâmide, cone, cilindro e esfera). Como ação de intervenção pedagógica, a
professora de Matemática em conjunto com o supervisor propôs um trabalho interdisciplinar
com o professor de Artes para esse grupo que consiste em construir objetos com as formas
geométricas, tais como bola, dado, chapéu, etc.
Cada escola e cada professor terão a sua própria forma de construir e realizar as
intervenções pedagógicas. Não pretendemos propor um modelo único a ser seguido, mas
apenas orientações e inspirações que facilitem esse processo, de forma que ele possa ser
conduzido com respeito à realidade e à autonomia dos docentes e da equipe pedagógica.
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Formação em Avaliação Educacional
Módulo 3: Intervenções Pedagógicas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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