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SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA ACH 1002 Introdução à Biologia É a Diversidade Biológica Quatro principais questões que preocupam: • Descrever a diversidade; • Encontrar algum tipo de ordem na diversidade; • Compreender os mecanismos responsáveis por essa diversidade; • Apresentar um sistema geral de referência sobre essa diversidade. Problema que se pretende resolver pela Biologia Comparada: As Três Escolas da Sistemática. 1) Fenética – utiliza-se de muitos caracteres e faz a similaridade total entre os táxons. Não está preocupada com os problemas de ancestralidade. (Utilizada pelos antigos em sistemas naturais). 2) Cladística – apenas interessada na filogenia. Está preocupada com o grau de parentesco entre os grupos. (Muito utilizada hoje em dia). 3) Evolutiva – é uma mistura das duas anteriores. É muito arbitrária no uso de fenética ou cladística para classificar, é muito “achismo”. (Utilizada até meados dos anos 80). Charles Darwin Espécies eram constantes e imutáveis.ANTES DE DARWIN Espécies são inconstantes e mutáveis.DEPOIS DE DARWIN Darwin percebeu que os organismos estão relacionados entre si em uma ramificada árvore da vida e concebeu o processo que poderia dar origem a este padrão. SELEÇÃO NATURAL Teoria da Evolução das Espécies As classificações eram artificiais - um único ou poucos caracteres. e naturais - Afinidade natural das plantas...muitos caracteres. 0% Ancestralidade de descendência. As classificações eram filogenéticas – Relações de ancestralidade com formação de grupos “naturais”. 100% Ancestralidade de descendência. Charles Bessey (1845-1915): Monocotiledôneas surgiram das Dicotiledôneas. Sua classificação era bem diferente daquela proposta por Engler. Monocotiledôneas com origem nas Dicotiledôneas. (Nymphaeales) Armen Takhtajan (1910- ): Arthur Cronquist (1919-1992): Copiou as idéias de Bessey. Famílias eram bem definidas, porém acima está muito ruim. Angiospermas se originaram das Gimnospermas. Monocotiledôneas derivaram das Dicotiledôneas. Adolph Engler (1844-1930): PRINCIPAIS SISTEMAS PÓS-DARWINISTAS. Mas será que estas perguntas fazem sentido quando os grupos taxonômicos discutidos não representam linhas evolutivas “verdadeiras”? LOGO, OS SISTEMAS PÓS-DARWINISTAS (Pré-Hennig) … Eram subjetivos e expressam na verdade a opinião dos seus autores. Havia necessidade de acabar com o peso da intuição, ou seja, eliminar a subjetividade criando métodos para se construir verdadeiros sistemas filogenéticos. Willi Hennig (entomologista) 1950: No que se baseia a cladística? Elaborou a CLADÍSTICA: • A cladística analisa dados filogenéticos objetivamente, vê a evolução através de transformações de caracteres com estado de caráter ancestral (plesiomórficos) em derivado (apomórficos). Qual a vantagem da cladística? • Por ser um método claro é passível de reprodução, isto é, dois pesquisadores diferentes podem chegar ao mesmo resultado. A cladística visa produzir um sistema natural caracterizado por grupos monofiléticos, codificando caracteres e aplicando o critério de parcimônia (reflete a hipótese de que a evolução percorreu o “caminho” mais curto). •. • Baseia-se em mudanças nos estados de caracteres ao longo da evolução (Filogenia), fundamentalmente nas novidades evolutivas compartilhadas (sinapomorfias). ex. Óvulos dentro de ovários nas Angiospermas. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Táxon: qualquer classe cujos elementos são organismos reunidos com base em semelhanças. Em termos biológicos, interessam APENAS os agrupamentos monofiléticos: Monofilético (ou natural): grupo de táxons que tem um ancestral comum exclusivo. Esse ancestral se dividiu e gerou APENAS esse grupo de táxons. Reconhecível através de uma ou mais apomorfias. Polifilético: inclui táxons com mais de uma origem. Parafilético: não inclui todas os táxons descendentes derivados de um ancestral comum exclusivo. Introdução Um exemplo: a tribo Trimezieae Ravenna Até o início do presente trabalho, Trimezieae apresentava 3 gêneros: Pseudotrimezia, Trimezia e Neomarica (Capellari Jr. 2000; Chukr & Giulietti 2001). Exceto por Ravenna (1977; 1981; 1988; 2000; 2003) com Neomarica distribuída em seções dentro de Trimezia. Pseudotrimezia recurvata Trimezia brevicaulis Neomarica northiana (Foto: André Gil)(Foto: Mauro Peixoto) (Foto: Volker Bittrich) Mas será que a morfologia floral e do sistema radicular refletem a história evolutiva desse grupo taxonômico? O uso de um método filogenético Árvore filogenética “majority-rule” baseada em sequências de DNA de cloroplasto (trnH-psbA and trnG). Os valores de probabilidade posterior baysiana encontram-se acima dos ramos. Delimitação genérica da Tribo Trimezieae e infragenérica de Neomarica s.l. Pseudotrimezia recurvata Trimezia caulosaTrimezia cathartica D V W X Y Z A B C E Filogenia Apresenta uma série de utilidades: sistemática, evolução, ecologia, biogeografia e conservação. É representada por um diagrama que ilustra a história evolutiva dos vários organismos – o cladograma. Pode ser reconstruída com base em vários tipos de caracteres, especialmente morfológicos e moleculares. D V W X Y Z A B C E Grupo Monofilético Os 3 tipos de grupos criados por Hennig. Inclui um ancestral comum e todos os seus descendentes. 1 corte N. caerulea N. candida N. unca N. altivallis N. filicristata T. sincorana T. connata T. martinicensis P. gracilis C. paludosa D V W X Y Z A B C E Grupo Parafilético Inclui um ancestral comum e alguns dos seus descendentes (mas não todos). 2 cortes N. caerulea N. candida N. unca N. altivallis N. filicristata T. sincorana T. connata T. martinicensis P. gracilis C. paludosa N. altivallis D V W X Y Z A B C E Grupo Polifilético Um grupo derivado a partir de mais de um ancestral comum. Um grupo que não comparte o ancestral comum mais recente. N. caerulea N. candida N. unca N. filicristata T. sincorana N. fluminensis T. martinicensis P. gracilis C. paludosa N. altivallis (1) Evolução aconteceu (vs. criacionismo); (2) Nós podemos detectar a história evolutiva (vs. fenética); (3) Evolução pode ser diagramada como um processo bifurcado; (4) Caracteres evoluem independentemente (nem sempre!). População ancestral Tempo Quais são as suposições filogenéticas? Rosidae Asteridae Ancestral comum sinapomorfias Folhas opostas Fruto drupa CladoGrado Qual é a diferença entre os Cladistas e os Gradistas. Os cladistas só aceitam grupos monofiléticos, enquanto que os gradistas, especialmente Cronquist, debatem a importância de reconhecer grupos parafiléticos. Mas isso foi caindo com o tempo e atualmente aceita-se somente grupos monofiléticos. Terminologia dos Cladogramas Taxon C Taxon B Taxon A Ramos Comprimento do ramo Nó NÓ: Uma unidade taxonômica (“OTU: operational taxonomic unit”) • Pode ser uma espécie, uma população, um indivíduo ou um gene. • Nós externos representam táxons existentes. • Nós internos representam táxons ancestrais (inferidos). RAMO: Uma linha que define o parentesco entre os táxons em termos dos seus ancestrais e dos seus respectivos descendentes. COMPRIMENTO DO RAMO: Representa a quantidade de mudanças que ocorreram ao longo de um ramo. Terminologia dos Cladogramas Taxon C Taxon B Taxon A Ramos Comprimento do ramo Nó NÓ: Uma unidade taxonômica (“OTU: operational taxonomic unit”) • Pode ser uma espécie, uma população, um indivíduo ou um gene. • Nós externos representam táxons existentes. • Nós internos representam táxons ancestrais (inferidos). RAMO: Uma linha que define o parentesco entre os táxons em termos dos seus ancestrais e dos seus respectivos descendentes. COMPRIMENTO DO RAMO: Representa a quantidade de mudanças que ocorreram ao longo de um ramo. Terminologia dos Cladogramas Taxon C Taxon B Taxon A Ramos Comprimento do ramo Nó NÓ: Uma unidade taxonômica (“OTU: operationaltaxonomic unit”) • Pode ser uma espécie, uma população, um indivíduo ou um gene. • Nós externos representam táxons existentes. • Nós internos representam táxons ancestrais (inferidos). RAMO: Uma linha que define o parentesco entre os táxons em termos dos seus ancestrais e dos seus respectivos descendentes. COMPRIMENTO DO RAMO: Representa a quantidade de mudanças que ocorreram ao longo de um ramo. Taxon C Taxon B Taxon A Clado Raiz CLADO: Um grupo que contém um ancestral comum e todos os seus descendentes. RAIZ: O ancestral comum de todos os táxons na árvore. TOPOLOGIA: O padrão de ramificação geral da árvore. Terminologia dos Cladogramas • Um ramo em escala é desenhado proporcionalmente ao número de mudanças que ocorreram ao longo daquele ramo. Táxon C Táxon B Táxon A Táxon D Táxon E 10 mudanças Os ramos podem ser desenhados em escala... ... ou fora de escala Táxon C Táxon B Táxon A Táxon D Táxon E 3 5 2 • Neste caso, o comprimento dos ramos não está desenhado proporcionalmente ao número de mudanças ao longo do ramo. • Números indicando o número de mudanças são freqüentemente posicionados acima dos ramos. • A raiz representa um ancestral comum a partir do qual um único caminho leva a qualquer um dos nós. • Uma árvore enraizada não muda o comprimento da árvore, ela apenas implica em um caminho evolutivo. As árvores podem ser enraizadas... Taxon C Taxon B Taxon A Taxon D Taxon E raiz Táxon A Táxon B Táxon C Táxon D Táxon E • Uma árvore não enraizada estabelece apenas o parentesco entre os táxons e não hipóteses sobre evolução e/ou sobre a direção da evolução. • Uma árvore não enraizada poderia ser enraizada em qualquer um dos ramos. No entanto, as implicações evolutivas seriam bastante diferentes para cada posicionamento da raiz. …ou não enraizadas Táxon B Táxon A Táxon C Táxon D Táxon E • Critério do grupo externo (mais usado): • Adição de um táxon proximamente relacionado ao grupo de interesse mas que está fora do grupo de interesse para estabelecer a direção de evolução. • Assume que o grupo interno é monofilético. • Caso contrário, o enraizamento e as interpretações da polaridade dos caracteres tornam-se incorretos. Enraizando o cladograma (árvore). Apomorfia: estado de caráter derivado. ALGUNS TERMOS IMPORTANTES EM CLADÍSTICA. Plesiomorfia: estado de caráter ancestral. Sinapomorfia: estado de caráter derivado compartilhado. Simplesiomorfia: estado de caráter ancestral compartilhado. ALGUNS TERMOS IMPORTANTES EM CLADÍSTICA. Caráter que ocorre em apenas 1 táxon terminal. Autapomorfia: Homoplasia: Paralelismo: Reversão: similaridade que surgiu por paralelismo ou reversão. estado de caráter derivado que volta ao estado de caráter ancestral. origem diferente de um estado caráter em dois ou mais organismos. ALGUNS TERMOS IMPORTANTES EM CLADÍSTICA. - Folhas alternas - Fruto baga Fruto baga - Fruto drupa Folhas opostas ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Homologia x Analogia “Estruturas de diferentes espécies são homólogas implica que essas espécies têm um ancestral em comum que também apresentava essa estrutura. Essas estruturas podem ser iguais ou não” Três critérios: • Forma • Posição • Ontogenético: formam-se a partir de células ou conjuntos celulares que ocupam posição similar em estágios embrionários iniciais de uma mesma seqüência de modificações. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Estrutura Qualquer parte do corpo: expressão fenotípica, ou porção de DNA, ou cromossomo. É uma entidade concreta. Caráter Diferenças entre homólogas de organismos diferentes. Fala-se em caráter quando há modificações envolvidas. Importância: Diferenciar a mutação em si (caráter) da forma particular de uma estrutura, gerada pela mutação. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Como inferir relação de ancestralidade comum a partir dessas informações? Se uma mutação surgiu em uma espécie, então, todas as espécies descendentes herdarão essa modificação. A reconstrução das modificações ocorridas na história de uma estrutura, determinando quais são as condições modificadas e quais são as condições mais antigas a partir das quais as novas surgiram é a primeira etapa da reconstrução da história dos táxons. Série de transformações “A seqüência de modificações que uma determinada estrutura sofreu, tornando-se sucessivamente derivada”. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Plesiomorfia (“plesio”, próximo a, e “morfos”, forma) “A condição mais antiga, que foi alterada resultando em uma outra condição mais recente”. Apomorfia (“apo”, longe de) “A condição mais recente em uma série de transformação, surgida de uma modificação mais antiga”. a b plesiomórfico apomórfico A B C Todo “C” é apomórfico para a transformação A B. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Sob uma verdadeira perspectiva evolutiva, lembre: Adotar a teoria evolutiva implica não só em aceitar que os táxons, mas que suas estruturas se interconectam no passado. Todas as características biológicas podem ser representadas como pares de condições homólogas, em que a mais antiga foi a base a partir da qual a mais recente surgiu. Apomorfia e plesiomorfias não existem como entidades isoladas, independentemente nas spp. As diferentes condições geralmente são COMPARTILHADAS pelos indivíduos de duas ou mais espécies. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Sinapomorfias e simplesiomorfias: O compartilhamento dos estados derivado e ancestral de caracteres, respectivamente, por grupos. Diz-se que: “Determinado caráter é sinapomórfico para um determinado grupo” Ou “Determinado caráter é sinapomorfia de um certo grupo” Por exemplo: A presença de pêlos é sinapomórfica para os mamíferos. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: 1234567 1 1’ 1’234567 3 3’2 2’ 1’2’34567 1’23’4567 7 7’6 6’5 5’ 4 4’ 1’23’4567’ 1’23’456’7 1’2’34’567 1’2’345’67 ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Como determinar a condição plesiomórfica? A polarização de séries de uma transformação: 1. Condição apomórfica surgiu necessariamente DEPOIS da origem do grupo; 2. Na base da evolução desse grupo, o que existia era a condição plesiomórfica, mas herdada de níveis ainda anteriores; 3. Plesiomorfias devem estar presentes nos descendentes atuais desses níveis anteriores, ainda que apresentem OUTRAS apomorfias. 1 1’ 1’234 1234 1 1’1234 GHIJFE ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Como determinar a condição plesiomórfica? A polarização de séries de uma transformação: Portanto, Dado um par de condições homólogas diferentes, a plesiomórfica é aquela que pode ser encontrada em grupos externos ao qual estamos analisando. ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Que agrupamentos são esses? ABC; FIJ; BC; DE; DEGH; CDE; F; FGH; HIJ; ABCDEF; ABDE; GHI; ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Monofiléticos: ABC; DE; F; ABCDEF; GH; IJ; GHIJ Polifilético: FIJ; DEGH; FGH; ABDE Parafilético: BC; CDE; HIJ; GHI ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Quantos agrupamentos monofiléticos existem? ACH 1002 Introdução à Biologia Sistemática: Quantos agrupamentos monofiléticos existem? Análise Bayesiana > 85% = com suporte. Figure 4. The majority-rule phylogenetic tree based on chloroplast DNA sequences (trnH-psbA and trnG) of the tribe Trimezieae, shown the major groups. Bayesian posterior probabilities (> 85%) are shown above the branches. Publicado Resultado DADOS MOLECULARES • A partir de 1990 seqüências de ácidos núcleicos (ex. DNA) começaram a ser utilizadas para trabalhos cladísticos. • No total quatro estados de caráter são possíveis: as bases nitrogenadas - adenina, citosina, guanina e timina - que compõem os nucleotídeos. Cada mudança de base nitrogenada ou uma seqüência de base nitrogenadas é um caráter. • Os caracteres molecularesacabaram fornecendo numerosos dados, dando início a uma mudança radical nos sistemas de classificação. • Muitos morfologistas criticaram o uso de caracteres moleculares, criticando os sistematas moleculares por analisar somente uma parte minúscula do genoma, enquanto eles, os morfologistas, conheciam o organismo inteiro. • A sistemática molecular se tornou muito forte e muitos pesquisadores que conheciam a teoria e métodos dela, começaram a estudar filogenia das plantas. Porém só conseguiam dizer se os grupos eram monofiléticos ou não. Já que não conheciam as plantas. Portanto, . Nós precisamos de sistemas que nos ajudam a organizar a biodiversidade como um todo . Os conceitos de espécies apresentados são úteis e podem ser melhor aplicado dependendo do grupo ou do objetivo da pesquisa em uma ou entre as populações amostradas para determinado táxon: morfologia, reprodução, metapopulações, genéticos, biogeográficos... . A filogenia surge com um método que permite testar as antigas classificações para estabelecer grupos monofiléticos e melhor se comprrender os caminhos que a evolução “seguiu” dentro e entre grupos taxonômicos!
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