Buscar

RESENHA CRITICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESENHA CRÍTICA 
AVILA, Thiago. “VARIAÇÕES INTERÉTNICAS: etnicidade, conflito e 
transformações.” In: A natureza dos povos indígenas e os povos indígenas e a natureza: 
novos paradigmas, desenvolvimento sustentável e a politização do bom selvagem. Brasília: 
Editora Ibama, 2012, p. 165-176. 
 No livro intitulado “Variações Interétnicas: etnicidade, conflito e transformações”, o 
antropólogo Thiago Ávila aborda, em um âmbito geral, a dinâmica das relações entre os 
indígenas e o ambiente ao qual são e estão inseridos, dando foco as diversas mudanças 
ocasionadas aos mesmos, com o intuito de analisar o estado brasileiro e sua política 
indigenistas, seus interesses científicos, farmacêuticos e comerciais, além de seu 
posicionamento em relação ao meio ambiente e as populações tradicionais. 
 O autor cita sobre o “desejo” histórico em associar a imagem do índio como íntimo 
da natureza, tanto que para chegar a esta denominação, houve por trás longos estudos e 
concepções. Entanto, todos esses processos sociais, atualmente, são mencionados de forma a 
mascarar todas as mudanças significativas na natureza dos indígenas, estas mudanças 
ocasionadas pelo Estado de forma a oprimir e “reconfigurar” seus direitos. 
 Os índios ainda foram cognominados como bons selvagens, sendo aqueles 
naturalmente guardiões da natureza ou espiritualmente ambientalistas, dados como 
autoridades ou até mesmo privilegiados. Mas, nitidamente, foi mais uma forma de ocultar a 
realidade, visto que há subordinação dos seus direitos, há exclusão dos seus 
posicionamentos e consentimentos, assim explanado na página 169 do livro. 
 Após a análise de alguns ideais, um novo paradigma das relações entre a natureza e a 
cultura é alcançado, consolidando, nesse momento, uma participação ativa no cenário 
político levando a uma maior visibilidade a causas do ponto de vista ambiental, entre povos 
indígenas e tradicionais, e a conservação da natureza acompanhando preocupações com a 
preservação de espécies para a preservação de ecossistemas, incluindo os seres humanos. 
Houve, então, a exclusão do manejo natural e uma mudança no conceito de “natureza” que 
agora não é mais algo intocável, e passou a também ser analisado a presença dos humanos e 
suas interações com ela. 
 A partir de 1990, foi necessário buscar alternativas para que gerações futuras fossem 
garantidas, então foram criados termos como diversidade biológica, biodiversidade, 
sustentabilidade cultural e socioambientalismo, sendo inclusos em diversos âmbitos e áreas 
de estudos para maior visibilidade e entendimento da importância da natureza e suas 
relações. A temática ambiental foi incorporada em diversos setores e passou a ser relevante 
no destino da humanidade, como mencionado por Ávila. 
 Segundo os padrões globocentristas, os povos indígenas representam verdadeiros 
nichos de conhecimento considerados extremamente relevante para a humanidade, como, 
por exemplo, o conhecimento relativo à utilização de plantas com finalidades estéticas, 
ritualísticas, alimentícias e medicinais. Esta valorização está inteiramente ligada ao 
desenvolvimento social. Atualmente, é notório uma perca desse conhecimento em virtude 
das vastas mudanças ocasionadas pelas relações dos humanos e da natureza, há diferenças 
no convívio, na alimentação, na “linguagem”, no trabalho, enfim há uma perca de essência. 
 Esse desenvolvimento possui múltiplos significados e formas de usar, possui lados 
positivos e lados negativos, como perfeitamente ressaltado nas páginas 172 e 173. De um 
lado, o desenvolvimento sustentável possibilita benefícios para a continuidade ambiental e 
de outro lado, possibilita o crescimento econômico, os povos indígenas passaram a 
compreender essa discursão e então exercitaram o poder de serem detentores de alguns bens, 
reivindicando áreas para preservação e valorização dos seus conhecimentos tradicionais na 
lógica científico-comercial. 
 Na finalização do capítulo, dada por Ávila, os povos indígenas são dados como seres 
responsáveis de suas próprias ações tendo em vista que são conscientes e criativos. No 
século XXI, há uma concordância, pois são capazes tanto de preservar quanto de destruir.

Continue navegando